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Resumo
Os danos morais são aqueles danos não patrimoniais, que incidem sobre a personalidade da pessoa, que por ato ilícito de um terceiro
causa um constrangimento ilegal. Quando ocorre esse dano, gera o dever de indenizar de acordo com a responsabilidade civil. As
indenizações arbitradas à título de danos morais levam em conta o “enriquecimento sem causa”, por isso são sempre em valores
baixos, o que leva a impunidade do lesador e a não compensação justa do lesado. A existência de diferenças modalidades de danos
morais e causas em que não se aplica o dano. O dano em si, é causa de enriquecimento, já que provem de uma sentença de um
magistrado.
Palavras-chave: Danos morais; Indenização; Enriquecimento sem causa; Responsabilidade Civil; Sentença.
Abstract
Moral damages are thosepersonalinjuries,whichfocusonthepersonalityofthepersonthatwrongfulactof a thirdparty causes
anillegalconstraint. Whenthisdamageoccurs, generatesthedutytoindemnifyundertheliability. Indemnitiesrefereedto for moral
damagestakeintoaccountthe "unjustenrichment", sothey are alwaysatlowvalues, which leads toimpunity lesador
andnotjustcompensationoftheinjured. Differencesmodalitiesof moral damagesand causes that do notapplythedamage. The
damageitselfis cause enrichment, alreadyproving a judgmentof a magistrate.
Keywords: Moral damages; Indemnification; Unjustenrichment; Liability; Sentence.
Contato: raniere90@gmail.com
Assim, para a configuração do dano moral, Este tema tão antigo, porém atual que, ape-
com seus aspectos preventivo e pedagógico, faz- sar de já tão discutido, ainda tem muito à evoluir. É
se necessária a demonstração dos seguintes comum que outras modalidades de dano surjam a
pressupostos: a) ação ou omissão do agente; b) medida em que vai se apurando suas condições e
ocorrência de dano; c) culpa e d) nexo de causali- as pessoas, dentro de sua evolução intrínseca,
dade. percebam seus valores íntimos.
Com o advento da Súmula 385 do Superior
Tribunal de Justiça, nos casos de inscrição indevi-
da nos órgãos de proteção ao crédito, fica prejudi- 1.4 FIXAÇÃO DO VALOR INDENIZATÓRIO
cada a indenização por danos morais quando
houver outra inscrição devida anterior a esta (Su- A fixação da indenização por danos morais
perior Tribunal de Justiça, Súmula nº 385, Dispo- deve levar em consideração não somente o dano
nível em si, mas também o poder econômico do agente
em:http://www.stj.jus.br/SCON/sumulas/doc.jsp?liv e da vítima, o dever de punir para que não se repi-
re=%40docn&&b=SUMU&p=true&t=&l=10&i=87, ta o tão, usando sempre o critério da equidade
Acesso em 20 de agosto de 2014. (THEODORO JÚNIOR, Humberto. Dano moral. 7.
ed. rev. atual. e ampl. Belo Horizonte: Del Rey,
Ou seja, para termos o dano moral, deve 2010. p. 49.).
ocorrer a ação ou omissão do agente, que cause
dano a outrem. Quando este dano for advindo de Neste sentido, o Tribunal de Justiça de Goi-
inscrição indevida nos órgãos de proteção ao cré- ás, em voto do Desembargador Almeida Branco,
dito, não haverá dano moral, se houver outra ins- justificando a valor do quantum indenizatório pelo
crição precedente àquela. critério da equidade:
A moderna jurisprudência não exige sequer
prova do dano moral sofrido pela vítima de ins-
1.3 MODALIDADES DE DANO MORAL. crição indevida nos cadastros de restrição ao
crédito, entendendo que o mesmo encontra-se
implícito na própria negativação, já que os ca-
dastros de restrição ao crédito são de consulta
Temos como modalidade de dano moral, as pública e nacional. 2 - Comprovada a negativa-
ção indevida advinda do não pagamento de
formas como o dano moral se manifesta. Claro
débito originado do uso de linha telefônica habi-
que são infinitas as circunstancias que podem litada fraudulentamente por outra pessoa em
gerar o dano moral, no entanto tem algumas mais nome do autor/apelado, age com culpa in vigi-
comuns e específicas, já estudadas pelo Direito lando a requerida/apelante que o negativou. 3 -
A condenação deve atender aos princípios da
(Cf. THEODORO JÚNIOR, Humberto. Dano Moral.
