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ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO
U N I V E R S I D A D E F E D E R A L
R U R A L D O S E M I - Á R I D O
ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO
Conselho Editorial da EdUFERSA
Pró-Reitor de Graduação
Augusto Carlos Pavão
COMFOR
Coordenadora
Maria de Lourdes F. de Medeiros
© 2015 by NEaD/UFERSA - Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida
ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação
ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito,
do NEaD/UFERSA. O conteúdo da obra é de exclusiva responsabilidade dos autores.
68 p.
ISBN: 978-85-5757-005-4
http://nead.ufersa.edu.br/
APRESENTAÇÃO
Um ótimo estudo!
SOBRE A AUTORA
DIREITO À EDUCAÇÃO
1.1 O DIREITO DE TODOS OS ESTUDANTES A EDUCAÇÃO SEM DISCRIMINAÇÃO 13
1.2 A EDUCAÇÃO ESPECIAL, POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA
PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA E O ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO 19
CONSIDERAÇÕES FINAIS 60
GLOSSÁRIO 61
REFERÊNCIAS 62
1
DIREITO À
EDUCAÇÃO
1 - DIREITO À EDUCAÇÃO
Fonte: http://revistaculturacidadania.blogspot.com.br/2013/03/artigos-direito-educacao.html
13
Promover uma escola para todos, requer a compreensão de uma escola que atenda,
reconheça e valorize as diferenças em todos os momentos de interação e práticas educativas.
Articular a participação dos estudantes mobiliza a escola a novos paradigmas educacionais.
Quando tratamos do termo “Educação Inclusiva”, não estamos falando apenas de estudantes
com deficiência. Trata-se de pensar e ressignificar novas relações que possibilitem práticas
pedagógicas que considerem as diferenças entre os estudantes, que não são categorizados e
pré-definidas em suas habilidades, para tanto, precisamos redesenhar a escola considerando
as diferenças e ampliando as possibilidades de ensino e aprendizagem de todos.
Na escola inclusiva os estudantes são ouvidos, suas ideias são partilhadas, sua participação
é incentivada e valorizada. O reconhecimento das singularidades e a compreensão que todos
estão num processo contínuo de transformação, que não está previamente determinado,
permitem que os espaços educacionais sejam mais abertos, dinâmicos e potencializadores
de aprendizagem.
Para isso, é preciso mudanças nas concepções e práticas sobre o que é ensinar e aprender,
o papel da escola, do professor, do gestor, do estudante, da família e dos envolvidos no
processo educativo e, evidentemente, políticas públicas que fortaleçam essas mudanças,
sempre em benefício dos estudantes.
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
Autora: Selma Andrade de Paula Bedaque AEE
1 - DIREITO À EDUCAÇÃO
No Brasil, se antes da década de 90, grande parte dos excluídos era segregada por ser
considerada uma ameaça ao desenvolvimento do capitalismo, na atualidade, essa população
de pessoas passa a viver um novo princípio que a direciona as reformas: incluir esse número
significativo para o mercado de trabalho (CARVALHO, 2004).
Por esse prisma, podemos considerar que os princípios que direcionam a Educação
Inclusiva servem apenas a princípios políticos e econômicos. Contudo, não podemos
desconsiderar os movimentos sociais que impulsionaram os princípios inclusivos no sentido
de dignidade humana.
A luta pela defesa da dignidade e do direito humano teve seu marco com a Declaração
dos Direitos Humanos (1948), como ressaltam Stainback e Stainback (1999, p. 21), quando
diz que “a educação é uma questão de direito humano, e os indivíduos com deficiência
devem fazer parte das escolas, as quais devem modificar seu funcionamento para incluir
todos os alunos”.
A luta de organizações de pessoas que vinham revindicando por seus direitos de
cidadania por meio de movimentos e associações com o objetivo de vencer o preconceito e a
discriminação, construídos ao longo da história cultural da humanidade, tem fortes influências
na atualidade.
Para Stainback e Stainback (1999, p. 30),
A inclusão genuína não significa a inserção de alunos com deficiência em classes do ensino
regular sem apoio para professores e alunos. Em outras palavras, o principal objetivo do
ensino inclusivo não é economizar dinheiro: é servir adequadamente a todos os alunos.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/obstaculos-saber-424567.shtml
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ATIVIDADE PROPOSTA
Após dialogar com o vídeo “As cores das flores” e o texto “O direito
de todos à educação sem discriminação”, redija um texto enfatizando
os documentos que impulsionam a construção de escolas inclusivas
contemplando as mudanças que considera relevantes para uma escola
que respeita as diferenças.
Link: http://plugcitarios.com/2014/06/superacao-de-limites
SUGESTÃO DE LEITURA
Por que será que a sociedade apresenta tanta dificuldade para aceitar, acolher e respeitar
as diferenças? Será que as leis, decretos e convenções permitirão mudanças substancias
nas relações humanas que garantam o direito de todos à cidadania? De onde surge tanta
resistência e preconceito? Esta situação pode mudar?
FIGURA 05: Direito e diversidade
Fonte:http://danielnoblog.com.br/index.php?post=15639
19
Como podemos observar, muita coisa mudou ao longo dos tempos, pelo menos em termos
legais, evidenciamos o direito dos estudantes com deficiência em frequentar, um único sistema
regular com a garantia de serviços especializados.
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
Autora: Selma Andrade de Paula Bedaque AEE
1 - DIREITO À EDUCAÇÃO
Hoje temos uma Política Nacional da Educação Especial (2008) com uma Diretriz que
enfatiza a Educação Especial como modalidade para a construção de sistema educacional
inclusivo, conforme apresentamos, a seguir:
A Educação Especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas
e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos
e serviços, e orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas
turmas comuns do ensino regular.
