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Procedimentos

especiais
REGRAS PARA IDENTIFICAR O PROCEDIMENTO

 1ª – REGRA. Analisar se o crime é de competência dos Juizados Especiais


Criminais (art. 61 da Lei 9.099/95). Nesse caso aplica-se o procedimento
SUMARÍSSIMO, independentemente da previsão de procedimento especial
para o crime.

 2ª – REGRA: Se houver procedimento especial previsto em lei e o crime


não for de competência dos Juizados Especiais Criminais, será aplicado o
procedimento ESPECIAL.

 3ª – REGRA: Se a pena máxima cominada for superior a quatro anos, e se


para ele a lei não estabelecer procedimento especial, sujeitar-se-á ao
procedimento ORDINÁRIO.

 4ª – REGRA: Se a pena máxima cominada for superior a 2 anos e inferior a


quatro, sem que haja procedimento especial previsto em lei, será aplicado
o procedimento SUMÁRIO. 
PROCEDIMENTO DOS CRIMES
DOLOSOS CONTRA VIDA
406/497 CPP
 Art. 5º, XXXVIII, CF/88
Garantia Constitucional - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a
lei, assegurados: a) plenitude de defesa; b)sigilo das votações; c) soberania dos veredictos; d)
competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

 Competência mínima
Crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados.
CP Art. 121: homicídio Art. 122: induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio Art. 123:
infanticídio Art. 124, 125 e 126: modalidades de aborto.
São crimes de ação penal pública incondicionada.

 Composição
O Tribunal do Júri é composto por 1 juiz togado, seu presidente e por 25 jurados que serão
sorteados dentre os alistados, 7 dos quais constituirão o Conselho de Sentença em cada sessão
de julgamento.
Induzimento, instigação ou auxílio a
suicídio ou a automutilação  
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.   

§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º
e 2º do art. 129 deste Código:  
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.  

§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:    


Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.   

§ 3º A pena é duplicada:  
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.   

§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida
em tempo real.   
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.   

§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de
14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática
do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art.
129 deste Código. 

§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o
necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o
agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. 
Procedimento de caráter
escalonado ou bifásico art. 406/497 CPP

 1ª Fase Judicium accusationis (sumário da culpa).


Admissibilidade ou não da acusação. Prazo para conclusão 90 dias
(impróprio).
Início - recebimento da denúncia
Encerramento – preclusão da decisão de pronúncia

 2ª Fase Judicium decisum (juízo da causa) Preparação para


realização do julgamento e a própria sessão de julgamento.
Início – intimação das parte para indicação de provas Encerramento –
trânsito em julgado da decisão do Tribunal do Júri.

Obs. Nucci entende que a sessão de julgamento seria uma terceira fase.
Posicionamento minoritário.
1ª Fase - judicium acusationis 

 Oferecimento da denúncia (ou queixa subsidiária) com até 8 testemunhas.


 Recebimento da denúncia e citação do acusado para responder à acusação
em 10 dias
 Resposta a Acusação (art. 406): arguir preliminares, oferecer documentos e
justificações, especificar provas, arrolar até 08 testemunhas.
 Oitiva do MP ou querelante sobre preliminares e documentos em 05 dias
(art. 409).
 Realização das diligências requeridas e audiência de instrução em 10 dias
(art. 410). Na audiência serão ouvidos: ofendido, testemunhas de acusação,
de defesa, esclarecimentos dos peritos, acareações, reconhecimento de
pessoas, interrogatório (Mutatio Libelli) e debates orais (art. 411).
 Decisão, na audiência, ou em 10 dias. Art. 411, §7° - nenhum ato será
adiado. Art. 412 – conclusão – 90 dias.

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ABSOLVIÇÃO
PRONÚNCIA IMPRONÚNCIA DESCLASSIFICAÇÃO
SUMÁRIA
Art. 413 CPP Art. 414 CPP Art. 419 CPP
Art. 415 CPP
RESE APELAÇÃO RESE
APELAÇÃO
Impronúncia
Art. 414 CPP
 É a decisão interlocutória mista de conteúdo terminativo, visto
que encerra a primeira fase do processo (judicium accusationis),
deixando de inaugurar a segunda, sem haver juízo de mérito.

