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Alunos do grupo:
Camila de Souza Martins - 180002191
Emily Mota Pacheco - 190007125
Gabriel de Aquino Tavares - 190007080
Laiza Cristina de Jesus - 150007261
Manoela da Cunha Rodolfo - 190006871
Matheus da Silva Gomes - 190007900
Sarah Santos Barreto - 190007057
Sofia Campos Claro - 190008844
ÁREA: Constitucional
Tema do Grupo: Fim da prisão especial para quem tem curso superior
Posição: Antítese
INTRODUÇÃO
Além disso, a Constituição Imperial garantia prisões limpas e arejadas, com separação
dos réus de acordo com os crimes cometidos. Havia a separação entre homens e mulheres, e
entre delitos graves, hediondos e os condenados pelos demais crimes. Nesta constituição, não
estava presente ainda e a prerrogativa de foro, o popularmente chamado, foro privilegiado, mas
sim juízos especiais em razão da natureza das causas.
A prisão especial foi concedida, no Brasil, em 05 de julho de 1937 pela Lei n.425, pouco
antes do golpe que determinou o fim do regime constitucional. Poderiam gozar deste benefício
somente os diplomados por cursos cujas instituições houvessem sido oficialmente
reconhecidas pelo Ministério da Educação.
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Futuramente, a prisão especial foi confirmada em 03 de outubro de 1941, pelo artigo 295 do
Código de Processo Penal, durante a vigência do Estado Novo:
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DESENVOLVIMENTO
Á priori ressalta-se que nosso regime prisional, e todo sistema carcerário vem passando por
crises que culminam em resultados caóticos. E, os problemas sofridos não se resumem somente a
prisões superlotadas ou precárias infraestruturas, mas pode-se ressaltar também falta de ventilação,
umidade, e até mesmo a falta de higiene que resultar em doenças, entre outras questões que
contribuem igualmente para o caos no sistema penal do Brasil.
Pela lei em vigor, a prisão especial prevê o recolhimento do suspeito em um prédio que não
seja a prisão comum, *quando disponível*. Segundo a Lei Federal nº 10.258, de 2001, o art. 295 do
Decreto-Lei no 3.689, de 3 outubro de 1941 – Código de Processo Penal, passa a vigorar com as
seguintes alterações:
Quando falamos então, em prisão especial para pessoas que possuem diploma de nível
superior, estamos separando uma parcela de pessoas que possuem o "privilégio" de englobadas
neste nicho. Diz-se privilégio, pois sabemos que não é a realidade da grande maioria em nosso
país, cabendo memorar a grande dificuldade de acesso ao ensino por parte da população.
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Então, o item estabelecido pelo Código de Processo Penal viola a conformação constitucional
e os objetivos fundamentais da República, o princípio da dignidade humana e o da isonomia. A
separação não deve ocorrer em razão do nível educacional, mas sim da natureza do delito.
O critério para se aplicar a prisão especial como o grau de escolaridade, não encontra
fundamento racional e nem compatibilidade com os princípios consagrados na Constituição da
República. Resta-se claro que escolaridade não guarda relação de pertinência com o sistema de
prisões processuais.
E ainda, acrescenta:
Portanto o texto dirige-se a todos, sem justificativa para tal distinção promovida pelo art. 295,
VII, do CPP. Promover tal discrímen implica beneficiar pessoas mais favorecidas socialmente, o que
conflita com a necessidade de promoção de igualdade em termos materiais, o que causa
segregação entre a pulação e se torna inconstitucional perante os princípios que regem a CF/88.
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Nesse sentido, o Doutrinador NUCCI considera:
“A classe pobre da população, quando ingressa na prisão
provisória, embora devesse receber o mesmo trato e zelo, não
dispõe de norma expressa, determinando até mesmo os requisitos
da cela, como salubridade, com fatores de aeração, insolação e
condicionamento térmico. Então, se postas em lugar fechado, sem
luz direta, gelado ou muito quente, desde que não ultrapassado o
prazo razoável de duração da prisão, aí podem ser mantidas, sem
que se justifique a concessão de habeas corpus.
