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Inquérito Policial

Inquérito Policial – Conceito

• Procedimento administrativo
• Pré-processual
• Instaurado na polícia judiciária
• Presidido pelo delegado de polícia
• Finalidadde de colher indícios de materialidade e autoria
de infração penal para o futuro ajuizamento de ação penal
pelo seu titular.
Diligências que VINCULAM o delegado (Afastam a discricionariedade)
1) Exame de corpo de delito (art. 158 CPP)
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame
de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
acusado.

2) Diligências requisitadas pela autoridade judiciária ou MP (art. 13, II,


CPP)
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
Exceção: quando a requisição for manifestamente ilegal
Diligências que DEPENDEM de autorização judicial:

1) Interceptação telefônica
2) Busca domiciliar
3) Incidente de insanidade mental
4) Infiltração de agentes de polícia na ORCRIM
Sigiloso: Não se aplica o princípio da publicidade. Finalidade de preservar a
imagem do suspeito e garantir a eficiência das investigações.

Esse sigilo não atinge o juiz, MP e advogado.


Art. 7º, XIV EOAB e Súmula vinculante 14

Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter


acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam
respeito ao exercício do direito de defesa.

Exceção: investigações em andamento / ORCRIM – depende de autorização judicial /


inquérito com informações sigilosas (precisará de procuração)
INDISPONÍVEL: Uma vez iniciada, a investigação deve ser concluída
e enviada ao juiz competente.

Art 17 CPP - O delegado NÃO PODE ARQUIVAR o inquérito policial.

Art. 18 CPP – Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade


judiciária, por falta de base para denúncia, a autoridade policial poderá
proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Dispensável: Se os indícios de autoria e materialidade delitiva já
tiverem sido colhidos por outros meios, fica dispensado o inquérito
policial.
CPT / IPM / Inquéritos não policiais / Investigação do MP
Valor probatório do Inquérito
Policial
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da
prova produzida em contraditório judicial, não podendo
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Cautelares: Há risco de desaparecimento do objeto pelo decurso do
tempo. São urgentes. Ex: interceptação telefônica e busca e
apreensão.

Não repetíveis: São perecíveis e não podem ser repetidas depois.


Ex: laudo pericial do local do crime
(Essas provas devem ser submetidas ao contraditório diferido para
embasar uma sentença)
Antecipadas: Provas que deveriam ser produzidas durante o
processo judicial, mas são antecipadas por precaução.
Testemunha doente ou prestes a se mudar para lugar que inviabilize
sua oitiva.
Deve haver o contraditório real, perante autoridade judicial.

Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por


enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução
criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de
qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.
Da Inexistência de Nulidades
Eventuais vícios formais concernentes ao inquérito policial não têm
o condão de infirmar a validade jurídica do subsequente processo
penal condenatório (STF – HC 73271/SP)

As nulidades processuais estão relacionadas apenas a defeitos de


ordem jurídica, pelos quais são afetados os atos praticados ao longo
da ação penal condenatória.
Da Inexistência de Nulidades
EXCEÇÃO!!

Caso seja desrespeitado o artigo 7º, XXI do Estatuto da OAB, haverá


nulidade absoluta desses atos e de todos os elementos que,
diretamente ou indiretamente, decorrerem deles.

Consiste no direito do advogado em assistir seus clientes


investigados durante a apuração das infrações.
Início das Investigações
NOTÍCIA CRIME
É a forma através da qual a autoridade policial passa a ter
conhecimento do fato criminoso para dar início às investigações
policiais.
Pode ser espontânea ou provocada.
Art. 5º CPP - Nos crimes de ação pública o inquérito policial será
iniciado:
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério
Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade
para representá-lo.
DENÚNCIA ANÔNIMA (COGNIÇÃO INQUALIFICADA)

O inquérito policial não poderá ser iniciado com base apenas na


denúncia anônima.
São necessárias providências preliminares no sentindo de confirmar
as informações da denúncia anônima.
Confirmada a aparência mínima de procedência da mesma,
instaura-se inquérito policial.
Outras atribuições do delegado
de polícia no inquérito policial
Representar pela prisão preventiva (art. 311 do CPP)
Representar pela prisão temporária (art. 2º, Lei 7.960/89)
Arbitrar fiança em crimes cuja pena não seja superior a 4 anos (art. 322 do CPP)
Representar pelo exame de insanidade mental (art. 149 do CPP)
Restituir coisas apreendidas (art. 120 do CPP)
Representar pela medida assecuratória do sequestro (art. 127 do CPP)
Prazos do Inquérito Policial
REGRA GERAL

10 dias (PRESO) 30 dias (SOLTO) + PRO

FEDERAL

15 dias + 15 (PRESO) 30 dias (SOLTO) + PRO

LEI DE DROGAS

30 dias + 30 (PRESO) 90 + 90 (SOLTO)

MILITAR

20 dias (PRESO) 40dias + 20 dias (solto)


