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Responsabilidade Civil

Ato Ilícito e Responsabilidade Civil

Conceito: A Responsabilidade Civil corresponde a aplicação de medidas que


obriguem alguém a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razão
de ato ilícito do próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de
coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal.

Art. 927 CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará- lo.

Obs.: A prática de um ato ilícito pode se dar através da violação de um direito (art.
186 do CC) ou através de um abuso de direito (art. 187 do CC).

- Art. 186 do CC - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito.

- Art. 187 do CC - Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes.

Requisitos para haver Responsabilidade Civil

- Conduta: vem a ser o ato humano, comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito,


voluntário e objetivamente imputável, do próprio agente ou de terceiros, ou o fato de
animal ou coisa inanimada, que causem danos a outrem, gerando o dever de
satisfazer os direitos do lesado.

- Ocorrência de Dano: haverá o dever de reparação quando existir prejuízo.


- Nexo de Causalidade: relação entre a conduta do agente e o dano sofrido pela
vítima.

Tipos de Responsabilidade Civil

- Responsabilidade Subjetiva: (dolo ou culpa) – é aquela baseada na culpa do


agente, que deve ser comprovada através do nexo causal para gerar a obrigação
indenizatória.

- Responsabilidade Objetiva: (ação ou omissão) - é aquela imposta por lei, havendo,


entretanto, em determinadas situações, a obrigação de reparar o dano
independentemente de culpa. É quando ocorre a responsabilidade objetiva que adota
a teoria do risco, que não necessita de comprovação da culpa para a ocorrência do
dano indenizável. Basta haver o dano e o nexo de causalidade para justificar a
responsabilidade civil do agente.

- Responsabilidade Pré - Suposta: o dever de indenizar possui inerência natural do


sistema, independentemente de qualquer análise da conduta do agente causador do
prejuízo.

Ocorrência de Dano

Art. 5º, V da CF - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além


da indenização por dano material, moral ou à imagem;

Além disso, sobre o dano, podemos reproduzir as seguintes súmulas do STJ:


- STJ 37: São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do
mesmo fato.
- STJ 387: É possível a acumulação das indenizações de dano estético e moral.
- STJ 642: O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do
titular, possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a
ação indenizatória.
Dano Moral In Re Ipsa (Dano Moral Presumido)

Nessas situações, basta que o autor prove a prática do ato ilícito, que o dano está
configurado, não sendo necessário comprovar a violação dos direitos da
personalidade, que seria uma lesão à sua imagem, honra subjetiva ou privacidade.

Ex.: inscrição indevida de alguém em cadastro de restrição de crédito; e uso não autorizado
da imagem, com fins exclusivamente econômicos e publicitários.

Elementos da Responsabilidade Civil

Obs.: Elementos da Responsabilidade Civil são diferentes dos elementos do Ato Ilícito.

- São divididos em:

a) Ato Danoso (com culpa ou sem culpa);

b) Prejuízo;

c) Nexo de Causalidade;

Conceito de Ato Danoso

- É o descumprimento de um dever jurídico. Sendo por comando legal ou contratual.

- Para o conceito de culpa, não é mero descumprimento de um dever, mas a


manifestação ou omissão da intenção de provocar prejuízo (dolo) ou pela ausência de
cuidados necessários para evitar o prejuízo (culpa - stricto sensu).

- Ato Danoso pode ser dividido em:

1) Ato danoso com culpa

Dolo: ação ou omissão;

Culpa: negligência ou imprudência;

2) Ato danoso sem culpa: o causador do prejuízo realiza atividade que sabidamente
provoca riscos para o direito de outrem, substitui-se da análise da culpa para dor
lugar ao risco.
Atividade de risco

- Enunciado 37 CJF (Abuso de Direito = Resp. Obj e Sub e/ou Atividade de risco =
Resp. Obj.)

- Art. 927 CC

- Enunciado 38 CJF (Ex: Empresas de transportes = Resp. Obj)

- RE 5.918.744 STF - Súmula 187 STF (Ex: comercialização de inflamáveis ou


produtos com acentuada periculosidade = Resp. Obj)

Teorias do Risco Aplicadas

- Teoria do Risco Proveito: Baseia - se no fato do agente querer se beneficiar


economicamente da atividade. Ex.: um motorista de lotação desloca – se com mais 4
pessoas para a cidade de Teixeira a fim de obter lucro. O motorista neste caso assume a
responsabilidade pelo que acontecer com as pessoas que pagaram para que ele as levasse.

- Teoria do Risco Criado: Basta que o agente crie o risco independentemente de


auferir vantagem econômica. (Súmula 145 STJ) Ex.: Aquele que oferece uma carona a
determinada pessoa, assume o risco de que algo possa vir a acontecer, e caso realmente
aconteça, este terá o dever de indenizar.

- Teoria do Risco Profissional: Postula que a Responsabilidade Objetiva surge com


a atividade profissional individual.

