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Professora substituta:

Processo Penal I

Livros utilizados para a Aula e elaboração dos slides: Renato Brasileiro, Gustavo Badaró
e Aury Lopes Júnior*

INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR - ARTIGOS 4° DO CPP AO 23º, artigo 28, LEI


12.830/2013 - Dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado de polícia.
E outras leis especiais.

1- CONCEITO

- Procedimento administrativo inquisitório e preparatório


- Presidido pela autoridade policial – delegado de carreira

PULO DO GATO: (cai muita pegadinha em provas que colocam alternativas dizendo
que o MP ou o juiz preside o Inquérito Policial)

Conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa objetivando a identificação


das fontes de prova e a colheita da elementos de informação quanto à autoria e
materialidade da infração penal, a fim que se possibilite ao titular da ação penal que forme
uma “opinio delicti” e que ingresse em juízo.
Se destina a esclarecer os fatos delituosos relatados na notícia crime, fornecendo subsídios
para o prosseguimento ou o arquivamento da persecução penal.
Dupla função do INQUÉRITO:
Preservadora: a existência prévia de um IP inibe a instauração de um processo penal
infundado, resguarda a liberdade do inocente e evita custos desnecessários ao estado.
Preparatória: Fornece elementos de informação para que o titular da ação penal ingresse
em juízo, além de acautelar meios de prova que poderiam desaparecer com o tempo
(Inquéritos acabam sendo arquivados por insuficiência de materialidade e autoria por
passarem anos a fio sem serem investigados)

2. NATUREZA JURÍDICA DO IP

NATUREZA ADMINISTRATIVA. INQUISITÓRIA E PREPARATÓRIA.


PULO DO GATO: Não se trata de processo judicial, tampouco de processo
administrativo, pelo simples motivo que dele não se resulta nenhuma sansão e que não há
partes!
A DOUTRINA MAJORITÁRIA: não existe uma doutrina processual dialética: ampla
defesa e contraditório, portanto, não se fala em pretensão acusatória!
CORRENTE minoritária: crítica* há partes, delegado + imputado.

O IP NÃO OBEDECE À UMA ORDEM LEGAL RÍGIDA PARA A REALIZAÇÃO


DOS ATOS, É FLEXÍVEL.

MERA PEÇA INFORMATIVA produzida sem o crivo do contraditório – vícios não são
passíveis de contaminar o processo penal.

Obs: Alteração da Lei 13.245/2016 que alterou o Estatuto da OAB


As provas que tenham sido produzidas violando as normas do direito material, serão
reconhecidas ilícitas... (artigo 5°, CF LVI) e posterior desentranhamento dos autos, bem
como todas as demais provas que com ela guardem nexo causal

02) Finalidade DO IP

A partir do momento em que determinado delito é praticado surge para o Estado o JUS
PUNIENDI
INICIA-SE ENTÃO A PERSECUÇÃO PENAL
Para a deflagração da persecução penal é INDISPENSÁVEL a presença de elementos de
informações quanto à autoria e materialidade da infração penal indicando um LASTRO
PROBATÓRIO MINÍMO = JUSTA CAUSA (fumus comissi delicti = fumaça do delito)

Possui 02 FASES:
1 - INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR - (fase pré processual = Inquérito Policial,
Comissões parlamentares de Inquérito, sindicâncias, entre outros).
2 - INVESTIGAÇÃO PROCESSUAL – INICIA-SE COM A AÇÃO PENAL
Outras questões relevantes para a finalidade do IP:
1) Busca de fato oculto – precisa ser investigado
2) Função Simbólica – resposta do estado para reestabelecer a normalidade
3) Filtro Processual – evitar acusações infundadas

03) PROPÓSITOS DO IP

SOBRE MATERIALIDADE
Ex: Homicídio camuflado de “Suicídio” na PED!
EM ALGUNS CASOS É fácil identificar a materialidade, homicídio por arma de fogo,
roubo, outros não é tão simples assim.
No caso do goleiro bruno, a autoria era certa, quanto a materialidade, sem corpo fica
difícil demonstrar a materialidade.
Necessário para aferir qual delito vai ser imputado a esse sujeito.

SOBRE AUTORIA – QUEM MATOU? HOUVE COAUTOR? PARTÍCIPES?


Autoria: elemento subjetivo acidental da notícia-crime: não é necessário que seja
atribuída previamente a determinada pessoa/NO INÍCIO DA INVESTIGAÇÃO.
FIXAR: Propositura da ação Penal: exige-se probabilidade de que o acusado seja autor,
coautor ou partícipe, não a CERTEZA.
A certeza da autoria irá ser AFERIDA em juízo no curso da 2º fase Persecução Penal, a
fase processual com a propositura da ação penal (DENÚNCIA ou QUEIXA CRIME).
Ação PENAL: INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA;

ATUALMENTE, VEM SENDO IMPLANTADA OUTRA QUESTÃO...


CIRCUNSTÂNCIAS DO DELITO: QUAL FOI A MOTIVAÇÃO? COMO
ACONTECEU? POIS ESSAS CIRCUNSTÂNCIAS GERARÃO QUALIFICADORAS
RELEVANTE VALOR MORAL? PRIVILÉGIO
MOTIVO TORPE? TERIA HOMICIDIO QUALIFICADO.
É IMPORTANTE para delimitar em quais circunstâncias se deu o crime, uma vez que no
processo penal existem as atenuantes, agravantes, etc.
NÃO ESTÁ PREVISTA NO CPP, mas na lei que Dispõe sobre a investigação criminal
conduzida pelo delegado de polícia. (art. 2.º, § 6.º, lei 12.830/13).
NO ENTANTO, CASO CAIA EM PROVA SOMENTE AS DUAS ANTERIORES
VOCÊS MARQUEM COMO CERTA.

05) ATRUIBUIÇÕES PARA A PRESIDÊNCIA DO IP:

Quando o MP criou as promotorias de combate ao crime organizado, acabou por


gerar algumas situações que o promotor começou a presidir investigações que se
pareciam muito com o IP, até que foi modificado e excluída essa possibilidade.

