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Direito Processual Civil Executivo

Docente: Ana Raquel

1. Formas do Processo Executivo

Cada um dos tipos de ação executiva pode seguir uma forma de processo comum ou uma forma de processo
especial.

O processo especial tem lugar quando a lei impõe, para a execução de determinado tipo de obrigação, uma
tramitação especial, que pode, nessa sua especialidade, ser mais ou menos ampla.

Artigo 546.º CPC - Processo comum e processos especiais


1 - O processo pode ser comum ou especial.

2 - O processo especial aplica-se apenas aos casos expressamente designados na lei; o processo comum é aplicável a
todos os casos a que não corresponda processo especial.

Artigo 550.º CPC - Forma do processo comum


1 - O processo comum para pagamento de quantia certa é ordinário ou sumário.

. 2 - Aplica-se a forma sumária quando o título executivo que lhe serve de base seja:

→ Uma decisão arbitral ou judicial nos casos em que esta não deva ser executada no próprio processo;
→ Um requerimento de injunção ao qual tenha sido aposta fórmula executória;
→ Um título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida, garantida por hipoteca ou penhor;
→ Um título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida cujo valor não exceda o dobro da alçada do tribunal
de 1.ª instância (10.000€).

1
N.º 3 - Não é, porém, aplicável a forma sumária:
a) Nos casos previstos nos artigos 714.º e 715.º;
b) Quando a obrigação exequenda careça de ser liquidada na fase executiva e a liquidação não dependa de simples
cálculo aritmético;
c) Quando, havendo título executivo diverso de sentença apenas contra um dos cônjuges, o exequente alegue a
comunicabilidade da dívida no requerimento executivo;
d) Nas execuções movidas apenas contra o devedor subsidiário que não haja renunciado ao benefício da excussão
prévia.

N.º 4 - O processo comum para entrega de coisa certa e para prestação de facto segue forma única.
- Assim, nos casos previstos no artigo 550.º, n.º 3 e nas demais situações não tipificadas no n.º 2, a execução segue a
forma ordinária.

- Á luz o artigo 551.º, n.º 3 são subsidiariamente aplicáveis ao processo executivo comum sumário as disposições
previstas para o processo executivo comum ordinário.

Execução da decisão judicial condenatória


Nos termos do artigo 626.º, a execução inicia-se com a apresentação de um requerimento, ao qual se aplicam com
as necessárias adaptações o disposto nos artigos 724.º e ss;

Tramitação: forma sumária, salvo se no caso em concreto se verificar alguma das situações do artigo 550.º, n.º 3 em
que a lei impõe a forma ordinária.

As diligências executivas iniciam-se com a penhora imediata de bens e só depois é o executado notificado para,
querendo, deduzir oposição à execução e/ou à penhora – artigo 626.º, n.º 2.

Por sua vez, tratando-se de execução de decisão judicial que condene na entrega de coisa certa, feita a entrega é o
executado notificado para deduzir oposição, seguindo-se com as necessárias adaptações o disposto nos artigos 860.º
e seguintes – 726.º, n.º 3.

Pretendendo o credor, juntamente com o pagamento de quantia certa ou entrega de certa coisa, a prestação de um
facto, o devedor ao ser citado para deduzir oposição à execução (art. 868.º, n.º2), deve ser simultaneamente citado
para deduzir oposição ao pagamento da quantia ou à entrega da coisa – artigo 626.º, n.º 4.

Se a execução tiver por finalidade o PQC e a ECC ou a PF, a lei permite a penhora imediata de bens para cobrir a
quantia decorrente da eventual conversão das execuções, bem como a destinada à indemnização do exequente e ao
montante devido a título de sanção pecuniária compulsória - artigo 626.º n.º 5.

Docente: Lurdes Mesquita

Forma de Tramitação do Processo de Execução

• Execução Ordinária – REGRA


• Execução Sumária - EXCEÇÃO
Execução Ordinária – Regra Geral

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Execução Sumária – exceção. Só seguem a forma sumária aqueles casos que estão tipificados na lei como
tal e que constam do nº2 art. 550º CPC, mas também são sumárias as execuções de sentença cujas
execuções que correm dos mesmos autos – 626º nº2 CPC
Únicos casos que as execuções podem ser sumárias – 550º nº2 – estas têm uma particularidade…
Execuções sumárias - existe penhora imediata, dispensa o despacho liminar e dispensa a citação prévia –
uma execução mais agressiva para o devedor – mas estas execuções são justificadas. Ele já teve
oportunidade de se defender, mas não o fez.
IMPORTANTE – 550º nº2 >> 626º nº2 + 3 CPC

Art. 550º nº3 CPC


São situações em que a execução se iniciou, mas não ficaram todas as coisas resolvidas como a prestação,
a exigibilidade, liquidação… etc (esta liquidação não é possível por simples cálculo aritmético)
Basta que se verifique uma das alíneas do art. 550º nº3 CPC, para que a execução seja imperativamente
ordinária.
550º nº3 b) >> 716º nº4
550º nº3 c) – situações em que a exequenda tenha pedido a comunicabilidade da divida (não sai neste
teste): Legitimidade na ação executiva, tem critério formal, quem é executado é quem no título se
configura como devedor. No entanto, há dividas comuns (ou comunicáveis) pelos cônjuges, se o credor
tiver na mão um documento assinado apenas pelo um dos cônjuges, a execução só poderá ser movida
contra aquele que tem o título executivo – a solução era propor uma ação declarativa (o que pode na
mesma acontecer), o legislador criou antes um mecanismo chamado incidente da comunicabilidade da
divida – 740º + 741º - isto acontece na alínea c) nº3 art. 550º CPC

550º nº3 d) – revela uma situação em que necessariamente tínhamos que chamar o executado antes de
fazer o que quiséssemos – este foi executado sozinho e é um mero devedor subsidiário, e além disto não
renunciou ao benefício da execução prévia, ou seja, se o seu património for atingido e o devedor principal
ainda tiver bens ele pode ser invocado o benefício da execução prévia, devemos lhe dar uma
oportunidade. Esta poderia ser sumária, mas como devemos dar a oportunidade do cliente querer invocar
o beneficio da execução prévia será então imperativamente ordinária

(benefício da execução prévia - art. 745º CPC)

PERANTE UMA EXECUÇÃO: Vejo se se enquadra em alguma das situações do nº2 550º se se enquadrar é
sumária, caso não se enquadre é então ordinária. Poderá ainda ser imperativamente ordinária se se
enquadrar no nº3 550º.

Art. 648º CPC – diz-nos quando nas execuções ordinárias se iniciam as diligências para a penhora.

Sendo assim temos 4 tramitações processuais:


→ ordinária pura,

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→ ordinária com dispensa de citação prévia;
→ sumária pura,
→ e sumária com despacho liminar e citação prévia

Execução Ordinária ART. 727º CPC– tem despacho liminar e citação prévia, contudo o legislador admitiu
que também podia haver casos em que a situação apesar de não reunir situações para ser sumária, poderia
haver factos que justifiquem o receio pela perda patrimonial que levam a crer que estão a dissipar o seu
património, por ex.: doações, escrituras, etc. O exequente pode dar entrada no RE classifica como
ordinária, mas requer o previsto na al. j) 724º >> 727º ( que nos dá a dispensa de citação prévia, alegando
os factos, juntando provas e desta forma a secretaria recebe o RE, o juiz vê que há este pedido e ordena
que estas diligências probatórias se realizem para verificar o justo receio ou não, e caso o juiz se convença
(isto tudo antes de se chamar o executado). Caso o exequente tenha razão no seu receio, há dispensa de
execução prévia e o juiz manda seguir os termos de execução sumária, só se fazendo a citação depois da
penhora – É UMA ORDINÁRIA COM DESPACHO LIMINAR E DISPENSA DE CITAÇÃO PRÉVIA
Execução Sumária ART. 855º Nº5– dá entrada como sumária, o AE começa a fazer as diligências prévias à
penhora, começa a verificar que bens é que há, e chega à conclusão que esta execução é sumária por força
do nº2 d) 550º , e constata que a única coisa que há para penhorar é ou um imóvel ou um estabelecimento
comercial, (que pode pertencer ao executado na sua plenitude ou que pode ser ou a propriedade plena,
ou um direito real de gozo, ou um quinhão hereditário). Nestas situações o legislador verifica que há
penhora imediata (cujo valor é até 10.000€) e irá penhorar sem dizer nada um bem (imóvel ou
estabelecimento comercial) que à partida são bens que têm relevância no património das pessoas e que na
maioria têm um valor superior aos 10.000€. Então o legislador dado a tal desproporcionalidade, antes de
penhorar dá oportunidade ao executado de falar, então criou uma situação em que caso estas situações se
verifiquem (550º nº2 d) e bem imóvel…). O legislador remete então o processo para o juiz para que na
sequência do despacho liminar, o exequente seja citado perviamente– UMA EXECUÇÃO QUE SE INICIA
POR SER SUMÁRIA, MAS QUE DEPOIS DADAS AS CIRCUNTANCIAS ONDE EXISTE DESPACHO LIMINAR E
CITAÇÃO PRÉVIA (características estas da execução ordinária)

Quem atua na ação executiva e quais as suas funções:


• Exequente e executado
• O Agente de Execução (AE)
• Juiz de execução

Agente de Execução – profissional que tem a seu cargo a condução da ação executiva. Ele faz as tarefas
executivas propriamente ditas. – todas as funções previstas no art. 719º CPC. Profissional liberal com
estatuto próprio que exerce funções de autoridade. Não é obrigatório o exequente indicar o AE, este pode
ser indicado pela secretaria, contudo, tem sempre que existir um. – 719º + 720º + 721º CPC
Juiz de Execução - O juiz de execução por sua vez, so tem as tarefas que a lei expressamente lhe atribui. –
723º CPC
Aqui diz que o juiz tem de verificar se o processo está em conformidade, porque se não estiver, ainda está
a tempo de rejeitar a execução ou então de realizar um convite ao aperfeiçoamento. – art. 734º CPC – IMP.

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Início da Ação Executiva
Uma ação executiva começa quando é apresentado o RE, (alguém tem que dar entrada no processo), isto
de forma eletrónica (art. 712º CPC), o próprio RE tem um modelo específico aprovado por portaria, e
preenchido através do CITIUS.
Foi criado a partir do art. 724º CPC, o RE tem que ter lá plasmado o tribunal, as partes, documento
assinado, tem que ter os factos a não ser que constem do próprio título executivo, o valor da causa, tem
que se escolher a prestação, indicar se a condição já foi verificada, o pedido, a liquidação, a
comunicabilidade da divida (se for o caso), a dispensa de citação prévia (se assim quiser), e o comprovativo
de pagamento. Tenho que ter o título executivo, cópia ou original!
Art. 724º nº5 – apenas execuções baseadas em títulos de crédito (cheques, letras, livranças) estas podem
ser propostas e juntarem-se apenas as cópias. Contudo, o legislador diz que o exequente tem que juntar o
original desses títulos nos 10 dias antes da execução e apresentá-lo em tribunal.
NOTA IMPORTANTE: Posso apresentar no RE, só a cópia do título executivo. No entanto, tenho que levar o
original a tribunal, sob pena da execução se extinguir.
Este RE é recebido ou recusado pelo AE (sumária), ou secretaria (ordinária) – art. 725º CPC

Tramitação da Ação Executiva


❖ Execução Ordinária:
O RE é levado para o juiz, o juiz profere despacho liminar e verifica se está tudo em conformidade.
Se estiver tudo em conformidade, manda citar.
Se há alguma falha – o juiz faz um convite ao aperfeiçoamento do despacho ou então a despacho liminar.

Pwp Lurdes – Processo de Execução – De Execução para Pagamento de Quantia Certa

Formas de Processo Executivo


• Processo Especial ou Processo Comum – art. 546º CPC
• Processo Comum – art. 550º CPC
o Para pagamento de quantia certa: forma ordinária ou sumária – art. 550º nº1 a 3 CPC
o Para entrega de coisa certa e para prestação de facto: forma única – art. 550º nº4 CPC
• Direito Supletivo

Processo Comum Ordinário


Forma de processo adotada como regra.
Aplica-se sempre que não se verifique uma das situações do n.º 2 do art. 550.º.

Aplica-se, ainda, sempre que a execução pudesse ser sumária mas ocorre alguma das causas de exclusão da forma
sumária previstas no n.º 3 do art. 550.º:
a) Nos casos previstos nos artigos 714.º e 715.º;

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b) Quando a obrigação exequenda careça de ser liquidada na fase executiva e a liquidação não dependa de
simples cálculo aritmético;
c) Quando, havendo título executivo diverso de sentença apenas contra um dos cônjuges, o exequente alegue
a comunicabilidade da dívida no requerimento executivo;
d) Nas execuções movidas apenas contra o devedor subsidiário que não haja renunciado ao benefício da
excussão prévia.

Processo Comum Sumário


Aplica-se nos casos previstos no n.º 2 do art. 550.º e desde que não se verifique causa de exclusão do n.º 3:

a) Em decisão arbitral ou judicial nos casos em que esta não deva ser executada no próprio processo;
b) Em requerimento de injunção ao qual tenha sido aposta fórmula executória;
c) Em título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida, garantida por hipoteca ou penhor;
d) Em título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida cujo valor não exceda o dobro da alçada do tribunal
de 1ª instância.

Execução Ordinária VS Execução Sumária


Execução Ordinária:
✓ RE recebido pela secretaria – art. 725º
✓ Despacho liminar e citação prévia – art. 726º
✓ Dispensa de citação prévia a requerimento do exequente e ordenada por despacho liminar – art. 727º

Execução Sumária:
✓ RE recebido pelo AE – art. 855º mº2 al. a)
✓ Penhora imediata, com dispensa de despacho liminar e de citação prévia – art. 855º nº3

Tramitação Eletrónica do Processo – art. 712º CPC


A tramitação dos processos executivos é, em regra, efetuada eletronicamente, nos termos do art. 132.º e
disposições regulamentares (Port. n.º 280/2013, de 26.08).

Modelo e termos de apresentação do RE são definidos pela Port. n.º 282/2013, de 29.08.

Todas as consultas a realizar pelo AE com vista à penhora e comunicações entre este e os demais serviços e
profissionais do foro são realizados por via eletrónica.

❖ Competência para a prática de atos executivos


É o AE, designado pelo exequente ou pela secretaria (regime supletivo), que pratica atos de natureza executiva na
execução (art. 720.º, n.ºs 1 a 3);

A designação do AE fica sem efeito se ele declarar que não a aceita por meios eletrónicos – art. 720.º/8 e art. 36.º
port. n.º 282/2013, de 29.08.

Consagra-se a possibilidade de os cidadãos recorrerem ao sistema público de justiça, requerendo que o oficial de
justiça desempenhe as funções de AE, em dois casos:

→ em execuções para a cobrança de créditos de valor não superior ao dobro da alçada do tribunal de 1.ª
instância, desde que não resultem de uma atividade comercial ou industrial (722.º/1/e);

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→ em execuções destinadas à cobrança de créditos laborais de valor não superior à alçada da Relação. – art.
722º nº1 f) CPC.

❖ Cessação de Funções do Agente de Execução


A cessação de funções do AE pode resultar (art. 720.º/4):

→ de substituição promovida pelo exequente, devendo este expor o motivo da substituição, ou


→ de destituição pelo órgão com competência disciplinar sobre os agentes de execução, com fundamento em
atuação processual dolosa ou em violação reiterada dos deveres que lhe são impostos pelo respetivo
estatuto.

A destituição ou substituição produzem efeitos na data da comunicação ao AE, efetuada nos termos da Port.
282/2013, 29.08.

