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3. Espécies de sentença:
Essa é uma visão legalista. Essa mesma questão vista por uma visão constitucionalista,
o resultado será outro: o juiz não pode condenar porque já não há mais parte
acusadora. Se o juiz condena sem acusação ele está sendo um juiz inquisidor, ferindo o
sistema penal acusatório.
A sentença condenatória está prevista no art. 387 do CPP:
A leitura isolada do art. 393, I leva a conclusão que a prisão seria uma decorrência
automática da sentença condenatória, a prisão seria ex vi legi. Mas, esse dispositivo
tem que ser interpretado juntamente com o parágrafo único do art. 387:
2º efeito: lançamento do nome do réu no rol dos culpados (art. 393, II):
3) Sentença Absolutória:
Réu absolvido no crime tem que pagar indenização civil? Em regra sim, salvo nas
seguintes exceções:
a) Estar provado que o fato não ocorreu;
Se o fato ocorreu:
b) Estar provado que o réu não participou dos fatos;
c) Estar provada um causa excludente da antijuridicidade.
Essa terceira exceção, por seu turno, sofre exceções (volta a caber indenização civil):
Estado de necessidade agressivo (porque atinge um inocente); vaqueiro
atirou num boi descontrolado e acertou um inocente que estava numa árvore.
Legítima defesa real com aberratio ictus (erro na execução); “A” agrediu
injustamente “B”, “B”reagiu em legítima defesa só que o tiro pegou em “C”.
Legítima defesa real quando se usa um inocente como escudo; A pessoa
vai se defender e pega outra como escudo e ela sofre as lesões em seu lugar.
Legítima defesa putativa;
5) Sentença que julga o mérito de uma ação autônoma, por exemplo: HC,
MS etc
1º - Relatório:
É a “pequena história do processo” (Pontes de Miranda).
É obrigatório. Sua ausência gera nulidade. A nulidade é relativa, deve verificar se houve
prejuízo para a parte. Única exceção: juizados especiais.
2º - Fundamentação/motivação:
São as justificativas / valorações do juiz sobre as provas, sobre os fatos, sobre o direito.
Sentença sem fundamentação (sentença vazia) gera nulidade absoluta.
Não se confunde com fundamentação insuficiente, que é causa de nulidade relativa.
Fundamentação per relationem: o juiz admite na sua decisão fundamentação alheia,
encampa fundamentação alheia. Ex: “acolho as razões do MP ou da Defesa”. Em
algumas situações é possível. Ex: decretação da prisão preventiva. Não é cabível nas
sentenças finais.
Nulidade no ponto. Ex: Pena acima do mínimo sem fundamentação. Sentença nula no
ponto. A sentença pode ser válida, mas contém uma omissão. O Tribunal confirma a
condenação, mas baixa o processo a fim de que o juiz supra a omissão.
Pena no mínimo sem fundamentação. A jurisprudência tolera.
3º - Dispositivo/Conclusão:
4º - Parte autenticativa:
Assinatura do Juiz. Sentença sem assinatura pode ser anulada. Quando foi inequívoca
a autoria da sentença, o ato pode ser sanado / regularizado. Se não se descobre a
autoria da sentença, tem-se um ato inexistente.
6. Publicação da sentença:
A publicação, em regra, se dá por ato do escrivão.
A sentença proferida em audiência já é pública automaticamente.
A sentença do júri se torna pública no encerramento do júri.
A partir da publicação, a sentença se torna imodificada. Princípio da imodificabilidade
da sentença. Exceções: erros materiais; erros de cálculo; embargos de declaração;
surgimento de lei penal nova mais favorável1; efeito regressivo do RESE.
É possível a publicação da sentença em jornais?
Pelo CP não pode (reforma de 84). Mas há exceção prevista no art. 78, II CDC:
Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de multa, podem ser
impostas, cumulativa ou alternadamente, observado o disposto nos artigos
44 a 47, do Código Penal:
II – a publicação em órgãos de comunicação de grande circulação ou
audiência, às expensas do condenado, de notícia sobre os fatos e a
condenação;
7. Intimação da Sentença:
Ato pelo qual se dá conhecimento às partes da sentença.
A partir da intimação que se conta prazos para recursos.
Obs: Intimação por precatória. Súmula 710 do STF. Conta-se os prazos da data da
intimação, e não da juntada da precatória.
Formas de Intimação:
Intimação Pessoal: MP, Defensor Público e Defensor Dativo.
Intimação pela Imprensa: Defensor Constituído.
Intimação do Réu:
Sentença Absolutória = Pessoalmente ou na pessoa de seu advogado. Sentença
Condenatória = Dupla intimação necessária. Réu + Advogado.
Réu preso deve ser intimado pessoalmente. Réu solto intimação pessoal, mas se não
for achado, intimação por edital.
Conta-se o prazo para recurso da última intimação.
A velha doutrina afirmava que o juiz, com a sentença, esgotava a jurisdição. Isso é
válido em termos, pois o juiz esgota a jurisdição no sentido de que não pode mais
reavaliar o caso, mas em todas as hipóteses acima o juiz readquire a jurisdição.
A sentença não pode ser ultra (além) petita. Sentença absolutamente nula.
Ex: narra-se uma lesão leve e o juiz condena por lesão grave.
A sentença não pode ser extra (fora) petita. Sentença absolutamente nula.
Ex: narra-se um furto e o juiz condena por apropriação indébita.
Súmula 423 do STF: Não transita em julgado a sentença por haver omitido
o recurso de ofício, que se considera interposto “ex lege”. Não importa o
tempo, não fará coisa julgada.
VII – Produção posterior de resultado mãos grave x limites objetivos da coisa julgada:
Conteúdo: o sujeito foi condenado por tentativa de homicídio. Após o transito em
julgado a vítima morre. Cabe novo processo? NÃO, porque o fato é único, apenas
mudou a circunstância do fato.
VIII – Sentença que julga extinta a punibilidade com base de certidão de óbito falsa x
limites objetivos da coisa julgada:
Réu que junta certidão de óbito falsa, levando à decisão de extinção da punibilidade.
Essa sentença vale ou não?
Para a doutrina faz coisa julgada, processa-se depois o réu por uso de documento
falso. É um entendimento tecnicamente correto, porém absurdo.
Para o STF, NÃO HÁ COISA JULGADA, a decisão do juiz é inexistente. A decisão do juiz
tem uma base falsa. Há uma relativização da coisa julgada contra o réu (HC 84525).