Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
8. INQUÉRITO POLICIAL
CARACTERÍSTICAS:
Escrito: De acordo com o artigo 9º do Código de Processo Penal, todas as peças de Inquérito Policial
serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, nesse caso, rubricadas pela
autoridade, portanto, a forma oral não é observada. “A forma do inquérito sempre será escrita,
porque todos os atos praticados no âmbito dele devem ser documentados em termos, laudos, autos
etc., que são as chamadas peças do inquérito” (Antônio Alberto Machado. Curso de processo penal.
São Paulo: Atlas, 2009, p.5)
Sigiloso: Segundo o artigo 20 do Código de Processo Penal, a autoridade assegurará no inquérito o
sigilo necessário à elucidação do fato exigido pelo interesse da sociedade. O parágrafo único do
referido artigo reza que nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade
policial não poderá mencionar quaisquer informações referentes a instauração de inquérito contra
os requerentes, salvo caso de existir condenação anterior.
Inquisitivo - Sem contraditório. “No inquérito policial não existe contraditório (que só existe a partir
da ação penal ou atualmente em sede de juizados criminais, na audiência preliminar). A
intervenção do Ministério Público em sede de inquérito policial é a título de custos legis”. (Valter
Kenji Ishida. Processo Penal. São Paulo: Atlas, 2009, p.45) - Pedidos podem ser indeferidos (art. 14,
CPP) O Inquérito Policial, como o próprio nome diz, é inquisitorial. Segundo Romeu de Almeida
Salles Junior ele é inquisitivo pelo fato de a autoridade comandar as investigações com certa
discricionariedade, ou seja, como melhor lhe prover.
8.1 – ORIGEM
Grécia antiga (Atenas) – apuração probidade individual e familiar dos magistrados
Roma – “inquisito” poder dado à vítima pelo magistrado para investigar o crime
“O surgimento do inquérito no direito brasileiro se deu com a reforma processual de 1871, por
meio da Lei nº 2.003, cujo regulamento nº 4.828, em seu art. 42, estabelecia que o inquérito
consiste na realização de “todas as diligências necessárias para o descobrimento dos factos
criminosos, de suas circunstâncias e dos seus autores e cúmplices”. Por meio da reforma processual
de 1871, o processo penal brasileiro rompeu com o “policialismo judiciário” que havia se instalado
30 anos antes, em 1841, e que atribuía funções judiciárias à polícia. Assim, com a reforma
processual, a polícia assumiu funções puramente investigatórias, desenvolvidas no âmbito desse
procedimento que passou a se chamar inquérito policial”.
8.2 – CONCEITO E FINALIDADE
“É o conjunto de diligências realizadas pela polícia judiciária para a apuração de uma infração penal
e de sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo (CPP, art. 4º). Trata-
se de procedimento persecutório de caráter administrativo instaurado pela autoridade policial.”
(Tourinho Filho)
8.3 – CARÁTER INQUISITIVO
A investigação é conduzida pela autoridade policial com discricionariedade e segundo sua
conveniência. Não há contraditório. “... quer agindo discricionariamente, quer atuando
estritamente vinculada à lei, mantém a autoridade policial ao réu, como objeto de investigação, e
não como sujeito ou titular de direitos.” (José Frederico Marques)
8.4 – NATUREZA CAUTELAR
Busca provas indispensáveis para que o autor da ação penal (pública ou privada) atinja os objetivos
que é a punição do autor do delito. A colheita dessas provas por ocasião da ação penal poderia ser
inviabilizada.
8.5 – VALOR PROBATÓRIO
Há duas correntes:
1ª corrente: apenas uma peça meramente informativa, o qual coloca o Ministério Público ao par do
fato delituoso.
2ª corrente: o juiz pode basear o seu livre convencimento nas peças do inquérito, no entanto,
existe necessidade de que o mesmo tenha sido bem elaborado, com os atos investigatórios
realizados de maneira legal, sem falhas e omissões. As provas colhidas na fase policial, porém,
serviram de base ao livre convencimento do juiz, no entanto, não poderão entrar em contradição
com as provas colhidas na instrução.
