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Ação Penal
1. Considerações preliminares
Persecução penal – praticado um fato definido como infração penal, surge para o Estado o
jus puniendi, que só pode ser concretizado pelo processo penal. Para que se proponha a
ação penal é necessário que o Estado disponha de um mínimo de elementos probatórios que
indiquem a ocorrência de uma infração penal e de sua autoria (autoria + materialidade).
Meio adequado – o meio mais comum, embora não exclusivo, para a colheita desses
elementos é o inquérito policial.
Competência – art. 4º, CPP – cabe à polícia judiciária, exercida por autoridades policiais, a
atividade destinada à apuração das infrações penais e da autoria por meio preliminar ou
preparatória à ação penal.
Destinatários:
imediato – é o Ministério Público (no caso de crime que se apure mediante ação penal
pública) ou o ofendido (na ação penal privada);
mediato – é o juiz, que nele também pode encontrar fundamentos para julgar (art. 12, CPP).
Sigilosa
Na investigação da infração penal e sua autoria, a polícia judiciária não dará publicidade de
seus atos.
Objetivos – preservar a prova material do delito, a garantia da oitiva do ofendido e das
testemunhas, a apreensão do instrumento ou objeto relacionado com a infração penal etc.
Art. 20, CPP – a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato
ou exigido por interesse da sociedade.
A ação investigatória, para que tenha sucesso, não pode sofrer qualquer ingerência do autor
da infração penal, seja por si ou por seus pares, inclusive parentes.
O sigilo imposto no inquérito policial tem ação benéfica,
profilática e preventiva, tudo em beneficio do Estado
e do cidadão.
A não decretação do sigilo poderia levar à não elucidação da
infração penal, com inegável prejuízo do Direito Penal objetivo.
Inquérito policial
Exceções ao sigilo:
A Lei n. 8.906, de 04/07/1994 (Estatuto da OAB), estabeleceu no seu art. 7º, XIV, ser direito
do advogado “examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação,
mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos
ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar
apontamentos, em meio físico ou digital” (Redação dada pela Lei n. 13.245, de 2016)
(Súmula Vinculante 14 do STF).
Aqui, a lei permite que o autor do delito, por intermédio de seu advogado, acompanhe o
regular andamento do processo, tomando conhecimento das diligências já consumadas.
Não obriga a autoridade policial antecipar ou tornar públicas as
diligências em curso, muito menos a presença do advogado no
interrogatório, na oitiva da vítima e das testemunhas, na
acareação, na reconstituição etc. Isso não ofende o princípio
do contraditório e da ampla defesa, pois esses devem ser
observados na fase processual, se iniciada a ação penal.
Inquérito policial
Inquisitiva
Valor probatório:
Como instrução provisória de caráter inquisitivo, o IP tem valor informativo para instauração
da competente ação penal.
Nele se realizam certas provas periciais que embora praticadas sem a participação do
indiciado, contêm em si maior dose de veracidade, visto que nelas preponderam fatores de
ordem técnica que são difíceis de serem deturpados.
Têm essas provas valor idêntico ao das provas colhidas em juízo.
As provas produzidas em sede de inquérito policial contêm elementos necessários para a
propositura da ação penal e podem influenciar no julgamento da causa.
O inquérito policial serve para colheita de dados circunstanciais
que podem ser comprovados para prova judicial e para reforçar
o que foi apurado em juízo.
Não se pode, porém, fundamentar uma decisão condenatória
apoiada exclusivamente no inquérito policial, o que contaria o
princípio do contraditório.
Inquérito policial
Vício:
A Lei n. 13.245/2016 alterou o art. 7º, da Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB), que garante ao advogado
do investigado o direito de assistir a seus clientes durante a apuração de infrações penais. Com
efeito, Anderson, advogado de José, impugnou a oitiva de duas testemunhas em fase de inquérito
policial, alegando que não recebeu notificação informando dia e hora da oitiva das referidas
testemunhas em sede policial. Diante da temática apresentada, assinale a seguir a alternativa
correta:
a) O sigilo do inquérito policial impede que o advogado tenha acesso aos atos já documentados
em inquérito policial.
b) A referida lei impôs o dever à autoridade policial de intimar previamente o advogado constituído
para os atos de investigação, em homenagem ao contraditório e à ampla defesa.
c) A referida lei instituiu a obrigatoriedade do inquérito policial ainda
que já haja provas devidamente constituídas.
d) A referida lei não impôs um dever à autoridade policial
de intimar previamente o advogado constituído para
os atos de investigação.
e) A inquisitorialidade do procedimento investigatório policial é o
que impede que o advogado tenha acesso aos atos já
documentados em inquérito policial.
