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Responsabilidade Civil

Prof Ms Luane Lemos

Aula 01 - HISTÓRICO E CONCEITO

1. HISTÓRICO

A reação humana contra um mal sofrido surgiu inicialmente como forma de uma
vingança privada

O direito romano, tentando regulamentar essas relações, passou a intervir em busca


de permiti-las ou reprimi-las quando sem justificativa.

Pena de talião.

Na lei das XII Tabuas passou a existir o instrumento da composição entre vítima e
ofendido, mediante a aplicação de multa, evitando-se a pena de talião.

A Lex Aquilia substituiu a multa por penas equivalentes ao dano causado (reparação)
e instituiu a culpa para determinação de tais valores e obrigação.

Esse modelo foi incorporado pelos códigos civis (Napoleão) que posteriormente
passaram a flexibilizar ou isentar a obrigatoriedade de prova da culpa pelo dano,
fazendo surgir a responsabilidade objetiva.

Responsabilidade Objetiva: defende-se que passou a ser adotada com mais


frequência a partir da revolução industrial e em virtude dos acidentes de trabalho, do
aumento do número de veículos motorizados e dos acidentes de trânsito,

Responsabilidade objetiva de risco integral:

Hoje a teoria do risco evoluiu a ponto de se criar sistemas coletivos de


ressarcimentos de danos (como seguro por acidente de trabalho e DPVAT), a
fim de se garantir sempre a manutenção do equilíbrio patrimonial entre vítima e
ofensor.

O INSS é responsável pelo seguro por acidentes de trabalho. Independe


inclusive da comprovação das hipóteses que afastam o nexo de causalidade
(mesmo que a culpa tenha sido da vitima, ela é indenizada).

Para o seguro por acidente de trânsito, a indenização é devida mesmo que o


acidente tenha sido provocado por veículo desconhecido, ou mesmo que o
veículo não tenha pago o seguro, ou que a culpa seja da vitima.

Socialização dos danos: a socialização dos danos ou reparação coletiva é uma


forma de garantir uma reparação mínima de todos os danos ocorridos. O dano passa a
ser um problema de toda a sociedade.
Hoje temos o principio da precaução no direito ambiental e a teoria do risco de Ulrich
Beck.

Presume-se que dentro em breve as responsabilidades individuais serão substituídas


por seguros privados e sociais, com a criação de fundos coletivos de reparação, a
serem financiados por contribuições dos criadores de riscos (patrões, proprietários,
industriais, profissionais liberais etc)

2. CONCEITO

No direito civil brasileiro, a responsabilidade civil está, de forma geral, regulamentada


pela norma dos artigos 927, 186 e 187.

A palavra responsabilidade vem de respondere, ou seja, obrigação que alguém tem de


assumir com as consequências.

A responsabilidade civil é uma obrigação derivada, ou um dever jurídico sucessivo,


porque decorre da quebra ou descumprimento de uma obrigação originária devida
entre as partes por força de lei ou de acordo.

Decorre do dever geral de não lesar, baseada na máxima de Ulpiano “neminem


laedere”

Máximas de Ulpiano (princípios fundamentais do direito):


Honeste vivere (viver honestamente)
Neminem laedere (não lesar a outrem)
Suum cuique tribuere (dar a cada um o que é seu)

PABLO STOLZE GAGLIANO: a noção jurídica de responsabilidade pressupõe a


atividade danosa de alguém que, atuando a priori ilicitamente, viola uma norma
jurídica preexistente (legal ou contratual), subordinando-se, dessa forma, às
consequências do seu ato (obrigação de reparar).

NORONHA: consiste em reparar qualquer dano antijuridicamente causado a outrem


- pode ser resultante de violação a direitos privados, públicos, individuais ou coletivos,
absolutos ou relativos
- pode ser decorrente de violação não culposa, mas decorrente do dever geral de não
lesar (neminen laedere)
- pode ser decorrente de violação lícita, mas antijurídica (art. 188, 929 e 930 do CC)

3. ESPÉCIES

Categorização clássica de Responsabilidade Civil:

Responsabilidade Civil Subjetiva: exige a ocorrência e a comprovação do elemento


volitivo da conduta danosa para fins de reparação (culpa sentido lato). É decorrente de
dano causado em função de ato doloso ou culposo.
Responsabilidade Civil Objetiva: independe da comprovação da culpa na conduta
danosa por basear-se na teoria do risco da atividade (quem assume o risco de realizar
atividade perigosa também assume a responsabilidade pelos danos causados por ela)

Quanto à origem da obrigação originária:

Responsabilidade civil contratual: decorrente da quebra de uma obrigação


contratual, estipulada previamente entre as partes

Responsabilidade civil extracontratual ou Aquiliana: decorrente da quebra de uma


obrigação geral, determinada em lei.

Classificação de Fernando NORONHA:

Responsabilidade negocial: a obrigação de reparar danos decorrentes do


inadimplemento de obrigações negociais

Responsabilidade civil em sentido estrito: reparar danos resultantes da violação de


deveres gerais de respeito pela pessoa e bem alheios; abrange danos causados a
pessoas que não estavam ligadas ao lesante por qualquer negocio jurídico ou
daqueles que, embora ligados por contrato, tenham sido causados em resultado a
uma violação de deveres gerais superiores e preexistentes a esses negócios.

Não usa “responsabilidade contratual” porque o “negocial” está para além do contrato,
regendo relações unilaterais de vontade. Além disso, dentro da relação de um contrato
pode surgir uma violação de um dever geral, dando origem a responsabilidade em
sentido estrito.

Não usa “responsabilidade aquiliana” ou por ato ilícito porque o “aquiliana” exige
sempre a culpa e o ato ilícito exclui os casos de licitude.

Referências:
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo:
Malheiros.
GAGLIANO, Pablo Stolze. PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil:
Responsabilidade Civil. 9.ed. São Paulo: Saraiva, 2001. v.3
NORONHA, Fernando. Direito das obrigações. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

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