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BRUNO VERZANI
Procurador do Estado do Rio de Janeiro. Ex-Procurador do Município de Campinas/SP. Professor especializado
em Licitações e Contratos Administrativos. Criador e gerenciador do perfil @jurisprudencia.tcu. É coautor dos
seguintes livros: “Nova Lei de Licitações Anotada e Comparada” (2ª edição) e Leis de Licitações Comparadas
Artigo por Artigo (2ª edição).
Nova Lei de Licitações Anotada e Comparada - 2ª Edição
©Igor Pereira Pinheiro, Jamylle Hanna Mansur e Bruno Verzani
EDITORA MIZUNO 2023
Revisão: Igor Pereira Pinheiro, Jamylle Hanna Mansur e Bruno Verzani
Catalogação na publicação
Elaborada por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166
Nova lei de licitações anotada e comparada / Igor Pereira Pinheiro, Jamylle Hanna
Mansur, Bruno Verzani. – 2. ed. – Leme-SP: Mizuno, 2023.
688 p.; 16 X 23 cm
ISBN 978-65-5526-633-7
1. Licitação pública - Legislação - Brasil. I. Pinheiro, Igor Pereira. II. Mansur, Jamylle
Hanna. III. Verzani, Bruno. IV. Título.
CDD 342.8106
Nos termos da lei que resguarda os direitos autorais, é expressamente proibida a reprodução total
ou parcial destes textos, inclusive a produção de apostilas, de qualquer forma ou por qualquer meio, ele-
trônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, reprográficos, de fotocópia ou
gravação.
Qualquer reprodução, mesmo que não idêntica a este material, mas que caracterize similari-
dade confirmada judicialmente, também sujeitará seu responsável às sanções da legislação em vigor.
A violação dos direitos autorais caracteriza-se como crime incurso no art. 184 do Código
Penal, assim como na Lei n. 9.610, de 19.02.1998.
O conteúdo da obra é de responsabilidade dos autores. Desta forma, quaisquer medidas
judiciais ou extrajudiciais concernentes ao conteúdo serão de inteira responsabilidade dos autores.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
APRESENTAÇÃO
O Brasil terá, com a Nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021), um marco
normativo atualizado e mais sistematizado sobre procedimentos licitatórios e contratos
administrativos.
Além de condensar em um diploma diversas regras antes espalhadas por leis
avulsas ou entendimentos jurisprudenciais sobre o tema, a lei trouxe algumas novidades
que precisam ser compreendidas amiúde por todos aqueles que se interessam por
essa intricada e complexa área.
Pensando nisso, resolvemos lançar o livro “Nova Lei de Licitações Anotada e
Comparada”, no qual foi feita uma análise comparativa de todos os dispositivos da
Lei nº 14.133/2021 com os diplomas correlatos ainda vigentes que tratam dos mesmos
assuntos (como a Lei nº 8.666/93, Lei nº 10.520/2002 e os arts. 1º a 47-A da Lei nº
12.462/2011 – a serem revogados em 2 anos), acompanhada de comentários
doutrinários, práticos e julgados dos Tribunais Superiores ou do Tribunal de Contas
da União (TCU).
Além disso, fez-se um estudo dos efeitos da Lei nº 14.133/2021 no Sistema
Brasileiro das Contratações Públicas (lei por lei), bem como foram apresentados
argumentos substanciosos quanto à possível inconstitucionalidade de dispositivos
constantes desse diploma normativo.
Deve-se frisar, ainda, que a participação de autores-professores especializados
na área do controle, seja pelo viés do Ministério Público ou da Advocacia Pública,
permitirá aos leitores o acesso a uma visão plural, dando-lhes amplitude sobre as
perspectivas e desafios na implementação do novo diploma licitatório brasileiro.
O objetivo declarado da obra é fazer com que o leitor se torne um verdadeiro
Especialista na Nova Lei de Licitações, estando apto para trabalhar na área, seja como
gestor público, advogado (privado ou público), agente, membro da comissão de con-
tratação, analista de licitação, licitante, ou mesmo integrante dos órgãos de controle
da Administração Pública. Ocorre que, diante do resultado final, pode-se afirmar que
a mesma será indispensável não só para a prática profissional, mas também para o
estudo necessário nos cursos de graduação e pós-graduação, ou mesmo com a fina-
lidade de preparação voltada para os concursos públicos.
