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Treinamento

RESPONSABILIDADES por Acidente de Trabalho


Enfoque: Civil e Penal

PARTE INTEGRANTE DO
CURSO DE FORMAÇÃO DE SUPERVISOR DE TRABALHO EM ALTURA

Instrutor: Edvaldo Nunes da Silva Filho


INDICE
MÓDULO 1: INTRODUÇÃO
1.1. A Obrigação como um Dever Jurídico Originário 3
1.2. Espécies de Responsabilidade 3

MÓDULO 2: RESPONSABILIDADE CIVIL


2.1. Conceito 4
2.2. Fundamentação legal 4
2.3. A Responsabilidade civil é extracontratual e subjetiva 5
2.4. Exteriorização da conduta culposa 5
2.5. Responsabilidade das pessoas envolvidas 6
2.6. Dano material e moral 7
2.7. O quantum indenizatório 8
2.8. Modalidades de culpa 9
2.9. Presunção de culpa 10
2.10. Casos de exclusão da responsabilidade 10
2.11. Ações do Ministério Público 11

MÓDULO 3: RESPONSABILIDADE PENAL


3.1. Conceito 13
3.2. Tipos penais 13
3.3. Inquérito policial 14
3.4. Denúncia 14

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MÓDULO 1: INTRODUÇÃO
1.1. A OBRIGAÇÃO COMO UM DEVER JURÍDICO ORIGINÁRIO
Para que se entenda mais facilmente o conceito de responsabilidade, e,
principalmente a sua caracterização, é necessário perceber que, sempre antes
desta, existe um dever obrigacional, que uma vez descumprido, tem como
conseqüência o condão de surgir a responsabilização.
Assim, para não ser responsabilizada administrativamente com fatos
relacionados aos acidentes ou doenças do trabalho, e, ao meio ambiente, as
empresas devem cumprir as suas obrigações estabelecidas em legislações,
onde serão fiscalizadas por diversos órgãos, exemplarmente, tais, como, INSS,
MTE, IBAMA e SUDEMA.
Já as responsabilidades civil e penal são decididas em juízo. Não há uma
diferença substancial entre o ilícito civil e o penal. A única diferença reside na
maior ou menor gravidade ou imoralidade do fato. As condutas humanas mais
graves, que atingem bens sociais de maior relevância, são sancionadas pela lei
penal, ficando para a lei civil a repressão das condutas menos graves. Uma
mesma conduta pode incidir, ao mesmo tempo, em violação a lei civil e a penal,
caracterizando dupla ilicitude, dependendo de sua gravidade.
Com este raciocínio, portanto, percebe-se que a responsabilidade é um dever
jurídico sucessivo, conseqüente à violação da obrigação.
O empregador tem a obrigação de manter a integridade física e psicológica de
seus empregadores, responsabilizando-se, pois, pelos danos ocorridos, quando
estes se relacionarem com tarefas do trabalho.

1.2. ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE


1.2.1. Quanto ao Fato Gerador
a) Contratual: Quando pré-existe um vínculo obrigacional, e o dever de
indenizar é conseqüência do inadimplemento.
b) Extracontratual: Quando o dever surge em virtude de lesão a direito
subjetivo, sem que pré-exista entre o ofensor e a vítima relação jurídica sobre o
fato ocorrido.

1.2.2. Quanto ao Fundamento


a) Subjetiva (culpa): Dano / Nexo causal / Culpa
b) Objetiva (risco): Dano / Nexo causal

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MÓDULO 2: RESPONSABILIDADE CIVIL

2.1. CONCEITO
A responsabilidade civil é definida como o dever de reparar o dano, por todo
aquele que, via ação comissiva ou omissiva, devido à imprudência,
negligência ou imperícia, violar direito ou causar prejuízo a outrem.
Em outras palavras, quando alguém mediante conduta culposa, viola direito de
outrem e causa-lhe dano, está-se diante de um ato ilícito, e desde ato deflui o
inexorável dever de indenizar.

