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Responsabilidade Civil

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Trabalho de Responsabilidade

Unidade 1 -
I- Introdução a Responsabilidade Civil
É Área Patológica de direito das obrigações -
A Responsabilidade Civil decorre do dever geral de neminem leadere (não lesar outrem). Tem suas origens no Direito
Romano, mas evoluiu muito ao longo dos séculos: de vingança privada à reparação de danos.

Conceito:

A responsabilidade civil é sempre um dever jurídico sucessivo, decorrente da violação de um dever jurídico originário e
causa dano.

Função precípua :

“O fundamento do fenômeno ressarcitório é um dano que se valora como ressarcível e não um ato que se qualifica
como ilícito, convertendo-se de tal modo o dano no núcleo de todo o sistema da responsabilidade civil, no centro de
gravidade e no eixo em torno do qual gira". (CALVO COSTA, 2012)
Importante: Relação extracontratual (aquiliana) que deriva da culpa - Art. 927, caput + Art. 186 do CC/02 Vs. Relação
Contratual- Art. 389 do CC/02, ex.: quebra de uma cláusula que gere dano.
Em resumo -

Responsabilidade Civil Negocial ou Contratual: Art. 389 CC/02

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado

Responsabilidade Civil Extracontratual ou Aquilina: Arts. 927 e 186 C/02

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Objetivo/Função Principal: tornar a relação endeme/retornar ao status quo.

Origem: Direito Romano - não havia diferença entre responsabilidade civil e a penal

Fórmula inicial = conduta ilícita e/ou antijurídica + dano

Culpa -
Elemento da culpa e Responsabilidade Subjetiva - Arts. 197, caput + 186 do CC/02

Responsabilidade Civil 1
É um critério de valoração moral; torna a responsabilidade civil em subjetiva

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Subdivide-se, então, em:

(a) imprudência
(b) imperícia

(c) negligência

(d) dolo

Caso de responsabilidade civil objetiva - Art. 927, parágrafo único do CC/02

A teoria objetiva faz com que o autor de uma atividade de risco responda por todos os
danos dela advindos, independentemente de culpa. (PETEFFI DA SILVA, 2013)

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos


casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

É decorrente do princípio do risco ou da teoria do risco, subentende-se no caso de: retirar proveito de uma atividade
econômica lucrativa + o risco de ocorrer um dano a partir desta.
São hipóteses, no geral, previstas em legislação ou então decorrentes da natureza da atividade.

Ex1.: O caso da Maria-Fumaça.


Ex2.: a indústria de queima de carvão existem níveis de poluição tolerados, acima disso pode haver um dever de
indenizar.

Elementos da Responsabilidade Civil - em resumo:

1. Dano - que é gerado por:

2. Ato ilícito (propriamente dito) ou Ato Antijurídico (ferir um dever jurídico originário)

3. Nexo de Causalidade

4. Culpa - necessária somente na responsabilidade subjetiva.

Unidade 02 -
Elementos da Responsabilidade -
Sobre os conceitos dos elementos:

1. Conduta ilícita e/ou antijurídica e culpa

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência (imperícia
e dolo), violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.

Conduta: ação ou omissão voluntária

Culpa (elemento subjetivo) : negligência ou imprudência (imperícia e dolo)


É qualificador moral da ação do agente - é importante observar a figura do “homem médio”, ou seja, é sempre uma
análise em abstrato.

Antijuridicidade (elemento objetivo): violar direito

Responsabilidade Civil 2
Ato ilícito (propriamente dito) = antijuridicidade + culpa
Obs.: A responsabilidade civil objetiva fala-se somente em ato antijurídico.

Obs1.: Via de regra, não importa a gradação da culpa - com exceção para fins quantitativos de indenização, no caso de
culpa levíssima com excessiva desproporção é facultado ao juiz reduzi-la de forma equitativa- Art. 944, parágrafo único
do CC/02.

“Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano,


poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.”

Caso de abuso de direito - Art. 187 do CC/02

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.

É aquele sujeito que age além do permitido pela lei e o bom senso - cometendo um ato antijurídico. Aqui fala-se
também na ideia de reprovabilidade, e por isso deve se fazer uma análise casuística.

💡 Enunciado N. 37 da I Jornada de Direito Civil - “A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito


independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico.”