Atendimento Educacional Especializado tem como função identificar, elaborar e organizar
recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação
dos alunos, considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no
atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula
comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou
suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora
dela. Dentre as atividades de atendimento educacional especializado são disponibilizados
programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de
comunicação e sinalização e tecnologia assistiva. Ao longo de todo o processo de escolarização
esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum.
O atendimento educacional especializado é acompanhado por meio de instrumentos que
possibilitem monitoramento e avaliação da oferta realizada nas escolas da rede pública e
nos centros de atendimento educacional especializada públicos ou conveniados.
O acesso à educação tem início na educação infantil, na qual se desenvolvem as bases
necessárias para a construção do conhecimento e desenvolvimento global do aluno. Nessa
etapa, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos
20
nos aspectos físicos, emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convivência com
as diferenças favorecem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança.
Do nascimento aos três anos, o atendimento educacional especializado se expressa por meio
de serviços de estimulação precoce, que objetivam otimizar o processo de desenvolvimento
e aprendizagem em interface com os serviços de saúde e assistência social.
Em todas as etapas e modalidades da educação básica, o atendimento educacional especializado
é organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos, constituindo oferta obrigatória dos
sistemas de ensino. Deve ser realizado no turno inverso ao da classe comum, na própria escola
ou centro especializado que realize esse serviço educacional (BRASIL, 2008, p.10).
Art. 10. O projeto pedagógico da escola de ensino regular deve institucionalizar a oferta do
AEE prevendo na sua organização:
I – sala de recursos multifuncionais: espaço físico, mobiliário, materiais didáticos, recursos
pedagógicos e de acessibilidade e equipamentos específicos;
II – matrícula no AEE de alunos matriculados no ensino regular da própria escola ou de outra escola;
III – cronograma de atendimento aos alunos;
IV – plano do AEE: identificação das necessidades educacionais específicas dos alunos,
definição dos recursos necessários e das atividades a serem desenvolvidas;
V – professores para o exercício da docência do AEE;
VI – outros profissionais da educação: tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais, guia-intérprete
e outros que atuem no apoio, principalmente às atividades de alimentação, higiene e locomoção;
VII – redes de apoio no âmbito da atuação profissional, da formação, do desenvolvimento da
pesquisa, do acesso a recursos, serviços e equipamentos, entre outros que maximizem o AEE.
Ainda, no art. 10 desta Resolução, o AEE deve estar inserido no Projeto Pedagógico e
fazer parte da escola; contudo, sua existência não se dá em todas as escolas, e, assim, não
responde à articulação no projeto pedagógico da escola que não o possui. Há desafios, nesse
sentido, quando consideramos que muitos alunos frequentam o AEE em escolas diferentes das
quais estão matriculados.
Para que o AEE de fato tenha caráter pedagógico e função significativa no interior das
escolas, é necessária uma articulação com o projeto da escola, como nos alerta Baptista (2006,
p. 61), quanto à sala de recursos multifuncionais e ao professor do AEE.
Devemos nos interrogar sobre as metas de implementação desses dispositivos e sobre suas
relações com o projeto político-pedagógico da rede de ensino em questão. A sala de recursos
é um dispositivo potente nos processos inclusivos em razão de sua atuação complementar,
21
porém não avançaremos no uso desse espaço se não houver um investimento na sua
qualificação pedagógica, o que tem precária relação com a concepção dessa sala como um
espaço físico diferenciado, com materiais típicos do ensino especializado, podendo resultar
em uma espécie de microclínica no interior da escola. Nosso desafio, portanto, é pensar
dispositivos que estejam articulados a um projeto geral que valorize os processos inclusivos.
Em suma, realizar um sistema educacional inclusivo no nosso país requer mudanças significativas
de concepções e ações consistentes que envolvam todos os agentes e, principalmente, políticas
públicas que, de fato, busquem melhoria de qualidade de vida de todas as pessoas atreladas
ao desenvolvimento social que tenha como princípio a dignidade humana.
Portanto, para que possamos potencializar o atendimento educacional especializado é
preciso que todas as ações da escola se convertam num movimento contínuo de inclusão,
conforme a representação a seguir.
INCLUSÃO EXCLUSÃO
Fonte:http://www.inclusive.org.br/?p=23982
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SEPARAÇÃO INTEGRAÇÃO
ATIVIDADE PROPOSTA
Após assistir ao vídeo “Visão Histórica da Deficiência” https://www.
youtube.com/watch?v=dGaaVtYeklU e fazer a leitura neste caderno
didático sobre “A Educação Especial, o Atendimento Educacional
Especializado e a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva
da Educação Inclusiva”, elabore um texto dissertativo que contemple
a linha do tempo sobre à Educação Especial na história das pessoas
com deficiência, enfatizado o momento atual no nosso país, em termos
legais e de concepções, fazendo ainda, um paralelo com o ambiente
educacional onde atua, refletindo sobre as concepções e práticas
presentes neste espaço como os princípios e diretrizes inclusivos que
estão presentes no Projeto Político Pedagógico de sua escola.
SUGESTÃO DE LEITURA
- MACEDO, Lino de. Ensaios pedagógicos: como construir uma escola para todos? ,
ARMED, 2005
- NERY, Salvador Baletta, O olhar de Pincel. São Paulo: Melhoramentos, 2000.
DICA DE VÍDEO
Colegas
Autor: Marcelo Galvão
Link: https://www.youtube.com/watch?v=D6Vtaw2ip1o
FIGURA 8: AEE
Fonte: http://espacodomquixote.com.br/?p=1112
Afinal, o que representa o Atendimento Educacional Especializado segundo a Resolução
do CNE nº 4 DE 2009? Quem é o público alvo deste Atendimento? Qual a ação do professor
especializado no processo escolar dos estudantes atendidos?
