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DELEGADO CIVIL

Barbara Brasil
Direito Civil
Aula 05

ROTEIRO DE AULA

◦ Obrigação de Não-Fazer:
Sempre que o objeto do contrato envolver uma conduta abstensiva, estamos diante de uma obrigação de não-fazer.
Impõe ao devedor um dever de abstenção, somente o Poder judiciário tem o poder coercitivo para obrigar o sujeito a
desfazer algo que não deveria ter sido feito. Contudo, a autotutela é permitida no caso do parágrafo único do Art. 251;
CC.

- Recusa Voluntária do Cumprimento da Obrigação:


Se o devedor realiza a conduta da qual deveria se abster de forma voluntária, ele se torna inadimplente e o credor
pode:
a- desfazer o ato praticado;
b- requerer que 3º desfaça o ato acrescido de perdas e danos

- Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena
de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de
autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

- Impossibilidade da abstenção do fato sem culpa do devedor:


A obrigação se extingue.
- Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do
ato, que se obrigou a não praticar.

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Responsabilidade Civil:
Introdução:
“Neminem Laedere” é um princípio geral de direito que diz que a ninguém é dado o direito de causar dano a outrem. Se
o indivíduo viola esse princípio, surgirá para ele como consequência dessa violação a responsabilidade civil.
Assim, responsabilidade civil é o dever de reparar o dano causado.
Como regra, o dano nasce de uma conduta ilícita, uma conduta contrária ao ordenamento jurídico.
Ato ilícito é o ato contrário à norma jurídica. Aqui, norma jurídica deve ser entendida como lei em sentido amplo ou
contrato.

- Se o indivíduo viola a Lei em sentido amplo ele comete um ato ilícito extracontratual e se desse ato ilícito
extracontratual sobrevier um dano, gerará responsabilidade civil.
A responsabilidade civil está disciplinada pelos arts. 186 e 187 e 927 todos do Código Civil.

- Se o indivíduo violar uma relação jurídica contratual, ele comete ato ilícito contratual e se desse ato ilícito contratual
sobrevier um dano gerará responsabilidade civil contratual.
A responsabilidade civil contratual está regulada no arts. 389 e seguintes do Código Civil.

- Art. 389; CC: Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

◦ Espécies de Responsabilidade Civil Extracontratual:


1- Responsabilidade Subjetiva:
O Código Civil brasileiro adotou como regra geral a responsabilidade civil subjetiva, segundo a qual, o ofensor tem o
dever de reparar ou de restituir o mal causado desde que comprovado o dano, o nexo causal e a sua culpa.

- Elementos da Responsabilidade Civil:


1- Ato ilícito
2- Dano
3- Nexo de causalidade
- Ato ilícito + Dano = Responsabilidade Civil
Na RC Subjetiva, prevista no Art. 186; CC, há mais um elemento:
4- Culpa (em sentido amplo) – dolo (agente teve a intenção de praticar o ato e cometer o dano)
- culpa em sentido estrito (agente não tinha a intenção;inobservância no dever de cuidado).
A culpa pode ser dividida em negligência, imprudência e imperícia.
- No CC/02, a indenização se mede pela extensão do dano, não mais pela comprovação da culpa/dolo. Contanto, a culpa
é elemento para reduzir o valor da indenização, nos casos do Art. 944; CC.

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- Responsabilidade Subjetiva = Ato ilícito + Dano + Culpa

- Art. 186, CC: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

2- Responsabilidade Objetiva
A responsabilidade civil objetiva também requer a configuração de elementos essenciais para o surgimento do dever de
indenizar, quais sejam, a comprovação do dano e do nexo causal.
- Responsabilidade Civil Objetiva = Ato ilícito + dano
Na responsabilidade civil objetiva só há necessidade de comprovar o nexo causal entre o ato ilícito e o dano. Ela é
exclusão, só será objetiva se não for RC subjetiva, como previsto no Art. 927; CC.

- Art. 187, CC: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

- Art. 927, parágrafo único; CC: Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem.

- Art. 944, CC: A indenização mede-se pela extensão do dano.


Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
eqüitativamente, a indenização.

◦ Hipóteses de Responsabilidade Objetiva:


1 - quando a lei assim determinar (Art.187,CC, Art.932 ao 934, CC e arts. 936 ao 938,CC);
2 - fundada no Risco (Art.927, parágrafo único, CC).