A partir disto desprende-se que há um critério objetivo finalístico, ou seja, não é preciso comprovar a culpa, porém
há certa divergência doutrinária quanto a isto. De modo, que certa parcela da doutrina afirma que deve haver o
elemento culpa.

Dano -

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.

Legenda -

(a) Ato ilícito - conduta antijurídica + culpa

(b) Causar- nexo de causalidade


(c) Dano - princípio elementar para ocorrer responsabilização.

Classificações quanto ao dano

1. Dano - como lesão a bens; defendido por Carnelutti

2. Dano - como lesão a interesse juridicamente tutelado; defendido por Sheriber

3. Dano - como prejuízo; defendido por Carlos Alberto Calvo Costa

4. Dano - como lesão a interesse juridicamente tutelado + Prejuízo

Obs.: os posicionamentos não são majoritários, é preciso se determinar na casuística.


Obs2.: Porém, doutrinariamente quais classificações prevalecem: (2) e (4)

Dano indenizável é um conceito normativo;

Obs.3: Dano vs. Teoria da Diferença -

Responsabilidade Civil 3
"Tradicionalmente, define-se dano patrimonial como a diferença entre o que se tem e o que se teria, não fosse o evento
danoso. A assim chamada ‘Teoria da Diferença’, devida à reelaboração de Friedrich Mommsen, converteu o dano numa
dimensão matemática e, portanto, objetiva e facilmente calculável" (Maria Celina Bodin, 2003, p. 143).

Interesses jurídicos tutelados -

Podem ser eles tanto patrimoniais, como ligados aos direitos da personalidade, ex.: dano moral.
Assim, mede-se o dano/prejuízo/consequência negativa pela a extensão deste na esfera patrimonial ou personalíssima.

Segundo o Prof. Noronha -

1. Danos à Pessoa:

(a) danos corporais -


(b) danos psíquicos -

(c) danos morais ( à honra)

2. Dano à Coisa

(a) danos ao objeto (ao bem)

Danos emergentes e Lucros Cessantes

1. Dano Emergente -

É aquilo que efetivamente perdeu, sendo necessário comprovação para a avaliação pecuniária ou extrapatrimonial.

2. Lucros Cessantes -

É aquilo que “deixou de lucrar”, é revestido de uma legítima expectativa disto. É preciso também avaliar de modo a
realizar uma média.

Sobre os danos extrapatrimoniais -

⇨ s/ avaliação pecuniária em relação a danos morais no Brasil


Primeira Análise
Segunda Análise ⇨ busca-se equiparar o dano moral à uma valoração patrimonial

💡 Leading Case.: Maitê Proença - O STJ garantiu à atriz o direito a receber R$ 50 mil de indenização por
dano moral do jornal carioca Tribuna da Imprensa, devido à publicação não autorizada de uma foto extraída
de ensaio fotográfico feito para a revista Playboy, em julho de 1996.

Sobre a jurisprudência -

💡 Súmula 37 do STJ - São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo
fato

É possível cumular na causa do pedido: a requisição por indenização de dano material e moral sobre o mesmo fato.

💡 Súmula 227 do STJ - A honra objetiva da pessoa jurídica por ser ofendida pelo protesto indevido de título
cambial, cabendo indenização pelo dano extrapatrimonial daí decorrente

A Pessoa Jurídica pode receber indenização por dano moral, porém apenas no Brasil ocorre esta conjuntura (crítica)

Classificação -

Dano → Certo
Dano → Presente (atual/pretérito) ou Futuro
Obs.: é diferente de dano emergente e lucro cessante

Responsabilidade Civil 4
A questão de perda de uma chance -

(a) Certeza do dano; vs.


(b) Chance Perdida -
Oportunidade de obter uma vantagem e /ou Oportunidade de evitar um prejuízo
Ex1.: um cavalo de corrida altamente cotado como campeão é lesionado.
Ex2.: não se realizar um exame e perder um diagnóstico precoce de câncer
Obs.: avém de uma raiz francesa de análise probabilística

“Quando se fala em perda de uma chance é porque a oportunidade de vir a obter no futuro algo benéfico foi
irreversivelmente interrompido por um fato antijurídico”.
➣ Requisitos:
(a) chance séria e real
(b) perda definitiva da vantagem esperada

(c) dano final possível e certo


Obs.: Caso de lesão ou incapacidade para o ofício/o trabalho - Arts. 949 e 950 do CC/02
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos
lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe
diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da
convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que
ele sofreu.
Obs.2: Compensação do dano -
Pode se compensar o dano com o lucro - porém, devem ser da mesma natureza e não pode se lucrar com o dano (a
responsabilidade civil é para trazer equilíbrio, a volta do status quo).
Obs3.: Dano Estético vs. Ideia Patrimonial -

É a hipótese em que o dano ao corpo que é irreversível, e que é permanente e visível, é considerado um dano
extrapatrimonial/ dano à pessoa.

