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PROCEDIMENTO COMUM

ORDINÁRIO E PROCEDIMENTO
COMUM SUMÁRIO
FASES DO PROCEDIMENTO COMUM
ORDINÁRIO
 Oferecimento da Inicial Acusatória
 Juízo de admissibilidade

RECEBIMENTO REJEIÇÃO (art. 395 CPP) - RESE

 Citação do réu
 Resposta à acusação (art. 396 e 396-A CPP)

Absolvição sumária (art. 397, CPP)


Se a absolvição ter por base documento trazido pela defesa, é de possibilitar a oitiva da acusação

Audiência de instrução e julgamento (art.399 CPP)

 Sursis Processual (art. 89 Lei 9099/95)


OFERECIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA

CPP. Art. 41.  A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com


todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos
quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.

CPP. Art. 46.  O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de


5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do
inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso,
se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o
prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
 Oferecida a peça acusatória incumbe ao magistrado
analisar de ofício eventual causa de imparcialidade
(suspeição, impedimento ou incompatibilidade) ou
incompetência.

 Após segue-se ao juízo de admissibilidade, podendo


rejeitar a peça acusatória nas hipóteses do artigo 395
CPP ou do contrário, recebê-la, com a consequente
citação do acusado nos termos do artigo 396 CPP.

CPP. Art. 363.  O processo terá completada a sua formação


quando realizada a citação do acusado.     
REJEIÇÃO DA INICIAL ACUSATÓRIA
ART. 395 CPP
O artigo 395 do CPP trata das causas de rejeição da
denúncia ou da queixa-crime, estabelecendo que ocorrerá
nos casos em que:

 For manifestamente inepta


 Faltar pressuposto processual ou condição para o
exercício da ação penal
 Faltar justa causa para o exercício da ação penal
PETIÇÃO INEPTA (art. 395 I CPP)

Desatendimento dos requisitos do art. 41 CPP


Exposição do fato criminoso, qualificação mínima do acusado ou elementos pelos quais se possa
identifica-lo, classificação do crime, rol de testemunhas (quando necessário).

A rejeição da peça acusatória com fundamento no artigo 395, I do CPP só faz coisa julgada formal, na
medida em que não há análise do mérito. Nessa hipótese a parte poderá interpor RESE (art. 581, I CPP)
ou oferecer nova peça acusatória com a fiel observância ao artigo 41 do CPP.

O juiz não está adstrito à classificação do crime feita pelo órgão acusatório (prevalece o
entendimento de que o réu se defende dos fatos e não da definição jurídica dada na
denúncia ou queixa).
Narra mihi factum dabo tibi jus.
Ex. promotor denuncia por furto e o juiz condena por roubo.
art. 383 emendatio libeli
art. 384 mutatio libeli

Para Alexandre Moraes da Rosa (p. 138) é insustentável a versão corrente de que o acusado se
defende dos fatos e não da capitulação diante do devido processo legal. A capitulação não é
acessório, ela é parte fundamental da denúncia pois fixa a competência, nega benefícios
processuais. Essa compreensão pressupõe que o Ministério Público não sabe o que faz.
 O Processo Penal admite interpretação extensiva e aplicação analógica de regras do
Processo Civil (art. 3º do CPP). 

 Tudo quando significar, comparativamente com o CPP, aumento das garantias do réu, é
aplicável ao processo penal. São-lhe também aplicáveis as normas que, embora não importem
em aumento de garantias, estão em conformidade com os princípios constitucionais e
processuais penais. Contrariamente, sempre que houver incompatibilidade com as garantias
que informam o processo penal democrático, por restringi-las ou aboli-las, não incidirão.

 art. 10 do CPC, “O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda
que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”.