Ressaltamos que o estudo da parte cível-administrativa foi realizado de forma
completa na presente obra (inclusive com remissão aos regulamentos federais), tendo
a parte criminal sido objeto de outra obra específica da mesma Editora Mizuno
(Crimes Licitatórios, de nossa autoria).
Agradecemos a confiança depositada no nosso trabalho e estamos abertos às
críticas e sugestões pelo canal de comunicação da editora ou pelos perfis de Instagram.
@profigorpinheiro e @jurisprudencia.tcu.
5
sumÁrio
DOS PRINCÍPIOS
(Capítulo II, da Lei nº 14.133/2021).............................................................................................. 57
1.10 A Importância da Positivação de Diversos Princípios Licitatórios para Fins de Controle Administrativo
Conjugada com a Necessidade de Prudência Quanto ao Ativismo Controlador e Judicial, mas sem
a Conivência ou uma “Lava-Mãos” com a Corrupção...................................................................... 57
1.11 Aplicação Prática dos Princípios na Nova Lei de Licitações............................................................. 62
DAS DEFINIÇÕES
(Capítulo III, da Lei nº 14.133/2021)............................................................................................. 79
DOS AGENTES PÚBLICOS
(Capítulo IV, da Lei nº14.133/2021).............................................................................................. 103
DA LOCAÇÃO DE IMÓVEIS
(Capítulo II, Seção IV, Subseção IV, da Lei n°14.133/2021)................................................. 269
DO JULGAMENTO
(Capítulo V, da Lei n°14.133/2021)............................................................................................... 305
DA HABILITAÇÃO
(Capítulo VI, da Lei n°14.133/2021).............................................................................................. 315
DO ENCERRAMENTO DA LICITAÇÃO
(Capítulo VII, da Lei nº 14.133/2021)........................................................................................... 341
DA INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO
(Capítulo VIII, Seção II, da Lei nº 14.133/2021)........................................................................ 387
1 Aspectos Gerais e o Limite da Discricionariedade Administrativa nas Contratações Artísticas..................... 391
2 Requisitos Legais da Contratação Direta de Artistas................................................................................... 395
DA DISPENSA DE LICITAÇÃO
(Capítulo VIII, Seção III, da Lei nº 14.133/2021)....................................................................... 417
DA ALOCAÇÃO DE RISCOS
(Título III, Capítulo III, da Lei n°14.133/2021).......................................................................... 517
DOS PAGAMENTOS
(Título III, Capítulo X, da Lei n°14.133/2021)............................................................................ 603
http://edmiz.uno/lei-de-licitacoes-2
- Lei 8.666/93 -
Art. 1º Esta Lei estabelece normas ge-
rais sobre licitações e contratos admi-
nistrativos pertinentes a obras, servi-
ços, inclusive de publicidade, compras,
alienações e locações no âmbito dos
Poderes da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Municípios.
Parágrafo único. Subordinam-se ao re-
Art. 1º Esta Lei estabelece normas ge- gime desta Lei, além dos órgãos da ad-
rais de licitação e contratação para as ministração direta, os fundos especiais,
Administrações Públicas diretas, autár- as autarquias, as fundações públicas,
quicas e fundacionais da União, dos Es- as empresas públicas, as sociedades
tados, do Distrito Federal e dos Municí- de economia mista e demais entida-
pios, e abrange: des controladas direta ou indiretamen-
te pela União, Estados, Distrito Federal
e Municípios.
- Lei 10.520/2002 -
Institui, no âmbito da União, Estados, Dis-
trito Federal e Municípios, nos termos do
art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
modalidade de licitação denominada pre-
gão, para aquisição de bens e serviços co-
muns, e dá outras providências.
- Lei 8.666/93-
I – os órgãos dos Poderes Legislativo e Art. 117. As obras, serviços, compras e
Judiciário da União, dos Estados e do alienações realizados pelos órgãos dos
Distrito Federal e os órgãos do Poder Poderes Legislativo e Judiciário e do Tri-
Legislativo dos Municípios, quando no bunal de Contas regem-se pelas nor-
desempenho de função administrativa; mas desta Lei, no que couber, nas três
esferas administrativas.
- Lei 8.666/93 -
Art. 1º (...)