O CC elencou alguns artigos em que a RC será objetiva:


- Abuso de Direito: Art. 187
- Responsabilidade Civil Indireta: não será o agente causador do dano o causador do dano, haverá uma imputação de
responsabilidade àquele que de forma reflexa, indireta, fez com que o dano acontecesse – Arts. 932 ao 934
- Responsabilidade Civil pelo Fato da Coisa (decorrentes de objetos caídos ou lançados) e pelo Fato do Animal (ataques
de animais) – Arts. 936 a 938

- Art. 927, CC: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

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Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.

- Art. 934; CC: Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem
pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.

- Art. 936; CC: O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou
força maior.

◦ Elementos ou Pressupostos da Responsabilidade Civil Extracontratual:


1- Ato ilícito (conduta humana antijurídica):
É conduta contrária à lei em sentido amplo – norma jurídica.
O CC, à semelhança do CP, adota excludentes de ilicitude.

◦ Excludentes de Ilicitude:
Se o sujeito estiver abrigado por alguma das excludentes de ilicitude ele não precisará reparar o ato.
Elas estão previstas no Art. 188; CC.
I- legítima defesa
II- estado de necessidade

- Exceção:
Art. 188; CC c/c Art. 929; CC: se o indivíduo, não obstante estar atuando sob estado de necessidade, atinge o patrimônio
de um terceiro que não contribui para a formação da situação de perigo, ficará obrigado a reparar o dano causado.
(condutas lícitas podem causar reparação do dano)
Depois de reparar o dano, a pessoa que o reparou terá direito a mover ação de regresso contra o verdadeiro causador
do dano.
Ex.: acidente de automóvel causado para evitar atropelamento.

- Art. 188, CC: Não constituem atos ilícitos:


I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente
necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.

- Art. 929, CC: Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo,
assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.

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◦ Imputabilidade:
Para o sujeito poder ser responsabilizado pelos danos que causar a terceiros ele tem que ser imputável. Quando o dano
é causado por inimputável, quem reparará os danos aqueles elencados no Art. 932; CC – é a responsabilidade indireta.
Excepcionalmente, o inimputável será responsabilizado; ela é responsabilidade subsidiária e mitigada; prevista no Art.
928; CC.
Responsabilidade subsidiária é por ser primeiramente chamados aqueles que têm o poder familiar e somente depois ao
incapaz.
Nesses casos, pode ser que a vítima não seja completamente reparada pelo dano ao qual sofreu, pois a
responsabilidade do incapaz é mitigada, ou seja, ele só será responsabilizado até o montante que não o prive de sua
subsistência e da daqueles que dele dependam.
A responsabilidade civil indireta do Art. 932 é objetiva, como reza o Art. 933; CC. Ela é chamada de objetiva impura, pois
os pais serão responsabilizados somente se o menor cometer ato ilícito culposo.

- Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de
fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o
incapaz ou as pessoas que dele dependem.

- Art. 932, CC: São também responsáveis pela reparação civil:


I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de
educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.

- Art. 933, CC: As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte,
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

- Art. 942, CC: Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano
causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932.

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- Enunciado 40 do CFJ: “o incapaz responde pelos prejuízos que causar de maneira subsidiária ou excepcionalmente
como devedor principal, na hipótese do ressarcimento devido pelos adolescentes que praticarem atos infracionais nos
termos do art. 116 do Estatuto da Criança e do Adolescente, no âmbito das medidas sócio-educativas ali previstas.”

- Enunciado 450 CJF, V Jornada: “considerando que a responsabilidade dos pais pelos atos danosos praticados pelos
filhos menores é objetiva, e não por culpa presumida, ambos os genitores, no exercício do poder familiar, são, em regra,
solidariamente responsáveis por tais atos, ainda que estejam separados, ressalvado o direito de regresso em caso de
culpa exclusiva de um dos genitores.”

◦ Menor Emancipado:
O menor emancipado responde pelos atos danosos que causar a terceiros, pois tem responsabilidade civil plena.
As hipóteses de emancipação estão no Art. 5º, p. ún; CC.
Nos casos de emancipação voluntária, existe a possibilidade de os pais responderem de forma subsidiária, em regime de
solidariedade, como entendimento do STJ.

- Art. 5º, parágrafo único, CC: Cessará, para os menores, a incapacidade:


I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de
homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o
menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

- Enunciado 41, CJF: “A única hipótese em que poderá haver responsabilidade solidária do menor de 18 anos com seus
pais é ter sido emancipado nos termos do art.5º, parágrafo único, inciso I, CC”.