FUNÇÕES EXERCIDAS PELA POLÍCIA (ART. 144, § 1° e § 4°do CPP)


Presidência do IP: Delegado de polícia!
DISTINÇÃO ENTRE POLÍCIA DE SEGURANÇA, POLÍCIA JUDICIÁRIA, POLÍCIA
PENAL: todas são ORGÃOS ADMINISTRATIVOS e não integram o poder judiciário

1 – Polícia administrativa: a que mais se enquadra é a POLÍCIA MILITAR dos estados


e distrito federal – PREVENÇÃO DOS DELITOS (único momento em é permitido à
polícia militar atuar na investigação preliminar é nos casos de delitos militares.
A receita federal acaba exercendo esse poder de polícia ostensiva = prevenção da prática
do delito.
2 - POLÍCIA PENAL – criada pela EC 104/2019: “Art. 144, § 5.º-A. Às polícias
penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema penal da unidade federativa a que
pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos penais.” Ordem e Manutenção Dos
Presídios – Sistema Penitenciário
3 – Polícia investigativa: lei 12.830, art. 2° - POLÍCIA JUDICIÁRIA
É QUE A NOS INTERESSA NESTE MOMENTO: (Polícia Civil (estadual) e Federal,
no âmbito federal.
No entanto, não existe nenhum problema no fato de a polícia civil estadual investigar
um delito de competência da justiça federal (tráfico ilícito e demais delitos do artigo
109 da CF). Ou de a polícia federal realizar a investigação de um inquérito para apuração
de um delito de competência da Justiça Estadual.

Contudo, sua atuação limita-se!


Apesar de ter esse nome, ela não integra o Poder Judiciário. É a polícia que atua
AUXILIANDO o poder judiciário, mas integrante do poder executivo. (art. 4° caput
CPP).
O nome de polícia judiciária se dá apenas à finalidade de sua atividade, na qual consiste
em presidir um procedimento que servirá de base para um processo penal que vai tramitar
perante o judiciário.
No entanto, o IP não é necessariamente policial (§ único, artigo 4° CPP): determina que
a competência da polícia não exclui a de outras autoridades administrativas que tenham
competência legal para investigar. (sindicâncias ou processos administrativos contra
funcionários públicos – realize a averiguação dos fatos, por exemplo)
Difere -se constitucionalmente da polícia judiciária, a polícia investigativa, mas para fins
doutrinários e jurisprudências, trata-se da polícia judiciária aquela passível de
investigação.
IMPORTANTE: Veremos que apesar de tratar-se de um modelo de investigação
preliminar policial, depende da intervenção judicial para a adoção de medidas restritivas
fundamentais.

ATRIBUIÇÕES PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO PENAL


a) Crimes Militares: atribuição da autoridade de polícia judiciária militar: PM e
Corpo de Bombeiros no âmbito de crimes estaduais militares e União para crimes
militares de competência da Justiça Militar da União.
Vide: Inquérito Policial Militar (art. 79, I, CPP) e CPI (art. 58 § 3° da CF/1988)

b) Crimes Federais: contra a união, patrimônio - CF, art. 109 c/c art. 144, § 1.º. /
Art. 11 da Lei 13.260/16 - Polícia Federal
Órgãos que não tem poder de polícia * (receita federal) em forças tarefas
c) Crimes Eleitorais: Polícia Federal, mas pode ser investigado pela Polícia Civil.
Há uma lista de crimes no código eleitoral!
d) Crimes Estaduais: Polícia Civil, mas a Polícia Federal pode atuar quando a
repercussão do crime é interestadual ou internacional, dependendo, assim, de uma
investigação uniforme.
Atenção para um caso bem peculiar aqui do MS - Crimes de terras envolvendo
CONFLITOS indígenas EM VIA DE REGRA, são de competência estadual, mas podem
ser deslocados para justiça federal.
Houve um caso aqui no MS em que foi deslocado, pois no laudo antropológico do MPF,
identificou que há uma preconceito das pessoas daqui em relação aos indígenas e o
processo foi desaforado para SP.

6. DELEGACIA COMPETENTE:
“A competência territorial do juízo para processar e julgar o crime, a atribuição para as
investigações também é determinada em virtude do local onde se consumou a infração
penal, ou no caso de tentativa, com base no local em que foi praticado o último ato de
execução”.

7. Atuação do MINISTÉRIO PÚBLICO:


Parquet está legalmente autorizado a requerer abertura como também acompanhar a
atividade policial no curso do IP. Ele participa efetivamente, requerendo diligências e
acompanhando a atividade policial.
O MP pode sim requisitar a instauração do IP e/ou acompanhar sua realização. Mas sua
presença é secundária!
A jurisprudência majoritária entende que o Ministério Público também pode instruir
procedimentos investigatórios criminais, observando o regramento do IP e o rol de
direitos e garantias do investigado previstos no CPP, leis extravagantes (Lei n° 8.906) e
na Constituição, além de submeter-se ao rígido controle de legalidade por parte do Juiz
de Garantias.

8 . A posição do Juiz frente ao Inquérito Policial: O Juiz de Garantias -


Professor Gustavo vai tratar exclusivamente do Pacote Anticrime.

Seguirá sendo o mesmo juiz durante a fase investigatória e depois no processo, até que o
dispositivo entre em vigor* (art. 3°-A).

Reflete um avanço importante para o processo penal e serve(m) como fundamentação


teórica para criticar o superado modelo do CPP.

A função do juiz: atuar como um garantidor de direitos do acusado no processo penal.


(Art. 3°-C – CPP)
Juiz da Investigação – No Brasil, GARANTIA é sinônimo de impunidade.

Juiz das garantias não investiga, nem produz prova de ofício.


O primeiro intervém – quando invocado – na fase pré-processual até o recebimento da
denúncia, encaminhando os autos para outro juiz que irá instruir e julgar, sem estar
contaminado, sem pré-julgamentos e com a máxima originalidade cognitiva.
O MP e a polícia investigam os fatos, o imputado exerce sua defesa e ele decide, quando
chamado, sobre medidas restritivas de direitos fundamentais submetidas a reserva de
jurisdição (como busca e apreensão, quebras de sigilo, prisões cautelares, medidas
assecuratórias etc.) e como guardião da legalidade e dos direitos e garantias do imputado.

E por que um mesmo juiz não pode “fazer tudo”?


É da essência do sistema inquisitório a aglutinação de funções na mão do juiz e atribuição
de poderes instrutórios ao julgador, senhor soberano do processo. Portanto, não há uma
estrutura dialética e tampouco contraditória. Não existe imparcialidade, pois uma mesma
pessoa (juiz-ator) busca a prova (iniciativa e gestão) e decide a partir da prova que ela
mesma produziu. Portanto, incompatível com a matriz acusatória constitucional.
Falta de Parcialidade subjetiva (convicção pessoal/ no tocante aos envolvidos) ou objetiva
(em relação ao caso penal)

Pesquisa de SCHÜNEMANN: Quanto maior for o nível de conhecimento/envolvimento


do juiz com a investigação preliminar e o próprio recebimento da acusação, menor é o
interesse dele pelas perguntas que a defesa faz para a testemunha e (muito) mais provável
é a frequência com que ele condenará. Toda pessoa procura um equilíbrio do seu sistema
cognitivo, uma relação não contraditória. A tese da defesa gera uma relação contraditória
com as hipóteses iniciais (acusatórias) e conduz à (molesta) dissonância cognitiva.