Parágrafo único. Subordinam-se ao
regime desta Lei, além dos órgãos da
administração direta, os fundos espe-
ciais, as autarquias, as fundações pú-
blicas, as empresas públicas, as socie-
dades de economia mista e demais
entidades controladas direta ou indi-
retamente pela União, Estados, Distri-
to Federal e Municípios.
14
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E ÂMBITO DE APLICAÇÃO Art. 1º
1 A lei, a despeito de atual, possui omissões que deveriam ter sido tratadas pelo legislador (como
o exemplo do Marketplace).
15
Art. 1º DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
1.1 O Sistema Brasileiro das Contratações Públicas após a Nova Lei de Li-
citações.
O dever constitucional de licitar (previsto no artigo 37, XXI, da Constituição Fe-
deral de 1988) encontra-se regulamentado por diversas leis que foram sendo edita-
das ao longo do tempo e que constituem, por assim dizer, o sistema brasileiro das
contratações públicas.
A seguir, iremos apresentar os principais marcos normativos desse micros-
sistema jurídico e os reflexos que a Nova Lei de Licitações vai operar em cada um
deles. Vejamos:
16
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E ÂMBITO DE APLICAÇÃO Art. 1º
17
Art. 1º DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
Não bastasse isso, destaco que o artigo 184 da NLLCA diz que “aplicam-se as dis-
posições desta Lei, no que couber e na ausência de norma específica, aos convênios, acor-
dos, ajustes e outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da Ad-
ministração Pública, na forma estabelecida em regulamento do Poder Executivo federal.”
Pode-se esquematizar a questão da seguinte maneira:
18
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E ÂMBITO DE APLICAÇÃO Art. 1º
De antemão, é bom frisar que algumas leis anteriores à NLLCA que tratam
do assunto permaneceram vigendo até o dia 1° de abril de 2023, conforme o artigo
193, II, da Lei n°14.133/2021. Foi o caso da Lei n°8.666/93, da Lei n°10.520/2002 e
da Lei n°12.462/2011.
Houve o estabelecimento de um regime de transição, em que todas as pesso-
as obrigadas a licitar puderam escolher, livremente, o regime licitatório que usa-
riam nesses dois anos (01/04/2021 a 01/04/2023).
Tal regra está disposta no caput do artigo 191 da NLLCA, merecendo o destaque
que tal decisão (sobre qual lei usar) era totalmente discricionária e insuscetível de
controle a priori pelo Poder Judiciário ou por qualquer órgão de controle, salvo
algum desvio de finalidade a ser provado no caso concreto. Além disso, destaco não se
fazia necessária qualquer motivação concreta específica, bastando a indicação da opção
feita no respectivo edital ou no aviso ou instrumento de contratação.
Outro dado importante é que a escolha de um regime licitatório para determi-
nada contratação não gerava o dever de o administrador seguir aquele tipo para a(s)
19
Art. 1º DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
i) Assinatura do Contrato;
ii) Publicação do Edital3 (defendemos essa posição na 1ª edição, mas muda-
mos na presente);
iii) Manifestação da autoridade na fase preparatória quanto ao regime
aplicável4, a qual reputamos mais coerente com a ratio legis, pois a “optar por
licitar” (citada no artigo 191, parágrafo único) pressupõe decisão administrati-
va prévia à própria publicação do edital, que concretiza essa escolha anterior.
E essa escolha prévia seria, via de regra, pelo Termo de Referência5.
3 Essa, também, é a posição de Marçal Justen Filho, Rafael Sérgio de Oliveira e Comunicados n°s
10 e 13 da SEGES.
