Você está na página 1de 6

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ª VARA CÍVEL

DO FORO CENTRAL – ESTADO DE SÃO PAULO/SP

CIBELE DOMINGOS TAVARES, brasileira, casada, estagiária, inscrita


no CPF/MF sob o nº 274.147.308-08, RG nº 30.469.262 SSP/SP, residente e
domiciliada à Avenida Santos Dumont, 370, Casa Branca, Santo André/SP,
CEP: 09015-330, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por
intermédio de sua advogada, infra firmado, com fundamento na Lei 8.078/90 –
Código de Defesa do Consumidor, e artigos 186, e 927 do CC, propor a
presente:

AÇÃO DE ANULAÇÃO CONTRATUAL C.C.


INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS

Em face de SANDRO REGINALDO MALAFATTI VEÍCULOS, pessoa


jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 27.579.163/0001-27,
com sede na Rua Carijós, nº 651, bairro Vila Alzira – Santo André/SP, CEP:
09180-000; consoante as asserções de fato e de direito adiante aduzidas.

1. DOS FATOS

No dia 22/07/2021, a autora dirigiu-se à Loja de Veículos Requerida, a fim


de adquirir veículo, qual seja: Captiva Sport 2.4 2012/2012, marca Chevrolet,
placa AWE6876, pelo valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), da seguinte
forma: um veículo Hyundai/ Santa Fé como fração de pagamento, no montante
de R$30.000,00 (trinta mil reais) e um saldo a pagar de R$10.000,00 (dez mil
reais) em 10 vezes, das quais já devidamente quitou 5 (cinco) parcelas.

Ocorre que, chegada a época de providenciar o licenciamento do veículo


adquirido, a Autora constatou que os débitos relativos a multas e IPVA do ano
de exercício (2021) não foram assumidos pela parte vendedora, conforme
havia sido previamente combinado. Tais débitos impediram a utilização do
veículo, que se encontra atualmente parado e sem utilização, sem
possibilidade de renovação do seguro.

Não obstante, ainda há um financiamento do veículo adquirido junto ao


Banco Santander, figurando como financiado a pessoa CIBELE REGINA
MALAFATTI, irmã do dono da Requerida.

Mesmo diante de todas as adversidades, a Autora buscou uma solução


pacífica com a empresa Requerida, porém não houve qualquer tipo de acordo,
necessitando se socorrer à presente.

Por tais razões, o autor vem à Vossa Excelência requerer a RESCISÃO DO


CONTRATO DE COMPRA E VENDA e a condenação da requerida ao
pagamento de DANOS MORAIS E MATERIAIS, de acordo com os danos
ocorridos por ser medida de Justiça, conforme as razões e fundamentos a
seguir expostos.

2. DO DIREITO – RELAÇÃO DE CONSUMO (ART. 2º E 3º, DO CDC)


2.1. DA ANULAÇÃO. NULIDADE DO OBJETO - VENDA DE COISA
ALHEIA.

Conforme acima verificado, o autor adquiriu o veículo, pagou o preço,


recebeu-o, mas foi retirado a possibilidade de usufruir do veículo, em razão de
dívidas de licenciamento, como multas e IPVA do ano de 2021.
Além da impossibilidade de licenciamento e renovação do seguro, fora
constatado que o veículo adquirido também possui um financiamento em nome
de terceiro junto ao Banco Santander, fato esse totalmente desconhecido da
Autora e omitido na hora da venda pela empresa Requerida.

Desta feita, o autor teve o seu contrato completamente esvaziado pela


nulidade do objeto do contrato de compra e venda, visto que a empresa
suplicada vendeu coisa que não era sua, estando o veículo financiado em
nome de terceiro.

Nos termos do artigo 1.268, do Código Civil “Feita por quem não seja
proprietário, a tradição não aliena a propriedade...”, e no § 2º do mesmo
dispositivo “Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por título um
negócio jurídico nulo”.

Resta clara a pretensão do autor em requerer seja o contrato rescindido,


visto que a empresa requerida, nunca cumpriu sua promessa.

A venda de coisa alheia, portanto, gera a invalidade absoluta do contrato


de venda e compra do automóvel, que deve ser declarado nulo por Vossa
Excelência, pela completa impossibilidade de seu cumprimento, em virtude da
impossibilidade de realização de licenciamento, fazendo com que o veículo não
possa ser utilizado.

2.2. DA RESTITUIÇÃO DA QUANTIA PAGA E DO DANO MATERIAL

Nos termos do artigo 182, do Código Civil “Anulado o negócio jurídico,


restituir-se- ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não
sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente”.

