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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS


ESPECIAIS CÍVEIS E DE DEFESA DO CONSUMIDOR DA COMARCA DE CANAVIEIRAS-
BAHIA.

JÉSSICA DA SILVA DE OLIVEIRA, brasileira, casada, advogada, capaz, nascida em


05/12/1991, filha de Marlice da Silva Dattoli e Geraldo Alves de Oliveira, portadora do CPF nº
111.329.956-80 e RG nº. MG-15.554.056, residente e domiciliado(a) na Rua três, nº. 110, casa
3 Bairro Monte Libano, cidade de Itabuna, Bahia, Cep: 45.603-394, com escritório localizado na
rua São Marcelo nº 287, 1º andar, Zildolândia, onde recebe notificações e intimações, vem mui
respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM TUTELA ANTECIPADA C/C INDENIZAÇÃO


POR DANOS MORAIS

em face da MAXMILHAS - MM TURISMO & VIAGENS S.A, pessoa jurídica inscrita no


CNPJ: 16.988.607/0001-61 com sede na Rua Matias Cardoso, 169, 11º andar - Santo Agostinho,
Belo Horizonte - MG, 30170-050 e em face de AZUL LINHAS AEREAS BRASILEIRAS, inscrito
sob o CNPJ de nº 09.296.295/0001-60, estabelecido na Avenida Marcos Penteado De Ulhoa R ,
Nº 939 , 9º Andar, Edifício Jabota, Condomínio Castelo Branco Office Park, Tamboré , Barueri
- SP - Brasil , CEP: 06460040 pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
INICIALMENTE, requer os benefícios da Assistência Judiciária gratuita prevista na Lei
n° 1.060/50, por não poder, na atual situação, arcar com as despesas processuais, sem o
comprometimento de seu próprio sustento e de sua família, sob as penas da lei.

A assistência judiciária, assegurada aos economicamente mais fracos, não é um


simples e esquálido benefício, fruto de mero favor, mas um direito, direito público subjetivo e,
como diz Pontes de Miranda, “é pretensão de Direito Público, munido de ação e a ação munida
de processo” (Pontes de Miranda. Comentários ao Código de Processo Civil, p. 537).

I DOS FATOS

A autora através de sua conta vinculada ao e-mail: jessicadireito20@hotmail.com.br


realizou a compra de cinco passagens aéreas através da primeira requerida, para utilizar os
serviços da segunda requerida com pretensão de sair de Ilhéus para Belo Horizonte, com
previsão de ida em 27/01/2022 e com retorno em 31/01/2022, pelo valor de R$ 4.968,45, com
código de compra nº 5976462, com localizador nº GNR72B , conforme documentos em anexos.

Ocorre que em 25/01/2022 todos os passageiros testaram positivo para COVID-19,


conforme documentos em anexo, sendo todos estes obrigados a se manterem em quarentena,
fato este que impossibilitaria a realização da viagem e consequentemente foi necessário a
solicitação do cancelamento/remarcação do voo, o que fora feito em 26/01/2022.

A partir daí, começou o suplício da Requerente para resolver o problema, uma vez que
ao entrar em contato com a Acionada e ao solicitar o cancelamento/remarcação do voo, a
primeira ré informava que ainda não havia uma posição da segunda requerida, sendo necessário
aguardar.

Por diversas vezes foram as tentativas, e sempre a mesma reposta. Sendo assim, já
se passaram mais de 45 DIAS SEM QUALQUER RETORNO OU POSIÇÃO DAS ACIONADAS,
e até a data de hoje, dia 07 de Março, as acionadas não repassam uma solicitação a parte
autora.

Assim, a acionante se encontra apreensiva e desesperada por um retorno, haja vista,


que no dia 26/03/2022 a parte autora e todos os passageiros necessitam realizar uma viagem
para Belo Horizonte, para realizar a comemoração do aniversário de dois anos da afilhada da
parte autora.

