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Processo Executivo
Artigo 10º CPC
Nas espécies de ações temos o nº4, nº5 e nº6 ➭ as execuções são aquelas em que o
credor requer as providencias adequadas à realização coativa / coerciva do que lhe é
devido / de uma obrigação.
Exemplos: arrombar uma porta e tirar os bens móveis. Vai-se à conta bancaria e retira-
se um deposito bancário. Notifica-se a entidade patronal e pede-se uma X daquela
quantia.
Um terreno rustico ou apartamento, conseguimos que esse ato de coação seja através
do registo do meu ato de apreensão fortemente indiciador desta realização coativa.
Nota: uso da força para fazer cumprir o nosso direito – o agente de execução vai
coercivamente fazer valer um direito, através da execução do património do devedor
Voltando ao artigo 10º CPC, vamos entender que (nº5 – norma imperativa) – toda a
execução tem por base um título pelo qual se determinam o fim e os limites da ação
executiva.
Um título é um documento no sentido jurídico da palavra e nós vamos estudar os
documentos a que a lei atribui a qualidade de título executivo. Este nº5 vai ser a base
de uma serie de verificações que temos de fazer quando queremos avançar com uma
ação executiva.
Vamos ainda referir a sistemática, ou seja ➭ como esta organizada a ação executiva
Nesta execução, a obrigação que está em causa tem de ser uma obrigação para
pagamento de quantia certa
1 Gabriela Pinto
Na ação para pagamento de quantia certa e, sendo certo que temos de ter como base
um título executivo ➭ vamos ter um documento que expresse a obrigação de alguém
ao pagamento de uma quantia certa.
Artigo 724º e seguintes CPC – ação executiva para pagamento de quantia certa
Quando estamos a falar na ação executiva para entrega de coisa certa ou para
prestação de facto ➭ aqui a forma é única
Importa desde logo, termos a ideia de que o tipo de título vai ditar grandes diferenças
a nível da ação executiva
No processo ordinário vamos ter uma situação em que, logo que entra o Requerimento
Ordinário VS Sumário
Inicial, a parte contraria vai ter conhecimento de que foi interposta uma ação executiva
➭ vai ser 1º citada e só depois vai ser executada
No âmbito do processo sumário ➭ a pessoa não sabe logo que a ação esta a correr contra
ela e só mais tarde, já depois de acontecer a coercibilidade é que vai perceber que existe
uma ação executiva contra ele.
O legislador por força daquilo que são as situações em que pode fazer o processo na
forma sumária (excecional face à forma ordinária), inverte o contraditório:
➭ a distinção entre o processo ordinário e sumário depende sempre se o
contraditório é produzido logo antes do ato coercivo ou não.
2 Gabriela Pinto
Nesta execução o ato comum é a penhora, ou seja, o ato coativo corresponde à penhora
➭ ato de apreensão judicial de bens que pode ser física ou jurídica (exemplo: através do
registo predial)
Este ato de apreensão de bens, sendo que o património do devedor é aquele que
responde pelas obrigações do mesmo, é a garantia do credor
Atenção: legislador ao fazer esta diferenciação não se esqueceu que estas situações de
ações sumárias são situações em que o devedor já devia saber que contra ele iria ser
interposta uma ação de execução.
Aqui o tipo de título executivo vai ter uma importante função, porque só pela sua
existência, o devedor pode deduzir que contra ele será interposta uma ação executiva
➭ é nestas situações que faz sentido a inversão do contraditório
Æ Então eu vou intentar uma ação executiva para entrega de coisa certa?
Nº4 – o título é que vai ditar o fim e os limites da ação executiva.
A coisa, não existindo, podemos convolar / converter o título em ação executiva para
pagamento da quantia certa fazendo a liquidação do valor do carro que desapareceu.
3 Gabriela Pinto
O mesmo vai acontecer em algumas circunstâncias com a prestação de facto: A não
pinta o muro a que se comprometeu ➭ começa com uma ação executiva para prestação
de facto, e depois esta é convertida em ação executiva para pagamento de quantia certa
à não vamos agarrar o homem e pô-lo lá a pintar
O que é que isto quer dizer? – quando nós estamos a falar em execução especifica nas
ações executivas não estamos a falar em contratos promessa e execução específica do
contrato promessa.
Temos também ainda no código civil referências dos artigos 400º, 548º 777º
Tudo isto normas substantivas que devem ser conhecidas ou relembradas porque
podem ser da maior importância para compreender o regime e compreender a
efetivação da obrigação que está em causa
Este artigo funciona precisamente para ligações que não são possíveis executar “in
totum” – se a pessoa obrigada (o devedor obrigado) as não quiser cumprir, portanto,
porque estamos perante obrigações que são insuscetíveis de obrigação específica a
pressão que este 829º al. a) gera em quem tem de cumprir, fará eventualmente com
que esse cumprimento seja efetivado, mas não enquanto execução específica da própria
obrigação.
Há princípios que também têm de se verificar na ação executiva atendendo a que estamos
perante uma realidade em que o ponto de partida na ação executiva é a de que já há um
acertamento do direito já há uma declaração do direito
4 Gabriela Pinto
Isto representa algo de completamente diferente do que aquilo que se passa na ação declarativa
o único tipo de sentença ou de decisão que pode estar na base de uma ação executiva são as
decisões ou sentenças ou acórdãos condenatórios
Portanto, enquanto pressuposto para avançar para a ação executiva, estou no mesmo
patamar tenha:
o Uma sentença;
o Uma decisão condenatória;
o Um documento a que a lei atribuiu essa mesma força executiva, por
consubstanciar uma declaração de direito.
Este documento autêntico cuja declaração de vontade é feita perante a entidade que tem esse
poder para recolher a minha declaração e a formalizar num texto – é título executivo
5 Gabriela Pinto
Portanto...
Quando eu tenho um documento onde o Manuel diz eu devo 10.000€ ao Joaquim e vou
reconhecer a assinatura a um advogado ou ao notário ou a um solicitador – não tenho um título
executivo
Estes pormenores não são pormenores são por maiores e podem ditar o desfecho fatal numa
altura em que estamos a pensar que podemos avançar com uma ação executiva e não podemos,
não temos título.
Continuando...
Quando se fala de a ação executiva ser uma declaração ao acertamento do direito é para
que se perceba que:
® O que o legislador fez ao definir o que é um título executivo, o que é que pode no fundo
alcançar esta qualidade de título executivo para depois poder ser o fundamento da ação
executiva, transversalmente aos vários tipos de títulos executivos está patente e está
subjacente a esta ideia de acertamento do direito, declaração do direito.
Se isto é comum a todos os títulos ➭ quando falamos nas formas de o executado se defender
numa ação executiva, vamos perceber que o peso de uma declaração de direito resultante duma
sentença de um despacho judicial é mais forte do que a obtida num documento autenticado,
num documento autêntico, nalgum daqueles documentos em que a lei determina
expressamente que aquele documento é título executivo.
Aquilo que será a maior expressividade da concretização da declaração do direito e, por outro
lado, a possibilidade de nessa fase prévia se exercer contraditório, haver um verdadeiro
princípio de igualdade de armas a ser concretizado, a oportunidade de defesa.
® Terei a possibilidade de usar mais argumentos quando o título não passou pelo crivo
judicial do quando passou pelo crivo judicial.
Não podemos dizer que o princípio da igualdade de armas e o princípio do contraditório não
estão presentes na ação executiva, mas podemos dizer que:
6 Gabriela Pinto
Quando olhamos para a ação executiva sozinha, ela não é vista da mesma forma que é vista uma
ação declarativa.
Na ação executiva já temos dito direito, portanto, já partimos para uma fase seguinte com
alguma desigualdade no sentido formal que, por um lado tem alguém que tem o título onde
está dito o direito e, por outro lado, o outro que se vai sujeitar às consequências da
coercibilidade, isto é, da determinação de medidas coativas para cumprir a obrigação que está
ínsita no título.
Conclusão
Apesar de não nascerem na mesma igualdade de circunstâncias vão ser garantidas ao
executado o princípio da igualdade de armas e o princípio do contraditório com as adaptações
próprias deste tipo de ação, e por outro lado há que reunir determinados pressupostos para
podermos estar verdadeiramente perante um título executivo.
Pressupostos Processuais
Quando estamos para entrar com uma ação é o mesmo que imaginar...
Vou levar o carro para a revisão, para a oficina e depois os mecânicos têm que primeiro fazer
uma checklist onde colocam:
ü Travões;
ü Direção;
ü Mudança do óleo;
ü Ar-condicionado;
ü Mudança de pneus, etc...
Eu tenho de saber se está tudo direito porque sem isto não posso fazer nenhuma viagem longa,
o que significa que...
® Eu tenho a parte estática que é o checkpoint, ou seja, tenho tudo – é competente o
tribunal, é parte legítima, tenho patrocínio judiciário e depois temos o desenrolar das
ações.
7 Gabriela Pinto
Qual é a particularidade aqui?
Na ação executiva (porque ela tem de facto características diferentes), vamos ter além das
referências aos pressupostos processuais gerais (competência do tribunal, legitimidade das
partes, patrocínio judiciário, etc.)
Vamos ter um outro conjunto de pressupostos que são chamados pressupostos processuais
específicos da ação executiva que têm que ver com características qualitativas da obrigação que
subjaz ao tipo, então o que é que eu tenho de ter aqui?
Para além de ter de ver e ter de saber encontrar qual é o tribunal competente e se as partes são
legítimas para estar a litigar nesta execução e saber se é obrigatório ou não o patrocínio
judiciário...
Tenho de saber se a obrigação exequenda que está ínsita,
que está enformada no título, é certa, líquida e exigível.
Porque se não for certa, não for líquida e se não for exigível
• Não posso querer avançar com uma ação executiva.
Só essas sentenças com obrigações certas, líquidas e exigíveis podem vir a ser alvo de uma
ação executiva
Portanto...
® Na ação executiva temos dois grupos de pressupostos: pressupostos processuais
especiais e os pressupostos processuais gerais.
Mas depois vamos ter normas específicas para a ação executiva que estão num capítulo próprio.
8 Gabriela Pinto
Ou seja...
Imaginando que estamos perante uma obrigação que se torna exigível com a interpelação do
executado, isto é, o devedor que depois vai ser executado.
Estamos perante uma obrigação que ainda não é exigível e que só se torna exigível com a
interpelação do executado
O certo é que...
1) Vou ter de iniciar a ação executiva;
2) Identificar qual é a obrigação;
3) Dizer que a partir do momento em que o réu é citado a obrigação se tornou exigível;
4) Verificar se os outros requisitos e pressupostos estão cumpridos para poder estar perante
o título executivo e avançar com ação executiva.
Todos estes conceitos, obrigações líquidas, obrigações certas, obrigações exigíveis – vamos
encontrá-las no direito substantivo.
Obrigação Exigível
àÉ aquela que já pode ser efetivamente pretendida obter coercivamente junto do devedor
porque o devedor já foi interpelado a tal;
Obrigação Certa
àÉ a obrigação que é qualitativamente determinada, a líquida e quantitativamente
determinada.
Portanto, vou agora apreender os bens do devedor para que, com o produto da venda deles me
pagar da obrigação, mas então quanto é que ele te deve? – pois isso não sei.
