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QUEIXA É A PETIÇÃO INICIAL NA QUAL A VÍTIMA OU SEU REPRESENTANTE

DESCREVE OS SUPOSTOS ATOS ILEGAIS.

Regra geral: ação penal pública


AP Pública incondicionada – independe de manifestação de vontade
da ofendida;
AP Pública condicionada – depende de manifestação de vontade
livre e manifesta.
Exceção: ação penal privada – caso a vítima ou seu representante
ofereça a representação.

NOTÍCIA CRIME é diferente da QUEIXA CRIME, que é a petição


inicial que formaliza a acusação perante a vara criminal.
Ao comparecer na delegacia e requerer a instauração de inquérito
policial em casos de ação penal privada, isso não interrompe o
prazo prescricional previsto no artigo 38 do CPP. Deste modo, o
prazo só é interrompido com a apresentação da queixa crime em
juízo.

QUEIXA CRIME – FORMALIZAÇÃO EM JUIZO


NOTICIA CRIME – INFORMAÇÃO LEVADA À AUTORIDADE POLICIAL PELA
VÍTIMA OU REPR. LEGAL
DELACIO CRIMIS – INFORMAÇÃO LEVADA POR TERCEIRO à AUTORIDADE
POLICIAL.

Formas de abrir um Inquérito


1. Por força de auto de prisão em flagrante
2. Por força de portaria
a. Baseado em uma notícia crime
3. Quando há requisição (do min. da justiça, do MP...)
a. Quando há indícios de que alguma situação vai de
encontro à norma penal
b. Nesse caso, o Magistrado solicita ao delegado de
polícia que se instaure um Inquérito policial para
averiguar o fato.

INQUÉRITO POLÍCIAL
1. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO: instaurado pela autoridade
policial, que é uma autoridade administrativa (delegado de
polícia);

2. PRÉ-PROCESSUAL: antecede a ação penal. Funciona como um


filtro para produção célere de provas de modo a
identificar indícios de autoria e de materialidade do
suposto crime, preservando o indiciado da persecução
penal, procedimento violento que pode causar graves
consequências;

3. PROCEDIMENTO INQUISITIVO: não se aplica o contraditório em


sede de inquérito policial - atos unilaterais. Obs.:
estatuto da OAB – art. 7º inc. XXI: quando o investigado
requer ser assistido por advogado, esse direito não pode
ser negado, podendo culminar na nulidade dos atos
processuais e provas produzidas subsequentemente.
Entretanto, essa alteração não implicou no surgimento do
contraditório no Inquérito, afinal, não alterou o Código
Penal ou o CPP;

4. FUNÇÃO PREPARATÓRIA: a função principal do inquérito é


obter elementos que legitimem a instauração de uma ação
penal;

5. FUNÇÃO PRESERVADORA: visão moderna que entende que o


inquérito também tem o condão de evitar acusações
infundadas e ilegítimas;

6. PROCEDIMENTO DOCUMENTAL;

7. VALOR PROBANTE RELATIVO: art. 155, caput. O inquérito


policial só pode fornecer indícios para a instauração da
Ação Penal, de modo que as provas produzidas nessa fase
investigatória devem ser reafirmadas no curso da ação
penal, uma vez que apenas nessa nova fase há garantia ao
contraditório e à ampla defesa. Porém, nada impede que
exerçam força “supletiva” de convencimento.
OBS 1.: Existem tipos de provas produzidas em sede de inquérito
policial que o ordenamento processual penal prevê que podem ser
utilizadas para formar o convencimento do juiz em sentença.
Prova pericial: a perícia não precisa refeita no curso da
ação penal. Nesses casos, o contraditório é postergado, ou seja,
em uma fase específica do processo haverá a possibilidade da
defesa se insurgir contra a prova pericial.
Caput do Art. 155, parte final: provas cautelares (que pode
perecer); não repetíveis (aquelas que, após serem tomadas, não
podem mais ser repetidas); e produzidas antecipadamente (quando
houver receio devidamente fundamentado de que aqueles fatos não
poderão ser reproduzidos no curso da ação penal) SÃO CASOS DE
PROVAS PRODUZIDAS EM INQUÉRITO QUE PODEM FORMAR CONVENCIMENTO DO
JUIZ.
8. INDEPENDÊNCIA FORMAL: inobservância de normas
procedimentais no inquérito não implica em nulidade da
ação penal derivada – Jurisprudência STJ RHC 21.170/RS, DJ
08.10.2007;