Pode-se argumentar que profissionais ligados à Justiça
criminal ou ao Estado-investigação, se forem presos, poderiam ser
mortos na cadeia, caso não houvesse separação. Ora, tal medida é
diferente. Colocar um policial em presídio apropriado, quando em
prisão cautelar, não diz respeito, simplesmente, ao seu status em
sociedade, mas à segurança de sua vida. O mesmo não ocorre
com o exemplo supra citado do médico e do carpinteiro, que
necessitem dividir a mesma cela.”
Assim não há explicação separar dos demais presos provisórios um seleto rol de escolhidos,
antes de tudo porque a razão da escolaridade não se fundamenta em finalidade constitucional ou
motivação de vulnerabilidade dos favorecidos.
Atualmente, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) criou um grupo de trabalho com intuito de
realizar estudos, elaborar propostas e apoiar a realização do próximo Fórum Nacional de
Alternativas Penais (Fonape), em 2023. O colegiado trabalha de forma alinhada à Política do
Judiciário para a promoção da aplicação de alternativas penais.
Nesse mesmo sentido, cabe reiterar que o Procurador geral da República, Rodrigo Janout,
anos atrás, ajuizou no Supremo Tribunal Federal a ADPF 334 para justamente opor-se o dispositivo
do Código de Processo Penal que concede o direito a prisão especial aos portadores de diploma de
ensino superior. Para o procurador-geral, o benefício, previsto no inciso VII do artigo 295 do CPP,
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“viola a conformação constitucional e os objetivos fundamentais da República, o princípio da
dignidade humana e o da isonomia”.
Contudo, resta dizer que, para além do que tange o âmbito Constitucional, claramente ferido
pela regulamentação que defere tal privilégio aos diplomados, é válido ressaltar que as prisões
brasileiras se encontram, em sua maioria, em estado de calamidade. Para ilustrar, trago dados de
setembro de 2021, a saber, da Câmara dos Deputados, sobre a situação das prisões do país:
“O Depen, órgão do Ministério da Justiça, informou que o total de presos no país é de 811 mil
pessoas. Das 1.381 unidades prisionais, 997 têm mais de 100% da capacidade ocupada e outras
276 estão com ocupação superior a 200%. Sobram vagas em apenas 363 prisões”
Fonte: Agência Câmara de Notícias
Ou seja, injusto seria tratarmos apenas da teoria, ao elucidar a clara lesão à Constituição
Federal, já que se trata de um problema de caráter urgente. A concessão do privilégio da prisão
especial para aquele que possuem curso superior é apenas mais uma agravante que culmina nessa
lotação máxima que leva os encarcerados a situação insalubre.
Princípios
Trata-se de princípio que coloca o ser humano como a preocupação central para o Estado
brasileiro: a proteção às pessoas deve ser vista como um fim em si mesmo.
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Na discussão em apreço, ressalta-se o princípio da isonomia, também chamado de princípio da
igualdade, dentro do direito, nada mais é do que a equalização das normas e dos procedimentos
jurídicos entre os indivíduos, garantindo que a lei será aplicada de forma igualitária entre as
pessoas, levando em consideração suas desigualdades para a aplicação dessas normas.
As palavras do jurista brasileiro Ruy Barbosa de Oliveira, escritas dentro do seu livro “Oração aos
Moços”, provavelmente explicam da maneira mais clara o que é a isonomia e como ela deve ser
encarada dentro do âmbito jurídico.
“A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar
desigualmente aos desiguais, na medida em que se
desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à
desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da
igualdade”.
Ocorre que, a prisão especial foi instituída, no ordenamento jurídico penal, com a finalidade
de proteger determinadas pessoas, que, ao serem recolhidas à prisão, poderiam sofrer algum tipo
de violência e de constrangimento em função da atividade por elas desenvolvidas.
Contudo, no nosso ordenamento jurídico existem diversos princípios garantidos por nossa
Constituição Federal, sendo-lhes aplicados das mais diversas formas e os mais diversos âmbitos de
proteção.