Não faz sentido, primeiro tenho de saber quanto é que me devem, ou seja, tenho de tornar
possível que se quantifique quanto é que me devem para depois poder ir atrás dos bens
9 Gabriela Pinto
Qualitativamente determinado à estamos a falar de outro assunto:
Eu posso estar perante uma obrigação em que eu digo que estou obrigado a entregar uma coisa
ou a pagar a outra porque isto é possível: “ou me entregas X produtos ou então entregas-me
uma determinada quantia para eu poder adquirir num outro sítio” – nisso têm de estar
cumpridas as regras também do código civil, determinadas no momento em que avanço para a
ação executiva, porquê?
Portanto, onde estão essas normas sobre como é que isso faz? – no código civil
A escolha por exemplo na obrigação alternativa pode ser do devedor ou pode ser do credor:
® Se a escolha da obrigação alternativa for do devedor o que é que acontece? – quando
avanço para a ação executiva, dou a possibilidade ao executado de decidir qual é a
obrigação pela qual ele vai responder
Vou avançar porque tenho um título que permite os dois fins de ação executiva e segundo as
regras substantivas eu é que escolho qual é a alternativa que eu quero seguir...
Portanto...
1. Se decidir que é a quantia em dinheiro – vou lhe chamar ações para o pagamento de
quantia certa;
2. Se decidir que quero a entrega da coisa – vou lhe chamar ação executiva para entrega
da coisa
No preâmbulo digo que intento uma ação executiva contra o fulano X, sou portadora do título
X que vou anexar e no título o devedor obrigou-se alternativamente a X.
10 Gabriela Pinto
Segundo as leis de normas de direito substantivo a escolha é do credor exequente e, portanto,
o exequente escolhe esta obrigação e daí vai dar à execução – ou se penhoram bens para pagar
a coisa ou se vai atrás do bem e vai-se apreender o bem (dependendo da escolha).
Eu só posso avançar passa a ação executiva quando a obrigação for certa, líquida e for
exigível
Avanço com o requerimento executivo para o tribunal competente, sou a parte legítima – tenho
de ver se sou eu mesmo a assinar ou se é o mandatário judicial quando o patrocínio for
obrigatório, e eu digo que tenho este título, documento autenticado ou autêntico (pode ser um
ou outro, são ambos títulos executivos) e, portanto, agora quero receber esses 10.000€ e
também quero os juros.
Só que eu não posso dizer só isto, que quero os juros, tenho de dizer que ➭ quero juros e tenho
de fazer as continhas aritméticas.
Foi aprovado por lei naturalmente uma portaria que definiu quais são as minutas para as ações
executivas, tem lá um local onde a pessoa coloca o valor do capital depois põe o valor calculado
aritmeticamente precisamente para discriminar:
1) Qual é o valor do capital que eu estou a dar à execução;
2) Para fazer a tal liquidez, tornar líquida a obrigação exequenda porquanto o título diz
para além do capital o devedor é obrigado a pagar-me juros de mora.
Portanto...
® Eu tenho de calcular, isto é, fazer uma conta aritmética para depois diferenciadamente
colocar lá quais são os juros calculados segundo a tabela, segundo a taxa legal também
publicada em lei, isto vai dar um valor total e o valor de execução à data em que entra o
valor da soma do capital mais daqueles juros calculados e vem num total ser o valor
daquela ação.
Exemplo: as letras são títulos executivos, têm uma data de emissão e, por regra, uma diferente
data de vencimento.
Podem vencer no mesmo dia, mas, por regra, isso não acontece, uma vez que, a letra existe para
que haja a possibilidade de trocas comerciais em que estas representam dinheiro e que se
justifica quando a pessoa não vai pagar no mesmo dia.
11 Gabriela Pinto
Imaginado que...
Tenho seis letras de uma sequência de uma relação comercial que tenho com um fornecedor e,
portanto, fui fornecida e para pagamento da mercadoria emiti, assinei e entreguei ao credor seis
letras de câmbio, devidamente preenchidas com datas de vencimento sucessivamente ao dia
cinco de cada mês.
Tinham sido transações durante todo o ano, até agosto e a primeira letra vencia-se a cinco de
outubro e as restantes cinco venciam-se no mesmo dia cinco dos meses subsequentes.
Hoje a 31 de outubro, quantas letras já se teriam vencido das seis que o credor tinha? – apenas
uma
Imaginando agora que a de outubro não foi paga, espera pela de novembro e também não foi
paga, isto é, vai ao banco para descontar a letra e não está lá fundo, diz então que vai pegar nas
outras e executá-las já.
O que vai acontecer? – vamos ter quatro letras inexigíveis porque a obrigação ainda não se
venceu.
• Estamos a falar de uma obrigação de prazo certo e determinado e o prazo ainda não
ocorreu.
Como vamos fazer a leitura da sistemática das normas que temos de recorrer para
resolver um caso prático?
12 Gabriela Pinto
Ou seja...
¶ temos disposições especiais e, portanto, elas são especificas em relação ao
regime geral, mas não nos podemos esquecer de ir ao regime geral. São normas
especiais e não excecionais, portanto, há normas gerais às quais temos de nos
socorrer.
Se virmos as epígrafes do capítulo IV CPC à Aqui não há nenhuma norma que indicie
que vai haver um regime especial para a personalidade e capacidade judiciária.
Ou seja...
Se for colocada uma questão sobre um menor que pretende interpor uma ação
executiva para pagamento de quantia certa, e eu quero colocar em causa a sua
capacidade judiciária, não vou encontrar qualquer norma especial para o efeito à vou,
aliás, levantar a questão relativa à sua capacidade judiciária com recurso às disposições
gerais do título I.
Porém ➭ no que diz respeito à legitimidade das partes e ao patrocínio judiciário já vão
existir normas especiais.
Legitimidade
Artigo 53.º CPC
(Legitimidade do exequente e do executado)
1 - A execução tem de ser promovida pela pessoa que no título executivo figure como credor e
deve ser instaurada contra a pessoa que no título tenha a posição de devedor.
No nº1 do artigo 53º à A execução tem de ser promovida pela pessoa que no título
executivo tenha a posição de credor e deve ser instaurada sobre a pessoa que conta
como devedor no título.
13 Gabriela Pinto
No nº2 temos uma especificação / particularidade em relação a esta regra porque posso
estar na posse de um título que não expresse o credor, desse modo, como será a
execução promovida?
è Artigo 54º CPC – Morre o credor e agora os herdeiros querem dar andamento a uma
ação executiva, todavia, não são eles que constam do título à Mas, há uma exceção à
regra, sendo por isso, possível darem início a uma ação executiva.
O mesmo em relação ao lado passivo à Eu vou avançar contra o decujos mas alegando,
desde logo, que é contra os herdeiros do mesmo.
Portanto...
❀ A sucessão ativa ou passiva está aqui protegida
Nota: A habilitação faz-se durante o processo executivo, vem-se ao processo fazer esta
legitimação por sucessão hereditária ➭ isto caso o credor ou devedor morram durante
o decurso da ação.
O artigo 54º diz na 2ª parte à “no próprio requerimento para a execução o exequente
deduz os factos constitutivos da sucessão”
É claro que aqui o artigo não nos fala em sucessão por morte, mas sim sucessão no
direito (intervivos) ou na obrigação (mortiscausa).
Há sucessão por morte ou por cessão de créditos – essa sucessão intervivos (cessão de
créditos) pode também funcionar aqui e, portanto, temos que alegar
complementarmente, logo no início do requerimento esta figura da cessão de créditos
à É na fase preambular da ação executiva que eu tenho de vir demonstrar / alegar todas
estas coisas.
14 Gabriela Pinto
2º conjunto de exceções:
2 - A execução por dívida provida de garantia real sobre bens de terceiro segue
diretamente contra este se o exequente pretender fazer valer a garantia, sem prejuízo
de poder desde logo ser também demandado o devedor.
Continuação do exemplo...
Temos o documento autêntico e, entretanto, foi constituída uma garantia por registo na
conservatória, de uma hipoteca a favor do credor A.
O devedor não paga, ele até foi com os 10.000€ de A jogar para o casino da Póvoa.
Como vamos recuperar o dinheiro? Ele não tem bens e já não tem dinheiro à Temos de
avançar para o bem do 3º (garante), mas apesar deste não ser devedor e não estar
inscrito no título, podemos considerar, desse modo, que este artigo estabelece uma
exceção
Para que possa existir uma penhora sobre os bens de alguém é necessário que a parte
seja devedor e seja executado
15 Gabriela Pinto
Se não for executado à Nunca os bens dessa pessoa podem ser penhorados
Porém...
Podemos ter B que afinal tem uma mota e tem mais a sua conta bancária com 300€, ou
seja, tem bens. Mas, mesmo assim, eu posso preferir ir de imediato à garantia.
Uma das alternativas a ficar com o produto da venda do bem, é ficar mesmo com o bem.
16 Gabriela Pinto
O bem dado em garantia é um bem próprio do devedor (tudo aquilo que seja suscetível de
ser penhorado é o que vai responder pela dívida àresponde pelas obrigações todo o
património do devedor).
Acontece que o devedor pode ter afetado um bem em concreto àquela dívida e então,
eu, exequente embora não esteja impossibilitada de querer penhorar outros bens que
não o onerado, serei burra se não for buscar logo em 1º o bem onerado, salvo se tenha
perdido valor (ou seja, o bem que foi onerado já não tem qualquer valor, desvalorizou
com o tempo – se o devedor tem um salário será esse bem que quererei que seja
penhorado em 1º).
à Deve ser por esse bem que se começa a penhora. Mas podemos ter outra preferência
e não fazer uso do bem onerado para pagamento daquela verba.
Se eu tiver um 3º fiador
Se ele (fiador) renunciar, expressamente, ao benefício da excussão prévia, pode ser ele
o primeiro a responder por esta dívida. Portanto, quem dá a garantia sabe que à partida
só vão ser atacados os seus bens depois de excutido todo o património do devedor
principal à o fiador é devedor subsidiário
Se o fiador tiver renunciado (uma vez que é um direito disponível) dessa sua
subsidiariedade na resposta à divida, então o credor vai escolher entre um e outro
Se eu tiver vários devedores no título, eu posso para já só avançar para um, quer o
devedor principal como o fiador (caso tenhamos o benefício da excussão prévia
afastado).
17 Gabriela Pinto
à Está na minha livre disponibilidade, como credor, só querer ir contra o devedor
principal. Se a meio do processo o devedor principal ficar sem bens, sucessivamente,
posso chamar o fiador.
Das duas uma ➭ temos uma situação de litisconsórcio necessário onde podemos
suprir essa falta de pressuposto processual (1); ou então temos uma situação de
legitimidade singular ou onde o litisconsórcio não poderá ser suprido, dando origem à
absolvição da instância (2).
Artigo 58.º CPC
(Patrocínio judiciário obrigatório)
1 - As partes têm de se fazer representar por advogado nas execuções de valor superior
à alçada da Relação e nas de valor igual ou inferior a esta quantia, mas superior à alçada
do tribunal de 1.ª instância, quando tenha lugar algum procedimento que siga os termos
do processo declarativo.
18 Gabriela Pinto
Nestas normas especiais temos uma particularidade também no que diz respeito ao
patrocínio judiciário (subponto da legitimidade no que diz respeito à representação por
advogado / advogado estagiário / solicitador).
Não podemos justificar o pressuposto de patrocínio judiciário através dos artigos 40º
e ss. (disposições gerais), o que não significa que partindo deste artigo em concreto (58º)
eu não tenha de ir ao regime supletivo dos artigos 40º e ss aplicável ao processo
declarativo.