CARACTERÍSTICAS DO IP

1 - Procedimento Escrito (art. 9.º, CPP)


Todas as peças do IP serão processadas, reduzidas a escrito. A lei silenciou quanto ao
meio eletrônico, ou seja, gravação dos autos, depoimentos, declarações, interrogatórios,
imagens no IP, mas é plenamente possível, por aplicação residual constante no art. 405,
§ 1.º do CPP.

2 - Procedimento dispensável

O IP não é antecedente lógico da ação penal. Nem é requisito indispensável para a sua
instauração e desenvolvimento, pelo contrário, o art. 12 in contrario sensu, bem como o
artigo 27 e 39, § 5.º do CPP nos dá estes indicativos.

“Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de
base a uma ou outra. (interpretação in contrario sensu)”
“Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público,
nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o
fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.”

“Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador
com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do
Ministério Público, ou à autoridade policial.
[...]

§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem


oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a
denúncia no prazo de quinze dias.”

3 - Procedimento sigiloso (art. 20, CPP)

É traço característico de sociedades ditas democráticas a publicidade, sendo a sua exceção


o sigilo. Em algumas situações a restrição da cognição externa do conteúdo do processo
pode ocorrer quando houver a necessidade de defesa de alguns bens jurídicos: intimidade,
interesse social no sigilo, segurança da sociedade e do Estado.

O artigo 20 em nenhum momento diz que o IP deve ser sigiloso, mas que pode ser, desde
que haja necessidade.

 Incisos XXXIII e LX, c/c art. 93, IX e art. 792, § 1.º, CPP
Logo, se no mais, “ação penal” é possível a restrição da publicidade, no menos, IP,
também faz possível.

A violação de sigilo funcional dos envolvidos da investigação (delegado, escrivão,


agentes) pode ensejar prática delituosa no art. 325 do CP e art. 10 da lei 9.296/96.

Não é pelo fato do IP ser sigiloso que o defensor do acusado não terá acesso às provas já
arquivadas. Inclusive, sobre este tema, o STF já editou a súmula vinculante 14. (as vezes
se faz necessária a autorização judicial – art. 23 da lei 12.850/13)

Súmula vinculante 14:

Afirma ser direito do defensor, no interesse da representado, ter acesso amplo aos meios
de prova, que já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária , digam respeito ao exercício de direito da defesa. Logo
admite-se que o sigilo pode prosseguir quanto aos elementos ainda não documentados.
Admite-se também que o sigilo seja oposto para não prejudicar o andamento de
determinadas diligências... (interceptação telefônica).

Denegação de acesso à autos de Inquérito e soluções:


I – Reclamação Constitucional: art. 103-A, § 3.º da CF.
II – Mandado de Segurança: violação de direito líquido e certo (art. 7.º, XIV da Lei
8.906/94)
III – Habeas Corpus: pois a negativa pode ensejar uma ameaça à liberdade de locomoção
do investigado (art. 5.º, LXVIII, CF)

Abuso de autoridade: o fornecimento incompleto das informações do inquérito: art. 32,


lei 13.869/19 – Abuso de Autoridade c/c art. 7.º, § 12 da lei 8.906/94)

4 - Procedimento Inquisitório

O IP procedimento, a princípio, inquisitório, não comporta um contraditório nos mesmos


termos do processo penal.
O que não quer dizer que não deva se aplicar o da ampla defesa. Esta estrutura vem sendo
alterada ao longo dos anos.

A lei 13.245/16 alterou o Estatuto da OAB, determinando que aos advogados é atribuído
o direito de “assistir a seus clientes investigados sob pena de nulidade. (inciso XIV, art.
7.º do EOAB). Ou seja, pode o investigado ser acompanhado de defensor em todos os
atos, podendo inclusive negar de fornecer prova contra si mesmo.
Além disso, pode o defensor formular quesitos e requerer diligências investigatórias, o
que poderá ou não ser atendido pela autoridade policial.

Advocacia defensiva (Doutrina moderna do IP)

O artigo abaixo determina que o investigado, membros das forças de segurança, nos casos
de ação letal, deverão ser acompanhado nas investigações de um defensor
preferencialmente, pela defensoria pública, mas onde não houver, por advogado custeado
pela própria instituição a que pertença.

Pacote Anticrime e art. 14-A, CPP:

 Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no


art. 144 da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos
policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais,
cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados
no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações
dispostas no art. 23 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), o indiciado poderá constituir defensor.”

5 - Procedimento discricionário
O Inquérito é desenvolvido de forma discricionária, as suas formas não possuem um rigor
ritualístico, cujas diligências se desenvolvem da melhor maneira a se chegar aos indícios
de autoria e materialidade delitiva.
Irá ser observado as particularidades do caso concreto e os trabalhos de investigações
serão realizados com base nisso .
(Vide art. 6.º e 7.º, CPP) – Não se aplica a instrumentalidade das formas no inquérito.

Não é o desenvolvimento conforme a lei determina, mas conforme ela não proíbe.

Exemplo de discricionariedade: “art. 14, CPP – o ofendido, ou seu representante legal, e


o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da
autoridade”

6 - Procedimento oficial
Compete ao Delegado (art. 144, § 1.º, CF) (Lei 12.830/13)

5.7 Procedimento oficioso


A autoridade policial, ao ter conhecimento de fato, hipoteticamente típico cometido,
deverá agir de ofício, se o comportamento delituoso for de ação penal pública
incondicionada.
Em crimes de ação penal pública condicionada à representação e no caso da ação
penal de iniciativa privada, a instauração do inquérito policial fica condicionada à
manifestação da vítima ou representação legal.

8 - Procedimento indisponível

Apesar da oficialidade, o Delegado não é obrigado a instaurar inquérito automaticamente.


Deverá, para tanto, instaurar uma verificação de procedência de informação, pois o
comportamento noticiado pode ser atípico. Não compete ao Delegado fazer juízo de
justificantes ou exculpantes do delito. Ele é senhor do tipo penal, a matéria sobre causas
excludentes de ilicitude e exculpantes deverão passar ao crivo do MP e Juiz.
Em outras palavras: A autoridade policial não pode determinar seu arquivamento, como
expressamente proíbe o artigo 17 do CPP. O arquivamento deve ser determinado pelo juiz
ou MP.