 A ementatio libelli, efetuada pelo juiz na sentença, com previsão no art. 383 do CPP, não traz
como pré-requisito a oportunização do contraditório, tal como ocorre na mutatio libelli do art.
384 do CPP. Agora, por aplicação analógica do novo CPC, o juiz deveria intimar as partes
para que digam se reconhecem a mudança ou se sustentam a mesma capitulação. Ora,
sabe-se que a emendatio libelli pode acarretar sérias consequências para o acusado, já que a
nova pena pode ser mais grave. Logo, a ampliação do contraditório, já prevista no novo CPC, é
medida integrativa cuja negativa é injustificável.

Carlo Velho Masi


Influências do Novo CPC no Processo Penal
FALTA DE PRESSUPOSTO PROCESSUAL OU CONDIÇÃO DA AÇÃO (art. 395, II CPP)

Ospressupostos processuais subdividem-se em pressupostos processuais de existência e de validade da relação


processual:

•    Pressupostos processuais de existência: a) existência de uma demanda veiculada pela peça acusatória onde se
exteriorize uma pretensão punitiva (juiz não pode iniciar um processo de ofício); b) verificação da existência de um órgão
investido de jurisdição (juiz aposentado não pode proferir sentença); c) presença de partes que possam estar em juízo
(capacidade de ser parte);

•    Pressupostos processuais de validade: a) originalidade da demanda (inexistência de litispendência ou coisa julgada); b)


inexistência de vício que possa acarretar a invalidação do ato processual (juiz competente e imparcial, citação válida)

As condições da ação podem ser genéricas (gerais) ou específicas:

•    Condições da ação genéricas. Legitimidade, interesse e possibilidade jurídica (NCPC)


No processo penal, o pedido de pena de morte ou açoite, pela prática de um latrocínio, suscitaria uma decisão de mérito?

•    Condições da ação específicas. Representação, novas provas para inquérito policial arquivado.
ex. Menor de idade, denúncia de fato prescrito, fato atípico

Condições da Ação. Crítica de Aury Lopes Jr.: impropriedade na importação de categorias do processo civil.
Defende condições próprias do processo penal: prática de fato aparentemente criminoso; punibilidade concreta;
legitimidade de parte; justa causa; entre outras.
 FALTA DE JUSTA CAUSA PARA O EXERCÍCIO DA AÇÃO PENAL (art. 395, III CPP)

A peça acusatória será rejeitada quando faltar justa causa para o exercício da ação penal.
A expressão justa causa é polissêmica.

Para fins de rejeição da peça acusatória, justa causa traduz lastro probatório mínimo a
demonstrar a plausibilidade da pretensão punitiva. Como bem sustenta Renato Brasileiro
de Lima (p. 1314) funciona como uma condição de garantia contra o uso abusivo do
direito de acusar.

Para fins de habeas corpus, contudo, justa causa substantiva a ausência de fundamento de
fato ou de direito para a persecução penal.

A rejeição da peça acusatória com base na ausência de justa causa também só faz coisa
julgada formal, uma vez removido o vício que deu causa à rejeição, nada impede o
oferecimento de nova peça acusatória, enquanto não extinta a punibilidade. (Renato
Brasileiro de Lima, p. 1314)
"O trancamento da ação penal por meio do habeas corpus se situa no campo da
excepcionalidade (HC 901.320⁄MG,Primeira Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, DJU de 25⁄05⁄2007),
sendo medida que somente deve ser adotada quando houver comprovação, de plano, da atipicidade
da conduta, da incidência de causa de extinção da punibilidade ou da ausência de indícios de autoria
ou de prova sobre a materialidade do delito (HC 87.324⁄SP, Primeira Turma, Relª. Minª. Cármen
Lúcia, DJU de 18⁄05⁄2007). 

Ainda, a liquidez dos fatos constitui requisito inafastável na apreciação da justa causa (HC
91.634⁄GO,Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJU de 05⁄10⁄2007), pois o exame de provas
é inadmissível no espectro processual do habeas corpus, ação constitucional que pressupõe
para seu manejo uma ilegalidade ou abuso de poder tão flagrante que pode ser demonstrada
de plano (RHC 88.139⁄MG, Primeira Turma, Rel. Min. Carlos Britto, DJU de 17⁄11⁄2006).