® Nas execuções superiores a 30,000€ as partes têm de fazer representar-se por
advogado (é obrigatória a constituição de advogado).
® Nas execuções superiores a 5,000€ e inferiores a 30,000€ também é necessário
que as partes se façam se representar por advogado, caso haja algum
procedimento que siga os termos do processo declarativo.
Neste último patamar, desde que noa haja incidentes de cariz declarativo, não é
necessário o patrocínio judiciário.
No artigo 58º está definido o critério (específico), as consequências estão previstas no regime geral
Muito importante
É necessário que façamos uma conjugação fundamentada do recurso a regimes gerais
quando há regimes especiais e, para esse efeito temos os artigos 550º + 551º à são
muito importantes e estão previstos no livro II. Ou seja, não podemos aplicar
diretamente à ação executiva o artigo 41º sem que façamos referência ao artigo 551º/1
CPC.
É por força do 551º/1 CPC que podemos aplicar artigos do processo declarativo na
ação executiva
Caso contrário não temos fundamento – temos de explicar muito bem
19 Gabriela Pinto
Títulos Executivos (703º Código de Processo Civil)
Na ação executiva, até mais ainda do que na ação declarativa, a abordagem que fazemos está
muito suportada na lei ➭ o suficiente para resolvermos questões práticas.
Artigo 703.º
Espécies de títulos executivos
1. À execução apenas podem servir de base:
a) Os documentos exarados ou autenticados, por notário ou por outras entidades
(advogados, solicitadores, cônsules) ou profissionais com competência para tal, que
importem constituição ou reconhecimento de qualquer obrigação;
O conceito base do que é um título consubstancia-se num documento, ou seja, vamos ter de ter
presente o que são documentos a existência de vários tipos deste.
O tipo de documentos que, juridicamente, tem uma relevância para este efeito e para efeitos
probatórios está definido na lei substantiva do CC.
Para efeitos de ação executiva, tenho de qualificar o documento para saber se efetivamente se
trata de um título executivo
® Ou eu declaro algo perante uma entidade oficial que tem poderes para, no fundo, depois
a plasmar num documento ➭ conferindo-lhe autenticidade na declaração que eu
prestei.
® Ou eu trago perante aquela entidade um documento já com uma declaração de vontade
aposta e apenas, perante a parte que a proferiu, vou confirmar que esta quis declarar o
que está escrito no documento (trazido por si).
O que faz com que não seja título executivo ➭ um documento assinado por João que diz que
deve 1M€ ao Manuel, por força do empréstimo que este lhe fez há 6 meses atrás, este data e
assina, e depois vai reconhecer a assinatura a um notárioà isto é um documento particular com
uma assinatura reconhecida (não é nem um instrumento autêntico, nem autenticado).
20 Gabriela Pinto
Exemplo: Se eu tiver um documento elaborado por um particular que vai a um cartório notarial
ou advogado em que o João diz que deve muito dinheiro a Manuel que este último lhe foi
emprestando ao longo da sua vida, dato e assino, e depois levo para que o documento seja
autenticado.
É possível que este documento consubstancie um título executivo? Não, não tem os restantes
pressupostos especiais, ora, não basta ter a confirmação legal de documento autêntico, mas
terá que ter também inserido em si ➭uma obrigação que tenha de ser certa, líquida ou exigível.
São estas condições que vão permitir verificar se tenho um título executivo que me permita
avançar com uma ação executiva ou se tenho outro tipo de declaração de vontade que não
consubstancia essa possibilidade.
Exemplo: Uma declaração feita perante um notário / advogado em que alguém diz ➭ “Estou no
Estado civil de divorciada” Esta declaração não permite avançar para uma ação executiva, apesar
de ser um documento que até foi realmente confirmado por uma autoridade oficial e que desse
modo, em abstrato, se consubstancia num documento próprio típico a que podemos considerar
um título executivo à A verdade é que não configura essa qualidade
Outra nota relativamente aos títulos executivos que vêm referenciados no artigo 703º CPC ➭ A
aplicação da lei no tempo, naquilo que foram sendo os títulos executivos ao longo da nossa vida
processual em Portugal e efetivamente antes do Código de Processo Civil de 2013.
Antes do CPC de 2013, tínhamos como sendo possível, títulos executivos correspondentes a
documentos particulares, desde que neles estivesse consubstanciado uma obrigação pecuniária
ou de entrega de coisa, ou de prestação de facto assinada pelo devedor (aqui nem sequer era
necessário o reconhecimento da assinatura ou o documento ser autêntico / autenticado).
Apesar disto já não constar no artigo 703º, existe uma realidade que pode hoje ser utilizada à
luz do CPC anterior:
Imaginemos que eu tenho um documento particular de 2000 assinado pelo A, a dizer que A deve
10.000€ a B. Nunca foi utilizado o documento para nada, certo é que a certa altura A incumpre
total ou parcialmente.
Se demonstrar, objetivamente, que está perante um documento feito naquela data e caso
queira usar o documento como título executivo para se poder lançar mão de uma ação
executiva, poderá fazê-lo. Ora, só não será se se tratar de um documento falso.
21 Gabriela Pinto
A jurisprudência andou em desconformidade, uns consideravam que não havia um título
executivo e outros consideravam que havia. Até que foi fixada jurisprudência e aliás, foi
declarado inconstitucional à O entendimento de que um documento particular (realizado
aquando da vigência da lei anterior) fosse impedido de ser usado com esse fim.
Atualmente, temos esta certeza, porque há houve declaração com força obrigatória geral por
parte do Tribunal Constitucional (por força de mais de 3 decisões nesta matéria), por essa razão,
podemos ser confrontados com a existência de um documento particular que tenha sido obtido
à luz da lei anterior à E isso servirá como título executivo
Hoje, à luz do CPC não temos os documentos particulares como títulos executivos.
Artigo 703.º
(Espécies de títulos executivos)
1 - À execução apenas podem servir de base:
b) As sentenças condenatórias;
Não significa que não olhemos para uma sentença e vejamos que apesar de lá estar inserida uma
decisão que diz “António e Maria consideram-se divorciados e ao mesmo tempo condene o marido
a ter de pagar uma pensão de alimentos de 500€ por mês” por força da dissolução do casamento
correu por apenso naquele processo.
Eu não posso querer executar o divórcio propriamente dito, uma vez que pela mera decisão judicial
que decreta o divórcio já produz, naturalmente, os seus efeitos.
22 Gabriela Pinto
Mas...
Posso ter de ir atrás do património da ex-cônjuge mulher porque esta não paga a
pensão de alimentos na qual ficou condenada ➭ aqui já temos uma componente da
sentença condenatória. Uma sentença pode ter vários pedidos cumulados
Exemplo: Interponho uma ação declarativa para que seja declarado que o terreno é meu, porque
o outro diz que não é. A seguir que me reconheça a necessidade que tenho, uma vez que, tenho
um terreno encravado e necessito da constituição de uma servidão de passagem para aceder à
via pública e no fim que condene o meu vizinho que resolveu ter um portão com grades de 3m
fechadas com cadeado e eu não conseguia passar à Neste exemplo, eu tenho 3 pedidos
distintos para apreciar.
Artigo 703.º
Espécies de títulos executivos
à Quando estamos perante títulos de crédito, temos, então, uma divisão entre o título de
crédito propriamente dito (quando ele reúne todos os requisitos formais que a lei perspetiva),
estes títulos têm uma lei própria que os regula è A lei uniforme das letras e livranças e a lei
uniforme dos cheques.
Sendo detentora ou até possuidora de um título ao portador (sem designação do seu possuidor)
ou seja, estando na posse física do documento, apresentando a execução e verificados estes
requisitos dos quais, naturalmente, vão se salientar o preenchimento devido do título (com a
data de vencimento, a data de emissão, a ordem dada a “quem” à tem que ser alguém)
elaborado e apresentado à execução pelo menos, no prazo de 6 meses a contar da sua data de
emissão ➭ isto para as letras e para as livranças
23 Gabriela Pinto
Exemplo: Imaginemos um cheque emitido por A para pagar a B uma quantia à Em que A saca
uma ordem ao banco para que este pague a B uma quantia de 10000€. A não dirige o cheque
em nome de B (tem, no cheque, um sítio específico para lá colocarmos o nome da pessoa a
quem queremos fazer o pagamento com a ordem que damos ao banco para este proceder ao
pagamento).
Mas...
Não é necessário que coloque, no cheque, o nome de B à No sítio onde se diz: “Pague-se à
ordem a”, se A não colocar o nome de B, se este estiver na posse do cheque, quando for ao seu
banco leva este cheque, deposita e ele é depositado na sua conta.
Se B perdeu o cheque e se qualquer outra pessoa o encontrou, essa pessoa leva o cheque ao
seu banco e deposita-o
Agora, se depois A pode ir ou não contra essa pessoa exigir enriquecimento sem causa porque
não existia qualquer razão para A lhe ter dado aqueles 10000€ já se afigura uma situação
diferente. Mas a pessoa pode, efetivamente, depositar o cheque na conta dele uma vez que o
cheque é ao portador.
Se utilizar esses títulos de crédito como a lei exige, nos termos de preenchimento e nos termos
do tempo em que se apresentam estes títulos à execução ➭ nem preciso de dizer que este
cheque foi devolvido.
B vai poder proceder para uma execução à “Execute este título” - sem ter que dizer se foi
dinheiro emprestado, se foi para pagar uma mota que A lhe vendeu (o motivo é irrelevante)
® Quando já passou o prazo, por exemplo, tenho um cheque com 4 anos, uma letra com
5 à tenho-os na minha posse e fui confiando sempre que me iam pagar aquilo e agora
quero apresentar-me com este documento à execução.
O artigo diz que eu posso usá-los (aos títulos quando já não preenchem os requisitos)
como meros quirógrafos ➭ ele vale por si como título executivo, mas tem de ser
acompanhado de uma prévia alegação dos factos que estão na base da emissão daquele
documento
Agora sim, eu já tenho de fazer referência à relação subjacente
24 Gabriela Pinto
E faço logo no início do requerimento executivo, portanto, como preâmbulo
Quando morre o exequente ou morre o executado, previamente já sei que morreu, uma vez que
começo a execução, embora sabendo que tenho de cumprir a regra de que o título é que define
quem é parte legítima ativa ou passiva, por dizer:
® Apesar do título ser em nome de “B” como ele morreu... ➭ faço a habilitação logo
naquele momento prévio, momento em que deu entrada a execução.
O mesmo se passa aqui à Aqui diz “ainda que meros quirógrafos, desde que, neste caso” ou
seja, enquanto meros quirógrafos, constem do título esses factos indiciários da relação
subjacente ou se não constarem eu tenho que os alegar.
Æ Não é normal num cheque ao portador, onde depois passe o período para ele poder ser
apresentado sem a alegação da relação fundamental, estar escrito o porquê de se passar
o cheque àquela pessoa (a razão de ser do cheque).
Æ Por vezes nas letras está ➭ costuma dizer: “para pagamento da fatura número X de
fornecimento de tubos, por exemplo”. Porque as letras e as livranças são utilizadas em
relações comerciais. As letras enquanto, títulos de crédito puro, que pretendem ser
documentos que agilizam as relações comerciais, é normal haver uma referência, no
próprio documento, à relação subjacente
Se não estiver no documento a relação subjacente, a lei diz que deve ser alegada no
requerimento executivo.