 Inexistindo prova da materialidade do crime ou não havendo


indícios suficientes de autoria ou de participação, deve o
magistrado impronunciar o réu.

 Havendo impronúncia, é possível a instauração de novo


processo, desde que a punibilidade do réu não esteja extinta (se
houver, por exemplo, prescrição) e surgindo provas
substancialmente novas. Ex.: surge a arma do crime, até então
desaparecida, contendo a impressão digital do acusado.
Desclassificação
art. 419 cpp
 É a decisão interlocutória simples, modificadora da
competência do juízo do Tribunal do Júri, não
adentrando o mérito, nem tampouco fazendo cessar o
processo.

 Se não for competente para o julgamento, remeterá os


autos ao juiz que o seja.

 Como regra, baseado no princípio da economia


processual, não se deve permitir a reinquirição, nos
mesmos termos, de quem já foi ouvido no processo.
Entretanto, essa não pode ser uma norma imutável.
Absolvição Sumária
art. 415 cpp
 É a decisão de mérito, que coloca fim ao processo, julgando
improcedente a pretensão punitiva do Estado.

 O art. 415 do CPP prevê as seguintes:


a) estar provada a inexistência do fato;
b) estar provado não ter sido o réu o autor ou partícipe do fato;
c) estar demonstrado que o fato não constitui infração penal;
d) Estar demonstrada causa de exclusão do crime (excludentes de
ilicitude) ou de isenção de pena (excludentes de culpabilidade) nessa
hipótese não se aplica a inimputabilidade, salvo se for a única tese defensiva

Lembremos que a absolvição sumária exige certeza, diante da prova colhida.


Havendo dúvida razoável, torna-se mais indicada a pronúncia, pois o júri é o
juízo constitucionalmente competente para deliberar sobre o tema.
Absolvição Sumária Absolvição Sumária
Procedimento Comum Procedimeto do Júri

Art. 397. Após o cumprimento do Art. 415. O juiz, fundamentadamente,


disposto no art. 396-A, e parágrafos, absolverá desde logo o acusado,
deste Código, o juiz deverá absolver quando:
sumariamente o acusado quando
verificar: I – provada a inexistência do fato;

I – a existência manifesta de causa II – provado não ser ele autor ou


excludente da ilicitude do fato; partícipe do fato;

II – a existência manifesta de causa III – o fato não constituir infração


excludente da culpabilidade do penal;
agente, salvo inimputabilidade;
IV – demonstrada causa de isenção de
III – que o fato narrado evidentemente pena ou de exclusão do crime.
não constitui crime; ou
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no
IV – extinta a punibilidade do agente. inciso IV do caput deste artigo ao caso de
inimputabilidade prevista no caput do art. 26
do Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de
1940 – Código Penal, salvo quando esta for a
única tese defensiva.
Pronúncia
art. 413 CPP

 É a decisão interlocutória mista, que julga admissível a


acusação, remetendo o caso à apreciação do Tribunal do Júri.

 Deve ser prolatada em termos sóbrios, evitando-se


considerações pessoais no tocante ao réu (marginal perigoso,
facínora cruel, despudorado mentiroso).

 Caso contenha termos injuriosos ao acusado, frases de efeito


contra a defesa ou acusação, ingressos inoportunos no
contexto probatório ou qualquer outro ponto que seja
contundente na inserção do mérito, a consequência será sua
anulação. O mesmo vale para o acórdão e para os crimes
conexos ao Júri.
 Requisitos da Pronúncia: prova da existência da
materialidade do fato descrito como crime e indícios
suficientes de autoria ou participação.

 O juiz indicar o dispositivo legal em que julgar incurso o


acusado e especificar as qualificadoras e causas de
aumento.

 Também deve decidir sobre a fiança, liberdade


provisória, decretação, manutenção, revogação da
prisão ou qualquer outra medida diversa da prisão.
 Alteração da classificação do crime. Emendatio Libelli.
Art. 418 CPP. O juiz não está adstrito à classificação feita
pelo órgão acusatório (o réu se defende dos fatos e não da
definição jurídica dada na denúncia ou queixa). Ex.
promotor denuncia por homicídio e juiz pronuncia por
infanticídio.