9. NÃO PODE SER CONSIDERADO NULO: o inquérito policial não


pode se considerado nulo por não existir lei que discorra
especificamente acerca do seu procedimento. O que pode
ocorrer é a prova ser considerada nula. Entretanto, nos
casos em que não há justa causa (quando incide algum
excludente de ilicitude ou quando não há indícios de
autoria e de materialidade), é possível que o inquérito
policial seja trancado, de modo que não tem como proceder
com a ação.

POLÍCIA JUDICIÁRIA
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas
autoridades policiais no território de suas
respectivas circunscrições e terá por fim a
apuração das infrações penais e da sua autoria. 
Parágrafo único.  A competência definida neste
artigo não excluirá a de autoridades
administrativas, a quem por lei seja cometida a
mesma função.

O inquérito policial é o procedimento administrativo


informativo pré-processual que tem como finalidade coletar
informações acerca da suposta autoria e materialidade do
crime. É um procedimento sigiloso, que tramita em órgão
vinculado ao poder administrativo – Policia. O único objetivo
do Inquérito Policial é da coleta de informações sobre a suposta
autoria e materialidade.
Mesmo que o inquérito policial afirme que houve crime e que
houve autor, só há certeza na medida em que se ofereça
denúncia e que se julgue procedente.
Pré-processual – antecede a Ação Penal. Não tramita
concomitantemente à ação, mas poderá funcionar como base
para uma futura ação penal.
Funciona como um grande filtro para que se evite aventuras
jurídicas no trâmite processual, na medida em que o processo
penal é extremamente violento ante as medidas que se adotam
ao longo da Ação Penal – deriva em inúmeras sequelas ao
cidadão acusado. Esse filtro implica na maior probabilidade de
que as ações e curso na justiça criminal apresentem maior
eficiência.
É inquisitivo – significa que o inquérito não se aplica o princípio
do contraditório. Ele é instaurado e desenvolvido com a prática
de atos unilaterais – determinados pela autoridade policial, sem
que estes atos sejam contraditados pela defesa.
Entretanto, as alterações no estatuto do advogado, previstas na
lei nº 13.245/16, introduziram ao artigo 7º, XXI, a possibilidade
do advogado assistir aos clientes investigados no âmbito de
todos os elementos investigatórios e probatórios dele
decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo,
inclusive, no curso da respectiva apuração: a) apresentar razões
e quesitos;
Tratando-se de um procedimento inquisitorial, destinado a
angariar informações necessárias à elucidação de crimes, não há
ampla defesa no seu curso. E, como veremos mais à frente (item
4.3), não afeta essa natureza inquisitiva a modificação
determinada pela Lei 13.245/2016 ao Estatuto da OAB (Lei
8.906/1994), que passou a estabelecer, no seu art. 7.º, inciso
XXI, como direito do Advogado “assistir a seus clientes
investigados durante a apuração de infrações, sob pena de
nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e,
subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e
probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou
indiretamente [...]”. Afinal, referida alteração legislativa não
modificou o Código de Processo Penal de modo a estabelecer a
obrigatoriedade da assistência de advogado ao investigado
durante o inquérito. Não foi isto, enfim, o que fez o legislador. O
que fez, isto sim, foi assegurar o direito do advogado em assisti-
lo, não podendo esse direito, quando requerido o seu exercício,
ser obstado sob pena, agora sim, de nulidade do interrogatório,
do depoimento e de todos os atos que daí decorrerem. –
AVENA, Norberto.
Função preparatória – função voltada à obtenção de elementos
referentes à indícios de autoria e materialidade para que a parte
interessada possa intentar a ação penal.
É documental.
O objetivo do inquérito policial é apurar os fatos que
supostamente foram praticados e quem supostamente os
praticou, à luz do Código Penal e das Leis penais extravagantes.
As informações colidas são dirigidas ao Titular da Ação Penal _
Min. Público (a. p. pública condicionada ou incondicionada);
vítima ou Representante Legal da vítima (ação penal privada).
Tem valor probante relativo - Com a vigência da Lei
11.690/2008, a necessidade de judicialização da prova foi
expressamente contemplada no art. 155, caput, 1.ª parte, do
CPP, dispondo que o juiz formará sua convicção pela livre
apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não
podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação. Este artigo
não impede a fundamentação com base nas provas colhidas em
sede de inquérito, mas sim, veda a utilização EXCLUSIVA desse
material probatório para a formação do convencimento do juiz.

