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AÇÃO PENAL

UNIDADE I

PERSECUÇÃO PENAL E INQUÉRITO POLICIAL (ART. 4º A 23, DO CPP)

1.Considerações preliminares

 Persecução penal – praticado um fato definido como infração penal, surge para o Estado o jus puniendi, que só pode ser
concretizado pelo processo penal. Para que se proponha a ação penal é necessário que o Estado disponha de um mínimo de
elementos probatórios que indiquem a ocorrência de uma infração penal e de sua autoria (autoria + materialidade).

Jus puniendi= poder/ direito de agir


Entretanto deve, o termo ser interpretado como DEVER de agir do estado, pois, este não pode
escolher o que pode ou não vir a ser punido

A persecução penal: só pode ser concretizada através de um processo penal, todavia, para propor este processo penal é necessário
que o estado disponha de um mínimo de elementos probatórios que indiquem a ocorrência de uma infração penal e de sua autoria.
Em suma: elementos de autoria e materialidade
Ex: - Quem é o autor do crime? (autoria)
- Qual foi o crime praticado? (materialidade)

 Meio adequado – o meio mais comum, embora não exclusivo, para a colheita desses elementos é o inquérito policial.
De que forma o estado consegue os elementos probatórios? = Através do IP

 Objeto do inquérito policial – tem este por objeto a apuração de fato que configure infração penal e a respectiva autoria, para
servir de base à ação penal ou às providências cautelares.
Ex: - Busca e apreensão
- Decretação de prisão preventiva e/ou temporária
O objeto do IP: É a colheita de elementos probatórios (autoria e materialidade) que irão embasar uma futura ação penal,
que por sua vez irão embasar um futuro processo penal

INQUÉRITO POLICIAL

 Conceito de inquérito policial – trata-se de um procedimento preparatório da ação penal, de caráter administrativo, conduzido
pela polícia judiciária e voltado à colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma infração penal e sua autoria. Seu
objetivo precípuo é a formação da convicção do representante do Ministério Público, mas também a colheita de provas urgentes,
que podem desaparecer, após o cometimento do crime, bem como a composição das indispensáveis provas pré-constituídas que
servem de base à vítima, em determinados casos, para a propositura da ação privada. Em suma, inquérito policial é todo
procedimento policial destinado a reunir os elementos necessários à apuração da prática de uma infração penal e de sua autoria.

Como dito anteriormente o inquérito se destina a colher os elementos de autoria e materialidade, porém, é importante ressaltar que
o inquérito policial NÃO É um processo, e sim um PROCEDIMENTO administrativo (ou seja, vem antes da ação penal e/ou do
processo penal)
O IP não serve apenas para colher elementos de auto. e mat. é utilizado também para embasar a convicção do
ministério público, visto que, é através das provas colhidas no IP que o ministério público vai se basear para oferecer a denúncia e
por sua vez iniciar o processo penal

Quanto as informações trazidas pelo IP, não somente o ministério público irá desfrutar destas para propositura da ação penal, a
vítima (em caso de ação penal privada) pode se utilizar dos elementos colhidos no IP para oferecimento de ação penal através da
queixa crime
Em suma, pode ser utilizada por:
- Ministério público (parte acusadora da ação penal pública)
- Vítima (parte acusadora da ação penal privada)

Trata-se de uma instrução provisória, preparatória e informativa em que se colhem elementos, por vezes difíceis de obter na
instrução judicial, como o auto de flagrante, exames periciais etc.
É uma instrução:
- Provisória
- Preparatória
- Informativa
 Competência – art. 4º, CPP – cabe à polícia judiciária, exercida por autoridades policiais, a atividade destinada à apuração das
infrações penais e da autoria por meio preliminar ou preparatória à ação penal.

 Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de


suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua
autoria. (Redação dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995)

É competente para instaurar e presidir IP o delegado de polícia (polícia civil), então é o delegado de policia que irá: a) instaurar;
b) presidir; e c) desenvolver este IP

 Competência não exclusiva – os atos de investigação destinados à elucidação dos crimes não são exclusivos da polícia
judiciária, ressalvando, expressamente a lei, a atribuição concedida legalmente a outras autoridades administrativas (art. 4º,
parágrafo único, CPP).
Significa que atos de investigação não são destinados exclusivamente a polícia judiciária (delegado de polícia e polícia civil), pois
é previsto em lei a possibilidade de outras autoridades administrativas realizarem a dita investigação.
Em suma a competência não exclusiva é a possibilidade de uma investigação realizada por outras autoridades que não o
delegado de polícia, todavia, se refere a outros tipos de inquérito. Ex: I administrativos; I civis.

OBS: O IP só poderá ser, presidido; instaurado e desenvolvido, por DELEGADO DE POLÍCIA juntamente com seus
investigadores e subordinados

 Quem são essas outras autoridades administrativas?


