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DIREITO PENAL

JOÃO PEREIRA

lege e nulla poena sine lege. Isto é, não há crime sem lei e,
consequentemente, não há pena sem lei.
DIREITO PENAL - PARTE I
Além disso, a partir da legalidade, surgem dois outros
princípios igualmente importantes: o da reserva legal e o da
Prof. João Pereira anterioridade da lei penal.

2. Princípio da reserva legal


A palavra lei pode ser utilizada em sentido lato ou es-
trito. No primeiro, ela é sinônima de norma jurídica, inde-
pendentemente de ser decreto, constituição, medida provi-
sória etc. No segundo, ela designa um tipo específico de do-
cumento legislativo que, na hierarquia do nosso sistema ju-
rídico, está situado imediatamente abaixo da CRFB e acima
dos decretos: as leis ordinárias, delegadas e complementa-
res.

Instagram: www.instagram.com/professorjoaopereira Um ponto central é que, no Direito Civil, a legalidade


Facebook: www.facebook.com/professorpereira se refere ao sentido lato do termo, estando traduzida na
norma de que ninguém é obrigado a fazer ou a deixar de
CONTEÚDO fazer alguma coisa senão em virtude de lei — art. 5º, inciso
II, da CRFB. Lei, nesse caso, é uma norma jurídica válida,
não necessariamente uma lei, incluindo decretos, resolu-
1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL.
ções, e outros atos normativos infralegais.
2. APLICAÇÃO DA LEI PENAL. 2.1 PRINCÍPIOS DA LEGALI-
DADE E DA ANTERIORIDADE. 2.2 A LEI PENAL NO TEMPO E No Direito Penal, a legalidade mais rigorosa e fixa é a
NO ESPAÇO. 2.3 TEMPO E LUGAR DO CRIME. 2.4 LEI PENAL chamada reserva legal. Apenas a lei em sentido estrito pode
EXCEPCIONAL, ESPECIAL E TEMPORÁRIA. 2.5 TERRITORIA- ser utilizada para prever um crime. Além disso, entre as es-
LIDADE E EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL. 2.6 pécies, a lei delegada e a medida provisória — que não é lei,
CONTAGEM DE PRAZO. 2.7 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL. mas tem força de — estão excluídas por proibição prevista
2.8 ANALOGIA. 2.9 IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL. na CRFB, nos artigos 68, §1º e 62, §1º, I, “b”, respectiva-
3. INFRAÇÃO PENAL: ELEMENTOS, ESPÉCIES, SUJEITO mente.
ATIVO E SUJEITO PASSIVO.
4. O FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS. 4.1 CRIME CONSU-
MADO E TENTADO; PENA DA TENTATIVA; DESISTÊNCIA VO- 3. Princípio da irretroatividade
LUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ; ARREPENDIMENTO
A lei definidora de crime não retroage senão para be-
POSTERIOR; CRIME IMPOSSÍVEL; CRIME DOLOSO E CRIME
neficiar o réu. Isso significa o seguinte:
CULPOSO. 4.2 ILICITUDE E CAUSAS DE EXCLUSÃO. EX-
CESSO PUNÍVEL. 4.3 PUNIBILIDADE. 4.4 CULPABILIDADE. • Se a lei nova extingue o delito, indiciados, réus e
(ELEMENTOS E CAUSAS DE EXCLUSÃO). condenados são atingidos (abolitio criminis);
5. ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO.
6. IMPUTABILIDADE PENAL. • Se a lei nova reduz a pena ou traz regime de aplica-
7. CONCURSO DE PESSOAS. ção mais benéfico, indiciados, réus e condenados são atin-
8. DAS PENAS gidos (novatio legis in mellius);

• Se a lei nova cria crime ou piora a situação, não há


1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO aplicação senão as condutas posteriores à data de início da
sua vigência (novatio legis in pejus).
DIREITO PENAL

4. Presunção de inocência
1. Princípio da legalidade
Por sua vez, a também chamada presunção de não
A norma basilar do Direito Penal é a não existência culpabilidade está prevista no art. 5º, inciso LVII, da CRFB:
de crime sem lei anterior que o defina. Isto é, para que uma “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado
conduta seja considerada um delito, é preciso que seu dis- de sentença penal condenatória”.
positivo e sua hipótese de incidência estejam previstos em
um documento escrito que superou todas as etapas do pro- Existem duas interpretações quanto ao sentido e al-
cesso legislativo. cance dessa norma: a primeira considera o princípio a partir
da estrutura obrigatória do processo penal, alcançando o
Em muitos casos, inclusive em provas de concurso, é início do cumprimento da pena. Já a segunda é menos
possível que os dizeres do art. 5º, inciso XXXIX, da Consti- abrangente e situa a aplicação na condução do processo e
tuição da República Federativa do Brasil (CRFB) sejam re- da avaliação das provas.
presentados pelas expressões latinas: nullum crimen sine

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Em ambos os casos, caberá ao acusador demonstrar DIREITO PENAL – PARTE GERAL
a existência do crime. No entanto, a segunda interpretação
possibilita a chamada prisão em segunda instância. 2. APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Conceito de Direito Penal - é a parte do


5. Princípios do contraditório e da ampla defesa
ordenamento jurídico que define as infrações penais (crimes
Tais princípios são tratados em conjunto, embora e contravenções) e prevê as respectivas sanções (penas e
exista divergência se seriam sinônimos. Para quem distin- medidas de segurança). Estabelece, também, os princípios
gue contraditório e ampla defesa, previstos no art. 5º, inciso e regras que regulam a atividade penal do Estado, fixando
LV, da CRFB — interpretação mais comum em concursos — os fundamentos e os limites ao exercício do poder punitivo.
, os significados são os seguintes:
Contraditório 2. 1 Princípios da Legalidade e da Anterioridade

Corresponde à oportunidade de resposta às acusa-


ções, verificada pelo respeito a três direitos subjetivos: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há
pena sem prévia cominação legal”. (Art. 1º do CP)
• Direito à informação: ter ciência do que ocorre no
processo e acesso aos documentos;
O art. 1º do Código Penal contém dois princípios:
• Direito à reação: poder responder às acusações;
• Direito à influência: ter as alegações consideradas I) Princípio da legalidade: tem o sentido de garan-
pelo magistrado da causa, que, em caso de rejeição, deve tir que não há crime sem que, antes de sua prática, haja
fazê-lo de forma fundamentada. uma lei descrevendo-o como fato punível. A lei penal faz
Ampla defesa uma definição mediante a descrição de um comportamento
ilícito, ao qual prevê certa sanção.
Consiste em ter meios à disposição para oferecer uma
resposta juridicamente fundamentada às acusações. Por
É lícita, pois, qualquer conduta que não se encontre
exemplo, há cerceamento de defesa quando o acusado não
definida em lei penal incriminadora. Assim, ao definir, por
tem advogado e a defensoria pública não atua.
exemplo, o crime de homicídio, o legislador não declara,
simplesmente, "é proibido matar". Ele diz "matar alguém:
pena — reclusão, de seis a vinte anos", fórmula com que,
6. Responsabilidade pessoal (intranscendência)
primeiramente, define a conduta ilícita, e, depois, impõe-lhe
Qualquer que seja a pena aplicada, ela estará restrita os limites (mínimo e máximo) de pena que a prática daquele
à liberdade, ao patrimônio e à pessoa do condenado. A ex- comportamento virá a acarretar ao seu autor.
ceção é o uso do patrimônio transferido em herança para
quitar obrigação de decretação de perdimento de bens e de
Estrutura do tipo penal: O tipo penal (a previsão
reparação de dano.
legal do crime), em regra, é estruturado da seguinte
O objetivo é descontar os valores do patrimônio do forma:
falecido, de modo que os herdeiros não sejam obrigados por
indenizações e penas além do que for transferido. A redação
a) Título ou “nomen juris”: é a nomenclatura dada
do art. 5º, inciso XLV, da CRFB é clara nesse sentido:
pelo legislador à determinada conduta considerada crime
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, (lato sensu). Exemplo: art. 121 do Código Penal: “Homicí-
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação dio simples”.
do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas
aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do
b) Preceito primário: trata-se da descrição da con-
valor do patrimônio transferido.
duta proibida. Exemplo: art. 121 do Código Penal: “matar
alguém”.

7. Individualização da pena
c) Preceito secundário: é a sanção penal prevista
As penas devem ser proporcionais à conduta do para determinada conduta. Exemplo: no crime de homicí-
agente. Logo, se os crimes são diferentes entre si, não pode dio simples (art. 121 do Código Penal), o preceito secun-
haver aplicação de penas genéricas, mas apenas as devida- dário é “reclusão, de seis a vinte anos”.
mente individualizadas, conforme exigência da norma do
art. 5º, inciso XLVI, da CRFB.
II) Princípio da anterioridade: não há crime sem
Assim, ao definir um crime, mudar a aplicação ou o lei "anterior" que o defina; não há pena sem "prévia" impo-
regime de cumprimento de pena, o legislador deve criar cri- sição legal, ou seja, para que qualquer fato possa ser consi-
térios para ajustar a punição conforme comportamentos an- derado crime é preciso que o fato que o constitui seja co-
teriores, posteriores e durante o processo, além de conside- metido APÓS a entrada em vigor da lei incriminadora que o
rar aspectos sociais e, principalmente, a intencionalidade. define. Por sua vez, a pena cabível deve ter sido cominada
(prevista) também anteriormente.

 Importante observar que as palavras crime, pena e


lei têm sentido amplo neste artigo. Assim, a expressão
"crime" compreende, também, as contravenções; a palavra

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"pena" inclui as mais diversas restrições de caráter penal representante ajuíze ação de execução contra o réu para a
(penas privativas de liberdade, restritivas de direito e penas reparação dos prejuízos por ela (a vítima) sofridos em de-
de multa); como "lei", devem ser entendidas todas as nor- corrência do crime. Esse título será mantido válido e eficaz
mas de natureza penal, elaboradas na forma que a Consti- mesmo se ocorrer a descriminalização da conduta.
tuição prevê, abrangendo não só as do CP, como as das de-
mais leis penais especiais.
“A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que de-
Taxatividade (Lex Certa) - As leis que definem cri- cididos por sentença condenatória transitada em jul-
mes devem ser precisas, marcando exatamente a conduta gado” (Parágrafo único do art. 2º do CP).
que objetivam punir. Assim, em nome do princípio da lega-
lidade, não podem ser aceitas leis vagas ou imprecisas, que
não deixam perfeitamente delimitado o comportamento que A lei nova, editada posteriormente à conduta do
pretendem incriminar — os chamados tipos penais total- agente, pode conter dispositivos que beneficiem ou que pre-
mente abertos. judiquem o mesmo. Se beneficiá-lo, será considerada uma
novatio legis in mellius. Se prejudicá-lo será considerada
uma novatio legis in pejus.
Reserva legal absoluta (legalidade em sentido
estrito): significa que em matéria penal somente o Poder
Legislativo Federal pode intervir mediante lei em sentido es- Extra-atividade da lei penal – consiste na possi-
trito para prever crimes e penas ou medida de segurança, bilidade da lei se deslocar no tempo para frente ou para
sendo essa garantia erigida a cláusula pétrea. trás, dando origem, respectivamente à retroatividade ou ul-
tra-atividade.

Medida Provisória - Somente lei em sentido estrito,


lei formalmente considerada (lei ordinária) pode criar tipos Espécies de extra-atividade:
penais, não podendo a medida provisória dispor sobre
matéria penal, por expressa vedação constituiconal: a) Retroatividade - A lei penal mais benéfica (nova-
tio legis in mellius) terá sempre efeito retroativo, sendo apli-
“Art. 62. ... cada aos fatos ocorridos anteriormente à sua vigência, ainda
que já tenha havido sentença com trânsito em julgado.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre
matéria:
I – relativa a: ... ATENÇÃO: Diferentemente, na lei processual penal,
nos termos do art. 2º do Código de Processo Penal, a norma
b) direito penal, processual penal e processual civil;
de caráter processual terá incidência imediata a todos os
processos em andamento, não importando se o crime foi
2.2 A lei penal no tempo e no espaço cometido antes ou após a sua entrada em vigor ou se sua
inovação é mais benéfica ou não.

“Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior


deixa de considerar crime, cessando em virtude dela Lei mista: para fins de retroatividade em benefício do
a execução e os efeitos penais da sentença condena- agente, nos casos de lei híbrida (misto de penal e processo),
tória” (Art. 2º do CP). a parte penal tende a prevalecer.

Abolitio Criminis – Trata-se do fenômeno que b) Ultra-atividade: A lei penal mais benéfica será
ocorre quando uma lei posterior deixa de considerar crime aplicada mesmo depois de revogada. Pode ocorrer, por-
determinado fato que era incriminado por lei anterior. O le- tanto, quando o crime for praticado durante a vigência de
gislador, por questões de política criminal, resolve não mais uma lei, posteriormente revogada por outra prejudicial ao
incriminar determinada conduta, retirando do ordenamento agente. Subsistem, no caso, os efeitos da lei anterior, mais
jurídico-penal a infração que a previa. favorável, mesmo após ter sido revogada por outra lei, mais
rigorosa.

 O efeito da descriminalização de uma conduta é a


extinção de sua punibilidade. Exemplo: a Lei 11.106/2005  A ultra-atividade e a retroatividade da lei penal
deixou de considerar condutas criminosas o adultério, a se- serão realizadas sempre em benefício do agente, e nunca
dução e o rapto consensual. em seu prejuízo, e pressupõem, necessariamente, a suces-
são de leis no tempo.

A extinção da punibilidade pode ocorrer na fase de


inquérito ou já no processo, sendo que, se ocorrer durante Combinação de leis: A doutrina tradicional, em sua
o inquérito, a autoridade policial deve remetê-lo ao Ministé- maior parte, não admite a combinação de normas para fa-
rio Público, que solicitará seu arquivamento, e se durante o vorecer o agente, acreditando que dessa integração resul-
processo judicial, o juiz deverá declarar a extinção da puni- taria uma terceira lei, sendo vedado ao julgador criar leis.
bilidade de ofício.
2.3 Tempo e Lugar do crime
ATENÇÃO: A abolitio criminis faz cessar todos os efei-
tos PENAIS da sentença condenatória, subsistindo os efeitos 1) Tempo do Crime
CIVIS. Quando existe uma sentença penal condenatória, ela
serve de título executivo judicial para que a vítima ou seu

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“Considera-se praticado o crime no momento da ação b) Ou aqui no Brasil se tenha produzido o resultado
ou omissão, ainda que outro seja o momento do re- do comportamento criminoso ("bem como onde se produziu
sultado”. (Art. 4º do CP) ... o resultado").

A determinação do tempo em que se reputa praticado Tentativa: Também incide a lei penal brasileira na
o delito tem relevância jurídica não somente para fixar a lei hipótese de tentativa, ou seja, quando a conduta, embora
que o vai reger, mas também para fixar a imputabilidade do praticada em outro país, deveria ter aqui se consumado
sujeito (se era maior de idade, se era mentalmente são), ("...bem como onde deveria produzir-se o resultado").
aplicação de eventual anistia condicionada no tempo, etc.
2.4 Lei penal excepcional, especial e temporária
Teoria da Atividade - o art. 4º do CP, adotando a
Teoria da Atividade, manda considerar como momento do
“A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o
crime o da ação ou omissão. Assim, por exemplo, se o
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias
agente atira na vítima e esta vem a falecer no hospital, um que a determinaram, aplica-se ao fato praticado du-
mês depois, o momento do crime é aquele em que houve a rante sua vigência”. (Art. 3º do CP)
ação de atirar (conduta) e não o dia de seu resultado
(morte).
Do mesmo modo, no aborto, se houver intervalo de Lei Excepcional – editada em virtude de situações
tempo entre a prática abortiva e a expulsão do feto, a data também excepcionais, cuja vigência é limitada pela própria
da prática será considerada a da operação ou manobra para duração da excepcionalidade, como ocorre no caso de
provocar o abortamento. guerra, epidemia, plano econômico.