(Art. 17, CPP) (art. 5.º, § 3.º do CPP – VPI)


(art. 27 da Lei de Abuso de Autoridade)

9 - Procedimento temporário (art. 10, § 3.º, CPP) (art. 5.º, LXXVIII)


O excesso de prazo para a conclusão do inquérito pode ensejar abuso de autoridade (art.
31, Lei 13.869/19
*Tabela no Slide.
PRAZO DO INQUÉRITO POLICIAL

CÉLERE: tendo em vista a limitação temporal que lhe é imposta pela lei. Os crimes vão
ficando difíceis de serem elucidados com o passar dos anos...

IMPORTANTE: a polícia judiciária não cabe o poder de esgotar os prazos previstos para
a conclusão do IP

MAIOR BREVIDADE POSSÍVEL - DENTRO DO PRAZO LEGAL

REGRA GERAL DO CPP:

INDICIADO SOLTO: 30 DIAS PRORROGÁVEIS, EM CASO DE NÃO EXISTIR


PRISÃO CAUTELAR (ART. 10 DO CPP).

INDICIADO PRESO - ARTIGO 10º CPP - 10 DIAS = (O PRAZO DE 10 DIAS SERÁ


COMPUTADO A PARTIR DO MOMENTO DO INGRESSO EM PRISÃO, POIS O
QUE SE PRETENDE É QUE A PRISÃO NÃO SE PROLONGUE PARA ALÉM DOS
10 DIAS).

A Lei 13.964/2019 trouxe um ponto de pode gerar dúvidas, isso porque o juiz de garantias
poderá prorrogar o prazo de duração do inquérito por apenas uma vez, por até 15 dias, se
o indiciado estiver preso (art. 3º-B § 2º do CPP).

PERGUNTA: O prazo para conclusão do IP de indiciado preso, que não seja da polícia
federal, passou a ser 15 dias ou fica mantido o prazo de 10 dias visto na tabela acima?
Haverá 2 posições:
a) Agora, o prazo passou a ser de 15 dias
b) O prazo continua sendo de 10 dias, mas poderá ser prorrogado pelo juiz
de garantias.

Sobre a PRORROGAÇÃO:
A prorrogação do inquérito estando o investigado em liberdade (ou mesmo quando não
definido ainda) se dará de forma direta entre polícia e MP, sem intervenção do juiz das
garantias, que somente será chamado para decidir quando o investigado estiver preso.

Quando o sujeito passivo estiver em liberdade, atendendo à complexidade do caso (difícil


elucidação), o prazo de 30 dias poderá ser prorrogado a critério do juiz competente para
o processo (art. 10, § 3º, do CPP), desde que existam motivos razoáveis para isso.
LEI DE DROGAS:
INDICIADO PRESO: 30 DIAS (podendo ser duplicado)
90 dias (SOLTO) – PODENDO SER DUPLICADO.
fato de difícil elucidação + indiciado solto.

Sublinhamos que a Lei n. 13.869/2019 – Abuso de Autoridade estabeleceu que constitui


crime:
Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do
investigado ou fiscalizado: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou
conclusão de procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo
do investigado ou do fiscalizado.
Trata-se de um tipo penal novo, que contribuiria para evitar investigações que
abusivamente se prolongam no tempo, mas que encontrará severas dificuldades de
eficácia na falta de um prazo claro e determinado de duração do inquérito (ou
qualquer forma de investigação preliminar).

Polícia federal (art. 66, Lei. 5.010/1966) – solto: 30 dias prorrogáveis 15 dias (indiciado
preso)
IPM > Solto: 40 DIAS, prorrogáveis por mais vinte.
Imputado preso: 20 dias
Crimes contra a economia popular : Solto: 10 dias
Indiciado preso: 10 dias.

DOS ATOS INICIAIS: Atos de Iniciação/Instauração do IP – Art. 5º do CPP

O IP não é um cerimonial de degradação, muito menos serve para determinar um


julgamento social do investigado.

O inquérito tem como finalidade coletar elementos de informação que vão dar suporte
para a acusação, que se instrumentalizará via denúncia/queixa.

Também não é aceito em nosso sistema pátrio as chamadas fishing expedition, ou seja,
pesca de elementos probatórios, sem que haja lastro probatório mínimo para justificar
uma investigação (indício). Esta pesca de provas ocorre quando se investiga atos
genéricos, na esperança de se encontrar algum comportamento delituoso. Vide: art. 243
do CPP.

"Investigação especulativa indiscriminada, sem objetivo certo ou declarado, que 'lança'


suas redes com a esperança de 'pescar' qualquer prova, para subsidiar uma futura
acusação. Ou seja, é uma investigação prévia, realizada de maneira muito ampla e
genérica para buscar evidências sobre a prática de futuros crimes.” Alexandre de
Moraes da Rosa
Recomendo a leitura do artigo do Alexandre Moraes da Rosa na conjur:

https://www.conjur.com.br/2021-jul-02/limite-penal-pratica-fishing-expedition-
processo-penal

Neste sentido, as chamadas instauração de inquérito fundadas em denúncia anônima


também não justificam, por si só, a instauração de um inquérito. Necessidade de
Verificação de Procedência de Informações (VPI).

O inquérito policial tem, via de regra, duas origens: a notícia de um crime (seja ela de
origem interna ou externa) - Notitia Criminis – ciência da autoridade policial sobre
determinado crime ou uma prisão em flagrante, formalizado pelo auto de prisão em
flagrante.

O ato administrativo do delegado de polícia que marca temporalmente seu início,


conforme o caso, se dá pela portaria de instauração do inquérito policial, ou por meio
da normalização do auto de prisão em flagrante, no segundo caso.

Para a INSTAURAÇÃO do IP: Basta a MERA POSSIBILIDADE DE QUE EXISTA


UM FATO PUNÍVEL! O INQUÉRITO POLICIAL NASCE DA MERA
POSSIBILIDADE, MAS ALMEJA A PROBABILIDADE!

A relevância está no ato que dá causa à portaria, que, em última análise, carece de
importância jurídica. Por isso, dispõe o art. 5º do CPP, I, que o IP será iniciado:

Ver tabela NO SLIDE.

NOS CRIMES DE AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA:

a) De ofício: art. 5º, caput e 8º do CPP - pela própria autoridade policial - cuja
jurisdição ocorreu o delito que lhe compete averiguar em razão da matéria, tem o
dever de agir de ofício.

04 formas:
1 - informação reservada
2 - em virtude da situação de flagrância
3 - voz pública
4 - através da notoriedade do fato

Importante observar que no geral, no cotidiano, até pela elevada demanda, na maioria dos
casos, a polícia judiciária atua mediante invocação.
b) - Requisição do Ministério público art. 5.º, II e art. 13, II do CPP c/c art. 26, inc. IV
da lei 8.625/93 c/c CF, art. 129, inc. I e VIII) ou autoridade judiciária (juiz) - há
quem entenda que isso atinge o sistema acusatório, portanto é inconstitucional.