- Oficiais militares (IP militar)
- Chefes de repartições públicas ou corregedores permanentes (sindicâncias e processos administrativos)
- Promotores de justiça (IC)
- Funcionários de repartição florestal e de autarquias com funções correlatas (IP florestal)
- Parlamentares (CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito)
- Etc.
Os exemplos referem-se a investigações paralelas a investigação feita pela polícia civil (IP)

Destinatários: A quem se destina o IP


 imediato – é o Ministério Público (no caso de crime que se apure mediante ação penal pública (condicionada ou
incondicionada) ou o ofendido (na ação penal privada);
Seria este o destinatário PRINCIPAL (que tem maior interesse nas
informações colhidas no IP)
 mediato – é o juiz, que nele também pode encontrar fundamentos para julgar (art. 12, CPP).
Destinatário SECUNDARIO, tem interesse ao a ordem de
prioridade favorece o MP

Visto que no momento da sentença irá este utilizar-se não somente das provas produzidas na fase de IP, mas também das provas
produzidas na fase de processo penal (ação penal)

CARACTERISTICAS DO INQUÉRITO POLÍCIAL


Natureza – o inquérito policial tem natureza escrita, sigilosa e inquisitiva.
 Escrita, ou seja, a forma oral não é aceita
Embora alguns elementos do IP se deem de forma oral (ex: oitiva da vítima e testemunhas) este ato deve ser escrito, para
que haja sua materialização/ documentação – ainda que o ato seja oral deve ser materializado (de forma escrita)

 Se o inquérito se destina a fornecer ao autor da ação penal os elementos necessários para o seu exercício e também a
dar embasamento probatório suficiente para que a ação penal tenha justa causa é evidente que obedece a forma escrita.
 Art. 9º, CPP – “todas as peças do inquérito policial serão num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e
neste caso, rubricadas para autoridade”.
 Pode ser manuscrito? – não há vedação, sim, pode.

Sigilosa – referente ao sigilo


 Na investigação da infração penal e sua autoria, a polícia judiciária não dará publicidade de seus atos.
 Objetivos – preservar a prova material do delito, a garantia da oitiva do ofendido e das testemunhas, a apreensão do instrumento
ou objeto relacionado com a infração penal etc.
Se o IP se destina a colher elementos de autoria e materialidade, não há fundamento para que ele seja público, o processo penal
sim é público, entretanto o inquérito não, pois é sigiloso. Visto que, se fosse dada a publicidade desta investigação, poderia (a
publicidade) vir a prejudicar a investigação.
 Art. 20, CPP – a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido por interesse da
sociedade.
 A ação investigatória, para que tenha sucesso, não pode sofrer qualquer ingerência do autor da infração penal, seja por si ou
por seus pares, inclusive parentes.
 O sigilo imposto no inquérito policial tem ação benéfica, profilática e preventiva, tudo em benefício do Estado e do
cidadão.
 A não decretação do sigilo poderia levar à não elucidação da infração penal, com inegável prejuízo do Direito Penal
objetivo.

Exceções ao sigilo: visto que o sigilo não é absoluto – (a regra é que haja sigilo)
 A Lei n. 8.906, de 04/07/1994 (Estatuto da OAB), estabeleceu no seu art. 7º, XIV, ser direito do advogado “examinar, em
qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de
qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em
meio físico ou digital” (Redação dada pela Lei n. 13.245, de 2016) (Súmula Vinculante 14 do STF).
Significa que, o advogado, ainda que sem procuração, pode ter acesso aos atos do IP, trata-se de um direito garantido pelo estatuto
da OAB (que é uma lei federal)
 Aqui, a lei permite que o autor do delito, por intermédio de seu advogado, acompanhe o regular andamento do processo,
tomando conhecimento das diligências já consumadas. O investigado também tem acesso aos autos do IP
 Não obriga a autoridade policial antecipar ou tornar públicas as diligências em curso, muito menos a presença do
advogado no interrogatório, na oitiva da vítima e das testemunhas, na acareação, na reconstituição etc. Isso não ofende o
princípio do contraditório e da ampla defesa, pois esses devem ser observados na fase processual, se iniciada a ação
penal.

Advogado
Tem acesso aos autos do IP, porém, só tomarão conhecimento dos autos do IP depois de realizadas as diligencias
Investigado

Inquisitiva
 No IP não se observa o contraditório e/ou a ampla defesa – pois, o indiciado não é um sujeito de direito, mas um objeto de
investigação. Não há acusações ao investigado de forma oficial, a referida acusação só ocorrera DEPOIS de iniciado o processo,
através da denúncia ou da queixa-crime
 Não há preocupação com o mérito, mas colher elementos necessários para a autoria e a materialidade.
 Embora inquisitivo, nada impede que a vítima ou o indiciado requeiram a realização de uma diligência (ainda que não seja um
sujeito de direito, o investigado e a vítima podem requerer a realização de determinadas diligências) que julguem ser necessária
para resguardar algum direito. Contudo, a realização dela dependerá do juízo de valor a ser feito por autoridade policial, tendo em
vista o poder discricionário que lhe é concedido (pode ou não o delegado de polícia deferir está diligência) (art. 14, CPP).

