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Sentença é a decisão definitiva que o juiz profere solucionando a causa. Melhor dizendo, é o ato
pelo qual o juiz encerra o processo no primeiro grau de jurisdição, bem como o seu respectivo
ofício.
Subdividem-se em:
– próprias, quando não acolhem a pretensão punitiva, não impondo qualquer sanção ao acusado;
– impróprias, quando não acolhem a pretensão punitiva, mas reconhecem a prática da infração
penal e impõem ao réu medida de segurança;
Vale ainda observar que, quanto ao órgão que prolata as sentenças, podemos ainda classificá-las
em:
(i) subjetivamente simples: quando proferidas por uma pessoa apenas (juízo singular ou
monocrático);
(ii) subjetivamente plúrimas: são as decisões dos órgãos colegiados homogêneos (ex.: as
proferidas pelas câmaras dos tribunais);
(iii) subjetivamente complexas: resultam da decisão de mais de um órgão, como no caso dos
julgamentos pelo Tribunal do Júri em que os jurados decidem sobre o crime e a autoria, e o juiz,
sobre a pena a ser aplicada.
REQUISITOS DA SENTENÇA
(i) Relatório. É requisito do art. 381, I e II, do CPP. É um resumo histórico do que ocorreu nos
autos, de sua marcha processual.
Atenção: a Lei n. 9.099/95, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, prevê que é
dispensável o relatório nos casos de sua competência (art. 81, § 3º). Representa uma
exceção ao art. 381, II, do Código de Processo Penal.
(ii) Motivação (ou fundamentação), requisito pelo qual o juiz está obrigado a indicar os
motivos de fato e de direito que o levaram a tomar a decisão (art. 381, III). É também garantia
constitucional de que os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário são públicos e
“fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade” (art. 93, IX, da CF).
(iii) Conclusão (ou parte dispositiva) é a decisão propriamente dita, em que o juiz julga o
acusado após a fundamentação da sentença. Conforme o art. 381, o magistrado deve mencionar
“a indicação dos artigos de lei aplicados” (inciso IV) e o “dispositivo” (inciso V).
SENTENÇA SUICIDA
EMBARGOS DECLARATÓRIOS
Previsão do art. 382 do Código de Processo Penal: “qualquer das partes poderá, no prazo de 2
(dois) dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade,
ambiguidade, contradição ou omissão”.
(ii) Ambiguidade: quando a decisão, em qualquer ponto, permitir duas ou mais interpretações;
(iii) Contradição: quando conceitos e afirmações da decisão acabam por colidir ou opor-se entre
si (p. ex., o juiz reconhece a ilicitude do fato e decide pela absolvição por excludente da
antijuridicidade);
(iv) Omissão: quando a sentença deixa de dizer o que era indispensável fazê-lo, como, por
exemplo, não fixa o regime inicial de cumprimento da pena.
EMENDATIO LIBELLI
Art. 383, caput, do CPP: “O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou
queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de
aplicar pena mais grave”
Bem se vê que o importante é a correta descrição do fato, podendo o juiz emendar (emendatio) a
acusação (libelli) para darlhe a classificação que julgar a mais adequada, mesmo que impondo
pena mais severa.
A Emendatio libelli pode ocorrer em qualquer instância, mas quando estamos diante de recursos
(TJs) deve existir pedido expresso, sob pena de Reformatio in pejus.
Por exemplo: a denúncia narra que fulano empurrou a vítima e arrebatou-lhe a corrente do
pescoço, qualificando como furto tal episódio. Nada impede seja proferida sentença condenatória
por roubo, sem ofensa ao contraditório, já que o acusado não se defendia de uma imputação por
furto, mas da acusação de ter empurrado a vítima e arrebatado sua corrente.
Nesse caso, diz-se que houve uma simples emenda na acusação (emendatio libelli), consistente
em mera alteração na sua classificação legal. Trata-se de aplicação pura do brocardo jura novit
curia, pois, se o juiz conhece o direito, basta narrar-lhe os fatos (narra mihi factum dabo tibi jus).
Exemplo: o MP denuncia o réu pelo crime de estelionato (art. 171 do CP), todavia o juiz, no
momento de sentenciar, afirma que os fatos ocorreram conforme descrito na inicial acusatória,
mas que a tipificação correta é de furto mediante fraude (art. 155, §4º, II do CP).
MUTATIO LIBELLI
Artigo 384 CPP: “Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica
do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração
penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo
de 5 dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública,
reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.”
Por exemplo: uma mulher é denunciada por homicídio doloso, acusada de matar um recém-
nascido qualquer. Durante a instrução, descobre-se que a vítima era seu filho e que a imputada
atuara sob influência do estado puerperal, elementos não constantes explícita ou implicitamente
da denúncia. Por certo, não se cuida de mera alteração na classificação do fato, havendo
verdadeira modificação do contexto fático. A acusação mudou, não sendo caso de apenas corrigir
a qualificação jurídica.
exemplo:
PUBLICAÇÃO
Artigo 389 CPP: “A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o
respectivo termo, registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim.”
Para que produza efeitos com relação às partes e terceiros é necessário que a sentença seja
publicada (art. 389, 1ª parte). A publicação da sentença dá-se no momento em que ela é recebida
no cartório pelo escrivão. É a data de entrega em cartório, e não da assinatura da sentença. Em
outros casos, quando esta é proferida em audiência, ter-se-á por publicada no instante da sua
leitura pelo juiz.
Atenção: a publicação da sentença é obrigatória mesmo nos processos em que determinados atos
são sigilosos.
*A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado (dativo) será sempre pessoal (artigo
370, §4º CPP).
*O convênio da Defensoria Pública com a OAB existe quando não há Defensoria Pública na
comarca.
*Intimação pessoal = pessoa (oficial de justiça)
Sentença condenatória
· Se o réu estiver preso, a intimação será pessoal, ou seja, por Oficial de Justiça (CPP,
artigo 392, I).
· O réu solto é intimando pessoalmente (por Oficial de Justiça) no endereço que consta no
processo. Se ele se mudar e não avisar, ele acaba sendo revel.
*Mesmo o réu revel deve ser intimado de uma sentença condenatória.
· Se o réu solto não for encontrado para intimação da sentença condenatória, o juiz
expedirá um edital. O prazo desse edital será de 90 dias se a condenação for a uma
pena igual ou superior a 1 ano ou 60 dias em qualquer outro caso.
*O prazo em edital começa a correr no 91º caso seja pena igual ou superior a 1 ano e no
61º dia em qualquer outro caso.
*Advogado contratado = intimado pelo DJE
Súmula 710 do STF: No processo penal contam-se os prazos na data da intimação e não da
juntada aos autos do mandado, da carta precatória ou da carta de ordem.
Artigo 386: “O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que
reconheça:
I – Estar provada a inexistência do fato;
II – Não haver prova da existência do fato;
III – Não constituir o fato infração penal;
IV – Estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;
V – Não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;
VI - Existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (artigos
20, 21, 22, 23, 26 e §1º do artigo 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada
dúvida sobre sua existência;
VII – Não existir prova suficiente para a condenação.
Transitada em julgado a sentença, deve ser levantada a medida assecuratória consistente no
sequestro (art. 125) e na hipoteca legal (art. 141). A fiança deve ser restituída (art. 337).
A decisão impede que se argua a exceção da verdade nos crimes contra a honra (CP, art. 138, §
3º, III; CPP, art. 523).