Conforme os documentos juntados, a Autora deu como fração de


pagamento seu veículo, no montante de R$30.000,00 (trinta mil reais), mais a
quantia de R$10.000,00 (dez mil reais) em 10 parcelas, das quais já quitou 5
(cinco) parcelas, requerendo assim, que seja reembolsado o valor pago,
atualizado e acrescido dos juros legais, em razão da nulidade da contratação,
conforme visto no tópico anterior.

Nos termos do artigo 186, do Código Civil, aquele que provoca danos a
outrem fica obrigado a repará-lo. Ainda, o artigo 927 é ainda mais específico ao
caracterizar o ato ilícito como causa da obrigação de reparar o dano. Assim, o
patrimônio do causador do dano fica sujeito à reparação do dano causado no
bem da vida do prejudicado.

Não obstante o valor a ser reembolsado, a Autora teve um grande


prejuízo material, visto que não possuía mais veículo para se locomover. O
antigo veículo da Autora fora dado como fração de pagamento e o veículo
adquirido não estava licenciado e não possuía seguro, fazendo com que fosse
inviável utiliza-lo, estando parado e sem utilização desde a compra até a
presente data.

Tal fato trouxe e ainda traz diversos prejuízos à Autora, onde depende
de terceiros para se locomover, depende de transporte público ou transportes
por aplicativo, o que está gerando um grande prejuízo material. Prejuízo esse
que apenas ocorreu pela má prestação de serviço da empresa Requerida.

O dever de devolver o valor pago e indenizar pelos danos materiais


causados é exigível e a obrigação de reparar o dano será justamente
reconhecida pela Justiça. Portanto, o valor do reembolso do valor pago e do
dano material no presente caso é de R$

2.3 DOS DANOS MORAIS

No presente caso, o fundamento do pleito de dano moral não é o mero


descumprimento contratual, que por si só não gera o dever de indenizar por
danos morais, mas sim a conduta da requerida em relação a má prestação de
serviço ao consumidor, onde vende veículos em nomes de terceiros, com
dívidas e com financiamentos, impossibilitando o uso do veículo pelo
adquirente.
Por isso, a Autora atualmente não possui mais nenhum veículo apto a
ser utilizado.

Insta frisar que a Autora tentou diversos meios de solução pacífica da


lide, buscando um acordo, porém, não houve nenhum cumprimento por parte
da empresa Requerida, o que só gerou diversos desgastes à Autora.

Portanto, há o dever de indenizar pela empresa Requerida, visto os


diversos desgastes e angústias que a Autora sofreu e ainda sofre pelo péssimo
serviço prestado pela empresa, lesando diversos consumidores.

3. DOS PEDIDOS

Conforme todo o exposto, requer:

a) O recebimento e processamento, com a ordem de citação da Ré,


via postal, no endereço consignado no preâmbulo, para,
querendo, apresentar contestação no prazo legal;

b) Seja JULGADA PROCEDENTE A AÇÃO, para o fim de:


b.1.) Declarar-se a nulidade do contrato de compra e venda em razão da
ocorrência de venda de bem alheio, em virtude das multas, IPVA e
financiamento em nome de terceiro;

b.2.) Declarar-se rescindido o contrato de compra e venda em razão de


que a requerida não reembolsou o valor pretendido, estando o veículo sem
utilização;

b.3.) Condenar a requerida a reparar os DANOS MATERIAIS sofridos


em razão da necessidade de utilização de outros meios de transporte, visto que
a Autora não pode usufruir do bem adquirido;
b.4.) Condenar a requerida a compensar os DANOS MORAIS sofridos
pela autora por ter dado causa pelo péssimo serviço prestado.

c) Requer-se, outrossim, seja a requerida condenada a pagar as custas,


despesas e honorários processuais, estes no patamar de 20% do valor
atualizado da causa, nos termos do artigo 85, § 2º do Código de Processo
Civil;

A autora protesta pela produção de todos os meios de prova em direito


admitidos, especialmente na juntada de novos documentos, ou daqueles que
forem necessários a servir de contraprova às alegações da requerida,
depoimento pessoal, perícia judicial, oitiva de testemunhas em regular
audiência de instrução, e quaisquer outros meios que sejam pertinentes ao
deslinde do feito.

Termos em que,
Pede Deferimento.
São Paulo, 13 de abril de 2022.
LIGIA FERNANDA MORAIS SILVA
OAB/SP 176.352

Você também pode gostar