Legislação Processual referente ao Inquérito:

Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades


policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá
por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. –
autoridade = delegado de polícia do território
que a autoridade policial tem autorização
concedida pelo Estado para sua atuação
investigativa. Em cidades maiores, as
delegacias são organizadas de acordo com a
matéria investigada – proteção à vida; proteção
à criança e ao adolescente; patrimonial; de
tóxicos; crimes contra adm pública; crimes
tecnológicos; meio-ambiente. O interesse
público recomenda a flexibilização desse limite
de circunscrição ante crimes específicos que
demandem especialidades.

Parágrafo único.  A competência definida neste artigo não


excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja
cometida a mesma função.
A função de instauração de instauração de inquérito não é
exclusiva aos delegados de polícia – o Min Público, como órgão
fiscalizatório, também pode fazê-lo. Ademais, autoridades
administrativas específicas podem instaurar inquéritos, por
exemplo, no âmbito sanitário, autoridades sanitárias podem
instaurar inquérito para desenvolver investigações; o mesmo pode
ocorrer no âmbito da fazenda; no âmbito do direito ambiental.
Quem fiscaliza e controla as atividades do próprio MP são os
órgãos colegiados compostos por membros do mesmo, além do
procurador geral e do órgão judicial.

Princípio da OBRIGATORIEDADE – Se alguém leva uma noticia crime


e se o suposto crime é referente a uma ação penal pública, ele é
obrigado a iniciar um inquérito policial. Duas exceções
previstas nos §4º e §5º.

Art. 5o  Nos crimes de ação pública o inquérito policial será


iniciado:
I - de ofício; - OBRIGATORIEDADE

II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do


Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem
tiver qualidade para representá-lo.
§ 1o  O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que
possível: - o que deve conter na notícia crime ou
na delacio criminis.

a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;


b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos
e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da
infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão
e residência.
§ 2o  Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de
inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
§ 3o  Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da
existência de infração penal em que caiba ação pública poderá,
verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
esta, verificada a procedência das informações, mandará
instaurar inquérito.
Ações Penais Publicas CONDICIONADAS: Condições de
procedibilidade do Inquérito.

§ 4o  O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de


representação, não poderá sem ela ser iniciado. – o delegado
só pode atuar se houver uma representação
(manifestação inequívoca de vontade que o
estado inicie a persecução penal). Essa
representação não exige maiores formalidades –
próprio ato de comparecer à delegacia já basta.
STF e STJ têm o entendimento de que o simples
ato de acionar a polícia militar já configura
como manifestação de vontade inequívoca.
Da mesma forma atua o MP – não pode oferecer
denúncia sem que a condição da manifestação
esteja cumprida.