Na hipótese, não há, com os dados existentes até aqui, o mínimo de elementos que autorizam o


prosseguimento da ação penal. Não tendo o paciente atribuído efetivamente prática criminosa a
outrem cuja inocência era de seu conhecimento, restou atípica sua conduta, sendo imperioso o
trancamento da ação penal relativa à prática do delito de denunciação caluniosa.

Ordem concedida. (STJ – HC n. 71.476-SP – 5ª Turma - Rel. Min. Felix Fischer – j. 07.02.2008,


v.u.)
 RejeiçãoParcial da Peça Acusatória
É possível.

 Recurso cabível contra a rejeição da peça


acusatória
A decisão que rejeita a denúncia faz apenas
coisa julgada formal.
De acordo com o CCP, o recurso adequado é o
RESE. 
Cuidado: no JECRIM, o recurso cabível é a
apelação.
SÚMULAS RELACIONADAS

 707, STF: Constitui nulidade a falta de intimação do


denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto
da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de
defensor dativo.

 709, STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o


acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia
vale, desde logo, pelo recebimento dela.
 
 
RECEBIMENTO DA INICIAL ACUSATÓRIA
ART. 396 CPP
 Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar
liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito,
no prazo de 10 dias.

 Grande parte da doutrina entende que o recebimento da peça acusatória deve ser fundamentado
pela autoridade judiciária, sob pena de violação ao artigo 93, IX da CF/88. Logicamente, não
deve haver um excesso de fundamentação, até para que não haja um prejulgamento do acusado.

HC 59759-SC . O STJ anulou o processo em que a decisão de recebimento foi omissa


quanto aos fundamentos fático e jurídicos no tocante aos pressupostos processuais e
condições da ação, em especial justa causa. A fundamentação é garantia democrática.

 Sem embargo da posição doutrinária, prevalece na jurisprudência o entendimento de que o


magistrado não está obrigado a fundamentar a decisão de recebimento da peça acusatória. O ato
de recebimento da denúncia configura mero despacho, o qual prescinde de fundamentação.

“O ato judicial que formaliza o recebimento da denúncia oferecida pelo Ministério Público
não se qualifica e nem se equipara, para os fins a que se refere o art. 93, IX, da Constituição
de 1988, a ato de caráter decisório. O juízo positivo de admissibilidade da acusação penal
não reclama em conseqüência qualquer fundamentação." (STF - HC 70.763/DF)
 Consequências do recebimento da peça acusatória

•    Causa da fixação de competência por prevenção;


•    Interrupção da prescrição (art.117, I, CP);
•    Início do processo: majoritária
Nucci (oferecimento)
CITAÇÃO DO ACUSADO
 Recebida a peça acusatória o juiz determina a citação do acusado para responder à acusação
por escrito no prazo de 10 dias.

 CONCEITO: É o ato pelo qual o juiz cientifica o acusado da imputação contra ele
apresentada em juízo, possibilitando o exercício da ampla defesa. Funciona a citação como
um misto de contraditório e ampla defesa. Sua falta acarreta nulidade absoluta (art. 564, III
“e” CPP)
CITAÇÃO PESSOAL (REAL) CITAÇÃO PRESUMIDA
(FICTA)
• Por Mandado (art. 351 - regra) • Por hora certa (art. 362)

• Carta Precatória (art. 353) • Por edital (art. 361)


Prazo de 15 dias
• Carta Rogatória (art. 368/369) Art. 366 CPP. Suspensão do processo
e do prazo prescricional, podendo o
• Por Requisição (art. 358) juiz determinar a produção antecipada
das provas consideradas urgentes e, se
for o caso, decretar prisão preventiva
• Por Carta de Ordem (art. 312 CPP).
 RESPOSTA À ACUSAÇÃO
ART. 396-A CPP
 Objetivo: buscar uma absolvição sumária. Caso não seja possível a absolvição sumária, deve o defensor
arguir, desde já, preliminares, oferecer documentos e justificações, especificar provas pretendidas e arrolar
testemunhas.