Arquivamento do Inquérito Policial
Art. 17 – A autoridade policial não poderá mandar arquivar os autos de inquérito

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia,


requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de
informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará
remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-
la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado
a atender.
Desarquivamento do Inquérito
Policial
Art. 18 CPP – Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade
judiciária, por falta de base para denúncia, a autoridade policial poderá
proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

Prova substancialmente nova: altera o convencimento formado pelo magistrado e


promotor
Prova formalmente nova: a prova não estava no IP, pois era desconhecida pelas
autoridades
XXXII EXAME
Após concluído inquérito policial para apurar a prática do crime de
homicídio em desfavor de Jonas, o Ministério Público requereu o seu
arquivamento por falta de justa causa, pois não conseguiu identificar
o(s) autor(es) do delito, o que restou devidamente homologado pelo
juiz competente. Um mês após o arquivamento do inquérito policial,
uma testemunha, que não havia sido anteriormente identificada,
compareceu à delegacia de polícia alegando possuir informações
quanto ao autor do homicídio de Jonas.

A família de Jonas, ao tomar conhecimento dos fatos, procura você,


como advogado(a) da família, para esclarecimentos. Diante da notícia
de existência de novas provas aptas a identificar o autor do crime,
você deverá esclarecer aos familiares da vítima que o órgão
ministerial
(A)poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois a decisão
de arquivamento não faz coisa julgada material independentemente
de seu fundamento.
(B)não poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois a
decisão de arquivamento é imutável na presente hipótese.
(C)não poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois se
trata de mera notícia, inexistindo efetivamente qualquer prova nova
quanto à autoria do delito.
(D)poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois a decisão
de arquivamento fez apenas coisa julgada formal no caso concreto.
XXXVII EXAME
Após receber denúncia anônima, por meio de disquedenúncia, de grave crime de
estupro com resultado morte que teria sido praticado por Lauro, 19 anos, na
semana pretérita, a autoridade policial, de imediato, instaura inquérito policial
para apurar a suposta prática delitiva. Lauro é chamado à Delegacia e apresenta
sua identidade recém-obtida; em seguida, é realizada sua identificação criminal,
com colheita de digitais e fotografias.

Em que pese não ter sido encontrado o cadáver até aquele momento das
investigações, a autoridade policial, para resguardar a prova, pretende colher
material sanguíneo do indiciado Lauro para fins de futuro confronto, além de
desejar realizar, com base nas declarações de uma testemunha presencial
localizada, uma reprodução simulada dos fatos; no entanto, Lauro se recusa tanto
a participar da reprodução simulada quanto a permitir a colheita de seu material
sanguíneo. É, ainda, realizado o reconhecimento de Lauro por uma testemunha
após ser-lhe mostrada a fotografia dele, sem que fossem colocadas imagens de
outros indivíduos com características semelhantes.

Ao ser informado sobre os fatos, na defesa do interesse de seu cliente, o(a)


advogado(a) de Lauro, sob o ponto de vista técnico, deverá alegar que
(A)o inquérito policial não poderia ser instaurado, de imediato, com
base em denúncia anônima isoladamente, sendo exigida a realização
de diligências preliminares para confirmar as informações iniciais.
(B)o indiciado não poderá ser obrigado a fornecer seu material
sanguíneo para a autoridade policial, ainda que seja possível
constrangê-lo a participar da reprodução simulada dos fatos,
independentemente de sua vontade.
(C)o vício do inquérito policial, no que tange ao reconhecimento de
pessoa, invalida a ação penal como um todo, ainda que baseada em
outros elementos informativos, e não somente no ato viciado.
(D)a autoridade policial, como regra, deverá identificar criminalmente
o indiciado, ainda que civilmente identificado, por meio de processo
datiloscópico, mas não poderia fazê-lo por fotografias.
Paulo foi preso em flagrante pela prática do crime de corrupção, sendo
encaminhado para a Delegacia. Ao tomar conhecimento dos fatos, a mãe de
Paulo entra, de imediato, em contato com o advogado, solicitando
esclarecimentos e pedindo auxílio para seu filho.

De acordo com a situação apresentada, com base na jurisprudência dos


Tribunais Superiores, deverá o advogado esclarecer que

(A) diante do caráter inquisivo do inquérito policial, Paulo não poderá ser assistido
pelo advogado na delegacia.
(B) a presença da defesa técnica, quando da lavratura do auto de prisão em
flagrante, é sempre imprescindível, de modo que, caso não esteja presente, todo
o procedimento será considerado nulo.
(C) decretado o sigilo do procedimento, o advogado não poderá ter acesso aos
elementos informativos nele constantes, ainda que já documentados no
procedimento.
(D) a Paulo deve ser garantida, na delegacia, a possibilidade de assistência de
advogado, de modo que existe uma faculdade na contratação de seus serviços
para acompanhamento do procedimento em sede policial.

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