Crimes permanentes: Neles, como a consumação Lei Temporária – a lei traz expressamente em seu
se prolonga pela própria vontade do agente (ex.: seques- texto o dia do início, bem como o dia do término de sua
tro), a eventual lei posterior, ainda que mais severa, só é vigência. Ex.: lei que proíbe ingerir bebida alcoólica durante
aplicável à conduta que ocorreu durante sua vigência. determinado prazo.
Semelhantemente, se o agente inicia o sequestro
quando era ainda menor de 18 anos, mas retém a vítima Autorrevogação: Ambas perdem sua vigência auto-
após alcançar a maioridade, será penalmente responsável maticamente, não precisando de outra lei que as revogue.
pelos atos que praticou a partir do dia em que completou os Basta ocorrer o dia nela previsto (lei temporária) ou o fim
18 anos, mas não pelos anteriores. da situação de anormalidade (lei excepcional) para que dei-
xem de produzir efeitos jurídicos.
2) Lugar do Crime
 As leis Excepcionais e Temporárias também são co-
nhecidas como LEIS INTERMITENTES.
“Considera-se praticado o crime no lugar em que
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria produzir-se o re- Ultra-atividade - Essas espécies de lei têm ultra-
sultado”. (Art. 6º do CP) atividade, ou seja, aplicam-se ao fato cometido sob a sua
vigência, mesmo depois de autorevogadas pelo decurso do
tempo ou pela superação do estado excepcional. Assim, o
Teoria da Ubiquidade – De acordo com o art. 6º, o princípio da retroatividade benigna não é aplicável em tais
Código Penal brasileiro adotou para definição do lugar do casos.
crime, a Teoria da Ubiquidade, determinando ser local do
crime tanto o lugar do comportamento (ação ou omissão)
como o do resultado. Lei especial – são leis penais que tratam especifica-
mente de um determinado tipo de crime, como é o caso da
Lei Antidrogas, Lei do Abuso de Autoridade, Crime de Tor-
Crimes à distância - com a adoção da teoria da ubi- tura. Importante anotar que, quando conflitantes com nor-
quidade resolvem-se os problemas relacionados aos crimes mas de caráter geral, embora no mesmo nível hierárquico
a distância, assim denominadas as infrações em que a ação das demais leis ordinárias penais, adquirem um valor dife-
ou omissão se dá em um país e o resultado ocorre em outro. renciado e prevalecerão sobre as demais em seu tema es-
Como exemplo, alguém, residente na Argentina, envia uma pecífico.
carta-bomba tendo como destinatário uma vítima que resi-
disse no Brasil, que ao abri-la, detona o mecanismo fa-
zendo-a explodir, causando-lhe a morte. 2.5 Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal

Nos termos deste art. 6º, incide a lei brasileira, desde O Código Penal limita a validade da lei penal a partir
que: de dois princípios: a territorialidade (art. 5º) e a extra-
territorialidade (art. 7º). Com base neles se estabelecem
princípios que buscam solucionar os conflitos de leis penais
a) Aqui no Brasil tenham sido praticados todos ou al- no espaço. A territorialidade é a regra. Excepcionalmente,
gum dos atos executórios ("lugar em que ocorreu a ação ou admitem-se o caso de extraterritorialidade.
omissão, no todo ou em parte").

1) Territorialidade

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d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou do-
A regra da territorialidade está insculpida no artigo 5o, miciliado no Brasil;
do Código Penal:
Atenção: Nessas hipóteses, o agente será punido se-
Art. 5º. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de con- gundo a lei brasileira, ainda que tenha sido condenado ou
venções, tratados e regras de direito internacional, ao absolvido no estrangeiro.
crime cometido no território nacional.
b) Extraterritorialidade condicionada – algumas
§ 1º. Para os efeitos penais, consideram-se como ex- condições têm de ser cumpridas para que o agente possa
tensão do território nacional as embarcações e aero- sujeitar-se à lei brasileira, nos casos de crimes enquadrados
naves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do nas hipóteses do inciso II do art. 7º do Código Penal:
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem
como as aeronaves e as embarcações brasileiras,
Art. 7º. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora come-
mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
tidos no estrangeiro:
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou
em alto-mar. II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou
a reprimir;
§ 2º. É também aplicável a lei brasileira aos crimes
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações es- b) praticados por brasileiros;
trangeiras de propriedade privada, achando-se aque- c) praticados em aeronaves ou embarcações brasilei-
las em pouso no território nacional ou em vôo no es- ras, mercante ou de propriedade privada, quando em
paço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar território estrangeiro e aí não sejam julgados.
territorial do Brasil.
As condições da extraterritorialidade condicionada es-
Territorialidade Temperada - Nosso CP acolhe, tão no § 2o do mesmo artigo 7o:
como princípio geral, o da territorialidade, pelo qual a lei
penal brasileira é aplicada em nosso território, independen-
temente da nacionalidade do autor e da vítima do delito. A § 2º. Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasi-
regra, porém, não é adotada com caráter absoluto, pois per- leira depende do concurso das seguintes condições:
mite-se a eficácia da norma de outros países, em casos de a) entrar o agente no território nacional;
convenções, tratados e regras de direito internacional. Por b) ser o fato punível também no país em que foi pra-
isso, diz-se que o Brasil adota a territorialidade temperada. ticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a
2) Extraterritorialidade lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou
O Princípio da Extraterritorialidade se preocupa com a não ter aí cumprido a pena;
aplicação da lei brasileira fora dos limites territoriais do país, e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou,
ou seja, às infrações penais cometidas além de nossas fron- por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, se-
teiras, em países estrangeiros. gundo a lei mais favorável.

A extraterritorialidade pode ser incondicionada (inciso Crime cometido por estrangeiro contra brasi-
I do artigo 7o) ou condicionada (inciso II, do mesmo artigo): leiro fora do Brasil - Neste caso, para que o fato seja pu-
nido de acordo com nossa lei, é necessário, além das condi-
ções do § 2°, preencher mais dois requisitos:
a) Extraterritorialidade incondicionada – traduz
a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a fatos
ocorridos no estrangeiro, sem que, para tanto, seja neces- § 3º. A lei brasileira aplica-se também ao crime co-
sário o concurso de qualquer condição: metido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil,
se reunidas às condições previstas no parágrafo ante-
rior:
Art. 7º. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora come-
tidos no estrangeiro: a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
I - os crimes: b) houve requisição do Ministro da Justiça.
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Re-
pública; ATENÇÃO: Não se admite a aplicação da lei penal
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do brasileira às contravenções penais praticadas no estran-
Distrito Federal, de Estado, de Território, de Municí- geiro.
pio, de empresa pública, sociedade de economia
mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Pú-
blico;
2.6 Interpretação da lei penal
c) contra a administração pública, por quem está a
seu serviço;

5
A interpretação da lei penal é a atividade consistente c.3) Interpretação extensiva - É aquela que, con-
em identificar o alcance e significado da norma penal. Pode cluindo ter a lei dito menos que queria o legislador, estende
ser classificada: seu sentido para que corresponda ao da norma. Destina-se
a corrigir uma fórmula legal excessivamente estreita.
a) quanto ao sujeito, levando em consideração aquele
que realiza a interpretação; INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
b) quanto ao modo, considerando os meios
empregados para a interpretação; Na interpretação analógica (ou intra legem) a lei pe-
c) quanto ao resultado, tendo em conta a conclusão a nal, atendendo ao princípio da legalidade, detalha todas as
que chegou o exegeta. situações que quer regular e, posteriormente, permite que
aquilo que a elas seja semelhante possa também ser abran-
gido no dispositivo.
A) Interpretação da lei penal quanto ao sujeito

É o que ocorre, por exemplo, no artigo 121, §2°, I, do


Quanto ao sujeito, a interpretação pode ser autêntica,
Código Penal, que dispõe ser qualificado o homicídio quando
doutrinária ou judicial.
cometido ''mediante paga ou promessa de recompensa, ou
por outro motivo torpe". Percebe-se que a lei fornece uma
a.1) Interpretação autêntica - Também chamada fórmula casuística ("mediante paga ou promessa") e, em
de legislativa, é aquela de que se incumbe o próprio legisla- seguida, apresenta uma fórmula genérica ("ou por outro
dor, quando edita uma lei com o propósito de esclarecer o motivo torpe").
alcance e o significado de outra.
Deste modo, o significado que se busca é extraído do
a.2) Interpretação doutrinária - É aquela feita pe- próprio dispositivo, levando-se em conta as expressões
los estudiosos do Direito, professores, escritores, em livros, abertas e genéricas utilizadas pelo legislador. Existe norma
artigos, teses, monografias, comentários etc. a ser aplicada ao caso concreto. Depois de exemplos, o le-
gislador encerra de forma genérica, permitindo ao aplicador
encontrar outras hipóteses.
a.3) Interpretação judicial – é interpretação exe-
cutada pelos membros do Poder Judiciário, na decisão dos
litígios que lhes são submetidos. Sua reiteração constitui a 2.7 Analogia
jurisprudência.
Analogia é a aplicação, ao caso não previsto em lei,
B) Interpretação da lei penal quanto ao modo de lei reguladora de caso semelhante. Pode ser classificada
nas seguintes espécies:

Quanto ao modo, a interpretação pode ser gramatical


ou lógica. a) Analogia in malam partem, é aquela pela qual
aplica-se ao caso omisso uma lei prejudicial ao réu, discipli-
nadora de caso semelhante. NÃO É ADMITIDA, em matéria
b.1) Interpretação gramatical - Também chamada penal, em virtude do princípio da reserva legal, para criar,
de literal ou sintática, é aquela fundada nas regras fundamentar ou agravar a pena.
gramáticas, levando em consideração o sentido literal das
palavras.
b) Analogia in bonam partem, é aquela pela qual
se aplica ao caso omisso uma lei favorável ao réu, regula-
b.2) Interpretação lógica - Igualmente dora de caso semelhante. É admitida no Direito Penal, en-
chamada teleológica, é aquela que procura descobrir a contrando justificativa no princípio da equidade.
vontade do legislador, assim como a finalidade com a qual
a lei foi editada.
EXERCÍCIOS
C) Interpretação da lei penal quanto ao
resultado 01. (2018 – VUNESP - PC-BA - Investigador de Polícia)
Acerca dos princípios da legalidade e da anterioridade
Refere-se à conclusão extraída pelo intérprete, insculpidos no art. 1° do Código Penal e no art. 5°,
podendo ser declarativa, restritiva e extensiva. XXXIX, da Constituição Federal, analise as alternativas a
seguir e assinale a correta.
a) Uma das funções do princípio da legalidade é permitir a
c.1) Interpretação declarativa - É aquela que dá à criação de crimes e penas pelos usos e costumes.
lei o seu sentido literal, sem extensão nem restrição,
correspondendo exatamente ao intuito do legislador. b) No Brasil, em um primeiro momento, a União Federal
pode legislar sobre matéria penal. No entanto, de forma in-
direta e urgente, leis estaduais podem impor regras e san-
c.2 Interpretação restritiva - É aquela que, ções de natureza criminal.
concluindo ter dito mais do que queria o legislador, restringe c) A lei penal incriminadora somente pode ser aplicada a um
seu sentido aos limites da norma. fato concreto desde que tenha tido origem antes da prática
da conduta. Em situações temporárias e excepcionais, no

6
entanto, admite-se a mitigação do princípio da anteriori- 05. (2018 – VUNESP - PauliPrev – SP - Procurador Autár-
dade. quico) De acordo com a Parte Geral do Código Penal, é
d) Desdobramento do princípio da legalidade é o da taxati- correto afirmar:
vidade, que impede a edição de tipos penais genéricos e in- a) a lei posterior favorável ao agente aplica-se a fatos ante-
determinados. riores, desde que não decididos por sentença condenatória
e) O princípio da legalidade afasta a aplicação da interpre- transitada em julgado.
tação extensiva, mas permite a aplicação da analogia de b) a lei temporária, decorrido o período de duração, não se
forma ampla e irrestrita. aplica aos fatos praticados durante a respectiva vigência.
c) para fins de definir o tempo do crime, o ordenamento
02. (2018 – UERR – SETRABES - Agente Sócio-Orientador) pátrio adotou a teoria da atividade.
A respeito das disposições constitucionais aplicáveis ao d) para fins de definir o lugar do crime, o ordenamento pá-
direito é incorreto afirmar: trio adotou a teoria do resultado.
a) a prática do racismo constitui crime inafiançável e im- e) para efeito penal, o dia do começo não se inclui no côm-
prescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. puto do prazo.
b) lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
c) não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem 06. (2018 – VUNESP - PC-SP - Investigador de Polícia) No
prévia cominação legal. que diz respeito ao lugar do crime, o CP adotou a teoria
d) criação de crimes e penas por meio de medida provisória a) do resultado, ou seja, considera-se praticado o crime no
não ofende o princípio da legalidade. lugar onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
e) nenhuma pena passará da pessoa do condenado, po- b) da ubiquidade, ou seja, considera-se praticado o crime
dendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do per- no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em
dimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos su- parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
cessores e contra eles executadas, até o limite do valor do resultado.
patrimônio transferido. c) da atividade, ou seja, considera-se praticado o crime no
lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em
03. (2018 – VUNESP - PC-BA - Investigador de Polícia) As- parte.
sinale a alternativa que indica a teoria adotada pela le- d) da extraterritorialidade, ou seja, considera-se praticado
gislação quanto ao tempo do crime. no Brasil o crime cometido no estrangeiro contra a vida ou
a) Retroatividade. a liberdade do Presidente da República.
b) Atividade. e) da territorialidade estendida, ou seja, considera-se prati-
cado no Brasil o crime cometido a bordo de embarcações e
c) Territorialidade.
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou privada, onde
d) Ubiquidade. quer que se encontrem.
e) Extraterritorialidade.
07. (2018 – VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia) João
04. (2018 – FGV - TJ-AL - Analista Judiciário - Área Judiciá- comete um crime no estrangeiro e lá é condenado a 4
ria) No dia 02.01.2018, Jéssica, nascida em 03.01.2000, anos de prisão, integralmente cumpridos. Pelo mesmo
realiza disparos de arma de fogo contra Ana, sua inimiga, crime, João é condenado no Brasil à pena de 8 anos de
em Santa Luzia do Norte, mas terceiros que presencia- prisão. João
ram os fatos socorrem Ana e a levam para o hospital em a) cumprirá 8 anos de prisão no Brasil, uma vez que para
Maceió. Após três dias internada, Ana vem a falecer, essa quantidade de pena não se reconhece o cumprimento
ainda no hospital, em virtude exclusivamente das lesões no estrangeiro.
causadas pelos disparos de Jéssica. Com base na situa-
b) não cumprirá pena alguma no Brasil caso de trate de país
ção narrada, é correto afirmar que Jéssica:
com o qual o Brasil tem acordo bilateral para reconhecer
a) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o cumprimento de pena.
Código Penal adota a Teoria da Atividade para definir o mo-
c) não cumprirá pena alguma no Brasil, uma vez já punido
mento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lu-
no país em que o crime foi cometido.
gar;
d) cumprirá 8 anos de prisão no Brasil, uma vez que o Brasil
b) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Có-
não reconhece pena cumprida no estrangeiro.
digo Penal adota a Teoria do Resultado para definir o mo-
mento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar; e) ainda deverá cumprir 4 anos de prisão no Brasil.
c) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Có-
digo Penal adota a Teoria da Ubiquidade para definir o mo- 08. (2018 – NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia Civil) Caio
mento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar; cometeu no dia 01 de janeiro de 2016 um fato criminoso
d) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o punível com pena privativa de liberdade previsto em lei
Código Penal adota a Teoria da Atividade para definir o mo- temporária, sendo no dia 05 de dezembro de 2016 con-
mento do crime e apenas a Teoria do Resultado para definir denado a 5 (cinco) anos de reclusão. No ano seguinte
o lugar; decorreu o período de sua duração, findando-se a citada
lei no dia 31 de dezembro de 2017. Em relação à aplica-
e) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Có-
ção da lei penal indique a opção CORRETA.
digo Penal adota a Teoria do Resultado para definir o mo-
mento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lu- a) Caio deve ser preso e cumprir a pena estabelecida de
gar. cinco anos, aplicando-se ao fato criminoso a lei temporária.

7
b) Ninguém pode ser punido por fato que medida provisória c) Embarcação brasileira a serviço do governo brasileiro,
posterior deixa de considerar crime. para os efeitos penais, é considerada extensão do território
c) Deve continuar a execução da pena de Caio até o dia 31 nacional.
de dezembro de 2017. d) Crime cometido no estrangeiro, praticado por brasileiro,
d) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, fica sujeito à lei brasileira independentemente da satisfação
não se aplica aos fatos anteriores, ainda que decididos por de qualquer condição.
sentença condenatória transitada em julgado. e) Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por estran-
e) Caio deve ser imediatamente solto. geiro contra brasileiro fora do Brasil, independentemente da
satisfação de qualquer condição.