Artigo 703.º
Espécies de títulos executivos
Neste caso, tem de ser o legislador a dizer, através de disposição especial (norma específica, que
diga que naquele caso, o documento é um título executivo) a atribuir força executiva aos
documentos.
Exemplo mais comum: As atas de condomínio. Porém, nem todas as atas de condomínio podem
ser títulos executivos:
São títulos executivos as atas de condomínio nas quais, se
determine e se decida, que é conforme a existência de uma
divida de um determinado condómino quanto às quotas que ele
tem de pagar mensalmente ao condomínio pelas partes
comuns.
Tem de haver na ordem de trabalhos, a indicação de que
se vai discutir as quantias que estão em divida àquela data
pelos condóminos ➭ a título de quotas de condomínio ou a
título de quotas extraordinárias de participação, por
exemplo, em obras extraordinárias.
Æ Tem de estar identificado quem é o condómino;
Æ Qual é que é a quantia;
Æ Depois disso, tem de ser deliberado, e a ata tem de
25 estar válida (formalizada de acordoGabriela
com aPinto
lei)
A partir daqui, com esta ata, porque a lei o diz no DL Nº268º/94, de 25 de Outubro, constitui-se
um título executivo.
Atencao: Existe uma alteração relativamente à lei da propriedade horizontal, alterada em 2022,
de maneira a incluir também naquilo que pode ser à execução por força de uma ata de condomínio
➭ as penalizações constantes de regulamentos de condomínio, e honorários devidos, também
previstos nos regulamentos de condomínio
Era uma dúvida que os tribunais iam criando nas suas
decisões, quando entendiam que apenas podia ser título
executivo uma ata que se referisse às quotas de
condomínio não pagas.
Atencao: É necessário fazer remissões dos exemplos que estão no livro para o artigo 703º.
Artigo 704.º
(Requisitos da exequibilidade da sentença)
1 - A sentença só constitui título executivo depois do trânsito em julgado, salvo se o recurso
contra ela interposto tiver efeito meramente devolutivo.
Na 2ª parte deste nº1, eu posso estar perante um título executivo de uma sentença que não
tenha transitado em julgado caso esta tenha efeito meramente devolutivo.
26 Gabriela Pinto
A contrario, apesar de não ter transitado em julgado a sentença, ainda assim está perante um
título executivo ➭ esta é a ilação e conclusão da leitura deste número 1
2. Tem de estar a decisão à partida, esta é a regra, transitada em julgado. Uma decisão
transitada em julgado é aquela que já não admite recurso ou reclamação ➭ Esta noção
de trânsito em julgado não sofre exceções, o que sofre exceções são as regras que fazem
depender a prática de um ato, do eventual trânsito em julgado ou não de uma decisão.
3. Eu tenho ainda a exceção a esta regra, quando recorro da decisão e esse recurso tem
efeito meramente devolutivo. O devolutivo opõe-se ao suspensivo e como o nome indica
por suspensivo ➭ suspendem-se os efeitos da decisão, entre eles a possibilidade de
executar a mesma. No devolutivo não se impede a possibilidade de executar a sentença,
ou seja, interposto o recurso, posso ainda assim avançar para a ação executiva.
A espécie de título vai ser muito relevante para regras procedimentais da dinâmica do processo
executivo, desde logo o legislador faz uma separação:
Estes pressupostos são retirados e verificados, sejam eles gerais ou especiais perante o título,
que é onde vamos determinar tudo na ação executiva
Æ Quando avançamos para a ação executiva, não sabemos tudo acerca dos executados,
nem podemos saber devido á questão da proteção de dados. O agente de execução vem
informar ao processo de que o executado morreu antes de interdita a ação executiva,
neste caso a professora (foi uma situação da vida real dela, enquanto advogada) não
sabia que o executado estava morto.
27 Gabriela Pinto
O que é que vai acontecer?
O agente de execução comunica e é uma das questões que tem de ser levada a conhecimento
do juiz...
Mesmo que estejamos perante uma ação executiva que não comece com despacho liminar
(processo sumário) neste caso tem de ir ao juiz ➭ o juiz indeferiu liminarmente esta execução,
porque pelo que consta do título a pessoa já não é viva, e como não houve qualquer
habilitação feita previamente à A execução não pode versar contra um morto
Portanto, aquilo que são as consequências da não verificação dos pressupostos, onde tenho de
os (pressupostos) encontrar também, na ação executiva, serão as mesmas?
Tenho de ver primeiro se tem título, tenho de ter a verificação dos pressupostos gerais
Temos de saber o que é que acontece quando os pressupostos especiais não se verificam, como
também tem de se saber o que é que acontece quando os pressupostos gerais não se verificam.
28 Gabriela Pinto
• Não basta identificar o que é que não está verificado, tem de se ir mais além e dizer qual
a consequência.
Se estivermos perante um problema de incompetência territorial na ação
executiva ➭ a consequência vai ser a mesma da incompetência em razão do
território na ação declarativa: Que é a remessa para o tribunal competente.
Nota: Não podemos aplicar artigos que estão previstos para a ação declarativa, quando há
artigos específicos para ação executiva.
Se ando à procura das consequências da incompetência de um tribunal, com certeza que não
posso ter a dúvida sobre se a ação executiva corre ao nível declarativo ou a nível executivo à
Será com certeza ao nível executivo
O artigo 550º do CPC vai determinar entre outras coisas, a forma de processo.
o Dependendo do título.
Resulta desse artigo (550º) que a regra geral ➭ É que o processo siga a forma ordinária. E depois
também vimos que no nº3 estão previstas as hipóteses que excluem a forma do processo
sumário se verificadas essas condições obrigatórias.
Portanto, quando estou perante uma decisão judicial, proferida num juízo local cível, para o
qual foi distribuído numa injunção à qual foi deduzida oposição pelo requerido ➭ E o processo
foi para a distribuição como manda a lei, e na distribuição foi parar ao juízo da instância local
cível, e depois o requerido foi condenado.
Temos de saber em que tribunal é que vai correr a
execução desta decisão. atendendo a que o condenado
não pagou a dívida.
29 Gabriela Pinto
ü Os artigos 85º a 90º são específicos para a ação executiva.
É que resulta desta secção V, sobre a competência dos tribunais para tramitar as ações
executivas, onde estas podem, no fundo, agrupar-se em 2 conjuntos de realidades:
Æ Uma, por exclusão de partes, é o artigo 89º ➭ Que é o que representa o critério que
temos de observar quando a execução é baseada em título que não uma decisão, seja
ela judicial ou arbitral.
Æ E depois temos artigos específicos para a execução baseada em decisões, sejam elas
judiciais ou arbitrais. A maior dificuldade por vezes, é precisamente a dos títulos
judiciais.
Quando fazemos uma leitura do artigo 85º, que é o mais importante e aquele a que mais
facilmente se recorre.
O percurso que se deve fazer quando há uma decisão condenatória
proferida (é a única pode ser com título executivo) que vai ser a base de
uma execução, a regra diz-nos que ➭ Essas execuções proferidas por
tribunais portugueses, correm no próprio juízo que proferiu a decisão
A não ser que haja algum juízo de competência
especializada para tramitar execuções
E para além disto a não ser que os tribunais e os
juízes onde foi proferida aquela decisão, tenham
competências próprias para executar as suas
próprias decisões
30 Gabriela Pinto
É isto que resulta da leitura que nós fazemos da remissão, que aqui é feita no nº2 do 85º Código
de Processo Civil.
ü Neste âmbito temos os juízos cíveis, depois em razão do valor pode ser local ou central;
ü Temos ainda os juízos de família e menores;
ü Os juízos de comércio;
ü Os juízos do trabalho;
ü Os juízos criminais;
ü E ainda os juízos de execução;
Como é que eu compatibilizo uma decisão proferida, numa fase declarativa nestes tribunais de
competência especializada em razão da matéria, com existência de um juízo, ele próprio
contendo em razão da matéria só para executar?
à São tribunais especializados em executar, portanto, têm isto de diferente em relação a todos
os outros tribunais em relação da matéria ➭ Todos eles tramitam processos na fase declarativa,
que vão culminar numa decisão final que pode ser condenatória e logo teremos um título
executivo nestes casos em concreto e não nos outros.
E então como é que sei onde vou executar uma decisão condenatória, num destes tribunais,
quando existem juízes de execução?
à Uma coisa é apresentar o requerimento inicial da execução, outra coisa é onde se tramita,
ou seja, onde vai decorrer o processo executivo propriamente dito, a lei também diz o que é que
acontece: “É apresentado no processo em que aquela foi proferida, correndo a execução nos
próprios autos, e sendo tramitado de forma autónoma.”
Esta parte do artigo parece-nos dizer que, sendo declarado que o réu é condenado a pagar
10 000€ num juízo cível ➭ É lá que entra o requerimento e é lá que vai correr nos próprios autos
tramitado de forma autónoma, a execução.
Temos que agora compatibilizar o que acabámos de ler, com o nº2 desse artigo 85º ➭ “Que
quando nos termos da LOSJ, seja competente para a execução, um juízo especializado execução,
deve ser remetido a este com carácter de urgência, cópia da sentença, do requerimento que deu
início à execução e dos documentos que o acompanham.”
Indo outra vez a esta 1º parte do nº2 do artigo 85º, sendo que, a LOSJ assim o diz também ➭
Há determinados tribunais de competência especializada, que podem executar as suas próprias
decisões. Exemplo: Os juízos de trabalho, ou os juízos de família e menores.
Concluindo:
Se tiver um título executivo que resulte de uma decisão condenatória, eu tenho de ir verificar
por articulação deste artigo 85º com a LOSJ:
Afastando, portanto, a remessa (que este nº2 refere) para um juízo de execução. Se não for à
então sei, que vou ter de dar entrada ao requerimento na ação onde foi proferida a decisão,
mas este requerimento tem de ser remetido para ser tramitado num juízo de execução.
E, portanto, se isto não se verificar, e se tivermos um caso prático onde foi condenada a Maria
no juízo central cível do Porto (“juiz 3”) a pagar 60 000 EUR ao réu, não pagou e agora a ação
executiva está a correr naquele juízo de instância central cível, quid iuris?
Isto só é assim, e aplicando integralmente o nº1 do artigo 85º, se na comarca onde foi proferida
a decisão condenatória que se quer executar, não houver instalado um juízo de execução.
Æ Não havendo instalado um juízo de execução (temos de ir sempre ver à LOSJ aos mapas)
para perceber se naquela região/município tem, por exemplo, um determinado juízo de
competência especializada ao qual eu me posso dirigir, seja para as execuções seja para
outras coisas.
As consequências da não verificação são as mesmas ➭ Mesmo em relação à não verificação dos
outros pressupostos.
! Atencao !
O patrocínio judiciário quando é obrigatório na execução por parte do lado passivo à Há a
consequência da absolvição do executado da instância?
Claro que não ➭ Se o patrocínio é obrigatório numa ação executiva, numa intervenção que o
executado queira fazer no processo, tenho de querer intervir para ser exigido a verificação do
pressuposto do patrocínio
Tenho de perceber que, se ele tinha de estar patrocinado e não está ➭
aquilo que ele quis que tivesse dado entrada no processo, deixa de dar
entrada, esta é a consequência.