§ 5o  Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente


poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha
qualidade para intentá-la. – exige requerimento da
vítima ou de representante legal da vítima para
autorização do inquérito.
A noticia crime é a informação que pode ser levada pela vítima
ou por qualquer pessoa do povo que trate da suposta prática de
crime. A doutrina diferencia noticia crime: notícia ofertada
pela vítima ou por representante legal da vítima - muitas vezes
levada por advogado contratado, outras vezes, a vítima comparece
à delegacia e descreve pessoalmente a notícia crime – lavrado
por boletim de ocorrência, nos quais a vítima dá elementos
iniciais para o início do inquérito); delacio criminis – notícia
levada por qualquer um do povo, muitas vezes se utiliza a
denúncia anônima.
Se a autoridade policial não instaurar inquérito policial:
1. A vítima ou representante legal pode recorrer ao chefe de
polícia ante a desidiosidade ou ausência de
verossimilhança alegada pelo delegado;
2. Esses atores podem se dirigir ao MP que, como titular da
ação penal pública deve tomar as providências adequadas
para entender os motivos da negativa. Além disso, o MP
pode tomar providências adequadas para responsabilizar
administrativamente ou criminalmente o delegado.

O artigo 6º do CPP não é um rol taxativo

Art. 6o  Logo que tiver conhecimento da prática da infração


penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o
estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos
criminais;
Urgente para coletar evidencias. Isso porque o autor deixa
diversos indícios da autoria e do modo com que foi praticado o
crime – isolamento do local até que os peritos cheguem – coleta
de material biológico. -> “Art. 169.  Para o efeito de exame do
local onde houver sido praticada a infração, a autoridade
providenciará imediatamente para que não se altere o estado das
coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus
laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo único.  Os peritos registrarão, no laudo, as
alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as
consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos.” E “Art.
164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que
forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as
lesões externas e vestígios deixados no local do crime.
(diretamente relacionado com o requisito da materialidade)”

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após


liberados pelos peritos criminais;
Objetos servem como fonte de prova por deixar vestígios
(celular, arma de fogo – exame de balística, arma branca...)

III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento


do fato e suas circunstâncias;
Da liberdade à autoridade policial

IV - ouvir o ofendido;
O ofendido pode oferecer informações que facilitem a
identificação dos indícios de autoria.

V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do


disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o
respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe
tenham ouvido a leitura;
Além disso, ouvir a versão do indiciado também é importante
(caso ele não faça uso do direito de se manter em silencio) para
verificar álibi, indícios...

VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a


acareações;
“Art. 226.  Quando houver necessidade de fazer-se o
reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma:
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada
a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada,
se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer
semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a
apontá-la;
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o
reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência,
não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a
autoridade providenciará para que esta não veja aquela;
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado,
subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao
reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.
Parágrafo único.  O disposto no no III deste artigo não terá
aplicação na fase da instrução criminal ou em plenário de
julgamento.”
Procedimento formal de reconhecimento de pessoas – aplicação
complicada. STJ está mitigando interpretação equivocada que leva
a injustiças – é realizado na delegacia de polícia e pode ser
feito ao longo da instrução criminal por meio de fotografia
tirada por celular. DP e MP pratica freestyle processual nesse
sentido.
Nova jurisprudência STJ – inobservância do artigo 226 que leva à
condenação supostamente indevida (à luz da publicidade garantida
pela imprensa) leva à nulidade absoluta e anulação dos atos
processuais subsequentes.
Acareações – “Art. 229.  A acareação será admitida entre
acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre
acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas
ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre
fatos ou circunstâncias relevantes.
Parágrafo único.  Os acareados serão reperguntados, para que
expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato
de acareação.” - Instituto do Processo penal que necessita de
cuidado para ser manejado pelos atores processuais. Ocorre
quando há contradições relevantes tanto no inquérito policial
como no curso da ação penal. Essas contradições podem ocorrer
entre testemunhos ou contra relatos de réu e ofendido.
Nesse sentido, para instaurar um procedimento de acareação por
pedido da defesa, da acusação ou do juiz, de ofício, é preciso
de extensa análise das versões para que se evite gasto
processual.
No caso de acareação entre vítima e autor do fato ou entre
testemunha e suposto autor do fato, este pode requerer o direito
ao silêncio e se recusar a participar do procedimento.
A acareação tem por objetivo o saneamento de contradições em
testemunho.

VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo


de delito e a quaisquer outras perícias;
“Art. 158.  Quando a infração deixar vestígios, será
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto,
não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de
corpo de delito quando se tratar de crime que envolva:
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com
deficiência.”
Exame de corpo de delito estabelece a materialidade do delito.
Que a ação descrita no tipo penal ocorreu de fato. Ademais, nos
crimes que deixam vestígio é obrigatória a realização do exame.
Nesses casos, pode implicar na ausência de justa causa, na
medida em que é preciso que a Inicial tenha indícios mínimos de
autoria e de MATERIALIDADE do delito.
Por isso, o art. 158 trata da cadeia de custódia para preservar
a prova e a materialidade do delito. Materialidade, nesse caso,
é aferida no exame pericial, que é realizado geralmente em sede
de inquérito policial, onde não há contraditório. Por essa
razão, o contraditório da prova pericial será diferido, ou seja,
transferido para a fase da ação penal -> muitas delas
irrepetíveis.
Ante o exposto, diante da fragilidade do caso em análise, fez-se
necessário estabelecer a cadeia de custódia.
Essa fase de perícia exige grande formalidade. Um exemplo é a
determinação de que os peritos tenham curso superior –a nomeação
de perito sem este requisito implica em nulidade da perícia,
logo, não há materialidade - Art. 159.  O exame de corpo de
delito e outras perícias serão realizados por perito oficial,
portador de diploma de curso superior.
§ 1o  Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2
(duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
Exame de corpo de delito e perícia implica na materialidade,
que, por sua vez, implica na presença ou não de justa causa!
“Art. 395.  A denúncia ou queixa será rejeitada quando: III -
faltar justa causa para o exercício da ação penal.”
Laudo provisório – reagente que demonstra aparência da
materialidade do crime.

VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo


datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de
antecedentes;
Identificação do indiciado.  Decreto nº 10.977/2022 – Carteira
de identidade nacional.
Art. 5º previne a identificação criminal do acusado, salvo em
casos específicos.
Identificação fotográfica/facial ou pela digital do acusado.
trata-se da identificação criminal do investigado,
atualmente regrada pelo art. 5.º, LVIII, da Constituição
Federal, ao dispor que o civilmente identificado não será
submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei, e, em nível infraconstitucional, pela Lei
12.037, de 1.º de outubro de 2009, que revogou a disciplina
anteriormente estabelecida pela Lei 10.054/2000.

Embora a redação do art. 6.º, VIII, do CPP trate da


identificação criminal como um procedimento destinado
simplesmente à colheita das impressões digitais do investigado,
o art. 5.º da Lei 12.037/2009, a exemplo do que já determinava a
revogada Lei 10.054/2000, conferiu amplitude ao conceito de
identificação criminal, dispondo que esta insere tanto a
identificação datiloscópica como a identificação fotográfica. E
não é só: alterado pela Lei 12.654/2012, estabeleceu o mesmo
art. 5.º da Lei 12.037/2009 que, se estiver fundamentada na
imprescindibilidade para as investigações policiais, assim
reconhecido por decisão judicial (art. 3.º, IV, da Lei
12.037/2009), a identificação criminal poderá incluir, também, a
coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético
do indivíduo.

Pela relevância do assunto, remetemos o leitor ao item 4.5.1


deste Capítulo, no qual o abordamos com maior profundidade.

O art. 6.º, VIII, do CPP, em sua parte final, refere-se à


juntada aos autos da folha de antecedentes, como tal
compreendida a ficha que contém a vida pregressa criminal do
investigado. Tratando-se de providência policial, essa folha
conterá apenas a relação dos inquéritos policiais já instaurados
em relação ao indivíduo, não inserindo dados relativos a
processos criminais – estes constarão de certidão que
normalmente é exarada pelo setor de distribuição do Foro tão
logo o inquérito aporta ao Poder Judiciário.