Ora por lógico, a parta autora possui o interesse em realizar a remarcação das
passagens para tal data, eis que inviável financeiramente arcar com novos custos de passagens
aéreas para que todos os passageiros realizem a viagem. Em rápida pesquisa, realizando hoje a
compra de novas passagens aéreas, a parte autora pagaria em torno de R$ 11.304,45, o que é
impossível!

E diante disso, a parte autora se encontra preocupada, eis que não pode perder tal
festividade, e portanto, necessita que as acionadas realizem a remarcação de tais passagens
para as datas: 24/03/2022 a 28/03/2022, com saída de Ilhéus e destino a Belo Horizonte, Voos
direto, sem qualquer conexão ou escala.
Restou claro, que a parte autora fora insistente afim de que o problema fosse resolvido
de forma administrativa. Todavia, as acionadas se matem inertes, em conduta desidiosa e
insensata para com sua cliente.

Excelência, a Requerida age com descaso, pois deveria cumprir com que fora
contratado e com a determinação em lei.

Ressalte-se que diante de todo esse impasse, a autora deseja exercer o seu direito de
remarcação da passagem aérea, tendo em vista que o cancelamento ocorreu em decorrência do
Covid-19, sem qualquer culpa da parte autora, consumidor e hipossuficiente na relação de
consumo.

Logo, após diversas tentativas para realizar amigavelmente a resolução do problema,


sem êxito, a parte autora vem buscar amparo perante este Juízo. Assim, vem a Requerente
socorrer-se do Poder Judiciário para ser reparado pelos danos morais sofridos devido a falha na
prestação do serviço das empresas Acionadas.

II DAS CONDUTAS IRREGULARES PRATICADAS PELA ACIONADA E DA


OBRIGAÇÃO DE FAZER

Diante dos fatos narrados na parte fática da petição inicial e


devidamente comprovados pelos documentos em anexo a essa petição inicial, a
ré e a segunda ré (empresa aérea) falharam na prestação de serviço
no tocante a compra da passagem aérea feita pela autora.
Restou claro que a parte autora e os demais passageiros não conseguiram realizar os
voos em virtude da positivação a doença e do covid, e consequentemente, a necessidade da
realização da quarenta.

A parte autora realizou a solicitação que lhe fora demandada, e encaminhou os


documentos necessários, quais sejam, os atestados médicos, afim de que obtivesse o
cancelamento das passagens, e a consequente, remarcação das mesmas.

Todavia, já se PASSARAM MAIS DE 40 DIAS SEM QUALQUER RESPOSTAS DAS


ACIONADAS, o que está deixando a parte autora e todos passageiros desesperados, eis que
necessitam das passagens para comparecer a uma festividade de família, ora, aniversário da
afilhada da autora, que será realizado em Belo Horizonte, no dia 26/03/2022.

Assim, nos termos do art. 18, §1º,I do CDC: “ não sendo sanado no prazo máximo de
trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e a sua escolha: I – a substituição do
produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso.”

E diante do exposto, a parte autora requer que sejam compelidas as empresas-


Demandadas realizarem a remarcação das passagens aéreas, com código de compra de nº
5976462 e GNR72B, sem qualquer custo, nos mesmos moldes, destinos, e passageiros
vinculados a compra, para a data de saída IOS – CNF de 24/03/2022 e data de retorno CNF –
IOS de 28/03/2022, no prazo de 48 horas, com cominação de pena pecuniária diária no valor
de R$ 500,00 (quinhentos reais) em caso de desobediência e não cumprimento desta
ordem judicial.
III DA CARACTERIZAÇÃO DO DANO MORAL.

O dano moral está positivado no ordenamento jurídico brasileiro na Constituição


Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso V, quando assevera que “é assegurado o direito de
resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou a imagem”.
Ocorre dano moral quando é agredido o patrimônio imaterial do sujeito de direitos, no caso em
tela a agressão aos direitos da personalidade dA autora é evidente.