Porém ele tem de ter a possibilidade de suprir, pois é suprível a falta de
patrocínio judiciário quando ele é obrigatório, mas dando a oportunidade
de suprir, se ele não o fizer à Aguenta com as consequências processuais
32 Gabriela Pinto
❀ Temos de adaptar o que antes era autor e réu, para agora ser exequente e executado.
Se estivermos perante um título executivo (estes têm de ter determinados requisitos) que não
uma sentença, então tenho o artigo 89º a funcionar aqui para determinar qual o tribunal
competente.
O artigo 89º/nº1 é claro: “salvos os casos especiais previstos noutras disposições (todos os
anteriores ao artigo 89º são especiais), é competente para a execução o tribunal do domicílio
do executado (estamos a falar aqui territorialmente, porque hierarquicamente os tribunais
de primeiro acesso, são os tribunais de 1º instancia), podendo o exequente optar pelo tribunal
do lugar em que a obrigação deva ser cumprida quando o executado seja pessoa coletiva ou
quando, situando-se o domicílio do exequente na área metropolitana de Lisboa ou do Porto, o
executado tenha domicílio na mesma área metropolitana”
No nº1 do artigo 89º, existe uma subdivisão de critérios, no nº2 temos ➭ O caso específico de
haver uma execução para entrega de coisa certa, ou uma dívida com garantia real.
Porque é que nas ações para entrega de coisa certa ou para eu executar já um bem que foi dado
em garantia, o tribunal competente é onde o bem está?
Æ Porque as diligências físicas da apreensão do bem, seja para entregar a quem estava
obrigado, seja para penhorar um bem que está onerado, devem correr o mais próximo
possível onde a coisa está.
Voltando ao nº1, este tem 2 vertentes: “Salvos os casos especiais previstos noutras disposições,
é competente para a execução o tribunal do domicílio do executado ➭ Esta é a regra geral.
“...podendo o exequente optar (aqui vamos ter duas opções) pelo tribunal do lugar em que a
obrigação deva ser cumprida quando o executado seja pessoa coletiva ou quando, situando-se o
domicílio do exequente na área metropolitana de Lisboa ou do Porto, o executado tenha domicílio
na mesma área metropolitana.”
à Se fosse no domicílio do devedor, não fazia sentido nenhum haver esta opção, para o
exequente poder escolher no domicílio do executado ou no domicílio do devedor da execução,
era a mesma coisa.
33 Gabriela Pinto
➭ Aqui estamos a falar de pessoas singulares, pode escolher o tribunal onde quer
avançar com a ação executiva, desde que residam na mesma área metropolitana, seja
ela a do Porto ou a de Lisboa.
A grande distinção entre a opção (que é imposta pelo legislador, ou seja, não está dependente
da vontade das partes) do legislador em permitir que o processo não seja ordinário e seja
sumário, está dependente, desde logo, do tipo de título, e por outro lado, do valor desse título
executivo (artigo 550º CPC).
A forma de processo comum, ordinário e sumário, está previsto no artigo 550º, sendo que, o
legislador sentiu a necessidade de justificar quais são as situações em que temos de prosseguir
a forma de processo sumário
Nas duas situações (processo ordinário e sumário) vamos ter de ter a entrada da ação através
de um requerimento inicial:
Naturalmente, sabemos que o facto de termos um título executivo que a lei determina como
tal, nos facilita e nos retira, por vezes, a necessidade de termos de falar, necessariamente, da
causa de pedir que está subjacente ao título...
Porque o legislador diz “eu posso executar, desde que tenha um título, à luz da lei, para o
fazer”, ou seja, um documento ➭ A partir daí, com base nesse documento, desde que dele
conste aquilo que o faz ser um título executivo, não será necessário explicar mais nada
É por isso que estamos numa ação executiva e não numa ação declarativa.
34 Gabriela Pinto
a) Tem de identificar as partes;
b) Tem de estar dirigido ao tribunal;
c) Tem de ter valor;
d) Tem de ter o pedido que se vai fazer, no sentido de:
ö “Penhore-se” (se for para pagamento de quantia certa)
ö “Apreenda-se a coisa e entrega-ma” (se for para entrega de coisa)
ö “Faça-se a interpelação para o cumprimento e/ou alternativamente puder ser feita
através de um terceiro” (se for para prestação de facto).
Portanto, tudo isto acontece também nas ações executivas, claro que, adaptado àquilo que é
a realidade de uma ação executiva
Nas situações em que assim não seja, e em que vá, diretamente, para um juízo executivo,
naturalmente, também vai sobre a forma de um requerimento inicial.
A questao e:
A perceção que ficamos da ação declarativa, é que a regra é ➭ Não há despacho liminar.
No processo ordinário, enquanto processo mais completo e mais extenso no âmbito de toda a
sua regulamentação à O requerimento inicial vai ao juiz.
Portanto...
Primeiramente entra o requerimento, depois vai ao juiz para ele proferir um despacho liminar
que pode ter diferentes conteúdos:
35 Gabriela Pinto
Uma nota importante relativamente ao que acontece, na fase seguinte, relativamente a esta
forma de processo:
Imaginemos o tal requerimento executivo, que dá entrada num juízo local cível do Porto para
executar uma sentença. Faz-se o requerimento executivo, que vai ter de ser remetido pela
secretaria para o juízo de execução, sendo que, a maioria das situações são que estes títulos
seguem a forma sumária, mas há exceções a isto...
Se não seguir a forma sumária, vai significar que o executado tem de ser, neste caso,
notificado porque já foi conhecedor da ação declarativa prévia, e não propriamente
citado.
Se o título for extrajudicial, nunca houve um ato praticado numa ação declarativa prévia,
que tivesse sido levado ao conhecimento deste executado, então nós temos a figura da
citação.
Temos de verificar e não dar por assente, automaticamente, que todas as sentenças ou decisões
condenatórias, são necessariamente títulos executivos que seguem a forma sumária ➭ podem
não seguir a forma sumária.
Basta imaginar uma sentença que condena uma parte líquida, e, condena outra parte a liquidar
(ou seja, que ainda não se encontra líquida) posteriormente danos que ainda decorrem de uma
indemnização num processo, de um acidente de viação, por exemplo, em que já há condenação
➭ Contudo, ainda há danos que sabe que se vão produzir e que vão ter de ser liquidados.
Exemplo: Imaginemos que alguém sofre um acidente e a ação entra em tribunal, decorre a ação
declarativa, com todos os seus formalismos e fases necessárias, até chegar a uma fase de uma
sentença final. Vamos imaginar que estamos perante uma ação contra uma companhia de
seguros, para a qual tinha sido transmitida responsabilidade civil, por exemplo, da condução de
viatura de automóveis, que é obrigatória.
➭ Na sentença final fica efetivamente determinado que a companhia ficava condenada a pagar
15 mil euros, desde logo, já apurados, enquanto danos patrimoniais e morais ao autor, e
atendendo a que o autor iria ter de ser submetido, a mais 3 operações estéticas para corrigir o
dano físico sofrido com o acidente, tais valores depois seriam a apurar após a realização dessas
mesmas cirurgias.
36 Gabriela Pinto
Se depois da sentença, que condenou a companhia a pagar 15 mil euros, e o valor que se apurar
dos danos sofridos com a recuperação e com as cirurgias que o autor terá de fazer à Como é
que iremos saber o que executar à seguradora?
Precisamente o que a lei determina é que as diligências iniciais na ação executiva terão de ser,
no sentido de tornar líquida a obrigação.
O que acontece aqui é que temos uma parte da decisão que já é exequível, e outra que não o
é, porque não é líquida ➭ apesar dos danos, entretanto, já puderem ter ocorrido, há que
determinar qual é o montante.
Não pode ser o credor a dizer que são 100 mil euros sem qualquer justificação, e o executado
ter de se sujeitar a isso.
Nestas situações, em que é necessário tornar líquida a obrigação ➭ É preciso despoletar no início
do requerimento inicial/ executivo, um momento declarativo para a determinação deste valor
Que resulta de uma condenação objetiva da seguradora em pagar aqueles danos, mas que
àquela data, não se sabiam ainda em quanto se consubstanciavam esses danos. Irá ter de
se determinar os danos agora na ação ➭ e vai ser exercido o contraditório.
Nota: Neste caso é um exemplo de uma necessidade em tornar a obrigação líquida, mas podia
ser para a tornar em certa ou exigível.
O executado tem de ser conhecedor destes valores à Tem de ser chamado a exercer o
contraditório porque aí poderá dizer, por exemplo: “não, que a pessoa aproveitou para meter
uns silicones, e quanto a isso, nós não temos nada haver, então, não vamos pagar essa operação”
ou até dizer que o “valor é exagerado”, fundamentando.
Este nº3 dita-nos algumas exceções, por exemplo, o que à pouco referimos da alínea b) do nº3,
que diz que “não é, porém, aplicável a forma sumária, quando a obrigação exequenda careça de
ser liquidada na fase executiva e a liquidação não dependa de simples cálculo aritmético”
➭ Aquilo que vamos querer apurar enquanto valor líquido, para ser objeto de execução, no caso
das operações, não é uma mera soma aritmética.
Exemplo de uma soma aritmética em que isto já não é exceção ao número 3: Imaginando que A
foi condenado em 2019, a pagar uma determinada quantia, entretanto, teve sempre a tentar
evitar a ação executiva por causa dos custos com o agente de execução, etc., então andou atrás
do executado para ver se ele pagava, mas ele não pagou.
Estamos em 2022, quase 2023, e agora A quer avançar com a ação executiva, e este executado
é obrigado a pagar ao A, o capital e os juros que se venceram, e esses juros não são iguais aos
que seriam à data em que o executado foi condenado, portanto, temos de fazer soma
aritmética ➭ uma multiplicação, uma aplicação da taxa de juro.
Æ Portanto, esta não precisa de ser uma exceção à regra da ação sumária,
porque aqui a liquidez obtém-se e alcança-se por simples cálculo
aritmético.
O legislador faz, então, a ressalva que nos casos do nº3 onde não podemos avançar desde logo,
para a forma sumária...
Porquê?
Porque é extremamente intrusivo começar uma ação executiva, atacando, logo, o património do
devedor.
38 Gabriela Pinto
Vamos imaginar...
Uma ação executiva, com base numa sentença condenatória, que não sofre nenhuma das
limitações do número 3, e onde no local em causa existem juízos de execução, e, o executado
que foi réu, está farto de saber que foi condenado.
Æ Ora, se alguém que tem um cheque contra outro, ou tem uma letra, pode se esquecer
que passou a letra.
à Mas no caso da condenação, não faz muito sentido que se esqueça que foi condenado, uma
vez que já houve a oportunidade do contraditório, e do princípio da defesa do réu.
• Há momentos que vão ser comuns às duas formas de processo, o que é diferente é esta
parte inicial à Que é saber o que é que acontece em primeiro lugar
Quando olhamos para o nosso CPC, na ação executiva, também temos algumas disposições
importantes no título II quando falamos, por exemplo, no artigo 713º CPC (é por aqui que se
percebe que a execução principia pelas diligências a requerer pelo exequente destinadas a tornar
a obrigação certa, líquida e exigível).
E aquele exemplo, anteriormente referido, de podermos ou não seguir a forma sumária quando
temos ainda de determinar a liquidez da obrigação exequenda ➭ temos plasmado neste artigo
713º Código de Processo Civil.