💡 Súmula 387 STJ - É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.

Dano por Ricochete - “ é aquele que atinge outras pessoas, por estarem ligadas àquela que é vítima direta de um
determinado fato lesivo” (Noronha, 2013)

Vítima direta
Dano ↗ Ex.: A mãe que “vê” seu filho ser atropelado na sua frente.


Vítima indireta
Outros exemplos -
(a) Caso de direito ambiental - Art. 14, § 1º da Lei 6.9838/81

Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal,
o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes
e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: (…)

Responsabilidade Civil 5
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao
meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos
Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos
causados ao meio ambiente.

(b) Caso de consumidor por equiparação em acidente de consumo - Art. 17 do CDC

Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do
evento.

Casos consolidados na Jurisprudência -

(a) Caso de estupro e indenização ao parceiro


(b) Caso de Familiar sobre lesão/morte de outro familiar

(c) Caso de esterilidade e indenização ao parceiro


Obs.: análise maior

1. Dano morte

2. Dano Lesão

Quem tem direito a pleitear o dano reflexo ?

A legitimidade ativa - a vítima indireta do dano que convive no núcleo afetivo com a vítima direta, sendo que a
indenização desta primeira é inferior ao dano principal.

Nexo de Causalidade -
“é o elo que liga o dano ao fato gerador, é o elemento que indica quais são os danos que podem ser considerados como
consequência do fato verificado”. (NORONHA, 2015, p. 499)

Teorias acerca do nexo da causalidade na Responsabilidade Civil :

“As teorias da causalidade procuram saber, dentre todos os fatos sem os quais um determinado dano não teria ocorrido,
quais devem ser selecionados como dele determinantes”. (NORONHA, 2015, p. 613)
Os fatores determinantes são causas, os demais são condições.

1. Teoria da Condito Sine qua Non

“todos os eventos que foram necessários para a ocorrência do dano são considerados como causas

equivalentes.”. Ou seja, para essa teoria não existe diferença entre causa e condição.

2. Teoria da Causalidade Adequada -

“As causas, além de necessárias, devem estar revestidas de um critério de adequação. Assim, um
fato pode ser considerado causa de um dano se, de acordo com os dados da ciência e da experiência, no momento da
sua produção, fosse possível prever que tal fato geraria o dano. Busca-se, entre as diversas causas do dano, aquelas
que apresentam a ‘possibilidade objetiva do resultado’.” (PETEFFI DA SILVA, 2013, p. 24 - 25).
“Para o exame do conceito de causalidade adequada é indício o tempo em que ocorre o fato e
o em que se verifica o evento. Mas, a distância, se maior ou menor, para fundamentar a adequação,
não é propriamente a temporal, mas a lógica.”

“O agente que deve reparar o dano não é aquele que teve a última chance de evitá-lo, mas exatamente aquele que teve
a melhor e mais eficiente oportunidade”. (PETEFFI DA SILVA, 2013, p. 24 - 25).
➣ Critério probabilístico + Análise Casuístico

➣ Eventos ocorridos são um indício, mas prevalece a lógica (critério objetivo)


➣ O agente que é um causador do dano, é aquele que teve a última chance de evitá-lo eficientemente.

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➣ Análise direta: verificar a causa elevada/determinante/predominante

3. Teoria do Dano Direito e Imediato -

➣ Parte da noção de condição necessária (conditio sine qua non), porém neste caso somente uma causa pode ser
considerada direta e imediata, ou seja, que sem ela o dano não poderia ocorrer (condição necessária).
Obs.: muitos autores dizem que o CC/02 adotou esta teoria, diante da redação do Art. 403 do CC/02, apesar deste
dispositivo estar voltado à temática de negócio jurídico contratual

Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem
os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do
disposto na lei processual.