09. (2018 – NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia Civil) Em


relação à aplicação da lei penal é CORRETO afirmar 12. (2018 – UERR – SETRABES - Agente Sócio-Orientador)
que: Constitui hipótese de aplicação da lei penal brasileira, in-
dependente de qualquer condição, a mera prática de de-
a) ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no es-
lito em outro país que não o Brasil, exceto os crimes:
trangeiro, os crimes cometidos contra a vida ou o patrimônio
do Presidente da República; a) praticados por brasileiros.
b) ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no es- b) contra a vida ou liberdade do Presidente da República.
trangeiro, os crimes praticados por brasileiro; mesmo que o c) contra o patrimônio ou a fé pública da união, do DF, de
fato não seja punível também no país em que foi praticado; Estado, Território ou Município.
c) ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no es- d) contra a administração pública, por quem está a seu ser-
trangeiro, os crimes contra o patrimônio ou a fé pública da viço.
União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Mu- e) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domicili-
nicípio, de empresa pública, sociedade de economia mista, ado no Brasil.
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
d) para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
13. (2018 – UERR – SETRABES - Agente Sócio-Orientador)
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras,
Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
de natureza privada onde quer que se encontrem, bem
território nacional:
como as aeronaves e as embarcações brasileiras mercantes,
que se achem, respectivamente, no espaço aéreo corres-
pondente ou em alto-mar; I - as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza
e) é aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que
de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade se encontrem.
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional II - as aeronaves brasileiras, mercantes ou de proprie-
ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em dade privada, que se achem no espaço aéreo correspon-
porto ou em alto-mar. dente.
III - as embarcações brasileiras, mercantes ou de propri-
10. (2018 – VUNESP - Prefeitura de Bauru – SP - Procurador edade privada, que se achem em alto-mar.
Jurídico) Imagine que o Prefeito Municipal de Bauru, em
viagem oficial ao exterior, tenha o computador pessoal Estão corretas somente as afirmativas constantes nos
que utiliza para trabalho – propriedade da Prefeitura, itens:
portanto – subtraído nas dependências do hotel em que
se hospedava. Nesse caso, é correto afirmar que o furta- a) I, II e III.
dor b) I e II.
a) não será punido pela Lei Penal Brasileira. c) I.
b) será punido pela Lei Penal Brasileira, ainda que eventu- d) II e III.
almente absolvido pela lei do país em que o furto ocorreu. e) III.
c) apenas será punido pela Lei Penal Brasileira, caso seja
brasileiro.
14. (2018 - FGV - Câmara de Salvador – BA - Especialista -
d) apenas será punido pela Lei Penal Brasileira, caso adentre Advogado Legislativo) Em razão da situação política do
voluntariamente ao território nacional. país, foi elaborada e publicada, em 01.01.2017, lei de
e) apenas será punido pela Lei Penal Brasileira, caso seja conteúdo penal prevendo que, especificamente durante o
absolvido pela lei do país em que o furto ocorreu. período de 01.02.2017 até 30.11.2017, a pena do crime
de corrupção passiva seria de 03 a 15 anos de reclusão
e multa, ou seja, superior àquela prevista no Código Pe-
11. (2018 – VUNESP - PC-BA - Investigador de Polícia) So- nal, sendo que, ao final do período estipulado na lei, a
bre a territorialidade e a extraterritorialidade da lei pe- sanção penal do delito voltaria a ser a prevista no Art.
nal, previstas nos artigos 5° e 7° do Código Penal, assi- 317 do Código Penal (02 a 12 anos de reclusão e multa).
nale a alternativa correta No dia 05.04.2017, determinado vereador pratica crime
a) Ao crime cometido no território nacional, aplica-se a lei de corrupção passiva, mas somente vem a ser denunci-
brasileira, independentemente de qualquer convenção, tra- ado pelos fatos em 22.01.2018.
tado ou regra de direito internacional.
b) Ao autor de crime praticado contra a liberdade do Presi- Considerando a situação hipotética narrada, o advogado
dente da República quando em viagem a país estrangeiro, do vereador denunciado deverá esclarecer ao seu cliente
aplica-se a lei do país em que os fatos ocorrerem. que, em caso de condenação, será aplicada a pena de:

8
a) 02 a 12 anos, observando-se o princípio da irretroativi- c) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,
dade da lei penal mais gravosa; aplica-se aos fatos anteriores, com exceção se houver sen-
b) 03 a 15 anos, diante da natureza de lei temporária da tença condenatória transitada em julgado.
norma que vigia na data dos fatos; d) A lei excepcional ou temporária, uma vez decorrido o pe-
c) 02 a 12 anos, observando-se o princípio da retroatividade ríodo de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a
da lei penal mais benéfica; determinaram não se aplica ao fato praticado durante a sua
vigência.
d) 03 a 15 anos, diante da natureza de lei excepcional da
norma que vigia na data dos fatos; e) Considera-se praticado o crime no momento da ação ou
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
e) 02 a 12 anos, aplicando-se, por analogia, a lei penal mais
favorável ao réu.
19. (2017 – IBEG – IPREV - Procurador Previdenciário) Con-
siderando o disposto no Código Penal brasileiro quanto à
15. ( 2018 – CESPE - PC-MA - Escrivão de Polícia) A aplica-
aplicação da lei penal, indique a alternativa incorreta:
ção do princípio da retroatividade benéfica da lei penal
ocorre quando, ao tempo da conduta, o fato é a) Não há crime sem lei anterior que o defina, tampouco
pena sem prévia cominação legal;
a) típico e lei posterior suprime o tipo penal.
b) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa
b) típico e lei posterior provoca a migração do conteúdo cri-
de considerar crime, cessando em virtude dela a execução
minoso para outro tipo penal.
e os efeitos penais da sentença condenatória;
c) típico e lei posterior aumenta a pena correspondente ao
c) A lei excepcional ou temporária, se decorrido o período
crime.
de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a deter-
d) típico e lei posterior acrescenta hipótese de aumento de minaram, não retroage ao fato praticado durante sua vigên-
pena. cia;
e) atípico e lei posterior o torna típico. d) Considera-se praticado o crime no momento da ação ou
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado;
16. (2018 – CESPE - PC-MA - Investigador de Polícia) Para e) Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu
solucionar o conflito aparente de normas, são emprega- a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde
dos os princípios da se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
a) especialidade e da subsidiariedade.
b) especialidade e da proporcionalidade. 20. (2017 – CONSULPLAN - TRF - 2ª REGIÃO - Analista Ju-
c) proporcionalidade e da subsidiariedade. diciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal) Sobre a apli-
cação da lei penal, analise as afirmativas a seguir.
d) subsidiariedade e da fragmentariedade.
I. Considera-se praticado o crime no momento da ação
e) fragmentariedade e da especialidade. ou omissão, ainda que outro seja o momento do resul-
tado.
17. (2018 – CESPE - PC-MA - Investigador de Polícia) O II. Considera-se praticado o crime no lugar em que ocor-
princípio da legalidade compreende reu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como
a) a capacidade mental de entendimento do caráter ilícito onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
do fato no momento da ação ou da omissão, bem como de III. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
ciência desse entendimento. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário
b) o juízo de censura que incide sobre a formação e a exte- comum.
riorização da vontade do responsável por um fato típico e Estão corretas as afirmativas
ilícito, com o propósito de aferir a necessidade de imposição a) I, II e III.
de pena.
b) I e II, apenas.
c) a oposição entre o ordenamento jurídico vigente e um
fato típico praticado por alguém capaz de lesionar ou expor c) I e III, apenas.
a perigo de lesão bens jurídicos penalmente protegidos. d) II e III, apenas.
d) a obediência às formas e aos procedimentos exigidos na
criação da lei penal e, principalmente, na elaboração de seu GABARITO:
conteúdo normativo.
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
e) a conformidade da conduta reprovável do agente ao mo- D D B A C B E A C B
delo descrito na lei penal vigente no momento da ação ou 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
da omissão. C A A B A A D E C A

18. (2017 – NUCEPE - SEJUS-PI - Agente Penitenciário) Em


relação à aplicação da lei penal, marque a alterna-
tiva CORRETA.
a) Não há crime sem lei ou decreto anterior que o defina.
Não há pena sem prévia cominação legal. 3. Infração penal: elementos, espécies, sujeito ativo e
sujeito passivo.
b) Ninguém pode ser punido por fato que lei ou decreto pos-
terior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela Infração Penal - É toda conduta previamente tipifi-
a execução e os efeitos penais e civis da sentença condena- cada pela legislação como ilícita, imbuída de culpabilidade,
tória. isto é, praticada pelo agente com dolo ou, ao menos, culpa

9
quando a Lei assim prever tal possibilidade. O Estado tem o  Sujeito passivo eventual (material, imediato, par-
poder/dever de proibir e impor uma sanção a quem a prati- ticular, acidental ou direto): é o titular do bem jurídico es-
car. pecificamente tutelado pela lei penal. Exemplo: o proprietá-
rio do carro subtraído no crime de furto.
A) ELEMENTOS DA INFRAÇÃO PENAL - A infração pe-
nal possui os seguintes elementos: ATENÇÃO: Os mortos e os animais não podem ser su-
jeitos passivos de crimes.
 Tipicidade: o fato deve ser enquadrado plenamente
no tipo (modelo) descrito na legislação penal.  No caso de calúnia contra os mortos (art. 138, §
2º do CP) o sujeito passivo são os seus familiares. Nos cri-
 Ilicitude: o fato deve ser contra o Direito. Pode mes contra a fauna, a coletividade é o sujeito passivo.
ocorrer que mesmo que uma pessoa cometa uma conduta
típica, haja na lei exceções permissivas para sua conduta, Princípio da alteridade - o homem não pode ser, ao
de modo que não há ilicitude da ação. Por exemplo: matar mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo de um crime.
alguém como legítima defesa, a lei considera que a conduta
não é ilícita. 4. O FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS

 Culpabilidade: o fato deve ter sido praticado pelo Fato Típico: é a conduta (positiva ou negativa) que
agente de forma reprovável, isto é, com dolo (intenção), ou provoca um resultado (em regra) que se amolda perfeita-
pelo menos com culpa (imprudência, negligência ou imperí- mente aos elementos constantes do modelo previsto na lei
cia), nos casos em que a lei prevê como puníveis tais mo- penal.
dalidades.
O fato típico é composto dos seguintes elementos:
B) ESPÉCIES DE INFRAÇÃO PENAL - A legislação bra-
sileira define duas espécies de infração pena: crime (ou de- a) Conduta dolosa ou culposa;
lito) e contravenção, diferenciando-se quanto a gravidade b) Resultado;
da sanção penal, mediante valores escolhidos pelo legisla- c) Nexo de causalidade entre a conduta e o resultado;
dor. d) Tipicidade.

 Crime: infração de maior potencial ofensivo, punida  Esses elementos estarão presentes, simultanea-
com pena de reclusão ou detenção, podendo incluir multa mente, nos crimes materiais consumados.
cumulativa ou alternativa. Crimes e tentativas de crimes são
punidos. a) Conduta

 Contravenção: infração de menor potencial ofen- Conceito: Conduta é a ação ou omissão humana,
sivo, punida com prisão simples ou multa. A tentativa de consciente e voluntária, dirigida a um fim, consistente em
contravenção, em geral, não é punida. produzir um resultado tipificado em lei como infração penal.

c) Sujeito Ativo e Sujeito Passivo da Infração Penal Exclusão da conduta: excluem a conduta e, por
consequência, o fato típico, por não haver voluntariedade do
I) SUJEITO ATIVO - Sujeito ativo é a pessoa que rea- agente:
liza direta ou indiretamente a conduta criminosa, seja isola-
damente, seja em concurso. Só o ser humano, em regra, a) Movimentos reflexos: reações fisiológicas a deter-
pode ser sujeito ativo do crime. minados impulsos, sem expressão de vontade.

 Autor é aquele que tem o domínio final da ação, po- b) Coação física irresistível: o coagido, desprovido do
dendo decidir sobre a consumação do procedimento típico. domínio de seus movimentos, serve como instrumento do
crime.
Pessoa jurídica - A Lei nº 9.605/1998, em seu art.
3°, parágrafo único, dispõe expressamente sobre a respon- c) Estados de inconsciência: o sonambulismo, a hip-
sabilização penal da pessoa jurídica nos crimes contra o nose, ataques epilépticos.
meio ambiente.
d) Caso fortuito ou força maior: a força proveniente
O conceito abrange não só aquele que pratica o núcleo da natureza pode gerar fatos imprevisíveis e inevitáveis.
da figura típica (o que mata, o que subtrai etc.), como tam-
bém o coautor ou partícipe, que colaboram de alguma forma Espécies de conduta:
na conduta criminosa.
a) Conduta comissiva - é praticada mediante uma
II) SUJEITO PASSIVO - É o titular do bem jurídico pro- ação, que consiste num comportamento positivo, se
tegido pela lei penal violada por meio da conduta criminosa. manifestando por intermédio de um movimento corpóreo
Pode ser denominado de vítima ou de ofendido, e divide-se tendente a uma finalidade. Relaciona-se com a maioria dos
em duas espécies: delitos, como matar, apropriar-se, destruir etc.

 Sujeito passivo constante (formal, mediato, ge- b) Conduta omissiva - é a conduta de não fazer aquilo
ral, genérico ou indireto): é o Estado, pois a ele pertence o que podia e devia ser feito em termos jurídicos. Exemplo:
direito público subjetivo de exigir o cumprimento da legisla- pratica o crime de omissão de socorro, definido pelo art. 135
ção penal. do Código Penal, o agente que permanece inerte diante da
pessoa necessitada.

10
Crimes omissivos próprios (ou puros) - a omissão  Nos crimes formais (ex.: ameaça), ainda que pos-
está contida no tipo penal, ou seja, a descrição da conduta sível sua ocorrência, é dispensável o resultado naturalístico.
prevê a realização do crime por meio de uma conduta nega- Já nos crimes de mera conduta, ou de simples atividade
tiva. Não há previsão legal do dever jurídico de agir, de (ex.: porte de arma) não se produzira tal espécie de resul-
forma que o crime pode ser praticado por qualquer pessoa tado.
que se encontre na posição indicada pelo tipo penal.
c) Relação de Causalidade (Nexo Causal)
 Nesses casos, o omitente não responde pelo resul-
tado naturalístico eventualmente produzido, mas somente É o vínculo formado entre a conduta praticada por seu
pela sua omissão. Exemplo típico é o crime de omissão de autor e o resultado por ele produzido. É por meio dela que
socorro, definido pelo art. 135 do CP. se conclui se o resultado foi ou não provocado pela conduta,
autorizando, se presente a tipicidade, a configuração do fato
Crimes omissivos impróprios (comissivos por típico. Está prevista no art. 13 do Código Penal.
omissão): aqueles em que o tipo penal descreve uma ação,
mas que é provocada pela omissão do agente, que podia e A relação de causalidade tem pertinência apenas aos
devia agir para impedir o resultado naturalístico, conduzindo crimes materiais. Nesses delitos, o tipo penal descreve uma
à sua produção. conduta e um resultado naturalístico, exigindo a produção
São crimes materiais, como é o caso do homicídio, desse último para a consumação. O nexo causal faz a ligação
cometido em regra por ação, mas passível também de ser da conduta do agente ao resultado material.
praticado por inação, desde que o agente ostente o poder e
o dever de agir (posição de garante). Teoria da Equivalência dos Antecedentes Cau-
sais - O nosso Código, no tema "relação de causalidade",
Posição de garantidor - O dever de agir incumbe a adotou, como regra, a Teoria da Equivalência dos Antece-
quem: dentes Causais (ou da conditio sine qua non), anunciando o
art. 13, caput, considerar-se causa toda a ação ou omissão
I) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vi- sem a qual o resultado não se teria produzido. Em suma,
gilância: Note-se que, mencionando a lei dever "legal", obri- tudo o que contribui para o resultado, é causa.
gações de ordem moral ou religiosa não são consideradas
para análise da omissão imprópria. Para se saber se uma determinada conduta é ou não
Exemplo: mãe que deixa de amamentar recém-nas- causa do evento, analisa-se se, suprimida mentalmente do
cido, vindo este a falecer por inanição. Responde por homi- contexto fático, esse mesmo resultado teria deixado de
cídio, doloso ou culposo, a depender da voluntariedade pre- ocorrer.
sente na sua conduta, em razão do art.1.634 do Código Civil
obrigar os pais em relação à criação e educação dos filhos. Para evitar o regresso ao infinito da responsabilização
penal, exige-se a presença de dolo ou culpa na conduta do
II) De outra forma, assumiu a responsabilidade de im- agente. Assim, mesmo sendo causa, a responsabilidade pe-
pedir o resultado: A regra incide nas hipóteses em que o nal do agente depende da sua voluntariedade (dolo ou
dever não decorre da lei, mas de compromisso contratual ou culpa) em relação à provocação do resultado. A tal limitação
voluntário do encargo de proteção e zelo. deu-se o nome de filtro de causalidade psíquica.
Exemplo: babá que não cuida da criança no banho,
vindo esta a morrer afogada. Responde por homicídio, do- A título ilustrativo, a venda licita de uma arma de
loso ou culposo, a depender da voluntariedade presente na fogo, por si só, não ingressa no nexo causal de um homicídio
sua conduta. com ela praticado. Entretanto, se o vendedor sabia da in-
tenção do comprador e, desejando a morte do ofendido, fa-
III) Com seu comportamento anterior, criou o risco da cilitou de qualquer modo a alienação do produto, sua con-
ocorrência do resultado: Há, aqui, a obrigação de evitar o duta será considerada causa do crime posteriormente come-
resultado quando o agente produz o perigo, devendo, por- tido.
tanto, se empenhar para que o resultado danoso não ocorra.
Exemplo: o agente acidentalmente empurra uma pes- Concausas - Em determinadas situações se verifica
soa na piscina e, ao perceber o afogamento, não age para que o resultado não é efeito de um só comportamento, re-
evitar o resultado, assim o dolo está na omissão e não na presentando produto final de uma associação de fatores, em
ação de empurrar. que a conduta do agente, não obstante apareça como prin-
cipal elemento desencadeante, não é o único.
b) Resultado
Assim, identificados quais antecedentes podem figu-
Resultado é a consequência provocada pela conduta rar como causa dentro de uma linha de eventos que se su-
do agente. cedem, nota-se que, no caso concreto, é possível que haja
mais de uma causa concorrendo para o resultado (concau-
Espécies de resultado: sas).