Quando chega ao conhecimento de algum desses órgãos a prática de um delito de ação


penal de iniciativa pública ou se depreende dos autos de um processo em andamento a
existência de indícios da prática de uma infração penal de natureza pública, a autoridade
deverá diligenciar para sua apuração.

Em sendo o possuidor da informação um órgão jurisdicional, deverá enviar os autos ou


papéis diretamente ao Ministério Público (art. 40 CPP) para que decida se exerce
imediatamente a ação penal, requisite a instauração do IP ou mesmo solicite o
arquivamento (art. 28 CPP).

Quem deve decidir sobre a necessidade de diligências (e quais) é o titular da ação penal,
que poderá considerar-se suficientemente instruído para o imediato oferecimento da
denúncia. Tudo isso sem esquecer que o próprio MP poderá instaurar um procedimento
administrativo pré-processual destinado a aclarar os pontos que julgue necessário,
prescindindo da atuação policial.

c) Requerimento do Ofendido (Delitos de Ação Penal de Iniciativa PÚblica


Incondicionada) - (art. 5.º, II, segunda parte, CPP)

É uma notícia-crime qualificada, pois exige uma especial condição do sujeito (ser o
ofendido), que, ademais de comunicar a ocorrência de um fato aparentemente punível,
requer que a autoridade policial diligencie no sentido
de apurá-lo.
No sistema adotado pelo CPP, nos delitos de ação penal de iniciativa pública, a fase pré-
processual está nas mãos da polícia, e a ação penal, com o Ministério Público. Sem
embargo, cabe à vítima atuar em caso de inércia dos órgãos oficiais, da seguinte forma:
• requerendo a abertura do IP se a autoridade policial não o instaurar de
ofício ou mediante a comunicação de qualquer pessoa;
• exercer a ação penal privada subsidiária da pública em caso de inércia do Ministério
Público (art. 5º, LIX, da CB c/c art. 29 do CPP).

e) Auto de prisão em flagrante delito: art. 5.º, CPP. Trata-se de uma forma de cognição
direta do fato delituoso, o seu diferencial é que não há necessidade de expedição de
portaria do Delegado de Polícia para a instauração do inquérito, o auto de prisão, por si
só, é a peça inaugural do IP
d) Notícia oferecida por qualquer do povo que não seja o ofendido ou seu
representante legal (delatio criminis) - (art. 5.º, § 3.º, CPP):
a não comunicação pode ter repercussões penais (art. 66 da LCP ou prevaricação do
funcionário público (art. 319, CP), mas pode haver responsabilização por crime de
denunciação caluniosa, quando se sabe que o crime é falso (art. 339, CP).

Crimes de ação penal pública condicionada à representação (art. 5 § 4º) e ação penal
privada (art. 5º § 5º).

A delatio criminis postulatória é “a manifestação da vítima ou de seu representante legal


no sentido de que possuem interesse na persecução penal”. (LIMA, 2020, p. 202)

Infrações penais que envolvam violência doméstica, de qualquer natureza, são de ação
penal pública incondicionada (ADI, 4424).

Nos crimes de ação penal pública condicionada a representação, dependem de


representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça, quando exigida (art. 5.º,
§ 4.º do CPP).

Nos crimes de ação penal privada: depende da representação da vítima ou do ofendido


(art. 5.º, § 5.º, CPP)

Casos de foro por prerrogativa de função:

Dependem de autorização do Tribunal competente para julgar o caso.

Algumas figuras da notitia criminis importantes:

Notitia criminis de cognição imediata ou espontânea: na hipótese em que a própria


autoridade policial, em suas atividades rotineiras (ex: leitura de jornal), toma
conhecimento da infração Penal.

Notitia criminis de cognição mediataou provocada: a autoridade policial toma ciência


da infração penal por meio de comunicado escrito.

Notitia criminis de cognição coercitiva: a autoridade policial toma conhecimento da


infração quando alguém lhe é apresentado em flagrante.

Notitia Criminis inqualificada (denúncia anônima)

Pode um inquérito ter origem em denúncia anônima?


Deverá o Delegado de Polícia efetivar uma verificação de procedência de informações,
sob pena de falta de indício para embasar a instauração de um inquérito. Inclusive, poderá
haver repercussões penais (art. 27, LAA).

Ainda, a pessoa que comunica falsamente fato que não constitui crime pode ser
responsabilizada criminalmente (art. 339 e 340 do CP). Tais crimes tem os seus bens
jurídicos previstos nos incisos V e X do art. 5.º da CF.

Art. 340: é quando alguém comunica a uma autoridade um crime ou contravenção que
sabe que não ocorreu. A pessoa imputa falso crime, mas não imputa a alguém. Na
denunciação caluniosa (art. 339) a pessoa imputa a alguém.

Denúncia anônima não é prova, nem mesmo indiciária; é mera informação, podendo
até justificar iniciais providências investigatórias pela polícia ou Ministério Público, mas
jamais fundamentar restrições a direitos individuais.

Jurisprudência do STF:
EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL. IMPUTAÇÃO DA
PRÁTICA DOS DELITOS PREVISTOS NO ART. 3º, INC. II, DA LEI N. 8.137/1990
E NOS ARTS. 325 E 319 DO CÓDIGO PENAL. INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR
NÃO REALIZADA. PERSECUÇÃO CRIMINAL DEFLAGRADA APENAS COM
BASE EM DENÚNCIA ANÔNIMA. 1. Elementos dos autos que evidenciam não ter
havido investigação preliminar para corroborar o que exposto em denúncia
anônima. O Supremo Tribunal Federal assentou ser possível a deflagração da persecução
penal pela chamada denúncia anônima, desde que esta seja seguida de diligências
realizadas para averiguar os fatos nela noticiados antes da instauração do inquérito
policial. Precedente. 2. A interceptação telefônica é subsidiária e excepcional, só
podendo ser determinada quando não houver outro meio para se apurar os fatos
tidos por criminosos, nos termos do art. 2º, inc. II, da Lei n. 9.296/1996. Precedente.
3. Ordem concedida para se declarar a ilicitude das provas produzidas pelas
interceptações telefônicas, em razão da ilegalidade das autorizações, e a nulidade das
decisões judiciais que as decretaram amparadas apenas na denúncia anônima, sem
investigação preliminar. Cabe ao juízo da Primeira Vara Federal e Juizado Especial
Federal Cível e Criminal de Ponta Grossa/PR examinar as implicações da nulidade dessas
interceptações nas demais provas dos autos. Prejudicados os embargos de declaração
opostos contra a decisão que indeferiu a medida liminar requerida.
(HC 108147, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 11/12/2012,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-022 DIVULG 31-01-2013 PUBLIC 01-02-2013)