Repartição de Competências
Competências do juiz – 723.º
Todos os atos conexionados com o princípio da reserva de juiz ou suscetíveis de afetar direitos fundamentais
das partes ou de terceiros.
Compete-lhe proferir despacho liminar, quando este deva ter lugar, julgar a oposição à execução e à
penhora, verificar e graduar créditos, decidir reclamações de atos e impugnações de decisões do agente de
execução.

Casos de exclusiva atribuição do juiz:

• adequar o valor da penhora de vencimentos à situação económica e familiar do executado (738.º/6);


• tutelar os interesses do executado quando estiver em causa a sua habitação (704.º/4; 733.º/5; 785.º/4);
• designar administrador para proceder à gestão ordinária do estabelecimento comercial penhorado (782.º/2
e 3);
• autorizar o fracionamento do prédio penhorado (759.º);
autorizar a venda antecipada de bens penhorados, em caso de deterioração ou depreciação ou quando haja
vantagem na antecipação da venda (814º).

Competências da secretaria – art. 719.º, n.ºs 2 e 3


Incumbe-lhe, para além das competências que lhe são especificamente atribuídas no título do processo de execução
(ex. remeter o RE e os documentos que o acompanhem ao AE e notificação do mesmo nos termos do art. 726.º/8),
exercer as funções que lhe são cometidas pelo art. 157.º na fase liminar e nos procedimentos ou incidentes de
natureza declarativa, salvo no que respeita à citação;

E notificar, oficiosamente, o AE da pendência de procedimentos ou incidentes de natureza declarativa deduzidos na


execução e dos atos aí praticados que possam ter influência na instância executiva.

Competências do AE
Efetuar todas as diligências do processo executivo que não estejam atribuídas à secretaria ou sejam da competência
do juiz, incluindo, nomeadamente, citações, notificações, publicações, consultas de bases de dados, penhoras e seus
registos, liquidações e pagamentos (719.º/1).

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Assegurar a realização dos atos emergentes do processo que carecem da sua intervenção, mesmo após a extinção da
instância (art. 719.º/2).

O AE pode, sob sua responsabilidade e supervisão, promover a realização de quaisquer diligências materiais do
processo executivo que não impliquem a apreensão material de bens, a venda ou o pagamento, por empregado ao
seu serviço, devidamente credenciado pela entidade com competência para tal nos termos da lei (720.º/6).

Prazo para a prática de atos pelo AE: 5 dias para as notificações da sua competência e 10 dias para os demais atos
(art. 720º nº7)

➢ Pagamento de quantias devidas ao AE – art. 721º


São da responsabilidade do Exequente os honorários devidos ao AE e o reembolso das despesas efetuadas por ele
efetuadas, bem como os débitos a terceiros originados pela venda executiva. O Exequente pode reclamar o seu
reembolso ao executado, nos casos em que não seja de aplicar o art. 541.º .

O AE informa o exequente e o executado sobre as operações contabilísticas por si realizadas – informação que deve
constar da conta-corrente do processo.

Execução não prossegue se há quantias devidas a título de honorários e despesas.

Instância extingue-se decorridos 30 dias após notificação do exequente para pagamento de quantias em dívida, sem
que este o tenha efetuado. A extinção ocorre por comunicação eletrónica ao tribunal, sem intervenção judicial ou da
secretaria (aplica-se o art. 849.º/3).

A nota discriminativa de honorários e despesas do AE da qual não se tenha reclamado, acompanhada da sua
notificação pelo AE ao interveniente processual perante o qual se pretende reclamar o pagamento, constitui título
executivo.

➢ Registo informático de execuções – arts. 717º e 718º


Contém o rol das execuções pendentes e, relativamente a cada uma delas informação sobre a identificação do
processo de execução, do AE, das partes, o pedido, bens indicados para penhora, bens penhorados, identificação dos
créditos reclamados.

Contém também o rol das execuções findas ou suspensas, mencionando-se além dos referidos elementos, os
referidos no n.º 2.

O AE deve manter atualizado o registo informático de execuções Retificação, atualização, eliminação e consulta dos
dados.

Acesso ao registo informático de execuções também regulado pela Port. 282/2013, de 29.08 – arts 56.º a 58.º.

O registo informático de execuções é regulado pelo DL n.º 201/2003, de 10.09.

Fase Introdutória
A petição com que se inicia a ação executiva é designada como requerimento executivo.

Requerimento Executivo – art. 724º


No RE, dirigido ao tribunal de execução, o exequente indica os elementos previstos no n.º 1 do art. 724.º (alguns
desses elementos são de caráter obrigatório e a sua falta implica a recusa do RE).

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O requerimento executivo obedece a um formulário próprio que se encontra no site indicado no artigo 2º,
nº1 da Portaria nº282/2013, de 29 de agosto (ver anexo I e II do mesmo diploma legal): ver artigos 132º, nº1 e 725º,
nº1, al. a) e é transmitido eletronicamente ao tribunal (e ao agente executivo nela designado) acompanhado pela
cópia do título executivo (sem prejuízo de o original dever ser apresentado nos dez dias subsequentes à distribuição,
quando se trate de título de crédito: artigo 724º, nº5) e pelos documentos relativos aos bens a penhorar e ao
pagamento da taxa de justiça (artigo 724º, nº4).

O artigo 724º, nº1 regula os requisitos formais a que deve obedecer o requerimento executivo – analisar o artigo.

O RE deve ser acompanhado dos documentos referidos no n.º 4 e 5:


▪ A) cópia ou original do título executivo, se o RE for entregue por via eletrónica ou em papel,
respetivamente;
▪ B) documentos de que o exequente disponha relativamente aos bens penhoráveis indicados;
▪ C) do comprovativo do pagamento da taxa de justiça devida ou da concessão do benefício de apoio
judiciário, nos termos do art. 145.º .
▪ Se o título executivo for um título de crédito é necessário enviar o original para o tribunal no prazo de 10
dias a contar da distribuição, sob pena de extinção da execução, nos termos do artigo 849º, nº1, al. f);

Execução baseada em título de crédito – necessidade de junção do original (art. 724.º/5):


Quando a execução se funde em título de crédito e o requerimento executivo tiver sido entregue por via
eletrónica, o exequente deve sempre enviar o original para o tribunal, dentro dos 10 dias subsequentes à
distribuição; na falta de envio, o juiz, oficiosamente ou a requerimento do executado, determina a notificação do
exequente para, em 10 dias, proceder a esse envio.

falta de junção ►extinção


Uma vez que a execução tem sempre por base um título executivo, o mesmo deve sempre acompanhar o
requerimento inicial (artigo 724º, nº4), sendo que a indicação da causa de pedir só deve ter lugar quando a mesma
não conste do próprio título – artigo 724º, nº1, al. e).

O requerimento executivo só se considera apresentado (n.º 6):


a) Na data do pagamento da quantia inicialmente devida ao agente de execução a título de honorários e
despesas a realizar nos termos da Portaria nº 225/2013, 10.07 ou da comprovação da concessão do
benefício de apoio judiciário, na modalidade de atribuição de agente de execução;
b) Quando aplicável, na data do pagamento da retribuição prevista no n.º 8 do artigo 749.º, nos casos em que
este ocorra após a data referida na alínea anterior.

7 — Aplicam-se ao disposto no número anterior os n.ºs 5 e 6 do artigo 552.º, com as devidas adaptações.

LIVRO: Admissão do requerimento executivo


A apresentação do requerimento executivo só se considera concluída, para efeito do prosseguimento do processo
com o pagamento ao agente de execução da quantia que lhe seja inicialmente devida a título de honorários e
despesas (artigo 724º, nº6, al. a)), ressalvado o regime do apoio judiciário (artigos 724º, nº6, al. a) e 552º, nº5 e 6).
Exceção ao regime geral previsto no artigo 259º, nº1.

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Se não tiver sido reembolsado das custas de parte, por falta de pagamento das custas da ação declarativa pelo réu
nelo condenado, o exequente poderá exigir o reembolso no requerimento inicial, fazendo neste uma cumulação de
pedidos.

O nº7 diz-nos que se aplica o disposto no número anterior os nº5 e 6 do artigo 552º com as devidas adaptações.

Recusa do Requerimento Executivo – art. 725º


O requerimento inicial pode ser recusado pela secretaria, nos casos do artigo 725º, nº1 (paralelo ao artigo 558º, que
rege para a ação declarativa).

A secretaria (ou o AE – 855.º/2/a) recusa receber o requerimento, no prazo de 10 dias a contar da distribuição,
indicando por escrito o respetivo fundamento, quando (art. 725.º/1):

a) Não obedeça ao modelo aprovado;


b) Não indique o fim da execução;
c) Se verifique a omissão dos requisitos previstos nas alíneas a), b), d) a h) e k) do n.º 1 do artigo anterior
(724.º);
d) Não seja apresentada a cópia ou o original do título executivo, de acordo com o previsto na alínea a) do n.º
4 do artigo anterior (724.º);
e) Não seja acompanhada do documento previsto na alínea c) do n.º 4 do artigo anterior (724.º -
comprovativo TxJ).
f) Não seja acompanhado do comprovativo do pagamento de taxa de justiça – artigo 145º.

LIVRO: No processo sumário

Tratando-se de uma execução para pagamento de quantia certa sob a forma de processo sumário, tendo em conta
que, neste caso, o executado só é citado após a penhora do seu património, tanto a requerimento executivo como
os documentos que o acompanhem, são enviados por via eletrónica diretamente – sem precedência de despacho
liminar – ao agente de execução que tiver sido designado – artigo 855º, nº1.

Assim, compete ao agente de execução a tramitação inicial da execução, podendo:

- Recusar o requerimento executivo quando se verifique algum dos casos previstos no artigo 725º;
Ou

- Provocar a intervenção do juiz nos termos do artigo 855º, n º2, al. b), quando possam ocorrer alguma das
situações previstas no artigo 726º, nº2 a 4.

O ato de recusa é reclamável para o juiz, mas a decisão deste é irrecorrível, salvo quando se funde na falta de
exposição dos factos – artigos 725º, nº2.

Se a decisão da recusa for confirmada judicialmente ou se o exequente não reclamar da recusa, pode apresentar um
novo requerimento executivo, bem como o documento ou os elementos em falta nos termos do artigo 725.o, n.o1,
no prazo de 10 dias, a contar da recusa do recebimento do requerimento executivo ou da notificação da decisão
judicial que tenha confirmado a recusa - artigo 725º, nº3 – sob pena de extinção da execução – artigo 725º, nº4 +
849º, nº1, f) e nº2.

Recebido o requerimento inicial, seguem-se, como na ação declarativa, a distribuição (salvo quando a execução
tenha lugar nos autos do processo declarativo em que tenha sido proferida a decisão exequenda) e a atuação, bem
como as eventuais diligências para tornar certa ou exigível a obrigação, a designação do agente de execução pela
secretaria, quando o exequente o não tenha designado ou ele tenha recusado a designação feita (artigo 720º, nº2 e
8), e a subsequente notificação a este da designação efetuada (artigo 720º, nº3).
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Execução comum ordinária (fase liminar) – art. 726º CPC
O processo é concluso ao juiz para despacho liminar (art. 726.º/1)

Indeferimento liminar pelo juiz quando (art. 726.º/2):

o seja manifesta a falta ou insuficiência do TE


o Ocorram exceções dilatórias

Quando o processo deva prosseguir, o juiz profere despacho de citação do executado para, no prazo de 20 dias,
pagar ou opor-se à execução (art. 726.º/6).

Se o exequente alegou a comunicabilidade da dívida constante de TE diverso de sentença, o juiz profere despacho
de citação do cônjuge para os efeitos previstos no n.º 2 do art. 741.º (art. 726.º/7).

A secretaria remete ao AE, via eletrónica, o RE e documentos, notificando-o para proceder à citação do executado
(art. 726.º/8).

Execução Comum ordinária com dispensa de citação prévia – art. 727º CPC
A requerimento do exequente no RE através da alegação de factos que justificam o receio de perda da garantia
patrimonial do seu crédito e oferecimento de imediato dos meios de prova.

O receio é justificado sempre que, no RIE, conste a menção da frustração, total ou parcial, de anterior ação
executiva movida contra o executado.

Sendo dispensada a citação prévia é aplicável, com as necessárias adaptações o regime estabelecido nos arts 856.º e
858.º (Penhora imediata).

Está ainda previsto um outro caso de dispensa de citação prévia, quando há especial dificuldade em efetuar a
citação, designadamente por ausência do citando em parte incerta – dispensa de citação prévia, a requerimento do
exequente, quando a demora justifique o justo receio de perda da garantia patrimonial do crédito.

Execução Comum Sumária (fase liminar) - art. 855º CPC


O RE e os documentos que o acompanhem são imediatamente enviados, por via eletrónica, sem precedência de
despacho judicial, ao AE designado com indicação do n.º único do processo (art. 855.º/1).

O AE recebe/recusa o RE (art. 855.º/2/a).

O AE pode suscitar a intervenção do juiz, nos termos do art. 723.º/1/d (art. 855.º/2/b):

→ Quando se lhe afigure provável a ocorrência das situações previstas nos n.ºs 2 e 4 do art. 726.º;
→ Quando duvide da verificação dos pressupostos da aplicação sumária.

Se o requerimento for recebido e o processo houver de prosseguir, o AE inicia as consultas e diligências prévias à
penhora, que se efetiva antes da citação do executado (art. 855º nº3).

Docente: Ana Raquel

Execução Para Pagamento de Quantia Certa

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Fase Introdutória

Requerimento Executivo
O requerimento executivo é a petição com que se inicia a ação executiva.
Obedece a um formulário próprio que se encontra no site indicado no artigo 2.º, n.º 1 da Portaria n.º
282/2013, de 29 de agosto (ver anexo I e II do mesmo diploma legal).
O artigo 724.º, n.º 1 regula os requisitos formais a que deve obedecer o requerimento executivo – análise do
artigo.

Além de cumprir os requisitos do artigo 724.º, n.º 1, o requerimento executivo deve ser acompanhado dos seguintes
documentos (724.º, n.º 4 e 5).

• Cópia ou original do título executivo consoante o requerimento eletrónico seja entregue por via eletrónica
ou em papel;
• Se o título executivo for um título de crédito é necessário enviar o original para o tribunal no prazo de 10
dias a contar da distribuição, sob pena de extinção da execução, nos termos do artigo 849.º, n.º 1, al. f).
• Documentos de que o exequente disponha relativamente aos bens penhoráveis indicados no requerimento
executivo;
• Comprovativo do pagamento de taxa de justiça devida ou da concessão de apoio judiciário nos termos do
artigo 145.º.

Uma vez que a execução tem sempre por base um título executivo, o mesmo deve sempre acompanhar o
requerimento inicial (artigo 724.º, n.º4), sendo que a indicação da causa de pedir só deve ter lugar quando a mesma
não conste do próprio título - artigo 724.º, n.º1, e).

Admissão do requerimento executivo: na data do pagamento da quantia devida ao agente de execução a título
de honorários e despesas, ou da comprovação da concessão de benefício de apoio judiciário na modalidade de
atribuição de agente de execução - artigo 724.º, n.º6, al. a). Exceção ao regime geral previsto no artigo 259.º, n.º1.

Recusa pela Secretaria


❖ Artigo 725.º CPC
Estando em causa uma ação executiva para PQC sob a forma de processo ordinária, o requerimento executivo deve
ser remetido ao tribunal.