Valor probatório: As provas produzidas no IP tem o mesmo valor probatório que as demais apresentadas Ex: pericial;
testemunhal; documental; etc.
 Como instrução provisória de caráter inquisitivo, o IP tem valor informativo para instauração da competente ação penal.
 Nele se realizam certas provas periciais que embora praticadas sem a participação do indiciado, contêm em si maior dose de
veracidade, visto que nelas preponderam fatores de ordem técnica que são difíceis de serem deturpados.
 Têm essas provas valor idêntico ao das provas colhidas em juízo.
 As provas produzidas em sede de inquérito policial contêm elementos necessários para a propositura da ação penal e podem
influenciar no julgamento da causa.
 O inquérito policial serve para colheita de dados circunstanciais que podem ser comprovados para prova judicial e para
reforçar o que foi apurado em juízo.
 Não se pode, porém, fundamentar uma decisão condenatória apoiada exclusivamente no inquérito policial, o que
contaria o princípio do contraditório.

Vício: Se apresentado qualquer vício em sede de IP, estes não afetarão, ação penal futura. Eventualmente os vícios praticados na
fase de IP simplesmente, afetarão o próprio ato em si. Por Exemplo, se o flagrante foi viciado, esta prisão em flagrante deverá ser
relaxada, porém, não impede que seja proposta uma ação penal no futuro, apenas que o investigado não poderá mais ficar preso.
Em suma, estes vícios irão ensejar a anulação do ato do IP, mas não prejudica futura ação penal
 Sendo o inquérito policial mero procedimento administrativo/informativo e não ato de jurisdição, os vícios nele acaso existentes
não afetam a ação penal a que deu origem.
 A desobediência a formalidades legais pode acarretar a ineficácia do ato em si (prisão em flagrante, por exemplo), mas não
influi na ação já iniciada, com denúncia recebida.
 Em certas circunstâncias, eventuais irregularidades podem e devem diminuir o valor dos atos a que se refiram,
contudo, não geram nulidades suficientes para invalidar a própria ação penal subsequente.
Interatividade
A Lei n. 13.245/2016 alterou o art. 7º, da Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB), que garante ao advogado do investigado o direito de
assistir a seus clientes durante a apuração de infrações penais. Com efeito, Anderson, advogado de José, impugnou a oitiva de
duas testemunhas em fase de inquérito policial, alegando que não recebeu notificação informando dia e hora da oitiva das
referidas testemunhas em sede policial. Diante da temática apresentada, assinale a seguir a alternativa correta:
a) O sigilo do inquérito policial impede que o advogado tenha acesso aos atos já documentados em inquérito policial.
b) A referida lei impôs o dever à autoridade policial de intimar previamente o advogado constituído para os atos de investigação,
em homenagem ao contraditório e à ampla defesa.
c) A referida lei instituiu a obrigatoriedade do inquérito policial ainda que já haja provas devidamente constituídas.
d) A referida lei não impôs um dever à autoridade policial de intimar previamente o advogado constituído para os atos de
investigação.
e) A inquisitorialidade do procedimento investigatório policial é o que impede que o advogado tenha acesso aos atos já
documentados em inquérito policial.

INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

O IP irá variar sua forma de instauração de acordo com o tipo de penal, que pode ser:
- Ação Penal Pública Incondicionada (APPI)
- Ação Penal Pública Condicionada a representação ou a requisição do ministro da justiça (APPC)
- Ação Penal Privada (APP)
OBS: As formas de instauração equivalente a todas as ações penais), mas varia de uma à outra (5,4,2)

Nos casos de Ação Penal Pública Incondicionada (APPI) 5


 É com a notitia criminis (notícia do crime) que se instaura o inquérito policial, mas a lei processual disciplina a matéria
prevendo formas específicas de comunicação para o início do inquérito policial de acordo com a espécie de iniciativa da ação
penal exigida para o fato criminoso.
- Neste tipo de ação penal, o estado não precisa de manifestação da vontade para dar início ao IP, por isso é incondicionada (sem a
imposição de nenhuma condição)
 Para o crime de ação penal pública incondicionada, a atividade persecutória dos órgãos do Estado se desencadeia tão logo se
tenha ciência de sua prática, pois a ação investigatória independe da vontade da vítima ou de quem quer que seja.

O inquérito policial na APPI pode ser instaurado por:


 Portaria (de ofício); esta portaria é peça exclusiva do del. de polí. NINGUÉM além dele pode baixar uma portaria, e ele faz isto
de ofício (sem a aprovação de qualquer pessoa) ex: teve a notícia do crime e imediatamente baixa esta portaria instaurando IP
 Auto de prisão em flagrante delito; houve prisão em flag. O del. vai lavrar esta prisão em flag. através de uma peça chamada
“auto de prisão em flagrante” e será esta peça que por sua vez dá início ao IP
 Requisição da autoridade judiciária;
Significa que a vítima (ou qualquer um do povo) ao invés de levar a notícia para o del.
de polí, leve para o promotor ou para o juiz, que por sua vez irão repassar a notícia do
crime ao del. através de requisição, que será utilizada pelo del. para instaurar IP
 Requisição do órgão do Ministério Público
(Promotor ou Procurador da República);
 Requerimento do ofendido ou de quem o representar. Caso da própria vítima (que através ou não de advogado) elabora petição,
chamada de “requerimento do ofendido” e entrega ao del. para que a partir deste requerimento o del. instaure IP