- Art. 934, CC: Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem
pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.

DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO ENVOLVENDO MENOR. INDENIZAÇÃO AOS PAIS DO
MENOR FALECIDO. ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL. REVISÃO. ART. 932, I, DO CÓDIGO CIVIL. 1. A responsabilidade
dos pais por filho menor - responsabilidade por ato ou fato de terceiro -, a partir do advento do Código Civil de 2002,
passou a embasar-se na teoria do risco para efeitos de indenização, de forma que as pessoas elencadas no art. 932 do
Código Civil respondem objetivamente, devendo-se comprovar apenas a culpa na prática do ato ilícito daquele pelo qual
são os pais responsáveis legalmente. Contudo, há uma exceção: a de que os pais respondem pelo filho incapaz que

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esteja sob sua autoridade e em sua companhia; assim, os pais, ou responsável, que não exercem autoridade de fato
sobre o filho, embora ainda detenham o poder familiar, não respondem por ele, nos termos do inciso I do art. 932 do
Código Civil. 2. Na hipótese de atropelamento seguido de morte por culpa do condutor do veículo, sendo a vítima
menor e de família de baixa renda, é devida indenização por danos materiais consistente em pensionamento mensal aos
genitores do menor falecido, ainda que este não exercesse atividade remunerada, visto que se presume haver ajuda
mútua entre os integrantes dessas famílias.
3. Recurso especial conhecido parcialmente e, nessa parte, provido também parcialmente. REsp 1232011 / SC

2- Dano:
◦ Conceito: lesão a um bem jurídico.
Eles são divididos em dano material, dano moral e dano estético; além da perda de uma chance.

◦ Espécies de Danos:
a) Dano Material: quando há lesão de bem jurídico material, patrimonial da vítima. Ele pode ser do tipo lucros cessantes
ou do tipo Dano emergente.
Lucros cessantes – aquilo que o indivíduo deixou de ganhar/lucrar
Dano emergente – aquilo que o indivíduo gastou para reparar o dano

- Art. 402, CC: Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além
do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

◦ Alimentos Indenizatórios: é uma categoria de lucros cessantes; ele é decorrente de responsabilidade civil, hipóteses
indenizatórias; quando há morte da vítima e ela deixa dependentes econômicos ou ela tem a redução de sua
capacidade laboral.
Estão presentes nos Art. 948 e 950, ambos CC.
Se a vítima faleceu, seus dependentes podem requerer tais alimentos e eles terão tempo de duração baseado na
expectativa de vida da vítima falecida, para isso é usado a tábua da mortalidade prevista pelo IBGE à época dos fatos.
Nos casos de capacidade laboral reduzida, apenas a vítima que suportou o evento pode solicitar tais alimentos e eles
terão duração de acordo com o caso; se for redução vitalícia, os alimentos serão vitalícios; se for redução temporal, será
enquanto durar a convalescença.
Ela poderá ser fixada ao pagamento de uma só vez, se esse pagamento não prejudicar o devedor.

- Art. 948, CC: No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da
vítima.

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- Art. 950, CC: Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe
diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da
convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que
ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.

◦ Dano Moral: surge da violação à direitos da personalidade e tal violação causa um abalo psicológico. Pode ser
qualquer direito da personalidade.
Abalo psicológico é a dor, a tristeza, a depressão, o sofrimento, a angústia, o constrangimento que surge em
decorrência do abalo ao direito da personalidade.
Se não for comprovado o abalo psicológico, os Tribunais têm entendido como o indivíduo tendo suportado apenas um
mero aborrecimento.
Assim, mero aborrecimento é a comprovação somente da violação do direito da personalidade.

- Hipóteses de Presunção de Dano Moral:


O STJ, por ser situação grave, considera que nessas situações o dano moral é presumido, ensejando, inclusive a edição
de súmulas, além de diversos julgados nesse sentido.

- Súmula 370: “caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.”


- Súmula 385: “da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral,
quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.”

- Súmula 388: “a simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.”

- Súmula 403: “independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com
fins econômicos ou comerciais.”
(* Atualmente o STJ expandiu essa Súmula, mesmo que não tenha conteúdo econômico, o dano moral pela violação ao
direito de imagem gera dano moral presumido.)