Para melhor entender estas questões, convidamos você cursista, a fazer a leitura do
documento que norteia o Atendimento Educacional Especializado, o qual foi criado 1 ano após
o documento da Política Nacional da Educação Especial em 2008, com a Resolução do CNE 27
nº 4/2009 e responde todas as perguntas aqui feitas anteriormente. Vamos ler?
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
RESOLUÇÃO Nº 4, DE 2 DE OUTUBRO DE 2009 (*)
Art. 2º O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio da
disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras
para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem.
Parágrafo único. Para fins destas Diretrizes, consideram-se recursos de acessibilidade na educação
aqueles que asseguram condições de acesso ao currículo dos alunos com
deficiência ou mobilidade reduzida, promovendo a utilização dos materiais didáticos e pedagógicos,
dos espaços, dos mobiliários e equipamentos, dos sistemas de comunicação e informação, dos
transportes e dos demais serviços.
Art. 3º A Educação Especial se realiza em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, tendo o
AEE como parte integrante do processo educacional.
28 p. 17.
Art. 9º A elaboração e a execução do plano de AEE são de competência dos professores que atuam
na sala de recursos multifuncionais ou centros de AEE, em articulação com os demais professores
do ensino regular, com a participação das famílias e em interface com os demais serviços setoriais
da saúde, da assistência social, entre outros necessários ao atendimento.
Art. 10. O projeto pedagógico da escola de ensino regular deve institucionalizar a oferta do AEE
prevendo na sua organização:
I – sala de recursos multifuncionais: espaço físico, mobiliário, materiais didáticos, recursos
pedagógicos e de acessibilidade e equipamentos específicos;
II – matrícula no AEE de alunos matriculados no ensino regular da própria escola ou de outra escola;
III – cronograma de atendimento aos alunos;
IV – plano do AEE: identificação das necessidades educacionais específicas dos alunos, definição
dos recursos necessários e das atividades a serem desenvolvidas;
V – professores para o exercício da docência do AEE;
VI – outros profissionais da educação: tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais, guia-intérprete
e outros que atuem no apoio, principalmente às atividades de alimentação, higiene e locomoção;
VII – redes de apoio no âmbito da atuação profissional, da formação, do desenvolvimento da
pesquisa, do acesso a recursos, serviços e equipamentos, entre outros que maximizem o AEE.
Parágrafo único. Os profissionais referidos no inciso VI atuam com os alunos público alvo da
Educação Especial em todas as atividades escolares nas quais se fizerem necessários.
Art. 11. A proposta de AEE, prevista no projeto pedagógico do centro de Atendimento Educacional
Especializado público ou privado sem fins lucrativos, conveniado para essa finalidade, deve ser
aprovada pela respectiva Secretaria de Educação ou órgão equivalente, contemplando a organização
disposta no artigo 10 desta Resolução.
Parágrafo único. Os centros de Atendimento Educacional Especializado devem cumprir as exigências
29
legais estabelecidas pelo Conselho de Educação do respectivo sistema de ensino, quanto ao seu
credenciamento, autorização de funcionamento e organização, em consonância com as orientações
preconizadas nestas Diretrizes Operacionais.
Art. 12. Para atuação no AEE, o professor deve ter formação inicial que o habilite para o exercício da
docência e formação específica para a Educação Especial.
Art. 14. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
CESAR CALLEGARI
ATIVIDADE PROPOSTA
Após a leitura da Resolução nº 04 de 2009, destaque:
- O público-alvo específico do Atendimento Educacional Especializado;
- Três funções do professor de AEE que considera mais relevante para
o processo educacional dos estudantes com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
- Relate se estas ações são desenvolvidas nos espaços educativos
onde você atua.
MAIS: QUESTÃO É IMPORTANTE QUE NOS ATUALIZEMOS. VALE A PENA LER ESTE
ARTIGO PARA APRENDERMOS MAIS UM POUCO.
30
DICA DE VÍDEO
Link: https://vimeo.com/58624219
DICAS DE SITES
- http://www.inclusive.org.br/?cat=484
- http://saci.org.br/
- http://diversa.org.br/
Fonte:http://danianepereira.blogspot.com.br/2015/05/
escolas-nao-podem-rejeitar-alunos-com.html
Construir uma Educação Inclusiva não é uma ação unilateral, que depende do esforço
de apenas um grupo, a ação inclusiva que provoca mudanças substanciais é um processo
construído por muitas pessoas e neste sentido, a colaboração é um conceito fundamental e sua 31
prática pode fazer mudanças significativas no sistema educacional.
Torres, Alcântara e Irala (2004, p. 12) chamam a atenção para a necessidade de gerenciar
conflitos sociocognitivos, propor alternativas, rever conceitos, discutir posições, repartir cargas
cognitivas, reelaborar ideias, repartir autorias, negociar e, muitas vezes, exercer um processo
de auto e mútua regulação.
Esses aspectos da colaboração levantados por Torres, Alcântara e Irala (2004) podem
contribuir significativamente para que as interações entre os professores de AEE e professores
de sala regular se tornem ricas na promoção de ações com foco na aprendizagem dos alunos.
Os aspectos apresentados por esses autores sobre a colaboração são convites à revisão
conceitual e cultural que implicam em novas competências na prática profissional para
promover um alto nível de aprendizagem, além de criar novas possibilidades de ação no
trabalho educativo.
Nesse sentido, tanto a colaboração como a cooperação não são tão simples quanto possa
parecer, ainda mais quando tratamos com profissionais que tiveram uma história de prática
individualizada.
Sobre a questão - trabalho colaborativo e cooperativo do professor -, é possível vislumbrar
discussões em diferentes áreas da educação, inclusive na da Educação Especial, as quais
apontam este trabalho como um recurso valioso para o desenvolvimento de ações prospectivas
ao favorecimento do processo educativo inclusivo de todos os alunos com vistas ao
desenvolvimento da autonomia, independência e aprendizagem, quer seja no espaço escolar,
quer seja fora dele.
