Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PARTE INTEGRANTE DO
CURSO DE FORMAÇÃO DE SUPERVISOR DE TRABALHO EM ALTURA
2
MÓDULO 1: INTRODUÇÃO
1.1. A OBRIGAÇÃO COMO UM DEVER JURÍDICO ORIGINÁRIO
Para que se entenda mais facilmente o conceito de responsabilidade, e,
principalmente a sua caracterização, é necessário perceber que, sempre antes
desta, existe um dever obrigacional, que uma vez descumprido, tem como
conseqüência o condão de surgir a responsabilização.
Assim, para não ser responsabilizada administrativamente com fatos
relacionados aos acidentes ou doenças do trabalho, e, ao meio ambiente, as
empresas devem cumprir as suas obrigações estabelecidas em legislações,
onde serão fiscalizadas por diversos órgãos, exemplarmente, tais, como, INSS,
MTE, IBAMA e SUDEMA.
Já as responsabilidades civil e penal são decididas em juízo. Não há uma
diferença substancial entre o ilícito civil e o penal. A única diferença reside na
maior ou menor gravidade ou imoralidade do fato. As condutas humanas mais
graves, que atingem bens sociais de maior relevância, são sancionadas pela lei
penal, ficando para a lei civil a repressão das condutas menos graves. Uma
mesma conduta pode incidir, ao mesmo tempo, em violação a lei civil e a penal,
caracterizando dupla ilicitude, dependendo de sua gravidade.
Com este raciocínio, portanto, percebe-se que a responsabilidade é um dever
jurídico sucessivo, conseqüente à violação da obrigação.
O empregador tem a obrigação de manter a integridade física e psicológica de
seus empregadores, responsabilizando-se, pois, pelos danos ocorridos, quando
estes se relacionarem com tarefas do trabalho.
3
MÓDULO 2: RESPONSABILIDADE CIVIL
2.1. CONCEITO
A responsabilidade civil é definida como o dever de reparar o dano, por todo
aquele que, via ação comissiva ou omissiva, devido à imprudência,
negligência ou imperícia, violar direito ou causar prejuízo a outrem.
Em outras palavras, quando alguém mediante conduta culposa, viola direito de
outrem e causa-lhe dano, está-se diante de um ato ilícito, e desde ato deflui o
inexorável dever de indenizar.
Ato ilícito é definido como o fato jurídico humano voluntário ou involuntário que
ao ocorrer contraria direitos das pessoas em desrespeito às normas jurídicas.
Tal ato causa lesão aos direitos de outrem e, em conseqüência, gera a
obrigação de indenizar.
O prazo prescricional para a pretensão de reparação civil é de 03(três) anos,
segundo o art. 206, §3o, V.
4
2.3. ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL E
SUBJETIVA
A parte final do inciso XXVII do art. 7o da CF menciona a indenização devido a
acidentes do trabalho quando o empregador incorrer em dolo ou culpa. Trata,
portanto, de responsabilidade subjetiva. Os seus pressupostos, como já citados
são a conduta culposa do agente, dano e nexo causal.
a) Conduta culposa do agente – Que pode ser uma ação comissiva ou
omissiva. O ato ilícito, que é o fato gerador da responsabilidade, tem as
características de ser voluntário e consciente que transgride um dever jurídico.
No citado art. 186 do CC, fica claro quando menciona “aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência”. Na responsabilidade subjetiva
a comprovação da culpa é o elemento primordial. Não é pacífico, no entanto, o
entendimento de que a responsabilidade civil decorrente de acidente ou doença
do trabalho seja de característica subjetiva. Há quem defenda a tese de que se
trata de responsabilidade objetiva, ou seja, o empregador teria o dever
obrigacional de responder, independentemente da existência de culpa.
b) Dano – É a lesão sofrida pelo empregado. Em qualquer tipo de
responsabilidade (objetiva ou subjetiva), não há que se falar em reparação se
não existir o dano, podendo ser material ou moral. No art. 186 do CC, fica claro
quando menciona “violar direito e causar prejuízo a outrem”.
c) Nexo causal – É o liame entre a ação e o dano, ou seja, o dano ocorrido
necessariamente deve ter sido provocado pela ação culposa. No art. 186 do CC
fica claro quando menciona “causar”. O nexo causal é um elemento referencial
entre a conduta e o resultado. É através dele que é possível concluir quem foi o
causador do dano. Não pode haver responsabilidade sem nexo causal. Ao
contrário do que ocorre no Código Penal, cujo art. 13 adotou a teoria da
equivalência das condições atenuada, é possível divisar no art. 403 do Código
Civil uma referência a teoria da causa adequada. Diz o citado artigo: “Ainda que
a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os
prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato”. A
expressão efeito direto e imediato evidencia que nem todas as causas têm
relevância na imputação do dano, mas somente aquela que foi a mais direta, a
mais determinante, não bastando que o ato ilícito se erija em causa indireta ou
remota do dano. Inexistindo algum destes requisitos, não se configura a
necessidade de reparação.