39 Gabriela Pinto
Portanto, porque temos de obter essa liquidez, certeza e exigibilidade ➭ o legislador prevê aqui,
exatamente na lei, que o requerimento inicial tem de começar, se for necessário, por essas
diligências para tornar a obrigação certa, líquida e exigível.
Artigo 714º CPC e ss. à Estão aqui elencadas as regras de como é que se tramita quando,
por exemplo, se não for uma questão de liquidez, e for uma questão de escolha de prestação,
como é que isto se faz.
Todas estas realidades, nestes artigos, contendem com a necessidade que temos de
avançar para a execução ➭ só depois de estar certa, líquida e exigível a obrigação, e
de ter o título executivo
Apesar da cumulação de pedidos não ser novidade ➭ Aqui temos contornos diferentes, na
medida em que, apenas, o que eu peço na ação são medidas coativas/ coercivas para a
realização de um direito, mas...
Que podem ter vários títulos executivos na sua origem, e que eu vou cumuladamente
utilizar na demanda contra o executado, e por isso, vou aqui também ter algumas
regras que me dizem o que faço quando cúmulo, por exemplo, execuções baseadas em
títulos diferentes.
40 Gabriela Pinto
Æ Os títulos são diferentes.
Se isto tiver algum impacto, nomeadamente, quanto à forma de processo, as regras estão
definidas no artigo 709º/5 ➭ De como podemos resolver o problema.
Temos aqui as alternativas que o legislador deu à cumulação de vários títulos, criando, portanto,
soluções práticas para que não se fique na dúvida se tivermos dois títulos diferentes à E
podemos fazer isso tudo em relação ao mesmo devedor.
Aqui percebemos, para além do que já falamos acerca dos requisitos da obrigação exequenda,
que há uma repartição de competências que vem aqui espelhada, desde logo, com a
determinação das competências do agente de execução, no artigo 719º CPC.
Este nº1, deste preceito legal, explica aquilo que é a realidade da distribuição de competências
por estes intervenientes processuais.
Na ação executiva será um quadrado: Agente de execução, Partes, Juiz (podemos ter ou não) e
temos também a secretaria judicial ➭ O que faz questionar quem é que faz o quê ou que
competências tem todos estes intervenientes judiciais na ação executiva:
Cabendo a este as diligencias que não sejam da secretaria ou da competência do juiz (exclusão
das partes)
Temos de verificar o que faz o juiz, o que faz a secretaria, ficando o resto para o
agente de execução.
41 Gabriela Pinto
O agente de execução é uma figura obrigatória na ação executiva, regra geral (157º
Código de Processo Civil).
Quando há incidentes declarativos na ação executiva (como aquele para liquidar os danos das
cirurgias) é a secretaria que irá tramitar isso, como faria na ação declarativa.
No artigo 619º/4 CPC vem uma incumbência para a secretaria notificar oficiosamente o
agente de execução quando há a dedução destes incidentes declarativos.
Quando se exerce o contraditório sobre a forma destes incidentes, a parte que os suscita fá-los
através do Citius e não diretamente ao agente de execução ➭ Daí que, depois, a secretaria
tenha de avisar o agente de execução sobre tal.
Exemplo: Estamos na fase da penhora e o executado vê um bem executado que não poderia ser
alvo de penhora...
É um incidente declarativo
de oposição à penhora
Que vai decorrer por apenso, mas
que tem contornos declarativos
Não há novidade no que diz respeito às consequências processuais pela falta de verificação
dos pressupostos à já conhecemos da ação declarativa.
O que há de diferente relaciona-se com os critérios para aferir (ou não) a verificação desses
pressupostos.
42 Gabriela Pinto
Consequências processuais na falta de verificação dos pressupostos
Por exemplo, se estivermos perante uma exceção dilatória teremos de saber se é conhecimento
oficioso ou não.
Nós sabemos que só no fim da ação declarativa, só no fim dos articulados (por regra) é que o
juiz toma conhecimento do processo e vai aferir, por sua iniciativa própria (se ninguém levantar
nenhuma questão) se estão verificados ou não os pressupostos.
2. Não havendo despacho liminar, ou seja, estando perante uma ação executiva para
pagamento de quantia certa que segue a forma sumária, então...
Será que é a secretaria que pode aferir a competência dos tribunais? à Não pode, tal como
não podia em declarativo, aqui também não pode.
Os poderes da secretaria são aqueles que estão previstos na lei e não outros
Veremos se isto está distribuído pelas outras figuras (que não são as partes)
O juiz e o agente de execução, será que eles são concorrentes nesta análise da verificação dos
pressupostos ou não? à temos de ver o que a lei diz
Mas depois temos outras questões que podem ser suscitadas quando não há despacho liminar,
significa que vão ser suscitadas perante o agente de execução e não perante o juiz.
O artigo 719º CC faz uma referência genérica que depois remete à secretaria no nº3, para além
do que possa estar aqui especificamente determinado sobre o que é que a secretaria pode fazer,
temos de relembrar sempre o artigo 157º que diz o que é que a secretaria pode fazer, portanto,
a contrario à não pode fazer tudo o resto.
43 Gabriela Pinto
Exemplo: Não pode andar a aferir os pressupostos processuais.
O agente de execução faz tudo aquilo que não seja atribuído à secretaria, ou que seja da
competência do juiz
Se da competência do juiz é proferido o que aqui está no artigo 723º, então, quer dizer que o
agente de execução, se calhar, lhe pode levantar questões sobre verificação dos pressupostos
processuais (723º/d).
É importante distinguir porque quando vamos ao processo sumário na ação executiva que está
reduzido a seis artigos. O processo ordinário estava na outra parte do livro do capítulo I que
engloba tudo. Isto não significa que no processo sumário não haja penhora, pagamento, regras
sobre os bens penhoráveis, etc., o que há é uma remissão do processo sumário depois para as
regras que estão no processo ordinário
O artigo 855º/2 faz-nos perceber bem aquilo que é a conjugação das competências, sobre o
que é que faz ou não faz o agente de execução.
Quando temos uma ação que corre num tribunal, mas não é o juiz o primeiro a entrar em
contacto com o processo, aí fica a dúvida de como é que isto se passa.
E, portanto, verificamos que este artigo 855º/2 nos ajuda a perceber o que é que o agente de
execução faz quando é ele o primeiro que recebe a ação executiva, e não vai ao juiz (e ele pode
nunca ir ao juiz).
O artigo 855º/2, diz ainda que cabe ao agente de execução recusar o requerimento, aplicando
com as necessárias adaptações, o preceituado no artigo 725º.
Temos aqui normas remissivas porque o artigo 855º/2 remete para o artigo 725º que está
na fase introdutória do processo ordinário, e diz o que é que pode acontecer.
E depois, o que é que temos? àTemos regras que dizem que se entrar com requerimento
numa ação, que entrando na secretaria, a seguir vai para o juiz, eu tenho umas competências
prévias da secretaria para filtrar algumas questões que se possam levantar sem ter de ir parar
às mãos do juiz antes disso.
44 Gabriela Pinto
Mas...
Se eu tiver uma forma do processo em que não é o juiz (logo a seguir a entrar na secretaria) que
vê o processo, embora possa ter passado pela secretaria propriamente dita, é o agente de
execução que vai filtrar essas questões, vai ter essa função, vai ter essas competências.
Este artigo 855º/2 também diz que o agente de execução vai suscitar a intervenção do juiz.
Portanto, o agente de execução, no fundo, é um fiscal porque o processo não vai ao juiz em
primeira mão, primeiro vai para ele, vai suscitar a intervenção do juiz nos termos do disposto
na alínea d) do n.º 1 do artigo 723º, portanto, ele suscita perante o juiz alguma das questões
que possam ser objeto da competência do juiz nos termos do artigo 723º.
Este artigo diz ainda que, para além de nos termos do disposto na alínea d) do n1 do artigo
723º, quando se lhe afigure provável a ocorrência de alguma das situações previstas nos nºs 2
e 4 do artigo 726º, ou quando duvide da verificação dos pressupostos de aplicação da forma
sumária.
O artigo 550º refere quando é que segue a forma de processo ordinária ou sumária, há quatro
casos taxativos em que pode ser sob a forma sumária, e o n3
Artigo 726º/ 2 e 4
Fala sobre a questão das exceções dilatórias, da inexistência do título, que são por natureza
questões que associamos a que o juiz é que toma conhecimento, nos termos do artigo 855º,
porque ele é o primeiro a aferir isto.
Qual é a diferença?
É que ele não decide se se verificam ou não as exceções dilatórias, ele suscita ao juiz a
apreciação.
Sim
Mais cedo ou mais tarde, pode ser preciso fazer intervir do juiz, mesmo na forma sumária, em
que vai primeiro ao agente de execução, pode vir a remeter ao juiz.
No ordinário vai sempre primeiro ao juiz porque em regra fala-se em títulos não judiciais, ou
títulos de forma não judicial, onde nunca houve um escrutínio judicial feito pelo juiz.
45 Gabriela Pinto
É mais normal que comecemos uma ação que vai correr em tribunal atacando logo o património
de uma pessoa, que é a coisa mais coerciva que podemos imaginar no direito.
Primeiro, nestes casos, avisa-se a pessoa para pagar e, se a pessoa não pagar é que passamos
para a penhora, mas a pessoa tem essa possibilidade.
Quando temos um título executivo que foi uma sentença, a pessoa já lá andou, já sabe o que é
que a espera, portanto neste caso, é mais normal que não haja surpresa, e por isso, começa-se
logo por atacar o património.
É esta lógica que não muda a forma do processo, mas há uma intervenção que quando for
necessária ele tem de intervir porque só o juiz é que pode decidir de direito e mesmo naqueles
outros incidentes como o caso de tornar a obrigação certa, para escolher uma obrigação
alternativa à também tem de ser o juiz depois a dar o seu contributo enquanto órgão de
soberania judicial.
O despacho liminar surge quando o juiz tem contacto com a peça processual pela primeira vez,
sendo que, nas ações executivas de pagamento de quantia certa sobre forma de processo
ordinário, que normalmente admite despacho liminar, o conteúdo do despacho liminar pode
ser:
1. Quando estamos a falar em ação executiva para pagamento de quantia certa sob a forma
de processo ordinário, que por natureza, tem despacho liminar.
Ele pode dizer que está tudo certo e, por isso, cita o executado para pagar ou para nomear bens
à penhora.
Quem é que vai citar o executado?
O agente de execução, que já tem de estar indicado, nomeado, designado aquando da entrada
da ação executiva.
Não é possível termos uma ação executiva a correr sem associarmos um agente de execução
46 Gabriela Pinto
Artigo 724º/1º alínea j) CPC:
Portanto, porque não é uma sentença judicial, eu tenho obrigatoriamente, à partida, de ter o
juiz primeiro a ver o processo, a mandar citar o executado, a dar-lhe o tempo dele, nomear os
bens do património, etc. à nesse tempo fico sem a minha garantia patrimonial.
Estas ações que correm sob esta forma de processo, normalmente têm a ver com títulos
extrajudiciais, pode haver a necessidade de fazer funcionar aqui quase como que uma
providência cautelar, quase como um momento de urgência, em previamente levar ao
conhecimento do executado, posso requerer que se faça um sistema similar ao da ação sumária
Podemos estar a executar um título de crédito (letra ou cheque) e o nº5 deste artigo
refere expressamente a necessidade aqui de juntar, seja em papel ou não, o título
executivo à fazê-lo chegar em título original à ação executiva.