equidade, razoabilidade e proporcionalidade,
7. Ed. rev; atual. E ampl. Belo Horizonte: Del Rey, razão pela qual deve ser reduzida, se aplicada
2010. P. 122- 70.). em valor não condizente com os danos sofridos
Apelação Cível conhecida, mas improvida
Assim, como exemplos temos: a ruptura do (GOIÁS. Tribunal de Justiça. Apelação Cível nº
casamento, os decorrentes de erros médicos, 200992219671 (221967-49.2009.8.09.0011). 4ª
protesto de títulos, por frustrações contratuais, Câmara Cível, Relator Des. Almeida Branco.
Disponível em:
indenizações ao grupo familiar no caso de morte http://www.tjgo.jus.br/index.php?sec=consultas
da vítima arrimo de família, por danos causados à &item=decisoes&subitem=jusrisprudencia&aca
imagem e, de acordo com o que, ao longo da his- o=consultar Acesso em 20 de agosto de 2014.
tória, vem se apurando como atos lesivos ao pa- Então, as indenizações devem ser arbitra-
trimônio moral do Homem (Cf. THEODORO JÚ- das de acordo com a intensidade do dano causa-
NIOR, Humberto. Dano Moral. 7. Ed. rev; atual. E do, dentro da razoabilidade e proporcionalidade,
ampl. Belo Horizonte: Del Rey, 2010. P. 122- 70.). não deixando de punir o lesador e não causando
APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZAÇÃO. DANOS enriquecimento indevido ao lesado.
MATERIAIS E MORAIS. ROMPIMENTO UNI-
LATERAL DE NOIVADO ÀS VÉSPERAS DO Já em julgamento semelhante, também con-
CASAMENTO. RUPTURA SEM MOTIVO JUS- tra empresa de telefonia, o Desembargador Carlos
TIFICADO. DEVER DE INDENIZAR DO NOI-
VO. 'Cabe indenização por dano moral e mate-
Escher, do mesmo Tribunal, reduz o valor da inde-
rial, pelo rompimento de noivado e desfazimen-
nização usando do mesmo critério mencionado pessoa, não sendo possível mensurar nem tam-
acima: pouco compensar totalmente o lesado. Por isso, a
...A moderna jurisprudência do STJ não exige
reparação deve se levar em conta não só o tama-
sequer prova do dano moral sofrido pela vitima nho do dano, mas como também o poder financei-
de inscrição indevida nos cadastros de restri- ros dos agentes e o caráter punitivo.
ção ao credito, entendendo que o mesmo en-
contra-se implícito na própria negativação, já O Desembargador Norival Santomé foi ain-
que os cadastros de restrição ao crédito são de da mais longe, citando não só o caráter punitivo,
consulta pública. 2 - Comprovada a existência
mas também o preventivo, como segue:
da negativação indevida do nome do au-
tor/apelado, resta inexorável a condenação da ...A indenização pelo dano moral mostrar-se-á
requerida/apelante que o negativou. 3- Não razoável quando satisfizer o seu caráter dúpli-
atendendo aos princípios da equidade, razoabi- ce, exercendo as finalidades de compensar em
lidade e proporcionalidade, a condenação da parte a dor sofrida e a de impor uma penalida-
requerida/apelante ao pagamento de indeniza- de com caráter punitivo e também preventivo
ção, o valor deve ser reduzido. Apelação provi- de novas ofensas. Desta feita, realizando tais
da em parte (Apelação Cível nº 200790622564 propósitos, não importará em enriquecimento
(62256-72.2007.8.09.0174), 4ª Câmara Cível, sem causa da vítima ou em excesso de penali-
DJ 646, de 23/08/2010. Disponível em: zação. Recurso conhecido e desprovido...
http://www.tjgo.jus.br/index.php?sec=consultas (GOIÁS. Tribunal de Justiça. Apelação Cível nº
&item=decisoes&subitem=jusrisprudencia&aca 940294000 (29400-90.1994.8.09.0051). 6ª
o=consultar Acesso em 20 de agosto de 2014. Câmara Cível, DJ 683 de 19/10/2010. Relator
Des. Norival Santomé. Disponível em:
Neste caso, o ilustre desembargador redu- http://www.tjgo.jus.br/index.php?sec=consultas
ziu o valor indenizatório, tendo em vista que a &item=decisoes&subitem=jusrisprudencia&aca
decisão de 1ª instancia não atendeu aos princípios o=consultar. Acesso em 20 de agosto de 2014.
da razoabilidade, equidade e proporcionalidade, Insta ressaltar, acerca da decisão acima, a
arbitrando um valor excessivo a título de indeniza- necessidade do caráter preventivo da indenização,
ção. afim de afastar a ocorrência desses danos.
