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ESTÁGIO SUPERVISIONADO IV 1

LIBERDADE PROVISÓRIA

Previsão Legal: Artigos 5º, LXVI da CF e Artigos 321 e seguintes do Código


de Processo Penal.

Conceito: É um instituto processual que garante ao acusado o direito de


aguardar em liberdade o transcorrer do processo até o trânsito em julgado,
vinculado ou não a certas obrigações, podendo ser revogado a qualquer
tempo, diante do descumprimento das condições impostas.

É uma medida que visa substituir a prisão provisória por outra providência que
logre assegurar a presença do acusado em Juízo sem o sacrifício da prisão.

É provisória, pois, o beneficiado fica sob determinadas condições e com isto


poderá perder este benefício a qualquer momento.

Em geral, a liberdade provisória é obtida mediante o pagamento de fiança que


pode ser prestada pelo próprio preso ou mesmo por outra pessoa.

Pode ser requerida em qualquer fase do processo enquanto não transitar em


julgado a sentença condenatória.

Requisitos: a) Réu primário; b) Bons antecedentes; c) Trabalhador; d)


Residência fixa.

Competência para concessão: Só o Juiz pode conceder a liberdade


provisória sem fiança, mas, sempre depois de ouvir o Ministério Público. Deve
ser assinado termo de comparecimento por parte do acusado, que se
compromete, assim, a se fazer presente em todos os atos do processo, sob
pena de revogação.

Recurso: Da decisão que conceder a Liberdade Provisória, cabe Recurso em


Sentido Estrito, (Art. 581, V do CPP).

DIFERENÇAS DO RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE E A


LIBERDADE PROVISÓRIA:

- No relaxamento da prisão em flagrante, não há deveres e obrigações e ocorre


quando a prisão for ilegal, ou seja, houve uma falha na lavratura do auto de
prisão em flagrante.

- Na liberdade provisória há deveres e obrigações, e a prisão em flagrante é


totalmente legal, não possuindo vícios. É provisória, pois o beneficiado fica sob
determinadas condições e com isto poderá perder este benefício a qualquer
momento.
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- A Jurisprudência é pacífica no entendimento de que a Liberdade Provisória


não é somente uma faculdade do Juiz, sua concessão é obrigatória se
presentes seus requisitos, negar o benefício caracteriza coação ilegal.

Para a obtenção da Liberdade Provisória são necessários o preenchimento de


alguns requisitos, quais sejam:

a) Que o agente seja primário;


b) Possua trabalho lícito;
c) Possua residência fixa;
d) Que não se enquadre nas hipóteses de prisão preventiva (Artigo 312 do
CPP).

Liberdade provisória sem fiança: O agente deverá demonstrar que não estão
presentes os requisitos de prisão preventiva e a prova é feita por meio de
documentos idôneos a informar que não há perigo na soltura. Obtendo o
benefício, o agente também fica vinculado a comparecer aos atos processuais,
não alterar o endereço sem comunicação prévia ao Juízo, nem sair da comarca
sem autorização do juízo.

O artigo 310, parágrafo único, do CPP, permite ao Juiz conceder a liberdade


provisória sem necessidade de pagamento de fiança, quando vislumbrar que
embora haja situação flagrancial, aparentemente o agente tenha agido ao
amparo de uma causa que exclui o crime (artigo 23 do Código Penal).

Com o deferimento do pedido de Liberdade Provisória, o beneficiário goza de


liberdade pessoal para se defender, mas condicionado a ônus processuais, que
o vinculam estreitamente ao processo.

Caso o magistrado indefira a Liberdade Provisória, o defensor poderá reiterar o


pedido e persistindo a coação, será a mesma sanável via “Habeas Corpus”.

Documentos que devem instruir o requerimento de Liberdade Provisória:

1) Procuração “Ad Judicia”;

2) Certidão de antecedentes criminais, conhecida como F.A (Folha de


antecedentes), para provar que o beneficiário é primário e possui bons
antecedentes;

3) Conta de água, luz ou telefone, para comprovar que possui residência fixa;

4) Carteira de Trabalho, declaração do contador no caso de autônomo ou


contrato social (se for pessoa jurídica), para comprovar que possui
ocupação lícita.
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Com a edição da lei nº 12.403/11, ao receber o auto de prisão em flagrante, o


Juiz de Direito deverá fundamentadamente conforme preceitua o artigo 310 do
Código de Processo Penal: I – Relaxar a prisão ilegal, ou II – Converter a
prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes
do artigo 312 do Código de Processo Penal, e se revelarem inadequadas ou
insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; III – Conceder liberdade
provisória, com ou sem fiança.

A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração


cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos
(art. 322 do CPP).

Parágrafo único – Nos demais casos, a fiança será requerida ao Juiz, que
decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.

O valor da fiança é de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar


de infração cuja pena privativa de liberdade, no grau máximo, não for superior
a 4 (quatro) anos.

De 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o máximo da pena


privativa de liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos.

Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser: I -


dispensada, na forma do artigo 350 do Código de Processo Penal; II – reduzida
até o máximo de 2/3 (dois terços) ou III – aumentada em até 1.000 (mil) vezes.

MODELO DE LIBERDADE PROVISÓRIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA___VARA


CRIMINAL DA CAPITAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – SP (crimes não
dolosos contra a vida e matéria estadual)

(ou)
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___VARA


CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE____________ (crimes não dolosos
contra a vida e matéria federal)

(ou)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA___VARA DO


JÚRI DA CAPITAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – SP (crimes dolosos
contra a vida e matéria estadual)

(ou)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___VARA DO


JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE____________ (crimes dolosos contra a
vida e matéria federal)

(ou)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO CORREGEDOR


DO DEPARTAMENTO DE INQUÉRITOS POLICIAIS DA CAPITAL - DIPO
(fase de inquérito policial – só na Capital)

(10 linhas)

Processo nº______/____

(Nome), (nacionalidade), (estado civil),


(profissão), portador da Cédula de identidade RG sob o nº ... e do CPF/MF sob
o nº..., residente e domiciliado na Rua..., nº..., nesta Capital de São Paulo, por
seu advogado(a) ao final subscrito(a) (doc.01), conforme procuração anexa,
vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, requerer LIBERDADE
PROVISÓRIA, com fundamento no artigo 5º, LXVI da Constituição Federal e
artigos 321 e seguintes do Código de Processo Penal, pelas razões a seguir
aduzidas:

(2 linhas)

I – DOS FATOS:
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O requerente (Copiar o problema


apresentado – Narrar o fato criminoso, com todas as circunstâncias, sem
inventar dados).

(2 linhas)

II – DO DIREITO:

O requerente está sendo acusado de


ter supostamente praticado o crime de___, previsto no artigo ___ do Código
Penal, cuja pena é de ____, portanto, conforme disposto no artigo 325, inciso II
do Código de Processo Penal, trata-se de crime afiançável.

O requerente é primário conforme


atesta seus antecedentes (doc.02).

Possui residência fixa, (doc. 03) e


também emprego fixo, segundo comprova a carteira profissional inclusa, (doc.
04).

Ademais, como Vossa Excelência


pode observar, além do requerente preencher os requisitos legais para a
obtenção do benefício da liberdade provisória, não estão presentes os
fundamentos da prisão preventiva, previstos no artigo 312 do Código de
Processo Penal, razão pela qual a concessão da liberdade provisória é a
medida que se faz imperiosa.

(2 linhas)

III – JURISPRUDÊNCIA:

Segundo entendimento
Jurisprudencial:

“Liberdade provisória não é somente uma faculdade do Juiz, sua


concessão é obrigatória se presentes seus requisitos, negar o benefício
caracteriza coação ilegal”. (Tacrim – 313-415, 05/10/82 – Boletim
Mensal de Jurisprudência – 104).
(2 linhas)

IV – DO PEDIDO:
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Diante do exposto, inexistindo


requisitos autorizadores da prisão preventiva e, comprometendo-se a
comparecer a todos os atos do processo, postula-se após o parecer do Digno
Representante do Ministério Público, seja arbitrada a fiança para o referido
caso, concedendo-se a LIBERDADE PROVISÓRIA e, consequentemente a
expedição do competente alvará de soltura em favor do requerente, como
medida da mais legítima Justiça.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data.

_____________________

OAB nº ...

PROBLEMA PRÁTICO

ALBERTO E BENEDITO FORAM PRESOS EM FLAGRANTE POR AGENTES


POLICIAIS DO 4º DISTRITO POLICIAL DA CAPITAL, NA POSSE DE UM
AUTOMÓVEL MARCA FIAT, TIPO UNO, QUE HAVIAM ACABADO DE
FURTAR. O VEÍCULO QUANDO DA SUBTRAÇÃO, ENCONTRAVA-SE
ESTACIONADO REGULARMENTE EM VIA PÚBLICA DA CAPITAL. O Dr.
DELEGADO DE POLÍCIA QUE PRESIDIU O AUTO DE PRISÃO EM
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FLAGRANTE CAPITULOU OS FATOS COMO INCURSOS NO ARTIGO 155,


PARÁGRAFO 4º, IV DO CÓDIGO PENAL, MOTIVO PELO QUAL NÃO
ARBITROU FIANÇA, DETERMINANDO O RECOLHIMENTO DE AMBOS AO
CÁRCERE E ENTREGANDO-LHES AS NOTAS DE CULPA. A CÓPIA DO
AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE FOI REMETIDA AO JUIZ DA 4ª VARA
CRIMINAL DA CAPITAL. ALBERTO RESIDE NA CAPITAL, É PRIMÁRIO E
TRABALHADOR.

QUESTÃO: ELABORAR NA QUALIDADE DE DEFENSOR DE ALBERTO A


MEDIDA CABÍVEL.

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