4 Parecer n°06/22 da AGU, Fernanda Marinela e Prof. Joel de Menezes Niebuhr.
5 Essa posição foi expressada pela área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) no iní-
cio de 2023, após provocação formal do Ministro Antônio Anastasia. No documento em questão,
foi fixado o seguinte entendimento: 73. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à conside-
ração superior propondo: 1- declarar a compatibilidade do Parecer 6/2022 da Câmara Nacional
de Licitações e Contratos Administrativos da Advocacia-Geral da União com a jurisprudência do
Tribunal de Contas da União, consubstanciada no Acórdão 2.279/2019-Plenário, da relatoria do
Ministro Augusto Nardes; 2 - firmar o entendimento de que a opção pelo regime antigo para li-
citar ou contratar (Lei 8.666/93, Lei 10.520/2002 e arts. 1o a 47-A da Lei 12.462/2011), que será
revogado em 1o/4/2023, somente poderá ser feita por cada órgão ou pelos órgãos centrais da
Administração com competências regulamentares relativas às atividades de administração de
materiais, de obras e serviços e de licitações e contratos, na etapa preparatória da contratação,
até o dia 31/3/2023, sem prejuízo de que seja fixada uma data limite para a publicação do edi-
tal.” (TC 000.586/2023-4). Frise-se que, até o fechamento da presente edição, o Plenário do TCU
ainda não havia se manifestado expressamente sobre esse parecer técnico.
20
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E ÂMBITO DE APLICAÇÃO Art. 1º
Art. 176. Os Municípios com até 20.000 (vinte mil) habitantes te-
rão o prazo de 6 (seis) anos, contado da data de publicação desta
Lei, para cumprimento:
I - dos requisitos estabelecidos no art. 7º e no caput do art. 8º
desta Lei;
II - da obrigatoriedade de realização da licitação sob a forma ele-
trônica a que se refere o § 2º do art. 17 desta Lei;
III - das regras relativas à divulgação em sítio eletrônico oficial.
Parágrafo único. Enquanto não adotarem o PNCP, os Municípios
a que se refere o caput deste artigo deverão:
I - publicar, em diário oficial, as informações que esta Lei exige
que sejam divulgadas em sítio eletrônico oficial, admitida a pu-
blicação de extrato;
II - disponibilizar a versão física dos documentos em suas repar-
tições, vedada a cobrança de qualquer valor, salvo o referente ao
fornecimento de edital ou de cópia de documento, que não será
superior ao custo de sua reprodução gráfica.
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Art. 1º DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
maior profissionalização dos agentes públicos que com ela terão de lidar, cujo norte
apontado para os gestores é o da governança e da gestão de competências, o que ga-
rante, por sua vez, a tutela da probidade nas contratações públicas (sub-princípio de-
corrente da moralidade administrativa)6.
Vejamos, portanto, o teor dessas normas que os Prefeitos precisarão de, até
um mandato e meio (eleição e metade da reeleição), para dar cumprimento.
6 Para o estudo aprofundado dos citados princípios e do direito fundamental anticorrupção, reco-
mendamos a leitura da obra “Improbidade Administrativa no STF e STJ”, de nossa autoria e pu-
blicado pela Editora Mizuno (2021).
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DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E ÂMBITO DE APLICAÇÃO Art. 1º
(...)
§ 2º As licitações serão realizadas preferencialmente sob a
forma eletrônica, admitida a utilização da forma presencial,
desde que motivada, devendo a sessão pública ser registrada
em ata e gravada em áudio e vídeo.
7 Teses de Repercussão Geral: - “Não é privativa do chefe do Poder Executivo a competência para
a iniciativa legislativa de lei sobre nepotismo na administração pública: leis com esse conteúdo
normativo dão concretude aos princípios da moralidade e da impessoalidade do art. 37, caput,
da Constituição da República, que, ademais, têm aplicabilidade imediata, ou seja, independente
de lei. Precedentes. Súmula Vinculante 13.” [RE 570.392, rel. min. Cármen Lúcia, j. 11-12-2014, P,
DJE de 19-2-2015, Tema 29.]; - “Embora restrita ao âmbito do Judiciário, a Resolução 7/2005 do
CNJ, a prática do nepotismo nos demais Poderes é ilícita. A vedação do nepotismo não exige a
edição de lei formal para coibir a prática. Proibição que decorre diretamente dos princípios con-
tidos no art. 37, caput, da CF. (...) Recurso extraordinário conhecido e parcialmente provido para
anular a nomeação do servidor, aparentado com agente político, ocupante de cargo em comis-
são.” [RE 579.951, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 20-8-2008, P, DJE de 24-10-2008, Tema 66.]
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Art. 1º DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
Vejam o absurdo: o gestor de cada município com até 20 mil habitantes terá
um mandato inteiro (4 anos) e, no caso de reeleição, até a metade do segundo man-
dato (mais 2 anos) para a implementação de regras básicas e condizentes com o mí-
nimo de moralidade, publicidade e eficiência que se espera na área das contratações
públicas. Não obstante isso, os demais gestores de municípios, com mais de 20.001
(vinte mil e hum) habitantes não possuem essa prerrogativa inconstitucional!