➢ É uma análise reversa: analisa-se as causas excluídas, para determinar aquela que permanece.
Toda causa será direta e imediata se não houver outra causa que rompa a relação entre essa causa e o dano sofrido
pela vítima.
Agostinho Alvim diz que a causa necessária é a que ‘explica’ o dano: “assim, é indenizável
todo dano que se filia a uma causa, ainda que remota, desde que ela lhe seja causa necessária, por não existir outra
que explique o mesmo dano”. (ALVIM, 1972, p. 356).

Concorrência das Causas -

⇨ Concausas vs. Causa Singular


(a) autoria singular: 1 causa + 1 autor ou várias causas + 1 autor
(b) coautoria: 1 causa + 2 ou (+) pessoas como autoras

Causalidades concorrentes diversos lesantes; ocorre quando houver pluralidade de causas e estas forem
atribuídas a diversos agentes

Causalidade alternativa - um dano causado por diversos indivíduos que não é possível determinar aquele que foi
determinante, ex.: briga de bar

Ou seja, ocorre quando houver dois ou mais fatos atribuídos a pessoas diferentes, todos com potencialidade para
causar o dano, mas sem que seja possível determinar com exatidão qual deles foi o causador, teremos a causalidade
alternativa.

Concorrência de fatos do lesante e do lesado: ocorre quando houver um fato de um sujeito concorrendo com o
fato do próprio lesado

Obs.: Culpa Concorrente ; é um termo errôneo, haja vista que inexiste concorrência de culpa. Esta ocorre quando
ambas os sujeitos (vítima e autor) participaram/contribuíram na ocorrência do prejuízo - Art. 945 do CC/02

Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização
será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do
dano.

Importante - para a questão da aferição da indenização

Exemplo: O médico me prescreve um remédio inadequado para o tratamento de uma determinada doença. Porém, eu
também não faço uso de forma adequada desse remédio, ou seja, tomo os
comprimidos de forma diversa da prescrição médica. Ao final do tratamento, acabei tendo um agravamento do quadro
clínico. De fato, o médico contribuiu para tal agravamento, mas eu também tive uma conduta determinante para esse
agravamento.

Caso de multiplicidade de agentes - Art. 942 do CC/02

Quando existe o caso de mais de um agente/autor de um dano, estes se ligam por meio de uma relação solidária.

Responsabilidade Civil 7
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos
à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão
solidariamente pela reparação.

Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas


designadas no art. 932.

Obs.: Aplica-se tanto a causas sucessivas quanto às concomitantes.


Exemplo: Três empresas que, independentemente uma da outra, estão poluindo um rio. Uma delas
acabou falindo. Cobra-se, então, das outras duas, dada a solidariedade do artigo 942 CC/2002.
➢ Princípio da Reparação Integral dos Prejuízos

Obs.: entre eles cabe ação regressiva.

Teoria da Causalidade Alternativa -

Propõe a inversão da prova do nexo de causalidade, em regra, a prova do nexo de causalidade é da vítima.
Exemplo: Grupo de amigos que se envolve em uma briga de bar. Não se sabe, efetivamente, quem partiu para a
agressão física. Logo, a vítima entra com uma ação judicial em face de todos os membros do grupo.

Unidade 3 -
Excludentes da Responsabilidade Civil
1. Causa Estranha ao evento danoso -

(a) fato exclusivo da vítima - é chamado de “culpa exclusiva da vítima”


Ex.: atravessar uma avenida movimentada onde havia uma passarela.
(b) fato exclusivo de terceiro -
Ex.: caso de engavetamento no trânsito
Terceiro é, pois, qualquer pessoa além da vítima e do agente. Alguém que não possui ligação com o
causador aparente do dano, tampouco com o lesado.
O fato (antijurídico) de terceiro só exclui a responsabilidade quando rompe o nexo de causalidade entre a conduta do
agente e o dano e, por si só, produz o resultado.
Obs.: se houver dúvida é concausa.
(c) caso fortuito e de força maior -
É necessário que seja um evento necessário (levar necessariamente ao evento danoso) e inevitável (não é possível
evitar ainda que se possa prever)

➢ Caso de fortuito interno vs. fortuito externo - Art. 393 do CC/02

Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior,
se expressamente não se houver por eles responsabilizado.

Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos
não era possível evitar ou impedir.

Caso de relação jurídica contratual, porém a doutrina admite que seja utilizado em relação extracontratual

💡 Enunciado 443 da V Jornada de Direito Civil - O caso fortuito e a força maior somente serão considerados
como excludentes da responsabilidade civil quando o fato gerador do dano não for conexo à atividade

Responsabilidade Civil 8
O caso de fortuito interno é indenizável, haja vista que é uma ação/omissão própria da atividade, ex.: atraso de voos

2. Causas de Justificação ou Excludentes de ilicitude -

Excluí a antijuridicidade - não é preciso indenizar.

