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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 15ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE SALVADOR-BA

MANDA-CHUVA, brasileiro, solteiro, do lar, residente e domiciliado em Salvador - BA,


vem, respeitosamente, por meio de seu advogado, XXX, OAB XXX, com procuração
em anexo, com base nos artigos 335 e 343, do Código de Processo Civil (CPC),
apresentar

CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO

em face dos argumentos apresentados em sede exordial por GUARDA BELO, solteiro,
união estável, empresário, e-mail topcat@hotmail.com, residente e domiciliado em
Feira de Santana-BA, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

I - DOS FATOS
Em julho de 2014, o Reconvinte adquiriu um automóvel da marca FORD, modelo
FUSION, ano 2013, pelo valor de R$ 110.000,00 (cento e dez mil reais), vendido pelo
Reconvindo. Foi acordado que MANDA-CHUVA pagaria R$ 50.000,00 (cinquenta mil
reais) na assinatura do contrato, fato que ocorreu, e o restante seria em 4 parcelas de
R$ 15.000,00 (quinze mil reais) mensais, a iniciar em agosto.

Após o pagamento da primeira parcela, o Reconvinte entrou em dificuldades


financeiras e não conseguiu realizar o pagamento do resto, ficando a dívida ainda em
R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais). Dessa forma, o Reconvindo, em sentença
transitada em julgado no dia 15 de março de 2015, executou o réu no montante
faltante, momento no qual este realizou o pagamento integral do valor, com certidão de
quitação e o processo foi arquivado.

Porém, no dia 5 de novembro de 2015, o Reconvinte recebeu outra citação por uma
ação idêntica à primeira, de Cobrança, proposta pelo Reconvindo.
II - DO DIREITO
II.I - DO MÉRITO DA CONTESTAÇÃO

Como demonstrado na devida certidão de quitação apresentada pelo Reconvinte em


anexo, o pagamento da obrigação de forma integral ocorreu no dia 15 de março de
2015. Logo, o contrato em que se baseia a Ação de Cobrança sob a qual essa
contestação versa está extinto e, portanto, não podendo ser utilizado para a execução.
De acordo com o artigo 783, do CPC, a execução fundar-se-á em título de obrigação
certa, líquida e exigível. Porém, no caso demonstrado acima, o título que fundamenta a
devida Ação de Cobrança perdeu sua exigibilidade ao ser extinto pelo pagamento no
dia 15 de março de 2015, não sendo possível, portanto sua cobrança, já que o título foi
quitado previamente.

II.II - DO MÉRITO DA RECONVENÇÃO

Como exposto no artigo 343, do CPC, é lícito propor reconvenção para manifesta
pretensão própria na própria contestação.

Logo, de acordo com o artigo 940, do Código Civil, aquele que demandar por dívida já
paga, sem ressalvar as quantias recebidas, ficará obrigado a pagar ao devedor o dobro
do que houver cobrado. Como foi explanado na situação acima, o Reconvinte
apresentou provas do pagamento e da ciência deste pelo Reconvindo por meio da
certidão de quitação de débito, de forma que não há que se falar em boa-fé ou falta de
ciência do pagamento da dívida.

Devido à cobrança de má-fé realizada pelo Reconvindo, já que este estava ciente do
prévio pagamento da obrigação extinta e mesmo assim ajuizou outra Ação de
Cobrança idêntica à primeira, o fundamento desta Reconvenção é dado devido ao
dano moral causado por GUARDA BELO.

De acordo com o artigo 80, III, do CPC, considera-se a litigância por má-fé quando a
parte usar do processo para conseguir objetivo ilegal, o qual no caso é o
enriquecimento ilícito, cobrando do Reconvindo a segunda vez por uma obrigação já
paga.

Dessa forma, no artigo 79, também do CPC, o legislador afirma que o réu que litigar de
má-fé responde por perdas e danos. Assim como, no artigo 81, aquele que o juiz
condena como litigante de má-fé, deverá pagar multa de até 10% do valor corrigido da
causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e arcar com os
honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.
Portanto, devido à má-fé do Reconvindo, este deverá responder de acordo com o dano
causado ao Reconvinte na situação acima. Sendo que tal atitude não só prejudica de
forma financeira mas também tira a paz e a tranquilidade do Reconvinte pelo
pagamento de uma dívida que já foi quitada, sabendo que pode vir a pagar duas vezes
pelo mesmo débito.

III - DOS PEDIDOS


Diante o exposto, requer:

a) Improcedência do pedido autoral de execução da obrigação devido à


inexigibilidade da mesma, oriunda do pagamento da mesma em momento
pretérito e à impossibilidade de execução de título inexigível;
b) Intimação do Reconvindo para que se manifeste no prazo de 15 dias;
c) Condenação da parte Reconvinda ao pagamento no valor de R$ 220.000,00
(duzentos e vinte mil reais), a título de responsabilidade civil, com base no artigo
940, do CPC, assim como mais R$ 5.000,00 (cinco mil reais), a título de danos
morais, com base no artigo 81, do CPC;
d) Condenação do Reconvindo ao pagamento das custas e honorários
advocatícios.
Protesta provar o alegado mediante os meios de prova em direito admitidos.
Atribui-se a causa o valor de R$ 225.000,00 (duzentos e vinte e cinco mil reais).
Termos em que pede deferimento,

02 de dezembro de 2015, Salvador-BA.

Advogado, OAB

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