Ainda, com o principio do enriquecimento Por esses e outros motivos, que apenas a
sem causa, conforme previsto no artigo 884 do pessoa do juiz pode arbitrar as indenizações com
Código Civil, não se pode gerar um enriquecimen- seu livre convencimento, todo seu vasto estudo da
to imotivado à pessoa do lesado, que também está lei, além de conhecimento da pessoa humana com
disciplinado pelo critério da equidade. estudos de antropologia, história e toda a respon-
Das noções fundamentais já expostas, con- sabilidade que incumbe a sua profissão.
cluímos que existe enriquecimento injusto sempre CAPITULO II
que houver uma vantagem de cunho econômico
em detrimento de outrem, sem justa causa.
RESPONSABILIDADE CIVIL
A fixação da indenização por danos morais
obedece ao prudente arbítrio do julgador, não
podendo importar em enriquecimento ilícito do 2.1 CONCEITO DE RESPONSABILIDADE
ofendido, deve-se considerar a dupla finalidade CIVIL
do instituto, cujos objetivos são, por um lado, a
punição do ofensor, como forma de coibir a sua
reincidência na prática delituosa e, por outro, a
compensação da vítima pela dor e sofrimento Primeiramente, a responsabilidade é o de-
vivenciados, atendidos estes pressupostos, ver do indivíduo de assumir todas as consequên-
mantém-se o quantum arbitrado na sentença, cias de seus atos, ou de quem dele dependa.
máxime pela observação dos princípios da ra-
zoabilidade e da proporcionalidade...(GOIÁS. Responsabilidade vem do grego "respon" que
Tribunal de Justiça. Apelação Cível nº significa independencia, e do latim "sabili" ,que
200790017288 (1728-53.2007.8.09.0051), 6ª significa sábio. É a obrigação a responder pe-
Câmara Cível, DJ 700, de 18/11/2010. Relator las próprias ações, e pressupõe que as mes-
Des. Fausto Moreira Diniz. Disponível em: mas se apoiam em razões ou motivos. O termo
http://www.tjgo.jus.br/index.php?sec=consultas aparece em discussões sobre determinismo e
&item=decisoes&subitem=jusrisprudencia&aca livre-arbítrio, pois muitos defendem que se não
o=consultar Acesso em 20 de agosto de 2014. há livre-arbítrio não pode haver responsabilida-
de individual, pois as ações pelas quais o indi-
No caso acima, o digníssimo relator pontua viduo seria responsabilizado não foram pratica-
com precisão quando diz que a fixação do valor da das de livre e espontânea vontade, e conse-
indenização deve cumprir o papel de punir o lesa- quentemente, também podem ser uma pessoa
muito errada: um aluno, um professor e um ci-
dor e reparar o dano do lesado, não importando dadão não pode haver nem castigo nem puni-
em enriquecimento sem causa. ção justa para atos julgados irresponsáveis. Os
motivos das ações de um indivíduo responsá-
Portanto, a fixação do valor indenizatório vel devem fazer sentido e este deve fazer co-
nas indenizações por danos morais, apesar de nhecer suas opiniões sem causar transtorno,
não ser possível quantificar o dano uma vez que é ao resto da comunidade. Ser responsável é a
subjetivo, deve se seguir alguns parâmetros que obrigação de qualquer cidadão para uma vida
saudável em sociedade (Wikipédia. Responsa-
nos norteiam. O dano moral é fato íntimo de cada bilidade. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Responsabilidade. falsários que causam danos a terceiros, mesmo que adotem
Acesso em 20 de agosto de 2014. todas as cautelas necessárias para evitar o evento danoso.