Neste caso, uma vez remetido o requerimento, este pode ser recusado, de forma fundamentada, pela secretaria, no
prazo de 10 dias a contar da distribuição, quando:

→ ▪ Não obedeça ao modelo aprovado;


→ Não indique o fim da execução – 10.º, n.º 6 e 724.º, n.º 1, d);
→ Se verifique a omissão dos elementos obrigatórios que devem constar do requerimento executivo – 724.º,
n.º 1, als. a), b), d) a h) e k);
→ Não seja apresentada a cópia ou o original do título – 724.º, n.º 4, a);
→ Não seja acompanhado do comprovativo do pagamento de taxa de justiça – 145.º.

No processo sumário
Tratando-se de uma execução para PQC sob a forma de processo sumário, tendo em conta que, neste caso, o
executado só é citado após a penhora do seu património, tanto o requerimento executivo como os documentos que

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o acompanhem, são enviados por via eletrónica diretamente - sem precedência de despacho liminar - ao agente de
execução que tiver sido designado - artigo 855.º, n.º1.

Assim, compete ao agente de execução a tramitação inicial da execução, podendo:


a) recusar o requerimento executivo quando se verifique algum dos casos previstos no artigo 725.º, ou
b) provocar a intervenção do juiz nos termos do artigo 855.º, n.º 2, al. b), quando possam ocorrer alguma das
situações previstas no artigo 726.º, n.º 2 a 4.

Do ato de recusa cabe reclamação para o juiz, mas a decisão é irrecorrível, salvo quando se funde na falta de
exposição dos factos - artigos 725.º, n.º2 e 855.º, n.º2, al. a).

Se a decisão da recusa for confirmada judicialmente ou se o exequente não reclamar da recusa, pode apresentar um
novo requerimento executivo, bem como o documento ou os elementos em falta nos termos do artigo 725.º, n.º1,
no prazo de 10 dias, a contar da recusa do recebimento do requerimento executivo ou da notificação da decisão
judicial que tenha confirmado a recusa - artigo 725.º, n.º 3 – sob pena de extinção da execução – artigo 725.º, n.º 4 +
849.º, n.º1, f) e n.º2.

Despacho Liminar
O CPC ao desdobrar em sumária e ordinária a forma do processo comum, impõe na primeira o despacho liminar e
dispensa-o na segunda. Aliás, esse controlo judicial prévio constitui a característica fundamental da forma ordinária,
sendo dispensado no sumário.

O despacho pode ser, nos termos gerais, de indeferimento, de aperfeiçoamento ou de citação

Controlo judicial prévio que apenas ocorre no processo ordinário de execução, sendo dispensado no sumário.

Em caso do requerimento executivo ser aceite pela secretaria, o processo é concluso ao juiz a fim de proferir
despacho liminar – artigo 726.º, n.º 1.

O juiz pode, assim, proferir um dos seguintes despachos:


1. Indeferimento liminar (total) - artigo 726.º, n.º2 e 5;
2. Indeferimento parcial – artigo 726.º, n.º3;
3. Convite ao aperfeiçoamento - artigo 726.º, n.º4;
4. Ordenar a citação do executado e eventualmente do seu cônjuge – artigo 726.º, n.º6, 7 e 8

1. Despacho de indeferimento liminar


O juiz deve indeferir liminarmente o requerimento executivo quando:
1. Seja manifesta a falta ou insuficiência do título executivo – ocorre quando se instaura a execução com base num
documento que não consta do elenco taxativo do artigo 703.º, ou então quando o RE não seja acompanhado do
título executivo ou o exequente não lhe faça qualquer tipo de referência no RE.

2. Ocorram exceções dilatórias insupríveis, de conhecimento oficioso do tribunal – p. ex. casos em que exista
incompetência absoluta do tribunal (96.º e ss); ineptidão do RE designadamente por contradição entre o pedido e a
causa de pedir; a falta absoluta de alegação de factos que fundamentem o pedido quando tais factos não constem
do título executivo; a ilegitimidade singular, isto é, a propositura da ação executiva por alguém ou contra alguém
que não figure no título executivo como credor ou devedor (53.º).

3. Fundando-se a execução em título negocial, seja manifesta a inexistência de factos constitutivos, ou a existência
de factos impeditivos ou extintivos da obrigação exequenda que sejam de conhecimento oficioso – p. ex. negócios
jurídicos que enfermem de nulidade jurídica, pelo facto de o seu objeto ser física ou legalmente impossível; existam
causas extintivas do direito exequendo (ex. pagamento).
13
4. Tratando-se de execução baseada em decisão arbitral o litígio não pudesse ser cometido à decisão por árbitros -
quer por estar exclusivamente submetido por lei especial à jurisdição de um tribunal judicial ou à arbitragem
necessária quer por o direito controvertido não ter caráter patrimonial e não poder ser objeto de transação.

2. Despacho de indeferimento liminar parcial


O Juiz pode indeferir parcialmente o requerimento executivo, designadamente, quanto à parte do pedido que
exceda os limites constantes do título executivo ou quanto aos sujeitos que careçam de legitimidade para figurar
como exequentes e ou executados - artigo 726.º, n.º3.

Considerando que o TE determina o fim e os limites da execução (artigo 10.º, n.º5) o tribunal pode indeferir
parcialmente o requerimento executivo quando, por ex., o exequente requeira o pagamento de uma quantia
superior à que consta no título executivo.

O tribunal deve ainda indeferir parcialmente o requerimento executivo nos casos em que a execução seja intentada
por ou contra uma pessoa que não figure no TE (53.º) com a qualidade de credor ou de devedor não sendo feita no
requerimento executivo qualquer referência à verificação de algum dos desvios à regra geral da determinação da
legitimidade previstos no artigo 54.º e ss.

3.Despacho de convite ao aperfeiçoamento


O juiz de acordo com o princípio da economia processual e da gestão processual (artigo 6.º) deve convidar o
exequente a suprir as irregularidades do requerimento executivo e a sanar a falta de pressupostos processuais,
desde que no caso concreto não se verifique nenhuma das situações em que a lei imponha o indeferimento liminar
total – 726.º, n.º 4;

Exemplos: Junção de título diferente do que se pretendia apresentar; junção de título executivo que seja uma ata de
assembleia de condomínio sem que contenha a aprovação das despesas relativas a cada condómino (neste caso o
exequente é convidado a aperfeiçoar o requerimento executivo juntando aos autos uma cópia certificada da ata que
tiver definido as despesas relativas a cada condómino);

Proferido despacho de convite ao aperfeiçoamento, o juiz deve ordenar a notificação do exequente para que este
no prazo fixado corrija as irregularidades do RE ou a falta de pressupostos processuais, advertindo-o
simultaneamente de que a falta de resposta a esse convite implicará o indeferimento liminar do RE- artigo 726.º, n5.

4.Despacho de citação do executado


Não se verificando nenhum dos casos em que a lei imponha o indeferimento liminar (726.º, n.º 2) ou se o exequente
na sequência de um despacho de convite ao aperfeiçoamento (726.º, n.º 4), tiver suprido as irregularidades do
requerimento executivo ou sanado eventuais vícios, o juiz, salvo se tiver sido requerida a dispensa de citação prévia
do executado (artigo 727.º), deve proferir um despacho de citação do executado para que este, em 20 dias, proceda
ao pagamento voluntário da dívida exequenda ou deduza oposição à execução – artigo 726.º, n.º 6.

Cabe ao agente de execução efetuar todas as diligências que não sejam da competência da secretaria de execução
designadamente citações, notificações, publicações, consultas de bases de dados, penhoras e seus registos bem
como liquidações e pagamentos (artigo 719.º, n.º 1). A secretaria deve remeter ao AE por via eletrónica o
requerimento executivo e os documentos que o acompanham para que este proceda à citação do executado (artigo
726.º, n.º 8).

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Rejeição e Aperfeiçoamento
Mesmo que o processo não tenha sido concluso ao juiz para o proferimento do despacho liminar (p. ex. quando a
ação executiva siga os termos do processo sumário sem que o AE tenha suscitado essa intervenção), o artigo 734.º,
n.º 1 prevê a possibilidade de o juiz conhecer oficiosamente até ao 1.º ato de transmissão dos bens penhorados das
questões que poderiam ter determinado, se apreciadas nos termos do artigo 726.º, o indeferimento liminar ou o
aperfeiçoamento do requerimento executivo.

Se a execução for rejeitada e o vício não for suprido ou a falta corrigida, a execução extingue-se no todo ou em
parte - artigos 734.º, n.º 2 e 849.º, n.º 1, al. f).

Dispensa de citação prévia


Estando em causa um processo executivo para PQC sob a forma de processo ordinária, a regra é de que o executado
é citado previamente à penhora (artigo 726.º, n.º 6).

Todavia, a lei prevê a possibilidade de excecionalmente o executado ser citado após a penhora, através do
mecanismo do artigo 727.º.

A Dispensa de citação prévia pode ocorrer em 2 situações:


▪ Quando o exequente alegue no próprio requerimento executivo factos que justifiquem o receio de perda da
garantia patrimonial do seu crédito e ofereça de imediato os meios de prova. Após a produção da prova, se
o receio se mostrar justificado, o juiz deve dispensar a citação e o incidente deve ser tramitado como
urgente.
▪ Se após o despacho de citação do executado, se verifique uma especial dificuldade em realizar a citação
designadamente por ausência do citando em parte incerta, o exequente deve alegar neste caso que a
demora da citação justifica o receio da perda da garantia patrimonial do seu crédito.

No processo sumário
Dispensada a citação prévia do executado, ou tratando-se de uma ação executiva para pagamento de quantia certa
sob a forma de processo sumário, o executado é citado após a penhora do seu património podendo nos 20 dias
subsequentes, pagar, deduzir oposição à execução e/ou oposição à penhora - artigos 727.º, n.º 4 e 856.º, n.ºs 1 e 3.

Docente: Lurdes Mesquita

EMBARGOS DE EXECUTADO - ART. 728.º


Livro: está de acordo com o livro
A oposição à execução é feita mediante embargos de executado.

Uma vez citado (ou notificado nos termos do artigo 728º, nº4, em consequência de cumulação sucessiva), o
executado pode opor-se à execução por meio de embargos – artigo 728º, nº1.

Esta oposição tem um prazo de 20 dias a contar da citação, não se aplicando o disposto no artigo 569º, nº2 (o prazo
corre singularmente).

A oposição do executado visa a extinção da execução, mediante o reconhecimento atual da inexistência do direito
exequendo ou da falta de um pressuposto, específico ou geral, da ação executiva.

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Constituindo os embargos de executado uma verdadeira ação declarativa, que corre por apenso ao processo de
execução, nela é possível ao executado, não só levantar questões de conhecimento oficioso, mas também alegar
factos novos, apresentar novos meios de prova e levantar questões de direito que estejam na sua disponibilidade
(por exemplo: a prescrição ou a compensação que não tenha invocado antes da ação executiva: artigos 303º e 848º,
nº1 CC). (acaba aqui)

Oposição à execução mediante embargos de executado.

Prazo = 20 dias a contar da citação, não se aplicando o disposto no art. 569.º/2 (o prazo corre singularmente).
Citação substitui-se por notificação nos casos de cumulação de títulos na mesma ação executiva, aplicando-se o
disposto no art. 227.º, devidamente adaptado. Pode ser feita na pessoa do mandatário.

O mesmo sucede no caso de execução de decisão judicial condenatória nos termos do art. 626.º/2: a execução
segue a tramitação prevista para a forma sumária, havendo lugar à notificação do executado após a realização da
penhora.

Regime de fundamentos :
Regime tripartido:
→ Execução baseada em sentença – regime restrito (art. 729.º)

▪ Distinguindo a sentença dos tribunais estaduais (artigo 729º) da sentença do tribunal arbitral (artigo
730º). No âmbito da primeira, dado tratamento especial à sentença homologatória de confissão ou
transação das partes – artigo 729º, al. i). A enumeração constante das al. a) a h) do artigo 729º
(execução de sentença dos tribunais estaduais) engloba a falta de pressupostos processuais gerais, a
falta de pressupostos processuais específicos da ação executiva e a inexistência atual da obrigação
exequenda, incluindo a compensação.
▪ O leque de fundamentos da oposição é restrito aos enunciados no art.º 729.º: o executado já teve
oportunidade de discutir boa parte das questões na ação declarativa que deu origem ao título executivo
(a sentença).

→ Execução baseada noutro título – regime amplo (art. 731.º)


o Podem ser alegados além dos fundamentos especificados no art. 729º (na parte em que sejam
aplicáveis) quaisquer outros fundamentos de defesa de modo análogo à ação declarativa.

Compreende-se porquê: o executado não teve ocasião de, em ação declarativa prévia, se defender amplamente da
pretensão do exequente.

Pode, pois, o executado alegar nos embargos matéria de impugnação e de exceção (artigo 571º, nº2). Mas não pode
reconvir: a reconvenção, que não é um meio de defesa, mas de contra-ataque, não é admissível nem no processo
executivo nem nos processos declarativos que a ele funcionalmente se subordinam.

Podem ser alegados além dos fundamentos especificados no artigo 729º (na parte em que sejam aplicáveis)
quaisquer outros fundamentos de defesa de modo análogo à ação declarativa.

→ Execução baseada em requerimento de injunção com fórmula executória – regime híbrido (art. 857º)

TERMOS DA OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO – ART. 732.º


Os embargos devem ser autuados por apenso.

Há lugar a despacho liminar que será de indeferimento: se tiverem sido deduzidos fora do prazo; não tiverem
fundamento legal ou forem manifestamente improcedentes.
16
Se forem recebidos, o exequente é notificado para contestar - prazo de 20 dias - , seguindo-se, sem mais articulados
os termos do processo declarativo

Falta de contestação: art. 732.º/3

Procedência dos embargo → extinção da execução, no todo ou em parte;

Formação de caso julgado material: decisão de mérito proferida nos embargos à execução constitui caso julgado
quanto à existência, validade e exigibilidade da obrigação exequenda.

EFEITOS DO RECEBIMENTO DOS EMBARGOS DE EXECUTADO - 733.º


A oposição à execução mediante embargos só suspende a execução se o embargante prestar caução (650.º, 3 e 4).

Pode, contudo, haver suspensão da execução sem prestação de caução:


↔ Tratando-se de execução fundada em documento particular e o embargante impugnou a genuinidade da
assinatura, apresentando documento que constitua princípio de prova e o juiz entender, ouvido o
embargado, que se justifica a suspensão sem prestação de caução.

↔ Tiver sido impugnada, na oposição, a exigibilidade ou a liquidação da obrigação exequenda e o juiz


considerar, ouvido o embargado, que se justifica a suspensão s/caução.

↔ Quando o bem penhorado é a casa de habitação efetiva do embargante e a sua venda seja suscetível de
causar prejuízo grave e dificilmente reparável, o juiz pode, a requerimento deste, determinar que a venda
aguarde pela decisão da 1ª instância sobre os embargos.

↔ A oposição tiver por fundamento qualquer das situações previstas na al. e) do art. 696º.

Docente: Lurdes Mesquita

PENHORA
A satisfação do direito do exequente é conseguida no processo de execução, mediante a transmissão de direitos do
executado, seguida, no caso de ser feita para terceiro, do pagamento da dívida exequenda.

Mas, para que essa transmissão se realize, há que proceder previamente à apreensão dos bens que constituem o
objeto desses direitos, ao mesmo tempo paralisando ou suspendendo, na previsão dos atos executivos
subsequentes, a afetação jurídica desses bens à realização de fins do executado, que fica consequentemente
impedido de exercer plenamente os poderes que integram os direitos de que sobre eles é titular, e organizando a
sua afetação específica à realização dos fins da execução.

