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CRIME DO CAPUT
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05/02/2020 Dizer o Direito: Lei de Abuso de Autoridade - parte 2
Sujeito ativo
A autoridade judicial (Juiz, Desembargador, Ministro).
Sujeito passivo
É o Estado e também a pessoa que teve privada a sua liberdade.
Elemento subjetivo
Dolo acrescido do elemento subjetivo especial (finalidade específica de
prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero
capricho ou satisfação pessoal).
Não se pune a conduta culposa.
Consumação
O crime se consuma com a decretação, ou seja, com a prolação da decisão
determinando a medida de privação da liberdade, ainda que ela não se
consuma.
Trata-se, portanto, de crime formal, que não depende da produção de
resultado naturalístico.
Desse modo, imagine que o juiz decreta a prisão mesmo sendo
manifestamente descabida. Antes que a providência seja cumprida, o indivíduo
consegue do Tribunal uma ordem em habeas corpus cassando a decisão de 1ª
instância. Em tese, o crime estará consumado mesmo não tendo havido a
efetiva condução coercitiva.
Inciso I
A prisão ilegal deve ser relaxada pela autoridade judiciária competente.
É o caso, por exemplo, em que o juiz recebe o auto de prisão em flagrante e
constata que o indivíduo foi preso por conta de um fato atípico ou percebe que
não havia situação de flagrância. Nestas hipóteses, exemplificativas, cabe ao
juiz relaxar a prisão do indivíduo, colocando-o em liberdade, salvo se houver
algum outro motivo para o cárcere.
Inciso II
O estudo do inciso II deve ser dividido em duas partes:
1) deixar de “substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa”.
Prisão preventiva é uma espécie de prisão de natureza cautelar, decretada na
fase das investigações ou durante a ação penal, desde que presentes os
pressupostos e requisitos previstos nos arts. 312 e 313 do CPP.
Ocorre que a prisão preventiva é uma medida extrema e somente deve ser
decretada (ou mantida) se não couber nenhuma outra medida cautelar. A
prisão é a última das medidas cautelares que deverá ser adotada. Assim,
somente será determinada a prisão quando não for cabível a sua substituição
por outra medida cautelar (art. 282, § 6º do CPP).
O art. 319 do CPP prevê a lista de medidas cautelares diversas da prisão:
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas
pelo juiz, para informar e justificar atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer
distante desses locais para evitar o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela
permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja
conveniente ou necessária para a investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o
investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza
econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a
prática de infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados
com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser
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Revogação da prisão
Relaxamento da prisão Liberdade provisória
preventiva
É a decisão do magistrado É a decisão do magistrado É a decisão do magistrado
reconhecendo que a prisão é reconhecendo que não há reconhecendo que a prisão em
ilegal, ou seja, que não atende motivos para a prisão flagrante foi legal, mas que não
os requisitos formais. preventiva, devendo, portanto, há motivos para convertê-la em
esta medida ser revogada. prisão preventiva, motivo pelo
qual o flagranteado deve ser
solto, com ou sem a imposição
de medidas cautelares.
Inciso III
Deixar de “deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando
manifestamente cabível”.
Este inciso III é extremamente amplo. Isso porque ele não se limita aos casos
de prisão em flagrante. Na verdade, não se restringe nem mesmo aos casos
de prisão.
Explico. No Brasil, o habeas corpus apresenta uma feição bem ampla, sendo
cabível mesmo quando o paciente não está preso e mesmo quando ato
impugnado não implicar risco imediato de prisão.
Nesse sentido, o STF recentemente decidiu que:
Cabe habeas corpus mesmo nas hipóteses que não envolvem risco imediato
de prisão, como na análise da licitude de determinada prova ou no pedido
para que a defesa apresente por último as alegações finais, se houver a
possibilidade de condenação do paciente. Isso porque neste caso a discussão
envolve liberdade de ir e vir.
STF. 2ª Turma. HC 157627 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o
ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 27/8/2019 (Info 949).
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