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CATAGUASES - MG
2021
FERNANDO MEDEIROS PEREIRA FILHO
CATAGUASES - MG
2021
FERNANDO MEDEIROS PEREIRA FILHO
Aprovado em: de de
BANCA EXAMINADORA:
Professor Avaliador
Professor Avaliador
Professor Avaliador
AGRADECIMENTOS
Aos meus colegas de classe e amigos que fiz durante o estágio no fórum da Comarca
de Miraí/MG, os quais eu lembrarei pelo resto da vida, e aos companheiros da 02ª e 03ª
Promotoria de Cataguases/MG pela oportunidade e por todo conhecimento adquirido.
Um sincero “Muito Obrigado!” para cada uma as pessoas supracitadas por cada coisa
que fizeram e fazem por mim, pois, mesmo que eu não diga sempre, sou imensamente
agradecido a todos.
“Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e
corajoso! Não se apavore nem desanime, pois
o Senhor, o seu Deus, estará com você por
onde você andar".
Bíblia Sagrada, Josué 1:9.
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo revelar os reflexos das mudanças geradas pela
Lei n. 13.869/2019, especialmente à atuação dos policiais, de membros do Ministério Público
e de magistrados, trazendo à tona uma discussão quanto a uma possível
(in)constitucionalidade da nova Lei de Abuso de Autoridade e, por outro lado, demonstrar
seus reflexos positivos ao sistema de justiça brasileiro.
This article aims to reveal the consequences of the changes generated by Law number
13.869/2019, especially the role of police agents, prosecutors and magistrates, bringing up a
discussion about a possible (un) constitutionality of the new Abuse of Authority Law and, on
the other hand, presenting its positive aspects to the current scenery from Brazil.
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 8
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................26
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 28
8
1 INTRODUÇÃO
1
Princípio do Direito Penal que significa: na dúvida, a favor do réu.
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A Lei nº 4898/65, expressamente revogada pela Nova Lei da Abuso de Autoridade, foi
promulgada em um dos momentos mais obscuros da história do Brasil, a ditadura militar.
Nessa época, os embates políticos eram muito mais vorazes, o que acabava ocasionando em
excessos por parte das autoridades que detinham o poder à época, impulsionando o
surgimento da primeira lei brasileira que penalizava o abuso de autoridade. Porém, para
Adriano Sousa Costa, Eduardo Fontes e Henrique Hoffmann, a lei era inofensiva:
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Diante disso, além dos tipos penais abertos, vale ressaltar que as sanções da antiga lei
de abuso de autoridade possuíam pena máxima de seis meses de detenção e multa, e era
consequentemente encarada como crime de menor potencial ofensivo. Nessa ótica, percebe-
se que a Lei 4.898/1965 “era tímida e quase simbólica, principalmente por causa das penas
quase insignificantes e facilmente alcançáveis pela prescrição” (SOUZA, 2020, p. 13).
Nesse diapasão, embora, penalmente e processualmente, a antiga lei fosse ineficiente,
é louvável salientar que a norma promulgada em 1965, em pleno Regime Militar, já
pretendia resguardar a lisura da atividade estatal e, ao mesmo tempo, proteger o cidadão de
bem diante das investidas ou ameaças aos seus direitos fundamentais resguardados pela carta
Magna tais como honra e imagem. Contudo, para Rogério Greco e Rogério Sanches Cunha,
a referida lei necessitava de modernização:
A lei anterior, editada durante o governo militar, carecia de uma revisão mais
apurada, em especial nas suas consequências, por demais tênues diante da gravidade
das condutas. Ficava difícil aceitar que comportamentos abusivos do agente estatal
pudessem ser rotulados, sem exceção, como de menor potencial ofensivo. Não
faltavam vozes bradando a proteção deficiente do bem jurídico tutelado (direitos e
garantias do cidadão). (GRECO; SANCHES, 2021, p. 12)
A nova Lei de Abuso de Autoridade foi editada em época equivocada, pois pareceu
uma resposta vingativa do Parlamento contra a Operação Lava Jato. Mas, na
essência técnica, trata-se de uma lei absolutamente normal, sem nenhum vício de
inconstitucionalidade. (NUCCI, 2020, p. 01).