Questão importante respeita à consideração da folha de


antecedentes policiais pelo juiz no momento da fixação da pena-
base, em atenção à regra do art. 59 do Código Penal. Não existe
esta possibilidade. Embora, no passado, o assunto tenha sido
objeto de controvérsias, na atualidade o STF firmou o
entendimento de que “não bastam para o agravamento da pena ações
penais ou inquéritos policiais ainda em curso”10. Não é
diferente no STJ, onde editada a Súmula 444 dispondo que “é
vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em
curso para agravar a pena-base”.

IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de


vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua
atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele,
e quaisquer outros elementos que contribuírem para a
apreciação do seu temperamento e caráter.
Identificação da necessidade de prisão preventiva ou das demais
medidas cautelares aplicáveis. Necessidade de fundamentação, com
base no artigo 315.
Dosimetria da pena (art. 59 CP) – antecedentes, conduta social.

X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas


idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de
eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela
pessoa presa.
Marco Civil da infância e da Juventude – prisão da mãe única
responsável por menores. “A pena não passará da pessoa do réu” –
os filhos sofrem as consequências da prisão do responsável.
Essas informações colhidas serão levadas à autoridade policial
para que se avalie a conveniência da prisão cautelar – art. 318,
V e VI.
Repercussão que transpassa a pessoa do acusado.
trata-se de previsão inserida ao Código de Processo Penal pela
Lei 13.257, de 08.03.2016, estabelecendo mais uma providência a
ser cumprida pelo Delegado de Polícia logo depois de tomar
ciência da prática de infração penal. Como se infere da parte
final do dispositivo, a imposição legal respeita à hipótese de
pessoa presa, muito especialmente, segundo pensamos, no caso de
flagrante, caso em que as informações em questão deverão constar
do respectivo auto de prisão. Sem embargo, considerando os
objetivos da Lei 13.257 – estabelecimento de políticas públicas
de caráter protetivo – não fica excluída, pois a lei não faz
ressalva, a situação do indivíduo segregado por força de mandado
expedido pelo juiz a partir de representação da autoridade
policial no curso do inquérito. Quanto ao objetivo dessa
disciplina, é, principalmente, dar conhecimento às demais
autoridades que atuam na persecução criminal (juiz e Ministério
Público) e à defesa constituída, nomeada ou pública do preso,
sobre a existência de filhos, menores ou portadores de alguma
deficiência, a fim de que possam ser requeridas ou adotadas as
medidas necessárias para que não permaneçam eles sem assistência
e responsável no período em que o pai ou a mãe estiverem
contidos.

Mais recentemente, a Lei 13.344, de 06.10.2016, dispondo sobre a


prevenção e repressão ao tráfico interno e internacional de
pessoas, introduziu no Código de Processo Penal o art. 13-A,
estabelecendo que, na investigação dos crimes de sequestro e
cárcere privado (art. 148 do CP), redução a condição análoga à
de escravo (art. 149 do CP), tráfico de pessoas (art. 149-A do
CP), extorsão praticada mediante restrição da liberdade da
vítima (art. 158, § 3.º, do CP), extorsão mediante sequestro
(art. 159 do CP) e tráfico de crianças e adolescentes para o
exterior (art. 239 da Lei 8.069/1990), o delegado de polícia (e
também o membro do Ministério Público) poderá requisitar, de
quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa
privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de
suspeitos, devendo a requisição ser atendida no prazo de vinte e
quatro horas. Tal previsão teve por objetivo dispor à autoridade
policial os instrumentos que lhe facilitem a obtenção, com o
máximo de celeridade e eficácia possível, das provas necessárias
à elucidação do fato sob investigação.

Alerta-se que esta faculdade agora estabelecida para a


autoridade policial no art. 13-A do CPP não é, propriamente, uma
novidade no processo penal brasileiro, pois já contemplada,
anteriormente, em outros diplomas, tais como no art. 17-B da Lei
9.613/1998 (lavagem de dinheiro), no art. 15 da Lei 12.850/2013
(organizações criminosas) e, de modo geral, no art. 2.º, § 2.º,
da Lei 12.830/2013 (investigação criminal).