A colaboração também foi reconhecida como instrumento fundamental pelos teóricos, tanto
pela epistemologia genética representada por Piaget (1973), quanto pela teoria sócio-histórica
defendida por Vygotsky (1984; 1987; 1997). Ambos defenderam a colaboração e cooperação
como processo fundamental no desenvolvimento humano.
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
Autora: Selma Andrade de Paula Bedaque AEE
2 - A COLABORAÇÃO E A CRIAÇÃO NO PROCESSO EDUCACIONAL
Ela é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através
da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado
através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com
32 companheiros mais capazes.
Colaborar não significa que todos devam participar das mesmas tarefas e com a mesma
intensidade, mas que, sobre a base de um projeto comum, cada partícipe preste sua
contribuição específica colaborando para beneficiar o projeto.
Para Magalhães (2008, p. 214), “[...] a colaboração não significa cooperação, tampouco
participação. Significa oportunidade de negociação, de responsabilidades, em que os partícipes
têm voz e vez em todos os momentos.” Esses momentos são gerados por meio da mútua
concordância e de relações mais igualitárias e democráticas, voltadas para o desenvolvimento
de novos conhecimentos, novas compreensões e possibilidades de ação.
Magalhães (2008, p. 214) ressalta que
“[...] colaborar significa agir no sentido de possibilitar aos participantes tornarem seus
processos mentais claros, explicitando-os ao grupo, e dessa maneira, criando possibilidades
de questionamentos, expansão e recolocação do que foi posto em negociação”.
[...] que a implantação de serviços especializados nas redes de ensino signifique um ganho
em termos de oferta educacional pública para alunos com deficiência, é necessário questionar
qual o papel exercido por tais serviços e como estão relacionados o trabalho pedagógico
realizado na educação básica.
[...] diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se solidariza o refletir
e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode
reduzir-se a um ato de depositar ideias de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples
troca de ideias a serem consumidas pelos permutantes. É um ato de criação.
A rede de apoio deve ser conduzida pelas pessoas de dentro da escola (isto é, indivíduos
diretamente envolvidos nas comunidades da escola e da sala de aula). Esses indivíduos incluem
os alunos, os professores, as secretárias, os diretores, os pais, os especialistas, os voluntários
da comunidade e os outros funcionários da escola. (STAINBACK e STAINBACK, 1999, p. 227)
Villa e Thousand (1999, p. 219) nos alertam que o ensino dominado pelo professor, a ênfase
na competição e não na colaboração entre os alunos, o enfoque no desempenho acadêmico em
vez do desenvolvimento da competência social, o ensino segregado e os currículos baseados
no aproveitamento, são todos exemplos de práticas educacionais que virão a ser consideradas
arcaicas no século XXI.
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
Autora: Selma Andrade de Paula Bedaque AEE
2 - A COLABORAÇÃO E A CRIAÇÃO NO PROCESSO EDUCACIONAL
Sage (1999, p. 136) destaca que “[...] os professores de ensino especial não devem aceitar a
responsabilidade exclusiva pela educação de um aluno com deficiência, independente da equipe
de educação regular”. Deve haver uma mudança nas atitudes e renúncia no controle individual
para realização de ações colaborativas. Ele ainda diz que a responsabilidade pelo processo
educacional é de todos os envolvidos e não pode ficar na dependência de um especialista ou
de um único profissional, por isso, considera que informações e diálogos contínuos precisam
ser compartilhados no espaço escolar.
GEST%C3%83O%20ESCOLAR%20DEMOCR%C3%81TICA
Fonte:http://crisgorete.pbworks.com/w/page/54198911/
Para Torrez González (2002), o conceito e a operacionalização de apoio foram entendidos
36 como uma intervenção parcial, desconexa e sem um conteúdo determinado, realizada por
professores especializados, que acabavam reforçando a cultura do individualismo, que
ainda predomina em escolas, com intervenções dos profissionais desconectadas entre si.
Por isso, o importante não é só conhecer suas funções, mas também assumir
responsabilidades em um modelo de trabalho colaborativo e de apoio entre os colegas.
Torrez González (2002) ainda destaca a criação e o desenvolvimento de apoios, formado
por professores de uma mesma escola para colaborarem com seus colegas na análise de
necessidades e na busca de soluções. O essencial dos grupos de apoio entre colegas é o
envolvimento de todos no processo e na responsabilidade compartilhada.
Assim como Stainback e Stainback (1990) e Torrez González (2002), Pacheco (2007,
p.129) consideram que “[...] a colaboração é uma das pedras angulares da educação
escolar inclusiva”, devendo estar presente em todos os membros da comunidade escolar.
Ampliam, ainda, para a necessidade da colaboração ser acompanhada de coordenação.
Para Pacheco (2007, p.130), “[...] a colaboração tem várias dimensões, formas e
propósitos. [...] É necessário que as escolas reconheçam que a colaboração precisa ser
praticada amplamente a fim de melhorar as habilidades colaborativas com o pessoal e com
os alunos”.
De igual modo, destaca que “[...] Os professores frequentemente lecionam para os
mesmos alunos, mas não trabalham de forma colaborativa. [...] a questão de grupos de
estudos de professores provou ser recompensadora” (Pacheco, 2007, p.132).
O autor faz críticas aos apoios realizados fora do contexto sem levar em conta o
ambiente comum de aprendizagem escolar ou a experiência dos professores que cuidam
de todos os alunos, e alerta para que a segregação institucionalizada da primeira parte do
século XX não seja reproduzida nas escolas regulares, destacando, ainda, a necessidade
de trabalhos colaborativos para
[...] que as escolas necessitam de profissionais qualificados para dar apoio nas tarefas de
identificação, intervenção e orientação, por meio de técnicas, procedimentos e ferramentas que
requerem uma especialização de natureza psicológica e pedagógica. Para que essas práticas
possam ser realizadas, um dos principais pontos a ser ter em mente é a colaboração e a coordenação
de todos os agentes participantes no processo e de todos os serviços de apoio externo.