! Importante !
Não confundir o nº4 com o nº5 à porquanto o nº4 se refere à necessidade dessa junção
do título original, nos casos em que a entrega do requerimento for em suporte papel.
47 Gabriela Pinto
Ainda que o Citius seja a plataforma virtual, não podemos esquecer (até porque há
regras processuais que estão dependentes da prática do ato através do advogado ou
através da parte) que podemos ter, na mesma, atos praticados em suporte de papel,
nomeadamente e desde logo quando o patrocínio judicial não é obrigatório
No caso específico do nº5, este artigo ultrapassa esta questão de ser ou não a parte a
fazer entrega do requerimento inicial / prática dos atos à é obrigatório juntar o título
executivo, independentemente de ser a parte.
Porquê?
® Muitas vezes os títulos podem ser ao portador, podem não estar nominados e, portanto,
isto significa que se eu tiver um cheque e o apresentar digitalizado e o cheque apenas
estiver a dar a ordem ao banco para pagar aquele que for portador do documento;
® Chego ao banco e na parte onde diz “à ordem de...” posso não por nada e então, quem
tiver na posse daquele cheque chega ao banco e levanta o dinheiro que ele representa;
® Ora, isto numa ação executiva poderia significar que eu poderia fazer tantas ações
executivas quantas as fotocopias que eu tirasse de um cheque ao portador;
Inaptamente o título não está nominado e, sem esta limitação poderia suscitar que o
mesmo cheque fosse utilizado em diversas frentes
A dispensa de citação prévia funciona aqui com este caráter procedimental urgente –
tal qual como a providência cautelar, na medida em que eu vou alegar que tenho receio
de que seja dissipado o património, então o senhor Juiz deve dispensar a citação prévia
e, portanto, evitar essa dissipação.
Isto não impede que durante uma ação executiva, eu não tenha necessidade de, por
razões várias, deitar mão de um procedimento cautelar.
Como e Porquê?
A ação executiva não é um processo urgente e, por isso, não se praticam atos durante
o período de férias judiciais (16 julho ao 31 de agosto), o que significa que durante este
mês e meio, não são praticados quaisquer atos na ação executiva. Durante este período,
eu posso ter conhecimento de que está para ser alienado um determinado bem que eu
iria nomear à penhora.
48 Gabriela Pinto
Tendo em conta esta paragem relativa às férias processuais, posso ter todo o interesse
em avançar com o Procedimento Cautelar, de modo a garantir na ação executiva a
penhora daquele bem.
Evidentemente neste artigo 727º não basta pedir a dispensa da citação ➭ esta tem
de ser requerida com fundamento e depois vai haver um ajuizamento por parte do juiz
para decidir se este pedido é ou não procedente ➭ aferindo se este pode ser concedido
ao exequente.
Quando a citação é dispensada, é fácil perceber que vai ser aplicado nos termos do
727º/4 (norma remissiva) o regime estabelecido nos 856º e 858º que são normas que
determinam o processo sumário que dispensa a citação prévia e começa logo com o
ataque ao património do executado.
Enquadramento Legal:
Este capítulo está subdividido numa secção introdutória, depois temos uma secção de
oposição à execução. Depois se virmos a secção seguinte temos a penhora com várias
subdivisões. E depois vamos para a secção IV sobre citação e concurso de credores ➭
segue-se depois outra secção sobre o pagamento.
49 Gabriela Pinto
Forma de Oposição à Penhora
– Forma de o executado exercer o seu contraditório
O executado (parte passiva desta relação processual) tem de exercer contraditório, seja
no momento inicial na ação ordinária, ou na ação sumária onde a coisa muda de figura.
Ou seja...
A oposição à execução é uma forma de defesa do executado através do exercício do
contraditório que tem um momento para ser invocado e exercido processualmente ➭
também aqui funciona o princípio da preclusão
50 Gabriela Pinto
Esta oposição faz-se de que forma?
Artigos 728º e seguintes
Chama-se ao ato processual onde se consubstancia esta oposição à execução ➭
oposição mediante embargos de executado
Artigo 728º nº1 ➭ esta oposição à execução tem um prazo a contar da citação.
Conjugando isto com a ação sumária, percebemos que estamos no âmbito do processo
ordinário em que, regra geral, há despacho liminar e a seguir cita-se o executado para
ele pagar ou nomear bens à penhora ➭ naturalmente a partir do momento em que ele
é citado terá 20 dias para se opor à execução por embargos.
Artigo 728º nº2 ➭ Temos aqui uma referência sobre a superveniência para objeção à
execução ➭ tendo sido conhecido ou ocorrido posteriormente aos 20 dias, pode haver
na mesma uma oposição.
Todavia, nada obsta que, mais tarde fundamentando, alegando e provando se possa
fazer uma oposição tardia.
Quando já houve previamente uma ação declarativa (base em título judicial), alguns
fundamentos que eu poderia pensar utilizar, agora já não posso, porque tinham de ter
sido utilizados na fase declarativa porque eu tive oportunidade.
Portanto...
O legislador reduziu os fundamentos de oposição à execução com base numa sentença,
relativamente aos fundamentos possíveis quando estamos perante a defesa de um título que
não é judicial 1
1
Sobre o qual ainda ninguém se pronunciou ➭ nenhum juiz apreciou nada
51 Gabriela Pinto
O leque de argumentos de defesa quando o título não
é judicial, mas sim extrajudicial, é muito mais amplo
A lei diz mesmo ‘podem usar-se, nos embargos de
executado, todos aqueles argumentos que eu
poderia usar no âmbito de uma ação declarativa’
Vamos analisar individualmente as alíneas g) e h) uma vez que são as mais polémicas e
suscetíveis de dúvidas. As restantes alíneas têm sobretudo a ver com os pressupostos
processuais especiais ou gerais que podem fundar a oposição à execução.
Exemplo: uma ação para pagamento de uma dívida – a ação declarativa entrou a 1 de
janeiro de 2020 e a sentença é dada a 30 de setembro de 2022 e eu (ré) fiz o pagamento
no dia 1 julho de 2022. Agora há 20 dias entrou uma ação executiva e eu tomo
conhecimento da mesma à venho dizer que me oponho a execução porque paguei em
julho ➭ MAS não posso invocar isto
Isto significa que podem ser penhorados os bens porque eu não tenho fundamento para
me opor à execução, apesar de já ter pago. Não obstante, se for procedida a penhora,
depois temos de intentar uma ação sobre o exequente por enriquecimento sem causa
Nota: funciona quase como a inversão do contencioso (é um erro dizer isto, é só para
percebermos).
Depois diz que ‘não só tem de ser posterior’ à a sentença foi decretada em setembro
e eu paguei dia 1 de novembro, ou seja, já foi depois do encerramento da discussão, já
posso invocar.
Mas eu não posso apenas invocar que paguei
Portanto, se eu não provar por documento, não posso ir para lá provar por testemunhas
52 Gabriela Pinto
Diz que: ‘a prescrição do direito ou da obrigação poder ser provada por qualquer meio’
➭ ou seja, qualquer facto modificativo e extintivo tem de ser provado por documento,
com exceção da extinção da obrigação por prescrição, onde podemos provar por
qualquer meio.
Alínea h) contra crédito sobre o exequente com vista a obter a compensação de créditos
Estamos aqui no âmbito de um fundamento muito específico que tem de ser arguido
neste momento quando temos a compensação ➭ resulta da alteração ao processo
relativa à obrigatoriedade da reconvenção quando há compensação de créditos
Na ação executiva...
Aqui na ação executiva apenas se faz referência ao contra-crédito sobre o exequente ➭
este apenas funciona como compensação e não como condenação no excedente.
Exemplo: eu posso ter uma dívida de 100.000€ para com o exequente, mas a certa altura
venho invocar que o exequente me deve 200.000€ à na ação declarativa isto pode
anular, no sentido de fazer desaparecer os efeitos que o autor me quer ver condenado
a pagar, porque no fundo ele é que me deve mais a mim.
Mas então como é que eu vou obter nessa ação declarativa algo que juridicamente
tenha efeito em relação a este reconhecimento de que eu tenho o direito de receber
mais 100.000€? ➭ tenho de ter uma reconvenção
Na reconvenção, o juiz irá condenar o reconvindo
autor ao pagamento da quantia em excesso
Mas...
ö Se eu for para a execução invocar que o exequente me deve X quantia superior
ao executado, enquanto executado posso obstar que a execução prossiga em
relação aos 100.000€, mas não vai formar-se um título para depois ir executar o
exequente.
53 Gabriela Pinto
Portanto, aqui o legislador fez uma coisa muito polémica e já existe inclusive um acordao
que fixou jurisprudência sobre isto que é ➭ vai remeter para este artigo os fundamentos
à oposição a execução baseada noutros títulos que não a sentença.
Além dos fundamentos à oposição especificados no 729º CPC, podem ser alegados
quaisquer outros que possam ser invocados como defesa no processo de declaração
O legislador estende, contudo, esta maior amplitude de meios de defesa se o título for
um requerimento de injunção a qual tenha sido aposta forma executada
Portanto...
Equiparou de certa forma, o título da injunção ao título sentença para alargar o âmbito
dos meios de defesa
Estes 3 primeiros artigos 729º; 730º; 731º têm a ver com os fundamentos substantivos
para utilizar a figura, ou seja, para na oposição à execução fazer funcionar este incidente
➭ é um incidente que não é necessário na ação executiva e só funciona se efetivamente
houver fundamentos
Estes incidentes ao serem suscitados são autuados por apenso à execução. Tal como
acontece nos incidentes de intervenção de terceiros, aqui também os embargos são
autuados por apenso ao processo ➭ artigo 732º CPC
Portanto...
Æ Tudo o que tenha a ver com oposição à execução é, necessariamente objeto de decisão
do juiz.
Estes embargos correm de forma simplificada: o executado foi citado, depois embarga
com os devidos fundamentos. Posteriormente, o juiz conhece da sua petição de
embargos e só depois, se os receber, é que notifica o exequente de que foram deduzidos
embargos naquela execução.
54 Gabriela Pinto
Nota: temos aqui uma situação similar ao despacho liminar ➭ na ação declarativa
tínhamos o princípio de que, em regra, não há despacho liminar. Depois chegamos à
ação executiva sob a forma ordinária e há despacho liminar.
Agora estamos a falar de um incidente que corra, quer na ação sob a forma ordinária
quer sob a forma sumária, quando o juiz recebe o Requerimento Inicial da oposição à
execução vai ver se pode ou não receber os embargos
Exemplo: vai lá um advogado que não sabe o que anda a fazer, no âmbito daquele
exemplo anterior que perante uma ação declarativa a parte foi condenada a pagar a 30
de setembro mas, entretanto, já tinha pago a dívida a 1 de julho ➭ vem a parte dizer ao
Sr. Juiz “vou embargar porque não devo este dinheiro”
A tramitação é a seguinte:
1. Entra o requerimento de oposição à execução sob a forma de embargos;
2. O juiz conhece-o em primeira linha e vai aferir se é para rejeitar liminarmente (732º/1
+ 734º/1) ou se os admite;
3. Admitindo-os, pode mandar aperfeiçoar;
55 Gabriela Pinto
à O facto de a doutrina questionar se é possível ou não por mero requerimento,
levantar uma questão que poderia ser objeto da oposição à execução naquele momento
próprio, mas que por ser superveniente relativamente ao momento da prática
processual não era possível.