Para que ocorra o dever de indenizar é necessário a efetiva demonstração do dano e


do nexo de causalidade, sendo desnecessária a investigação acerca da culpa ou dolo do
causador do dano, visto que o Código de Defesa do Consumidor expressamente adotou a teoria
da responsabilidade objetiva no caso em comento.

A responsabilidade das requeridas está caracterizada, posto que comprovado o dano


ao Consumidor, o serviço defeituoso prestado pelos fornecedores como fato determinante do
prejuízo e constrangimento gerados a autora. Ressalta-se que a celeuma poderia ter sido
resolvida de forma administrativa, o que não foi possível por intransigência das acionadas,
havendo a necessidade de acionar a máquina do Poder Judiciário.

A presença do nexo de causalidade entre as partes está patente, sendo indiscutível o


liame jurídico existente entre eles, pois se nada fosse a compra da passagem com as requeridas
e o descaso em resolver o abatimento do valor quando ocorreu a segunda compra, ele não teria
sofrido os danos morais pleiteados nesta ação.

Dessa maneira, é de reconhecer que restam preenchidos os pressupostos ensejadores


do dever de indenizar (Art. 14, caput, do CDC), pois o dano encontra-se inserido na própria
ofensa suportada pelA autora e decorre da intensidade da dor e humilhação, vale dizer, da
extensão dos constrangimentos, transtornos ocasionados. Já o nexo causal restou devidamente
demonstrado, em razão da conduta das acionadas em se comportar de forma ilícita e abusiva
com A autora.

Assim, dúvida não há da conduta abusiva e ilícita das acionadas, que lesou a autora,
bem como houve defeito na prestação do serviço, as demandas devem responder na forma do
Art. 14, do CDC.

Ressalta-se que a autora passou por uma situação extremamente aborrecedora em um


momento de fragilidade, o que vem lhe causando momentos de estresse e ainda há de se
invocar a teoria do tempo livre, pois ele passou horas e horas tentando resolver o problema com
as requeridas.

Como se vê a atitude ilícita das requeridas, não trouxe apenas meros “desconfortos
cotidianos” a autora, mas sim efetivo danos à sua vida pessoal, além da sua honra.

Registre-se que no caso em análise, a qualificação do abalo moral diz respeito ao


constrangimento suportado, em razão da privação da utilização do seu dinheiro pelo qual passa
A autora, fruto do mau desempenho das atividades praticadas pelas requeridas.

Por fim, é de se ressaltar preponderância ao caráter punitivo e pedagógico do dano


moral como forma de coagir as requeridas à revisão de seus procedimentos e adoção de novas
práticas pautadas pela boa-fé e respeito aos seus clientes que utilizam os seus serviços.
Por todo exposto, e considerando o caráter reparador e preventivo do instituto do dano
moral, requer a condenação das demandas ao pagamento de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), a
fim de ressarcir os danos morais sofridos pela autora.

IV - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

É sabido que, em se tratando de situações em que uma das partes se encontra em


posição de desigualdade jurídica, sendo obrigada a submeter-se à vontade da parte "mais forte",
perfeitamente aplicável a inversão do ônus da prova.

Prescreve a norma do art. 4º, I, do CDC:

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem


por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o
respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus
interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem
como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos
os seguintes princípios:
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no
mercado de consumo.

Ratificando o entendimento da vulnerabilidade do consumidor, o art. 6º, VIII, CDC, o


qual se reproduz:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a
critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências. Por
último, ressalte-se que a comprovação da existência do débito cabe à
ré. Entender diferente de imputar à autora a responsabilidade de
produzir prova negativa/diabólica, o que é inaceitável.

VI DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA PARCIAL: LIMINAR

Excelência, pela leitura da narração dos fatos até aqui escritos e pela veracidade das
informações trazidas que podem ser constatadas pela análise dos documentos em anexo, não
resta dúvidas sobre a configuração da ilegalidade da conduta da empresa-Demandada, como
merece ser, a pretensão da Demandante, totalmente acolhida para que, no mérito, seja julgado
totalmente procedente o pedido aqui posto.