2.2. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL


O texto Constitucional, no seu art. 7o, XXVIII, assegura, in verbis, seguro contra
acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
O Código Civilista, por sua vez, garante a responsabilização civil por fatos
decorrentes de acidentes do trabalho no art. 186 ao dispor que: Aquele que, por
ação voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
O art. 187 afirma que também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
exerce-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico
ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
O art. 188, por sua vez, isenta desta responsabilidade, não considerando como
atos ilícitos, os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um
direito reconhecido, como ainda, a deterioração ou destruição da coisa alheia, a
fim de remover perigo iminente.
O inciso III do art.932, diz que são também responsáveis pela reparação civil, o
empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele.

Ato ilícito é definido como o fato jurídico humano voluntário ou involuntário que
ao ocorrer contraria direitos das pessoas em desrespeito às normas jurídicas.
Tal ato causa lesão aos direitos de outrem e, em conseqüência, gera a
obrigação de indenizar.
O prazo prescricional para a pretensão de reparação civil é de 03(três) anos,
segundo o art. 206, §3o, V.

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2.3. ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL E
SUBJETIVA
A parte final do inciso XXVII do art. 7o da CF menciona a indenização devido a
acidentes do trabalho quando o empregador incorrer em dolo ou culpa. Trata,
portanto, de responsabilidade subjetiva. Os seus pressupostos, como já citados
são a conduta culposa do agente, dano e nexo causal.
a) Conduta culposa do agente – Que pode ser uma ação comissiva ou
omissiva. O ato ilícito, que é o fato gerador da responsabilidade, tem as
características de ser voluntário e consciente que transgride um dever jurídico.
No citado art. 186 do CC, fica claro quando menciona “aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência”. Na responsabilidade subjetiva
a comprovação da culpa é o elemento primordial. Não é pacífico, no entanto, o
entendimento de que a responsabilidade civil decorrente de acidente ou doença
do trabalho seja de característica subjetiva. Há quem defenda a tese de que se
trata de responsabilidade objetiva, ou seja, o empregador teria o dever
obrigacional de responder, independentemente da existência de culpa.
b) Dano – É a lesão sofrida pelo empregado. Em qualquer tipo de
responsabilidade (objetiva ou subjetiva), não há que se falar em reparação se
não existir o dano, podendo ser material ou moral. No art. 186 do CC, fica claro
quando menciona “violar direito e causar prejuízo a outrem”.
c) Nexo causal – É o liame entre a ação e o dano, ou seja, o dano ocorrido
necessariamente deve ter sido provocado pela ação culposa. No art. 186 do CC
fica claro quando menciona “causar”. O nexo causal é um elemento referencial
entre a conduta e o resultado. É através dele que é possível concluir quem foi o
causador do dano. Não pode haver responsabilidade sem nexo causal. Ao
contrário do que ocorre no Código Penal, cujo art. 13 adotou a teoria da
equivalência das condições atenuada, é possível divisar no art. 403 do Código
Civil uma referência a teoria da causa adequada. Diz o citado artigo: “Ainda que
a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os
prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato”. A
expressão efeito direto e imediato evidencia que nem todas as causas têm
relevância na imputação do dano, mas somente aquela que foi a mais direta, a
mais determinante, não bastando que o ato ilícito se erija em causa indireta ou
remota do dano. Inexistindo algum destes requisitos, não se configura a
necessidade de reparação.

2.4. EXTERIORIZAÇÃO DA CONDUTA CULPOSA


a) Imprudência: É a falta de cautela ou cuidado por conduta comissiva. Age
com imprudência o motorista que dirige em excesso de velocidade, ou que
avança o sinal. É denominada culpa “in commitendo”.