 Para Alexandre Moraes da Rosa, é insustentável a versão


corrente de que o acusado se defende dos fatos e não da
capitulação diante do devido processo legal. A capitulação
não é acessório, ela é parte fundamental da denúncia pois
fixa a competência, nega benefícios processuais. Essa
compreensão pressupõe que o Ministério Público não sabe o
que faz.
 Possibilidade de correção da pronúncia. art. 421, §
1.° CPP. Circunstância superveniente modificadora da
classificação do delito. Ex. juiz pronuncia por tentativa
e depois o réu morre, necessário alterar a pronúncia
para homicídio consumado. Ouve MP e a defesa
(eventualmente a defesa pode provar que a vítima
morreu por causa diversa).
 Intimação da Pronúncia. Dispõe o art. 420 que será
feita das seguintes formas:
a) Pessoalmente: réu, defensor público e MP
b) Pela imprensa: defensor constituído, querelante e
assistente do MP

 O acusado solto, que não for encontrado, será intimado


por edital.

 Preclusa a pronúncia encaminha-se os autos ao Juiz


Presidente do Júri (art. 421 CPP)
2ª Fase - judicium decisum
PREPARAÇÃO
• O juiz presidente do Tribunal do Júri determina a intimação das
partes para apresentar rol de testemunhas que irão depor em
plenário (máximo 5 para cada parte) – juntar documentos –
requerer diligências (art. 422 CPP)

• Saneado o feito, o juiz presidente elabora suscinto relatório do


processo, determinando a inclusão do feito em pauta da reunião
do Tribunal do Júri.

• Preferência na ordem dos julgamentos: a) acusados presos; b)


dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há mais tempo
na prisão; c) em igualdade de condições, os precedentemente
pronunciados.

Estando o processo em ordem, o juiz manda intimar as
partes, o ofendido (se possível), as testemunhas, os peritos,
para sessão de instrução e julgamento.

Também realiza o juiz presidente o sorteio dos 25 jurados


que atuarão na sessão periódica. (Intima MP , a OAB e a
Defensoria Pública), mas a ausência destes não suspende o
sorteio.
Alistamento dos Jurados
Art. 425 CPP
 Anualmente são alistados pelo juiz presidente algumas pessoas que comporão o
tribunal do júri, que varia de comarca para comarca, dependendo do número de
habitantes.
+ 1.000.000 + 100.000 habitantes Menor população
habitantes
800 a 1.500 jurados 300 a 700 jurados 80 a 400 jurados

 Esse esse número poderá ser aumentado caso seja necessário.

 Funciona da seguinte forma: a pessoa comparece à vara do júri, manifestando


interesse no alistamento; o juiz requisita as autoridades locais, as associações
de classe e de bairro, universidades, sindicatos, repartições públicas, que
indiquem pessoas de reputação ilibada para serem jurados.

10/10 – publicação da lista provisória (sujeita a impugnações)


10/11 - publicação da lista definitiva (esses nomes ficam sob a responsabilidade
do juiz)

Anualmente esta lista é completada porque o jurado que integrou o Conselho de


 Para ser jurado, o cidadão deverá ser maior de 18 anos
e ter notória idoneidade. Alfabetizado. Saúde física e
mental.

 Não pode haver exclusão em razão de cor ou etnia, raça,


credo, sexo, profissão, classe social ou econômica, origem
ou grau de instrução.

 Direitos: presunção de idoneidade moral; preferência


em concurso público, em licitações públicas, bem como
no caso de promoção; não pode haver desconto no
salário do jurado que comparecer na sessão do júri.
 O serviço do júri é obrigatório.  A recusa injustificada
acarretará multa no valor de 1 a 10 salários mínimos, de acordo
com a condição econômica do jurado.

 Somente será aceita escusa fundada em motivo relevante


devidamente comprovado e apresentada, ressalvadas as
hipóteses de força maior, até o momento da chamada dos
jurados. 