Nos casos de Ação Penal Pública Condicionada (APPC) 4


OBS: neste caso a instauração de ofício NÃO pode ser utilizada
 Se a ação penal é pública, porém condicionada, é porque a lei subordinou seu exercício à presença de uma condição.
 A condição, no caso, é a representação do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo, ou é a requisição do
Ministro da Justiça.
 A atividade persecutória do Estado, nos seus dois estágios, o da investigação e o da ação penal, só pode ser desenvolvida se
houver a requisição do Ministro da Justiça ou a representação do ofendido ou quem tenha qualidade para representá-lo.
 Diante do crime de APPC, o inquérito policial só pode ser iniciado por autoridade policial se houver a oferta da
representação (art. 5º, §4º, CPP: O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá
sem ela ser iniciado).
 A representação traduz a manifestação de vontade da vítima ou de quem legalmente a represente, consentindo na
persecução do crime.
 Sem a representação, o inquérito policial não pode ser iniciado.
Por representação do ofendido ou seu representante legal:
 Para a autoridade policial – por meio de termo de representação do ofendido ou seu representante legal (+ portaria);
 Requisição da autoridade judiciária (juiz), acompanhada da representação (+ portaria);
 Requisição do Ministério Público, acompanhada da representação (+ portaria);
 Auto de prisão em flagrante delito, desde que colhida a representação. Por requisição do Ministro da Justiça: diretamente para o
delegado ou ao ministro da justiça (+ portaria);
 Requisição da PGR, desde que acompanhada da requisição do Ministro da Justiça (+ portaria);
 Requisição da PGJ desde que acompanhada da requisição do Ministro da Justiça (+ portaria);
 Requisição do Promotor de Justiça, desde que acompanhada da requisição do Ministro da Justiça (+ portaria).

Prazo para a representação:


 A partir da data em que a pessoa que estiver investida desse direito vier a saber quem foi o autor do crime, tem o prazo de 6
meses para ofertar a representação (art. 103, do CP, e art. 38, do CPP).
 O prazo que tem natureza decadencial, por isso, não está sujeito à suspensão ou interrupção. É fatal, se inobservado o prazo
legal para o exercício da representação, a consequência é a extinção da punibilidade por decadência.
Regra do prazo decadencial: art. 10 do CP Conhecimento da autoria 6 meses

Ocorrendo a decadência (causa instintiva de punibilidade) não se pode:


- Iniciar inquérito policial OBS: Termos
- Iniciar ação penal Dar queixa: oferecer representação
- O réu ser punido Retirar queixa: retratar a representação

Retratação:
 A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia (art. 25, do CPP).
Prazos: - Até o oferecimento da denúncia é possível a retratação
- Após o oferecimento da denúncia é impossibilitada a vítima de se retratar

Forma:
 A representação pode ser feita diretamente à autoridade policial ou à autoridade judiciária, ou ao MP, tanto oralmente quanto
por escrito (art. 39, CPP). Se feita oralmente será reduzida a termo (escrito).

Nos casos de Ação Penal Privada (APP) 2


 O crime será de ação privada, se no texto da lei houver a expressão “somente se processa mediante queixa”.
 Sendo crime de Ação Penal Privada, está só pode ser proposta pelo ofendido ou por quem tenha qualidade para representá-lo
(art. 30, CPP).
 E o mesmo acontecerá com o IP, só poderá ser instaurado se o ofendido ou seu representante legal assim quiserem.

Peças de instauração:
 Por requerimento do ofendido ou de quem legalmente o represente;
 Auto de prisão em flagrante delito.

 Prazo para o requerimento: a lei não diz, porém, para a queixa, a lei é taxativa seis meses, contados do descobrimento da
autoria. Dessa forma, para a instauração do IP por requerimento do ofendido, deve observar o prazo decadencial para a queixa
crime, para que o IP esteja concluído antes que ele se esgote. Conhecimento de autoria 6 meses
(para que não ocorra a extinção a punibilidade)
CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

 Iniciado o IP, com a realização das diligências necessárias (autoria e materialidade) à investigação da infração penal e da sua
autoria indicadas no artigo 6º, do CPP, sem prejuízo de outras que o caso recomendar, a autoridade policial concluirá o IP com um
relatório (peça que encerra o IP).

Endereçamento
 Artigo 10, §1º, do CPP.
 O relatório é o ato final do IP, endereçado ao juiz. Com ele, a autoridade dá por concluída a sua função de polícia judiciária.
 Ao elaborá-lo, a autoridade não poderá fazer qualquer juízo de valor sobre a culpabilidade e a antijuricidade e nem deve fazer
consideração sobre o fato em si. (só poderá o del. dizer quais as diligências realizadas; quais não puderam ser realizadas e/ou estão
pendentes, entretanto JAMAIS poderá dizer que “foi o investigado autor do crime” ou “não foi o investigado o autor do crime”)
 Obrigatoriedade do relatório.
 Embora previsto no artigo 10, §1º, do CPP, o relatório não é indispensável, pois, mesmo sem ele, a ação penal pode ser
proposta. A falta de relatório não atinge a ação penal. Não é causa de nulidade, constitui apenas irregularidade
administrativa.