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b) Negligência: É a mesma falta de cuidado, sendo que por conduta omissiva.
Haverá negligência se o veículo não estiver em condições de trafegar, por
deficiências de freios, pneus, etc. É denominada como culpa “in omittendo”.
c) Imperícia: Decorre da falta de habilidade no exercício de atividade técnica,
caso em que se exige, de regra, maior cuidado ou cautela do agente. Haverá
imperícia do motorista que provoca acidente por falta de habilitação. O erro
médico grosseiro também exemplifica a imperícia.

2.5. A RESPONSABILIDADE DAS PESSOAS ENVOLVIDAS


a) A pessoa jurídica
O art. 157 da CLT afirma que cabe às empresas, tanto cumprir e fazer cumprir
as normas de segurança e medicina do trabalho, quanto instruir os empregados,
através de ordens de serviço para as precauções a tomar no sentido de evitar
acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais.
É a pessoa jurídica para a qual o empregado desenvolvia as suas atividades,
quem deve responder como agente passivo numa ação judicial indenizatória.
Cabe-lhe, no entanto, em caso de evidente culpa de um terceiro, impetrar,
posteriormente, uma ação de regresso contra este causador do dano. O
chamamento ao processo, entende-se que fica prejudicado em face do já
comentado inciso III do artigo 932 do Código Civil.

b) O profissional de segurança do trabalho


A Portaria no 3.214/78 do MTE, na sua Norma Regulamentadora no 04, que trata
dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do
Trabalho, no seu item 4.12, letras ”a” e “d”, diz que compete aos profissionais
que integram este serviço, respectivamente, entre outras, as seguintes
atribuições:
- Aplicar os conhecimentos de Engenharia de Segurança e de Medicina do
Trabalho ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive
máquinas e equipamentos, de modo a reduzir até eliminar os riscos ali
existentes à saúde do trabalhador;
- Responsabilizar-se, tecnicamente, pela orientação quanto ao cumprimento do
disposto nas NRs aplicáveis às atividades executadas pela empresa e-ou seus
estabelecimentos.
Desta forma, percebe-se que estes profissionais (Engenheiro de Segurança do
Trabalho, Médico do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, Técnico em Segurança
do Trabalho e Auxiliar em Enfermagem do Trabalho) precisam estar atentos
para o fato de que as suas funções exigem que os mesmos mantenham os
empregadores constantemente informados das situações existentes na empresa

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que possam causar danos à saúde dos trabalhadores. Caso contrário, o
empregador pode responsabiliza-lo por negligência.

2.6. DANO MATERIAL E MORAL


Não há que se falar em indenização, nem em ressarcimento, se não houver o
dano. Pode até haver responsabilidade sem culpa (no caso da responsabilidade
objetiva), mas não pode haver responsabilidade sem dano. Indenização sem
dano importaria em enriquecimento ilícito.
Dano é conceituado como sendo a subtração ou diminuição de um bem jurídico,
qualquer que seja a sua natureza, quer se trate de um bem patrimonial, quer se
trate de um bem integrante da própria personalidade da vítima, como a sua
honra, a imagem, a liberdade etc.
O dano pode ser dividido, portanto, em material (ou patrimonial) e moral.
O dano material pode atingir não somente o patrimônio presente da vítima,
como, também, o futuro. Por isso, se subdivide em dano emergente e lucro
cessante.
O dano emergente importa a efetiva e imediata diminuição no patrimônio da
vítima em razão do ato ilícito. A indenização haverá de ser suficiente para a
restitutio in integrum.
O lucro cessante, por sua vez, consiste na perda do ganho esperável, na
frustração da expectativa de lucro, na diminuição potencial do patrimônio da
vítima, como, por exemplo, a cessação dos rendimentos que a vítima já vinha
obtendo da sua profissão.
O dano moral é lesão de bem integrante da personalidade, tal como a honra, a
liberdade, a saúde, a integridade psicológica, causando dor, sofrimento, tristeza,
vexame e humilhação à vítima. Incluem-se também os chamados novos direitos
da personalidade, como, intimidade, imagem, bom nome, privacidade, a
integridade da esfera íntima. Tutela-se o interesse da pessoa humana quanto
aos aspectos de sua vida privada, como, convicções religiosas, filosóficas,
políticas, sentimentos, relações afetivas, aspirações, hábitos, gostos, estado de
saúde, situação econômica, financeira etc. Convém lembrar, no entanto, que
não há dano moral em razão de lesão de bem patrimonial, nem de mero
inadimplemento contratual.
Em síntese, quanto ao dano moral, só deve ser reputado como dano moral a
dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo a normalidade, interfira
intensamente no comportamento psicológico da vítima, causando-lhe aflições,
angústia e desequilíbrio em seu bem-estar.
O dano material deve ser provado por quem o alega.