I) Resultado jurídico (normativo) é a lesão ou exposi- ESPÉCIES DE CONCAUSAS:


ção a perigo de lesão do bem jurídico protegido pela lei pe-
nal. É, simplesmente, a violação da lei penal, mediante a 1) Concausas absolutamente independentes -
agressão do valor ou interesse por ela tutelado. Nessa espécie, a causa efetiva do resultado não decorre do
comportamento concorrente, que é paralelo, podendo ser
II) Resultado naturalístico (material) é a modificação preexistente, concomitante e superveniente.
do mundo exterior provocada pela conduta do agente. Es-
tará presente somente nos crimes materiais consumados. 1.1 Preexistente: a causa efetiva, que causou o re-
sultado, é antecedente ao comportamento concorrente.

11
Exemplo: MARIA, por volta das 20h, serve, insidiosa- Em face da regra prevista no art. 13, § 1°, do Código
mente, veneno para JOÃO, seu marido. Uma hora depois, Penal, as causas supervenientes relativamente independen-
JOÃO é atingido por um disparo efetuado por ANTONIO, seu tes podem ser divididas em dois grupos:
desafeto. Socorrida, a vítima morre na madrugada do dia
seguinte em razão dos efeitos do veneno. A pessoa que en- 1) as que produzem por si sós o resultado; e
venenou responde pelo homicídio consumado e o atirador, 2) as que não produzem por si sós o resultado.
que não foi causa do resultado, deve responder por tentativa
de homicídio. 2.3.1 Causas supervenientes relativamente in-
dependentes que não produzem por si sós o resul-
1.2 Concomitante: a causa efetiva, que causou o re- tado.
sultado, é simultânea ao comportamento concorrente.
Incide a Teoria da Equivalência dos Antecedentes ou
Exemplo: MARIA, por volta das 20h, serve, insidiosa- da conditio sine qua non, adotada como regra geral no to-
mente, veneno para seu marido. Na mesma hora, coinciden- cante a relação de causalidade (CP, art. 13, caput, in fine).
temente, a vítima é alvo de um disparo efetuado por ANTO- O agente responde pelo resultado naturalístico, pois, supri-
NIO, seu desafeto, vindo a morrer em razão dos disparos. mindo-se mentalmente a sua conduta, o resultado não teria
ANTONIO responde por homicídio consumado. A esposa, ocorrido como e quando ocorreu.
que ministrou o veneno, responde por tentativa de homicí-
dio. Exemplo: “A”, com a intenção de matar, efetua dispa-
ros-de arma de fogo contra “B”. Por má pontaria, atinge-o
1.3 Superveniente: a causa efetiva, que causou o em uma das pernas, não oferecendo risco de vida. Contudo,
resultado, é posterior ao comportamento concorrente. "B” é conduzido a um hospital e, por imperícia médica, vem
a morrer. Nesse caso, “B” não teria morrido, ainda que por
Exemplo: MARIA, por volta das 20h, serve, insidiosa- imperícia médica, sem a conduta inicial de “A”, respon-
mente, veneno para seu marido, JOÃO. Antes mesmo de o dendo este por homicídio consumado.
veneno fazer efeito, cai um lustre na cabeça de JOÃO, que
descansava na sala, causando sua morte por traumatismo De fato, somente pode falecer por falta de qualidade
craniano. MARIA responde por tentativa de homicídio, pois, do profissional da medicina aquele que foi submetido ao seu
eliminando seu comportamento do processo causal, a morte exame, no exemplo, justamente pela conduta homicida que
de JOÃO ocorreria do mesmo modo. redundou no encaminhamento da vítima ao hospital. A im-
perícia médica, por si só, não é capaz de matar qualquer
CONCLUSÃO: em se tratando de concausa absoluta- pessoa, mas somente aquela que necessita de cuidados mé-
mente independente, não importa a espécie (preexistente, dicos. Não corta o nexo causal.
concomitante ou superveniente), o comportamento paralelo
será punido na forma tentada. 2.3.2 Causas supervenientes relativamente in-
dependentes que produzem por si sós o resultado.
2) Concausas relativamente independentes - A
causa efetiva do resultado se origina, ainda que indireta- É a situação tratada pelo § 1° do art. 13 do Código
mente, do comportamento concorrente. Em outras palavras, Penal: “A superveniência de causa relativamente indepen-
as causas atuam em conjunto para produzir o resultado fi- dente exclui a imputação quando, por si só, produziu o re-
nal, não sendo capazes de produzir o resultado, se conside- sultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a
ras isoladamente. Também se classificam em preexistente, quem os praticou”.
concomitante c superveniente.
Nesse dispositivo foi acolhida a Teoria da Causalidade
2.1 Preexistente: a causa efetiva, causadora em Adequada. Logo, causa não é mais o acontecimento que de
conjunto do resultado, é anterior à causa concorrente. qualquer modo concorre para o resultado. Diferentemente,
passa a ser causa apenas a conduta idônea a provocar a
Exemplo: JOÃO, portador de hemofilia, é vítima de produção do resultado naturalístico. Não basta qualquer
um golpe de faca executado por ANTONIO. O ataque efetu- contribuição, exigindo-se uma contribuição adequada.
ado para matar, isoladamente considerado, em razão da na-
tureza da lesão, não geraria a morte da vítima que, entre- Os exemplos famosos são:
tanto, tendo dificuldade de estancar o sangue dos ferimen-
tos, acaba morrendo. ANTONIO, responsável pelo ataque a) pessoa atingida por disparos de arma de fogo que,
(com intenção de matar), responderá por homicídio consu- internada em um hospital, falece não em razão dos ferimen-
mado. tos, mas sim queimada por um incêndio que destrói toda a
área dos enfermos;
2.2 Concomitante: a causa efetiva, causadora em
conjunto do resultado, ocorre simultaneamente à outra b) ferido dolosamente que morre durante o trajeto
causa. para o hospital, em face de acidente de tráfego que atinge
a ambulância que o transportava.
Exemplo: ANTONIO, com intenção de matar, atira em
JOÃO, mas não atinge o alvo. A vítima, entretanto, assus- Nos exemplos acima mencionados, em que os agen-
tada, tem um colapso cardíaco e morre. ANTONIO respon- tes responderão por tentativa de homicídio, conclui-se
derá por homicídio consumado, pois, se não tivesse atirado, que qualquer pessoa que estivesse na área da enfermaria
a vítima não sofreria a violenta perturbação emocional que do hospital, ou no interior da ambulância, poderia morrer
gerou o colapso cardíaco. em razão do acontecimento inesperado e imprevisível, e não
somente a atingida pela conduta praticada peio agente. Por-
2.3 Superveniente tanto, a simples concorrência (de qualquer modo) não é

12
suficiente para a imputação do resultado material produzido,
anote-se, por uma causa idônea e adequada, por si só, para Por essa teoria, ficam reanalisadas as excludentes de
fazê-lo. Corta o nexo causal. ilicitude exercício regular de direito e estrito cumprimento
do dever legal, que passam a ser consideradas excludentes
EFEITOS DAS CONCAUSAS de tipicidade, tendo em vista que, quando a lei (penal ou
Absolutamente inde- Relativamente independentes não) permite uma conduta, não pode ser a mesma típica,
pendentes por incoerência do sistema jurídico globalmente conside-
Pree- rado.
xis- Preexistente
tente Assim, por exemplo, se um policial ao cumprir um
Con- mandado de busca e apreensão, diante da injustificada re-
Concomi-
comi-
tante
O agente res- cusa do morador em abrir a porta, proceder o arromba-
tante ponde pelo re- mento, causando prejuízo considerável, a excludente a ser
O agente não Superveni- sultado consu- aplicada é de tipicidade, e não de ilicitude pelo estrito cum-
responde pelo ente que, mado.
primento do dever legal.
resultado. Em re- por si só,
gra, responde NÃO produ-
pela tentativa. ziu o resul- EXERCÍCIOS
Su-
perve- tado.
niente Superveni- O agente não 01. (2017 – FEPESE - PC-SC - Escrivão de Polícia Ci-
ente que, responde pelo vil) É correto afirmar sobre a infração penal:
por si só, resultado. Em re- a) A infração penal somente poderá ser cometida por pessoa
produziu o gra, responde
física.
resultado. pela tentativa.
b) O Estado sempre será sujeito passivo formal de um crime.
Omissão como causa do resultado - Ao fornecer o c) Apenas os bens materiais poderão ser objeto de infração
conceito de causa, o Código não fez distinção entre a ação penal.
ou a omissão. Pela simples leitura da parte final do caput do d) A infração penal não poderá ser praticada de forma iso-
art. 13, chegamos à conclusão de que a omissão também lada por um agente.
poderá ser considerada causa do resultado, bastando que
e) O sujeito ativo de uma infração penal é o titular do bem
para isso o omitente tenha o dever jurídico de impedir, ou
jurídico lesado.
pelo menos tentar impedir, o resultado lesivo.

d) Tipicidade 02. (2014 – FUNCAB - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil) De


acordo com o conceito analítico de crime, é um dos ele-
A tipicidade, elemento do fato típico, divide-se em for- mentos do fato típico:
mal e material. a) imputabilidade.

Tipicidade formal: é o juízo de adequação entre a b) conduta.


conduta praticada pelo agente no mundo real e o modelo c) exigibilidade de conduta diversa.
descrito pelo tipo penal. É analisado se o fato praticado pelo d) exercício regular de um direito.
agente encontra correspondência em uma conduta prevista
e) potencial consciência da ilicitude.
em lei como crime ou contravenção. Ex.: a conduta de matar
alguém tem previsão no art. 121 do Código Penal, havendo,
portanto, tipicidade entre tal conduta e a lei penal. 03. (2018 – UERR – SETRABES - Agente Sócio-Orientador)
São elementos do fato típico, exceto:
Tipicidade material: é a lesão ou perigo de lesão ao a) conduta.
bem jurídico penalmente protegido, pela prática da conduta
b) resultado.
legalmente descrita. Relaciona-se com o princípio da ofensi-
vidade (ou lesividade) do Direito Penal, pois nem todas as c) tipicidade.
condutas que se encaixam nos modelos abstratos de crimes d) nexo causal.
(tipicidade formal) acarretam dano ou perigo ao bem jurí- e) antijuricidade.
dico. É o que ocorre nos casos do Princípio da Insignificância,
nos quais, embora haja tipicidade formal, não se verifica a
tipicidade material. 04. (2017 – CONSULPLAN - TRF - 2ª REGIÃO - Técnico Ju-
diciário - Segurança e Transporte) O sonambulismo exclui
→ A presença simultânea da tipicidade formal e da o seguinte elemento do crime:
tipicidade material caracteriza a TIPICIDADE PENAL. a) Fato típico.
b) Punibilidade.
Teoria da Tipicidade Conglobante: o fato típico
pressupõe que a conduta esteja proibida pelo ordenamento c) Culpabilidade.
jurídico como um todo, globalmente considerado. Assim, d) Antijuridicidade.
quando algum ramo do direito, civil, trabalhista, administra-
tivo, processual ou qualquer outro, permitir o comporta-
05. (2018 – FGV - TJ-SC - Técnico Judiciário Auxiliar) Du-
mento, o fato será considerado atípico, eis que o direito é
rante uma tragédia causada pela natureza, Júlio, que ca-
um só e deve ser considerado como um todo. Seria contra-
minhava pela rua, é arrastado pela força do vento e
ditório autorizar a prática de uma conduta por considerá-la
acaba se chocando com uma terceira pessoa, que, em
lícita e, ao mesmo tempo, descrevê-la em um tipo como
razão do choque, cai de cabeça ao chão e vem a falecer.
crime.

13
Sobre a consequência jurídica do ocorrido, é correto e) O surfista responde por homicídio culposo.
afirmar que:
a) a tipicidade do fato restou afastada por ausência de tipi- 10. (2017 – FAPEMS - PC-MS - Delegado de Polícia) A partir
cidade formal, apesar de haver conduta por parte de Júlio; da narrativa a seguir e considerando as classes de crimes
b) a tipicidade do fato restou afastada, tendo em vista que omissivos, assinale a alternativa correta.
não houve conduta penal por parte de Júlio;
c) o fato é típico, ilícito e culpável, mas Júlio será isento de Artur, após subtrair aparelho celular no interior de um
pena em razão da ausência de conduta; mercado, foi detido por populares que o amarraram em
d) a conduta praticada por Júlio, apesar de típica e ilícita, um poste de iluminação. Acabou agredido violentamente
não é culpável, devendo esse ser absolvido; por Valdemar, vítima da subtração, que se valeu de uma
e) a conduta praticada por Júlio, apesar de típica, não é ilí- barra de ferro encontrada na rua. Alice tentou intervir,
cita, devendo esse ser absolvido. porém foi ameaçada por Valdemar. Ato contínuo, Alice,
verificando a grave situação, correu até um posto da
Polícia Militar e relatou o fato ao soldado Pereira, que se
06.(2016 – FUNCAB - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil) Leia recusou a ir até o local no qual estava o periclitante,
as alternativas a seguir e assinale a correta. alegando que a situação deveria ser resolvida
a) A pessoa jurídica só pode ser sujeito passivo em crimes unicamente pelos envolvidos. Francisco, segurança
patrimoniais. particular do mercado, gravou a agressão e postou as
b) A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo em crime de imagens em rede social com a seguinte legenda: "Aí
difamação. mano, em primeira mão: outro pra vala". Artur morreu
em decorrência de trauma craniano.
c) A pessoa jurídica pode figurar como sujeito ativo de crime
contra a administração pública previsto no Código Penal.
d) Os inimputáveis não podem ser vítimas de crimes contra a) Pereira poderá ser indiciado pela prática de crime omis-
a honra. sivo impróprio.
e) O inimputável por embriaguez proveniente de caso for- b) Pereira poderá ser indiciado pela prática de crime omis-
tuito não pode figurar como sujeito passivo. sivo próprio.
c) Alice poderá ser indiciada pela prática de crime omissivo
próprio.
07. (2015 – FCC - TCM-RJ - Auditor-Substituto de Conse-
lheiro) A respeito da relação de causalidade, é INCOR- d) Alice poderá ser indiciada pela prática de crime omissivo
RETO afirmar que impróprio.

a) o resultado, de que depende a existência do crime, só é e) Francisco poderá ser indiciado pela prática de crime co-
imputável a quem lhe deu causa. missivo por omissão.

b) não há fato típico decorrente de caso fortuito.


c) não há crime sem resultado. 11. (2015 – VUNESP - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de
1a Classe) Nos termos do Código Penal considera-se
d) a omissão também pode ser causa do resultado. causa do crime
e) o Código Penal adotou a teoria da equivalência das con- a) a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocor-
dições. rido.
b) a ação ou omissão praticada pelo autor, independente-
08. (2014 – FCC - TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário - mente da sua relação com o resultado.
Área Administrativa) Não há crime sem c) exclusivamente a ação ou omissão que mais se relaciona
a) dolo. com a intenção do autor.
b) resultado naturalístico. d) a ação ou omissão praticada pelo autor, independente-
c) imprudência. mente de qualquer causa superveniente.
d) conduta. b) exclusivamente a ação ou omissão que mais contribui
para o resultado.
e) lesão.