 A recusa ao serviço do júri fundada em convicção religiosa,


filosófica ou política importará no dever de prestar serviço
alternativo (observar proporcionalidade/razoabilidade), sob
pena de suspensão dos direitos políticos, enquanto não prestar
o serviço imposto.
suspeição e as incompatibilidades dos juízes togados

IMPEDIMENTO – ART. 252 E 253 CPP SUSPEIÇÃO – ART. 254 CPP


MAIS GRAVE MENOS GRAVE
1)   tiver funcionado (na demanda seus 1)   se for amigo íntimo ou inimigo capital de
parente) seu cônjuge ou parente, consangüíneo qualquer deles;
ou afim, em linha reta ou colateral até o 2)  se ele, seu cônjuge, ascendente ou
terceiro grau, inclusive, como defensor ou descendente, estiver respondendo a processo por
advogado, órgão do Ministério Público, fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja
autoridade policial, auxiliar da justiça ou controvérsia;
perito; 3)  se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo,
2)  ele próprio houver desempenhado qualquer ou afim, até o terceiro grau, inclusive,
dessas funções ou servido como testemunha; sustentar demanda ou responder a processo que
3)  tiver funcionado como juiz de outra tenha de ser julgado por qualquer das partes;
instância, pronunciando-se, de fato ou de 4)  se tiver aconselhado qualquer das partes;
direito, sobre a questão; 5)  se for credor ou devedor, tutor ou curador, de
4)  ele próprio ou seu cônjuge ou parente, qualquer das partes;
consangüíneo ou afim em linha reta ou 6)  se for sócio, acionista ou administrador de
colateral até o terceiro grau, inclusive, for sociedade interessada no processo
parte ou diretamente interessado no feito.
O jurado, no exercício da função ou a pretexto de exercê-la, será responsável
criminalmente nos mesmos termos em que o são os juízes togados

ISENTOS - art. 437 IMPEDIDOS – art. 449 IMPEDIDOS DE SERVIR NO


MESMO CONSELHO
PR, Ministros; tiver funcionado em marido e mulher (união
Governadores; Secretários julgamento anterior do estável)
Estaduais; membros do mesmo processo,
Congresso Nacional, das independentemente da ascendente e descendente
Assembléias e das Câmaras; causa determinante do
Prefeitos; Magistrados; julgamento posterior sogro e genro ou nora
membros do MP e da DP;
servidores do Poder no caso do concurso de Irmãos e cunhados, durante
Judiciário, do MP e da DP; pessoas, houver integrado o o cunhadio
autoridades e os servidores Conselho de Sentença que
da polícia e da segurança julgou o outro acusado tio e sobrinho
pública; militares em
serviço ativo; maiores de tiver manifestado prévia padrasto, madrasta ou
70 anos que requeiram sua disposição para condenar enteado.
dispensa; os que o ou absolver o acusado
requererem, demonstrando
justo impedimento. OBS. servirá o que houver
sido sorteado em primeiro
lugar.
 Antes da abertura dos trabalhos da sessão, o juiz
presidente decidirá os casos de isenção e dispensa de
jurados e o pedido de adiamento de julgamento,
mandando consignar em ata as deliberações.
Desaforamento
Art. 427 e 428 CPP
 Desaforamento é o ato pelo qual se transfere o processo para ser
submetido a julgamento em foro diverso daquele do local onde ocorreu o
fato tipificado como crime e em que se deu a pronúncia, ou seja, é o
deslocamento de competência.
Desaforamento

 Não pode se basear em conjecturas e suspeitas


 Será decidido pelo Tribunal competente
 Requerimento das partes ou representação do juiz
 Juiz deve prestar informações (se não for por
representação)
 Deve ser ouvida a defesa (Súmula 712 do STF - nulidade)
 Oportunidade: da preclusão da pronúncia até o
julgamento.
2ª Fase - judicium decisum
PLENÁRIO

Plenário
Formação do Conselho de Sentença
Declaração do Ofendido
Testemunhas de Acusação e Defesa
Peritos, acareações, reconhecimentos
Interrogatório do acusado
Debates (acusação – defesa – réplica – tréplica)
Leitura dos Quesitos
Votação na sala especial
Sentença pelo juiz presidente
Encerramento da sessão
Lavratura da ata

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