Conteúdo do relatório
 Não passa de peça escrita e expositiva, na qual a autoridade policial explicita o porquê o IP foi instaurado;
 Quais foram as diligências determinadas e efetivamente cumpridas com a indicação dos autos em que se encontram
descartadas;
 Quais diligências deixaram de ser cumpridas e quais os motivos para tanto;
 Que explicite horário, mês, ano, dia, local que ocorreu a infração;
 Que distinga as pessoas ou vidas com a devida anotação de sua qualificação: vítima, testemunha, indiciado, perito etc.;
 Que indique as provas periciais realizadas na reprodução simulada;
 Que mencione todas as provas obtidas, tais como: fotografia, retrato falado, acareação etc.;
 Que diligência está em curso, com o protesto de remessa a juízo.

Prazo para a conclusão do inquérito policial


Regra geral – artigo 10, do CPP:
 10 dias para hipótese de indiciado preso em flagrante ou por prisão preventiva.
 30 dias para indiciado solto, pouco importando se em razão de fiança ou não, admitindo prorrogação. (Embora a lei não diga
qual o prazo para dita prorrogação)

Prazos especiais: esse prazo deixará de ser observado se houver previsão legal de outro prazo em legislações extravagantes
(especiais) que determinam prazos diferenciados.
 Lei de Drogas – art. 51 – o inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias se o indiciado estiver preso, e de 90
(noventa) dias, quando solto.
 Justiça Federal – já a Lei n. 5.010/66 (que organiza a Justiça Federal de primeira instância), em seu art. 66, determina que o
prazo para a conclusão do inquérito policial será de 15 dias para o indiciado preso, prorrogáveis por mais 15, desde que
fundamentado. Quanto ao indiciado solto, a lei é silente, aplicando-se o art. 10, do CPP.
 CPP Militar – no Código Processual Penal Militar, o prazo de conclusão do inquérito policial é de 20 dias no caso de indiciado
preso e de 40 dias em caso de indiciado solto, permitindo-se a prorrogação, neste caso, por mais 20 dias.
 Crime hediondo – no caso de crime hediondo, o prazo da prisão é de 30 dias, prorrogável por igual prazo em caso de extrema e
comprovada necessidade (Lei n. 8.072/90, art. 2º, §4º). Nesse caso, entende-se que o prazo para finalizar o inquérito não deve
ultrapassar os possíveis 60 dias.

Arquivamento do inquérito policial


 O IP, sem exceção, não pode ser arquivado pela autoridade policial, em razão da proibição expressa contida no art. 17, do CPP.
 Sua tarefa é de investigar a infração penal e a sua autoria (art. 4°, CPP), para que o titular da ação penal possa ter em mãos os
elementos de que necessita para o início da ação penal.
 Não compete à autoridade policial exercer qualquer juízo de valor sobre a tipicidade da infração penal e da sua autoria.
 Uma vez iniciado o inquérito policial, necessariamente, será concluído e encerrado pela autoridade policial, que o remeterá ao
juízo competente (art. 17, do CPP).
Antes do Pacote Anticrime = quem arquivava o IP era o juiz, então: Com a vigência do Pacote anticrime = Hoje é o
1º O promotor requeria MP que determina o arquivamento e este é
2º O juiz determinava o arquivamento homologado por um conselho superior do MP

O Inquérito Policial é:
1. Instaurado
2. Desenvolvido
3. Concluído com relatório
4. Arquivado
 Mudanças pelo pacote anticrime: o arquivamento do inquérito policial ou de outras peças informativas como, por exemplo, o
procedimento investigatório criminal (PIC), promovido pelo Ministério Público, não mais enfrenta a análise do juiz, que, no caso,
seria o magistrado das garantias. A análise será feita pelo órgão superior do Ministério Público, como o Conselho Superior ou
Câmaras criadas especialmente para tal finalidade. Portanto, o promotor ou procurador da República, ao propor o arquivamento,
automaticamente, encaminhará os autos à instância revisora ministerial para homologação.

Interatividade
Ao chegar a um “local de fato”, ainda não sabendo que se trata de um local de crime, de acordo com o art. 6º, do CPP, a primeira
providência da autoridade policial deve ser a de:
a) Apreender objetos que tiverem relação com o fato, evitando a perda de objetos potencialmente importantes.
b) Ouvir o indiciado, a fim de decidir sobre a necessidade de sua detenção imediata.
c) Prender o suspeito, a fim de evitar sua fuga.
d) Preservar o local.
e) Ouvir o ofendido, para que se defina a área a ser isolada.