É nessa apreensão judicial de bens do executado que se traduz a penhora, que é assim o ato executivo
fundamental do processo de execução para pagamento de quantia certa e que tem dois efeitos principais:

→ Perante uma situação de incumprimento, o tribunal priva o executado do pleno exercício dos seus poderes sobre
um bem que, sem deixar ainda de pertencer ao executado, fica a partir de então especificamente sujeito à finalidade
última da satisfação do crédito do exequente, a atingir através da disposição do direito do executado nas fases
subsequentes da execução. O credor/exequente adquire um direito real de garantia, tendo preferência no
pagamento perante qualquer credor que não tenha garantia real anterior – artigo 822º CC.

Destas de poderá, assim, dizer que são como que a consequência natural da penhora, que é o ato executivo por
excelência.

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Objeto da execução (735.º)
Podem ser penhorados todos os bens do devedor suscetíveis de penhora, que nos termos da lei substantiva,
respondem pela dívida exequenda (ainda que se encontrem em poder de terceiro – art. 747.º)

Penhora de bens de terceiro admitida desde que a execução tenha sido movida contra ele e apenas nos casos
expressamente previstos na lei (art. 818.º CC):

o Quando sobre os bens de terceiro incida direito real constituído para garantia do crédito exequendo (art.
54.º/2);
o Quando tenha sido julgada procedente impugnação pauliana de que resulte para o terceiro obrigação de
restituição de bens ao credor (art. 616.º nº1 CC)

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE (ART. 735.º/3)


A penhora limita-se aos bens necessários ao pagamento da dívida exequenda e das despesas previsíveis da
execução.

Presunção das despesas previsíveis da execução para efeito de realização da penhora e sem prejuízo de ulterior
liquidação.

REGIMES DE PENHORABILIDADE
✓ Bens absoluta ou totalmente impenhoráveis – art. 736.º - Bens que não podem em circunstância alguma
ser penhorados.

✓ Bens relativamente impenhoráveis – art. 737.º - Bens que normalmente seriam penhoráveis, mas no caso
especifico, estando afetos a determinada finalidade, enquanto se mantiver, não podem ser penhorados.
Comportam exceções mesmo quando são impenhoráveis.

✓ Bens parcialmente penhoráveis – art. 738.º - Bens que podem ser penhorados apenas em parte.

BENS PARCIALMENTE PENHORÁVEIS – ART. 738.º


São impenhoráveis 2/3 da parte líquida dos:
▪ vencimentos
▪ salários
▪ prestações periódicas – aposentação/outra regalia pessoal
▪ seguro  indemnização por acidente
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▪ renda vitalícia
▪ prestações de qualquer natureza que assegurem a subsistência do executado

Parte líquida das prestações indicadas – consideram-se apenas descontos legais obrigatórios.

A Impenhorabilidade de 2/3:
Tem como limite máximo o equivalente a 3 SMN à data de cada apreensão e como limite mínimo, quando o
executado não tenha outro rendimento, o montante equivalente a 1 SMN. No caso de crédito exequendo de
alimentos o limite mínimo corresponde a quantia equivalente à totalidade da pensão social do regime não
contributivo – 211,79 euros (2020).

Penhora de dinheiro ou de saldo bancário é impenhorável o valor global correspondente ao SMN ou, tratando-se de
obrigação de alimentos a quantia equivalente à totalidade da pensão social do regime não contributivo.

Não são cumuláveis limites dos n.º 1 e 5.

Ver Art. 739º quanto à impenhorabilidade de quantias pecuniárias ou depósitos bancários.

Bens Parcialmente Penhoráveis - Art. 738º nº6 CPC


Redução da parte penhorável dos rendimentos:
• Requerimento do executado
• Contraditório e prova
• Decisão do juiz
• Por período que o juiz considere razoável

Isenção de penhora:
• Requerimento do executado
• Contraditório e prova
• Decisão do juiz
• Por período não superior a 1 ano

PENHORA DE BENS COMUNS EM EXECUÇÃO MOVIDA CONTRA UM DOS CÔNJUGES/


INCIDENTE DE COMUNICABILIDADE DA DÍVIDA
Para o estudo da penhora de bens comuns em execução movida contra um dos cônjuges e do incidente de
comunicabilidade suscitado pelo exequente/executado, (arts 740.º a 742.º) ver esquemas fornecidos.

OBJETO DA PENHORA
❖ Penhora em caso de comunhão ou compropriedade (art. 743.º);
❖ A penhora em ação contra herdeiro (art. 744.º);
❖ Penhorabilidade subsidiária (art. 745º)

19
PENHORABILIDADE SUBSIDIÁRIA - 745.º
A execução segue forma ordinária se a execução for movida apenas contra o devedor subsidiário que não haja
renunciado ao benefício da excussão prévia (art. 550.º/3/d).

Livro: Além dos casos de impenhorabilidade, há a considerar aqueles em que determinados bens, ou todo o
património, só podem ser penhorados depois de outros bens, ou outro património, se terem revelado insuficientes
para a realização do fim da execução.

Isso acontece, em primeiro lugar, em consequência da separação entre património comum dos cônjuges e
património próprio de cada um deles, nos regimes de comunhão geral e de comunhão de adquiridos. Acontece, em
segundo lugar, quando, por negócio ou por lei, há um devedor principal, ou um património coletivo que responde
em primeiro lugar, e um devedor subsidiário com o benefício de excussão prévia. Acontece ainda quando há bens do
devedor especialmente afetados ao cumprimento da obrigação. Acontece também quando a consideração de
determinados interesses leva a só permitir em último lugar a penhora de certos bens. (acaba aqui)

Em todos os outros casos – execução movida contra apenas devedor subsidiário mas este renunciou ao benefício da
excussão prévia; execução conjunta de devedor subsidiário e devedor principal – a execução prosseguirá nos termos
gerais, a forma ordinária ou sumária conforme decorra da aplicação dos n.ºs 1 a 3 do art. 550.º

Independentemente da forma de processo aplicável rege o disposto no art. 745.º


- não podem penhorar-se bens deste enquanto não estiverem excutidos todos os bens do devedor principal,
desde que o devedor subsidiário fundadamente invoque o benefício da excussão prévia no prazo da oposição.

AE apenas contra o devedor subsidiário.

Invoca o benefício da excussão prévia.

O exequente pode requerer, no próprio processo, a execução contra devedor principal.

Citado para integral pagamento.

AE apenas contra o devedor principal.

Bens insuficientes.

O Exequente pode requerer, no próprio processo, a execução contra devedor subsidiário.

O devedor subsidiário é citado para pagamento do remanescente.

Se os bens do devedor principal foram excutidos em 1º lugar e são insuficientes.


O devedor subsidiário pode sustar a execução nos seus próprios bens
indicando bens do devedor principal que hajam sido posteriormente adquiridos ou que não fossem
conhecidos.

20
CONSULTAS E DILIGÊNCIAS PRÉVIAS À PENHORA

Início das diligências

Processo ordinário - 748.º/1


Processo sumário – art. 855.º/3 (logo que o requerimento executivo seja recebido e o processo haja de prosseguir)

1.ª consulta a efetuar pelo AE: consulta ao registo informático de execuções (748.º/2 e 717.º)

Quando do registo informático de execuções consta que foi movida ação executivo terminada nos últimos 3 anos
sem integral pagamento e o exequente não haja indicado bens penhoráveis no requerimento executivo, o agente de
execução deve iniciar as diligências tendentes a identificar bens penhoráveis e caso se frustrem, comunica ao
exequente que tem 10 dias para indicar bens sob pena de extinção da execução, sem prejuízo de posterior
renovação da instância, com indicação de concretos bens - arts.748º, nº3, 849º, nº1, al. c) e 850º, nº5.

DILIGÊNCIAS PRÉVIAS À PENHORA – 749.º

A realização da penhora é precedida das diligências que o AE considere úteis à identificação ou localização de bens
penhoráveis, observado o disposto no n.º 2 do art. 751.º, a realizar no prazo máximo de 20 dias.

Consulta, nas bases de dados da administração tributária, segurança social, conservatórias do registo predial,
comercial e automóvel e de outros registos ou arquivos semelhantes, de todas as informações sobre a identificação
do executado junto desses serviços e sobre a identificação e localização dos seus bens.
Informação fornecida sobre a identificação do executado é restrita.
Para penhora de depósito bancário, possibilidade de consulta prévia ao Banco de Portugal.
Consultas de outras declarações ou de outros elementos protegidos pelo sigilo fiscal ou dados confidenciais –
sujeitas a despacho judicial de autorização. – art. 418º nº2

Grandes litigantes: é devida a uma remuneração pelos serviços prestados na identificação do executado e na
identificação e localização de bens penhoráveis às instituições que prestem colaboração.

DILIGÊNCIAS SUBSEQUENTES – 750.º

Limite temporal para localização de bens penhoráveis: constatação da falta de bens no prazo de 3 meses a contar
da notificação da secretaria ao AE – este notifica, simultaneamente:

→ O exequente para especificar quais os bens que pretende ver penhorados, e


→ O executado, para indicar bens à penhora, com cominação: omissão ou falsa declaração – sanção pecuniária
compulsória 5% da divida/mês com o limite mínimo global de 10 UC, caso se renove a instância e se
descubra que existiam bens penhoráveis.
→ Se nem exequente nem executado indicarem bens à penhora no prazo de 10 dias – extingue-se a execução
(bem como no art. 797.º);
→ Se a execução se iniciou com dispensa de citação prévia (caso do art. 727.º), não sendo encontrados bens no
prazo de 3 meses, cita-se o executado e,
→ Se o exequente não indicou bens e se se frustrou a citação pessoal do executado, extingue-se a execução
sem citação edital do mesmo.
→ Sem prejuízo de renovação da instância, com indicação de concretos bens (art. 850º nº5)

21
ORDEM DE REALIZAÇÃO DA PENHORA – ART. 751.º/1 E 2

Princípio da adequação: a penhora começa pelos bens, cujo valor económico, seja de mais fácil realização e se
mostrem adequados ao valor do crédito exequendo (art. 751.º/1).

O AE deve respeitar as indicações do exequente, salvo se violarem norma legal imperativa, ofenderem o principio da
proporcionalidade da penhora ou infringirem manifestamente a regra anterior (art. 751.º/2).

Normas legais imperativas: exemplo art. 752.º/1: penhora de bens onerados com garantia real.

ADMISSIBILIDADE DA PENHORA DE BENS IMÓVEIS OU DO ESTABELECIMENTO


COMERCIAL QUANDO NÃO SE ADEQUA AO MONTANTE DO CRÉDITO EXEQUENDO – ART.
751.º/3 E 4

✓ A penhora de outros bens presumivelmente não permita a satisfação integral do credor no prazo de 12
meses, no caso de divida que não excede ½ do valor da alçada da 1ª instância e o imóvel é a habitação
própria do executado.

✓ 18 meses se excede ½ daquele valor e o imóvel é a habitação própria do executado.

✓ 6 meses nos demais casos (imóvel que não é habitação própria do executado/estabelecimento comercial).

REFORÇO OU SUBSTITUIÇÃO DA PENHORA PELO AE - ARTS 751.º/4 A 7

O AE procede ao reforço ou substituição da penhora nos casos previstos no n.º 4.

No caso de o executado requerer a substituição dos bens penhorados nos termos da al. a), o AE remete o
requerimento e a oposição ao juiz, para decisão;
Em caso de substituição, em princípio só depois de nova penhora é levantada a que incide sobre os bens
substituídos;

O executado que se oponha à execução pode, no ato da oposição, requerer a substituição da penhora por caução
idónea que igualmente garanta os fins da execução.

REALIZAÇÃO E NOTIFICAÇÃO DA PENHORA – ART. 753.º

Processo ordinário:
o Lavra-se auto de penhora (modelo aprovado pela port. n.º 282/2013, de 29.08)
o AE notifica o executado no próprio ato e entrega cópia do auto; se não estiver presente, notificação em 5
dias posteriores à realização da penhora.
o O executado é advertido da possibilidade de deduzir oposição à penhora com os fundamentos previstos no
art. 784.º, e do prazo de que dispõe para tal. É-lhe entregue cópia do auto de penhora.
o É advertido de que deve indicar os direitos, ónus e encargos não registáveis que recaiam sobre os bens
penhorados, bem como os respetivos titulares ou beneficiários.

22
Processo sumário (ver art. 856.º)
O executado, feita a penhora, é citado para a execução e, em simultâneo, notificado do ato da penhora,
podendo deduzir, no prazo de 20 dias, embargos de executado e oposição à penhora.

PENHORA DE BEM – NOÇÃO


Por penhora de bem (coisa imóvel ou coisa móvel) entende-se:
Aquela que incide sobre o objeto corpóreo de um direito real, partindo do pressuposto que o executado é
proprietário (pleno e exclusivo) de uma coisa corpórea ou titular de um direito real menor de gozo cujo exercício
implique a posse efetiva e exclusiva de uma coisa corpórea.

PENHORA DE BENS IMÓVEIS – ART. 755.º

Realiza-se mediante comunicação eletrónica do AE ao serviço de registo competente.


Inscrita a penhora, cujo registo tem natureza urgente, é enviado ou disponibilizado por via eletrónica, ao AE,
certidão dos registos em vigor sobre os prédios penhorados.
Seguidamente, o AE lavra o auto de penhora (art. 753.º e 755.º/3) e procede à afixação, na porta ou noutro
local visível do imóvel penhorado, de um edital (modelo aprovado pela port. n.º 282/2013, 20.08 – anexo IV)

A execução pode prosseguir mesmo que o registo da penhora fique provisório, mas não se procede à consignação
judicial dos seus rendimentos ou a respetiva sem que o registo seja convertido em definitivo. Pode o juiz de
execução, ponderados os motivos da provisoriedade, decidir que a execução não prossiga, se essa questão lhe for
suscitada.

O DEPOSITÁRIO (ART. 756.º)

A penhora implica, em regra, um depositário. Este é: O depositário é o AE, mas existem exceções a esta regra.

Exceções:
▪ o exequente consentir que seja depositário o próprio executado ou pessoa designada pelo AE;
▪ o bem penhorado ser a casa de habitação efetiva do executado, caso em que é este o depositário;
▪ o bem estar arrendado, caso em que é depositário o arrendatário;
▪ o bem ser objeto de direito de retenção, em consequência de incumprimento contratual judicialmente
verificado, caso em que é depositário o retentor.

ENTREGA EFETIVA - ART. 757.º

Em consequência da penhora, o direito do executado é esvaziado dos poderes de gozo que o integram, os quais
passam para o tribunal, que em regra os exercerá através do depositário

A tomada de posse do bem penhorado, quando se trate de imóvel, tem lugar nos termos do art. 757.º. Sem
prejuízo do disposto nos n.ºs 1 e 2 do art. 756.º, o depositário deve tomar posse efetiva do imóvel.

O AE pode solicitar diretamente o auxílio das autoridades policiais, salvo se se tratar de domicílio do executado. Mas
quando se trate de domicílio, a solicitação de auxílio das autoridades judiciais policiais carece de prévio despacho
judicial. Esta exigência destina-se a tutelar a garantia constitucional da inviolabilidade do domicílio.

No caso de domicílio, a diligência só pode realizar-se entre as 7 e as 21 horas.

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Às autoridades policiais que prestem auxílio na realização da penhora é devida uma remuneração pelos serviços
prestados.

DEVERES DO DEPOSITÁRIO E SUA REMOÇÃO

→ Deve de administração dos bens depositados – art. 760.º


→ Dever de apresentação dos bens – art. 771.º
→ Obrigação de mostrar os bens – art. 818.º
→ Remoção – art. 761º

PENHORA DE BENS MÓVEIS NÃO SUJEITOS A REGISTO – ART. 764.º

Penhora com efetiva apreensão e imediata remoção. A regra é que o agente de execução é o fiel depositário.

