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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara

Criminal da Comarca de__

Gilberto, nacionalidade..., casado, professor de educação


física, portador do CPF nº..., com Documento de
Identidade de n°..., residente e domiciliado na Rua, nº...,
bairro..., CEP nº..., Município..., UF..., vem
respeitosamente a presença de Vossa Excelência,
requerer concessão de LIBERDADE PROVISÓRIA, com
fulcro no art. 5º, inciso LXVI, da CF, c.c. os artigos 310, III,
321, 323 e 324, TODOS do CPP, pelas seguintes razões
de fato e de direito expostas:

Dos Fatos

Gilberto foi denunciado pela prática de importunação sexual, nos termos do


artigo 215-A do CP. Segundo a denúncia, os fatos teriam ocorrido em 28 de
junho de 2019 em um bar para comemorar as férias de meio de ano, tendo
como vítima sua colega de trabalho Juliana. Após a chegada da polícia houve
prisão por delito em flagrante, sendo conduzido ao 1º DP da Comarca. Após
todas as formalidades da lavratura do APFD, determinando o recolhimento do
denunciado Gilberto ao cárcere.

Do Direito

Revogação da prisão preventiva

É imperioso esclarecer que o requerente faz jus ao benefício da liberdade


provisória, tendo em vista que não se enquadra nos casos em que seria
permitida a prisão preventiva, cabendo no caso medida cautelar diversa,
prevista no art. 319, do CPP. Possibilidade de medida alternativa a prisão (319,
III, do CPP).
Sobre o tema trago a baila a seguinte julgado do Desembargador Xisto Albarelli
Rangel Neto da 13ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São
Paulo.

Habeas Corpus. Importunação sexual. Paciente que, no coletivo,


aproximou-se da vítima, retirou seu órgão genital e o esfregou em seu
corpo. Decisão judicial que decreta a prisão preventiva que não
justifica adequadamente a razão de não serem aplicadas medidas
cautelares diversas da prisão. Liminar deferida. Liberdade provisória
com medidas cautelares: 1) comparecimento mensal em juízo para
justificar suas atividades (art. 319, I do CPP); (2) necessidade de
comparecer em juízo toda vez em que for intimado (art. 327 do CPP);
(3) proibição de se ausentar de sua residência por mais de 8 dias e
obrigação de comunicar ao juízo eventual mudança de endereço
(art.328 e 319, IV, ambos do CPP); (4) proibição de manter contato
com a vítima e seus familiares (art. 319, III do CPP); Prisão provisória
que deve ser aplicada só excepcionalmente, agora também em razão
da Recomendação 62 CNJ. ORDEM CONCEDIDA com ratificação da
liminar.1

Possibilidade de liberdade provisória mediante fiança, tendo em vista que não


se enquadra nas situações dos arts. 323 e 324, ambos do CPP, que excluem a
possibilidade de sua concessão, poderá, em último caso, ser concedida
liberdade provisória mediante fiança, com base no art. 325, do CPP, lembrando
que o requerente é primário e portador de bons antecedentes, tem residência e
empregos fixos, conforme comprovam os documentos em anexo.

Preceitua o art. 5º, LXVI, da Constituição Federal o seguinte:


“ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança”. Cuida-se, por certo, de uma
mensagem do constituinte ao legislador ordinário, bem como ao
Judiciário, no sentido de ser a prisão cautelar uma exceção, a ser
decretada quando realmente indispensável. Não pode, pois, ser a
regra. Fosse a regra e não teria o menor sentido a referência à
liberdade provisória no contexto dos direitos e garantias humanas
fundamentais.
Partindo dessa premissa, devemos entender que cabe à lei ordinária
– e somente a esta, justamente pela flexibilidade que possui para ser
alterada – a fixação das condições para alguém, acusado da prática
de um crime, permanecer em liberdade, enquanto se desenvolve a
instrução processual. Por outro lado, é preciso considerar que o
instituto da liberdade provisória, hoje, é estreitamente ligado à prisão
em flagrante. Afinal, esta pode ser atingida, segundo autorização
constitucional (art. 5º, LXI), em combinação com o disposto nos arts.
301 e 302 do Código de Processo Penal, por ordem e emprego de
1
(TJ-SP – HC: 21707942520208260000 SP 2170794-25.2020.8.26.0000, Relator: Xisto
Albarelli Rangel Neto, Data de Julgamento: 21/08/2020, 13ª Câmara de Direito Criminal, Data
de Publicação: 21/08/2020). Disponível em:
<https://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/928454115/habeas-corpus-criminal-hc-
21707942520208260000-sp-2170794-2520208260000?ref=juris-tabs> Acesso em: 16.09.2021
força de qualquer pessoa do povo ou de agentes policiais, sem
autorização prévia da autoridade judiciária. Assim ocorrendo, deve o
magistrado ser imediatamente informado. Mas o autor do eventual
delito já se encontra preso. Não havendo motivo para mantê-lo sob
custódia estatal, pois ausentes os requisitos para a decretação da
prisão preventiva, deve o juiz conceder-lhe liberdade provisória. Por
isso, denomina-se provisória: estava preso e, em virtude do princípio
da presunção de inocência, será colocado provisoriamente em
liberdade, até o final do processo. Condenado, recebendo pena
privativa de liberdade, retornará ao cárcere. Não vemos sentido em
se denominar liberdade provisória a situação existente em casos de
revogação da prisão preventiva ou relaxamento da prisão em
flagrante. Ora, o status natural do ser humano é o de inocência, logo,
deve gozar do direito à liberdade. A prisão preventiva é excepcional.
Uma vez decretada – e não sendo o caso – deve ser
simplesmente revogada, retornando o indiciado ou réu ao seu estado
primitivo de ser humano livre. O mesmo ocorre se a prisão em
flagrante for ilegal: deve ser relaxada e o indiciado retorna ao status
de liberdade plena.2

Portanto, o Requerente não se enquadra nas situações dos artigos que


impossibilitam a concessão de liberdade provisória ou de concessão de medida
cautelar alternativa, razões pelas quais o Gilberto faz jus ao benefício da
liberdade provisória, pelos motivos supramencionados.

Do Pedido

Diante do exposto, requer de Vossa Excelência a concessão de liberdade


provisória, substituindo por medida cautelar diversa.
Em caso de entender que seja determinado o pagamento de fiança, que seja
arbitrada fiança, que deverá ser fixada no mínimo legal, nos termos do art. 326,
do CPP, e expedindo-se o competente alvará de soltura em favor de Gilberto,
como medida de JUSTIÇA.

Nesses Termos, Pede Deferimento.

Local, dia de mês de ano.

Assinatura do Advogado
Nome do Advogado
OAB/UF nº número da inscrição na OAB
2
NUCCI, Guilherme. Liberdade provisória: verdades e mitos. Disponível em:
https://guilhermenucci.com.br/liberdade-provisoria-verdades-e-mitos/ Acesso em: 16.09.2021.

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