12. (2015 – FCC - TCE-CE - Conselheiro Substituto Auditor)


09. (2018 – NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia Civil)
O Código Penal adota no seu art. 13 a teoria conditio sine
JOÃO e JOSÉ estão na praia e resolveram entrar no mar.
qua non (condição sem a qual não). Por ela,
Em determinado momento eles começam a se afogar.
Havia naquele local um salva-vidas que, ao avistar ape- a) imputa-se o resultado a quem também não deu causa.
nas JOÃO, notou que ele era seu desafeto e se recusou a b) a causa dispensa a adequação para o resultado.
salvá-lo; próximo a eles havia também um surfista, este c) a ação e a omissão são desconsideradas para o resultado.
avistou apenas JOSÉ pedindo socorro, mas, por ser seu
inimigo, não atendeu aos pedidos dele, resolvendo sair d) tudo que contribui para o resultado é causa, não se dis-
do local. As duas pessoas acabam se afogando e mor- tinguindo entre causa e condição ou concausa.
rendo. Em relação ao caso, qual das alternativas abaixo e) a omissão é penalmente irrelevante.
está CORRETA?
a) O salva-vidas responde por homicídio doloso por omissão. 13. (2015 - FMP Concursos - DPE-PA - Defensor Público
b) O salva-vidas responde por omissão de socorro. Substituto) A é esfaqueada por B, sofrendo lesões corpo-
c) O surfista responde por homicídio doloso por omissão. rais leves. Socorrida e medicada, A é orientada quanto
aos cuidados a tomar, mas não obedece à prescrição
d) A conduta do surfista é atípica.

14
médica e em virtude dessa falta de cuidado, o ferimento a) As causas supervenientes relativamente independentes
infecciona, gangrena, e ela morre. Assinale a alternativa possuem relação de causalidade com conduta do sujeito e
CORRETA. não excluem a imputação do resultado.
a) B responde pelo resultado morte, visto se tratar de causa b) As causas preexistentes relativamente independentes
superveniente absolutamente independente. não possuem relação de causalidade com a conduta do su-
b) B responde pelo ato de lesão praticado, visto se tratar de jeito e excluem a imputação do resultado.
causa concomitante relativamente independente. c) As causas preexistentes absolutamente independentes
c) B responde pelo resultado morte, visto se tratar de causa possuem relação de causalidade com a conduta do sujeito e
concomitante absolutamente independente. não excluem o nexo causal.
d) B responde pelo resultado morte, visto se tratar de causa d) As causas concomitantes relativamente independentes
preexistente relativamente independente. não possuem relação de causalidade com a conduta do su-
jeito e não excluem a imputação do resultado.
e) B responde pelo ato de lesão anteriormente praticado,
visto se tratar de causa superveniente relativamente inde- e) As causas concomitantes absolutamente independentes
pendente, que por si só produziu o resultado. não possuem relação de causalidade com a conduta do su-
jeito e excluem o nexo causal.

14. (2015 - Prefeitura de Fortaleza – CE - Prefeitura de For-


taleza – CE - Advogado) Quanto à teoria do crime, marque 18. (2016 – FCC - SEGEP-MA - Auditor Fiscal da Receita Es-
a alternativa correta. tadual - Administração Tributária) O Código Penal, ao tra-
tar da relação de causalidade do crime, considera causa
a) A superveniência de causa relativamente independente
a
não exclui a imputação quando, por si só, produziu o resul-
tado. a) emoção ou a paixão.
b) O resultado de que depende a existência do crime so- b) delação.
mente é imputável a quem lhe deu causa. c) ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocor-
c) A omissão não é penalmente relevante quando o omitente rido.
devia e podia agir para evitar o resultado. d) excludente de ilicitude.
d) Salvo disposição em contrário, não se pune a tentativa. e) descriminante putativa.

15. (2017 - NUCEPESEJUS-PI - Agente Penitenciário) Em 19. (2015 – FCC - TCM-GO - Auditor Controle Externo - Ju-
relação ao crime, marque a alternativa CORRETA. rídica) Fernando deu início à execução de um delito ma-
a) O resultado, de que depende a existência do crime, so- terial, praticando atos capazes de produzir o resultado
mente é imputável a quem lhe deu causa. E considera-se lesivo. Todavia, aliou-se à sua ação uma concausa
causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido. I. preexistente, absolutamente independente em relação
b) A superveniência de causa relativamente independente à conduta do agente que, por si só, produziu o resultado.
não exclui a imputação quando, por si só, produziu o resul- II. concomitante, absolutamente independente em rela-
tado. ção à conduta do agente que, por si só, produziu o resul-
c) A omissão é penalmente irrelevante, quando o omitente tado.
devia e podia agir para evitar o resultado. III. superveniente, relativamente independente em rela-
d) O dever de agir não incumbe a quem tenha por lei obri- ção à conduta do agente, situada na mesma linha de des-
gação de cuidado, proteção ou vigilância. dobramento físico da conduta do agente, concorrendo
e) O crime é consumado, quando nele se reúnem dois dos para a produção do resultado.
elementos de sua definição legal. IV. superveniente, relativamente independente em rela-
ção à conduta do agente, sem guardar posição de homo-
geneidade em relação à conduta do agente e que, por si
16. (2017 – FAUEL - Câmara de Maria Helena – PR - Advo-
só, produziu o resultado.
gado) De acordo com o Código Penal, “o resultado, de
que depende a existência do crime, somente é imputável
a quem lhe deu causa”. Ainda de acordo com o Código O resultado lesivo NÃO será imputado a Fernando, que
Penal, considera-se causa: responderá apenas pelos atos praticados, nas situações
indicadas em
a) A ação ou omissão, mesmo que incapaz de causar o re-
sultado previsto no tipo penal. a) I, II e IV.
b) A ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocor- b) III e IV.
rido. c) I e III.
c) A ação ou omissão imaginada pelo sujeito, mesmo que d) I e II.
sem efetiva materialização ou exteriorização. e) II, III e IV.
d) Apenas a ação pode ser considerada causa, pois a omis-
são não pode gerar resultado penalmente punível.
20. (2014 - FUNDEP (Gestão de Concursos) - DPE-MG - De-
fensor Público) Analise o caso a seguir.
17. (2016 – CESPE - TCE-PR - Analista de Controle - Jurí-
dica) Considerando a relação de causalidade prevista no Mediante um disparo com arma de fogo, o agente produ-
Código Penal, assinale a opção correta. ziu na vítima um ferimento. Por considerar que o disparo
fosse suficiente para causar a morte da vítima, o agente

15
cessou sua ação. Recolhida a um hospital, a vítima mor- roubo. Os atos preparatórios, em regra, são impuníveis,
reu pela ingestão de uma substância tóxica, que ao invés porque ainda não se iniciou a agressão ao bem jurídico, o
do medicamento prescrito, lhe ministrou inadvertida- agente não começou a realizar o verbo constante da defini-
mente uma enfermeira. As lesões sofridas pela vítima ini- ção legal (núcleo do tipo).
cialmente não lhe causariam morte, sendo esta causada
exclusivamente pela ingestão da substância tóxica. Excepcionalmente, todavia, merecem punição, confi-
gurando delito autônomo. É o que ocorre, por exemplo, com
Na hipótese, assinale a alternativa CORRETA. o crime de associação criminosa (art. 288, CP), petrechos
a) O agente da agressão responderá por lesões corporais e para a falsificação de moeda (art. 291, CP), entre outros.
a enfermeira, por homicídio culposo.
c) Atos executórios - Traduzem a maneira pela qual
b) O agente da agressão responderá por homicídio doloso
o agente atua exteriormente para realizar o crime ideali-
consumado e a enfermeira, por homicídio culposo.
zado, por vezes, preparado. Em regra, a conduta humana
c) O agente da agressão responderá por homicídio doloso só será punível quando iniciada esta fase. É necessário que
tentado e a enfermeira, por homicídio culposo. ato executório seja inequívoco, isto é, evidentemente dire-
d) O agente da agressão e a enfermeira responderão por cionado ao cometimento do delito.
homicídio consumado em concurso de pessoas.
Imaginemos que alguém adquira explosivos, dirija-se
a uma agência bancária e, no momento em que instala o
GABARITO: artefato, seja surpreendido pela polícia. Tratar-se-ia de um
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 inequívoco ato de execução de furto ou roubo, idôneo a da-
B B E A B B C D A A nificar o maquinário que armazena o dinheiro, o que possi-
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 bilitaria a subtração.
A D E B A B E C A C
d) Consumação – É o momento de conclusão do
delito, reunindo todos os elementos do tipo penal, ocorrendo
4.1 CRIME CONSUMADO E TENTADO quando o agente pratica todas as elementares que compõe
o crime.
Dispõe o art. 14 do CP:
I - CRIME CONSUMADO
Art. 14 - Diz-se o crime:
Dá-se o crime consumado ou summatum opus,
Crime consumado quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição
I - consumado, quando nele se reúnem todos os legal (art. 14, I, do CP). É, por isso, um crime completo ou
elementos de sua definição legal; perfeito, pois a conduta criminosa se realiza integralmente.
Verifica-se quando o autor concretiza todas as elementares
Tentativa descritas pelo preceito primário de uma norma penal incri-
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se minadora.
consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente.
O momento consumativo varia conforme a natureza
do crime:
Pena de tentativa
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário,
a) Crime material ou de resultado - nestes, o tipo pe-
pune-se a tentativa com a pena correspondente ao
nal descreve a conduta e o resultado, exigindo, para a con-
crime consumado, diminuída de um a dois terços.
sumação, a efetiva modificação do mundo exterior (exs: ho-
micídio, art. 121, CP e furto, art. 155, CP);
Para melhor compreensão do tema relativo à consu-
b) Crime formal ou de consumação antecipada - aqui
mação e à tentativa, é necessário conhecer o "iter criminis",
a norma penal também descreve um comportamento se-
conceituado como o caminho percorrido pelo crime, ou seja,
guido de um resultado naturalístico, mas dispensa a modifi-
o conjunto de fases que se sucedem cronologicamente no
cação no mundo exterior, contentando-se, para a consuma-
desenvolvimento do delito doloso.
ção, com a prática da conduta típica. O crime, portanto, se
consuma no momento da ação, sendo o resultado mero
Fases do Iter criminis:
exaurimento (ex: extorsão, art. 158, CP e extorsão medi-
ante sequestro, art. 159, CP);
a) Cogitação - Cuida-se de fase interna, é dizer, que
pertence única e exclusivamente na mente do indivíduo. Não
c) Crime de mera conduta (ou simples atividade) -
existe ainda a preparação do crime, o autor apenas menta-
tratando-se de delito sem resultado naturalístico, a lei des-
liza, planeja como vai praticar o delito, não existindo puni-
creve apenas uma conduta, consumando-se o crime no mo-
ção do agente nesta etapa, pois o fato de pensar em come-
mento em que esta é praticada (ex: violação de domicílio,
ter crime não configura ainda um fato típico e antijurídico,
art. 150, CP);
sendo irrelevante para o direito penal.
d) Crime permanente - nos crimes permanentes, a
b) Atos preparatórios - Nesta fase, conhecida tam-
consumação se protrai no tempo, prolongando-se até que o
bém como conatus remotus, o agente procura criar condi-
agente cesse a conduta delituosa (ex: sequestro e cárcere
ções materiais para a realização da conduta delituosa idea-
privado, art. 148, CP);
lizada, como no caso dos agentes que adquirem um auto-
móvel para viabilizar a fuga e o transporte do produto do

16
e) Crime habitual - para a consumação exige-se a rei- 1) tentativa imperfeita (ou inacabada) - o agente é
teração da conduta típica (ex: curandeirismo, art. 284, CP); impedido de prosseguir no seu intento, deixando de praticar
todos os atos executórios;
f) Crime qualificado pelo resultado - nesta espécie, a
consumação se dá com a produção do resultado que agrava 2) tentativa perfeita (ou acabada ou crime falho) - o
especialmente a pena (ex: lesão corporal seguida de morte, agente, apesar de praticar todos os atos executórios à sua
art. 129, § 3°, CP); disposição, não consegue consumar o crime por circunstân-
cias alheias à sua vontade;
g) Crime omissivo próprio - consuma-se no momento
em que o agente se abstém de realizar a conduta devida, b) Quanto ao resultado produzido na vítima:
imposta pelo tipo mandamental (omissão de notificação de
doença, art. 269, CP; omissão de socorro, art. 135, CP); 1) tentativa não cruenta (ou branca) - neste caso, o
golpe desferido não atinge o corpo da vítima;
h) Crime omissivo impróprio - também denominado
crime comissivo por omissão, têm sua consumação reconhe- 2) tentativa cruenta (ou vermelha) - aqui a vítima é
cida com a produção do resultado naturalístico ("crime do atingida;
garantidor", art. 13, § 2°, CP).
c) Quanto à possibilidade de alcançar o resul-
Exaurimento - Também chamado de crime tado:
esgotado, é o delito em que, posteriormente à consumação,
subsistem efeitos lesivos derivados da conduta do autor. 1) tentativa idônea- o resultado, apesar de possível
É o caso do recebimento do resgate no crime de de ser alcançado, só não ocorre por circunstâncias alheias à
extorsão mediante sequestro, desnecessário para fins de vontade do agente;
tipicidade, eis que se consuma com a privação da liberdade
destinada a ser trocada por indevida vantagem econômica. 2) tentativa inidônea - aqui o crime se mostra impos-
No terreno da tipicidade, o exaurimento não compõe o iter sível na sua consumação (art. 17 CP) por absoluta ineficácia
criminis, que se encerra com a consumação. do meio empregado ou por absoluta impropriedade do ob-
jeto material. Esta espécie de tentativa é também chamada
II - CRIME TENTADO de crime impossível (ou quase crime).

Como bem define o art. 14, II, do Código Penal, ten- Infrações penais que não admitem tentativa:
tativa é o início de execução de um crime que somente não
se consuma por circunstancias alheias à vontade do agente. a) Crimes culposos - aqui o agente não quer o resul-
É a realização incompleta da conduta típica, que não é pu- tado (não existe dolo de consumação), o que torna o crime
nida como crime autônomo. culposo incompatível com o instituto do conatus.

O Código Penal não faz previsão, para cada delito, da b) Crimes preterdolosos - não se admite a tentativa
figura da tentativa, embora a grande maioria comporte a quanto ao resultado (culposo) agregado ao tipo fundamen-
figura tentada. Preferiu-se usar uma fórmula de extensão, tal.
ou seja, para caracterizar a tentativa de homicídio, não se
encontra previsão expressa no art. 121, da Parte Especial. c) Crimes omissivos próprios - o crime se consuma
Nesse caso, aplica-se a figura do crime consumado em as- automaticamente com a omissão não admitindo fraciona-
sociação com o disposto no art. 14, II, da Parte Geral (art. mento.
121 c/c art. 14, II, ambos do CP).
d) Contravenções penais - o artigo 4° da LCP precei-
O ato de tentativa tem de ser, necessariamente, um tua ser impunível a tentativa de contravenção.
ato de execução. Exige-se tenha o sujeito praticado atos
executórios, não chegando à consumação por forças estra- e) Crimes de atentado - apesar de grande parte da
nhas ao seu propósito, o que acarreta em tipicidade não fi- doutrina entender inexistir, no caso, a tentativa, na verdade
nalizada, sem conclusão. ela existe, porém, punida com a mesma pena do delito con-
sumado (o que não se aplica é a causa de diminuição de
Elementos que caracterizam o crime tentado - pena).
Para que se possa falar em tentativa, é preciso que:
f) Crimes habituais - são aqueles que exigem uma
a) a conduta seja dolosa, isto é, que exista uma von- reiteração de condutas para que o crime seja consumado,
tade livre e consciente de querer praticar determinada in- como ocorre como curandeirismo. Cada conduta isolada é
fração penal; um indiferente para o Direito Penal.

b) o agente ingresse, obrigatoriamente, na fase dos g) Crimes unissubsistentes - consuma-se com apenas
chamados atos de execução; um ato, não admitindo fracionamento na execução, como
ocorre na injúria verbal.
c) não consiga chegar à consumação do crime, por
circunstâncias alheias à sua vontade. PENA DA TENTATIVA

O Código Penal, como regra, adotou em seu art. 14,


ESPÉCIES DE TENTATIVA: II, a Teoria Objetiva, punindo-se a tentativa a partir da
mesma pena do crime consumado, reduzida de 1/3 a 2/3.
a) Quanto ao iter criminis percorrido: Para a fixação da pena do crime tentado, considera-se a