Não haverá remoção se:


o a natureza dos bens for incompatível com o depósito;
o a remoção implicar desvalorização substancial dos bens ou a sua inutilização;
o se o custo da remoção for superior ao valor dos bens

Não se removendo, deve fazer-se uma descrição pormenorizada dos bens, fotografá-los e, sempre que possível,
proceder à imposição de algum sinal distintivo nos bens, ficando o executado como fiel depositário.
Vigora a presunção ilidível de que os bens encontrados em poder do executado lhe pertencem.

Entende-se estarem em poder do executado todos os bens sobre os quais ele exerce posse ou detenção ou pode
exercê-la por se encontrarem na sua esfera de controlo, designadamente em imóvel que lhe pertença ou que em
nome próprio utilize.

Esta presunção pode ser ilidida, quer pelo executado, ou por alguém em seu nome, quer por terceiro, através da
apresentação de documento do qual resulte inequivocamente que os bens pertencem a terceiro.
A ilisão faz-se perante o juiz, mediante requerimento, devendo verificar-se a audição do exequente.

O facto de a presunção não ser ilidida por prova documental, por não dispor dela ou por não ser inequívoca não
prejudica o recurso aos embargos de terceiro.

Penhora de bens móveis não sujeitos a registo - Art. 766º CPC

Lavra-se auto de penhora (art. 766.º), em modelo próprio (art. 753.º), do qual consta:

o Local, dia e hora da diligência (ver tb art. 159.º);


o Relação dos bens por verbas numeradas, com descrição especificada dos bens;
o Valor aproximado de cada verba (mera estimativa), sempre que possível, indicado pelo AE, o qual pode
recorrer a ajuda de um perito quando a avaliação dependa de conhecimentos especializados. Este elemento
servirá para aferir da suficiência da penhora.
O auto de penhora é assinado pelo AE (art. 159º nº2 e 160º)

24
Penhora de bens móveis sujeitos a registo Art. 768º CPC

À penhora de bens móveis sujeitos a registo aplica-se, com as devidas adaptações o art. 755.º (penhora de bens
imóveis).

A penhora de veículo automóvel pode ser precedida de imobilização mas registo da penhora deve fazer-se até ao
termo do 1.º dia útil seguinte.

Após penhora e imobilização, deve proceder-se:


↔ À apreensão do documento de identificação do veículo se necessário por autoridade administrativa ou
policial;
↔ Remoção do veículo

Esta regra com exceções: não se procede à remoção se o AE entender que a remoção é desnecessária para a
salvaguarda do bem ou é manifestamente onerosa em relação ao crédito exequendo.

PENHORA DE DIREITOS
→ Penhora de créditos – art. 773.º
→ Penhora de títulos de crédito – art. 774.º
→ Penhora de direitos ou expetativas de aquisição – art. 778.º
→ Penhora de rendas, abonos, vencimentos ou salários – art. 779.º
→ Penhora de depósitos bancários – art. 780.º
→ Penhora de direito a bens indivisos e de quotas em sociedades – art. 780.
→ Penhora de estabelecimento comercial – art. 782º

PENHORA DE CRÉDITOS – ART. 773.º

Efetua-se com a notificação ao devedor, feita com as formalidades da citação pessoal e sujeita ao regime desta (art.
225.º), de que o crédito fica à ordem do AE;

O devedor deverá declarar se o crédito existe, quais as garantias que o acompanham, em que data se vence e
quaisquer outras circunstâncias que possam interessar à execução.

Possibilidade de efetuar as declarações por escrito ao AE, no prazo de 10 dias.

Se o devedor faltar conscientemente à verdade irá incorrer em responsabilidade por litigante de má-fé.

❖ O devedor notificado da penhora de crédito pode, no prazo de 10 dias:

- Impugnar a existência do crédito – artigo 775º, nº1, caso em que, se o exequente mantiver a penhora, o
crédito passa a ser considerado litigioso – artigo 775º, nº2;

- Invocar a exceção de não cumprimento da obrigação recíproca – artigo 776º, nº1, podendo seguir-se, por
apenso, uma execução acessória para exigir a prestação ao executado, se este confirmar a declaração, o que
constituirá título executivo – artigo 776º, nº2 e 4, e passando o crédito a ser considerado litigioso, se o
executado impugnar a declaração e o exequente mantiver a penhora – artigo 776º, nº3;

- Reconhecer a existência de um crédito – artigo 773º, nº2, com o que ele fica imediatamente assente no
âmbito do processo executivo, podendo ser como tal adjudicado ou vendido – artigo 777º, nº2 e servindo o
ato de reconhecimento de base à formação de um título executivo em que se pode fundar uma execução
contra o terceiro devedor (que não pague, por deposito efetuado à ordem do agente de execução ou da
25
secretaria – artigo 777º, nº1), por meio de substituição processual (do executado pelo exequente, mas
constituindo título executivo a declaração de reconhecimento do devedor) ou por ação do adquirente
(mediante a atribuição de exequibilidade ao título de aquisição do crédito) e por apenso ao processo
executivo – artigo 777º, nº3;

- Fazer qualquer outra declaração sobre o crédito penhorado que interesse à execução – artigo 773º, nº2;

- Nada fazer, o que tem o efeito cominatório de equivaler ao reconhecimento do crédito, nos termos
constantes da indicação do crédito à penhora artigo 773º, nº4, se a houver, e transmitidos ao terceiro
devedor no ato da notificação, constituindo título executivo a notificação efetuada e a falta de declaração –
artigo 777º, nº3; mas, se , não pagando o terceiro devedor, contra ele for proposta execução, é-lhe ainda
possível, em oposição, provar que o crédito não existia, com o que a penhora do direito de crédito se
extingue e a venda, a ter tido lugar, é anulada, sem prejuízo do direito do exequente a haver do terceiro
devedor uma indemnização, que pode ser feita valer na própria oposição – artigo 777º, nº4.

Consistindo o crédito no direito a depósito em instituição bancária ou equiparada, há que atender às especialidades
do artigo 780º.

Não sendo cumprida a obrigação, pode o exequente ou o adquirente exigir a prestação, servindo de título executivo
a declaração de reconhecimento do devedor, a notificação efetuada e a falta de declaração ou o título de aquisição
do crédito (formação de um título judicial impróprio).

Se posteriormente, em oposição à execução, o devedor vier a demonstrar que o crédito não existia, fica o mesmo
responsável pelos danos causados, nos termos gerais, liquidando-se a sua responsabilidade na própria oposição,
caso o exequente, na contestação, tenha feito valer o direito à indemnização (art. 773.º/4 e 777º nº4)

PENHORA DE DIREITOS OU EXPETATIVAS DE AQUISIÇÃO – ART. 778.º

Penhora de direitos ou expetativas de aquisição de bens determinados aplica-se, com as necessárias adaptações, o
regime da penhora de créditos.
Quando o objeto a adquirir for uma coisa que esteja na posse ou detenção do executado, cumpre-se ainda o
regime da penhora de imóveis ou de móveis, conforme o caso.
Consumada a aquisição, a penhora passa a incidir sobre o próprio bem transmitido.

PENHORA DE RENDAS, ABONOS, VENCIMENTOS OU SALÁRIOS – ART. 779º

Esta penhora realiza-se por notificação ao locatário, empregador ou a entidade que os deva pagar para que faça, nas
quantias devidas, o desconto correspondente ao crédito penhorado e proceda ao depósito em instituição de crédito.

As quantias penhoradas ficam à ordem do AE/secretaria, mantendo-se indisponíveis até ao termo do prazo para a
oposição do executado, caso este se não oponha, ou, caso contrário, até ao trânsito em julgado da decisão que
sobre ela recaia.

Findo o prazo de oposição, se esta não tiver sido deduzida, ou julgada a oposição improcedente:

• havendo outros bens penhoráveis o AE, depois de descontado o valor das despesas da execução (735.º, nº
3):
o entrega ao exequente as quantias já depositadas que não garantam crédito reclamado
26
o adjudica as quantias vincendas, notificando a entidade pagadora para as entregar diretamente ao
exequente
o
• na falta de outros bens penhoráveis o AE, depois de assegurado o valor devido a título de honorários e
despesas:
o entrega ao exequente as quantias já depositadas que não garantam crédito reclamado
o adjudica as quantias vincendas, notificando a entidade pagadora para as entregar diretamente ao
esquente, extinguindo-se a execução, sem prejuízo da renovação da instância para satisfação do
remanescente do crédito exequendo, aplicando-se o nº4 do art. 850º CPC.

PENHORA DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS – ART. 780.º

A penhora que incida sobre depósito existente em instituição legalmente autorizada a receber depósitos nos quais o
executado disponha conta aberta é efetuada por via eletrónica pelo AE (sem necessidade de despacho judicial).

O AE obtém informação acerca das instituições legalmente autorizadas a receber depósitos em que o executado
detém contas ou depósitos bancários através do Banco de Portugal (art. 749.º/6).

AE comunica que o saldo existente, ou a respetiva quota-parte, fica bloqueado desde a data do envio da
comunicação, até ao limite estabelecido no art. 735.º/3, salvaguardando-se o disposto no art. 738.º/4 e 5.

As contas bloqueadas só podem ser movimentadas pelo AE.

Presume-se a igualdade das quotas no caso de serem vários os titulares do depósito.

No caso de impossibilidade de identificar adequadamente a conta bancária é bloqueada a parte do executado nos
saldos de todos os depósitos existentes na instituição ou instituições notificadas.
Estão estabelecidos critérios de preferência na escolha da conta ou contas cujos saldos são bloqueados.

Após a comunicação do AE, a instituição de crédito tem o prazo de 2 dias para comunicar ao AE:
→ O montante bloqueado;
→ O montante dos saldos existentes;
→ A inexistência de conta ou saldo.

O AE deve comunicar, por via eletrónica a penhora, no prazo de 5 dias, às instituições de crédito a penhora dos
montantes dos saldos existentes que se mostrem necessários para satisfação da quantia exequenda e o desbloqueio
dos montantes não penhorados, sendo a penhora efetuada de imediato comunicada ao executado pela Inst. De
crédito.

O saldo bloqueado ou penhorado pode ser afetado em certas circunstâncias.

A instituição de crédito é responsável pelos saldos bancários existentes à data da comunicação de bloqueio efetuada
pelo AE e fornece ao AE extrato onde constem todas as operações que afetem os depósitos penhorados após a
realização da penhora.

É devida remuneração às instituições de crédito que prestem colaboração na realização da penhora de depósitos
bancários apenas nos casos em que o exequente seja um litigante em massa.

27
Pagamento é efetuado findo o prazo de oposição, se esta não tiver sido deduzida, ou julgada improcedente, e
abrange apenas as quantias que não garantam crédito reclamado, até ao valor da dívida exequenda, depois de
descontado o montante relativo a despesas de execução referidas no nº3 art. 735º.

Penhora de Direito a Bens Indivisos ou de Quotas em Sociedade – art. 781º

Se a penhora tiver por objeto quinhão em património autónomo ou direito a bem indiviso não sujeito a registo, a
diligência consiste unicamente na notificação do facto ao administrador dos bens, se o houver, ou aos contitulares,
com a expressa advertência de que o direito do executado fica à ordem do AE, desde a data da primeira notificação
efetuada.

Na penhora de quota em sociedade, além da comunicação à conservatória de registo competente, efetuada nos
termos do nº1 do art. 755º, é feita a notificação da sociedade.

LIVRO: Na penhora de direitos a bens indivisos integra o artigo781º diferentes situações:

- O direito de quota em coisa comum (compropriedade ou outra contitularidade de direitos reais);


- O quinhão numa universalidade de direito (herança, meação de bens do casal, etc.), de que trata, tal como
do direito de quota em coisa comum, o artigo 743º;
- O direito real de habitação periódica ou outro direito real menor que não acarrete a posse efetiva e
exclusiva do seu objeto;
- A quota em sociedade, civil ou comercial. Neste caso é feita a notificação à sociedade – artigo 755º, nº1.

Nos restantes casos, tratando-se de bem não sujeito a registo, é feita notificação ao administrador dos bens, se o
houver, e aos terceiros titulares ou contitulares dos restantes direitos implicados, e a penhora considera-se feita à
data da primeira notificação. Tratando-se de bem sujeito a registo, as (mesmas) notificações seguem-se à
comunicação à conservatória, com a qual se tem por feita a apreensão.

Os notificados podem também contestar a existência do direito penhorado ou fazer acerca dele outras declarações
pertinentes – artigo 781º, nº2 e 5, mas não tendo o seu silêncio qualquer efeito cominatório, ele não impede,
designadamente, a dedução de embargos de terceiro.

Podem os contitulares notificados declarar que pretendem que a venda executiva tenha por objeto a totalidade do
bem ou do património, caso em que, tendo todos feito tal declaração, a venda abrangerá esta totalidade – artigo
781º, nº2 e 4.

A penhora do direito ao produto da liquidação de quota em sociedade de pessoas constituiu penhora de bem
indiviso, mas não assim a penhora do direito ao lucro, que tem o tratamento dos direitos de crédito.

Penhora de Estabelecimento Comercial – art. 782º

A penhora do estabelecimento comercial efetua-se através da elaboração de um auto, no qual se relacionam os bens
que essencialmente o integram, aplicando-se ainda o disposto para a penhora de créditos, se do estabelecimento
fizerem parte bens dessa natureza, incluindo o direito ao arrendamento.

A penhora do estabelecimento comercial na sua universalidade não afeta a penhora anteriormente efetuada sobre
bens que o integram, mas impede a penhora posterior sobre bens nele compreendidos.

Os instrumentos de trabalho e os objetos indispensáveis ao exercício da atividade ou formação profissional do


executado, sendo elementos corpóreos do estabelecimento comercial, são passíveis de penhora – art. 737.º/2/c.
28
Oposição à Penhora

O incidente da oposição à penhora, previsto nos arts 784.º e 785.º constitui um meio de reação à penhora ilegal
privativo do executado. Com efeito, só o executado (e o seu cônjuge quando tenha o estatuto processual conferido
pelo art. 787.º/1) pode deduzir oposição à penhora e só o pode fazer quando sejam penhorados bens seus.

Para o caso de a penhora recair sobre bens de terceiro, está consagrado na lei um meio de reação específico: os
embargos de terceiro previstos nos arts 342.º e ss, que no caso de serem deduzidos correm por apenso ao processo
de execução (art. 344.º/1)

O juiz deve julgar o incidente de oposição à penhora no prazo de três meses (art. 723.º/1/b).

Fundamento da Oposição à Penhora

São três as situações que, segundo o art. 784.º/1 podem fundar a oposição à penhora:

a) Inadmissibilidade da penhora dos bens concretamente apreendidos ou da extensão com que ela foi
realizada (ex. penhora de bens absoluta ou totalmente impenhoráveis, penhora efetuada com extensão
excessiva: foram penhorados bens parcialmente penhoráveis, abrangendo a penhora a parte impenhorável
de tais bens).

b) Imediata penhora de bens que só subsidiariamente respondam pela dívida exequenda (ex. penhora, antes
de excutido o património do devedor principal, de bens do devedor subsidiário que goza do benefício da
excussão prévia e o invocou).

c) Incidência da penhora sobre bens que, não respondendo, nos termos do direito substantivo, pela dívida
exequenda, não deviam ter sido atingidos pela diligência (ex. penhora de bens do herdeiro habilitado como
sucessor do devedor, que aquele não tenha adquirido por sucessão deste, por dívidas do primitivo devedor,
desde que o herdeiro tenha aceite a herança a benefício de inventário – art. 2071.º CC).