DIREITO DO CONSUMIDOR E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E COMPENSAÇÃO
DE DANOS MORAIS. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 282/STF. ATRASO EM VOO INTERNACIONAL. DANO
MORAL NÃO CONFIGURADO. EXTRAVIO DE BAGAGEM. ALTERAÇÃO DO VALOR FIXADO A TÍTULO DE DANOS MORAIS.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. 1. Ação de reparação de danos materiais e compensação de danos morais, tendo em
vista falha na prestação de serviços aéreos, decorrentes de atraso de voo internacional e extravio de bagagem. 2. Ação
ajuizada em 03/06/2011. Recurso especial concluso ao gabinete em 26/08/2016. Julgamento: CPC/73. 3. O propósito
recursal é definir i) se a companhia aérea recorrida deve ser condenada a compensar os danos morais supostamente

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sofridos pelo recorrente, em razão de atraso de voo internacional; e ii) se o valor arbitrado a título de danos morais em
virtude do extravio de bagagem deve ser majorado. 4. A ausência de decisão acerca dos argumentos invocados pelo
recorrente em suas razões recursais impede o conhecimento do recurso especial. 5. Na específica hipótese de atraso de
voo operado por companhia aérea, não se vislumbra que o dano moral possa ser presumido em decorrência da mera
demora e eventual desconforto, aflição e transtornos suportados pelo passageiro. Isso porque vários outros fatores
devem ser considerados a fim de que se possa investigar acerca da real ocorrência do dano moral, exigindo-se, por
conseguinte, a prova, por parte do passageiro, da lesão extrapatrimonial sofrida. 6. Sem dúvida, as circunstâncias que
envolvem o caso concreto servirão de baliza para a possível comprovação e a consequente constatação da ocorrência
do dano moral. A exemplo, pode-se citar particularidades a serem observadas: i) a averiguação acerca do tempo que se
levou para a solução do problema, isto é, a real duração do atraso; ii) se a companhia aérea ofertou alternativas para
melhor atender aos passageiros; iii) se foram prestadas a tempo e modo informações claras e precisas por parte da
companhia aérea a fim de amenizar os desconfortos inerentes à ocasião; iv) se foi oferecido suporte material
(alimentação, hospedagem, etc.) quando o atraso for considerável; v) se o passageiro, devido ao atraso da aeronave,
acabou por perder compromisso inadiável no destino, dentre outros. 7. Na hipótese, não foi invocado nenhum fato
extraordinário que tenha ofendido o âmago da personalidade do recorrente. Via de consequência, não há como se falar
em abalo moral indenizável. 8. Quanto ao pleito de majoração do valor a título de danos morais, arbitrado em virtude
do extravio de bagagem, tem-se que a alteração do valor fixado a título de compensação dos danos morais somente é
possível, em recurso especial, nas hipóteses em que a quantia estipulada pelo Tribunal de origem revela-se irrisória ou
exagerada, o que não ocorreu na espécie, tendo em vista que foi fixado em R$ 5.000,00 (cinco mil reais). 9. Recurso
especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, não provido. REsp 1584465 / MG

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANOS MORAIS DECORRENTES DE COLISÃO DE VEÍCULOS. ACIDENTE SEM
VÍTIMA. DANO MORAL IN RE IPSA. AFASTAMENTO. NECESSIDADE DE APRECIAÇÃO DE CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
INVIABILIDADE EM RECURSO ESPECIAL. RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. O
movimento de despatrimonialização do direito privado, que permitiu, antes mesmo da existência de previsão legal, a
compensação de dano moral não se compatibiliza com a vulgarização dos danos extrapatrimoniais. 2. O dano moral in
re ipsa reconhecido pela jurisprudência do STJ é aquele decorrente da prática de condutas lesivas aos direitos
individuais ou perpetradas contra bens personalíssimos. Precedentes. 3. Não caracteriza dano moral in re ipsa os danos
decorrentes de acidentes de veículos automotores sem vítimas, os quais normalmente se resolvem por meio de
reparação de danos patrimoniais. 4. A condenação à compensação de danos morais, nesses casos, depende de
comprovação de circunstâncias peculiares que demonstrem o extrapolamento da esfera exclusivamente patrimonial, o
que demanda exame de fatos e provas. 5. Recurso especial provido. REsp 1653413 / RJ

◦ Dano estético:
- Conceito: lesão ao direito da personalidade específico, integridade física, da vítima que gera uma alteração das suas
formas naturais.

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- Súmula 387, STJ: “é lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.”

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