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Márcia Elias Ferreira

Direito Processual Civil Executivo e Recursos


Aula Teórica Dr. Maria João Monteiro
Dia 2.11.21

Sumário:

Ação executiva- Início do estudo

1º referencia- 10º do CPC


Ação declarativa e ação executiva- nº4 do 10º CPC.

Ação executiva é a ação em que o credor requer as providências


adequadas à realização coativa de uma obrigação que lhe é
devida.
Temos aqui a concretização coerciva.

     4 - Dizem-se «ações executivas» aquelas em que o credor requer as providências


adequadas à realização coativa de uma obrigação que lhe é devida.

       5 - Toda a execução tem por base um título, pelo qual se determinam o fim e os
limites da ação executiva.
Quanto ao fim podemos ter uma execução para pagamento de quantia certa, entrega
de coisa certa ou prestação de um facto seja ele negativo ou positivo. O pagamento de
quantia certa pode seguir a forma sumária ou ordinária. As outras ações executivas
segue uma forma de processo única.

       6 - O fim da execução, para o efeito do processo aplicável, pode consistir no


pagamento de quantia certa, na entrega de coisa certa ou na prestação de um facto,
quer positivo quer negativo.

O que se pretende nestas ações é dirigir ao tribunal um pedido


sobre determinadas medidas que venham a ser tomadas e que
sejam adequadas a essa realização coativa de uma obrigação.

Isto pressupõe que já temos a violação do direito já ocorrida.


Não estamos na ação declarativa em que estamos na possibilidade
de nos violarem o direito.
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Nº5 e nº6 do 10º CPC- espécies de ação- podemos ter uma ação
para pagamento de quantia certa, prestação de um facto, entrega
de coisa certa.
10º- o que nós temos é a atuação prática da norma jurídica.
Estudamos a diferença entre previsão e estatuição em que
tínhamos que entender que tinha que haver um facto humano que
se subsumisse à norma para depois verificar o facto que é o “se” -
tínhamos que assumir uma consequência prevista na norma que é
o comando da norma, seja ele facultativo, imperativo, etc.

Quando a norma é violada por alguém vai fazer desencadear o


mecanismo da garantia.

Temos também que fazer uma ligação entre este instrumento para
fazer funcionar o mecanismo da garantia com o reconhecimento
da coercibilidade no cumprimento das obrigações que está
previsto no CC.

817º do CC- o que se pretende é obter o cumprimento de uma


obrigação pecuniária através do património do devedor. Aqui
vamos, através da execução do património do devedor, poder
estar presente perante uma ação executiva para pagamento de
quantia certa.
O que vai acontecer neste tipo de ação executiva é que vai haver
uma apreensão dos bens do devedor pelo tribunal e vai levar à
venda desses bens para que com o produto da venda desses bens,
sejam suficientes para cobrir a importância em dívida e as custas
do processo.
Quando apreendemos bens do devedor que depois vão ser
vendidos para que com o produto dessa venda liquidar a dívida, a
1º afetação do património do devedor vão para as custas do
processo.

Na entrega de coisa certa, o que nós temos aqui é de facto o


exequente a ser titular de uma obrigação diferente à prestação de
uma coisa.
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O que vamos pedir ao tribunal são as diligencias para que o


tribunal apreenda essa coisa da forma coerciva ao devedor para a
entregar ao exequente.
827º do CC.
Artigo 827.º - (Entrega de coisa determinada)

       Se a prestação consistir na entrega de coisa determinada, o credor tem a


faculdade de requerer, em execução, que a entrega lhe seja feita.

A obrigação de entregar a coisa certa, a coisa pode até já nem


existir- destrui-se, pereceu, destruíram-na, ardeu, etc. As
diligências do tribunal para irem apreender o bem são
impossíveis. Ficamos sem ação executiva? O que vai acontecer?
Legislador tem que prever soluções para todas as hipóteses- há a
possibilidade de o exequente proceder à liquidação do valor da
coisa- vai ter que providenciar no sentido de atribuir o valor
patrimonial à coisa cuja obrigação o executado tinha- e ainda vai
liquidar o valor do prejuízo que possa resultar da falta de entrega-
tem que haver danos substanciais para o direito.