Por essas atribuições da Resolução nº 04/2009, podemos concluir que as ações propostas
por Gortázar (1990) são contempladas na íntegra. Essencialmente, o professor do AEE precisa
ter sua função e o seu papel no processo escolar, bem como precisa conhecer técnicas que,
na atualidade, possam contribuir para a aprendizagem do aluno com deficiência, transtornos
38 globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
Contudo, Torrez Gonzáles (2002, p. 229) nos alerta para o fato de que
A mera descrição de funções não é suficiente se não for construída uma crescente relação e
um encontro profissional professor orientador-professor de apoio, baseados na colaboração,
responsabilidade e motivação.
Neste sentido, é preciso que se estabeleça, entre os professores, um diálogo que envolva
possibilidades de criação com abertura a troca de conhecimentos e busca de resoluções que
atendam às necessidades dos alunos em sua singularidade, garantindo-lhes não só a presença
na escola e nas salas de aula, mas também sua participação nas atividades propostas e,
sobretudo, a construção de novos conhecimentos e possibilidades de aprendizagem.
Com colaboração é possível fazer avançar na aprendizagem profissional e isto ser revertido
para o aprendizado do aluno. Tal como destaca Mendes (2009, p. 31)
Logo se constitui inegável a importância da colaboração no seu sentido mais profundo, entre
professores especializados e professores de sala regular para que a educação de alunos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação seja uma
construção possível. Portanto, concordamos com Mendes (2009) quando afirma que o ensino
colaborativo é um processo no qual os professores “[...] estão aprendendo a trabalhar juntos”
para construir um relacionamento colaborativo.
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
AEE Autora: Selma Andrade de Paula Bedaque
2 - A COLABORAÇÃO E A CRIAÇÃO NO PROCESSO EDUCACIONAL
Fonte:http://infoeducando.blogspot.com.br/2011/04/
criacao-de-um-jornal-escolar.html
Entretanto, o estabelecimento do processo colaborativo para contribuir com a
aprendizagem dos alunos se constitui um grande desafio para todos os profissionais. E,
quando se trata de alunos que apresentam necessidades decorrentes de uma deficiência,
de transtornos globais ou de altas habilidades, parece tornar-se ainda mais difícil o
estabelecimento deste processo.
Tal situação implica a necessidade de motivação interna e externa. Essa representada na
ajuda bidirecional, ou seja, de profissional que possui conhecimentos e experiências específicas
e aqueles com formação generalista, juntos poderão refletir sobre as implicações decorrentes
das deficiências, dos transtornos, das altas habilidades nos processos de aprendizagem; sobre
a superação de crenças e a busca de resoluções criativas para atender às singularidades dos 39
alunos em contextos escolares inclusivos. O que significa, no dizer de Navarro (2005, p. 30),
um dialogar envolvendo os atos de “[...] escutar e assistir, observar, dar atenção ao processo
real do pensamento e a ordem no que ocorre, tentando perceber o seu movimento”.
Para a efetivação de ações inclusivas, Silva (2008, p. 46) nos diz que o ponto de partida
é a criatividade e afirma que
[...] é fato que solucionar criativamente os problemas enfrentados na prática pedagógica e adotar
atitudes inclusivas no trato com a diversidade são requisitos essenciais para a construção de uma
educação de qualidade que atenda a todas as pessoas, sem qualquer tipo de distinção.
Assim, a criatividade associada à colaboração precisa se fazer cada vez mais presente
no contexto educacional de forma coletiva. Se as atividades pedagógicas forem realizadas
por meio de ações reprodutoras pela escola, as ações pedagógicas em novos contextos
não contribuirão com uma educação que contemple a diversidade.
Para tanto, é preciso transformar a cultura da formação dos professores para que possam
planejar e desenvolver ações colaborativas, utilizando-se da criatividade respaldada pelos
saberes e conhecimentos adquiridos. Para Mitjans (2006, p. 203)
Como podemos pensar num trabalho pedagógico de novo tipo? Acreditamos que podemos
contribuir com estudos e reflexões articulados ao cotidiano da escola, do seu espaço, de
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
Autora: Selma Andrade de Paula Bedaque AEE
2 - A COLABORAÇÃO E A CRIAÇÃO NO PROCESSO EDUCACIONAL
“[...] o AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio
da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as
barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem”.
municipais, salas de recursos multifuncionais para realizar o AEE. Todos os alunos que
frequentavam instituições filantrópicas ou não frequentavam escola, ou ainda, apenas se
matriculavam no ensino regular sem nenhum serviço de apoio complementar passaram a
ter o direito de frequentar o AEE na escola comum a qual se matricule, ou em outra escola
próxima que oferecesse esse serviço, ou ainda em centros de atendimento educacional
especializado (Resolução do CNE nº 04/2009).
Para o atendimento especializado a esses alunos, preveem-se atividades diferenciadas
daquelas aplicadas em sala de aula regular com um professor que tenha habilitação profissional
para o exercício da docência, bem como formação específica em Educação Especial.
Entenda-se por atividade diferenciada o aprender saberes específicos que favoreçam
a participação efetiva do aluno nos processos educativos na sala regular, tais como: o
aprendizado do Braille, da LIBRAS, do uso de tecnologias assistivas (por exemplo: os
materiais escolares e pedagógicos acessíveis, a comunicação alternativa, os recursos de
acessibilidade ao computador, os recursos para mobilidade, localização, a sinalização,
o mobiliário que atenda às necessidades posturais), entre outros, enfim, de tudo o que
favoreça a participação do aluno com deficiência, transtornos e altas habilidades nas
diversas atividades do cotidiano escolar, vinculadas aos objetivos educacionais comuns.