5
b) Negligência: É a mesma falta de cuidado, sendo que por conduta omissiva.
Haverá negligência se o veículo não estiver em condições de trafegar, por
deficiências de freios, pneus, etc. É denominada como culpa “in omittendo”.
c) Imperícia: Decorre da falta de habilidade no exercício de atividade técnica,
caso em que se exige, de regra, maior cuidado ou cautela do agente. Haverá
imperícia do motorista que provoca acidente por falta de habilitação. O erro
médico grosseiro também exemplifica a imperícia.
6
que possam causar danos à saúde dos trabalhadores. Caso contrário, o
empregador pode responsabiliza-lo por negligência.
7
Quanto à prova do dano moral, é de se dizer que provada a ofensa, ipso facto
está demonstrado o dano moral à guisa de uma presunção natural.
Em relação à liquidação do dano, ocorrendo a morte da vítima, de acordo com o
art. 948 do CC, a indenização consistirá no pagamento das despesas com
tratamento, funeral e luto da família (danos emergentes), bem como prestação
de pensão as pessoas a quem o de cujus devia alimentos (lucro cessante).
A pensão deverá ser fixada com base nos ganhos da vítima, devidamente
comprovados, e durante a sua sobrevida provável (a vida média do brasileiro é
estipulada entre 65 e 70 anos).
No caso de sofrer a vítima ferimento ou ofensa a saúde que lhe acarrete
temporária ou permanente redução da capacidade laborativa, a indenização
consistirá, além dos danos emergentes, em lucros cessantes até o fim da
incapacidade, se temporária, ou, se permanente, durante toda a sua sobrevida.
A pensão será fixada com base nos ganhos da vítima e na proporção da
redução de sua capacidade laborativa, arbitrada por perícia médica.
8
convalescença, incluirá pensão correspondente a importância do trabalho para
que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização
seja arbitrada e paga de uma só vez.
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de
indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por
negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o
mal, causar-lhe lesão, ou inabilita-lo para o trabalho.
Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calunia consistirá na reparação
do dano que delas resulte ao ofendido.
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao
juiz fixar, eqüitativamente, o valor da indenização, na conformidade das
circunstancias do caso.
9
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua
indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em
confronto com a do autor do dano.
10
por ocasião dela, inexiste conexão de tempo, de lugar e de trabalho. Querer
impor a condenação do patrão nesses casos é violar o texto da lei; é consagrar
a teoria do risco integral, porquanto fica descaracterizada a própria relação de
preposição, não havendo que se falar em responsabilidade do comitente.
11
Cabe ao MPT promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho,
para defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais
constitucionalmente garantidos. Como, também, propor as ações cabíveis para
declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo coletivo ou convenção
coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos individuais
indispensáveis dos trabalhadores. E, ainda, propor as ações necessárias à
defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes e índios, decorrentes
das relações de trabalho.
12
MÓDULO 3: RESPONSABILIDADE PENAL
3.1. CONCEITO
Não há uma definição clara que diferencie a responsabilidade civil da penal.
Prossegue, entretanto, no caminho correto, o raciocínio que a responsabilidade
penal surge quando a ação comissiva ou omissiva do agente for legalmente
tipificada como crime.
O art. 1o da Lei de Introdução ao Código Penal – Decreto-Lei 3.914/41 considera
crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção,
quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa.
O art. 17, I do Código Penal diz que o crime é doloso, quando o agente quis o
resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
O art. 17, II do citado código diz que o crime é culposo, quando o agente deu
causa ao resultado por imprudência, negligencia ou imperícia.
b) Lesão Corporal
- Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem, a pena é de detenção de
03(três) meses a 01 (um) ano. (Art. 129, caput, CP).
- Se a lesão corporal é de natureza grave, a pena é de reclusão de 01(um) a
05(cinco) anos. (Art. 129, §1o, CP).
- Se a lesão corporal é de natureza gravíssima, a pena é de reclusão de 02(dois)
a 08(oito) anos. ( Art. 129, §2o, CP).
- Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o
resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena é de reclusão de 04
(quatro) a 12(doze) anos. (Art. 129, §3o, CP).
13
c) Descumprimento de Normas de Segurança
- §2o do art. 19 da Lei no 8.213/91 diz, in verbis, que constitui contravenção
penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de segurança
e higiene do trabalho.
3.4. DENÚNCIA
É a peça acusatória do Ministério Público, quando se convence que o fato
descrito no inquérito policial trata-se de um crime. Uma vez recebido pelo juiz
criminal, transforma-se em processo judicial.
14