Trata-se da aplicação da Teoria do Risco Negocial, segundo a
Desta forma, não importa a intenção nem a qual os fornecedores responsabilizam-se pelos danos causa-
vontade do agente, pois, todos indivíduo deve ser dos aos consumidores efetivos ou equiparados, decorrentes de
responsável por suas atitudes, senão, alguém ausência de segurança dos serviços oferecidos (GOIÁS. Tribu-
nal de Justiça. Apelação Cível nº 200793626188 (362618-
deve ser por ele, como no caso do representante 48.2007.8.09.0029), 6ª Câmara Cível, DJ 786, de 25/03/2011.
legal. Ou seja, se existe uma ação alguém deve se Relator Des. Fausto Moreira Diniz. Disponível em:
responsabilizar por ela. http://www.tjgo.jus.br/index.php?sec=consultas&item=decisoes
&subitem=jusrisprudencia&acao=consultar Acesso em 20 de
Todo ato humano tem sua consequência, e agosto de 2014.
essa consequência deve ser assumida por al-
guém. “A teoria da responsabilidade de relaciona- Portanto, na relação de consumo, a empre-
se com à liberdade e à racionalidade humanas, sa responde mesmo sem culpa, assumindo os
que impõem à pessoa o dever de assumir os ônus riscos de seu negócio jurídico.
correspondentes a fatos a ela referentes” (AL-
BERTO BITTAR, Carlos. Curso de Direito Civil. v. Assim, de acordo com o artigo 159 do Códi-
1. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1994. p. go Civil, “aquele que, por ação ou omissão volun-
561.). tária, negligência ou imperícia, violar direito ou
causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o
Toda atividade humana gera por si só, uma dano", responsabilizando o agente, obrigando-o a
responsabilidade. Essa responsabilidade é vista indenizar a quem tenha causado o dano.
por todos os aspectos, tanto sociológico, ético,
moral, quanto jurídico. Ainda, temos:
A interpretação mais serena que se deve dar
Assim sempre que um indivíduo causar um ao presente dispositivo gravita em torno da
dano a outro, neste exato momento nasce a res- conduta levada a cabo da má-fé ou que contra-
ponsabilidade civil, tendo o agente a obrigação de rie a proibição legal (a ação), à não-realização
indenizar, de reparar, repor ou compensar de al- de algo a que o agente estava obrigado, por
dever legal, a fazê-lo (a negligência), bem co-
guma forma o determinado dano. mo ao erro de profissional na realização de seu
a responsabilidade civil consiste na obrigação mister, gerando o prejuízo experimentado pela
do agente causador do dano em reparar o pre- vítima (a imperícia) (SANTANA, Washington,
juízo causado a outrem, por ato próprio ou de Responsabilidade Civil no novo código civil.
alguém que dele dependa. Assim, a responsa- Disponível em:
bilidade civil pode ser conceituada pela obriga- http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/935/R
ção de fazer ou não–fazer ou ainda pelo paga- esponsabilidade-Civil-no-Novo-Codigo-Civil.
mento de condenação em dinheiro (FRIZZO, Acesso em 20 de agosto de 2014.
Juliana Piccinin, Responsabilidade Civil das
sociedades pelos danos ambientais Disponível A responsabilidade civil necessita de ser
em: comprovada, como segue:
http://jus.uol.com.br/revista/texto/4129/respons
abilidade-civil-das-sociedades-pelos-danos- ...De acordo com a teoria da responsabilidade
objetiva, agasalhada pela Constituição Federal
ambientais. Acesso em 20 de agosto de 2014.
(art. 37, § 6º), impõe-se ao Estado o dever de
indenizar os danos causados a terceiros, inde-
pendente de culpa ou dolo, bastando que a ví-
tima demonstre a ocorrência do fato danoso e
Portanto, a responsabilidade civil não é injusto ocasionado por ação ou omissão do
apenas o dever de se responsabilizar por determi- Poder Público e a comprovação do nexo de
causalidade. 3...
nado fato, e sim, a aplicação de normas que obri-
gam o indivíduo a se responsabilizar pelos atos Desta forma, o agente deve comprovar a
por ele praticados ou por quem dele dependa. ação ou omissão do lesador, e comprovar que
A responsabilidade civil é a aplicação de medi-
esta ação lhe infringiu dano. Deve haver uma co-
das que obriguem uma pessoa a reparar o da- nexão entre a ação e o dano.
no moral ou patrimonial causado a terceiros,
em razão de ato por ela mesma praticado, por
pessoa por quem ela responde, por alguma
coisa a ela pertencente ou de simples imposi-
ção legal (HELENA DINIZ, Maria. Curso de Di-
2.2 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABI-
reito Civil brasileiro. 22 ed. rev. atual. e ampl. v. LIDADE CIVIL
7. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 35.).