Ao profissional que se imputa as atribuições citadas na Resolução 04/2009, deve-
se imprimir, em sua formação, o desenvolvimento de competências que lhe permitam
eliminar de suas práticas pedagógicas o enraizamento de concepções de ensino e
de aprendizagem que negam as capacidades e potencialidades dos sujeitos de se
desenvolverem, aprenderem, participarem, interagirem no e com o mundo em que vivem,
independentemente da condição em que se encontrem. 41
Entendemos que, por exemplo, para se estabelecer articulação com os professores da
sala de aula regular, uma das atribuições dos professores do AEE, citada no parágrafo
VIII, da Resolução O4/2009, é que se fazem necessárias atitudes de colaboração, o que
para muitos se constitui uma tarefa difícil e penosa, pois requer, entre outros fatores, o
exercício da escuta, da reflexão, do diálogo.
A esse respeito Baptista (2011, p. 10) destaca que
Embora tenhamos que admitir a grande amplitude das ações e a possibilidade interpretativa de
práticas centradas no atendimento direto ao aluno, é necessário que se identifique a potencial
valorização do trabalho compartilhado com outros profissionais, principalmente o docente do
ensino comum, como indicam os incisos IV, VI e VIII.
Contudo, para realizar uma proposta de trabalho numa perspectiva colaborativa, entre o
professor de AEE e o professor da sala regular, é preciso que as ações sejam planejadas
de modo a provocar rupturas com antigas concepções, por meio do diálogo reflexivo,
levando-os a trabalharem para o alcance de objetivos comuns, respeitando a diversidade
de ideias, valores, crenças e estilos de vida de todos os envolvidos no processo.
ATIVIDADE PROPOSTA
Por que a colaboração e criatividade são imprescindíveis no trabalho
educacional envolvendo professores de sala regular e professor
especializado? Você tem referência de uma ação colaborativa e criativa
entre profissionais que contribuíram para o melhor desenvolvimento de
estudantes com deficiência na escola? Se sim, compartilhe no fórum
de discussão com os colegas.
42
Para este público deverá ser garantido o direito a matricula em sala de aula regular num
processo continuo de inclusão e concomitante a matrícula no atendimento educacional
especializado, sendo realizado este atendimento, prioritariamente, em sala de recursos
multifuncionais na própria escola ou em escolas próximas ou ainda, em Centros de
Atendimento Educacional Especializado.
Para que o Atendimento Educacional Especializado possa contribuir com o melhor
desempenho dos estudantes a serem atendidos é muito importante que a ação do professor
especializado seja integrada com o professor e demais profissionais que atuam com o
estudante na classe regular e na escola.
A ação pedagógica deve ser de todos, visando o aprendizado do estudante e promovendo
a sua participação em todas as práticas.
Dentre as ações do professor do atendimento educacional especializado, que deve ser
articulada com os demais profissionais e até mesmo com familiares, deve ser desenvolvido
um estudo de caso dos estudantes atendidos para melhor identificar suas necessidades
e assim elaborar um Plano de Atendimento Educacional Especializado para realização de
ações que possibilitem o avanço na aprendizagem dos estudantes.
Embora ao professor do Atendimento Educacional Especializado cabe a responsabilidade
por este plano, sua elaboração deve ser articulada com os demais profissionais da escola
como também com profissionais de diferentes áreas que atendem o estudante.
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
Autora: Selma Andrade de Paula Bedaque AEE
3 - SABERES E PRÁTICA PARA O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
Desde a organização da oferta do AEE, o horário e turma que o estudante frequentará até
o detalhamento do que se propõe, considerando as necessidades do estudante, como por
exemplo, o uso de Tecnologias asssistivas e possíveis parcerias precisam ser registradas e
avaliadas continuamente.
Os dados produzidos pelo professor do AEE são fundamentais para oferecer um panorama
da condição do estudante e de quais são os possíveis caminhos para contribuir com sua
autonomia e melhoria da aprendizagem.
A mediação no processo de aprendizagem dos estudantes atendidos devem ser
consideradas, pois esta ação poderá trazer melhores resultados a partir de ações colaborativas
entre os profissionais e familiares. Com interação dos mais variados profissionais, surge
novas possibilidades de um trabalho colaborativo e criativo na escola.
Para contribuir na elaboração do Estudo de caso do estudante que chega à escola e que
necessita de atendimento educacional especializado, faz-se necessário uma ação conjunta
com os demais profissionais, requerendo para tanto, um estudo mais aprofundado para uma
compreensão maior de suas necessidades e as suas condições. Para tanto, precisamos dispor de
um possível roteiro elaborado pelo professor especialista e dialogado com os outros profissionais.
O detalhamento do caso do estudante, mediante a escuta, observação e a investigação
facilitará uma melhor compreensão para a elaboração do Plano de Atendimento Educacional
Especializado e personalizado o que implicará nortear a prática do AEE tanto na sala de
recursos multifuncionais quanto em outros espaços em que se vierem mediar, acompanhar
e/ou propor situações para o desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes atendidos.
As etapas que apresentamos a seguir não representam modelos prontos e rígidos, mas
46 podem servir de guia aos profissionais da educação na elaboração e realização de um Plano
que viabilize o processo educacional inclusivo dos estudantes atendidos. Esta referência foi
produzida por Lima Verde, Poulin e Figueiredo (2010).
As questões a seguir têm por objetivo orientar o professor do AEE para propor um
caso. Trata-se de um roteiro e, portanto, o professor irá utilizá-lo sem a preocupação
de responder pontualmente às perguntas e nem mesmo limitar-se a elas.