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo


iminente.

(a) legítima defesa - Art. 188, caput, inciso I, primeira parte, do CC/02 + Art. 25, caput do CP
Deve ser proporcional a ofensa e imediata.

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios


necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

(b) exercício regular do direito - Art. 188, caput, inciso I, parte final do CC/02

Ex.: concorrência leal ou cumprimento de mandato por oficial de justiça que ao ingressar no imóvel derruba a porta.
⇨ Excluí a ilicitude, de modo que não cabe no caso de responsabilidade objetiva.
(c) estado de necessidade - Art. 188, caput, inciso I, parte final + Art. 229 do CC/02
Esta modalidade não exclui o dever de indenizar -

Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem
culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.

Obs.: Leading Case - REsp 234.263/RJ do STJ

EMENTA - RESPONSABILIDADE CIVIL. Transporte coletivo. Assalto. Estado de necessidade. Responde pelo resultado
danoso a empresa cujo motorista pratica a ação em estado de necessidade, sob coação do assaltante, deixando a porta
aberta do veículo que mantém em movimento, do que decorre a queda do passageiro. Precedentes. Recurso não
conhecido.

Unidade 4 -
Responsabilidade Civil por Fato de Outrem e da Coisa -

1. Responsabilidade civil por fato de outrem -

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;

II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;

III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do


trabalho que lhes competir, ou em razão dele;

IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por


dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;

Responsabilidade Civil 9
➣ É caso de responsabilidade objetiva - Art. 933 do CC/02

Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja
culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

(a) Caso dos pais/responsáveis pelo menor -


É responsabilizado os progenitores/responsáveis por atos cometidos por seus filhos menores que estiverem sob sua
autoridade (ordenação parental) e companhia (influência)
Obs.: ordenação parental é diferente de poder familiar
O primeiro se refere a aquele que exerce de “forma regular” o poder familiar, não necessariamente de maneira
física/presencial.
Ob2.: os avôs dependendo do caso podem ser responsabilizados, na hipóteses daqueles detiverem a ordenação
parental. Ou então, caso os avôs exerçam a autoridade e a companhia na vida do menor, eles podem ser
responsabilizados inclusive de forma solidária com os pais.
Obs3.: é preciso observar a casuística para determinar se há ordenação parental, pois há diversas conjunturas e
dinâmicas familiares na atualidade.

Caso do menor emancipado -

💡 Enunciado 41 da I Jornada de Direito Civil - A única hipótese em que poderá haver responsabilidade
solidária do menor de 18 anos com seus pais é ter sido emancipado nos termos do art. 5, parágrafo único,
inciso I do CC/02 (foi revogado)

Art. 5 o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à
prática de todos os atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o
menor tiver dezesseis anos completos;

ENUNCIADO 660 – Art. 928: Suprime-se o Enunciado 41 da I Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal.
("A única hipótese em que poderá haver responsabilidade solidária do menor de 18 anos com seus pais é ter sido
emancipado nos termos do art. 5º, parágrafo único, inc. I, do novo
Código Civil.")
Justificativa: O Enunciado 41 da I Jornada de Direito Civil considera exclusivamente a emancipação
como causa de responsabilidade solidária dos menores de 18 anos, o que é contraditório ao
Enunciado 40 da mesma Jornada, que reconhece que o menor é devedor principal no caso de atos
infracionais com medida protetiva de reparação do dano. Ademais, havendo mais de um causador
do dano, e sendo o adolescente também devedor principal, este deve ser considerado devedor
solidário, conforme art. 942, parte final, do Código Civil.
Nesse sentido: “Assim é que, para os danos resultantes de ato infracional, de que é importante o
dano dolosamente causado (Código Penal, art. 163), poderá ser imposta uma responsabilidade civil
subjetiva (ECA, art. 116), sendo o adolescente solidariamente responsável com os seus pais ou tutor
(Código Civil, art. 942, parágrafo único).” (CALIXTO, Marcelo Junqueira. A culpa na responsabilidade
civil: estrutura e função. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 45-46). No mesmo sentido: TEPEDINO,
Gustavo; BARBOZA, Heloisa Helena; MORAES, Maria Celina Bodin de. Código Civil interpretado
conforme a Constituição da República. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2012, v. 2, p. 823.