 Constitui a primeira intervenção da defesa técnica. Exige-se capacidade postulatória. Início do contraditório.

 Obrigatoriedade. Prazo 10 dias a partir da efetiva citação e não da juntada aos autos do mandado ou carta
precatória. A ausência de resposta à acusação dará ensejo à nulidade absoluta, por violação à ampla defesa.

 Na resposta, o acusado PODERÁ arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa. Poderá
oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas,
qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.

 A defesa escrita cumpre as seguintes funções:


- oferecimento do rol de testemunhas - máximo 8.
- especificação de prova pericial
- apresentação das exceções em apartado (nos termos dos art. 95 a 112 CPP)

 Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará
defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 dias. (prazo em dobro para defensoria – 20
dias – LC 80/94)  
 É interessante observar que o art. 396-A do CPP utiliza a palavra
“poderá”, e não “deverá”, possibilitando a interpretação de que a
defesa pode adotar como estratégia a postergação das análises
fática, probatória e processual.

 Contudo, há matérias que, salvo casos específicos, merecem ser


ventiladas já na resposta à acusação. A ocorrência de alguma causa
extintiva da punibilidade deve ser manifestada na resposta à
acusação (Abolitio criminis, prescrição, decadência).

 Da mesma forma, caso tenha ocorrido alguma nulidade até o


oferecimento da resposta à acusação, é recomendável que a defesa
disponha sobre o assunto na peça defensiva, haja vista que há uma
tendência dos Tribunais Superiores de considerar, como regra, que
as nulidades são relativas, de modo que, sem manifestação
tempestiva, ocorre a preclusão.
Após o recebimento da peça acusatória, é possível ao juiz
rejeitá-la, com a resposta à acusação?

O momento para o juiz rejeitar a denúncia é imediatamente


após o oferecimento da peça acusatória (preclusão pro
judicato). Num julgado recente (STJ, REsp. 1.318.180), o STJ
entendeu pela viabilidade da rejeição após o recebimento,
porquanto o caso versava sobre ausência de condição da ação
(matéria de ordem pública não sujeita à preclusão).
POSSÍVEL OITIVA DA ACUSAÇÃO
 Apesar do silêncio do CPP tem prevalecido na doutrina o
entendimento de que, em fiel observância ao princípio do
contraditório, deve o juiz abrir vistas dos autos ao
Ministério Público ou ao querelante após da resposta à
acusação, notadamente quando a defesa apresentar
alegações, fatos ou prova sobre os quais a acusação não
tinha prévia ciência (aplicação subsidiária do art. 409 CPP)
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA
ART. 397 CPP

Após o cumprimento do disposto no artigo 396-A e parágrafos do CPP o juiz deverá absolver sumariamente o
acusado quando verificar:

 A existência de manifesta excludente da ilicitude do fato


Ex. Legitima defesa, estado de necessidade, exercício regular do direito, estrito cumprimento do dever legal.
(artigo 23, 24, 25 CP)
“ Existência manifesta”, possuindo dúvidas não poderá absolver sumariamente o réu em julgamento antecipado,
diferentemente do que ocorre com a sentença proferida ao final do processo em que a dúvida permite a absolvição.

 A existência de manifesta excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade


Ex. Erro de proibição inevitável, coação moral irresistível e obediência hierárquica (art. 21 e 22 CP)
Embriaguez fortuita completa (art. 28 ꞩ 1º CP)

 Que o fato narrado evidentemente não constitui crime


(atipicidade da conduta)
Ex. Erro de tipo – desistência voluntária – bagatela – arrependimento eficaz – crime impossível (art. 15, 17, 20
CP)

 Extinta a punibilidade do agente.


Não é propriamente uma decisão absolutória, mas terminativa.
Ex. art. 107 CP, salvo perdão judicial
 O recurso cabível contra a absolvição sumária é o de apelação. Afinal,
trata-se de sentença definitiva de absolvição proferida por juiz singular.
Especificamente quanto à absolvição sumária com base em causa
extintiva de punibilidade, como tal decisão não tem natureza absolutória,
mas sim declaratória, caberá RESE por expressa disposição do artigo 581,
VIII do CPP.

