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Inquérito policial:

1 - FGV – 2015 - OAB - Exame de Ordem Unificado XVII - Primeira Fase


No dia 01/04/2014, Natália recebeu cinco facadas em seu abdômen, golpes estes que foram a causa eficiente
de sua morte. Para investigar a autoria do delito, foi instaurado inquérito policial e foram realizadas diversas
diligências, dentre as quais se destacam a oitiva dos familiares e amigos da vítima e exame pericial no local.
Mesmo após todas essas medidas, não foi possível obter indícios suficientes de autoria, razão pela qual o
inquérito policial foi arquivado pela autoridade judiciária por falta de justa causa, em 06/10/2014, após
manifestação nesse sentido da autoridade policial e do Ministério Público. Ocorre que, em 05/01/2015, a mãe
de Natália encontrou, entre os bens da filha que ainda guardava, uma carta escrita por Bruno, ex-namorado
de Natália, em 30/03/2014, em que ele afirmava que ela teria 24 horas para retomar o relacionamento
amoroso ou deveria arcar com as consequências. A referida carta foi encaminhada para a autoridade policial.
Nesse caso,
a) nada poderá ser feito, pois o arquivamento do inquérito policial fez coisa julgada material.
b) a carta escrita por Bruno pode ser considerada prova nova e justificar o desarquivamento do inquérito pela
autoridade competente.
c) nada poderá ser feito, pois a carta escrita antes do arquivamento não pode ser considerada prova nova.
d) pela falta de justa causa, o arquivamento poderia ter sido determinado diretamente pela autoridade
policial, independentemente de manifestação do Ministério Público ou do juiz.
Gabarito: letra B.

Art. 18. CPP - Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade


judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá
proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

Súmula: 524 do STF. Arquivado o inquérito policial por despacho do juiz, a


requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem
novas provas.
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o


arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao
procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para
oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
X
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da
mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade
policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na
forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

Coisa julgada formal X coisa julgada material


Motivos do arquivamento (artigos 395 e 397, CPP):

Insuficiências de provas
Ausência de condições da ação
Falta de justa causa para a ação penal
X
Atipicidade da conduta
Ação Penal
2 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXVII - Primeira Fase
Cátia procura você, na condição de advogado(a), para que esclareça as consequências jurídicas que
poderão advir do comportamento de seu filho, Marlon, pessoa primária e de bons antecedentes, que
agrediu a ex-namorada ao encontrá-la em um restaurante com um colega de trabalho, causando-lhe
lesão corporal de natureza leve. Na oportunidade, você, como advogado(a), deverá esclarecer que:
a) o início da ação penal depende de representação da vítima, que terá o prazo de seis meses da
descoberta da autoria para adotar as medidas cabíveis.
b) no caso de condenação, em razão de ser Marlon primário e de bons antecedentes, poderá a pena
privativa de liberdade ser substituída por restritiva de direitos.
c) em razão de o agressor e a vítima não estarem mais namorando quando ocorreu o fato, não será
aplicada a Lei nº 11.340/06, mas, ainda assim, não será possível a transação penal ou a suspensão
condicional do processo.
d) no caso de condenação, por ser Marlon primário e de bons antecedentes, mostra-se possível a
aplicação do sursis da pena.
Gabarito: letra D.
Súmula 588,STJ - A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher
com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Súmula 542, STJ - A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante
de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
Súmula 536, STJ - A suspensão condicional do processo e a transação penal
não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
Lei Maria da Penha:
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a
mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a 9.099.
Ação Penal
3 - FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIV - Primeira Fase
Lívia, insatisfeita com o fim do relacionamento amoroso com Pedro, vai até a casa deste na companhia da amiga Carla
e ambas começam a quebrar todos os porta-retratos da residência nos quais estavam expostas fotos da nova namorada
de Pedro. Quando descobre os fatos, Pedro procura um advogado, que esclarece a natureza privada da ação criminal
pela prática do crime de dano.
Diante disso, Pedro opta por propor queixa-crime em face de Carla pela prática do crime de dano (Art. 163, caput, do
Código Penal), já que nunca mantiveram boa relação e ele tinha conhecimento de que ela era reincidente, mas, quanto
a Lívia, liga para ela e diz que nada fará, pedindo, apenas, que o fato não se repita.
Apesar da decisão de Pedro, Lívia fica preocupada quanto à possibilidade de ele mudar de opinião, razão pela qual
contrata um advogado junto com Carla para consultoria jurídica.
Considerando apenas as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que ocorreu
a) renúncia em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime não deve ser recebida em relação a Carla.
b) renúncia em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime deve ser recebida apenas em relação a Carla.
c) perempção em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime deve ser recebida apenas em relação a Carla.
d) perdão do ofendido em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime deve ser recebida apenas em relação a Carla.
Gabarito: letra A.

Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará


ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua
indivisibilidade.

Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação


a um dos autores do crime, a todos se estenderá.
4 - FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXVIII - Primeira Fase
Após ser instaurado inquérito policial para apurar a prática de um crime de lesão corporal
culposa praticada na direção de veículo automotor (Art. 303 da Lei nº 9.503/97 – pena:
detenção de seis meses a dois anos), foi identificado que o autor dos fatos seria Carlos, que,
em sua Folha de Antecedentes Criminais, possuía três anotações referentes a condenações,
com trânsito em julgado, pela prática da mesma infração penal, todas aptas a configurar
reincidência quando da prática do delito ora investigado.
Encaminhados os autos ao Ministério Público, foi oferecida denúncia em face de Carlos pelo
crime antes investigado; diante da reincidência específica do denunciado civilmente
identificado, foi requerida a decretação da prisão preventiva. Recebidos os autos, o juiz
competente decretou a prisão preventiva, reiterando a reincidência de Carlos e destacando
que essa circunstância faria com que todos os requisitos legais estivessem preenchidos.
Ao ser intimado da decisão, o(a) advogado(a) de Carlos deverá requerer
a) a liberdade provisória dele, ainda que com aplicação das
medidas cautelares alternativas.
b) o relaxamento da prisão dele, tendo em vista que a prisão,
em que pese ser legal, é desnecessária.
c) a revogação da prisão dele, tendo em vista que, em que
pese ser legal, é desnecessária.
d) o relaxamento da prisão dele, pois ela é ilegal.
Gabarito: letra D.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão
preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro)
anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado,
ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança,
adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das
medidas protetivas de urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). (Revogado
pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a
identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes
para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade
após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da
medida. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019) (Vigência)
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de
antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de
investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
5 - FGV – 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXI - Primeira Fase
José Augusto foi preso em flagrante delito pela suposta prática do crime de receptação (Art. 180 do
Código Penal – pena: 01 a 04 anos de reclusão e multa). Em que pese seja tecnicamente primário e
de bons antecedentes e seja civilmente identificado, possui, em sua Folha de Antecedentes Criminais,
duas anotações pela prática de crimes patrimoniais, sem que essas ações tenham resultados
definitivos. Neste caso, de acordo com as previsões expressas do Código de Processo Penal, assinale
a afirmativa correta.
a) Estão preenchidos os requisitos para decretação da prisão preventiva, pois as ações penais em
curso demonstram a existência de risco para a ordem pública.
b) A autoridade policial não poderá arbitrar fiança neste caso, ficando tal medida de responsabilidade
do magistrado.
c) Antes de decidir pela liberdade provisória ou conversão em preventiva, poderá a prisão em
flagrante do acusado perdurar pelo prazo de 10 dias úteis, ou seja, até o oferecimento da denúncia.
d) O juiz não poderá converter a prisão em flagrante em preventiva, mas poderá aplicar as demais
medidas cautelares.
Gabarito: letra D
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela
Lei nº 12.403, de 2011).
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; (Redação dada
pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do
caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa
com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
2011).
IV - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta
não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a
identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como
decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
5 - FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXVIII - Primeira Fase
A autoridade policial recebeu denúncia anônima informando que Gabriel seria autor de um crime de
apropriação indébita (Art. 168 do CP. Pena: 01 a 04 anos de reclusão e multa). Realizou, então,
diligências para verificar a relevância daquela informação e, após constatar que havia motivos para
justificar o início de investigação, instaurou inquérito para apurar a infração penal antes mencionada,
indiciando Gabriel.
O primeiro ato da investigação foi requerer, ao juízo competente, interceptação das comunicações
telefônicas de Gabriel, pedido esse que foi deferido. Após a interceptação, a autoridade policial
buscou obter outros elementos informativos, ouvindo a vítima e testemunhas que tinham
conhecimento dos fatos e da autoria delitiva.
Após o fim do prazo de 15 dias fixado para interceptação, com nova representação da autoridade
policial e requerimento do Ministério Público, o juiz deferiu a prorrogação da medida, reiterando os
termos da decisão que autorizou a medida inicial e destacando que aqueles fundamentos persistiam e
foram confirmados pelo teor das transcrições das conversas já obtidas.
Gabriel, no curso das investigações, foi intimado para prestar esclarecimentos, momento em que
entrou em contato com seu advogado, que obteve acesso ao procedimento.
Considerando as informações narradas, o(a) advogado(a) de Gabriel poderá
questionar a interceptação telefônica realizada, porque
a) a primeira notícia do crime foi oriunda de denúncia anônima, o que impede
que seja instaurada investigação, ainda que a autoridade policial realize
diligências para confirmar a necessidade de iniciar procedimento
investigatório.
b) o crime investigado é punido com pena de reclusão que não ultrapassa 04
anos de pena privativa de liberdade.
c) a prova da infração poderia ter sido obtida por outros meios disponíveis.
d) a decisão de prorrogação do prazo da medida utilizou-se de fundamentação
per relationem, o que não é admitido no Processo Penal brasileiro.
Gabarito: letra C.
A questão exige conhecimento da Lei 9.296/96 - Interceptação Telefônica, mais
especificamente do seu Art. 2º, II, que assim está descrito:
Art. 2º - Não será admitida a interceptação telefônica quando ocorrer qualquer
das seguintes hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II - A PROVA PUDER SER FEITA DE OUTROS MEIOS DISPONÍVEIS;
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena
de detenção.
6 - FGV – 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado XIX - Primeira Fase
Em 16/02/2016, Gisele praticou um crime de lesão corporal culposa simples no trânsito,
vitimando Maria Clara. Gisele, então, procura seu advogado para saber se faz jus à transação
penal, esclarecendo que já foi condenada definitivamente por uma vez a pena restritiva de
direitos pela prática de furto e que já se beneficiou do instituto da transação há 7 anos.
Deverá o advogado esclarecer sobre o benefício que
a) não cabe oferecimento de proposta de transação penal porque Gisele já possui condenação
anterior com trânsito em julgado.
b) não cabe oferecimento de proposta de transação penal porque Gisele já foi beneficiada
pela transação em momento anterior.
c) poderá ser oferecida proposta de transação penal porque só quem já se beneficiou da
transação penal nos 3 anos anteriores não poderá receber novamente o benefício.
d) a condenação pela prática de furto e a transação penal obtida há 7 anos não impedem o
oferecimento de proposta de transação penal.
Gabarito: letra D.

Nos termos do art. 76, §2º da Lei 9.099/95:


Art. 76 (…)
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I – ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva;
II – ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de
pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III – não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como
os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.

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