Mas agora o executado não paga- temos a mesma lógica que já


vimos para o pagamento de quantia certa- feita a liquidação da
coisa que não pode ser entregue, aquele valor vai ser garantido
através do património do devedor, do executado.

Ao nível da prestação de facto, temos que considerar duas


hipóteses: uma se o facto for fungível, a outra se o facto for
infungível.
Se ela for fungível, o que pode acontecer no requerimento
executivo que eu dirijo ao tribunal é requerer que essa prestação
possa ser prestada por outrem. Se for fungível vai significar que
estamos perante uma situação em que o devedor não cumpriu à
obrigação a que estava obrigado. Ex: Não demoliu aquele muro-
há outra empresa que possa fazer isso. Vamos ter que liquidar
também o valor que vai ser pago a essa pessoa com o qual o
credor não tinha nenhum contrato, obrigação pendente de prestar
para que seja pago o serviço a essa pessoa e mais uma vez vamos
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ter a liquidação desse valor e a apreensão do património do


devedor e executado para que com a venda dos seus bens se
pague a prestação deste terceiro no cumprimento de uma
obrigação de facto fungível.

As partes aqui designam-se por exequente-titular do direito


violado e executado- titular da obrigação passiva- devedor

As decisões resultantes de ações constitutivas não admitem


execução.

828º do CC.
Artigo 828.º - (Prestação de facto fungível)

       O credor de prestação de facto fungível tem a faculdade de requerer, em


execução, que o facto seja prestado por outrem à custa do devedor.

Prestações infungíveis- ex: as que dependam de criação artística,


só por ser aquele artista, é que foi contratado para pintar aquele
mural e incumpriu. Estaremos perante o regime do 868º CPC.
Artigo 868.º - Citação do executado

       1 - Se alguém estiver obrigado a prestar um facto em prazo certo e não cumprir, o
credor pode requerer a prestação por outrem, se o facto for fungível, bem como a
indemnização moratória a que tenha direito, ou a indemnização do dano sofrido com
a não realização da prestação; pode também o credor requerer o pagamento da
quantia devida a título de sanção pecuniária compulsória, em que o devedor tenha
sido já condenado ou cuja fixação o credor pretenda obter no processo executivo.
       2 - O devedor é citado para, no prazo de 20 dias, deduzir oposição à execução,
mediante embargos, podendo o fundamento da oposição consistir, ainda que a
execução se funde em sentença, no cumprimento posterior da obrigação, provado por
qualquer meio.
       3 - O recebimento da oposição tem os efeitos indicados no artigo 733.º,
devidamente adaptado

Infungível- não posso encontrar um terceiro que tenha esta


capacidade criativa, única deste devedor incumpridor- o que eu
vou fazer é liquidar através de um valor que eu vou encontrar pelo
dano sofrido pelo incumprimento para que seja indemnizado no
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correspondente valor, mais uma vez aprendendo depois bens do


devedor.

Vamos imaginar que a obrigação era para entrega de um


automóvel que ardeu- a entrega já não pode ser levada a cabo
porque o bem pereceu e nós dizemos: então é melhor avançarmos
com uma ação executiva para pagamento de quantia certa porque
eu já sei que o bem em si eu nunca mais o vou ter em de volta. O
nosso legislador dá uma instrução rigorosa a propósito daquilo
que determina qual a ação executiva que eu vou intentar.

Eu tenho por base nas ações executivas aquilo que vamos estudar
que são os títulos executivos -documento- sem ele não pode haver
uma ação executiva e a lei também diz que as ações executivas
são determinadas quanto ao seu fim de acordo com o que está no
título.
Não adianta que eu saiba que já não existe coisa, não adianta que
eu saiba que o prestador já não vai prestar- importa que eu vou
começar a execução pelo fim que está determinado no título
executivo e depois iniciarei com as diligências necessárias para
que se liquide, transmute, convole, transforme aquilo que já não é
possível numa verdadeira ação de pagamento de uma determinada
quantia que resultou dessa liquidação da obrigação.

A ação executada começa sempre daquilo que consta no título,


mesmo que eu saiba que já não é possível prestar aquela
obrigação.
Nº5 do artigo 10º CPC.
Não posso pedir nada mais do que consta no título.

Em oj estudamos a identificação das ações e tínhamos que ter


uma noção dos títulos executivos
703º do CPC- fazer remissão do 10º para este.