 Da decisão que não absolve o réu nesta etapa do processo


determinando o prosseguimento do feito com a designação de audiência
de instrução e julgamento:
a) posição minoritária: cabe RESE (interpretação extensiva ao art. 581, IV CPP)
b) posição majoritária: é irrecorrível, constitui-se mera confirmação do recebimento
da denúncia. Renato Brasileiro de Lima (p. 1335) aponta a possibilidade do
trancamento do processo seja por meio de habeas corpus, seja por meio de mandado
de segurança.

 Da denegação da absolvição sumária por afastamento da tese de


extinção da punibilidade (art. 397, IV CPP) cabe RESE consoante
previsão do artigo 581, IX CPP. (Norberto Avena, p. 830)
Absolvição Sumária Absolvição Sumária
Procedimento Comum Procedimeto do Júri

Art. 397. Após o cumprimento do disposto Art. 415. O juiz, fundamentadamente,


no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o absolverá desde logo o acusado, quando:
juiz deverá absolver sumariamente o acusado
quando verificar: I – provada a inexistência do fato;

I – a existência manifesta de causa II – provado não ser ele autor ou partícipe


excludente da ilicitude do fato; do fato;

II – a existência manifesta de causa III – o fato não constituir infração penal;


excludente da culpabilidade do agente,
salvo inimputabilidade; IV – demonstrada causa de isenção de
pena ou de exclusão do crime.
III – que o fato narrado evidentemente não
constitui crime; ou Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso
IV do caput deste artigo ao caso de
IV – extinta a punibilidade do agente. inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do
Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 –
Código Penal, salvo quando esta for a única tese
defensiva.
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
(“SURSIS PROCESSUAL”)
ART. 89 DA LEI 9.099/95
 Nos crimes em que a PPL MÍNIMA for igual ou inferior a 1 ano, o MP, ao oferecer a
denúncia, deverá propor a suspensão condicional do processo, por 2 a 4 anos, observados os requisitos do
artigo 89 da Lei 9.099/95.

 Art. 89 Lei 9.099/95 – A suspensão condicional do processo écabível para as infrações qualquer que
seja o rito processual, em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, desde
que o acusado não esteja sendo processado ou tenha sido condenado por outro crime, e ainda que
estejam presentes os demais requisitos que autorizam a suspensão condicional da pena.

 STF. Súmula 723. Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena
mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.

 Momento: após a rejeição de eventual pedido de absolvição sumária Renato Brasileiro de Lima (p. 1336)
entende que “se o acusado vislumbra a possibilidade de buscar a absolvição sumária, é evidente que se
deve deferir a ele a possibilidade de buscar a absolvição sumária do artigo 397 do CPP antes de aceitar a
proposta de suspensão condicional do processo. Em sentido contrário, entende Capez que: “(...)
primeiramente, deverá ser realizada a audiência para a aceitação ou não do benefício do sursis processual
e, caso este não seja aceito, será oferecida a defesa escrita para a discussão do mérito da ação.”

 Oferecida a proposta, deve ser designada audiência específica para fins de possível aceitação. Se o acusado
aceitar a proposta formalizada pelo juiz, o processo ficará suspenso pelo prazo fixado, e, não ocorrendo
descumprimento injustificado das condições acordadas, o juiz declarará extinta a punibilidade do agente.
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E
JULGAMENTO
ART. 399 CPP
   Art. 399.  Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando
a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do
assistente.         
§ 1o  O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público
providenciar sua apresentação.   
§ 2o  O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.

 Não sendo caso de absolvição sumária (e não tendo havido suspensão condicional do processo), o juiz irá
designar dia e hora para a audiência una de instrução e julgamento no prazo de 60 dias (prazo impróprio). A
importância desses prazos fica restrita aos processos envolvendo acusados presos, em que poderá restar
caracterizado o excesso de prazo, dando ensejo ao relaxamento da prisão.