Sobre estas colisões entre princípios fundamentais George Marmelstein afirma que:
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Devendo a ponderação ser um dos métodos jurídicos mais comumente utilizados para a
solução nos casos entre colisão de direitos e princípios fundamentais, e garantir que ensejará a
possibilidade de limitar um dos princípios conflituosos, em favor de um maior aproveitamento dos
valores assegurados no que com ele colide.
Assim, o simples fato de possuir um diploma universitário não coloca o preso em nenhuma
desvantagem em relação aos demais, não agrava a sua convivência com os demais presos e não
representa ameaça para sua integridade física.
Desse modo, tais pessoas não deveriam ser privilegiadas ao cometerem algum delito.
Daquele que tem melhor formação e mais instrução deve-se esperar mais em termos de exercício
da cidadania e de consciência cívica.
Por esse motivo, a prisão especial para detentores de diploma de nível superior é
inadmissível e discriminatório, e constitui violação do princípio constitucional da igualdade, razão
pela qual deve ser suprimida da legislação penal.
Portanto, confirma-se que diante os preceitos que regem a atual constituição federal, é
incongruente a criação de grupos ou subgrupos de sujeitos, que, pela escolha do padrão profissional
social apresentado, passem a serem “merecedores”, no decurso da persecução penal, de um status
diferenciado de tutela pelo Estado.
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Em nosso país, o princípio da igualdade provém do caput do art. 5º da Constituição Federal
de 1988: desse modo, ressalta Celso Antônio Bandeira de Mello que:
No mais, a prisão fundamenta-se pela perda da liberdade, devendo ela ser um castigo
“igualitário”, que permite quantificar exatamente a pena segundo variável do tempo. Reiterando
tempo do condenado, a prisão parece traduzir concretamente a ideia de que a infração penal lesou,
mais além da vítima, a sociedade inteira. A obviedade econômica-moral de uma penalidade é que
contabiliza a detenção em dias, em meses, em anos e estabelece equivalências quantitativas delitos
duração. Daí a expressão tão frequente, e que está de acordo com o funcionamento das punições,
se bem que contrária à teoria estrita do direito penal, de que a pessoa está na prisão para “pagar
sua dívida”.
Dispõe o Art. 295. Do CPP, Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da
autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva:
I – os ministros de Estado;
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V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios; (Redação dada pela Lei nº 10.258, de
11.7.2001) VI – os magistrados;
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Ou seja, as pessoas que exercem as funções relacionadas nos incisos desse dispositivo, e
noutros constantes de legislação esparsa, e que não estiverem condenadas em definitivo, possuem
direito à prisão especial, a qual é cumprida em estabelecimento especial ou em quartel.
É sabido que, com a quebra da lei, a depender da natureza e grau de infração, resulta na
privação da liberdade, podendo conduzido ao recolhimento em alguma modalidade de instituição
penal, contudo, a depender do nível de escolaridade do infrator, o mesmo, será levado em local
distinto da prisão comum.
O que se torna um afronte aos princípios e garantias constitucionais, visto que, a liberdade é
uma qualidade ou propriedade da pessoa, valor do indivíduo, assim sendo, quando o Estado
assume a responsabilidade de combater os crimes, isolando o criminoso da sociedade, através da
prisão, deve ela ser respeitada de forma igualitária a todos.
CONLUSÃO
Portanto, conclui-se, que a manutenção da prisão especial reafirma e segrega ainda mais os
cidadãos brasileiros em diferentes níveis. E não só isso, a distinção baseada por quem possuem
diploma de nível superior encontram-se com suas razões enfraquecidas uma vez que a sociedade e
o ordenamento jurídico têm uma visão neoconstitucionalismo, ou seja, as leis têm como base os
direitos fundamentais como pode ser constatado acima.
Infere-se, então, que a lei não pode trazer privilégios por outro lado deve inserir balizadores
de igualdade perante os brasileiros, pois a permanência de tal dispositivo isola mais ainda a parte
pobre da sociedade, como foi visto pelos fatos demostrado durante a exposição.
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Referências
https://www.scielo.br/j/rbedu/a/P6JrC6ZcWbWR98VcbBGw8ZK/?lang=pt
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