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ORDINÁRIO E PROCEDIMENTO
COMUM SUMÁRIO
FASES DO PROCEDIMENTO COMUM
ORDINÁRIO
Oferecimento da Inicial Acusatória
Juízo de admissibilidade
Citação do réu
Resposta à acusação (art. 396 e 396-A CPP)
A rejeição da peça acusatória com fundamento no artigo 395, I do CPP só faz coisa julgada formal, na
medida em que não há análise do mérito. Nessa hipótese a parte poderá interpor RESE (art. 581, I CPP)
ou oferecer nova peça acusatória com a fiel observância ao artigo 41 do CPP.
O juiz não está adstrito à classificação do crime feita pelo órgão acusatório (prevalece o
entendimento de que o réu se defende dos fatos e não da definição jurídica dada na
denúncia ou queixa).
Narra mihi factum dabo tibi jus.
Ex. promotor denuncia por furto e o juiz condena por roubo.
art. 383 emendatio libeli
art. 384 mutatio libeli
Para Alexandre Moraes da Rosa (p. 138) é insustentável a versão corrente de que o acusado se
defende dos fatos e não da capitulação diante do devido processo legal. A capitulação não é
acessório, ela é parte fundamental da denúncia pois fixa a competência, nega benefícios
processuais. Essa compreensão pressupõe que o Ministério Público não sabe o que faz.
O Processo Penal admite interpretação extensiva e aplicação analógica de regras do
Processo Civil (art. 3º do CPP).
Tudo quando significar, comparativamente com o CPP, aumento das garantias do réu, é
aplicável ao processo penal. São-lhe também aplicáveis as normas que, embora não importem
em aumento de garantias, estão em conformidade com os princípios constitucionais e
processuais penais. Contrariamente, sempre que houver incompatibilidade com as garantias
que informam o processo penal democrático, por restringi-las ou aboli-las, não incidirão.
art. 10 do CPC, “O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda
que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”.
A ementatio libelli, efetuada pelo juiz na sentença, com previsão no art. 383 do CPP, não traz
como pré-requisito a oportunização do contraditório, tal como ocorre na mutatio libelli do art.
384 do CPP. Agora, por aplicação analógica do novo CPC, o juiz deveria intimar as partes
para que digam se reconhecem a mudança ou se sustentam a mesma capitulação. Ora,
sabe-se que a emendatio libelli pode acarretar sérias consequências para o acusado, já que a
nova pena pode ser mais grave. Logo, a ampliação do contraditório, já prevista no novo CPC, é
medida integrativa cuja negativa é injustificável.
• Pressupostos processuais de existência: a) existência de uma demanda veiculada pela peça acusatória onde se
exteriorize uma pretensão punitiva (juiz não pode iniciar um processo de ofício); b) verificação da existência de um órgão
investido de jurisdição (juiz aposentado não pode proferir sentença); c) presença de partes que possam estar em juízo
(capacidade de ser parte);
• Condições da ação específicas. Representação, novas provas para inquérito policial arquivado.
ex. Menor de idade, denúncia de fato prescrito, fato atípico
Condições da Ação. Crítica de Aury Lopes Jr.: impropriedade na importação de categorias do processo civil.
Defende condições próprias do processo penal: prática de fato aparentemente criminoso; punibilidade concreta;
legitimidade de parte; justa causa; entre outras.
FALTA DE JUSTA CAUSA PARA O EXERCÍCIO DA AÇÃO PENAL (art. 395, III CPP)
A peça acusatória será rejeitada quando faltar justa causa para o exercício da ação penal.
A expressão justa causa é polissêmica.
Para fins de rejeição da peça acusatória, justa causa traduz lastro probatório mínimo a
demonstrar a plausibilidade da pretensão punitiva. Como bem sustenta Renato Brasileiro
de Lima (p. 1314) funciona como uma condição de garantia contra o uso abusivo do
direito de acusar.
Para fins de habeas corpus, contudo, justa causa substantiva a ausência de fundamento de
fato ou de direito para a persecução penal.
A rejeição da peça acusatória com base na ausência de justa causa também só faz coisa
julgada formal, uma vez removido o vício que deu causa à rejeição, nada impede o
oferecimento de nova peça acusatória, enquanto não extinta a punibilidade. (Renato
Brasileiro de Lima, p. 1314)
"O trancamento da ação penal por meio do habeas corpus se situa no campo da
excepcionalidade (HC 901.320⁄MG,Primeira Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, DJU de 25⁄05⁄2007),
sendo medida que somente deve ser adotada quando houver comprovação, de plano, da atipicidade
da conduta, da incidência de causa de extinção da punibilidade ou da ausência de indícios de autoria
ou de prova sobre a materialidade do delito (HC 87.324⁄SP, Primeira Turma, Relª. Minª. Cármen
Lúcia, DJU de 18⁄05⁄2007).
Ainda, a liquidez dos fatos constitui requisito inafastável na apreciação da justa causa (HC
91.634⁄GO,Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJU de 05⁄10⁄2007), pois o exame de provas
é inadmissível no espectro processual do habeas corpus, ação constitucional que pressupõe
para seu manejo uma ilegalidade ou abuso de poder tão flagrante que pode ser demonstrada
de plano (RHC 88.139⁄MG, Primeira Turma, Rel. Min. Carlos Britto, DJU de 17⁄11⁄2006).