UNIDADE II

1. AÇÃO PENAL

1.1 Conceito de ação


 É o direito de ir a juízo invocar o Poder Judiciário.
 É o mesmo conceito apresentado no Processo Civil, ou seja, é o direito de invocar a prestação jurisdicional.
 É o direito de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do Direito Penal objetivo a um caso concreto.
 É o direito de pedir ao Estado-Juiz uma decisão sobre um fato penalmente relevante. É também o direito público subjetivo do
Estado-Administração, único titular do poder-dever de punir, de pleitear ao Estado-Juiz a aplicação do Direito Penal.
 O que distingue uma ação da outra é a pretensão que lhe serve de conteúdo.
Ação penal nada mais é que, ir ao juiz (representante do estado) e pedir para que este de uma resposta a sua pretensão/ pedido.

1.2 Classificação de ação penal


 Há dois critérios para se classificar a ação penal:
a) Tradicional – em que se leva em conta o elemento subjetivo, isto é, em que se considera o sujeito que a promove
(classificação subjetiva). Exemplos: APPI, APPC e APP. Aquela iniciada pelo MP através da denuncia nas ações penais
públicas, ou pelo ofendido nas ações penais privadas através da petição chamada queixa-crime
Quanto aos sujeitos, temos:
* MP- Denúncia (no caso de ações penais públicas)
*Ofendido – Queixa crime (no caso de ação penal privada)
b) Ação penal popular – a ação penal popular é fruto do Direito espanhol e anglo-americano, como um direito que
qualquer do povo pode exercer denunciando crime visando à punição do autor do delito. Em nosso ordenamento, os que
defendem essa espécie, acreditam que o exercício desse direito pode ser perpetrado por habeas corpus.
O exercício de buscar no Poder Judiciário a resposta do estado, através do poder judiciário, mas feita por qualquer um do povo,
através de habeas corpus (este que não demanda capacidade postulatória etc.)
1.2.1 Classificação subjetiva – levando em conta o sujeito que a promove, a ação penal se classifica em pública e
privada.
 Art. 100, do CP – a ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
Em suma, a regra é que a ação penal é pública INCONDICIONADA, excepcionalmente quando o CP trouxer em seu texto que
para o exercício da ação penal depende de manifestação de vontade do ofendido, será ação penal: a) pública condicionada ou b)
privada
 Art. 100, §1º – distingue ação pública promovida pelo MP, sem subordinar a manifestação de vontade de quem quer
que seja da semipública, isto é, daquela que a atividade do MP fica condicionada à manifestação de vontade.
São as duas espécies de aç. penal púb.: a) incondicionada (em que o MP pode oferecer a denúncia independente de qualquer
condição) b) condicionada (que depende da manifestação da vontade pelo ofendido)

Como saber se determinado crime é de ação pública ou privada?


R.: O artigo 100, do CP, fala que a ação penal é pública, salvo quando a lei a declara privativa do ofendido. Assim, quando for
privada, o próprio texto da lei declarará como tal. Quando o art. Não disser nada é, pois, trata-se da regra
 Regra geral: a ação é pública.
 Exceção: a ação será privada quando a lei assim expressamente a declarar. Ex.: art. 167, do CP.

1.3 Subdivisão de ação penal pública


A. Incondicionada
B. Condicionada

A) Incondicionada
 Quem a promove é o MP (art. 100, §1º, do CP; e art. 24, do CPP);
 O MP a propõe sem que haja manifestação da vontade de quem quer que seja, sendo, inclusive, irrelevante a contrária
manifestação de quem quer que seja.
Quais os crimes que dão lugar à APPI?
R.: Essa modalidade constitui regra. Quando os crimes se submetem a essa modalidade de ação, a lei silencia quanto a qualquer
condição (p. ex.: representação ou requisição do Ministério da Justiça).

1.4 Princípios que regem a ação penal pública incondicionada


 Oficialidade – o MP tem o dever de promover ação penal pública de ofício, isto é, por iniciativa própria, sem qualquer
interferência alheia (salvo nos casos de APPC e APP).
 Indisponibilidade – não pode o MP dispor da ação penal, não pode o MP desistir da ação penal (regra), (transigindo ou
acordando (art. 42, CPP – vedação expressa). Exceção: Juizado Especial Criminal – quando realizada a audiência de transação
prevista no art. 76, da Lei n. 9.099/95 que vem antes do oferecimento da denúncia, antes de iniciado o processo.
 Legalidade ou obrigatoriedade – obrigatoriedade do MP promover a ação penal (art. 24, CPP) “dogma da ação penal
obrigatória”. Princípio da oportunidade – que permite ao MP julgar a conveniência ou não da propositura da ação penal. O
entendimento na doutrina é de que esse princípio não vigora entre nós. Se é pública vai promover ação penal
 Indivisibilidade – ação penal, seja pública, seja privada, é indivisível, no sentido de que abrange todos aqueles que cometeram
a infração penal. O promotor não pode escolher em relação a quem ela deva ser proposta. Deve ser proposta a ação penal contra
todos aqueles que cometeram a infração penal. Caso em que há mais de um autor da infração penal
 Intranscendência – a ação penal é proposta apenas contra uma pessoa ou contra as pessoas a quem se imputa a prática da
infração. Não pode por exemplo ultrapassar para os herdeiros do autor da infração

OBS: estes princípios se aplicam a ação penal incondicionada ou condicionada, EXCERO o princípio da oficialidade que não se
aplica a ação penal pública condicionada ou a ação penal privada

B) Condicionada
 É aquela cujo exercício se subordina a uma condição.
 Essa condição é a manifestação de vontade no sentido de proceder, externada pelo ofendido ou por quem legalmente o
represente, ou é a requisição do Ministro da Justiça.