Valor probatório DO IP E VALOR PROBATÓRIO DOS INDÍCIOS


ATÉ 2008 - CONDENAÇÕES BASEADAS PURAMENTE NOS ELEMENTOS DE
INFORMAÇÕES DO IP.
O IP são elementos e informação, sem capacidade de confirmação de uma hipótese sobre
fato. A confirmação se dará na instrução processual. (inferência abdutiva) (art. 155, CPP)
(Leitura complementar: Marinoni e Arenhardt, Prova e Convicção)
COLETA INDÍCIOS DE AUTORIA. QUAL O SENTIDO DESSES ELEMENTOS
INDÍCIARIOS:
Indício, segundo Marinoni, “não é prova, pois, ainda que tenha o objetivo de
demonstrar, de forma indireta (através de raciocínio judicial dedutivo), a afirmação
do fato direto, antes deve ser elucidado por meio de prova. Se o indício pode servir
para o juiz pensar, por meio de raciocínio dedutivo, sobre a afirmação do fato direto,
não se pode esquecer que ele, para ser tomado em consideração para o juiz formar
o seu convencimento, também deve ser objeto de prova”. (MARINONI;
ARENHART, 2015, p. 121)
O Inquérito é um conjunto de atos destinado a coletar elementos de informação, um
arcabouço que demonstra indícios e não provas (vide art. 155, CPP), pois não são
produzidos sobre o contraditório, na presença e/ou com participação das partes.
O art. 155 também estabelece que o juiz não poderá formar sua convicção, fundamentar
sua decisão, com base exclusivamente nos elementos de informações do IP colhidos na
fase de investigação.
Assim, esses elementos poderão somar-se às provas colhidas sob contraditório para
convencer o juiz e fundamentar sua decisão. Trata-se de um complemento às provas
judiciais.
Ao demonstrar uma situação fática de um homicídio, os indícios serão comprovados
através da instrução processual com a ação penal e por muitas vezes se transformam em
PROVAS, sem que com isso haja uma intervenção probatória desses fragmentos fáticos
do IP.
De outro lado, pode ser que hajam provas cautelares (verdadeiras provas) produzidas
durante o curso do processo:
“Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não
repetíveis e antecipadas.”
“Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao
juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas
consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e
proporcionalidade da medida;”
Por fim, o artigo 155 ressalva que o juiz poderá fundamentar sua decisão com base nos
elementos colhidos na fase investigatória se tratarem de provas cautelares, não repetíveis
ou antecipadas.
Exemplos de provas no slide*
No caso de provas antecipadas não podem ser confundidas com elementos de informação.
Neste caso o contraditório é diferido, podendo ser objeto de (con)formação a hipótese do
IP.

(O Tema Provas será tratado pelo professor Gustavo em outro momento).

Na prática, realmente é assim, mas o que muito acontece é serem utilizados os


elementos de informação pra subsidiar os depoimentos em juízo por exemplo...
No júri, é comum serem utilizados trechos dos depoimentos em sede policial...
Lembrem-se que o juiz não pode se valer exclusivamente desses elementos, mas a
acusação e a defesa podem utilizar desses elementos para formar sua convicção.
POR EXEMPLO: é MUITO COMUM na prática, as pessoas apresentarem versões
distintas sobre determinados fatos, as vezes por vontade própria, outras por coação.
O MP ou a defesa, em sede de alegações, depois da pronúncia, não pode se valer do que
foi dito nos depoimentos do INQUÉRITO, mas pode usar isso no Tribunal do Júri para
convencer os jurados, por exemplo.

NOMENCLATURA:
No IP utiliza-se o termo indiciado, investigado ou noticiado, conforme o caso.

DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS
COMO DITO ANTERIORMENTE, NÃO HÁ RITO A SER SEGUIDO PELA
AUTORIDADE POLICIAL...
No entanto, os artigos 6º e 7º do CPP trazem algumas indicações de como o delegado
deverá proceder logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, onde ela
deverá:

Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade


policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais.

Art. 169, CPP - Marco da cadeia de custódia. (Será estudado na matéria de provas)
Exceção: art. 32 da lei 11.343/06.

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais;

por exemplo: apreensão de drogas (ilícita) e celulares (lícita).

Não é passível de restituição: (i) enquanto interessarem ao processo; (ii) instrumentos


do crime, que por sua forma ou equivalente é ilícito, v.g., caça-níquel, drogas, etc.; (iii)
valores ou bens; (iv) objetos em relação haja dúvida sobre a propriedade legítima.

III - colher todas as provas (leia-se elementos informativos) que servirem para o
esclarecimento do fato e suas circunstâncias;

Inspirado pela característica a discricionariedade, a autoridade policial determina a


coleta de elementos para o esclarecimento dos fatos, circunstâncias e autoria. No caso
de violência doméstica: art. 11 e 12 da lei 11.340/06.

IV - ouvir o ofendido;

Se possível deve ser ouvido. Caso seja intimado, o ofendido deve comparecer (art.
201, § 1.º do CPP)

V - ouvir o indiciado, devendo o respectivo termo ser assinado por duas


testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura;

Neste momento, o indiciado deve ser indagado se possuem filhos menores (art. 6.º,
X da Lei 13.257/2016)

Direito à presença de defensor (art. 7.º, XXI, Lei 8.906/94 / art. 15, II, LAA

VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;

É atribuição da autoridade policial e será realizada na forma do art. 226, CPP E


quando corroborado por outras provas colhidas na fase judicial, sob o crivo do
contraditório e da ampla defesa.
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa,
proceder-se-á pela seguinte forma:
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa
que deva ser reconhecida;

Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de


outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o
reconhecimento a apontá-la;

III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito
de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser
reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela;

IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade,


pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas
presenciais.

O uso de registro fotográfico é permitido como já decidiu o STJ no HC 136.147.

AQUI ENTRA UM INSTITUTO MUITO IMPORTANE: FALSAS


MEMÓRIAS...

No entanto: HC 652.284 (A autoria do crime foi imputada a ele com base


exclusivamente em reconhecimento fotográfico e pessoal feito pela vítima na delegacia
de polícia, sem a observância dos preceitos do artigo 226 do CPP)

“Tampouco o reconhecimento pessoal em sede policial pode ser reputado confiável


se, além de ter sido efetuado um ano depois do evento, com a apresentação apenas do
réu, a descrição do delito demonstra que ele durou poucos minutos, que a vítima não
reteve características marcantes da fisionomia ou da compleição física do réu e teve suas
lembranças influenciadas tanto pelo decurso do tempo quanto pelo trauma que afirma
ter sofrido com o assalto"

"tendo a autoria do delito sido estabelecida com base unicamente em questionável


reconhecimento fotográfico e pessoal feito pela vítima, deve o réu ser absolvido".