E também é necessário atentar ao fato de que o citado art. 13-A


ao inserir a possibilidade de obtenção, à revelia de ordem
judicial, de dados e informações cadastrais (aquelas que se
referem à identidade da pessoa visada – nome, nacionalidade,
estado civil, profissão, filiação, domicílio, entre outros),
veio ao encontro da orientação há muito consolidada nos
tribunais no sentido de que é lícito ao delegado (também ao
Ministério Público e até mesmo a Comissões Parlamentares de
Inquérito) obter, mediante requisição própria, outros elementos
que não se insiram no âmbito da vida privada das pessoas, tais
como data e horário de chamada telefônica, número do telefone
chamado, agenda eletrônica de aparelho celular, histórico de
chamadas etc. Logicamente, não se inserem no permissivo
situações que impliquem violação à intimidade, tais como a
captação de diálogos telefônicos, a interceptação de e-mail,
WhatsApp ou SMS em curso etc.

E não é só isto: também introduzido no Código de Processo Penal


pela Lei 13.344/2016, dispõe o art. 13-B sobre a possibilidade
de o delegado de polícia, assim como o Ministério Público, na
atividade de prevenção e repressão do tráfico de pessoas,
“requisitar, mediante autorização judicial, às empresas
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como
sinais, informações e outros – que permitam a localização da
vítima ou dos suspeitos do delito em curso”. Apesar da boa
intenção do legislador, não passa em branco a impropriedade
legislativa incorporada ao dispositivo, na medida em que
legitima a autoridade policial e o MP a proceder a uma
“requisição”, desde que precedida de “autorização judicial”. Tal
cenário, interpretada a lei na sua letra fria, insere um
verdadeiro paradoxo, pois não há sentido algum em facultar um
poder requisitório (lembre-se que requisição é termo empregado
pelo Código de Processo Penal com o sentido de exigência ou
determinação), que poderá ser utilizado apenas se houver prévia
autorização judicial. É, contudo, o que apregoa o texto legal.
Na sequência, consagra o mesmo artigo, agora em seu § 4.º, que,
se, provocado o juízo a tal autorização, este não se manifestar
no prazo de doze horas, possibilita-se à autoridade competente
(delegado e Ministério Público) proceder à aludida requisição
mesmo sem a prévia ordem judicial, sem embargo da obrigação de
comunicar tal procedimento, imediatamente, ao juiz. Conforme
muito bem refere Henrique Hoffmann Monteiro de Castro, “cuida-se
de cláusula de reserva de jurisdição temporária, verdadeira
inovação no mundo jurídico, em que o decurso de lapso temporal
(bastante apertado – 12 horas) faz desaparecer a necessidade de
autorização judicial. Trata-se de previsão dúplice, exigindo-se
no início ordem judicial e passando a dispensá-la pelo decurso
de tempo”

Art. 7o  Para verificar a possibilidade de haver a infração sido


praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá
proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não
contrarie a moralidade ou a ordem pública.
Permite identificar os detalhes com que o crime foi praticado.
Ex.: Caso da Isabela Nardoni – prova pericial de reconstituição
do crime por intermédio do lançamento de um boneco com
características parecidas à criança para entender as
circunstâncias do crime.
Ex2.: caso PC Farias (pesquisar).
Tecnica policial usada para coletar elementos que servem tanto à
acusação como à defesa.
PARTE FINAL – “desde que esta não contrarie a moralidade ou a
ordem pública” – existem modalidades de crimes que não comportam
a reconstituição. Ex.: estupro
Papel do suspeito/indiciado/réu nesses casos (em que pese não
estar obrigado a produzir provas contra si).

Além de todas as diligências e providências previstas no art. 6.º


do CPP, prevê o art. 7.º que a autoridade policial poderá
proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não
contrarie a moralidade ou a ordem pública.