17
maior ou menor aproximação do iter da fase de consuma-
ção.  O arrependimento e a desistência devem ser volun-
tários, isto é, livres de coação física ou moral, pouco impor-
Critério da diminuição da pena: A diminuição da tando sejam espontâneos ou não, podendo a iniciativa partir
pena será na proporção inversa do iter criminis percorrido de terceira pessoa ou mesmo da própria vítima.
pelo agente, ou seja, será menor quanto mais próximo tiver
chegado a tentativa do crime consumado, de forma inver- Efeito: Na desistência voluntária e no arrependi-
samente proporcional à maior proximidade do resultado al- mento eficaz o efeito é o mesmo: o agente não responde
mejado (Teoria Objetiva). Por isso, na tentativa não cruenta pela forma tentada do crime inicialmente desejado, mas so-
(branca) a redução será sempre maior do que naquela em mente pelos atos já praticados.
que a vítima sofre ferimentos graves (tentativa cruenta ou
vermelha). Nesse caso, ocorre a exclusão da tipicidade do crime
inicialmente desejado pelo agente. Resta, contudo, a res-
 A tentativa constitui-se em causa obrigatória de di- ponsabilidade penal pelos atos já praticados, se configura-
minuição da pena. rem um crime autônomo. Daí falar-se em tentativa qualifi-
cada. Exemplo: “A” efetua um tiro em “B”, que cai ao solo.
ATENÇÃO! Crime de atentado: O crime de aten- Em seguida, com mais cartuchos no tambor do revólver, de-
tado, também conhecido como crime de empreendimento, siste de matá-lo, razão pela qual responderá pela lesão cor-
consiste naquele que prevê expressamente em sua descri- poral, e não pela tentativa de homicídio.
ção típica a conduta de tentar o resultado, afastando a in-
cidência da previsão contida no art. 14, II do CP (Ex.: art.  ARREPENDIMENTO POSTERIOR
352 do CP - Evasão mediante violência contra pessoa e art.
309 do Código Eleitoral – Voto duplo). Dispõe o art. 16 do CP:

Arrependimento posterior
 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDI- Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave
MENTO EFICAZ ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa,
Dispõe o art. 15 do CP: por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de
um a dois terços.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de Ponte de prata - instituto penal que, após a
prosseguir na execução ou impede que o resultado se consumação do crime, pretende suavizar ou diminuir a
produza, só responde pelos atos já praticados. responsabilidade penal do agente. É dessa natureza o art.
16 do CP, que cuida do arrependimento posterior; o agente
Ponte de Ouro - o agente está diante de um fato consuma o crime não violento e depois repara os danos ou
cujo resultado material é perfeitamente alcançável, mas, restitui a coisa, antes do recebimento da ação penal.
até que ocorra a consumação, abre-se a possibili-
dade (ponte de ouro) para que o agente retorne à situação Não se confunde o arrependimento eficaz com o
de licitude, seja desistindo de prosseguir na execução, seja arrependimento posterior, institutos previstos em
atuando positivamente no intuito de impedir a ocorrência dispositivos distintos do Código Penal.
do resultado.
Extrai-se do teor do art. 16 do CP que arrependimento
Desistência voluntária e arrependimento eficaz são posterior é a causa pessoal e obrigatória de diminuição da
formas de tentativa abandonada, assim chamadas porque a pena que ocorre quando o responsável pelo crime praticado
consumação do crime deixa de ocorrer em razão da VON- sem violência à pessoa ou grave ameaça, voluntariamente
TADE DO AGENTE. Diferem-se, portanto, da tentativa em e até o recebimento da denúncia ou queixa, restitui a coisa
que, iniciada a execução do delito, a consumação não ocorre ou repara o dano provocado por sua conduta.
por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Requisitos cumulativos: O arrependimento
Ambos institutos estão previstos no art. 15 do CP, que posterior depende dos seguintes requisitos:
dispõe: “O agente que, voluntariamente, desiste de
prosseguir na execução ou impede que o resultado se a) Crime praticado sem violência ou grave ameaça à
produza, só responde pelos atos já praticados”. pessoa;

Desistência voluntária: Na desistência voluntária, o b) Reparação do dano ou restituição da coisa;


agente, por ato de vontade, detém o processo executório do
crime, abandonando a prática dos demais atos necessários c) Efetuada a reparação do dano até o recebimento
e que estavam à sua disposição para a consumação. da denúncia ou da queixa.

Arrependimento eficaz: No arrependimento eficaz O arrependimento posterior alcança qualquer crime


depois de já praticados todos os atos executórios suficientes que com ele seja compatível, bastando, em termos genéri-
à consumação do crime, o agente adota providências capa- cos, que exista um “dano” causado em razão da conduta
zes de impedir a produção do resultado, somente sendo pos- penalmente ilícita.
sível quanto aos crimes materiais.
Dano moral - prevalece o entendimento de que a re-
ATENÇÃO: Se, embora o agente tenha buscado impe- paração do dano moral enseja a aplicação do arrependi-
dir sua ocorrência, ainda assim o resultado se verificou, sub- mento posterior.
siste a sua responsabilidade pelo crime consumado.

18
Arrependimento eficaz x Arrependimento EXERCÍCIOS
posterior: O arrependimento eficaz implica numa causa
de não punibilidade da tentativa iniciada (o agente só
responde pelos atos objetivos praticados, não pela 01. (2018 – FCC - Prefeitura de São Luís – MA - Auditor
tentativa iniciada do delito pretendido); o arrependimento Fiscal de Tributos I - Geral) Diz-se crime tentado quando
posterior é mera causa de diminuição da pena. Aquele a) ele não se consuma por circunstâncias alheias à vontade
impede a consumação do delito; este só acontece após a do agente, após iniciada a execução.
consumação do crime (por isso é que se chama de b) impossível de se consumar em razão da ineficácia abso-
arrependimento posterior). luta do meio ou da absoluta impropriedade do objeto.
CRIME IMPOSSÍVEL c) o agente, por ato voluntário, até o recebimento da de-
núncia ou da queixa, repara o dano ou restitui a coisa.
Dispõe o art. 17 do CP: d) o agente desiste, de forma voluntária, de prosseguir na
execução ou impede que o resultado se produza.
Crime impossível e) o agente dá causa ao resultado por imprudência, negli-
Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia gência ou imperícia.
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do
objeto, é impossível consumar-se o crime.
02. (2018 – FGV - TJ-SC - Técnico Judiciário Auxiliar) Em
Crime impossível: é a causa excludente da tipici- dificuldades financeiras, Ana ingressa, com autorização
dade que se constitui em tentativa não punível, porque o da proprietária do imóvel, na residência vizinha àquela
agente se vale de meios absolutamente ineficazes ou volta- em que trabalhava com o objetivo de subtrair uma quan-
se contra objetos absolutamente impróprios, tornando im- tia de dinheiro em espécie, simulando para tanto que pre-
possível a consumação do crime. cisava de uma quantidade de açúcar que estaria em falta.
Após ingressar no imóvel e mexer na gaveta do quarto,
 O crime impossível também é chamado de crime vê pela janela aquela que é sua chefe e pensa na decep-
oco, quase crime, tentativa inidônea, tentativa inadequada ção que lhe causaria, razão pela qual decide deixar o local
ou tentativa impossível. sem nada subtrair. Ocorre que as câmeras de segurança
flagraram o comportamento de Ana, sendo as imagens
ATENÇÃO: a exclusão da tipicidade refere-se apenas encaminhadas para a Delegacia de Polícia.
ao crime almejado, persistindo a responsabilização pelos
atos anteriores, desde que sejam considerados ilícitos. Nesse caso, a conduta de Ana:
a) configura crime de tentativa de furto em razão do arre-
Elementos do crime impossível: o crime impossí-
pendimento posterior;
vel rem como elementos:
b) configura crime de tentativa de furto em razão do arre-
a) o início da execução; pendimento eficaz;
b) o dolo de consumação; c) configura crime de tentativa de furto em razão da desis-
c) a não consumação por circunstâncias alheias à von- tência voluntária;
tade do agente; d) não configura crime em razão da desistência voluntária;
d) resultado absolutamente impossível de ser alcan-
çado. e) não configura crime em razão do arrependimento eficaz.
ATENÇÃO: Atente-se para o fato de que os três pri-
meiros elementos estão também presentes na tentativa 03. (2018 – UEG - PC-GO - Delegado de Polícia) Quando o
simples, de modo que a impossibilidade de alcançar o resul- agente, em crime cometido sem violência ou grave ame-
tado pretendido é justamente o que faz desta conduta uma aça à pessoa, repara voluntariamente o dano até o rece-
tentativa inidônea. bimento da denúncia, ocorre:
a) arrependimento eficaz.
Espécies de crime impossível: Há duas espécies de
crime impossível: b) arrependimento posterior.
c) crime impossível.
a) Crime impossível por ineficácia absoluta do meio: d) desistência voluntária.
o meio de execução utilizado pelo agente é, por sua natu-
e) tentativa.
reza ou essência, incapaz de produzir o resultado, por mais
reiterado que seja seu emprego. Exemplo: atirar, para ma-
tar, com uma arma descarregada. 04. (2018 – FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia Substi-
tuto) Com relação ao iter criminis, é CORRETO afirmar:
 Se a ineficácia for relativa, a tentativa estará pre- a) No crime falho ou na tentativa imperfeita, o processo de
sente. execução é integralmente realizado pelo agente e o resul-
tado é atingido.
b) Crime impossível por impropriedade absoluta do
objeto: refere-se ao objeto material, compreendido como a b) Não existe desistência voluntária no caso de agente que
pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. O desiste de prosseguir com os atos de execução por conselho
objeto material é absolutamente impróprio quando inexis- de seu advogado, já que ausente a voluntariedade.
tente antes do início da execução do crime, tornando impos- c) Com relação à tentativa, o Código Penal adota, como re-
sível a sua consumação. Exemplo: procurar abortar o feto gra, a teoria objetiva e aplica ao agente a pena correspon-
de mulher que não está grávida. dente ao crime consumado, reduzida de um a dois terços,
conforme maior ou menor tenha sido a proximidade do re-
sultado almejado.

19
d) O arrependimento posterior tem natureza jurídica de c) Ele responderá por tentativa de roubo, nos termos do art.
causa de exclusão da tipicidade, desde que restituída a coisa 14 do Código Penal.
ou reparado o dano nos crimes praticados sem violência ou d) Nenhuma, pois tais atos são impuníveis.
grave ameaça até o recebimento da denúncia ou queixa.
e) Ele responderá por roubo com aplicação de causa de di-
minuição de pena por arrependimento eficaz, nos termos do
05. (2018 – NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia Civil) Caio art. 15 do Código Penal.
tem um desafeto a quem sempre faz ameaças de morte.
O último encontro foi num bar. Caio observou que havia
09. (2018 – VUNESP - PC-BA - Investigador de Polícia) Adal-
um revólver com seis munições sobre uma mesa e apro-
berto decidiu matar seu cunhado em face das constantes
veitou para concretizar o desejo de matar seu oponente.
desavenças, especialmente financeiras, pois eram sócios
Anunciou que iria matar seu desafeto PEDRO, efetuando
em uma empresa e estavam passando por dificuldades.
um disparo na sua perna. Neste momento PEDRO suplica
Preparou seu revólver e se dirigiu até a sala que dividiam
por sua vida. Caio, sensível ao apelo da vítima, desiste
na empresa. Parou de fronte ao inimigo e apontou a arma
de continuar disparando, afirma que não iria mais matar
em sua direção, mas antes de acionar o gatilho foi impe-
o rival e deixa a arma em cima da mesa. Em seguida, se
dido pela secretária que, ao ver a sombra pela porta, de-
retira do local. Com relação aos fatos descritos indique a
cidiu intervir e impedir o disparo. Em face do ocorrido,
alternativa CORRETA.
pode-se afirmar que Adalberto poderá responder por
a) Caio deve ser condenado por tentativa de homicídio.
a) constrangimento ilegal.
b) Caio não deve responder por qualquer crime.
b) tentativa de homicídio.
c) Há apenas o crime de ameaça a ser apurado.
c) tentativa de lesão corporal.
d) Caio responde por tentativa de homicídio e ameaça.
d) fato atípico.
e) Caio deve responder por lesão corporal.
e) arrependimento eficaz.

06. (2018 – VUNESP - Câmara de Campo Limpo Paulista –


10. (2018 – UERR – SETRABES - Agente Sócio-Orientador)
SP - Procurador Jurídico) “Nos crimes cometidos sem vio-
A respeito da pena de tentativa, é correto afirmar:
lência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da a) Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será redu- pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um
zida de um a dois terços.” Trata-se da definição legal a metade.
a) da exclusão da ilicitude. b) Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com
a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de
b) da exclusão da culpabilidade.
um a um terço.
c) da desistência voluntária.
c) Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a
d) do arrependimento eficaz. pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um
e) do arrependimento posterior. a dois terços.
d) Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com
07. (2018 – VUNESP - PC-SP - Investigador de Polícia) a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de
Quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta um a um quinto.
impropriedade do objeto, é impraticável consumar-se o e) Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a
crime, configura-se o instituto pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um
a) da tentativa. a dois quintos.
b) do arrependimento eficaz.
c) da desistência voluntária. 11. (2018 – FGV - TJ-AL - Técnico Judiciário - Área Judiciá-
ria) João, funcionário público de determinado cartório de
d) do arrependimento posterior.
Tribunal de Justiça, após apropriar-se de objeto que tinha
e) do crime impossível. a posse em razão do cargo que ocupava, é convencido
por sua esposa a devolvê-lo no dia seguinte, o que vem
08. (2018 - INSTITUTO AOCP - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Téc- a fazer, comunicando o fato ao seu superior, que adota
nico Judiciário - Segurança) Três indivíduos que são ami- as medidas penais pertinentes.
gos reúnem-se para fazer uso de narcóticos. Porém, em Diante desse quadro, é correto afirmar que:
dado momento, os entorpecentes acabam e eles não têm a) houve arrependimento eficaz, sendo o comportamento de
mais dinheiro para reabastecer o vício. Um deles, cha- João penalmente impunível;
mado Ronaldo, propõe que se dirijam a um ponto de ôni-
b) houve desistência voluntária, sendo o comportamento de
bus para roubar algum transeunte que lá esteja aguar-
João penalmente impunível;
dando a chegada do veículo de lotação. Contudo, ao se
aproximarem do referido ponto de ônibus, uma viatura c) deverá João responder pelo crime de peculato tentado;
policial passa por eles, inibindo-lhes a vontade de prati- d) deverá João responder pelo crime de peculato consu-
car o delito. Se o crime de roubo planejado pelo trio não mado, com a redução de pena pelo arrependimento poste-
chegou pelo menos a ser tentado, qual é a consequência rior;
penal para Ronaldo, aquele que havia sugerido a prática e) deverá João responder pelo crime de peculato consu-
desse delito contra o patrimônio? mado, sem qualquer redução de pena.
a) Nenhuma, pois tais atos são relativamente nulos.
b) Ele responderá por participação de menor importância.

20
12. (2018 – CESPE - PC-MA - Investigador de Polícia) Ad- c) delito putativo de contágio por moléstia grave.
mite a modalidade tentada o crime de d) perigo de contágio por moléstia grave consumado.
a) instigação ao suicídio sem resultado lesivo. e) tentativa de lesão corporal, devido ao perigo de contágio
b) aborto. venéreo.
c) lesão corporal culposa.
d) omissão de socorro. 16. (2017 - PUC-PR - TJ-MS - Analista Judiciário - Área Fim)
e) difamação cometida verbalmente. Marque a alternativa CORRETA sobre crime consumado
e crime tentado.
a) Define-se como tentado o crime que, quando ainda não
13. (2018 – CESPE - DPE-PE - Defensor Público) Com rela-
iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
ção à tentativa, à desistência voluntária e ao arrependi-
alheias à vontade do agente.
mento, assinale a opção correta.
b) Na tentativa perfeita, o agente inicia a execução sem,
a) No arrependimento eficaz, o agente interrompe a execu-
contudo, utilizar todos os meios que detinha ao seu alcance,
ção do crime; na desistência voluntária, o resultado é impe-
e o crime não se consuma por circunstâncias alheias à sua
dido após o agente ter praticado todos os atos.
vontade.
b) O arrependimento posterior pode ser aplicado aos crimes
c) O critério para diminuição da pena no crime tentado está
cometidos com violência ou grave ameaça.
relacionado com a maior ou a menor proximidade da consu-
c) Em se tratando de tentativa branca ou incruenta, a vítima mação, quer dizer, a distância percorrida do iter criminis.
não é atingida e não sofre ferimentos; se tratar-se de ten-
d) Os crimes materiais e formais comportam a possibilidade
tativa cruenta, a vítima é atingida e é lesionada.
de tentativa, entretanto, no que se refere aos crimes de
d) A diferença entre a tentativa e a tentativa abandonada é mera conduta, não é possível sua configuração.
que, no primeiro caso, o agente diz “eu consigo, mas não
e) O crime falho, também chamado de tentativa inacabada,
quero” e, no segundo, o agente diz “eu quero, mas não con-
é uma espécie de tentativa na qual o agente pratica o fato
sigo”.
em erro, ou seja, o agente elabora uma falsa percepção da
e) A desistência voluntária e a tentativa abandonada são realidade ao praticar sua conduta.
espécies de arrependimento eficaz.