Também é possível a acareação entre investigados ou entre investigados e


testemunhas, entre testemunhas.

O investigado não é obrigado a participar de reconhecimento de pessoas ou coisas,


muito menos de acareação (nemo tenetur se detegere).
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a
quaisquer outras perícias; VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;

 Art. 158, CPP


 Art. 5.º e 7.º da Lei Maria da Penha
 Laudo Papiloscópico
 Laudo de Constatação e Laudo definitivo (art. 50 e ss. da Lei 11.343/06)

 art. 5.º, LVIII da CF
 Lei 12.037/09
 Súmula 636 do STJ: “A folha de antecedentes criminais é documento
suficiente a comprovar os maus antecedentes e a reincidência”

IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual,


familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois
do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação
do seu temperamento e caráter.

X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem


alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos
filhos, indicado pela pessoa presa.

Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de


determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos
fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. Para ver as
circunstâncias em que foi praticada a infração.

O acusado não é obrigado a participar – à luz do princípio do nemo tenetur se


detegere -, pois trata-se de comportamento ativo, sobre a reprodução da prática criminosa,
o que é, evidentemente, prova incriminatória. (STF, HC 69.026)

Acesso aos dados cadastrais de vítimas e de suspeitos (lei 13.344/16)

 Art. 13-A do CPP

Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e
no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art.
239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o
membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer
órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações
cadastrais da vítima ou de suspeitos.

 Art. 17-B da Lei 9.613/98 e art. 15 da lei 12.850/13

Art. 17-B. A autoridade policial e o Ministério Público terão acesso,


exclusivamente, aos dados cadastrais do investigado que informam qualificação pessoal,
filiação e endereço, independentemente de autorização judicial, mantidos pela Justiça
Eleitoral, pelas empresas telefônicas, pelas instituições financeiras, pelos provedores de
internet e pelas administradoras de cartão de crédito.

Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso,


independentemente de autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado
que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos
pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de
internet e administradoras de cartão de crédito.

Requisição de informações sobre rádio base


 Art. 13-B do CPP
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico
de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar,
mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações
e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como
sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do
delito em curso.
Ex: Localização do investigado na hora dos fatos através das torres telefônicas

Identificação Criminal (art. 5.º, LVIII, CF – vide Súmula 568, STF) (Lei 12.037/09)
É a forma de aferir a real identidade do investigado, pode se dar pelo processo
datiloscópico, fotográfico ou genético.
Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais: Órgão Gestor: art. 7.º-C.
A identificação criminal somente é autorizada nas seguintes hipóteses: art. 3.º da Lei
12.037/09.
Questão: A submissão à identificação criminal é violação ao princípio do nemo tenetur
se detegere (art. 8.º, 2, g, Dec. 678/92)?

INDICIAMENTO
Indiciar é atribuir a autoria de determinado fato criminoso.
“O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado,
mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria,
materialidade e suas circunstâncias” (art. 2.º, § 6.º da Lei 12.830/2013)
O indiciado é uma figura entre mero suspeito e acusado denunciado.
O momento do indiciamento é realizado após o relatório do delegado. Nele consta o
indiciamento. Pode ser possível o fracionamento do indiciamento, quando a investigação
tem fases, isto ocorre em crimes complexos, com vários autores e partícipes. É incorreto
dizer que é proibido o indiciamento de determinado fato quando já se ofertou a denúncia,
pode haver um fracionamento de investigação de crimes correlatos. Ex.: Crime 1 (IP-1),
Crime 2 (IP-2), Crime 3 (IP-3), e somente após da conclusão destes três inquéritos existir
uma associação criminosa (art. 299, CP).

O indiciamento deve se dar por ato fundamentado pelo Delegado, em que se verifica a
análise técnico jurídica do fato, autoria, materialidade e suas circunstâncias. (art. 2.º, §
6.º, lei 12.830/13).
Denomina-se desindiciamento, quando após o indiciamento o Tribunal competente
determinado o seu não-indiciamento (HC 85.541, STF)
Algumas pessoas não podem ser indiciadas: Membros do MP (art. 41, II, LOMP),
magistrados (art. 33, par. Único, LC 35/79), parlamentares sem que haja autorização para
tanto (questão de ordem) em Inq. 2.411 do STF, entendimento extensível aos demais foros
por prerrogativa de função.

Incomunicabilidade do Preso (pré-cautelar e cautelar) (art. 21, CPP)


Não foi recepcionado pela constituição, pois trata-se de direito do custodiado a imediata
comunicação ao juiz competente e à sua família, bem como o direito à um advogado.
▪ Art. 5.º, LXII da CF
▪ Art. 136, § 3.º, IV da CF: mesmo em Estado de sítio é proibida a
incomunicabilidade do preso.
▪ Incomunicabilidade fática
Conclusão do Inquérito Policial
▪ Prazo para conclusão: (fonte: LIMA, 2020, p. 230) - Ver Tabela anterior)
▪ Relatório (art. 10, § 1.º)
▪ O artigo 10, § 1.º do CPP esclarece que, concluído o IP, elabora-se um relatório
e é feita a remessa dos autos, junto com os objetos e instrumentos do crime.
▪ Distribuição na Justiça ou ao MP?
Resolução n.º 63/2009 do CJF: Dispõe sobre a tramitação direta dos inquéritos
policiais entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.

Distribuição na Justiça ou ao MP? (vide ADI 4.305 e ADI 2.886)


Art. 1.º da Resolução n.º 63/2009 do CJF:
a) comunicação de prisão em flagrante efetuada ou qualquer outra forma de
constrangimento aos direitos fundamentais previstos na Constituição da
República;
b) representação ou requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público
Federal para a decretação de prisões de natureza cautelar;
c) requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público Federal de
medidas constritivas ou de natureza acautelatória;
d) oferta de denúncia pelo Ministério Público Federal ou apresentação de queixa
crime pelo ofendido ou seu representante legal;
e) pedido de arquivamento deduzido pelo Ministério Público Federal;
f) requerimento de extinção da punibilidade com fulcro em qualquer das hipóteses
previstas no art. 107 do Código Penal ou na legislação penal extravagante.