Podia ou não se aceitar que o juiz conhecesse dessa
questão que fosse então, suscitada já num momento
posterior?
Isto é algo que na prática pode ter a sua relevância e faz algum sentido face ao que
conhecemos atualmente em relação à intervenção oficiosa do juiz em determinados
momentos e também porque pode haver uma situação que legitime que só depois de
percorrido o prazo da oposição, tenha tido conhecimento de algo que possa colocar em
causa a execução propriamente dita.
Evidentemente que isto não pode ser nada que traga elementos novos ao processo.
® Porque se os elementos já estão no processo, tenho de os utilizar como argumento na
minha defesa, a partir do momento em que tenho a contagem de um prazo para me
defender, sob pena de preclusão.
Se há algo que possa suscitar e que não necessite de alegar factos novos, isto é, seja
relativo a elementos que já constam no próprio processo ➭ Pois então, é possível esta
inclusão do momento defensivo
56 Gabriela Pinto
Artigo 723º (competência do juiz) nº1 /d) ➭ Função que o juiz tem de decidir
outras questões suscitadas pelas partes ou por um terceiro interveniente.
Podem ser questões de facto, que não tenham ainda sido suscitadas, que viciem de uma
forma substancial e grave o decurso da ação e sejam, portanto, invocadas/suscitadas ao
juiz e que ele deva conhecer, no prazo de 5 dias.
Temos, então situações que valem a pena
suscitar já depois de passado o prazo dos
tais 20 dias para pagar ou para se opor
Temos duas vertentes que temos de analisar quando resolvemos questões práticas:
A lei determina que, à partida, a oposição à execução não faz suspender o decurso da
ação propriamente dita, ou seja, este incidente declarativo de oposição não faz parar o
processo ao qual está apenso.
Imaginemos de uma forma metafórica a coluna de um peixe
que depois tem várias espinhas – a coluna é o processo e as
espinhas são os incidentes ➭ O processo executivo não tem
necessariamente de ter estes incidentes declarativos, eles
57 acontecem quando se verificam os seus pressupostos
Gabriela Pinto
Se o efeito principal dos embargos do executado é a não suspensão do decurso da ação
executiva, isto vai significar que ➭ Tenho de estar atenta ao decurso da ação executiva
de maneira que não deixe de praticar um ato enquanto parte, se o ónus de praticar o
ato estiver do meu lado, porque estou à espera que se decida algo no incidente de
embargos de executado.
Exemplo: Imaginando que indiquei um determinado bem para ser penhorado e vem
uma informação do agente de execução, dizendo que o bem não está no local que
indicou, e pede que o indique ➭ Terei de praticar o ato no âmbito daquilo que me
compete, ou seja, terei de vir dizer alguma coisa ao processo.
Æ Se um processo estiver parado por falta de impulso processual da parte que o deveria
praticar ➭ extingue-se a instância por falta da prática do ato.
Se tiverem passados 4 meses (sendo que, o período mais perigoso são 3 meses sem
praticar nenhum ato), por exemplo, e ao fim desses 4 meses vem o executado e diz que
o exequente não praticou nenhum ato e por essa razão o juiz tem de levantar a penhora
e extinguir a execução ➭ Porque tinha o ónus de praticar o ato e não o praticou
Temos o artigo que no diz quando é possível suspender a ação executiva: Artigo 733º
➭ Também estão lá os motivos que podem justificar essa suspensão, mas essa
suspensão tem de ser requerida à Nada disto é automático.
Nota: Também nos recursos podemos querer atribuir ao efeito de um recurso o efeito
suspensivo, mas temos de invocar o argumento para que este seja concedido.
Artigo 733.º
(Efeito do recebimento dos embargos)
1 - O recebimento dos embargos suspende o prosseguimento da execução se:
Também há aqui o despacho liminar neste incidente, pagam-se taxas ➭ é como se fosse
uma ação declarativa enxertada na ação executiva.
58 Gabriela Pinto
Penhora
(Da maior importância)
Sabemos que é a realidade mais conhecida pelas pessoas, até porque hoje, com mais
facilidade, alguém vê um bem penhorado quando temos na base de uma execução, um
título executivo que legitime a utilização da forma sumária ➭ em que, primeiramente,
o agente de execução penhora e só depois é que o executado vem a saber exatamente
os contornos da ação executiva.
Sempre que temos uma dívida relacionada com os serviços essenciais, em que é comum
e se deve utilizar o processo especial de injunção, e onde não irá ser deduzida oposição
e é constituído um título executivo (fórmula executória aposta ao título injuntivo) ➭ A
seguir, vou para uma execução que começa sem despacho liminar, onde irá ser realizado
primeiramente a penhora e depois é que me lembro que tinha uma divida já com base
num título executivo constituído.
o Figura do arresto;
o Figura do arrolamento.
Os embargos de terceiro não são exclusivos dos incidentes e por isso mesmo é que se
encontra na parte geral do CPC à Pode acontecer numa ação executiva em relação aos
bens que estão a ser penhorados, pode acontecer em relação àquilo que é o arresto ou
arrolamento.
Figura principal:
59 Gabriela Pinto
Nota generalista em relação à penhora ➭ Então isto quer dizer que nas ações para
prestações de facto e entrega de coisa, não tenho penhoras
À partida não ➭ Se estiver perante uma coisa que é insuscetível de ser transformada/
transmutada, não irá existir penhora. Porque o objetivo da penhora, é efetivamente, a
apreensão de bens do devedor que está garantida com o património deste, e se não tiver a
necessidade de transformar a obrigação do executado em quantia pecuniária, não posso
usar a figura da penhora
Quando é que posso utilizar a penhora para uma ação executiva para prestação de
facto ou para entrega de coisa?
Quando, não sendo possível cumprir essa obrigação específica de entrega de coisa ou
prestação de facto, essa execução seja convertida em ação executiva para pagamento
de quantia certa ➭ no valor correspondente àquele que vai substituir a obrigação de entrega
ou a obrigação de prestação que não se consegue obter.
O processo vai ser transformado numa ação executiva para pagamento de quantia certa
na medida em que, não tenho, p.ex., o bem para entrega, vou ter de encontrar qual era
o valor que o executado teria que entregar, líquido esse valor e de seguida vou atrás dos
bens do devedor para pagar.
Nos outros tipos de ação executiva, só podemos ter a penhora na medida em que, seja
convertida qualquer uma dessas outras execuções numa execução que vai entroncar
nas regras da ação executiva para pagamento de quantia certa
1) Quando não é possível cumprir aquela obrigação de entrega, ou quando não é possível
prestar;
2) Tem de haver uma liquidação correspondente ao valor do objeto;
3) Então aí, continuamos atrás dos bens do devedor, para que, com o produto da sua venda
nos pagarmos da obrigação pecuniária em que se transforam estas outras obrigações.
60 Gabriela Pinto
Voltando à penhora... (o livro explica muito bem)
Notas principais:
O cumprimento e incumprimento das obrigações começa no artigo 762º CC, mas depois
temos ainda uma parte relacionada com o cumprimento coativo da prestação ➭ Nos
termos do artigo 817º ss CC (devemos fazer uma remissão deste artigo para a fase da
penhora no Código de Processo Civil).
As normas do CC são as que legitimam que eu use o processo para fazer a penhora.
® A questão de penhorar bens de terceiro, por exemplo, estamos a associar aqui aos bens
do executado, mas também podemos penhorar bens de terceiro, e isto liga-se à
legitimidade e aos desvios à legitimidade na ação executiva.
Se eu tiver na presença de um título executivo a assumir esta dívida com uma forma de
pagamento que, entretanto, foi incumprida à Avanço para uma ação executiva e vou querer
que responda pela dívida o bem que foi dado em garantia a esta dívida por um terceiro.
Nos desvios à legitimidade, apesar deste terceiro não ser devedor, e não constar no título nessa
qualidade (ele não assume a dívida com seria se fosse fiador), o que vai acontecer é que:
61 Gabriela Pinto
® Vai poder ver aquele bem a responder pela dívida apesar de não ser executado, aquele
bem vai ser chamado à execução nessa qualidade, ou seja, aquela pessoa vai lá estar
enquanto proprietário do bem que vai ser penhorado e que foi dado em garantia.
E aí ele pode ser executado nessa ação, não por via de ser
devedor, mas ➭ por ser proprietário de um bem que foi dado
em garantia àquela divida.
Nota: temos aqui uma situação que é diferente da normal que teríamos, que é quando
os bens do devedor vão responder pela divida.
Penhor ≠ Penhora
O penhor é uma garantia real A penhora é o ato de apreensão de bens
processualmente falando
Hipoteca ➭ Se tiver um bem hipotecado por um terceiro (que será um bem imóvel ou móvel
sujeito a registo), se a tal dívida para a qual foi dada esta garantia não se cumpra, a seguir
acontece exatamente o mesmo ➭ Posso ter este terceiro que deu o bem em garantia a vir ser
demandado, no sentido que ele tem de vir para a ação para ser considerado executado, e para
poder nos termos da lei do processo, ver aquele bem a ser objeto de uma penhora.
Nota: O penhor é a garantia real correspondente para os bens que não são sujeitos a hipoteca,
porque que não são imóveis ou móveis sujeitos a registo.
Por exemplo, vou penhorar o veículo automóvel do devedor à como faço isso?
Æ A lei diz – temos de compreender a lei
Podemos ter uma apreensão física, desde logo se penhorar um bem móvel tal como um
automóvel ou for necessário arrombar a porta de uma casa para penhorar o recheio da
mesma.
62 Gabriela Pinto
Então e se forem penhorados Direitos de Autor?
Ou uma Patente?
Ou uma Marca?
ö Aqui temos a apreensão jurídica, não material ➭ isto é possível desde que os bens
sejam penhoráveis (ex. não posso penhorar ser mãe de alguém)
Ou ainda...
Por exemplo, penhorar o imóvel de alguém ➭ não vai para o armazém que o agente de
execução tem para meter os bens penhorados J
Efeitos da Penhora
Ao ser concretizada a penhora, seja de que forma for (apreensão material ou jurídica ou
registo), o que se passa de diferente relativamente ao que acontecia antes da penhora?
Temos vários efeitos daqui decorrentes, desde logo, uma indisponibilidade factual da
posse daquele direito ➭ é um dos efeitos principais
Esta indisponibilidade da posse, no que diz respeito à detenção sobre o próprio bem que
foi objeto de penhora vai ter impacto naturalmente, mas não é igual a dizer que eu não
posso dispor do bem
Exemplo: A tem a sua casa penhorada, ou seja, já foi submetida ao ato de penhora no
sentido da sua apreensão jurídica que é feita através de um registo desse ato
materializado na conservatória do registo predial.
63 Gabriela Pinto
A partir de agora A não pode vender o imóvel?
¶ Pode
Mas como?
Imaginemos uma pessoa que quer comprar um imóvel sujeito à penhora, podendo ser
vendido na ação executiva, e nos vem pedir conselhos:
® Aquilo que lhe devemos dizer é que ele pode comprar, isto é, celebra a Compra e Venda
e os efeitos plenos e totais ficarão dependentes da ação executiva
Portanto...
A indisponibilidade é relativa na medida em que nada impede que o executado venda a
um terceiro, mas é preciso ter atenção de que o vai vender com tudo o que o bem
acarreta.
Significa que vai vender o bem com a penhora que incide sobre ele
64 Gabriela Pinto