Fundando-se a oposição na existência de patrimónios separados, deve o executado indicar logo (com a dedução da
oposição à penhora) os bens penhoráveis que tenha em seu poder e se integrem no património autónomo que
responde pela dívida exequenda (art. 784º nº2)

Tramitação da Oposição à Penhora


o prazo varia consoante o processo siga a forma ordinária ou sumária.

29
Tramitação da Oposição à penhora quando não se cumule com os embargos do
executado

→ Requerimento inicial (de oposição à penhora).


→ Com o requerimento de oposição, devem ser logo oferecidos os meios de prova.
→ O incidente corre por apenso.
→ Há despacho liminar e o juiz indefere a oposição quando esta tenha sido deduzida fora de prazo, não tiver
fundamento nos termos do art. 784.º/1 ou for manifestamente improcedente.
→ Se a oposição à penhora for recebida o exequente pode responder no prazo de 10 dias, contados da data
em que é notificado da oposição, devendo oferecer logo os meios de prova.
→ A falta de resposta ou a omissão de impugnação tem efeito cominatório semi-pleno, não devendo, porém,
considerar-se os provados os factos, dos alegados pelo executado, que estiverem em oposição com o que o
exequente tenha dito no requerimento executivo.
→ Não podem ser oferecidas mais de 5 testemunhas por cada parte.
→ Finda a produção da prova, e depois de uma breve alegação oral pelos advogados, é imediatamente
proferida decisão por escrito.

Efeitos do recebimento da Oposição à Penhora

Regra: o recebimento da oposição à penhora NÃO suspende a execução.

A Execução só é suspensa, na sequência da admissão da oposição e limitadamente aos bens em causa, se o


executado prestar caução (art. 785.º/3).

Sendo a execução sobre os bens suspensa por ter sido deduzida oposição à penhora pode a penhora ser reforçada
ou substituída nos termos do art. 751.º/4/d.

Se a oposição à penhora respeitar ao imóvel que constitua habitação efetiva do executado, o juiz pode a
requerimento do oponente/executado, determinar que a venda aguarde a decisão proferida em 1.ª instância sobre a
oposição, qual tal venda seja suscetível de causar prejuízo grave e dificilmente reparável (art. 733.º/5 ex vi art.
785.º/4).

No processo ordinário, quando haja lugar à dispensa de citação prévia do executado, e no processo sumário esta
decisão do juiz pode verificar-se simultaneamente no âmbito dos embargos de executado e da oposição à penhora.

Mesmo quando o recebimento da oposição à penhora não suspenda a execução, ou seja, a execução prossegue,
nem o exequente nem qualquer outro credor pode ser pago, sem prestar caução (art. 785.º/5).

A procedência da oposição à penhora determina o levantamento da penhora e o cancelamento de eventuais registo


(art. 785.º/6).

No caso de ter havido venda dos bens penhorados, tendo sido deduzida oposição à penhora relativamente mesmos
bens, e tendo esta sido julgada procedente, a venda fica sem efeito (art. 839.º/1/a), se for requerida a restituição
dos bens pelo executado, nos termos do art. 839.º/3. Tal apenas não sucederá se a procedência da oposição à
penhora for parcial e a subsistência da venda for compatível coma decisão tomada (art. 829º nº1 al. a) CPC)

30
Docente: Lurdes Mesquita

Citações e Concurso de Credores

Concluída a fase da penhora e apurada, pelo agente de execução, a situação registral dos bens penhorados, são
convocados/citados para a execução o cônjuge do executado (apenas em certos casos) e os credores com garantia
real sobre os bens penhorados.

Através destas convocações, dá-se a possibilidade de intervenção, na ação executiva, a outros credores para além do
exequente.
Sendo chamadas pela primeira vez ao processo, a sua convocação faz-se sob a forma de citação (art. 219.º/1), cuja
falta ou nulidade tem o mesmo efeito que a falta ou nulidade da citação do réu (arts 187.º a 191.º), mas com
restrições quanto à anulação derivada de atos posteriores (art. 786.º/6).

Citação do Cônjuge do Executado

O cônjuge do executado é citado nos seguintes 2 casos (art. 786.º/1/a).


→ Quando a penhora tenha recaído sobre bens próprios do executado que sejam imóveis ou estabelecimento
comercial que este não possa alienar livremente (ver art. 1682.º-A CC).
→ Quando a execução seja movida apenas contra o executado mas sejam penhorados bens comuns do casal
por falta ou insuficiência de bens próprios do executado nos termos do art. 740.º/1.

A citação do cônjuge é realizada no prazo de 5 dias a contar do apuramento da situação registral dos bens
penhorados (art. 786.º/8).

A citação do cônjuge tem também lugar nos termos especialmente previstos nos arts 741.º e 742.º (art. 786.º/5).

Direitos reais de garantia: 786º nº1 al. b) CPC - direito de retenção (credor retenciticio), consignação de
rendimentos, hipoteca, penhor, a partir do 656º CC.

Art. 824º CC – direitos que caducam com a venda, neste caso, os direitos reais de garantia. Pois, os bens são livres
de ónus e encargos, quando vendidos para execução.

O Estado, na maior parte dos casos, é um potencial credor com privilégio creditório.
Art. 744º CC – privilégio creditório imobiliário especial (IMI ou IMT).

Estatuto Processual do Cônjuge do Executado

A citação do cônjuge, nos termos do art. 786.º/1/a/1.ª parte, destina-se a que o mesmo possa (art. 787.º/1):
• Deduzir oposição à penhora, no prazo de 20 dias a contar da citação;
• Exercer nas fases da execução posteriores à citação todos os direitos que a lei processual confere ao
executado, como por exemplo,
o deduzir embargos de executado, podendo cumular eventuais fundamentos;
o pronunciar-se quanto à forma e condições de alineação dos bens penhorados (art. 812.º/1);
o impugnar os créditos dos credores reclamantes com garantia real sobre os bens penhorados (art.
789.º/2);
o requerer a sustação da venda dos bens penhorados nos termos do art. 813.º/1.

Nos casos especialmente regulados nos arts 740.º a 742.º, o cônjuge do executado é admitido a exercer as
faculdades aí previstas (art. 787º nº2 CPC)
31
Citação dos Credores com Garantia Real sobre os Bens Penhorados

No esquema da nossa lei processual civil, só são convocados os credores que gozam de direito real de garantia,
registado ou conhecido, sobre os bens penhorados para reclamarem o pagamento dos seus créditos (art. 786.º/1/b
e 788.º/1).

Art. 788º CPC – as pessoas são citadas para que possam reclamar do seu crédito, no prazo de 15 dias a contar da
citação. Se houver reclamações, nasce um apenso que se chama: apenso de verificação e graduação de créditos. É
o juiz que tem poder para depois, no fim deste apenso, na sentença, reconhecer os créditos e graduá-los (724º).

Com a venda executiva os bens são transmitidos livres dos direitos de garantia que os oneram por força do art.
824.º/2 CC.

Para que os credores preferencialmente garantidos pelos bens penhorados ao executado não percam, com a venda
executiva, a garantia dos respetivos créditos e, consequentemente, os respetivos direitos se transfiram, nos termos
do art. 824.º/3, para o produto da venda dos bens penhorados é necessário que, em momento processualmente
oportuno, vão à ação executiva reclamar os seus créditos.

Os credores a favor de quem exista o registo de algum direito real de garantia sobre os bens penhorados são citados
no domicílio que conste do registo, salvo se tiverem outro domicílio conhecido (art. 786.º/3).

Os titulares de direito real de garantia sobre bem não sujeito a registo são citados no domicílio que tenha sido
indicado no ato da penhora ou que seja indicado pelo executado (art. 786.º/4).

É ainda citada a Fazenda Nacional, com vista à defesa dos seus possíveis interesses e o Instituto de Gestão
Financeira da Segurança Social, I.P., com vista à defesa dos direitos da Segurança Social. Estas citações têm lugar
exclusivamente por meios eletrónicos nos termos da Portaria 331-A/2009, de 30 de março) - art. 786.º/2.

Realizam-se no prazo de cinco dias a contar do termo do prazo da oposição à penhora (art. 786.º/9).

Concurso de Credores
Para que o credor possa reclamar os seus créditos, para além de ter uma garantia real sobre os bens penhorados,
têm de estar reunidos todos os pressupostos necessários à propositura de uma ação executiva, com exceção da
exigibilidade (o credor é admitido à execução ainda que o seu crédito não esteja vencido) – art. 788.º/7.

Assim, são pressupostos específicos da reclamação de créditos (art. 788.º/1/2 e 7):

✓ Existência de uma garantia real sobre os bens penhorados;


✓ Existência de título executivo;
✓ Certeza e liquidez da obrigação (ou realização de diligências para tornar a obrigação certa e líquida)

Nota: não é obrigatória que seja exigível, isto é, que se encontre vencida.

788º nº3 CPC – podem ainda ser reclamados novos credores exceto, os que estão sujeitos a registo, pois estes não
podem ser esquecidos. Caso sejam, as consequências são nos dadas pelo art. 786º CPC

32
Pressupostos Específicos da Reclamação de Créditos
Garantia real: Só o credor com garantia real sobre os bens penhorados tem o ónus de reclamar o seu crédito na
execução, a fim de concorrer à distribuição do produto da venda (art. 788.º)

Título executivo:
A reclamação tem por base um título exequível (art. 788.º/2), Aplica-se aqui tudo quanto se disse sobre o título
executivo enquanto pressuposto da ação executiva.

Admite-se que um credor com garantia real sobre o bem penhorado não disponha ainda de título executivo no
termo do prazo para a reclamação (15 dias a contar da citação – art. 788.º/2), sendo-lhe facultado requerer, dentro
desse mesmo prazo, que a graduação de créditos aguarde a sua obtenção (art. 792.º/1).

Está prevista a possibilidade de formação de um título judicial impróprio que evitará a propositura da ação com vista
à obtenção de um título executivo pelo credor reclamante: o executado é notificado para, no prazo de 10 dias, se
pronunciar sobre a existência do direito invocado (art. 792.º/2) e, se reconhecer ou nada disser (a menos que neste
caso esteja pendente ação declarativa de apreciação) considera-se formado o título executivo, sem prejuízo de o
crédito ser impugnado pelo exequente ou restantes credores (art. 792.º/3).

Quando o executado negue a existência do título, o credor reclamante tem de propor ação com vista à obtenção do
título e de seguida reclama o crédito na execução (art. 792.º/4).

Os efeitos do requerimento caducam se dentro de 20 dias a contar da notificação de que o executado negou a
existência do crédito, não for apresentada certidão comprovativa da pendência da ação (art. 792º nº7 al. a).

Se a ação com vista à obtenção do título executivo já estava pendente à data do requerimento do credor reclamante
no sentido da graduação de créditos aguardar a obtenção de título executivo, o credor tem de provar a intervenção
principal, nos termos dos arts 316.º e ss, do exequente e dos credores reclamantes com garantia real sobre o mesmo
bem (litisconsórcio necessário) – art. 792.º/5. Isto sob pena de os efeitos do requerimento do credor reclamante
caducarem se o exequente provar que não se verificou esta intervenção (art. 792.º/7/b).

Igualmente caducam os efeitos do requerimento se dentro de 15 dias a contar do trânsito em julgado da decisão,
dela não for apresentada certidão (Art. 792.º/7/c).

O requerimento não obsta à venda ou adjudicação dos bens, nem à verificação dos créditos reclamados, mas o
requerente é admitido a exercer no processo os mesmos direitos que competem ao credor cuja reclamação tenha
sido admitida (art. 792.º/6).

A certeza e liquidez da obrigação: Se a obrigação do credor não for qualitativamente determinada (incerta) ou
tiver por objeto uma prestação cujo quantitativo não está ainda apurado (ilíquida), o credor reclamante lançará mão
dos meios que o exequente tem à sua disposição para a tornar certa e líquida.

Nota: Direito de retenção – art. 750º al. f) CC

Prazo e Restrições na Reclamação de Créditos


Quanto ao prazo de que o credor dispõe para reclamar os seus créditos, importa distinguir duas situações:

→ Quando o credor tenha sido citado, é de 15 dias a contar da citação (art. 788.º/2);

→ Não tendo sido citado pode reclamar espontaneamente o seu crédito até à transmissão dos bens penhorados
sobre que incide a garantia (art. 788.º/3).

33
Restrições:
Não é admitida a reclamação de credor com privilégio creditório geral, mobiliário ou imobiliário, nas situações
previstas mo art. 788.º/4.
Não se aplicam estas restrições quando estejam em causa privilégios creditórios de trabalhadores (art. 788º nº6)

Ação de Verificação e Graduação de Créditos


O concurso de credores é processado por apenso ao processo de execução (art. 788.º/8).
Trata-se de um processo declarativo de estrutura autónoma, mas funcionalmente subordinado ao processo
executivo.
O Juiz deve verificar e graduar os créditos no prazo máximo de três meses contados da reclamação (art. 723.º/1/b)

Este processo declarativo desdobra-se em três fases:

1. Os articulados 2. A verificação de créditos 3. A graduação de créditos

1. Os Articulados
Citados os credores, estes poderão reclamar os seus créditos, mediante a apresentação de uma petição inicial
articulada (art. 147.º/2)

Terminado o prazo para a sua apresentação ou apresentada reclamação nos termos do n.º 3 do art. 788.º, a
secretaria do tribunal procede à notificação da reclamação apresentada ao exequente, executado, ao cônjuge do
executado, credores reclamantes e agente de execução. A notificação do executado deve respeitar o disposto no art.
227.º que prevê os elementos que lhe devem ser transmitidos, podendo a notificação deste ser feita na pessoa do
mandatário quando constituído.

No prazo de 15 dias a contar da respetiva notificação, o exequente, o executado, o seu cônjuge (que tenha o
estatuto processual que lhe é conferido pelo art. 787.º/1) e os demais credores reclamantes cujos créditos estejam
garantidos pelos mesmos bens, podem impugnar os créditos reclamados. Note-se que é permitido aos credores
reclamantes impugnar também o crédito exequendo, bem como as garantias reais invocadas, quer pelo exequente,
quer pelos outros credores (art. 789º nº2 e 3).

A impugnação dos créditos reclamados pode ter como fundamento qualquer das causas que extinguem ou
modificam a obrigação ou que impedem a sua existência, nos termos do disposto no art. 789.º/4.

No entanto, se o crédito estiver reconhecido por sentença que tenha força de caso julgado em relação ao
impugnante, a impugnação só pode basear-se em algum dos fundamentos mencionados nos arts 729.º e 730.º, na
parte em que forem aplicáveis.

Nos termos do art. 790.º, o credor reclamante que veja os seus créditos impugnados poderá deduzir um terceiro
articulado, respondendo à impugnação verificada (no prazo de 10 dias a contar da notificação).

2. A Verificação dos Créditos


Se nenhum crédito tiver sido impugnado ou, tendo havido impugnação, não houver prova a produzir, o juiz proferirá
sentença de verificação e graduação dos créditos reclamado com o crédito do exequente, acabando aí o processo
(art. 791.º/2).

São havidos como reconhecidos os créditos e as respetivas garantias que não forem impugnados, sem prejuízo das
exceções ao efeito cominatório da revelia, vigentes em processo declarativo, ou do conhecimento das questões que
deviam ter implicado rejeição liminar da reclamação (art. 791.º/4).