(Art 14 § 4° - Atividade MEIO deve demonstrar culpa (Ex.: advogado – Resp. Subj), já
atividade FIM independe de culpa (Ex.: cirurgião plástico – Resp. Obj)

- Teoria do Risco Excepcional: Atividades excepcionalmente perigosas já geram o


dever de indenizar. Ex.: hospitais e usinas, que fazem o descarte de material de forma
incorreta.

- Teoria do Risco Integral: Essa teoria baseia – se na ideia de que o agente terá o
dever de indenizar, independe da existência de excludentes de ilicitude como caso
fortuito ou força maior. Resp. 442. 585 SP. Ex.: Acidentes ambientais como o caso da
barragem em Mariana.

Responsabilidade Civil x Responsabilidade Criminal

Aquele que pratica um ato ilícito pode sofrer até 3 tipos de processos:
Administrativo, Civil e Penal.
A regra é que as decisões tomadas em um processo não vinculam os outros. Porém,
esta não é uma regra absoluta.
Autonomia da Responsabilidade Civil sobre a Penal
Art. 935 do CC - A responsabilidade civil é independente da criminal, não se
podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor,
quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.

Obs.: Caso seja provado a AUTORIA E O NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE O


AGENTE E O FATO, é cabível a cobrança de uma indenização no âmbito civil.

Art. 65 CPP. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o
ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento
de dever legal ou no exercício regular de direito.

Obs.: Sentenças absolvitorias no âmbito Penal, não fazem coisa julgada no Cível, pois
sobre o agente ainda é possível se cobrar uma indenização.

Prejuízo

Prejuízo = Dano.

- Conceito: prejuízo ou dano é o elemento caracterizante e indispensável da


responsabilidade devendo ser o certo e atual. Segundo Carlos Alberto Bittar, prejuízo
seria o dano certo, atual, pessoal e direto.

Obs.: Quem não sofreu o prejuízo não entra na relação jurídica.

- Dano Certo: Extensão, quantidade, determinado ou determinável.

- Dano Atual: Possibilidade de verificar sua ocorrência independentemente da


extensão.

- Dano Emergente: é aquilo efetivamente comprovado no local certo e mensurável; e


lucro cessantes: o prejuízo é certo, mas ainda não mensurável, pois as consequências
dependem do decurso do tempo.

Perda de uma Chance

Dano eventual. Dever estar ligado a um dano certo.


Conceito: é uma terceira espécie de dano. Não se admite em geral, análise genérica,
pois, embora o evento seja futuro e incerto há necessidade de extrema probabilidade
e não mera possibilidade.

Como identificar a Perda de uma Chance:

1- Ato ilícito ou lícito;

2- Extrema probabilidade;

3- Nexo de causalidade entre o ato do agente e a perda da chance;

Jurisprudência referência - Resp. 1190180.

Requisitos da aplicação:

- Dano pessoal;

- Dano Direto;

Discussão: teoria aplicada para advogados e médicos (não se aplica) - Resp 1079185 mg;

Nexo de Causalidade

Entende - se que deve haver um liame que vincule a atividade do ofensor com o
prejuízo causado, de forma que sem aquela atividade, não se teria provocado o
resultado.

CONDUTA NEXO CASUAL PREJUÍZO

Teoria adotada: causalidade imediata e direta.

Causas Supervenientes

- Concausa Independente: é um evento posterior, mais grave, contudo, se conecta


com a ação antecessora. Ex: Ocorre um acidente de trânsito na qual uma pessoa acaba indo
parar no hospital e morre. (responsabilidade do causador do acidente)

- Teoria da Causalidade Adequada: Ex: ocorre um acidente de trânsito, a pessoa vai parar
no hospital, lá ela acaba contraindo uma bactéria e morre. (Aqui a responsabilidade não é
mais do causador do acidente, visto que a contaminação torna – se responsabilidade do
hospital).
- Teoria da Equivalência das Condições: Postula que qualquer ação que dê causa ao
resultado será considerada de forma igual ou equivalente.

- Teoria THIN SKULL RULE (teoria do resultado mais grave) - Regra do crânio fino

Jurisprudência - Reino Unido = (caso Smith X Leech &Co)

EUA = (caso Vosburg X Putney)

EUA = (caso Ben X Thomas)

- Teoria da Causalidade alternativa ou Autoria Anônima

Doutrina Clássica: Effusun et Deiectum (líquidos e dejetos)

Jurisprudência: Resp. 246.830 SP / Resp. 269.830 SP torcidas organizadas

Teoria da causa próxima: Escolhe quem está mais próximo do evento. Ex: ocorre um
acidente de trânsito e a pessoa vai parar no hospital, mas o médico não chega a tempo e a
pessoa morre. (Nestes casos é possível atribuir a responsabilidade a qualquer um dos
agentes)

Acidentes de trânsito - Súmula 132 STF;

Teoria do Corpo Neutro -

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