17. (2017 – CESPE - DPE-AC - Defensor Público) Com refe-


14. (2017 – FCC - TRF - 5ª REGIÃO - Analista Judiciário - rência ao arrependimento posterior, assinale a opção cor-
Oficial de Justiça Avaliador Federal) Édipo, irritado com as reta.
constantes festas que seu vizinho Laio promove à noite,
a) O arrependimento posterior é causa obrigatória de dimi-
atrapalhando seu descanso, resolve procurá-lo a fim de
nuição de pena, admitindo-se a reparação do dano ou a res-
resolver definitivamente a situação. Para tanto, arma-se
tituição da coisa até o trânsito em julgado da ação penal.
de uma espingarda e se dirige à casa de Laio, vindo a
encontrá- lo distraído. Ato contínuo, aponta a arma em b) O autor da infração, ao arrepender-se, deverá, para que
sua direção a fim de efetuar um disparo contra sua ca- sua pena seja reduzida, reparar voluntariamente danos ou
beça. Contudo, Jocasta, que, por coincidência, havia aca- restituir a coisa subtraída, até o recebimento da queixa ou
bado de chegar ao local, surpreende e consegue impedir da denúncia.
Édipo de seu intento, retirando-lhe a arma de sua mão, c) O arrependimento posterior incide exclusivamente nos
evitando, assim, o disparo fatal. A conduta de Édipo, para crimes contra o patrimônio e impõe a restituição espontânea
o Direito Penal, pode ser enquadrada no ordenamento e integral da coisa até o recebimento da denúncia ou da
jurídico como queixa.
a) arrependimento posterior. d) Intervenção de terceiros na reparação do dano ou na res-
b) desistência voluntária. tituição da coisa, desde que ocorra antes do julgamento, não
afastará o reconhecimento de arrependimento posterior.
c) crime tentado.
e) Para que sua pena seja reduzida, o agente deverá, es-
d) circunstância atenuante.
pontaneamente, logo após a consumação do crime, minorar
e) arrependimento eficaz. as consequências dele e, até a data do julgamento, reparar
danos.
15. (2017 – CESPE - DPE-AL - Defensor Público) Jonas des-
cobriu, na mesma semana, que era portador de doença 18. (2017 – IBFC - TJ-PE - Oficial de Justiça) Os itens abaixo
venérea grave e que sua esposa, Priscila, planejava pedir dizem respeito à figura da tentativa em Direito Penal.
o divórcio. Inconformado com a intenção da compa- Analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa cor-
nheira, Jonas manteve relações sexuais com ela, com o reta.
objetivo de lhe transmitir a doença. Ao descobrir o pro-
pósito de Jonas, Priscila foi à delegacia e relatou o ocor-
rido. No curso da apuração preliminar, constatou-se que I. Tentativa branca é aquela que ocorre quando o agente,
ela já estava contaminada da mesma moléstia desde an- embora tendo empregado os meios ao seu alcance, não
tes da conduta de Jonas, fato que ela desconhecia. consegue atingir a coisa ou a pessoa.
II. Constitui-se como sendo o único elemento
constituidor da tentativa a interrupção da execução por
Nessa situação hipotética, considerando-se as normas
circunstâncias alheias à vontade do agente.
relativas a crimes contra a pessoa, a conduta perpetrada
por Jonas constitui III. Nos crimes preterdolosos não se admite a tentativa.
a) tentativa de perigo de contágio venéreo. IV. A pena por crimes tentados é a mesma do
consumado, mas diminuída em ¼ (um quarto).
b) crime impossível, em razão do contágio anterior.

21
CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas I e II estão corretos  DO CRIME DOLOSO
b) Apenas II e IV estão corretos
Dispõe o art. 18 do Código Penal:
c) Apenas I e III estão corretos
d) Apenas II e III estão incorretos Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº
e) I, II, III e IV estão incorretos 7.209, de 11.7.1984)
Crime doloso
19. (2017 – FCC - PC-AP - Delegado de Polícia) João decide I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assu-
agredir fisicamente Pedro, seu desafeto, provocando-lhe miu o risco de produzi-lo;
vários ferimentos. Porém, durante a luta corporal, João
resolve matar Pedro, realizando um disparo de arma de Crime culposo
fogo contra a vítima, sem, contudo, conseguir atingi-lo. II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado
A polícia é acionada, separando os contendores. Diante por imprudência, negligência ou imperícia.
do caso hipotético, João responderá
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei,
a) apenas por lesões corporais.
ninguém pode ser punido por fato previsto como
b) apenas por tentativa de homicídio. crime, senão quando o pratica dolosamente.
c) por rixa e disparo de arma de fogo.
d) por lesões corporais consumadas e disparo de arma de I - CRIME DOLOSO
fogo.
O DOLO consiste na vontade livre e consciente dirigida
e) por lesões corporais consumadas e homicídio tentado.
à finalidade de realizar (ou aceitar realizar) a conduta pre-
vista no tipo penal incriminador. É o elemento subjetivo im-
20. (2017 – FAPEMS - PC-MS - Delegado de Polícia) Toda plícito do tipo.
ação criminosa, advinda de conduta dolosa, é antecedida
por uma ideação e resolução criminosa. O sujeito per- Elementos do dolo - logo percebemos os elementos
corre um caminho que vai da concepção da ideia até a que estruturam o dolo:
consumação. A esse caminho dá-se o nome de iter crimi-
nis, o qual é composto por fase interna (cogitação) e fa- a) Elemento intelectivo  consciência: o agente deve
ses externas ao agente (atos preparatórios, executórios ter ciência de que sua conduta constitui um tipo penal;
e consumação). Diversas situações podem ocorrer du-
rante o desenvolvimento das ações dirigidas ao fim do b) Elemento volitivo  vontade: querer realizar a con-
crime. Assinale a alternativa que expressa de forma cor- duta dirigida ao tipo penal, ao menos mediante a aceitação
reta uma dessas situações, seja na fase interna ou ex- do resultado (dolo indireto).
terna.
a) Na tentativa o sujeito dá início aos atos executórios da Teorias do dolo: o Código Penal, ao definir dolo,
conduta, os quais deixa voluntariamente de praticar em vir- adotou duas teorias:
tude de circunstâncias alheias a sua vontade, recebendo,
como consequência, diminuição na pena final aplicada. a) Teoria da vontade: "... quando o agente quis o re-
sultado ... "
b) O arrependimento posterior ocorre após o término dos
atos executórios, porém antes da consumação. Nesse caso, ➔ Dolo Direto: A teoria da vontade define o dolo di-
o sujeito responderá pelo crime, mas sua pena será reduzida reto, em que o agente prevê o resultado e seleciona meios
se reparados os danos causados. para vê-lo realizado. Ex.: atirar para matar.
c) A desistência voluntária caracteriza verdadeira ponte de
ouro ao infrator que impede a consumação do crime após o b) Teoria do assentimento: "... assumiu o risco de
término dos atos executórios, isentando-o de qualquer res- produzi-lo".
ponsabilidade pelos danos causados.
d) O crime impossível demanda o início dos atos executórios ➔ Dolo Indireto: A teoria do assentimento define o
do crime pelo agente, eximindo-o de responsabilidade penal dolo indireto ou eventual, em que o agente assume o risco
pelo crime almejado, respondendo, todavia, pelos atos an- de produzir o resultado, apesar de não corresponder direta-
teriores que forem considerados ilícitos. mente àquilo a que se propôs realizar de início.
e) Os atos preparatórios do crime não são punidos, mesmo
Exemplos: o médico que ministra medicamento que
que caracterize em si conduta tipificada, em virtude da teo-
sabe poder conduzir à morte o paciente, apenas para testar
ria finalista da ação que direciona a punição para a finalidade
o produto ou a roleta russa para testar a sorte dos subordi-
do crime e não para os meios de sua prática.
nados.

GABARITO Outras espécies de dolo:


01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
A D B C E E E D B C a) Dolo genérico - É a vontade de realizar conduta
sem um fim especial, ou seja, a mera vontade de praticar o
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
núcleo da ação típica (o verbo do tipo), sem qualquer finali-
D B C C B C B C B D
dade específica. Por exemplo, no tipo do homicídio, basta a
simples vontade de matar alguém para que a ação seja

22
típica, pois não é exigida nenhuma finalidade especial do A imprudência é uma atitude em que o agente atua
agente. com precipitação, com afoiteza, sem cautelas. Ex.: manejar
ou limpar arma carregada próximo a outras pessoas, que
b) Dolo específico - É a vontade de realizar conduta dispara e atinge alguém.
visando a um fim especial previsto no tipo. Nos tipos anor-
mais, que são aqueles que contêm elementos subjetivos (fi- A negligência está ligada à indiferença do agente que,
nalidade especial do agente), o dolo só não basta, pois o podendo tomar as cautelas exigíveis, não o faz por
tipo exige, além da vontade de praticar a conduta, uma fi- displicência ou preguiça mental. Trata-se de conduta
nalidade especial do agente. omissiva. Ex.: o motorista que não troca os pneus já
Por exemplo, no crime de extorsão mediante seques- desgastados, atropelando um pedestre.
tro, não basta a simples vontade de sequestrar a vítima,
sendo também necessária a sua finalidade especial de obter, A imperícia é a incapacidade, a falta de conhecimen-
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição tos técnicos no exercício de arte ou profissão, não levando
ou preço do resgate, porque esse fim específico é exigido em consideração o agente o que sabe ou deve saber. Ex.: o
pelo tipo do art. 159 do CP. médico que, na operação, erra a artéria a ser cortada, tra-
zendo a óbito o paciente.
c) Dolo de dano - a vontade do agente é causar efe-
tiva lesão ao bem jurídico tutelado (ex.: art. 121 do CP - Espécies de culpa:
Homicídio).
a) Culpa inconsciente (sem previsão ou ex ignoran-
d) Dolo de perigo - o agente atua com a intenção tia) – Existe quando o agente não prevê o resultado que é
de expor a risco o bem jurídico tutelado (ex.: art. 132 do CP previsível, não tendo conhecimento do efetivo perigo de sua
– Perigo para a vida ou a saúde de outrem). conduta.

e) Dolo alternativo - Parte da doutrina fala em dolo b) Culpa consciente (com previsão ou ex lascivia) -
alternativo como uma variante do dolo indireto, em que o Ocorre quando o agente prevê o resultado, mas espera, sin-
agente antevê dois ou mais resultados possíveis e dirige sua ceramente, que não ocorrerá, acreditando que o evitará com
conduta a um deles, entretanto, sabe que, ao agir, poderá sua habilidade (superconfiança). Ex.: o agente ultrapassa
causar outro resultado lesivo. Ex.: o agente atira para matar um veículo em uma estrada e, verificando que na direção
"A" ou "B", que estão próximos um do outro. contrária vem outro veículo, acredita que, caso acelere, con-
siga ultrapassar o primeiro veículo sem chocar-se contra o
f) Dolo geral (erro sucessivo ou aberratio cau- segundo, o que não ocorre, gerando o resultado lesivo
sae) – Ocorre quando o agente, supondo já ter alcançado o ofensa à integridade física ou morte.
resultado por ele visado, pratica nova ação que efetiva-
mente vem provocar o resultado desejado. Há duas ações, c) Culpa própria – é a que se verifica quando o
sendo a consumação segunda consuma o delito. agente não quer o resultado nem assume o risco de produzi-
Ex.: A atira em B, que cai no solo. Acreditando na lo. É, por assim dizer, a culpa propriamente dita.
morte de B, A joga seu corpo no mar, a fim de ocultar o
cadáver, sendo constatado depois que a morte foi produzida d) Culpa imprópria (culpa por extensão, por as-
por afogamento e não pelo disparo. similação, por equiparação) - prevista no art. 20, § 1º,
2ª parte, do CP, nesta espécie de culpa o agente, por erro
evitável fantasia certa situação de fato, supondo estar
II - DO CRIME CULPOSO agindo acobertado por uma excludente de ilicitude (descri-
minante putativa), e, em razão disso, provoca intencional-
Conceito de crime culposo mente um resultado ilícito.

Ocorre o crime culposo quando a conduta voluntária Por exemplo: supondo, por engano, que seu desafeto
(ação ou omissão) produz resultado antijurídico não que- vai agredi-lo, o agente saca uma arma atirando até matar o
rido, mas previsível, que podia, com a devida atenção, ser falso agressor. Apesar da ação ser dolosa, o agente, consi-
evitado. derando a evitabilidade do erro, responde por culpa.
Nesse caso, o agente não quer nem assume o risco
de produzir o resultado, mas a ele dá causa por imprudên- Elementos do crime culposo:
cia, negligência ou imperícia. Viola a obrigação de, no con-
vívio social, realizar condutas de forma a não produzir danos a) Conduta humana voluntária - O agente não de-
a terceiros. Desatende ao denominado dever objetivo de seja, nem assume o risco de produzir o resultado. A volun-
cuidado. tariedade está relacionada à conduta do agente, e não ao
resultado.
ATENÇÃO: Em regra, os crimes são dolosos, somente
se admitindo a sanção por culpa quando a lei textualmente b) Violação de um dever de cuidado objetivo - O
a prevê. É o que determina o art. 18, parágrafo único do agente atua em desacordo com o que é esperado pela lei
Código Penal, segundo o qual "Salvo os casos expressos em e pela sociedade. São formas de violação do dever de cui-
lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, dado, ou mais conhecidas como modalidades de culpa, a
senão quando o pratica dolosamente". Ex.: homicídio, art. imprudência, a negligência e a imperícia.
121, § 3o.
c) Resultado naturalístico - Não haverá crime cul-
poso se, mesmo havendo falta de cuidado por parte do
Modalidades de culpa: agente, não ocorrer o resultado lesivo a um bem jurídico
tutelado. Assim, em regra, todo crime culposo é um crime
material.

23
IV- Configura – se o crime _____________, quando o
d) Nexo causal – Consubstanciado na relação de agente deu causa ao resultado por imprudência, negli-
causa e efeito entre a conduta voluntária perigosa e o resul- gência ou imperícia.
tado involuntário. É o elo que liga a conduta do agente ao a) I. doloso; II. culposo. III. impossível; IV. consumado
resultado praticado (imprudência, negligência, imperícia).
b) I. consumado; II. doloso; III. impossível; IV. culposo
e) Previsibilidade - É a possibilidade de conhecer o c) I. impossível; II. consumado; III. culposo; IV. doloso
perigo. Na culpa consciente, mais do que a previsibilidade, d) I. culposo, II. impossível, III. doloso; IV. consumado
o agente tem a previsão (efetivo conhecimento do perigo).

f) Tipicidade - O Código Penal, no art. 18, parágrafo 02. (2014 – VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia 0 “X”
único é taxativo ao dispor: “Salvo os casos expressos em estaciona seu automóvel regularmente em uma via pú-
lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, blica com o objetivo de deixar seu filho, “Z”, na pré-es-
senão quando o pratica dolosamente”. cola, entretanto, ao descer do veículo para abrir a porta
para “Z”, não percebe que, durante esse instante, a cri-
Dolo eventual x Culpa consciente: A aceitação do ança havia soltado o freio de mão, o suficiente para que
resultado é o que difere o dolo eventual da culpa consciente. o veículo se deslocasse e derrubasse um idoso, que vem
Nesta, o agente prevê o resultado, todavia, espera sincera- a falecer em razão do traumatismo craniano causado pela
mente que ele não ocorra, não o aceita, mas age. queda. Em tese, “X”
a) responderá pelo crime de homicídio culposo com pena
Previsão do re- mais severa do que a estabelecida no Código Penal, nos ter-
Vontade Espécie mos do Código de Trânsito Brasileiro.
sultado
Resultado pre- b) responderá pelo crime de homicídio culposo, entretanto,
Quer Direto
visto a ele poderá ser aplicado o perdão judicial.
Dolo
Resultado pre- c) não responde por crime algum, uma vez que não agiu
Assume o risco Eventual
visto com dolo ou culpa.
Resultado pre- Não quer e não Consci-
d) responderá pelo crime de homicídio doloso por dolo even-
visto aceita ente
Culpa tual.
Resultado previ- Não quer e não Inconsci-
sível aceita ente e) responderá pelo crime de homicídio culposo em razão de
sua negligência.
Exclusão da culpa - O caso fortuito e a força maior
se inserem entre os fatos imprevisíveis, que não se subme- 03. (2018 – VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia)
tem à vontade de ninguém. Logo, o resultado daí advindo “Existe_________ quando o agente prevê o resultado,
não pode fundamentar a punição por culpa. mas espera, sinceramente, que não ocorrerá; configura-
se _________ quando a vontade do agente não está di-
Compensação de culpas - a compensação de culpas rigida para a obtenção do resultado, pois ele quer algo
é incabível em matéria penal, admitida apenas no direito diverso, mas, prevendo que o evento possa ocorrer, as-
privado. É possível a concorrência de culpas, quando várias sume assim mesmo a possibilidade de sua produção.”
pessoas contribuem para a prática da infração culposa-
Assinale a alternativa que correta e respectivamente
mente, respondendo todas elas pelo ilícito. Pode haver,
completa as lacunas.
ainda, em situação também distinta, culpa concorrente da
vítima, o que pode levar a uma atenuação na análise da a) dolo indireto ... dolo alternativo
pena, nos termos do artigo 59 do Código Penal. b) dolo eventual ... culpa consciente
c) culpa inconsciente ... culpa consciente
Tentativa em crime culposo - O crime culposo, em
regra, não admite tentativa, porque o resultado não decorre d) culpa consciente ... dolo eventual
da vontade do agente. e) culpa inconsciente ... dolo eventual

ATENÇÃO! Alguns autores defendem a possibilidade


04. (2018 – FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia Substi-
de tentativa no caso da culpa imprópria, prevista no art. 20,
tuto) NÃO é um elemento do tipo culposo de crime:
§ 1º, 2ª parte, do CP.
a) Conduta involuntária.
EXERCÍCIOS b) Inobservância de dever objetivo de cuidado.
c) Previsibilidade objetiva.
01. (2016 - CAIP-IMES - Câmara Municipal de Atibaia – SP d) Tipicidade.
- Advogado) Complete corretamente as frases abaixo as-
sinalando a alternativa correta.
05. (2016 – FUNCAB - PC-PA - Investigador de Polícia Civil)
I- Configura-se o crime _____________, quando nele se Sobre o crime culposo, é correto afirmar que:
reúnem todos os elementos de sua definição legal. a) é dispensável a verificação do nexo de causalidade entre
II- Configura-se o crime _____________, quando o conduta e resultado.
agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi- b) há culpa quando o sujeito ativo, voluntariamente, des-
lo. cumpre um dever de cuidado, provocando resultado crimi-
III- Configura o crime _____________, quando por ine- noso por ele não desejado.
ficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade
do objeto, a finalização e consumação do ato típico, an- c) sua caracterização independe da previsibilidade objetiva
tijurídico e culpável é afetada. do resultado.