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Quanto à prova do dano moral, é de se dizer que provada a ofensa, ipso facto
está demonstrado o dano moral à guisa de uma presunção natural.
Em relação à liquidação do dano, ocorrendo a morte da vítima, de acordo com o
art. 948 do CC, a indenização consistirá no pagamento das despesas com
tratamento, funeral e luto da família (danos emergentes), bem como prestação
de pensão as pessoas a quem o de cujus devia alimentos (lucro cessante).
A pensão deverá ser fixada com base nos ganhos da vítima, devidamente
comprovados, e durante a sua sobrevida provável (a vida média do brasileiro é
estipulada entre 65 e 70 anos).
No caso de sofrer a vítima ferimento ou ofensa a saúde que lhe acarrete
temporária ou permanente redução da capacidade laborativa, a indenização
consistirá, além dos danos emergentes, em lucros cessantes até o fim da
incapacidade, se temporária, ou, se permanente, durante toda a sua sobrevida.
A pensão será fixada com base nos ganhos da vítima e na proporção da
redução de sua capacidade laborativa, arbitrada por perícia médica.

2.7. O QUANTUM INDENIZATÓRIO


A estipulação do quantum indenizatório depende de vários elementos, como por
exemplo: A culpabilidade do agente; A extensão do dano provocado; A
reparação já ocorrida; A condição econômica do agente; Entendo que a
condição social do empregado não deva interferir nesta estipulação.
O Código Civil dispõe sobre o assunto os seguintes artigos:

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.


Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa
e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras
reparações:
I – no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto
da família;
II – na prestação de alimentos as pessoas a quem o morto os devia, levando-se
em conta a duração provável da vida da vítima.
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o
ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da
convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver
sofrido.
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o
seu ofício ou profissão, ou se lhe diminuir a capacidade de trabalho, a
indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até o fim da

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convalescença, incluirá pensão correspondente a importância do trabalho para
que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização
seja arbitrada e paga de uma só vez.
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de
indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por
negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o
mal, causar-lhe lesão, ou inabilita-lo para o trabalho.
Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calunia consistirá na reparação
do dano que delas resulte ao ofendido.
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao
juiz fixar, eqüitativamente, o valor da indenização, na conformidade das
circunstancias do caso.

2.8. MODALIDADES DE CULPA


a1) culpa grave: quando o agente atuar com grosseira falta de cautela, com
descuido injustificável ao homem normal, impróprio ao comum dos homens. É a
culpa com previsão do resultado, também chamada culpa consciente, que se
avizinha do dolo eventual do Direito Penal. Na culpa consciente o agente
acredita sinceramente que o evento não ocorrerá.
a2) culpa leve: quando a falta puder ser evitada com atenção ordinária, com o
cuidado próprio do homem comum.
a3) culpa levíssima: caracteriza-se pela falta de atenção extraordinária, pela
ausência de habilidade especial ou conhecimento singular.
Diferentemente do Direito Penal, o Código Civil, de regra, equipara a culpa ao
dolo para fins de reparação do dano, e não faz distinção entre os graus de culpa.
Ainda que levíssima, a culpa obriga a indenizar. Mede-se a indenização não pela
gravidade da culpa, mas pela extensão do dano.
b1) Culpa “in eligendo”: É caracterizada pela má escolha do preposto. A culpa
do patrão ou comitente é presumida pelo ato culposo do empregado ou
preposto, consoante a súmula 341 do STF.
b2) Culpa “in vigilando”: Decorre da falta de atenção ou cuidado com o
procedimento de outrem que está sob a guarda ou responsabilidade do agente.
É a falta de fiscalização.
b3) Culpa “in custodiendo”: É caracterizada pela falta atenção em relação a
animal ou coisa que estava sob os cuidados do agente. É a falta de cautela.