Sob a ótica do sujeito passivo, percebe-se a existência de uma composição dupla nesse
polo de passividade, enraizadas na Lei 13.869/19, assim como já se notava na lei revogada, o
que CAVALCANTE (2020, p.01) chama de “dupla subjetividade passiva”, ou, de acordo com
LIMA (2020), pluriofensividade, pois tanto o cidadão comum quanto o próprio Estado podem
ser vítimas do cometimento de abuso, este último por ter a imagem comprometida por maus
representantes, além do risco de ocasionar um dano ao erário.
Noutro giro, urge ressaltar que embora a nova lei trate o cometimento de abuso como
um crime próprio, ela permite que o particular concorra na qualidade de coautor ou mero
participe. Para esta conjugação basta o que o particular saiba a real qualidade do autor,
conforme ensina o Código Penal ao dizer que “Não se comunicam as circunstâncias e as
condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime” (BRASIL,1948, art. 30)
constatar ainda, que a lei n.13869/2019 foi mais minuciosa frente a alguns tipos penais, a
exemplo do art. 10°, pois se for decretada condução coercitiva manifestadamente
desnecessária por juiz ou delegado de polícia, responderá qualquer um destes por crime de
abuso de autoridade, já que tal medida executória, além de estar em desacordo com decisões
do STF por incompatibilidade com a Constituição Federal, agora também está definida como
crime da Lei de Abuso de Autoridade
Outrossim, a exemplo do supracitado tipo penal, a grande maioria dos delitos
previstos na nova lei possuem alvos preferenciais enquadrados como sujeito ativo de crime de
abuso de autoridade, dentre estes tipos estão: instaurar investigação de ação penal ou
administrativa sem indício (exceção: investigação preliminar sumária devidamente
justificada); decretar prisão fora das hipóteses legais; continuar interrogando suspeito que
tenha decidido permanecer calado ou que tenha solicitado a assistência de um advogado;
interrogar à noite quando não é flagrante; e procrastinar investigação sem justificativa ; não se
identificar como policial durante um interrogatório.
Dessa maneira, fica claro que a Lei 13.869/19, embora traga um amplo rol de sujeitos
ativos de crimes de abuso de autoridade, tendo em vista sua redação, com termos como
“interrogar”, “instaurar investigação”, “decretar’’, os quais demonstram que somente aqueles
que detêm competência para tal conduta, será sujeito ativo nesta pratica delituosa.
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“Há nítida intenção de buscar uma forma de retaliação a esses agentes públicos
visando ao engessamento da atividade-fim de instituições de Estado responsáveis
pelo combate à corrupção”. (LIMA, 2020, p. 54).
Mas será mesmo que as mudanças trazidas pela Nova Lei de Abuso de Autoridade são
realmente capazes de enfraquecer as atividades dos agentes públicos atuantes na Persecução
Penal, sejam eles policiais, delegados, membros do Ministério Público ou Magistrados? Essa
pergunta será amplamente respondida, a partir dos subtópicos a seguir.
Nesse sentido, pode-se concluir que esse especial fim de agir “deverá ser apontado,
especificamente, na peça inaugural da ação penal (…), caso não conste essa particular
motivação (…), a denúncia ou a queixa deverão ser rejeitadas” (GRECO e CUNHA, 2021, p.
12), pois, como já visto, além do dolo genérico (presente em todo crime doloso), a lei nº
13.869/19 também exige um dolo específico, e sem as finalidades específicas do seu art. 1º,
§1º, não há que se falar em crime da Lei de Abuso de Autoridade.