Grande parte da doutrina entende que o recebimento da peça acusatória deve ser fundamentado
pela autoridade judiciária, sob pena de violação ao artigo 93, IX da CF/88. Logicamente, não
deve haver um excesso de fundamentação, até para que não haja um prejulgamento do acusado.
“O ato judicial que formaliza o recebimento da denúncia oferecida pelo Ministério Público
não se qualifica e nem se equipara, para os fins a que se refere o art. 93, IX, da Constituição
de 1988, a ato de caráter decisório. O juízo positivo de admissibilidade da acusação penal
não reclama em conseqüência qualquer fundamentação." (STF - HC 70.763/DF)
Consequências do recebimento da peça acusatória
CONCEITO: É o ato pelo qual o juiz cientifica o acusado da imputação contra ele
apresentada em juízo, possibilitando o exercício da ampla defesa. Funciona a citação como
um misto de contraditório e ampla defesa. Sua falta acarreta nulidade absoluta (art. 564, III
“e” CPP)
CITAÇÃO PESSOAL (REAL) CITAÇÃO PRESUMIDA
(FICTA)
• Por Mandado (art. 351 - regra) • Por hora certa (art. 362)
Constitui a primeira intervenção da defesa técnica. Exige-se capacidade postulatória. Início do contraditório.
Obrigatoriedade. Prazo 10 dias a partir da efetiva citação e não da juntada aos autos do mandado ou carta
precatória. A ausência de resposta à acusação dará ensejo à nulidade absoluta, por violação à ampla defesa.
Na resposta, o acusado PODERÁ arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa. Poderá
oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas,
qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.
Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará
defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 dias. (prazo em dobro para defensoria – 20
dias – LC 80/94)
É interessante observar que o art. 396-A do CPP utiliza a palavra
“poderá”, e não “deverá”, possibilitando a interpretação de que a
defesa pode adotar como estratégia a postergação das análises
fática, probatória e processual.
Após o cumprimento do disposto no artigo 396-A e parágrafos do CPP o juiz deverá absolver sumariamente o
acusado quando verificar:
Art. 89 Lei 9.099/95 – A suspensão condicional do processo écabível para as infrações qualquer que
seja o rito processual, em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, desde
que o acusado não esteja sendo processado ou tenha sido condenado por outro crime, e ainda que
estejam presentes os demais requisitos que autorizam a suspensão condicional da pena.
STF. Súmula 723. Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena
mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.
Momento: após a rejeição de eventual pedido de absolvição sumária Renato Brasileiro de Lima (p. 1336)
entende que “se o acusado vislumbra a possibilidade de buscar a absolvição sumária, é evidente que se
deve deferir a ele a possibilidade de buscar a absolvição sumária do artigo 397 do CPP antes de aceitar a
proposta de suspensão condicional do processo. Em sentido contrário, entende Capez que: “(...)
primeiramente, deverá ser realizada a audiência para a aceitação ou não do benefício do sursis processual
e, caso este não seja aceito, será oferecida a defesa escrita para a discussão do mérito da ação.”
Oferecida a proposta, deve ser designada audiência específica para fins de possível aceitação. Se o acusado
aceitar a proposta formalizada pelo juiz, o processo ficará suspenso pelo prazo fixado, e, não ocorrendo
descumprimento injustificado das condições acordadas, o juiz declarará extinta a punibilidade do agente.
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E
JULGAMENTO
ART. 399 CPP
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando
a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do
assistente.
§ 1o O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público
providenciar sua apresentação.
§ 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.
Não sendo caso de absolvição sumária (e não tendo havido suspensão condicional do processo), o juiz irá
designar dia e hora para a audiência una de instrução e julgamento no prazo de 60 dias (prazo impróprio). A
importância desses prazos fica restrita aos processos envolvendo acusados presos, em que poderá restar
caracterizado o excesso de prazo, dando ensejo ao relaxamento da prisão.
Apesar do artigo 399 CPP fazer uso da expressão recebida a denúncia ou queixa, não é este o momento do juízo
de admissibilidade, mas o previsto no artigo 396 do CPP.
O preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público providenciar sua
apresentação. Possibilidade de videoconferência (art.185 § 2º e art. 217 CPP)
Princípio da Identidade Física do Juiz. Juiz que presidiu a instrução deve proferir a sentença.
ART 400 CPP
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60
(sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das
testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art.
222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao
reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.
§ 1o As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as
consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
§ 2o Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das
partes.
2. Oitiva de testemunhas da acusação e defesa (máximo 8 para cada parte) – art 202 a 225 CPP
As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que
puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já
respondida.
3. Esclarecimento de peritos (art. 159 §5º CPP), reconhecimentos de pessoas ou coisas (art. 226 a 228 CPP)
ou acareações (art. 229ª 230 CPP)
Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela
acusação e 8 (oito) pela defesa.
§ 1o Nesse número não se compreendem as que não prestem compromisso e as
referidas.
§ 2o A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas,
ressalvado o disposto no art. 209 deste Código.
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio,
assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes
nela ocorridos.
§ 2o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação desse, serão concedidos 10 (dez) minutos,
prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa.
§ 3o O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5
(cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a
sentença.
Citação do réu
Resposta à acusação
MAGNO, Levy Emanuel. Curso de processo penal didático – São Paulo: Atlas,
2013.
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 19ª ed.rev.atual., São
Paulo: Atlas, 2015.