Obs.: caso do menor emancipado de forma voluntária - os seus pais/responsáveis ainda deverão indenizar na
ocorrência de algum prejuízo ocasionado pelo menor.

Responsabilidade Civil 10
Importante - É preciso em primeiro lugar comprovar a responsabilidade subjetiva do menor/inimputável e depois
fala-se em responsabilidade objetiva de seus responsáveis - pois não há o que se falar em responsabilidade in
vigilante, como era adotado anteriormente. Caso não seja caso de responsabilidade subjetiva do menor, não irá
ocorrer a responsabilização de seu responsável.

Regra da Solidariedade - Art. 942, parágrafo único do CC/02

Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as


pessoas designadas no art. 932.

Caso do Menor que pode se sustentar o ônus da responsabilização -

Aqui fala-se no caso em que as pessoas responsáveis não tem a obrigação de fazê-lo ou não dispõe de meios, sendo
que o menor tem condições de bancar a indenização.

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis
não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.

➢ A indenização deverá se dar de forma equitativa -

Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar
se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.

(b) Tutor e/ou Curador - Art. 932, inciso II do CC/02


Aqui também é preciso que haja os requisitos de companhia e autoridade.
(c) Empregador , por seus empregados no exercício do trabalho que lhes competir ou em razão dele - Art. 932,
inciso III do CC/02
➢ A atividade pode ser permanente ou transitória
➢ Ao empregador cabe a tentativa de desvincular a atividade causadora do dano da atividade laboral do empregado
(d) Donos de Hotéis, hospedarias, casas e estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins
educacionais - Art. 932, inciso IV do CC/02
Ou seja, a Escola durante o horário escolar/de aula tem um dever de cuidado para com os seus estudantes, logo a
instituição pode ser responsabilizada por eventuais danos que ocorrerem ao aluno em si ou que o estudante seja o
autor/agente.
Obs.: não é somente em relação a internatos. (apesar da redação)

Último Inciso; é Caso de Enriquecimento sem Causa - Art. 932, inciso V do CC/02

V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente


quantia.

É tido doutrinariamente com caso de enriquecimento sem causa e não um caso de responsabilidade civil por fato de
outrem.

2. Responsabilidade Civil pelo Fato da Coisa

➢ Relaciona-se com a Teoria de Guarda - é necessário que o sujeito tome conta; responsabilize-se pela coisa

➢ Não há artigo específico no CC/02, utiliza-se uma construção jurisprudencial e doutrinária.


➢ Arts. 937 e 938 - seria o caso de aplicação de fato da coisa ? - discussão doutrinária

Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua
ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.

Responsabilidade Civil 11
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das
coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

3. Responsabilidade Civil por Fato do Animal

Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar
culpa da vítima ou força maior.

➢ Para haver a excludente deve se provar um fato estranho (caso fortuito ou de força maior) ou culpa exclusiva da
vítima, e não concorrente, sendo concorrente fala-se em diminuição proporcional no valor da indenização.

Sobre a Indenização -

💡 ENUNCIADO 658 da IX Jornada Direito Civil  – Arts. 402 e 927: As perdas e danos indenizáveis, na forma
dos arts. 402 e 927, do Código Civil , pressupõem prática de atividade lícita, sendo inviável o ressarcimento
pela interrupção de atividade contrária ao Direito.

Só cabe a indenização se a vítima do dano, caso esta esteja praticando uma conduta lícita.

Quantificação do Dano -

➢ Princípio da reparação integral dos prejuízos - Art. 944, caput do CC/02


Necessidade de tornar indene, de retornar ao status quo anterior.

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

➢ Reparação “natural” ou em pecúnia? R.: Art. 947 do CC/02


Há em nosso sistema de responsabilidade civil a necessidade de reparação em valor monetário.

Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á
pelo seu valor, em moeda corrente.

➢ Critérios de fixação de danos patrimoniais


Utiliza-se a Teoria da Diferença - Art. 402 do CC/02

Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao
credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de
lucrar.

Ou seja, observar a situação anterior ao dano e compará-la com a atual, é um critério objetivo que averigua de forma
documental.
➢ Critérios de fixação de danos extrapatrimoniais -
Aqui fala-se em um critério compensatório + pedagógico.

Responsabilidade Civil 12

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