No entanto, Renee do Ó Souza já alertava sobre a necessidade de cautela na
apreciação do dolo específico pelos julgadores:
“A análise acerca do elemento subjetivo tem elevada importância prática para evitar
que o servidor, temeroso de eventual responsabilização penal, deixe de cumprir o
seu dever de ofício, notadamente diante de uma situação na qual as circunstâncias
levam a crer que isso é exigido, situação que levará à prática de infrações que
expõem um número indeterminado de pessoas a riscos e perigos. Assim, se o
funcionário agiu movido pela vontade de atingir o fim público, não incide no crime
de abuso de autoridade.
Essa ponderação nem sempre é tarefa fácil, como no caso do policial que atua
revistando pessoa que, vestindo um pesado agasalho num dia ensolarado, caminha
de um lado para outro, nervosamente, em frente a um banco. Há, nesse exemplo,
causa provável a legitimar a atuação policial, mas a zona de penumbra entre o estrito
cumprimento do dever legal e o abuso de
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autoridade nesse caso demonstra o quão tormentoso é a questão no dia a dia dos
agentes públicos. Essa dificuldade de análise tende a ser observada na comprovação
material da finalidade específica prevista nesta norma do § 1º do art. 1º da Lei
13.869/2019, afinal, os delitos de abuso de autoridade situam-se em uma zona de
tensão entre o respeito aos direitos individuais e o interesse na preservação de bens
coletivos, como a segurança pública.” (SOUZA, 2020, p. 19)
Diante dessa perspectiva, é notório que as forças policiais, as quais exercem a árdua
tarefa de preservar a ordem pública atuando nas trincheiras do combate ao crime, são as mais
suscetíveis de incorrerem em crime de abuso de autoridade. Nessa ótica, também se enxerga o
promotor ou procurador de justiça, promovendo as ações penais públicas, e,
consequentemente, buscando a efetiva punição aos criminosos. Outrossim, tem-se o
magistrado, quem exerce a função jurisdicional, impondo suas decisões e sentenças. Nessa
esteira de raciocínio, é o que preleciona Renato Brasileiro de Lima:
O dia a dia de qualquer agente público, seja quando efetua uma prisão em flagrante
(v.g., Policial Militar) ou quando cumpre um mandado de prisão temporária (v.g.,
Delegado de Polícia), seja quando oferece uma denúncia (Promotor de Justiça) ou
quando decreta a indisponibilidade de ativos financeiros (Juiz), é marcada por uma
sujeição corriqueira ao descontentamento dos jurisdicionados, praticamente um
efeito intrínseco da própria função pública. (LIMA, 2020, p.24).
Nova Lei de Abuso de Autoridade foi a primeira a trazer, além do dolo genérico, os elementos
subjetivos específicos de “prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda,
por mero capricho ou satisfação pessoal”, os quais serão analisados em todos os tipos penais
da lei.
Contudo, convém salientar que ao divergirem na interpretação do referido dolo
específico em uma determinada situação, estarão abarcados pelo art. 1º, § 2º da Lei 13.869/19,
que veda expressamente o chamado crime de hermenêutica, cuja explanação apresentar-se-á
no tópico seguinte.
Teríamos que admitir que o sujeito, pelo fato de pensar juridicamente de modo
diverso, praticaria fato típico com o fim específico exigido pelo tipo (beneficiar,
prejudicar, capricho ou satisfação pessoal). A própria localização topográfica da
norma (abaixo do elemento subjetivo) confirma que se trata de excludente de
finalidade específica. (COSTA, FONTES, HOFFMANN, 2020, p 49).
Atente-se que o temor desenvolvido diante dos riscos de se cometer um deslize frente
a uma decisão, ou simples atuação, que pudesse ocasionar qualquer sanção tipificada pela
nova norma penal foi saneado e ratificado pelo trecho de jurisprudência destacada abaixo:
2
Responsabilização criminal do operador do direito, sobretudo o magistrado, pelo entendimento divergente aos
tribunais superiores, na avaliação de fatos ou de provas.