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Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua
indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em
confronto com a do autor do dano.

2.9. PRESUNÇÃO DE CULPA


O art. 932 do CC em seu inciso III, diz que são também responsáveis pela
reparação civil o empregador ou comitente, por seus empregados,
serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em
razão dele. O art. 933 do mesmo Diploma ainda acrescenta que haverá
responsabilidade pelos atos praticados por aqueles indicados, mesmo que não
haja culpa de sua parte.
O art. seguinte possibilita o direito de regresso ao afirmar, in verbis, que, aquele
que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago
daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu,
absolutamente ou relativamente incapaz. Segundo o art. 943, ainda do CC, o
direito de exigir reparação e a obrigação de presta-la transmitem-se com a
herança.
Tem-se então que na culpa presumida, o autor da ação só precisa provar o dano
e o nexo causal entre este e a conduta do agente. Inverte-se o ônus da prova
quanto à culpa. Terá que provar o réu que não se houve com culpa.
Justifica-se esta responsabilização pelo fato de que o empregado é apenas o
instrumento, uma longa manus do patrão, alguém que o substitui no exercício
das múltiplas funções empresariais, por lhe ser impossível desincumbir-se
pessoalmente delas.
Provada a culpa do empregado ou preposto, exsurge de forma absoluta a
presunção de culpa do patrão ou comitente.

2.10. CASOS DE EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE


Art. 188. Não constituem atos ilícitos;
I - os praticados em legitima defesa ou no exercício regular de um direito
reconhecido;
II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão à pessoa, a fim de
remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as
circunstancias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites
do indispensável para a remoção do perigo.
Só logrará exonerar-se se conseguir provar caso fortuito, força maior, ou que o
ato danoso é absolutamente estranho ao serviço ou atividade, praticado fora do
exercício das atribuições do empregado ou preposto. É o que se tem chamado
de normalidade do trabalho. Se o ato não for praticado no exercício da função ou

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por ocasião dela, inexiste conexão de tempo, de lugar e de trabalho. Querer
impor a condenação do patrão nesses casos é violar o texto da lei; é consagrar
a teoria do risco integral, porquanto fica descaracterizada a própria relação de
preposição, não havendo que se falar em responsabilidade do comitente.

2.11. AÇÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO


É dever constitucional do Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do
regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
O MP atua ora como parte, ora como fiscal da lei. Atuando como parte, O MP
tem legitimidade para defender interesses difusos, coletivos ou individuais
homogêneos.
- Interesses difusos são aqueles que dizem respeito a pessoas indeterminadas
e indivisíveis. Seria o exemplo de uma fábrica provocar poluição e, com isto,
prejudicar indistintamente a sociedade.
- Interesses coletivos são aqueles que dizem respeito a pessoas determinadas
e indivisíveis. Seria o exemplo de uma fábrica provocar poluição e, com isto,
prejudicar os moradores que residem em suas proximidades.
- Interesses individuais homogêneos são aqueles que dizem respeito a
pessoas determinadas e divisíveis. Seria o exemplo de uma fábrica possuir
ambiente insalubre e, com isto, prejudicar seus trabalhadores.
Detectando algum destes problemas, o MP pode elaborar um termo de conduta,
evitando, assim, a lide judicial. Tal documento tem eficácia de título extrajudicial.
O seu descumprimento acarreta sanções pecuniárias.