A proposição do caso não deverá abordar apenas a queixa do professor e o
tipo de deficiência do aluno, ou dados clínicos a seu respeito. Ele deverá conhecer
e descrever o contexto educacional ao qual está inserido o aluno, abordando suas
48 dificuldades, habilidades, desejos, preferências, entre outras questões relacionadas
ao seu cotidiano escolar.
A coleta de dados para a descrição do caso pode ser feita por meio de observações
diretas, entrevistas, gravações, avaliação escrita, análise de documentos, pareceres
pedagógicos e clínicos, entre outros. Esse material também é importante para a 2ª.
Etapa do estudo de caso: análise e clarificação do problema.
OBSERVAÇÃO:
As orientações sobre a escrita de um caso e elaboração de um Plano de Atendimento
Educacional Especializado, não são regras rígidas. Outros registros podem fazer parte de um
estudo de caso. Por exemplo: podemos registrar as falas presentes nas interações do estudante,
na sala de aula, dos professores, da família e do próprio estudante. Este tipo de registro também
poderá contribuir com uma análise mais aprofundada dos processos interativos e inclusivos. Os
detalhes fazem a diferença! Um olhar atento ajuda muito a pensar em mediações que conduzam a
condições melhores de aprendizagem.
Outro fator importante no levantamento dos dados é o conhecer para observar, analisar e
intervir; não para julgar a família, a criança, o professor. A análise para busca de soluções provoca
boas intervenções.
Por isto, é importante também à elaboração do Plano, pois contribuirá para potencializar as
possibilidades do estudante e do seu círculo de convivência. Aprender a ver as necessidades
implícitas e explicitas dos estudantes e ofertar novas e efetivas mediações.
51
Vocês se lembram do vídeo “As cores das flores”? Se pensarmos em Diego, quais são as
ações que poderíamos considerar do atendimento educacional especializado que estavam
presentes na escola e que contribuíram na quebra de barreiras à aprendizagem? Para pensar
em elaborar um Plano de AEE você considera importante realizar um estudo do caso?
ATIVIDADE PROPOSTA
Escolha um estudante com deficiência da escola onde atua e escreva o caso
deste, tendo como referência a “Proposição do caso”. Lembre-se de colocar
um nome fictício. O mais importante é o exercício da observação em diferentes
aspectos: sociais, linguísticos, educacionais, de acessibilidade e outros.
Convido você, a assistir ao vídeo “O menino que nasceu sem uma parte do cérebro”
para que possamos pensar na condição da pessoa com deficiência que, muitas vezes, é
recebida pela escola com uma condição considerada determinante, como por exemplo:
“ele não aprende nada mesmo” ou “ele não pode escrever porque não tem coordenação
motora”. Vamos assistir? Acesse o link: www.youtube.com/watch?v=1PlsZ1K_cds
FIGURA 12: Imagem do vídeo “O menino que nasceu sem uma parte do cérebro”
Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=9LPFwsXgRdU
52
O vídeo nos ajuda a ver com outros olhos as pessoas com deficiência, não é mesmo? Na
perspectiva de uma Educação Inclusiva e com o objetivo de contribuir com a acessibilidade dos
alunos com deficiência, é fundamental que reconheçamos as possibilidades em oposição à ideia
de incapacidade tão atrelada ao conceito de deficiência, como afirma Schirmer et al. (2007, p.18)
Fonte: http://www.assistiva.com.br/ca.html
É importante analisar que não é a deficiência que determinará a utilização do recurso,
mas sim a necessidade que a criança ou jovem possui para dialogar e interagir no processo 53
educativo e, neste momento, o professor especializado tem função significativa para saber
quais são as reais necessidades do estudante, para que se desenvolva uma comunicação
mais efetiva nos diferentes ambientes. O professor poderá ajudar identificando, produzindo
materiais que, em situações significativas possam dar sentido ao uso do recurso e garantir
o acesso à aprendizagem.
2- Adequação dos materiais didáticos pedagógicos às necessidades dos
estudantes, tais como engrossadores de lápis, quadro magnético com letras com
imã fixado, tesouras adaptadas, entre outras.
FIGURA 14: Demonstração de adaptações
Fonte: http://aeeufc2013santos.blogspot.com.br/2013/09/
grupogirassol-alunas-andreiados-santos.html
A atenção do professor especializado deve estar voltada para o uso dos materiais que
facilitam a autonomia do estudante, sempre considerando sua participação e envolvimento
na tarefa a realizar.
A escuta e o uso dos recursos em funções significativas, contribuirá para que o estudante
valorize e faça uso de maneira mais autônoma os recursos, não como um simples exercício
motor, mas como uma prática do cotidiano da escola. Isso tem representação significativa
em sua vida escolar a qual promove maior envolvimento e bem estar por poder fazer parte
de maneira efetiva, não só na sala de recursos multifuncionais, mas também no cotidiano
da sala de aula, em momentos de aprendizagem coletiva.
O uso destes materiais poderá promover novos olhares para a capacidade de aprender dos
estudantes com deficiência e permitirá que professores e colegas de turmas possam fazer uso e
também criarem novos recursos que permitam acesso do estudante a interações e aprendizagens.
3- Desenvolvimento de projetos em parceria com outros profissionais para
promover acessibilidade arquitetônica ou produção de recursos que facilitam o
acesso não só físico, mas de aprendizagem.
Fonte: http://inclusaoemrede.blogspot.com.br/
54
Quando a escola pretende ser inclusiva e encontrar caminhos na quebra das barreiras, os
encontros com os diferentes parceiros devem fazer parte da prática da escola, viabilizando
novas ações com os profissionais, não só da escola como da área de saúde, desenvolvimento
social, transportes, mobilidade urbana, família, dentre outros. Todas estas ações fazem criar
uma nova maneira de trabalho que potencializa os recursos da comunidade.