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Se, pelo contrário, a verificação de algum dos créditos reclamados estiver dependente de produção de prova,
seguir-se-ão os termos do processo comum de declaração, posteriores aos articulados, sem prejuízo de, no
despacho saneador, o juiz julgar verificados os créditos cujo reconhecimento não estiver dependente de produção
de prova. Contudo, a graduação de todos fica para a sentença final (art. 791º nº1)

3. A Graduação dos Créditos


Logo que estejam verificados todos os créditos reclamados, o juiz gradua-os, isto é, estabelece a ordem pela qual
devem ser satisfeitos, incluindo o crédito do exequente, de acordo com os preceitos aplicáveis de direito
substantivo:

→No caso de ser graduado crédito que não esteja vencido, a sentença de graduação determina que, na conta final
de pagamento, se efetue o desconto correspondente ao benefício de antecipação (art. 791.º/3).

→ No caso do n.º 2 do art. 788.º, ou seja, de ser apresentada reclamação de créditos por titulares de direitos reais
de garantia que não tenham sido citados, que pode ocorrer até à transmissão dos bens penhorados, a graduação de
créditos se já estiver feita é refeita (art. 791.º/6).

Em caso de concurso sobre a mesma coisa móvel prevalece o direito real de garantia que mais cedo tiver sido
constituído, salvo disposição em contrário e com a exceção do privilégio mobiliário geral, que é graduado em último
lugar (arts 749.º e 750.º do CC);

Em caso de concurso sobre a mesma coisa imóvel, o privilégio imobiliário é graduado em primeiro lugar, seguido do
direito de retenção e a seguir da hipoteca e da consignação de rendimentos, prevalecendo entre as duas ultimas a
que for registada em primeiro lugar (arts. 751.º CC, 759.º/2 CC e 6.º/1 CRP);

Concorrendo entre si vários privilégios creditórios, a ordem de prevalência é, em geral, a dos arts 745.º CC a 748.º
CC, mas há várias disposições avulsas, designadamente no domínio do direito fiscal e para-fiscal, que estabelecem o
lugar em que são graduados determinados privilégios;

O crédito exequendo, se for apenas for garantido pela penhora, será graduado depois destes créditos, mas antes
dos credores que, por segunda penhora, arresto ou hipoteca judicial, constituam garantia real posteriormente à
penhora.

Se o exequente tiver direito real de garantia, deve atender-se à natureza e à data de constituição deste.

Pluralidade de execuções sobre os mesmos bens


Estando pendentes duas ou mais execuções sobre os mesmos bens, o agente de execução deve sustar a execução
quanto aos bens penhorados se estes já se encontrarem onerados com penhora anterior a favor de outra execução.
O exequente pode reclamar o respetivo crédito nessa execução (art. 794.º/1).

Não tendo ainda o exequente sido citado no processo em que a penhora seja mais antiga/anterior, pode reclamar o
seu crédito no prazo de 15 dias a contar da notificação de sustação (art. 794.º/2/1.ª parte).

A reclamação suspende os efeitos da graduação de créditos já fixada e, se for atendida, provoca nova sentença de
graduação, na qual se inclui o crédito do reclamante (art. 794.º/2/2.ª parte).

Na execução sustada, o exequente pode desistir da penhora relativa aos bens apreendidos no outro processo e
indicar outros em sua substituição (art. 794.º/3 e 754.º/4/e).

A sustação integral determina a extinção da execução, sem prejuízo de o exequente requerer a renovação da
execução extinta indicando os concretos bens a penhorar (art. 794.º/4 e 850.º/5).

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Pagamento
O pagamento é o momento essencial para se atingir o fim último da execução.

Na ação executiva para pagamento de quantia certa, um credor (o exequente) pretende obter o cumprimento de
uma obrigação pecuniária através da execução do património do devedor (executado) – art. 817.º CC. Para tanto,
apreendidos pelo tribunal os bens deste que forem considerados suficientes para cobrir a importância da dívida e
das custas, tem lugar, normalmente, a venda desses bens a fim, de com o preço obtido, se proceder ao pagamento.

Mas há casos em que o pagamento pode ocorrer sem tem lugar a venda.

Relembre-se antes que o AE deverá ao longo do processo proceder a pagamentos parciais ao exequente no caso de
a penhora ter incidido sobre créditos, ou rendas, abonos, vencimentos ou salários ou depósitos bancários (art.
777.º/5 e 779.º/3/a e 4/a, 780.º/13).

Esses pagamentos parciais ao exequente estão contudo condicionados à verificação de duas circunstâncias: em
primeiro lugar, que tenha decorrido o prazo para a dedução da oposição ou, tendo esta sido deduzida, que haja sido
julgada improcedente por sentença transitada em julgado, e em segundo lugar que não garantam crédito reclamado.

De qualquer modo, o AE não poderá entregar ao exequente a totalidade das importâncias em cada momento
penhoradas, devendo sempre, aquando de cada entrega, reter a quantia fixada a título de despesas de execução
prevista no art. 735.º/3.

No caso de se tratar da penhora de rendas/abonos/vencimentos ou salários e não tendo sido identificados outros
bens penhoráveis, deve ser também ser assegurado o pagamento das quantias devidas ao AE a título de honorários
e despesas, porque a execução vai ser extinta).

O AE deverá ter presente que, sendo a execução baseada em sentença ainda em recurso ou estando pendentes os
embargos de executado e/ou a oposição à penhora, não poderá proceder a pagamentos (ao exequente ou a
qualquer outro credor) sem que seja prestada caução (704.º/3, 733.º/4, 785.º/5).

Modos de Pagamento
Constituem modos de efetuar o pagamento (art. 795.º/1):

• a entrega de dinheiro (art. 795.º);


• a adjudicação dos bens penhorados (arts 799.º a 802.º);
• a consignação judicial dos seus rendimentos (arts 803.º a 805.º);
• a venda (arts 811.º e segs.).

É admitido o pagamento em prestações e acordo global (arts 806.º a 810.º), devendo em qualquer caso prever-se o
pagamento dos honorários e despesas do AE (nº2 do art. 795º)

Termos em que pode ser efetuado o pagamento


A lei consagra um prazo de 3 meses a contar da penhora para serem efetuadas as diligências necessárias à realização
do pagamento, independentemente do prosseguimento do apenso da verificação e graduação de créditos. Mas as
diligências só podem ser efetuadas depois de terminado o prazo da reclamação de créditos (art. 796.º/1/1.ª parte).

A consignação de rendimentos pode ser requerida pelo exequente logo a seguir à penhora (art. 796.º/1/2.ª parte).

O credor reclamante só pode receber pelo valor dos bens penhorados sobre os quais tem garantia (art. 796.º/2) e, se
esse valor não chegar para o pagamento integral do crédito, resta-lhe propor uma ação executiva com vista à
satisfação do valor restante (art. 796.º/2)
36
Para além das restrições à reclamação de créditos por credores com privilégio creditório geral, mobiliário ou
imobiliário previstas no art. 788.º/4, estes credores estão sujeitos a uma forte restrição no âmbito do pagamento,
que à semelhança daquela não se aplica aos privilégios creditórios dos trabalhadores (art. 788.º/6 e 796.º/4).

A quantia a receber por credor com privilégio creditório geral, mobiliário ou imobiliário, é reduzida até 50% do
remanescente do produto da venda deduzidas as custas da execução e as quantias a pagar aos credores que devam
ser graduados antes do exequente, na medida do necessário ao pagamento de 50% do crédito do exequente, até
que este receba o valor correspondente a 250UC (art. 796.º/3).

Adjudicação de Bens (arts. 799º a 802º CPC)


Consiste na possibilidade que o exequente tem de pedir que os bens penhorados lhe sejam adjudicados como
pagamento completo ou parcial do seu crédito. Dá-se por pago o crédito do requerente (total ou parcialmente) o
qual é compensado com o preço da aquisição.

Esta faculdade está prevista também para qualquer credor reclamante, em relação aos bens sobre os quais tenha
invocado garantia; mas se já tiver sido proferida sentença de graduação de créditos, a pretensão do requerente só é
atendida quando o seu crédito haja sido reconhecido e graduado.

Todos os bens penhorados, imóveis, móveis ou direitos, podem ser objeto de adjudicação, à exceção dos que, de
acordo com o disposto nos arts 830.º e 831.º, devam ser vendidos em mercados regulamentados ou a certas
entidades (art. 799.º, n.º 1).

O requerente deve indicar o preço em que assenta a sua oferta, o qual não poderá ser inferior a 85% do valor base
dos bens (art. 799º nº2)

A adjudicação pode ser requerida em qualquer altura. Mas se à data do requerimento já estiver anunciada a venda
por propostas em carta fechada, esta não se susta e a pretensão só é considerada se não houver pretendentes que
ofereçam preço superior (art. 799.º/2). Não se apresentando, neste caso, qualquer proponente, adjudicar-se-ão de
imediato os bens ao requerente (art. 801.º, n.º 3).

Se a venda por propostas em carta fechada não tiver sido anunciada, é publicitada a adjudicação requerida nos
termos previstos para a venda mediante propostas em carta fechada (817.º n.º 1), devendo conter a menção do
preço oferecido (art. 800.º/1).

O dia, a hora e o local para a abertura das propostas são notificados ao executado, àqueles que podiam requerer a
adjudicação e bem assim aos titulares de direito de preferência, legal ou convencional com eficácia real, na alienação
dos bens (art. 800.º/2).

A abertura de propostas tem lugar perante o juiz se se tratar de imóveis, ou, tratando-se de estabelecimento
comercial, se o juiz o determinar nos termos do art. 829.º. Nos restantes casos, a abertura de propostas tem lugar
perante o AE, desempenhando este as funções reservadas ao juiz na venda do imóvel, aplicando-se, as normas da
venda por propostas em carta fechada, devidamente adaptadas (art. 800.º/3).

No dia designado para a abertura de propostas pode verificar-se uma de duas situações:

→ Não surge qualquer proposta e ninguém comparece a exercer o direito de preferência, aceita-se o preço
oferecido pelo requerente (art. 801.º/1).
→ Se houver propostas de maior preço, observar-se-á o disposto nos arts 820.º e 821.º, ou seja, segundo as
regras da venda por meio de propostas em carta fechada de forma a garantir que os bens sejam vendidos
ao seu preço justo, em proteção dos interesses do executado e dos credores não requerentes (art. 801.º/2)

Aceite a sua proposta, deve o proponente depositar à ordem do AE o preço devido – art. 824.º/2, sob pena de se lhe
aplicar as cominações previstas no art. 825.º/1 e 2 (aplicáveis ex vi art. 802.º).

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O exequente/credor reclamante sobre os bens a adquirir é tem de depositar a parte do preço que seja necessária
para pagar a credores graduados antes dele e exceda a importância que tem direito a receber (art. 815.º/1 ex vi
802.º).

Se os créditos ainda não estiverem graduados, o preço só é depositado na medida em que exceder o valor do seu
crédito ou que lhe caiba receber (art. 815.º/2 ex vi 802.º; ver também n.ºs 3 e 4 do art. 815.º também aplicáveis ex
vi 802.º).

A adjudicação é feita nos mesmos termos que a venda mediante propostas em carta fechada – arts 827.º e 828.º ex
vi 802.º.

A invalidade da adjudicação verifica-se também nos mesmos termos que a venda mediante propostas em carta
fechada (arts 838.º a 841.º ex vi 802.º).

Consignação de Rendimentos (arts. 803º a 805º CPC)


Consiste na afetação, com eficácia real, dos rendimentos dos bens penhorados ao pagamento do crédito do
exequente (art. 656.º, do CC).

Requisitos:
→ O objeto da penhora ser bem imóvel ou móvel sujeito a registo (art. 803.º/1) ou título de crédito
nominativo (803.º/1 805.º/3).

→ Ser requerida pelo exequente ao AE (art. 803.º/1)

→ Requerimento deve ser apresentado entre o momento da realização da penhora e o da venda ou


adjudicação dos bens penhorados (art. 803.º/1).

→ O executado manifestar o seu acordo expresso ou tácito, do executado (se ele não requerer que se proceda
à venda de tais bens) – 803º nº2

Termos em que é efetuada


→Efetua-se por comunicação ao serviço competente de registo, através de comunicação eletrónica, sendo o registo
efetuado por averbamento ao registo da penhora (art. 803.º/4 que remete para o art. 755.º/1 e 2, e 803.º/5)

→Por comunicação à entidade registadora sendo depois objeto de averbamento no título (art. 805º nº3)

Efeitos
A execução extingue-se, efetuada a consignação e pagas as custas (art. 805.º/1).

As penhoras que incidam sobre outros bens são levantadas (art. 805.º/1).

A penhora sobre o bem cujos rendimentos foram consignados mantém-se através da consignação averbada ao
registo da penhora, para assegurar a preferência a favor do exequente (art. 805.º/2):

↔ Esta preferência tem relevância no caso de venda ou adjudicação do bem penhorado em outra execução: se
os bens vierem a ser vendidos ou adjudicados, livres do ónus da consignação, o consignatário é pago do
saldo do seu crédito pelo produto da venda ou adjudicação, com a prioridade da penhora a cujo registo a
consignação foi averbada.

Tem a particularidade de dispensar a convocação dos credores se for requerida antes de a ela se proceder e o
executado não requeira a venda dos bens – art. 803.º/3.

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Se, quando requerida, os credores já foram citados, as reclamações são admitidas.

Uma vez extinta a execução, o credor (cujo crédito esteja vencido) pode requerer o seu prosseguimento para
verificação, graduação e pagamento do seu crédito – art. 850.º/2. Mas, não pode preferir ao exequente na
consignação de rendimentos para a qual não tem legitimidade.

CONSIGNAÇÃO EM CASO DE LOCAÇÃO – ART. 804.º


Se o bem penhorado estiver locado à data da consignação:
✓ o locatário é notificado da consignação de rendimentos (art. 804.º n.º 1). Esta notificação é um ato que
condiciona a eficácia da consignação de rendimentos perante os locatários, mas não é constitutivo. A
consignação de rendimentos efetua-se por comunicação à CRP, sendo o registo efetuado da mesma feito
por averbamento ao registo da penhora (art. 803.º/4 e 5).
✓ o consignatário fica na posição de locador, mas não pode resolver o contrato, nem tomar qualquer decisão
relativa aos bens, sem a anuência do executado; na falta de acordo, o juiz decide.
✓ As rendas passam a ser pagas ao exequente até ser integralmente pago.

Se o bem penhorado não estiver locado ou tiver de se celebrar novo contrato (art. 804.º/2):
✓ Procede-se à respetiva locação; quem tem Legitimidade para tal é o AE;
✓ Locação é feita mediante propostas em carta fechada ou por negociação particular, observando-se, com as
modificações necessárias, as formalidades prescritas para a venda de bens penhorados.

PAGAMENTO EM PRESTAÇÕES (ARTS 806.º A 809.º)


É admissível o pagamento em prestações da dívida exequenda, se o exequente e o executado estiverem de comum
acordo quanto ao pagamento em prestações da dívida exequenda, definindo um plano de pagamento e
comunicando tal acordo ao AE (art. 806.º/1).

No acordo de pagamento em prestações tem de estar previsto o pagamento dos honorários e despesas do agente
de execução (art. 795.º/2).

A comunicação referida pode ser apresentada até à transmissão do bem penhorado ou, no caso da venda mediante
proposta em carta fechada, até à aceitação da proposta apresentada (art. 806.º/2). Este acordo determina a
extinção da execução (art. 806.º/2 in fine).

Garantia do crédito exequendo – art. 807.º (penhora converte-se em hipoteca/penhor; extinção da execução)

Consequências da falta de pagamento – art. 808.º

Situação dos credores reclamantes: os interesses dos credores reclamantes são tutelados nos termos do art. 809.º

ACORDO GLOBAL – ART. 810.º


Possibilidade de entre o executado, o exequente e os credores reclamantes ser acordado um plano de pagamentos
que poderá envolver moratórias ou perdões, substituição total ou parcial de garantias, ou constituição de novas
garantias (art. 810.º/1).