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos
na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela
Lei nº 11.690/2008)
Para Antônio Alberto Machado “Seja como for, a regra é dizer que o inquérito tem valor probante
relativo que, por isso mesmo, os elementos de provas nele reunidos não poderiam, por si sós,
sustentar uma eventual condenação do réu. Isso, porém, não exclui a possibilidade de o juiz
decretar a condenação assentando as suas convicções em alguns dos elementos de prova
constantes do inquérito. Desde que não decida exclusivamente com base nesses elementos, o juiz
poderá fundamentar a sua decisão condenatória naquelas provas produzidas no inquérito que
guardem coerência com as demais provas do processo e que, portanto, estabeleçam uma
ressonância com todo o quadro probante”. (p.82)
8.6 – NULIDADES
Inquérito não é processo. É procedimento. Nulidades são próprias do processo. “Considerando o
Inquérito no seu todo, poderá haver irregularidades, mas não nulidades, que são próprias do
Processo.” (GARCIA, p.11) Pode haver nulidade de peças como perícia por exemplo.
8.7 – DESNECESSIDADE
Art.12, 27 e 39, § 5º, 46 § 1º CPP.
A Lei 4.898, que disciplina a repressão ao abuso de autoridade, admite a denúncia à vista da
representação da vítima.
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de inquérito policial ou justificação por
denúncia do Ministério Público, instruída com a representação da vítima do abuso
8.8 – INDICIADO
“Indiciado é a pessoa eleita pelo Estado-investigação, dentro da sua convicção, como autora da
infração penal. Ser indiciado, isto é, apontado como autor do crime pelos indícios colhidos no
inquérito policial, implica um constrangimento natural, pois a folha de antecedentes receberá a
informação, tornando-se permanente, ainda que o inquérito seja, posteriormente, arquivado.
Assim, o indiciamento não é um ato discricionário da autoridade policial, devendo basear-se em
provas suficientes para isso”. (Nucci, p.157)
“No Inquérito Policial não há acusação. Também não existe acusado, ou réu, mas simplesmente
indiciado, que não chega a ser sujeito, ou titular de direito, mas apenas objeto de investigações.
Entretanto, necessária se torna distinção entre indiciado e simples suspeito, pois enquanto o
primeiro é aquele tido como provável autor da infração, o segundo é apenas a pessoa a quem pode
ser atribuída a prática delituosa, sem maiores indagações probatórias.” (Ismar Estulano Garcia)
Averiguado →Indiciado→Acusado (com o oferecimento de denúncia) →Réu → (recebimento da
denúncia) → Condenado (com a sentença condenatória)
8.9 – PODERES DE AUTORIDADE
As atribuições persecutórias conferidas à autoridade policial que goza de certo poder discricionário,
não conferem a ela o direito de agir ilegalmente. Deverá evitar excesso que configuraria abuso de
autoridade. Pode, entretanto, indeferir determinadas diligências requeridas pelo indiciado sem que
tal atitude implique em abuso de autoridade.
8.10 – DESTINAÇÃO
O Poder Judiciário observada a competência. O juiz após receber o Inquérito Policial concederá
vista ao Ministério Público (crimes de ação penal pública) e para o querelante (nos crimes de ação
penal privada). (art. 19, CPP)
“Em se tratando de crime de ação privada, os autos de Inquérito poderão ser entregues ao
requerente, mediante traslado, ou remetido ao Juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do
ofendido ou de seu representante legal. Se o ofendido, pelo seu procurador, receber os autos de
Inquérito e apresentar queixa, deverá a ela anexar o Inquérito. Se o Inquérito for remetido ao
Judiciário, deverá oferecer queixa, postulando a autuação dela anexa ao Inquérito. Sendo a ação
privativa do ofendido, recebendo ele os autos de Inquérito e não pretendendo intentar queixa,
poderá guardá-lo, destruí-lo ou dar-lhe qualquer outro fim.” (Ismar Estulano Garcia)
8.11 – DEVOLUÇÃO
Art. 16 CPP A regra, por analogia deverá ser aplicado ao ofendido, na hipótese de Ação Penal
Privada (Mirabete)
8.12 – ARQUIVAMENTO
Pedido de arquivamento é privativo do titular da ação penal.