Função da ação executiva- função de facto de levar à realização


de uma prestação- dever de realização de uma prestação. O
exequente pode obter um resultado idêntico ao da realização da
própria prestação.
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Com os exemplos que se deu há pouco, com exceção da prestação


de facto infungível, perante o incumprimento do devedor eu vou
conseguir um resultado idêntico.
Se o devedor tiver uma dívida de uma obrigação pecuniária eu
vou alcançar uma quantia pecuniária equivalente ao valor que ele
deve através da penhora dos seus bens.
Se eu estiver a falar de uma obrigação para entregar uma coisa
que não tenha perecido, o que eu vou ter é o tribunal a ir buscar a
coisa cuja obrigação de entrega o devedor tinha.
Se eu estiver perante uma prestação de facto fungível eu
conseguirei que uma terceira pessoa faça o mesmo.
O que eu quero é uma execução específica- meio direto a que a
execução nos permite alcançar.
Forma indireta- o que eu alcanço com estas execuções é uma
apreensão e uma venda de bens do devedor e subsequente
pagamento.

Execução específica, diferente da execução específica do contrato


de promessa- direito potestativo- não tem exequibilidade possível.

Nos temos uma ligação bastante importante entre o processo


processual e substantivo.
Temos uma mistura

CC- direito substantivo- também é importante para direito


processual.

No código civil a professora chama a atenção para a secção que


fala da realização coativa da prestação.
819º a 826º CC

D. substantivo- 820º, 819º, 824º CC, etc.

Garantias reais- são diferentes das garantias pessoais- as garantias


reais são garantias prestadas com base num acordo feito entre
devedor e terceiro em que este terceiro afeta um bem determinado
ao cumprimento daquela obrigação.
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A garantia pessoal é a pessoa que se obriga a garantir em caso de


incumprimento- a pessoa pode ter mil e um bens- qualquer um
dos bens pode vir a responder pela dívida. Aquele terceiro
devedor se tiver 500 bens e se só tiver dado um bem para garantia
não pode ver os outros seus bens atacados, afetados, se por acaso
aquilo não andar para a frente.

817º, 818º, 826º, 827º, 828º, 829º etc CC Há mais artigos


importantes do CC- obrigações alternativas, etc.

Princípios da ação executiva

Na ação executiva eu já tenho pressuposto que o direito existe e


foi declarado- depois o que acontece é haver uma violação desse
direito.
Há um desequilíbrio logo à nascença naquilo que é a paridade
entre as partes no processo executivo.
Aqui há uma parte que tem uma desvantagem contra a outra que
não existe na ação declarativa, mas ainda assim tem que haver
garantias que os princípios que nós estudamos asseguram, desde
logo o princípio do contraditório.
Nós temos que fazer garantir, através do processo executivo que o
contraditório é e pode ser exercido. O executado tem sempre a
possibilidade de pôr em causa aquilo que o autor afirma- pode
estar errado.

Vamos falar de duas figuras muito importantes da ação executiva:

Agente de execução- muito importante para a ação executiva

FICAMOS AQUI-MINUTO 45

723º
4 momentos em que o juiz pode ser chamado a intervir:
a) 723º, alínea a)
Situações em que o juiz é chamado a intervir- b, c, d
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A oposição à execução é diferente da oposição à penhora.

Se eu quiser atacar um ato do agente de execução- alínea c) e


depois o juiz decide.
Terceira parte- decidir outras questões na alínea d).

723º- remissão para o 726º CPC

726º- resulta daqui que o juiz tem uma função de resolver dívidas.
Podemos ter o juiz a garantir direitos fundamentais
767º, nº1, etc- exemplo.

759º, 773º, nº6, 782º CPC, 820º, nº1, 829º, 833º- tudo isto obriga
a uma intervenção do juiz.

Já no que diz respeito as diligencias do agente de execução-


princípio de que o agente de execução é a figura que surge como
uma figura obrigatória na designação levada a cabo pelo
exequente.
720º, nº1

Duas exceções:
agente de execução- não havendo agente de execução na comarca
722º, nº1.
722º, a e b)
Em certas execuções de baixo valor- 722º, alínea d), e), f)
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CPC- ÍNDICE

Etc.

Relembrar valor da causa.


Legitimidade das partes- 53º a 58º CPC
Competência dos tribunais- 85º a 90º CPC

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