Quem promove a ação penal nesses casos? R.: O MP (art. 24, do CPP).
Quais são os crimes cuja ação penal depende de representação?
R.: São poucos. Exemplos: art. 130, §2º; art. 145, § único; art. 174, § único; art.151, § 4º; art. 152, § único; art.153, § único; art.
154, § único; art. 156, § 1º; art. 176, § único; art. 182, art. 184, §3º; art.196, §2º e art. 225, § 2º, todos do CP. Lei n. 9.99/95, art.
88 – crimes de lesão corporal leve e culposa são de APPC.

 Representação – é feita pelo ofendido ou por seu representante legal – art. 24, do CPP.

A quem é dirigida a representação?


 R.: Destinatários da notícia criminis são o juiz, a autoridade policial ou o MP (art. 39, do CPP).

 Morte do ofendido – o direito de representação passa para o cônjuge, ascendente, descendente e irmão (CADI) (art. 24, §1º, do
CPP). Retratação – pode haver retratação de quem fez a representação?
R.: Art. 102, do CP, “a representação será irretratável depois de oferecida a denúncia”.

 Prazo para a representação – seis meses a contar do conhecimento da autoria

1.5 Ação penal privada: Distinção entre ação penal pública e ação penal privada
 É única e exclusivamente na legitimidade de agir.
Na APP é o ofendido através de seu advogado (pois este adv. Tem capacidade postulatória) – queixa crime
 Mesmo sendo privada, o direito de punir continua pertencendo ao Estado.
 Na ação pública, é o MP quem tem legitimidade para promovê-la. Já na privada, a iniciativa cabe ao ofendido ou seu
representante legal.

Crimes de ação penal privada no CP atual


 O Código Penal enumera taxativamente quais são os crimes de Ação Penal Privada.
 Todavia, em relação a cada crime cuja ação penal só possa ser promovida pelo ofendido, o texto focaliza a exigência especial
prevendo: “somente se procede mediante queixa”.

Legitimidade: Quem pode promovê-la?


R.: art. 100, §2º, do CP e art. 30, do CPP, ou seja, o ofendido ou seu representante legal. Se o ofendido morrer ou for
judicialmente declarado ausente, poderá promover qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, do CPP (CADI).

 Prazo – art. 38, do CPP. –


 Deve ser exercido no prazo de seis meses, contados do dia em que vier a saber quem foi o autor do crime. Esse prazo é
decadencial, ou seja, não admite interrupção, suspensão ou prorrogação. Arquivamento: se o ofendido não oferecer queixa no
prazo legal, opera-se a decadência que é causa extintiva de punibilidade.

Divisão da ação penal privada


a) APP propriamente dita ou exclusivamente privada – é a modalidade que acabamos de estudar e cujo exercício compete ao
ofendido ou a quem o represente.
b) APP subsidiária da pública – aquela que se intenta nos crimes de ação penal pública condicionada ou incondicionada se o
órgão do MP não oferecer denúncia no prazo legal (CPP, art. 29).
c) APP personalíssima – cujo exercício compete única e exclusivamente ao ofendido. Só existe um caso de APP personalíssima
no nosso ordenamento pátrio (parágrafo único, do art. 236, do CP) no crime de induzimento a erro essencial e ocultação de
impedimento matrimonial. Nesse tipo de ação penal privada, a morte do cônjuge extingue a punibilidade, não podendo as pessoas
arroladas no art. 31 promovê-la. Trata-se de direito personalíssimo e intransmissível.

Interatividade
Guliver, servidor público municipal, foi vítima de crime de injúria em razão de suas funções. Em decorrência desse fato, foi
instaurado inquérito policial para investigar a notícia crime, sendo identificado o acusado. Analisando esse fato narrado e de
acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que:
a) Guliver poderá optar por ofertar a queixa-crime assistido por um advogado ou oferecer representação ao Ministério Público,
para que seja analisada a possibilidade de oferecimento de denúncia.
b) Caberá exclusivamente a Guliver dar prosseguimento à ação, assistido por um advogado, mediante queixa-crime.
c) Caberá ao Ministério Público oferecer denúncia, independentemente da representação de Guliver.
d) Caberá ao Ministério Público oferecer denúncia após a representação da pretensa vítima, mas Guliver não poderá optar por
oferecer queixa-crime.
e) Guliver deverá apresentar perante o juízo processante a representação, o que pode ser feito sem a necessidade de advogado,
externando seu desejo de dar prosseguimento ao feito.

1.6 Denúncia
 Nos termos do art. 24, do CPP, a ação penal pública (condicionada ou incondicionada) se inicia por meio da denúncia.
 Com o oferecimento da denúncia é que se formaliza o direito de ação.