 Apesar do artigo 399 CPP fazer uso da expressão recebida a denúncia ou queixa, não é este o momento do juízo
de admissibilidade, mas o previsto no artigo 396 do CPP.

 Intimação do acusado, do defensor, do MP e, se for o caso, do querelante e do assistente.

 O preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público providenciar sua
apresentação. Possibilidade de videoconferência (art.185 § 2º e art. 217 CPP)

 Princípio da Identidade Física do Juiz. Juiz que presidiu a instrução deve proferir a sentença.
ART 400 CPP
 Art. 400.  Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60
(sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das
testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art.
222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao
reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.             
        § 1o  As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as
consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.             
        § 2o  Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das
partes.                       

O direito à prova qualifica-se como prerrogativa jurídica de índole constitucional, intimamente


vinculado ao direito do interessado de exigir, por parte do Estado, a estrita observância da fórmula
inerente ao devido processo legal. Isso não quer dizer que o direito a prova possa ser exercido de
maneira desleal ou abusiva.

Indeferimento de provas pelo juiz


 Irrelevante: é aquela que, apesar de tratar do objeto da demanda, não possui aptidão para
influenciar no julgamento da causa.
 Impertinente: aquela que não diz respeito ao objeto da causa.

 Protelatória: aquela que visa apenas ao retardamento do processo.


PROCEDIMENTOS DA AIJ
1. Declarações da vítima intimado para a audiência (art. 201 CPP).

2. Oitiva de testemunhas da acusação e defesa (máximo 8 para cada parte) – art 202 a 225 CPP
As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que
puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já
respondida.

3. Esclarecimento de peritos (art. 159 §5º CPP), reconhecimentos de pessoas ou coisas (art. 226 a 228 CPP)
ou acareações (art. 229ª 230 CPP)

4. Interrogatório do acusado - art. 185 a 200 CPP

Art. 401.  Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela
acusação e 8 (oito) pela defesa.                  
        § 1o  Nesse número não se compreendem as que não prestem compromisso e as
referidas.                      
        § 2o  A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas,
ressalvado o disposto no art. 209 deste Código.  
  Art. 405.  Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio,
assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes
nela ocorridos.                       

§ 1o  Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado,


indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de
gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive
audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações.                    

§ 2o  No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes


cópia do registro original, sem necessidade de transcrição.                  
 Art. 402.  Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério
Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão
requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou
fatos apurados na instrução.   

Diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na


instrução (art. 402 e 404 CPP). Se a necessidade daquela diligência já existia à época
do início do processo tal requerimento já deveria ter sido formulado pelo MP ou
querelante, ou pela defesa na resposta à acusação.

Em caso de indeferimento da diligência, não há previsão recursal. A única


possibilidade é trabalhar com preliminar em uma futura apelação. Nesse sentido STF
HC 99.646.

Art. 404.  Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou


a requerimento da parte, a audiência será concluída sem as alegações
finais.                 
Parágrafo único.  Realizada, em seguida, a diligência determinada, as
partes apresentarão, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações
finais, por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá a
sentença. 
   Art. 403.  Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por
20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a
seguir, sentença.    
    
        § 1o  Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual.             

        § 2o  Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação desse, serão concedidos 10 (dez) minutos,
prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa.            
  
        § 3o  O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5
(cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a
sentença.  

Alegações finais orais (20 min + 10 OU por memoriais – 5 dias


sucessivos)
Consistem em ato postulatório das partes que precede a sentença final, no
qual o Ministério Público, o querelante, o advogado do assistente e o
defensor devem realizar minuciosa análise dos elementos probatórios
constantes dos autos (…) com o objetivo de influenciar o convencimento
do juiz no sentido da procedência ou improcedência de eventual pedido de
condenação do acusado, fornecendo-lhe subsídios para a sentença.