2.11.1. Fundamentação legal


- Constituição Federal (Arts. 127 a 130);
- Lei Orgânica do Ministério Público (Lei no 8.625/93);
- Lei Orgânica do Ministério Público (cada Estado tem a sua lei);
- Lei de Ação Civil Pública (Lei no 7.347/85)
- Estatuto do MPU (Lei Complementar no 75/93).

2.11.2. Ações do Ministério Público do Trabalho - MPT


O MPT é uma subdivisão do Ministério Público da União. Existem ainda o
Ministério Público Federal, o Ministério Público Militar e o Ministério Público do
Distrito Federal.

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Cabe ao MPT promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho,
para defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais
constitucionalmente garantidos. Como, também, propor as ações cabíveis para
declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo coletivo ou convenção
coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos individuais
indispensáveis dos trabalhadores. E, ainda, propor as ações necessárias à
defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes e índios, decorrentes
das relações de trabalho.

2.11.3. Intervenções do MPT


a) Como Parte
- Promover a ação pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de
interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais
constitucionalmente garantidos;
- Propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato,
acordo coletivo ou convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou
coletivas ou os direitos individuais indispensáveis dos trabalhadores;
- Propor as ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos menores,
incapazes e índios, decorrentes das relações de trabalho.

b) Como Custos Legis (fiscal da lei)


- Nos processos em que for parte: pessoa jurídica de direito público interno,
Estado estrangeiro ou organismo internacional, menores e incapazes, índio,
fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista.
- Nos processos que versarem sobre: incompetência da Justiça do Trabalho e
meio ambiente do trabalho

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MÓDULO 3: RESPONSABILIDADE PENAL

3.1. CONCEITO
Não há uma definição clara que diferencie a responsabilidade civil da penal.
Prossegue, entretanto, no caminho correto, o raciocínio que a responsabilidade
penal surge quando a ação comissiva ou omissiva do agente for legalmente
tipificada como crime.
O art. 1o da Lei de Introdução ao Código Penal – Decreto-Lei 3.914/41 considera
crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção,
quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa.
O art. 17, I do Código Penal diz que o crime é doloso, quando o agente quis o
resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
O art. 17, II do citado código diz que o crime é culposo, quando o agente deu
causa ao resultado por imprudência, negligencia ou imperícia.

3.2. TIPOS PENAIS


a) Homicídio Culposo
- Se o homicídio é culposo a pena é de detenção de 01(um) a 03 (três) anos.
(Art. 121, §3o, CP).
- No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa
de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do
seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.

b) Lesão Corporal
- Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem, a pena é de detenção de
03(três) meses a 01 (um) ano. (Art. 129, caput, CP).
- Se a lesão corporal é de natureza grave, a pena é de reclusão de 01(um) a
05(cinco) anos. (Art. 129, §1o, CP).
- Se a lesão corporal é de natureza gravíssima, a pena é de reclusão de 02(dois)
a 08(oito) anos. ( Art. 129, §2o, CP).
- Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o
resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena é de reclusão de 04
(quatro) a 12(doze) anos. (Art. 129, §3o, CP).

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c) Descumprimento de Normas de Segurança
- §2o do art. 19 da Lei no 8.213/91 diz, in verbis, que constitui contravenção
penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de segurança
e higiene do trabalho.

3.3. INQUÉRITO POLICIAL


No caso de ocorrência de morte, deverá ser instaurado um inquérito policial.
Esta peça de investigação criminal se caracteriza por ser de natureza inquisitiva,
onde não vigem os princípios do contraditório e da ampla defesa. É indisponível,
não podendo ser arquivado pela autoridade policial. É encaminhado ao
Ministério Público para oferecimento da denúncia.

3.4. DENÚNCIA
É a peça acusatória do Ministério Público, quando se convence que o fato
descrito no inquérito policial trata-se de um crime. Uma vez recebido pelo juiz
criminal, transforma-se em processo judicial.

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