Nesta perspectiva, e considerando as provas inequívocas apresentadas com a


presente peça vestibular, estas capazes de convencer e demonstrar a verossimilhança dos
fatos narrados e a presença do receio do dano irreparável ou de difícil reparação, pede,
a Demandante, com fulcro no art. 300 e seguintes do Código de Processo Civil de 2015 –
CPC/2015 c/c art. 84, §§3° e 4º do CDC, a antecipação parcial da tutela final com a concessão
de liminar para que sejam compelidas as empresas- Demandadas realizarem a remarcação
das passagens aéreas, com código de compra de nº 5976462 e GNR72B, sem qualquer custo,
nos mesmos moldes, destinos, e passageiros vinculados a compra, para a data de saída IOS –
CNF de 24/03/2022 e data de retorno CNF – IOS de 28/03/2022, no prazo de 48 horas, com
cominação de pena pecuniária diária no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) em caso de
desobediência e não cumprimento desta ordem judicial.

É bom que se registre, que a plausibilidade jurídica da concessão da liminar


encontra-se devidamente caracterizada na presente.

Dessa forma, por qualquer lado que se análise a questão proposta, a conclusão é de
que a Demandante foi lesada pela Demandada e por isso merece ter sua pretensão acolhida e
seus pedidos deferidos, inclusive o de tutela antecipada, uma vez que, devidamente
fundamentado.

VII DOS PEDIDOS:

Pelo exposto, requer a autora:

A) O deferimento da tutela antecipada parcial, com a concessão de liminar, para


que sejam compelidas as empresas-Demandadas a REALIZAREM a remarcação das
passagens aéreas, com código de compra de nº 5976462 e GNR72B, sem qualquer custo, nos
mesmos moldes, destinos, e passageiros vinculados a compra, para a data de saída IOS – CNF
de 24/03/2022 e data de retorno CNF – IOS de 28/03/2022, no prazo de 48 horas, em caráter de
urgência, com cominação de multa pecuniária diária no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) em
caso de desobediência e não cumprimento desta ordem judicial;

B) Sejam os Réus, citados nos endereços mencionados no preâmbulo desta para,


desejando, conteste a presente ação, sob pena de serem considerados como verdadeiros os
fatos alegados nesta peça vestibular;

C) Requer a inversão do ônus da prova nos termos do inciso VIII do artigo 6º, da
Lei número 8.078.

D) Sejam condenadas as RÉS a pagarem aA autora indenização moral, que deverá


com a devida vênia, ser arbitrado em R$ 30.000,00 (Trinta mil reais).

F) Sejam condenadas as RÉS a realizarem a remarcação das passagens aéreas,


com código de compra de nº 5976462 e GNR72B, sem qualquer custo, nos mesmos moldes,
destinos, e passageiros vinculados a compra, para a data de saída IOS – CNF de 24/03/2022 e
data de retorno CNF – IOS de 28/03/2022;

G) Subsidiariamente, caso não seja analisada a medida liminar até a data da


viagem, sendo 24/03/2022, que seja disponibilizado o crédito do valor correspondente ao da
compra de nº 5976462, qual seja, R$ 4.968,45 (quatro mil e novecentos e sessenta e oito reais e
quarenta e cinco centavos), sem incidência de quaisquer penalidades contratuais;

H) A condenação da RÉ ao pagamento das custas processuais e honorários


advocatícios, estes arbitrados em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação em caso
de remessa à segunda instância.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em Direito, tais como
juntada de documentos, depoimento da RÉ, ouvida de testemunhas cujo rol em momento
processual oportuno apresentará e outras que se fizerem necessárias.

Dá-se à causa o valor de R$ 34.968,45 (trinta e quatro mil e novecentos e sessenta e


oito reais e quarenta e cinco centavos).

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

Canavieiras, 07 de Março de 2022.

DIMITRY MATEUS CERQUEIRA MENDONÇA


OAB/BA n. 38.815

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