Tem-se, no caso, uma clara violação ao princípio da proporcionalidade, na sua
vertente da proibição da proteção deficiente8, bem como aos princípios da moralida-
de administrativa, publicidade administrativa e eficiência administrativa, motivo pelo
qual reputamos o artigo 176 totalmente inconstitucional.
8 “Há, porém, um outro lado da protecção que, em vez de salientar o excesso, releva a proibição
por defeito (Untermassverbot). Existe um defeito de proteção quando as entidades sobre quem
recai um dever de proteção (Schutzpflicht) adoptam medidas insuficientes para garantir uma
protecção constitucionalmente adequada dos direitos fundamentais. Podemos formular esta
ideia usando uma formulação positiva: o estado deve adoptar medidas suficientes, de natureza
normativa ou de natureza material, conducente a uma protecção adequada e suficiente dos di-
reitos fundamentais. A verificação de uma insuficiência de juridicidade estatal deverá atender à
natureza das posições jurídicas ameaçadas e à intensidade do perigo de lesão de direitos funda-
mentais.” (CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. Coim-
bra: Almedina, 7ª edição, 2003, p.273).
9 Há 45 (quarenta e cinco) menções à regulamentos na Nova Lei de Licitações.
10 No caso, até os chefes dos Poderes Legislativo e Judiciário, no exercício de sua função adminis-
trativa de promover licitações ou realizar contratações diretas, ficam vinculados aos termos do
Decreto regulamentar oriundo do Poder Executivo. Essa é a diretriz fixada pelo Tribunal de Con-
tas da União (TCU) há muito tempo (Vide Acórdão n°3274/2011-Plenário).
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DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E ÂMBITO DE APLICAÇÃO Art. 1º
Nesse caso específico, chamo atenção para o fato de que a Nova Lei de Licita-
ções não repetiu a proibição expressa de recondução dos membros das antigas co-
missões de licitação11 (hoje, comissão de contratação12), deixando transparecer que a
intenção do legislador foi permitir que isso ocorra. Assim, sendo o silêncio já bastante
indicativo dessa conclusão, nada obsta (aliás, a prudência recomenda) que essa pos-
sibilidade seja fixada em lei local, ou em regulamento próprio, pois a atuação dar-se-
-á em clara omissão legislativa e diante de fato que possui nítido interesse específico.
O postulado da gestão de competência, a diretriz da governança e o princípio
do planejamento apontam mesmo para esse caminho, pois não faz sentido tolher al-
guém que vem exercendo uma função específica tão delicada e complexa com base
em legislação pretérita, ou com base em mero discurso retórico de princípios, sob
pena de violação à autonomia administrativa do Poder Executivo.
Também merecem destaque os seguintes dispositivos que reclamam ato
regulamentar:
11 Vide artigo 51, §4°, da Lei n°8.666/93, segundo o qual “a investidura dos membros das Comis-
sões permanentes não excederá a 1 (um) ano, vedada a recondução da totalidade de seus mem-
bros para a mesma comissão no período subseqüente.”
12 Vide artigo 6°, L, da NLLCA: Comissão de contratação: conjunto de agentes públicos indicados
pela Administração, em caráter permanente ou especial, com a função de receber, examinar e
julgar documentos relativos às licitações e aos procedimentos auxiliares;
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Art. 1º DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
13 Vide artigo 6°, LI, da NLLCA, que traz a definição do catálogo eletrônico de padronização de com-
pras, serviços e obras, nos seguintes termos: sistema informatizado, de gerenciamento centraliza-
do e com indicação de preços, destinado a permitir a padronização de itens a serem adquiridos
pela Administração Pública e que estarão disponíveis para a licitação.
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DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E ÂMBITO DE APLICAÇÃO Art. 1º
MARGEM DE PREFERÊNCIA
Art. 26. No processo de licitação, poderá ser estabelecida margem
de preferência para:
(...)
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Art. 1º DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E ÂMBITO DE APLICAÇÃO
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DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E ÂMBITO DE APLICAÇÃO Art. 1º
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