 Conteúdo da denúncia – art. 41, do CPP. (usado para denúncia ou queixa)


 Prazo para oferecimento da denúncia – art. 46, do CPP.
 Réu preso – 5 dias contados da data em que o órgão do MP receber os autos do IP.
 Réu solto ou afiançado – 15 dias.
 Ausência de IP – art. 46, §1º, do CPP – o prazo para oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que teve recebido as
peças ou a representação.

Não oferecimento da denúncia no prazo legal – Consequências:


1) O indiciado ou alguém por ele poderá impetrar uma ordem de HC, alegando estar preso por mais tempo que o determinado por
lei.
2) A vítima ou pessoa que legalmente a represente poderá dar início à ação penal por meio de queixa, substituindo assim o
promotor desidioso, nos termos do art. 29, do CPP.
3) O promotor perderá nos termos do art. 801, do CPP, tantos dias de vencimento quantos forem os excedidos.
4) Conforme o caso concreto, poderá, ainda, incorrer o órgão do MP faltoso nas sanções do art. 319, do CP (prevaricação).

Obs.: em qualquer caso, se o promotor deixar de oferecer a denúncia no prazo legal e se a vítima ou quem legalmente a represente
não vier a suprir a sua inércia com o oferecimento da queixa, o MP, a todo tempo, enquanto não estiver extinta a punibilidade,
poderá ofertar denúncia, sujeitando-se, contudo, às sanções disciplinares.

 Extinção da punibilidade – recebendo os autos do IP, pode o promotor entender que já se extinguiu a punibilidade, por
prescrição ou por qualquer outra causa. Nesse caso, cumpre-lhe requerer ao juiz que seja proferida decisão nesse sentido.

 Guarda em cartório – pode acontecer que o IP verse sobre crime de exclusiva ação penal privada. Assim, recebendo os autos
do IP, deve o promotor de justiça, nos termos do art. 19, do CPP, requerer que os autos do IP permaneçam em cartório,
aguardando a iniciativa da vítima ou de quem de direito para o início da ação penal privada.
 Recebimento e rejeição da denúncia – art. 395, do CPP. Além das hipóteses ali elencadas, a denúncia pode ser rejeitada:
A) Por falta dos requisitos essenciais e de natureza formal (exposição do fato criminoso, qualificação do acusado etc.) – art.
41, do CPP. 1. Ação penal
B) Por ausência de qualquer das condições genéricas da ação – possibilidade jurídica do pedido, legitimidade e interesse de
agir.
C) Por falta dos pressupostos processuais de existência e de validade – órgão investido de jurisdição, o pedido e as partes, juiz
impedido, coisa julgada ou litispendência etc.

 Rejeitada a denúncia, dependendo do fundamento, poderá ou não ser intentada outra no lugar. Ex.: impossibilidade jurídica do
pedido.
 Recurso da decisão que recebe a denúncia: não há recurso específico ao acusado para combater essa decisão. Contudo, se
ausente na inicial qualquer dos requisitos formais e essenciais das condições genéricas ou específicas, poderá impetrar HC, em
face ao constrangimento ilegal.
 Recurso da decisão que rejeita a denúncia: RESE – art. 581, I, do CPP, e apelação no Jecrim, Lei n. 9099/95 (art. 82).

Aditamento de denúncia
 Pode ocorrer a qualquer momento do processo, antes da sentença para o fim de suprir suas omissões como: data do crime, local,
instrumento utilizado, nome da vítima, nome do réu etc. (art. 569, do CPP).
 O mesmo já não se pode dizer quanto aos elementos essenciais, a tipicidade, causas de aumento, qualificadora. Aqui há
inegável inovação na pretensão punitiva. O fato como descrito na denúncia não as alcançava e o acusado delas não tomou sequer
ciência, sofrendo inegável prejuízo à defesa.
 Contudo, o aditamento da inicial não fica impedido. O que se exige é, dependendo do caso concreto, que a instrução seja refeita
e que a defesa seja ouvida (art. 384, do CPP – mutatio libelli).

Interatividade
Jorge foi preso em flagrante pela prática do delito de roubo. Durante as investigações, descobriram-se mais vítimas dessa prática
criminosa, angariando-se mais documentação que comprovariam esses demais delitos praticados por Jorge. Como se sabe, esses
autos são enviados ao Ministério Público, que é quem tem, por lei, a função privativa de promover a ação penal pública. Em
relação à ação penal, assinale a alternativa correta.
a) O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério
Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado.
b) O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 10 dias, contado da data em que o órgão do Ministério
Público receber os autos do inquérito policial, e de 20 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. Interatividade
c) O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério
Público receber os autos do inquérito policial, e de 20 dias, se o réu estiver solto ou afiançado.
d) O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 10 dias, contado da data em que o órgão do Ministério
Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado.
e) O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 15 dias, contado da data em que o órgão do Ministério
Público receber os autos do inquérito policial, e de 30 dias, se o réu estiver solto ou afiançado.

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