Sentença oral regra (em cartório 10 dias)


   Não apresentação dos memoriais: consequências

•    MP: na visão da doutrina, não apresentado os memoriais, estar-se-ia violando o


princípio da obrigatoriedade e indisponibilidade da ação penal. Dessa feita, deveria
o magistrado aplicar o art. 28 do CPP.

•    Assistente da acusação: por ser parte secundária, entende-se que da não


apresentação de memoriais não emergirá quaisquer vícios.

•    Querelante: tratando-se de ação penal exclusivamente privada ou privada


personalíssima, a não apresentação de memoriais induz perempção; tratando-se de
ação penal privada subsidiária da pública, a não apresentação dos memoriais
redundará na reassunção do processo pelo MP como parte principal (ação penal
indireta).

•    Defensor: imprescindibilidade de sua apresentação sob pena de evidente


violação à ampla defesa, afinal a defesa técnica não é mera exigência formal, mas
garantia insuprimível, de caráter necessário. Assim, não apresentados os
memoriais, é de se conceder ao acusado a oportunidade de constituir defensor que
o faça, sob pena de, não o fazendo, ser-lhe nomeado advogado dativo ou defensor
público. Há posição minoritária no sentido de que as alegações finais é mera
faculdade das partes e sua ausência não acarreta nulidade.
SENTENÇA
 Caso as alegações orais sejam substituídas por memoriais, o
juiz terá o prazo de 10 dias para proferir a sentença.

 O juiz absolverá o acusado se reconhecido um dos


fundamentos do artigo 386 do CPP. De outro lado, ao
proferir a sentença condenatória deve observar o disposto
no artigo 387 do CPP.

 Na sentença condenatória o juiz deve observar o critério


TRIFÁSICO na aplicação das penas mencionando as
circunstâncias judiciais (art. 59 CP); as circunstâncias
agravantes (art. 61/62 CP) ou atenuantes (art. 65/66 CP) e
as causas de aumento ou diminuição da pena, cuja
existência reconhecer.
PROCEDIMENTO COMUM
SUMÁRIO
ART. 531 A 538 CPP

Aplicável à infrações com PPL máxima inferior a


04 anos e superior a 02 anos.

O procedimento comum sumário também seá aplicável às infrações de menor


potencial ofensivo quando o Juizado Especial Criminal encaminhar ao juízo
comum as peças existentes para adoção de outro procedimento (art. 538
CPP)
* não localizado o réu para citação (art. 66 Lei 9099/95)
* complexidade da infração (art. 77 §2º Lei 9099/95)

Crimes Falimentares - Lei 11.101/05


FASES DO PROCEDIMENTO COMUM
SUMÁRIO
 Oferecimento da Inicial Acusatória

RECEBIMENTO REJEIÇÃO (RESE)

 Citação do réu
 Resposta à acusação

Absolvição sumária (art. 397, CPP)

Audiência de instrução e julgamento.


≠ Prazo Designação AIJ 30 dias
Máximo testemunhas 5 para cada parte

Não há fase de diligências Apesar de não haver previsão legal quanto


as diligências não há qualquer impedimento.
Alegações finais orais
O mesmo se diga com relação as alegações
por memoriais

* Sursis Processual (art. 89 Lei 9.099/95)


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 AVENA, Norberto. Processo Penal. 10 ed.rev.atual. e ampl.- Rio de
Janeiro:Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.

 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal: volume único. 6ª


ed.rev.amp.e atual., Salvador: Ed. JusPodivm, 2018.

 MAGNO, Levy Emanuel. Curso de processo penal didático – São Paulo: Atlas,
2013.

 OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 19ª ed.rev.atual., São
Paulo: Atlas, 2015.

 MASI, Carlos Velho. Influências do Novo CPC no processo penal, abril/2016.


https://canalcienciascriminais.com.br/influencias-do-novo-cpc-no-processo-penal/

 ROSA, Alexandre Morais da. Guia compacto do processo penal conforme a


teoria dos jogos – 2 ed.,ver. e ampl. – Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014.

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