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Diante desse cenário, um promotor, ao entender que o fato é típico, pode promover a
ação penal, ao ponto que outro Parquet3, frente à mesma situação, pugnar por arquivamento,
concluindo pela atipicidade da conduta. Da mesma forma, o delegado avaliando a prova e
compreendendo cabível a prisão em flagrante ao fato, e, de forma divergente, outra autoridade
policial, analisando a mesma prova, entenda que os requisitos para a aplicação da prisão
cautelar não restaram preenchidos, não existirá crime de abuso de autoridade.
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Representante do Ministério Público.
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de Autoridade, estas se apresentam maiores quando comparadas à antiga Lei 4898/65, que
possui pena máxima detenção por 6 (seis) meses. Entretanto a Lei 13.869/19, ao trazer penas
de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos; e 1 (um) a 4 (quatro) anos, não trouxe muitas mudanças
práticas, tampouco prejudicou o agente público, afinal, como bem elucida Guilherme de
Souza Nucci:
Quanto às penas, é preciso ressaltar que várias delas demonstram crimes de menor
potencial ofensivo e outras apontam para a viabilidade de aplicação de suspensão
condicional do processo. Enfim, não há um único delito que significa pena de prisão
como primeira hipótese. Na realidade, o crime de abuso de autoridade é grave, mas
não está sendo tratado nem como hediondo nem tampouco com severidade no
tocante às penas cominadas, admitindo, claramente, penas restritivas de direitos,
mesmo quando não couber transação ou sursis processual. (NUCCI, 2020, p. 05)
Com a devida vênia, posturas como estas não se justificam em hipótese alguma.
Primeiro, porque revelam um certo “comodismo” por parte do agente público, que
se abstém de exercer sua função de maneira regular para não ser objeto de alguma
representação criminal. Segundo, porque demonstram completo desconhecimento da
Lei n. 13.869/19, que não pune qualquer conduta legítima adotada por um agente
público. Terceiro porque demonstram, à primeira vista, que agentes públicos são
figuras frágeis, covardes e medrosas, enfim, que têm medo de exercer regularmente
suas funções. Tais atributos, a nosso juízo, não são inerentes à grande maioria dos
agentes públicos, profissionais absolutamente qualificados e idôneos, que
certamente jamais deixariam de agir conforme os estritos ditames legais com receio
de eventuais “incômodos” proporcionados pela perspectiva de serem objeto de
notitia criminis devido à prática de supostos crimes de abuso de autoridade, contra
eles oferecidas por investigados, acusados, advogados e defensores, a título de
represália decorrente da adoção de determinada medida legal que lhes fosse
desfavorável (LIMA, 2020, p.54).
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Além do mais, estes agentes estarão protegidos pela própria Lei de Abuso de
Autoridade, através de seu artigo 30º, que tipifica a instauração de investigação ou a
promoção da persecução penal sem justa causa como crime. Outrossim, o Código Penal
Brasileiro também detém mecanismos de tutela ao agente público por meio de seus artigos
339 e 340, ao, respectivamente punir a comunicação falsa de crime e a denunciação caluniosa.
À luz deste raciocínio, é possível inferir que a vontade de querer ter o servidor público
punido por cometimento de abuso de autoridade é sobreposta pelo anseio coletivo de
resguardar os princípios constitucionais e zelar pelo funcionamento estatal. Entretanto, apesar
de, nas perspectivas de muitos juristas e determinados doutrinadores, a lei tenha surgido
como algo que vai respaldar as autoridades que exercem suas funções com retidão, aos
limites da lei. Na contramão do que muitos afirmam, as diversas associações representativas
entendem que a edição da Nova Lei de Abuso de Autoridade tenha tido como principal
interesse vingar aqueles
envolvidos diretamente com a persecução penal, sobretudo envolvidos com a Operação Lava
Jato. Este embate técnico de divergentes opiniões será demostrado em suas diversas
perspectivas e, assim, poderá restar clarividente a analise acerca da constitucionalidade em
questão.