Trata-se da reconstituição do crime, feita, se possível, com a


colaboração do réu, da vítima e de eventuais testemunhas, cujo
objetivo é constatar a plausibilidade das versões trazidas aos
autos, identificando-se a forma provável de como o crime foi
praticado.

Esta diligência é importante fonte de prova, sobretudo no caso


de crimes com violência à pessoa, podendo ser realizada no
curso do inquérito policial a partir da própria iniciativa do
delegado de polícia, ou por meio de requisição do Ministério
Público, ou ainda a requerimento dos interessados (investigado
e ofendido). Veja-se que o art. 14 do CPP expressamente dispõe
que o ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou
não, a juízo da autoridade.

Embora silente o Código de Processo Penal, nada obsta que a


reprodução simulada dos acontecimentos seja efetivada,
também, no curso do processo e até mesmo durante os
julgamentos pelo júri, ordenada pelo juiz a requerimento das
partes ou mediante provocação dos jurados.

O réu não está obrigado a fazer parte do ato, quer dizer, a dele
participar. Neste sentido, há muito tempo está consolidado o
entendimento do STF, decidindo que “aquele que sofre
persecução penal instaurada pelo Estado tem, dentre outras
prerrogativas básicas (...) o direito de se recusar a participar,
ativa ou passivamente, de procedimentos probatórios que lhe
possam afetar a esfera jurídica, tais como a reprodução
simulada (reconstituição) do evento delituoso e o fornecimento
de padrões gráficos ou de padrões vocais para efeito de perícia
criminal”16.

Discute-se quanto à necessidade de intimação do investigado ou


de seu advogado para acompanhar a diligência quando
realizada na fase do inquérito. Há duas correntes a respeito,
alguns entendendo necessária essa intimação, sob pena de
afronta à garantia constitucional da ampla defesa, enquanto
outros, opostamente, sustentam ser dispensável essa
comunicação, pois a fase das investigações policiais não se
pauta pelos princípios do contraditório e da ampla defesa.
Compartilhamos desta última posição. É claro que, se
determinada a reprodução simulada por ordem do juiz no curso
do processo, a intimação da defesa é condição imprescindível
para a validade da prova, já que, nessa etapa, as garantias do
contraditório e da ampla defesa vigoram em sua plenitude.
Observe-se que reconstituição é providência que não se
confunde com levantamento do local do fato. A primeira,
prevista no art. 7.º do CPP, importa em reproduzir, mediante
simulação, a forma como ocorreu o crime, com participação dos
próprios envolvidos ou utilização de terceiros em representação
a eles. Já o segundo, contemplado nos arts. 6.º, I, 164 e 169 do
CPP, consiste no exame do lugar onde foi praticada a infração
penal, extraindo-se fotografias, realizando-se desenhos e
produzindo-se esquemas elucidativos desse local.

Relevante mencionar que a reconstituição deve ser realizada


com vistas a reproduzir a sequência de atos e fatos que fizeram
parte da prática delituosa. Destarte, se o crime não possui um
iter criminis relativamente complexo, não se justifica a
simulação. É o caso, por exemplo, de ter sido localizada na casa
do agente, em operação de busca e apreensão, determinada
quantidade de droga, sendo ele preso em flagrante. Nesta
hipótese, tratando-se o delito em questão de crime permanente,
aferível de plano, não há qualquer razão de ordem prática ou de
interesse processual que justifique a sua reprodução, a menos
que se queira reconstituir o momento da prisão em flagrante,
para o que, evidentemente, não se presta a medida do art. 7.º do
CPP, que tem em vista a conduta delitiva em si.

Note-se, por fim, que a reprodução simulada é vedada quando


importar em ofensa à moralidade, como, por exemplo, a
reconstituição de crime contra a dignidade sexual, ou em ofensa
à ordem pública, como a reconstituição de um homicídio, com
utilização da pessoa do réu, em localidade interiorana na qual a
população ainda se encontre extremamente revoltada em face
do crime praticado.

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