Procedimento de arquivamento (LIMA, 2020, p. 237)


Vamos ter que explicar os dois sistemas, o antigo e o novo que está suspenso, mas pode
viger a qualquer momento. Sistema antigo do CPP, em vigor por enquanto:

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar


a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de
quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar
improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito
ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a
denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para
oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só
então estará o juiz obrigado a atender.
Nessa sistemática o MP não arquiva, solicita o arquivamento para o juiz que poderá
concordar com o pedido do MP e então arquivar o inquérito (controle é judicial, portanto),
ou divergir do entendimento do MP e de forma inquisitória e incompatível com a matriz
acusatória do CPP – determinar a remessa para o procurador-geral do MP, que poderá
inclusive através de outro promotor designado) insistir no arquivamento (e então não
restará ao juiz outra opção do que arquivar) ou oferecer denúncia.
E como está a nova redação do art. 28, quando entrar em vigor?

Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de


quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do
Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à
autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de
revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei.
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o
arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta)
dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à
revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme
dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento
da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do
inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a
quem couber a sua representação judicial.

Portanto, a sistemática ficaria da seguinte maneira:


O arquivamento será ordenado pelo MP nos termos do art. 28 do CPP, com a
possibilidade de recurso da vítima e a necessidade de reexame pelo órgão superior
encarregado do MP.
Trata-se de uma alteração muito relevante trazida pela Lei n. 13. 964/2019 com uma
sistemática completamente nova para o arquivamento do inquérito (qualquer
investigação preliminar), que agora não mais depende arquivamento pelo juiz e,
portanto, está muito mais acorde com a estrutura acusatória.

Se o membro do Ministério Publico entender que não estão presentes as condições de


admissibilidade da acusação e, portanto, para o oferecimento da denúncia, ele mesmo
promoverá o arquivamento do inquérito ou de qualquer
elemento informativo que desempenhe a mesma finalidade, como, v.g., um procedimento
investigatório criminal ou a representação fiscal para fins penais, sem necessidade de
submeter ao juiz.

Arquivamento (cont.)
Arquivamento indireto ou implícito: ocorre quando o MP não oferece
denúncia sob alguns dos fatos. Tal modalidade de arquivamento não é utilizada
aplicável ao sistema brasileiro nos termos do art. 28, CPP, que menciona que o
MP deverá requerer arquivamento quando inviável o oferecimento da denúncia.
Desarquivamento: quando houver novas provas/pesquisas ou coleta de dados
que possam ensejar a retomada das investigações. (art. 18, CPP)
Oferecimento de denúncia: Súmula 524 do STF

Investigação defensiva
Dispositivos:
Art. 8.2, c, CADH
Art. 14, CPP
Lei 13.432/2017

Investigação pelo Ministério Público


O Ministério Público pode investigar?
Previsão: Resolução 181/2017 e 183/2018 do CNMP
Já foi objeto de ADI: 5790 e 5.793

Consequências do IP → MP
a) Formalização de acordo de não persecução: art. 28-A, CPP
b) Oferecimento de denúncia
c) Arquivamento dos autos do inquérito policial: art. 395 e 397, CPP.
d) Requisição de Diligências

O Acordo de Não Persecução Penal

Uma vez aberto, instruído e concluído o inquérito policial (ou


procedimento investigatório do MP), como vimos, deverá o Ministério Público decidir
entre denunciar (se presentes as condições necessárias para o
exercício da ação penal, como veremos no próximo Capítulo), pedir mais
diligências ou ordenar o arquivamento.
Aqui temos mais uma inovação trazida pela reforma de 2019/2020: o
acordo de não persecução penal, que poderá ser proposto pelo Ministério Público (e aceito
ou não pelo imputado) quando, na dicção do art. 28-A,
“não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave
ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público
poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições
ajustadas cumulativa e alternativamente”.

Importante esclarecer que tal dispositivo está plenamente em vigor, não


tendo sido suspenso pela liminar anteriormente referida

O acordo de não persecução penal está previsto no art. 28-A de onde


podemos extrair:

I) Requisitos cumulativos:

a) Não deve ser caso de arquivamento, devendo estar presentes as


condições de admissibilidade da acusação (viabilidade acusatória);
b) O imputado deve confessar formal e circunstancialmente a prática de
crime, podendo essa confissão ser feita na investigação ou mesmo
quando da realização do acordo;

c) O crime praticado deve ter pena mínima inferior a 4 anos e ter sido
praticado sem violência ou grave ameaça. Para aferição dessa pena,
deve-se levar em consideração as causas de aumento (como o
concurso de crimes, por exemplo) e de redução (como a tentativa),
devendo incidir no máximo nas causas de diminuição e no mínimo
em relação as causas de aumento, pois o que se busca é a pena
mínima cominada;

d) O acordo e suas condições devem ser suficientes para reprovação e


prevenção do crime, ou seja, adequação e necessidade
(proporcionalidade).

II) São causas impeditivas do acordo, de natureza alternativa


(basta, portanto, a existência de uma delas para não ter
cabimento):

a) Não poderá ser proposto o acordo quando for cabível transação penal
(cuja proposta antecede e prevalece, pois mais benéfica para o
imputado);
b) Quando as circunstâncias pessoais do imputado não recomendarem,
por ser ele reincidente ou existirem elementos probatórios suficientes
de que se trata de conduta criminosa habitual, reiterada ou
profissional, exceto quando as infrações penais anteriores forem
insignificantes. Esse é um critério vago e impreciso, que cria
inadequados espaços de discricionariedade por parte do MP;

c) O imputado não poder ter-se beneficiado, nos últimos 5 anos


anteriores ao criem, de acordo de não persecução, transação penal ou
suspensão condicional do processo;
d) Ainda que a pena mínima seja inferior a 4 anos, não caberá o acordo
quando se tratar de crime de violência doméstica ou familiar (Lei n.
11.340/2006) ou praticado constituir violência de gênero (praticado
contra mulher em razão da condição de sexo feminino).
Uma vez formalizado o acordo e cumpridas as condições estabelecidas, será extinta a
punibilidade, não gerando reincidência ou maus antecedentes, registrando-se
apenas para o fim de impedir um novo acordo no prazo de 5 anos (inciso III
do § 2º).

DICA COMPLEMENTAR DE CONTEÚDO (NÃO VAI CAIR NA PROVA DE


VOCÊS) :
Quem se interessar no assunto de inquérito policial, pesquise sobre a MODERNA
DOUTRINA DO IP.
Há muitas críticas fundamentais sobre o Inquérito Policial. Apesar de ser doutrina
minoritária, está avançando com o passar dos anos e é mais garantidora de respeito aos
direitos fundamentais.
Dica de artigo é de um delegado de polícia bem renomeado para falar sobre o tema:
https://www.conjur.com.br/2017-fev-21/academia-policia-inquerito-policial-sido-
conceituado-forma-equivocada

Obrigada!

Bons estudos... 😊

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