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diversas condutas, sem, todavia, especificar por que devem ser consideradas abuso de
autoridade.
Neste sentido, a entidade defende que o poder exercido pelas autoridades das diversas
esferas deve estar em submissão aos ditames limitadores regidos pela Constituição Federal e,
assim, em sintonia com os princípios expressos norteadores da administração pública, dessa
forma, entende pela constitucionalidade da Nova Lei de Abuso de Autoridade.
No âmbito doutrinário, Guilherme de Souza Nucci (2020) defende a Lei 13.869/19
como uma norma comum, sem qualquer tipo de inconstitucionalidade, pois, diferente da lei
anterior, a nova lei “deixou claríssimo que um abuso de autoridade somente ocorre quando
manifestamente excessiva foi a atitude do agente público” (NUCCI,2020).
Sobre os supostos termos vagos presentes no elemento subjetivo especial constante no
art. 1º §1º da Lei 13.869/19, Guilherme Nucci argumenta:
Qual lei penal estabelece, como norma geral, que além do dolo é preciso buscar o
elemento subjetivo específico (dolo específico)? Esta é a primeira. Deve-se,
inclusive, elogiar o cuidado legislativo em colocar, de maneira destacada, que todos
os tipos penais configuradores de crime de abuso de autoridade exigem, além do
dolo, a especial finalidade de “prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a
terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal”.
São variadas alternativas finalísticas, embora todas sejam particularmente
reprováveis, razão pela qual se o agente público prender uma pessoa apenas para
prejudicá-la; somente para se beneficiar disso; exclusivamente por capricho (vontade
arbitrária ou birrenta) ou unicamente para satisfação pessoal (regozijo),
indiscutivelmente estão abusando do seu poder. (NUCCI, 2020, p. 02).
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amigo da corte
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
atuam com probidade e legitimidade, todavia, assim como em todas as áreas, existem aqueles
que agem às margens da lei, em busca de seus próprios interesses.
Diante dessa análise, ficou evidente, portanto, que a Nova Lei de Abuso de
Autoridade, definitivamente, não interfere negativamente na atuação dos agentes públicos
frente à persecução penal, seja efetuando uma prisão em flagrante, instaurando uma
investigação, promovendo a ação penal, ou até mesmo impondo uma decisão.
De outra ponta, no quarto capítulo, concluiu-se pela constitucionalidade da Lei
13.869/19, pois, através da divergência entre os argumentos de autoridades e as Ações Diretas
de Inconstitucionalidade apresentadas, foi possível perceber que não há óbice algum em
estabelecer quais condutas serão passíveis de punição por abuso de autoridade, ao contrário,
ao estabelecer limites proporcionou-se mais segurança às autoridades que executam suas
atividades em consonância com a lei, punindo tão somente aqueles que exercem condutas em
desconformidade com ela, seja por excederem limites, seja por atuarem com fins diversos do
estabelecidos por tais dispositivos legais.
Depreende-se, portanto, que não há porque deixar de atuar, aos crivos da prevaricação
e desídia funcional, sob o fundamento de não querer ser alvo de processos, mas sim procurar
exercer o compromisso fiel com a lei e com a sociedade brasileira. Além do mais, a lei é
dotada ferramentas de proteção ao agente público em casos de eventual excesso de poder -
desde que não haja manifesta vontade do mesmo - ou até mesmo em um cenário de
interpretações diversas entre diferentes autoridades, o servidor terá respaldo garantido na lei.
Dessa forma, o agente público que age compromissado com a lei e nos limites desta há
de se orgulhar, pois estará aos olhos do poder punitivo executor somente aquele merecedor de
tais sanções. Por conseguinte, o fiel seguidor dos princípios da administração pública terá o
exercício de suas funções dignificado.
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REFERÊNCIAS
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 25 ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2005.