O deferimento do arquivamento requerido é faculdade e não obrigação;
Se o juiz não concordar com o requerimento de arquivamento enviará os autos do inquérito ao
Procurador-Geral de Justiça que poderá designar outro promotor ou devolverá os autos ao Juízo
competente recomendando o arquivamento que acatará a recomendação; (art. 28 CPP);
O juiz recorrerá de ofício sempre que arquivarem autos de inquérito policial referentes a crime
contra a economia popular ou contra a saúde pública (art. 7º, da Lei nº 1.521, de 26/12/51)
Ocorrendo alguma forma de extinção da punibilidade o Juiz poderá determinar o arquivamento
(art. 61, CPP);
À autoridade policial é vedado o arquivamento do Inquérito Policial, mesmo que verifique não ser o
fato típico. (art. 17, CPP)
A decisão judicial que defere o pedido de arquivamento dos autos não faz coisa julgada material, já
que o art. 18, CPP permite que a autoridade policial proceda a novas pesquisas. Insta observar que
tal prova deve ser substancialmente nova. (Valter Kenji Ishida, p.53) A decisão judicial de
arquivamento é irrecorrível.
8.12.1 – Encerramento
(1) Normal – com o relatório da autoridade policial (CPP, art. 10 §§ 1º e 2º).
(2) Anormal – concessão de habeas corpus pelo Poder Judiciário, determinando o trancamento do
inquérito policial por falta de justa causa (art. 648, I, CPP)
(a) – atipicidade do fato investigado.
(b) – extinção da punibilidade.
(c) – indiciado menor de 18 anos.
8.13 – REABERTURA
Súmula 524 do STF “arquivado o inquérito policial por despacho do juiz, a requerimento do
promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas.” O despacho em que se
arquiva o inquérito policial a pedido do Ministério Público é irrecorrível.
8.14 – EXAME PRELIMINAR DA NOTÍCIA CRIME
Art. 6º, CPP
8.15 – FORMAS DE INSTAURAÇÃO
(Portaria – despacho ordenatório e auto de prisão em flagrante) Analisada qual a natureza do
delito, se é publica incondicionada, pública condicionada ou privada. Deve-se saber qual
modalidade de instauração do inquérito policial, pois ela varia de acordo com natureza do crime,
ato infracional ou contravenção, pois, o inquérito policial, conforme o caso pode ser instaurado de
ofício por portaria da autoridade policial e pela lavratura de flagrante, mediante representação do
ofendido, por requisição do juiz ou do Ministério Publico e por requerimento da vítima.
a) nos crimes de ação pública:
a.1) incondicionada (art. 102 CP) - de ofício (art. 5º, I, CPP) sem provocação; - requisição da
autoridade judiciária (art. 5º, II, CPP) - requisição do MP (art. 5º, II, CPP) - Requisição do
Ministro da Justiça (art. 5º, II, CPP)
a.2) condicionada - representação do ofendido ou de quem o represente e do Ministro da
Justiça (§ 4º, art. 5º, CPP)
b) nos crimes de ação privada:
- mediante requerimento do ofendido ou de quem o represente (art. 5º § 5º, CPP)
para apurar a prática do crime de violação de direito autoral (art. 184, § 2.º, CP), pelos seguintesm
otivos:
1. O requerente é autor do romance intitulado ____, a ser publicado pela editora ____, em breve,
conforme contrato de edição celebrado no dia ____ (cópia anexa). Ocorre que, nesta data, tomou
conhecimento de estar sendo sua obra impressa e distribuída pela editora ____, situada nesta cidade, na
ua ____, n.o ____, com a qual não possui contrato, nem lhe foi entregue cópia do trabalho para ser
publicado.
2. Agindo os proprietários da editora não autorizada, ____ (qualificação) e ____ (qualificação), com o
ntuito de lucro, cuida-se de ação pública incondicionada, propiciando a atuação e intervenção de
Vossa Senhoria, inclusive para o fim de busca e apreensão dos exemplares produzidos sem minha
expressa concordância.
Termos em que, colocando-me à disposição para ser formalmente ouvido, bem como indicando abaixo
testemunhas do ocorrido,
Pede deferimento.
Comarca, data.
_______________
Vítima
Testemunhas:
_______________ (qualificação)
_______________ (qualificação)