4- Adequação de recursos da informática: teclado, mouse ponteira de cabeça,
programas especiais, acionadores, entre outros.
FIGURA 16: Adaptações tecnológicas
Fonte: http://www.pagina20.net/artigos/a-tecnologia-
-assistiva-e-a-psicologia/
Fonte: http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/anonimosistema/
detalhe.aspx?List=Lists/Home&IDMateria=533&KeyField=Ar
quivo%20de%20Not%C3%ADcias
O professor especializado pode ser articulador na observação e levantamento das
55
demandas que favoreçam o acesso ao estudante com deficiência, contudo, sua atuação deve
se dar em parceria com a gestão da escola e com os profissionais envolvidos no processo.
A ação pedagógica não termina na aquisição dos materiais aqui já citados, pelo contrário,
é na utilização destes que o professor pode ter um olhar atento como, onde e com que
objetivo o estudante utiliza estes recursos e se estes realmente estão promovendo o
acesso à aprendizagem.
O professor de AEE não deve se limitar a colocar como específico o recurso de
tecnologia como sendo seu principal instrumento de sua ação. O recurso é imprescindível
se com a ação pedagógica trouxer o estudante para o envolvimento do aprender, tanto em
sala de recursos multifuncionais como em sala de aula regular e em outros espaços que
se fizerem necessários.
A participação do estudante com deficiência em todas as ações do cotidiano deve ser
o foco dos professores a fim de que não seja somente a presença física do estudante a
responsável pela inclusão, mas a sua inserção nas ações educativas, na hora de contar uma
história, brincadeiras de pátio, rodas de diálogo, dramatizações, atividades em grupo, etc.
Assim, o diálogo permanente entre o professor de AEE e professor de sala regular
pode favorecer que, para além da matrícula, sejam propostas ações possíveis com
intencionalidade por parte da equipe escolar, considerando as condições dos estudantes.
DICAS DE SITES
- http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ajudas_tec.pdf
- http://www.assistiva.com.br/
SUGESTÃO DE LIVRO
ATIVIDADE PROPOSTA
Relate um caso de aluno com deficiência, considerando seu processo
escolar, as questões apresentadas nesse caderno didático e escolha
uma atribuição do professor para propor uma ação do professor do AEE.
56
tema/detalhe.aspx?List=Lists/Home&IDMateria=533&K
Fonte: http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/anonimosis-
eyField=Arquivo%20de%20Not%C3%ADcias
Convido você a escolher um dos casos que se seguem ( 1 ou 2 ) para uma análise do
contexto do estudante e, verificando se as informações sobre o caso escolhido o ajudam
a pensar em propostas que contribuam para a aprendizagem do estudante em questão.
1º Analisar a qualidade da proposição do registro (se contempla os itens da proposição
do caso); as informações ajudam a pensar no caso? Há outras informações que acha
importante acrescentar?
2º Com a escolha de um dos casos apresentados, propor um Plano de Atendimento
Educacional Especializado de maneira a considerar os aspectos sugeridos na referência
deste caderno, lembrando sempre dos aspectos relacionados à suas necessidades
educacionais específicas, singularidades e condição do estudante do caso escolhido.
Este momento é apenas um pequeno exercício, afinal você terá oportunidade de
aprofundar os estudos sobre cada deficiência nas demais disciplinas. O importante neste
exercício é considerar os aspectos educacionais, psicológicos, sociais e culturais que
envolvem o cotidiano e refletem na condição de aprendizagem do estudante.
http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/publicacoes/pessoa-
com-deficiencia/acesso_alunos_ensino_publico_2004
Declaração de Jomtien (1990) - também chamada de Declaração Mundial de Educação para todos.
É um documento que foi elaborado na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em
Jomtien-Tailândia que traz abordagens sobre as necessidades básicas de aprendizagem a todas as
pessoas, visando à garantia de uma vida mais justa e digna.
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) - é um documento elaborado por representantes de
todas as regiões do mundo, que se tornou marco na história dos direitos humanos, com o objetivo de garantir
uma norma comum de direitos fundamentais que contribua para a construção de uma sociedade democrática.
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-
cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/declaracao-de-
direitos-do-homem-e-do-cidadao-1789.
LEI 13.146/2015 - documento conhecido como Estatuto da Pessoa com Deficiência que apresenta um
sistema normativo com bases inclusivas, garantindo os direitos das pessoas com deficiência em várias
áreas, como: saúde, educação, trabalho, cultura e esportes.
Tecnologias assistivas - No Brasil, o Comitê de Ajudas Técnicas - CAT, instituído pela Portaria n° 142, de 16
de novembro de 2006, propõe o seguinte conceito para a tecnologia assistiva: "Tecnologia Assistiva é uma área
do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias,
práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas
com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de
vida e inclusão social" (ATA VII - Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) - Coordenadoria Nacional para Integração
da Pessoa com Deficiência (CORDE) - Secretaria Especial dos Direitos Humanos - Presidência da República).
Vygotsky (1997, p. 55) - Tradução literal: Na educação tradicional de crianças com defeitos psicológicos
não há nenhum indício de estoicismo. Esta tem sido enfraquecida por tendências de compaixão e
filantropia, deterioramento à morbidade e fraqueza. Nossa educação é insossa, não toca a vida do
aluno, não tem sal. Precisamos de ideias ousadas e fortalececedoras. Nosso ideal não é o de cercar
com algodão e proteger o ponto fraco e protegê-lo das amarguras, mas o de abrir amplos caminhos
para que supere o defeito, a sua supercompensação.
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COMPOSIÇÃO
Formato: 21cm x 29,7cm
Capa: Couchê, plastificada, alceado e grampeado
Papel: Couchê liso
Número de páginas: 68
Tiragem: 200