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Definição
O inquérito policial é o procedimento de
polícia judiciária destinado a apurar a
verdade real de um fato supostamente
criminoso. Destina-se a reunir os
elementos necessários (provas) à
apuração da prática de uma infração
penal e sua autoria (autoria e
materialidade).[1] Previsto nos artigos 4º
a 23 do CPP, é o instrumento formal de
investigações, compreendendo o
conjunto de diligências realizadas por
agentes da autoridade policial e também
por ela mesma (delegado de polícia)
para apurar o fato criminoso e descobrir
sua autoria ou a atipicidade ou alguma
causa excludente de ilicitude ou de
culpabilidade. Em suma, é a
documentação das diligências efetuadas
pela polícia judiciária, conjunto ordenado
cronologicamente e autuado das peças
que registram as investigações.
Hipóteses de Desnecessidade
do Inquérito Policial
Considerando que "o inquérito policial é
um procedimento de caráter
administrativo, conduzido pela polícia
judiciária e voltado à colheita preliminar
de provas para apurar a prática de uma
infração penal e sua autoria",[9] conclui-
se que, nos casos em que o titular da
ação penal – Ministério Público ou
ofendido – dispõe, independentemente
da atuação da polícia judiciária, de
elementos suficientes para o
oferecimento da peça acusatória, o
inquérito policial é dispensável.
As comissões parlamentares
de inquérito, que terão
poderes de investigação
próprios das autoridades
judiciais, além de outros
previstos nos regimentos das
respectivas casas, serão
criadas pela Câmara dos
Deputados do Brasil e pelo
Senado Federal do Brasil, em
conjunto ou separadamente,
mediante requerimento de um
terço de seus membros, para a
apuração de fato determinado
e por prazo certo, sendo suas
conclusões, se for o caso,
encaminhadas ao Ministério
Público, para que promova a
responsabilidade civil ou
criminal dos infratores.
Natureza Inquisitiva do
Inquérito Policial
A doutrina afirma que o inquérito policial
tem natureza inquisitiva, sendo
caracterizado como processo
investigatório em que não vigora direito
ao contraditório. Embora o contraditório
seja assegurado como direito expresso
na Constituição Federal, conforme o
artigo 5º, inciso LV da Constituição
brasileira de 1988, não se pode aplicá-lo
no inquérito, pois este não se trata de
processo e nele não figura o personagem
acusado. "A finalidade do inquérito não é
punitiva, mas investigatória, para trazer
informações consistentes que permitam,
ao titular da ação penal, exercer o jus
persequendi in judicio."[12]
Os princípios do contraditório
e da ampla defesa não se
aplicam ao inquérito policial,
que é mero procedimento
administrativo de
investigação inquisitorial"
— STJ, 5ª T., rel. Min. Gilson Dipp,
j. 27-5-2003, DJ, 4 ago. 2003, p.
327.
Elementos migratórios no
processo penal
Os elementos migratórios no processo
penal são aqueles que servirão como
argumento à sustentação da sentença
penal condenatória, extraídos a partir do
inquérito policial ou durante o seu
prosseguimento.
Encerramento do Inquérito
Policial
Após o término das investigações
criminais, para proceder ao
encerramento do inquérito, caberá, ao
delegado, realizar um relatório contendo
descrição minuciosa das diligências
realizadas, bem como das testemunhas
ouvidas e a indicação das pessoas que
não foram ouvidas mas possuem
importância ao inquérito. Segundo
Mirabete, não cabe, à autoridade, na sua
exposição, emitir qualquer juízo de valor,
expender opiniões ou julgamento, mas
apenas prestar todas as informações
colhidas durante as investigações e as
diligências realizadas. Pode, porém,
exprimir impressões deixadas pelas
pessoas que intervieram no inquérito.
Entende-se que, se há provas tanto a
favor quanto contra o indiciado, deve, a
autoridade, em fundamentação, proceder
ao indiciamento, haja visto o princípio do
in dubeo pro societate ("na dúvida, julgar
a favor da sociedade").
Arquivamento do Inquérito
Policial
Encerrada a investigação criminal, em se
tratando de delito cuja ação penal é de
iniciativa privada, os autos de inquérito
deverão ser encaminhados para o juízo
competente e, de acordo com Lopes
(2010 p.291/292):
Em vista do fato de só
restarem as opções ao juiz de
decidir conforme o
requerimento do parquet, ou,
no máximo, encaminhar os
autos à chefia do Ministério
Público, a quem caberá a
palavra final, que, caso seja
pelo arquivamento, este se
dará obrigatoriamente, resta
evidente que o magistrado,
aqui, só efetiva um controle,
de forma a possibilitar o
reexame da matéria pela
Administração Superior do
Ministério Público. Assim,
podemos afirmar que, na
verdade, em última análise, o
arquivamento é determinado
pelo Ministério Público, sendo
o crivo judicial somente de
controle intermediário entre o
promotor e o Procurador-
Geral, para melhor aferição
do princípio da
obrigatoriedade da ação
penal pública, e a decisão de
arquivamento, por outro lado,
se constitui em mera
determinação de se 'enviar os
autos ao arquivo'.[...]
O silêncio do Ministério
Público em relação a
acusados cujos nomes só
aparecem depois em
aditamento à denúncia não
implica arquivamento quanto
a eles. Só se considera
arquivado o processo com o
despacho da autoridade
judiciária (CPP, art.18) (RT
691/360).[18]
Bibliografia
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Referências
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janeiro de 2021
9. NUCCI, Guilherme de Souza. Código
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ed. São Paulo: RT, 2004, p. 67.
10. 2 LIMA, Renato Brasileiro de. Curso
de Processo Penal. 1ª ed. Rio de
Janeiro: Impetus, 2013, p. 79.
11. 3 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Juizados
especiais criminais: comentários,
jurisprudência, legislação. 3ª ed. São
Paulo: Atlas, 1998, p. 62.
12. TOURINHO FILHO, Fernando da
Costa. Manual de Processo Penal. 16
ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p.114.
13. CAPEZ, Fernando. Curso de
Processo Penal. 19 ed. São Paulo:
Saraiva, 2012. p. 119).
14. CAPEZ, Fernando. Curso de
Processo Penal. 19 ed. São Paulo:
Saraiva, 2012. p. 119.
15. TOURINHO FILHO, Fernando da
Costa. Manual de Processo Penal. 16
ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 116.
16. ALENCAR, Rosmar Rodrigues;
TÁVORA, Nestor. Curso de Direito
Processual Penal. 8 ed. São Paulo:
Juspodivm, 2013. p.106.
17. TOURINHO, Fernando. Direito
Processual Penal, Pág. 275. Ed
Saraiva, 2008.
18. LIMA, 2009, p.131.
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