No acordo tem de estar previsto o pagamento dos honorários e despesas do agente de execução (art. 795.º/2).

Aplica-se o art. 806.º: o acordo é comunicado ao AE até à transmissão do bem penhorado ou, no caso de venda
mediante propostas em carta fechada, até à aceitação de proposta apresentada e determina a extinção da execução
e o art. 807.º/1: conversão da penhora em hipoteca ou penhor (810.º/2).

O incumprimento do acordo pelo executado implicará a caducidade do acordo global, se o executado continuar em
falta após interpelação escrita do exequente ou de credor reclamante. O exequente ou o credor reclamante pode

39
requerer a renovação da execução para pagamento do remanescente do crédito exequendo e dos créditos
reclamados, aplicando-se o disposto nos n.ºs 2 e 3 do art. 808.º com as necessárias adaptações (810.º/3).

A caducidade do acordo global não prejudica os efeitos entretanto produzidos (art. 810.º/4).

O exequente e os credores reclamantes conservam sempre os seus direitos contra os co-obrigados ou garantes do
executado (art. 810.º/5).

VENDA EXECUTIVA
As modalidades da venda constam do art. 811.º/1:
❖ Modalidade preferencial:
o Venda em leilão eletrónico (bens imóveis e móveis – art. 837.º).
❖ Modalidades normais:
o Venda por proposta em carta fechada (bens imóveis e estabelecimento comercial de valor superior a
500 UC, sob proposta do exequente, do executado ou de um credor com garantia real – (arts.
816.º/1 e 829.º/1);
o Venda em depósito público ou equiparado (bens móveis - arts 764.º/1 e 836.º).

❖ Modalidades excecionais:
o Venda em mercados regulamentados (art. 830.º); carácter imperativo
o Venda direta (art. 831.º); - carater imperativo
o Venda por negociação particular (art. 832º) – carater imperativo quando o bem tem um valor
inferior a 4 UC (al.g)
o Venda em estabelecimento de leilão (art. 834º)

DETERMINAÇÃO DA MODALIDADE DA VENDA – 812.º


Quando a lei não disponha diversamente, cabe ao AE decidir sobre a modalidade da venda, depois de ouvidos os
interessados – exequente, executado e os credores com garantia sobre os bens a vender (art. 812.º/1 e 2/a).

A decisão tem também de ter por objeto o valor base dos bens a vender a eventual formação de lotes, com vista à
venda em conjunto dos bens penhorados (art. 812.º/2/b e c).

O valor base é determinado nos termos do art. 812.º/3/4 e 5.

O AE notifica os interessados da decisão, os quais poderão manifestar a sua discordância perante o juiz, que
apreciará por decisão insuscetível de recurso (art. 812.º/6 e 7)

FORMALIDADES DA VENDA POR PROPOSTAS EM CARTA FECHADA


A proposta deve ser acompanhada de cheque visado como caução, no montante correspondente a 5% do valor
anunciado ou garantia bancária no mesmo valor (art 824.º/1).

O valor a anunciar é fixado em 85% do valor base (art. 816.º/2). É afixado no edital na porta do prédio urbano e
publicado anúncio em página informática de acesso público – http:/citius.mj.pt (art. 817.º/1).

Até ao dia de abertura das propostas, o depositário tem obrigação de mostrar os bens (art. 818.º). São notificados os
titulares do direito de preferência, do dia, hora e local da abertura das propostas (art. 819.º).

As propostas são abertas na presença do juiz (art. 820.º/1).Havendo propostas de igual valor, licita-se ou sorteia-se,
se nenhum estiver presente (art. 820.º/2 e 3)

Deliberação sobre as propostas previstas no (art. 821.º).


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Estando o exequente presente no ato de abertura das propostas, este tem a possibilidade de manifestar vontade de
adquirir os bens a vender. Nesse caso, abre-se logo licitação entre este e o proponente do maior preço. Se o
proponente não estiver presente, o exequente pode cobrir a proposta daquele (art. 820.º/5).

Interpelação dos preferentes (art. 823.º)


Depósito do preço em 15 dias, momento em que a venda produz efeitos (art. 824.º/2).
Há dispensa no caso de o comprador ser exequente ou credor reclamante, nos termos do art. 815.º

Se o proponente ou preferente/rem não proceder ao depósito do preço, no prazo de 15 dias a contar da sua
notificação para esse efeito (art. 824.º/2) fica sujeito às cominações previstas no art. 825.º.

O AE lavra auto de abertura e aceitação das propostas, nos termos do art. 826.º

Depois do depósito e cumpridas as obrigações fiscais o AE emite o título de transmissão (art. 827.º/1).

O AE comunica a venda à CRP para registo oficiosos, sendo efetuado oficiosamente o cancelamento das inscrições
relativas aos direitos que tenham caducado, nos termos do art. 824º nº2 CC (art. 827º nº2)

NOTA: Art. 811º CPC fazer remissões especificas para os tipos de venda.

LIVRO:

Extinção da Ação Executiva


Causas: A normal causa de extinção da execução é o pagamento coercivo. Mas, tal como a ação declarativa se pode
extinguir sem que se tenha atingido a sentença de mérito, também na ação executiva a extinção pode ter lugar por
causas diferentes do pagamento coercivo, seja por extinção da obrigação exequenda, seja por motivos diferentes.

Extinção da obrigação exequenda


O pagamento pode efetuar-se coercivamente na sequência dos atos executivos que conhecemos, ou por ato
voluntário do executado ou de terceiro – artigo 846º.

Embora o preceito se refira apenas ao pagamento das custas e da dívida exequenda, no cálculo da quantia a
depositar há que entrar também em conta com os créditos reclamados, quando o requerimento for feito após a
venda ou adjudicação de bens, cuja eficácia em nada é afetada pelo ato do pagamento que lhe seja posterior. A este
pagamento voluntário se chama remição da execução.

Mas, além de pelo pagamento (coercivo ou voluntário), a obrigação exequenda pode extinguir-se por qualquer outra
causa prevista na lei civil: dação em cumprimento, consignação em depósito, compensação, novação, remissão,
confusão (artigos 837º a 873º CC).

Ocorrida extrajudicialmente a extinção, é junto ao processo documento que a comprove, após o que tem lugar a
liquidação da responsabilidade do executado (quanto a custas ou, após a venda ou adjudicação de bens, também
quanto aos créditos reclamados para serem pagos pelo produto de venda desses bens) e a subsequente extinção da
execução.

Outras causas
A execução pode ainda extinguir-se em consequência da revogação da sentença exequenda (em instância de
recurso, que tenha efeito meramente devolutivo) ou da procedência dos embargos executado. Pode também o juiz,
oficiosamente, extinguir a instância nos termos do artigo 734º (rejeição oficiosa), até ao primeiro ato de transmissão
de bens penhorados.

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Pode também a execução extinguir-se por não serem encontrados nem indicados bens penhoráveis (artigos 748º,
nº3; 750º, nº2 e 855º, nº4), bem como em consequência da adjudicação pro solvendo do direito de crédito (artigos
779º, nº4, al. b) e 799º, nº6), do acordo para pagamento em prestações (artigo 806º, nº2) ou da sustação integral da
segunda execução sobre o mesmo bem (art.794º, nº4.

Pode ainda o exequente desistir da instância ou do pedido, caso em que, porem, a exemplo do que acontece com as
causas de extinção referidas no número anterior, serão pagos os credores graduados se já tiver havido venda ou
adjudicação (artigo 848º).

Podem dos casos de extinção da instância (em geral) indicados no artigo 277º, verificar-se na ação executiva a
deserção (artigo 281º) e a transação (com alcance paralelo ao da desistência do pedido).

Termo do processo executivo


O efeito extinto da instância produz-se automaticamente – artigo 849º, nº1.

O efeito de direito substantivo do facto extintivo da obrigação exequenda (pagamento ou outro) invocado na ação
executiva não deixa de se produzir, obstando ao êxito de uma nova ação executiva, mas não impedindo a
propositura, pelo executado, de uma ação restituição do indevido. (ACABA AQUI)

Docente: Ana Raquel

Execução Para Entrega de Coisa Certa

Noção - A ação executiva para entrega de coisa certa tem lugar sempre que o objeto da obrigação, tal como o título
o configura, é a prestação de uma coisa.

Não é requerida a execução do património do devedor, mas apenas a entrega judicial de uma coisa determinada -
artigo 827.º CC – Execução específica

Não há lugar, neste tipo de ação, à penhora. Para realizar o direito do exequente, o Tribunal procede à apreensão da
coisa e à sua imediata entrega ao exequente, após ter feito buscas e outras diligências necessárias – artigo 861.º, n.º
1.

Em consequência, esta apreensão não constitui qualquer direito de preferência do exequente, nem opera a
transferência da posse para o Tribunal. - Neste tipo de ação, também não há lugar a concurso de credores, nem à
venda da coisa apreendida.

Tramitação

- Apresentado o requerimento executivo e proferido despacho liminar de citação, é o executado citado para, no
prazo de 20 dias, fazer a entrega da coisa ou opôr-se à execução – artigo 859.º.

A oposição segue o mesmo regime que na AEPQC.


Os fundamentos da oposição são igualmente os previstos nos artigos 729.º a 731.º.
O executado pode alegar na oposição a realização de benfeitorias que tenha realizado na coisa, salvo se, tratando-se
de execução de sentença, tiver tido a possibilidade de o fazer na ação declarativa – artigo 860.º, n.º2 e 3.

O executado terá de alegar os factos que demostram o seu direito de crédito sobre o exequente. Caso contrário, é
motivo de indeferimento da oposição à execução.

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Efeitos da oposição: ❖ Regra: Não suspende a execução. ❖ Exceção: se o executado prestar caução.

Na oposição à execução com fundamento em benfeitorias – não suspende a execução mesmo que tenha direito de
retenção, desde que o exequente caucione a quantia pedida a esse título - artigo 860.º, n.º 2

Segue-se a notificação do exequente para, querendo, contestar a oposição à execução, no prazo de 20 dias. A partir
daí o processo segue os termos do processo comum declarativo - artigo 732.º, n.º 2.
Na falta de contestação, consideram-se confessados os factos articulados pelo executado, salvo aqueles que
estiverem em total contradição com os alegados pelo exequente no requerimento executivo.

Pese embora não se aplique nesta ação, a convocação de credores, é de aplicar por analogia o disposto no artigo
786.º, n.º1, al. a) CPC, que impõe a citação do cônjuge do executado quando a coisa apreendida for um imóvel ou
um estabelecimento comercial próprio do executado, que ele não pode dispor livremente.

Apreensão e entrega

Feitas as buscas e outras diligências necessárias à apreensão da coisa, o Tribunal procede à sua apreensão e investe
o exequente na sua posse, a qual tem lugar mediante:
→ Tradição material da coisa móvel;
→ Se se tratar de uma coisa móvel a determinar por conta, peso ou medida, o AE manda fazer, na sua
presença, as operações indispensáveis e entrega ao exequente a quantia devida – artigo 861.º, n.º 2.
→ Entrega simbólica da coisa imóvel, mediante a entrega material das chaves e documentos, e notificação do
executado, e se os houver, os arrendatários e outros detentores, para que reconheçam e respeitem o
direito do exequente – artigo 861.º, n.º 3

Se o bem estiver em compropriedade, então o exequente apenas é investido na sua quota-parte – artigo 861.º, n.º4
CPC.

Tratando-se da casa de habitação principal do executado, é aplicável o disposto nos n.ºs 3 a 5 do artigo 863.º.

E caso se suscitem sérias dificuldades no realojamento do executado, o AE deve comunicar antecipadamente esse
facto à Câmara Municipal e às entidades assistenciais competentes – artigo 861.º, n.º 6.

A execução suspende se o executado requerer o diferimento da desocupação do local arrendado para habitação,
motivada pela cessação do contrato de arrendamento – artigo 863.º, n.º1

No caso do imóvel arrendado para habitação, pode o executado dentro do prazo da oposição, requerer o
diferimento da desocupação, por razões imperiosas, devendo oferecer de imediato as provas, com um limite de três
testemunhas - artigo 864.º, n.º1

Esta petição tem caráter urgente e pode ser indeferida – artigo 865.º, n.º1:
• Se tiver sido deduzida fora do prazo;
• O fundamento não se ajustar com o previsto no artigo 864.º, n.º1;
• For manifestamente improcedente. Se a petição for recebida é o exequente notificado para, no prazo
de 10 dias, contestar, devendo oferecer de imediato as provas e indicar as testemunhas até um limite
de três – n.º2.

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Responsabilidade do exequente

Se a oposição à execução se fundar em título extrajudicial e for julgada procedente:


O exequente responde pelos danos culposamente causados ao executado e incorre em multa correspondente a 10
% do valor da execução, mas não inferior a 10 UC nem superior ao dobro do máximo da taxa de justiça, quando não
tenha agido com a prudência normal, sem prejuízo da responsabilidade criminal em que possa também incorrer.
Artigo 866.º CPC

Conversão da execução

Quando não é encontrada a coisa cuja entrega o exequente tem direito, tem lugar a conversão da ação executiva.
O exequente procede à liquidação do seu valor e do prejuízo resultante da falta de entrega, aplicando-se o disposto
nos artigos 358.º, 360.º e 716.º, com as necessárias adaptações – artigo 867.º, n.º1.
Feita a liquidação, procede-se à penhora dos bens necessários para o pagamento da quantia apurada,
seguindo-se os demais termos do processo executivo para PQC - n.º2

Execução para Prestação de Facto

Noção - A ação executiva para prestação de facto tem lugar sempre que o objeto da obrigação, tal como o título o
configura, é uma prestação de facto, positivo (facere) ou negativo (non facere).

Se o facto é fungível, o exequente pode requerer que a prestação seja efetuada por terceiro, bem como uma
indemnização pela mora a que tenha direito ou uma indemnização pelo prejuízo decorrente do incumprimento.

Se tratar-se de facto infungível, então o exequente já só pode requerer uma indemnização pelos danos sofridos em
virtude do incumprimento – artigo 868.º, n.º1.

Tramitação

O executado é citado para, no prazo de 20 dias, deduzir oposição à execução, na qual pode provar por qualquer
meio o cumprimento posterior da obrigação, ainda que a execução se funde em sentença - artigo 868.º, n.º2

A oposição à execução tem os efeitos previstos no artigo 733.º - artigo 868.º, n.º3

Findo o prazo para deduzir oposição ou julgada esta improcedente, tendo a execução sido suspensa e se o
exequente pretender o pagamento de indemnização pelo dano sofrido, há lugar a conversão da AEPPF em AEPPQC –
artigo 869.º.
Se o exequente optar que a prestação seja efetuada por outrem, tem de requerer a nomeação de um perito
para avaliar o custo da reparação - artigo 870.º, n.º 1

Concluída a avaliação, procede-se à penhora dos bens necessários para o pagamento da quantia apurada, seguindo-
se os demais termos da AEPPQC - n.º 2

O exequente tem ainda a possibilidade de fazer ou mandar fazer, sob sua orientação e vigilância, as obras e
trabalhos necessários para a prestação de facto, antes de realizada a avaliação ou da execução – artigo 871.º, n.º 1.
Caso em que, concluída a prestação o exequente presta contas ao juiz do processo, podendo o executado contestar
(n.º 3).

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Se o objeto da prestação for um facto negativo, o credor pode requerer perícia e que o juiz ordene – artigo
876.º, n.º1:

▪ A demolição da obra;
▪ Indemnização do exequente no prejuízo sofrido;
▪ Pagamento da quantia a título de sanção pecuniária compulsória.

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