Resposta
A Lei n. 13.245/2016 alterou o art. 7º, da Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB), que garante ao advogado
do investigado o direito de assistir a seus clientes durante a apuração de infrações penais. Com
efeito, Anderson, advogado de José, impugnou a oitiva de duas testemunhas em fase de inquérito
policial, alegando que não recebeu notificação informando dia e hora da oitiva das referidas
testemunhas em sede policial. Diante da temática apresentada, assinale a seguir a alternativa
correta:
a) O sigilo do inquérito policial impede que o advogado tenha acesso aos atos já documentados
em inquérito policial.
b) A referida lei impôs o dever à autoridade policial de intimar previamente o advogado constituído
para os atos de investigação, em homenagem ao contraditório e à ampla defesa.
c) A referida lei instituiu a obrigatoriedade do inquérito policial ainda
que já haja provas devidamente constituídas.
d) A referida lei não impôs um dever à autoridade policial
de intimar previamente o advogado constituído para
os atos de investigação.
e) A inquisitorialidade do procedimento investigatório policial é o
que impede que o advogado tenha acesso aos atos já
documentados em inquérito policial.
Instauração de inquérito policial
Iniciado o IP, com a realização das diligências necessárias à investigação da infração penal e
da sua autoria indicadas no artigo 6º, do CPP, sem prejuízo de outras que o caso
recomendar, a autoridade policial concluirá o IP com um relatório.
Endereçamento
Artigo 10, §1º, do CPP.
O relatório é o ato final do IP, endereçado ao juiz. Com ele, a autoridade dá por concluída a
sua função de polícia judiciária.
Ao elaborá-lo, a autoridade não poderá fazer qualquer juízo de valor sobre a culpabilidade e
a antijuricidade e nem deve fazer consideração sobre o fato em si.
Obrigatoriedade do relatório.
Embora previsto no artigo 10, §1º, do CPP, o relatório não é
indispensável, pois, mesmo sem ele, a ação penal pode ser
proposta. A falta de relatório não atinge a ação penal. Não é
causa de nulidade, constitui apenas irregularidade
administrativa.
Conclusão do inquérito policial
Conteúdo do relatório
Não passa de peça escrita e expositiva, na qual a autoridade policial explicita o porquê o IP
foi instaurado;
Quais foram as diligências determinadas e efetivamente cumpridas com a indicação dos
autos em que se encontram descartadas;
Quais diligências deixaram de ser cumpridas e quais os motivos para tanto;
Que explicite horário, mês, ano, dia, local que ocorreu a infração;
Que distinga as pessoas ou vidas com a devida anotação de sua qualificação: vítima,
testemunha, indiciado, perito etc.;
Que indique as provas periciais realizadas na
reprodução simulada;
Que mencione todas as provas obtidas, tais como:
fotografia, retrato falado, acareação etc.;
Que diligência está em curso, com o protesto de
remessa a juízo.
Conclusão do inquérito policial
Prazos especiais: esse prazo deixará de ser observado se houver previsão legal de outro
prazo em legislações extravagantes (especiais) que determinam prazos diferenciados.
Justiça Federal – já a Lei n. 5.010/66 (que organiza a Justiça Federal de primeira instância),
em seu art. 66, determina que o prazo para a conclusão do inquérito policial será de 15 dias
para o indiciado preso, prorrogáveis por mais 15, desde que fundamentado. Quanto ao
indiciado solto, a lei é silente, aplicando-se o art. 10, do CPP.
CPP Militar – no Código Processual Penal Militar, o prazo de conclusão do inquérito policial é
de 20 dias no caso de indiciado preso e de 40 dias em caso de indiciado solto, permitindo-se
a prorrogação, neste caso, por mais 20 dias.
O IP, sem exceção, não pode ser arquivado pela autoridade policial, em razão da proibição
expressa contida no art. 17, do CPP.
Sua tarefa é de investigar a infração penal e a sua autoria (art. 4°, CPP), para que o titular da
ação penal possa ter em mãos os elementos de que necessita para o início da ação penal.
Não compete à autoridade policial exercer qualquer juízo de valor sobre a tipicidade da
infração penal e da sua autoria.
Uma vez iniciado o inquérito policial, necessariamente, será
concluído e encerrado pela autoridade policial, que o remeterá
ao juízo competente (art. 17, do CPP).
Conclusão do inquérito policial
Ao chegar a um “local de fato”, ainda não sabendo que se trata de um local de crime, de
acordo com o art. 6º, do CPP, a primeira providência da autoridade policial deve ser a de:
a) Apreender objetos que tiverem relação com o fato, evitando a perda de objetos
potencialmente importantes.
b) Ouvir o indiciado, a fim de decidir sobre a necessidade de sua detenção imediata.
c) Prender o suspeito, a fim de evitar sua fuga.
d) Preservar o local.
e) Ouvir o ofendido, para que se defina a área a ser isolada.
Resposta
Ao chegar a um “local de fato”, ainda não sabendo que se trata de um local de crime, de
acordo com o art. 6º, do CPP, a primeira providência da autoridade policial deve ser a de:
a) Apreender objetos que tiverem relação com o fato, evitando a perda de objetos
potencialmente importantes.
b) Ouvir o indiciado, a fim de decidir sobre a necessidade de sua detenção imediata.
c) Prender o suspeito, a fim de evitar sua fuga.
d) Preservar o local.
e) Ouvir o ofendido, para que se defina a área a ser isolada.
ATÉ A PRÓXIMA!