24
d) se alguém ateia fogo a um navio para receber o valor de jovem chegou a ficar em coma, ou seja, sofreu risco de
contrato de seguro, embora saiba que com isso provocará a morte durante cinco dias, tendo sobrevivido com algumas
morte dos tripulantes, essas mortes serão reputadas culpo- sequelas.
sas. Diante do exposto, por qual delito o sujeito X deverá
responder?
06. (2012 – IPAD - PC-AC - Agente de Polícia Civil) Aquele a) Delito de lesões corporais qualificadas graves, previsto
que assume os riscos de produzir o resultado criminoso pelo Código Penal.
pratica o delito sob a modalidade de: b) Delito de tentativa de homicídio, previsto pelo Código Pe-
a) culpa consciente. nal, ficando as lesões absorvidas pelo crime de maior gravi-
b) culpa inconsciente. dade.
c) dolo direto. c) Delito de lesões corporais culposas, previsto pelo Código
Penal.
d) dolo eventual.
d) Delito de lesões corporais culposas, previsto pelo Código
e) preterdolo.
de Trânsito Brasileiro.
e) Crime de lesões corporais preterdolosas, previsto pelo
07. (2013 – FUNCAB - PC-ES - Escrivão de Polícia) Em uma Código Penal.
caçada, José Carlos viu um animal próximo do seu grande
amigo Edson. Percebe que, atirando na caça, poderá
acertar o companheiro, mas, por confiar em sua pontaria, 11. (2018 – FGV – TJ/AL - Técnico Judiciário - Área Judiciá-
atira e erra o animal, matando Edson. Assim, José Car- ria) Leandro, pretendendo causar a morte de José, o em-
los: purra do alto de uma escada, caindo a vítima desacor-
dada. Supondo já ter alcançado o resultado desejado, Le-
a) poderá ser condenado pelo crime de homicídio culposo,
andro pratica nova ação, dessa vez realiza disparo de
pela prática de culpa inconsciente.
arma de fogo contra José, pois, acreditando que ele já
b) poderá ser condenado pelo crime de homicídio culposo, estaria morto, desejava simular um ato de assalto.
pela prática de culpa consciente. Ocorre que somente na segunda ocasião Leandro obteve
c) poderá ser condenado pelo crime de homicídio doloso, o que pretendia desde o início, já que, diferentemente do
pela prática de dolo direto. que pensara, José não estava morto quando foram efe-
d) poderá ser condenado pelo crime de homicídio doloso, tuados os disparos.
pela prática de dolo eventual. Em análise da situação narrada, prevalece o
e) não poderá ser condenado por crime algum, pois ocorreu entendimento de que Leandro deve responder apenas por
um acidente. um crime de homicídio consumado, e não por um crime
tentado e outro consumado em concurso, em razão da
aplicação do instituto do:
08. (2013 – VUNESP - PC-SP - Agente de Polícia) No tocante a) crime preterdoloso;
aos crimes dolosos e culposos, assinale a alternativa cor-
reta. b) dolo eventual;

a) Em tese, o homicídio culposo traz como consequência c) dolo alternativo;


uma pena mais grave se comparada à pena do homicídio d) dolo geral;
doloso. e) dolo de 2º grau.
b) A negligência e a imperícia estão diretamente relaciona-
das ao crime culposo.
12. (2016 – UFMT - DPE-MT - Defensor Público) NÃO é ele-
c) Todo e qualquer crime de trânsito que venha a causar a mento constitutivo do crime culposo:
morte de alguém é considerado doloso.
a) a inobservância de um dever objetivo de cuidado.
d) No crime doloso, a lei não pune a simples tentativa de
b) o resultado naturalístico involuntário.
cometê-lo, enquanto que, no culposo, a tentativa é punida
pela lei. c) a conduta humana voluntária.
e) O crime culposo caracteriza-se quando uma pessoa pos- d) a tipicidade.
sui a vontade e a consciência de cometer um crime. e) a imprevisibilidade.

09. (2013 – FUMARC - PC-MG - Analista da Polícia Civil - 13. (2015 – VUNESP - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de
Direito) São elementos caracterizadores da culpa incons- 1a Classe) O indivíduo B, com a finalidade de comemorar
ciente, EXCETO: a vitória de seu time de futebol, passou a disparar “fogos
a) Inobservância do cuidado objetivo. de artifício” de sua residência, que se situa ao lado de
um edifício residencial. Ao ser alertado por um de seus
b) Comportamento humano voluntário.
amigos sobre o risco de que as explosões poderiam atin-
c) Produção de um resultado involuntário gir as residências do edifício e que havia algumas janelas
d) Assunção por parte do agente do provável resultado. abertas, B respondeu que não havia problema porque
naquele prédio só moravam torcedores do time rival. Um
dos dispositivos disparados explodiu dentro de uma das
10. (2013 – FDRH - PC-RS - Escrivão e Inspetor de Polícia - residências desse edifício e feriu uma criança de 5 anos
2° Parte) Sujeito X conduzia seu veículo automotor na via de idade que ali se encontrava. Com relação à conduta
pública em velocidade compatível e na mão correta de do indivíduo B, é correto afirmar que
direção. Ao mesmo tempo, teclava mensagens em seu
telefone celular. Assim, acabou atropelando um jovem de
23 anos. Em face da hemorragia craniana sofrida, o

25
a) o indivíduo B poderá ser responsabilizado pelo crime de a) Todos os crimes dispostos na parte especial do Código
lesão corporal culposa, em virtude de ter agido com negli- Penal preveem a forma dolosa e culposa do delito.
gência. b) O direito brasileiro não reconhece a figura da culpa im-
b) o indivíduo B poderá ser responsabilizado pelo crime de própria.
lesão corporal culposa, em virtude de ter agido com imperí- c) O dolo eventual não é admitido no direito brasileiro.
cia.
d) O crime de lesão corporal seguido do resultado morte,
c) o indivíduo B poderá ser responsabilizado pelo crime de disposto no artigo 129, § 3º, do Código Penal, é exemplo de
lesão corporal dolosa. crime preterdoloso.
d) o indivíduo B poderá ser responsabilizado pelo crime de e) O crime culposo admite a figura da tentativa.
lesão corporal culposa, em virtude de ter agido com impru-
dência.
18. (2014 – VUNESP - PC-SP - Técnico de Laboratório) Con-
e) o indivíduo B não poderá ser responsabilizado pelo crime
dutor dirige seu veículo e vê seu maior desafeto atraves-
de lesão corporal, tendo em vista que o pai da criança lesi-
sando a rua na faixa de pedestres. Estando próximo à
onada percebeu que as explosões estavam ocorrendo pró-
faixa, o condutor, consciente, deliberada e intencional-
ximo às janelas e não as fechou.
mente, acelera seu veículo e o coloca na direção de seu
desafeto, acabando por atropelá-lo e matá-lo. De acordo
14. (2014 – FGV - MPE-RJ - Estágio Forense) Jorge pre- com o Código Penal, o crime cometido deve ser conside-
tende matar seu desafeto Marcos. Para tanto, coloca uma rado
bomba no jato particular que o levará para a cidade de a) culposo porque o agente deu causa ao resultado por im-
Brasília. Com 45 minutos de voo, a aeronave executiva perícia.
explode no ar em decorrência da detonação do artefato,
b) doloso porque o agente não atentou para a faixa de pe-
vindo a falecer, além de Marcos, seu assessor Paulo e os
destres.
dois pilotos que conduziam a aeronave. Considerando
que, ao eleger esse meio para realizar o seu intento, c) doloso porque o agente tinha intenção de matar seu de-
Jorge sabia perfeitamente que as demais pessoas envol- safeto.
vidas também viriam a perder a vida, o elemento subje- d) culposo porque o agente deu causa ao resultado por ne-
tivo de sua atuação em relação à morte de Paulo e dos gligência.
dois pilotos é o: e) culposo porque o agente deu causa ao resultado por im-
a) dolo alternativo; prudência.
b) dolo eventual;
c) dolo geral ou erro sucessivo; 19. (2014 – IBFC - TJ-PR - Titular de Serviços de Notas e de
d) dolo normativo; Registros) Em relação ao dolo o Código Penal adota as
teorias:
e) dolo direto de 2º grau ou de consequências necessárias.
a) Da vontade e do assentimento.
b) Da vontade e da cognição.
15. (2014 – VUNESP - DPE-MS - Defensor Público) Assinale
a alternativa correta. c) Da representação e do assentimento.
a) A compensação de culpa deve ser aplicada para efeito de d) Da probabilidade e da cognição.
responsabilização do resultado lesivo causado no direito pe-
nal pátrio. 20. (2013 – FCC - MPE-SE - Técnico Administrativo) Com
b) A culpa inconsciente ocorre quando o agente prevê o re- relação ao plano subjetivo do crime,
sultado, mas espera que ele não ocorra. a) as culpas concorrentes de regra se compensam.
c) Para caracterização da conduta típica culposa basta a b) dolo indireto é aquele cometido com culpa consciente.
inobservância do dever de cuidado do agente.
c) não há tentativa de crime culposo e involuntário.
d) O dolo alternativo consiste na vontade e consentimento
do agente a produzir um ou outro resultado. d) de regra os crimes são culposos e, excepcionalmente, do-
losos.
e) a culpa inconsciente é impunível.
16. (2014 – VUNESP - PC-SP - Atendente de Necrotério Po-
licial) Aquele que antes de praticar o fato até hipotetiza
que ele pode ocorrer, mas acredita, sinceramente, que o GABARITO
resultado não se verificará e, portanto, não admite pre- 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
viamente a possibilidade de o resultado advir, comete B C D A B D B B D D
crime 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
a) premeditado. D E C E D E D C A C
b) doloso.
c) tentado.
4.2 ILICITUDE E CAUSAS DE EXCLUSÃO
d) intencional.
e) culposo. Ilicitude, também denominada antijuridicidade, é
a contrariedade entre o fato típico praticado por alguém e o
17. (2014 – FUNCAB - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil) As- ordenamento jurídico, capaz de atingir bens jurídicos penal-
sinale a alternativa correta. mente protegidos.

26
A definição da presença de ilicitude numa determi- a) Perigo atual: Perigo é a exposição do bem jurídico
nada conduta é feita após a constatação da tipicidade, re- a uma situação de probabilidade de dano. Sua origem pode
sultando disso que todo fato ilícito também é, necessaria- vir de um fato da natureza (ex.: uma inundação, subtraindo
mente, típico. o agente um barco para sobreviver), de seres irracionais
(ex.: ataque de um cão bravio). O CP exige seja o perigo
 A ilicitude tem natureza formal, pois consiste no atual: deve estar ocorrendo no momento em que o fato é
exame da presença ou ausência das causas de sua exclusão praticado.

CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE b) Perigo não provocado voluntariamente pelo agente


- A situação de perigo não pode ter sido causada voluntari-
Em face do acolhimento da Teoria da Indiciariedade, amente pelo agente. O Código Penal é claro ao negar o es-
a tipicidade é indício da ilicitude, uma vez praticado o fato tado de necessidade àquele que voluntariamente provocou
típico, isto é, o comportamento humano previsto em lei o perigo.
como crime ou contravenção penal, presume-se o seu cará-
ter ilícito. c) Risco a direito próprio ou alheio - O agente em pe-
rigo deve buscar salvar direito próprio (estado de necessi-
Essa presunção é relativa (iuris tantum) pois um fato dade próprio) ou alheio (estado de necessidade de terceiro).
típico pode ser lícito, desde que o seu autor demonstre ter Na defesa de interesse de terceiro, o agente independe de
agido acobertado por uma causa de exclusão da ilicitude. autorização daquele ou posterior ratificação, não recla-
mando a existência de uma relação de parentesco ou inti-
Espécies de excludentes da ilicitude: Dispõe tex- midade, pois a eximente se funda na solidariedade que deve
tualmente o caput do art. 23 do Código Penal: reinar entre os indivíduos em geral.

Exclusão de ilicitude d) Ausência do dever legal de enfrentar o perigo: Não


Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal
I - em estado de necessidade; de enfrentar o perigo (CP, art. 24, § 1º). O fundamento da
II - em legítima defesa: norma é evitar que pessoas que têm o dever legal de en-
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no frentar situações perigosas se esquivem de fazê-lo injustifi-
exercício regular de direito. cadamente, devendo suportar os riscos inerentes à sua fun-
ção.
Excesso punível Essa regra, evidentemente, deve ser interpretada
Parágrafo único - O agente, em qualquer das com bom senso: não se pode exigir do titular do dever legal
hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso de enfrentar o perigo, atitudes heroicas ou sacrifício de di-
doloso ou culposo. reitos básicos de sua condição humana.

II) Fato necessitado - É o fato típico praticado pelo


A) ESTADO DE NECESSIDADE agente em face do perigo ao bem jurídico. Restando confi-
gurada a situação de necessidade, o agente pode praticar o
Estado de necessidade é a causa de exclusão da ilici- fato necessitado, isto é, a conduta lesiva a outro bem jurí-
tude que depende de uma situação de perigo caracterizada dico. Esse fato, contudo, deve obedecer a dois requisitos:
pelo conflito de interesses lícitos, ou seja, uma colisão entre inevitabilidade do perigo por outro modo e proporcionali-
bens jurídicos pertencentes a pessoas diversas que se solu- dade.
ciona com a autorização conferida pela lei com o sacrifício
de um deles para a preservação do outro. Está descrito no a) Inevitabilidade do perigo por outro modo: o fato
art. 24 do CP: necessitado deve ser absolutamente imprescindível para
evitar a lesão ao bem jurídico. Se o caso concreto permitir
Estado de necessidade o afastamento do perigo por qualquer outro meio a ser afe-
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade rido de acordo com o juízo do homem médio e diverso da
quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que prática do fato típico, deve o agente optar por ele.
não provocou por sua vontade, nem podia de outro
modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, b) Proporcionalidade: exige-se que o bem preservado
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. seja de valor igual ou superior ao bem jurídico sacrificado.
Não se pode, previamente, estabelecer um quadro de valo-
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem res, salvo em casos excepcionais (ex: a vida humana, evi-
tinha o dever legal de enfrentar o perigo. dentemente, vale mais do que o patrimônio).
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do  Deve o juiz decidir na situação real que lhe for apre-
direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um sentada, utilizando como modelo o juízo do homem médio.
a dois terços.
Causa de diminuição da pena: ocorre quando o
agente, visando proteger bem jurídico próprio ou de ter-
Requisitos do Estado de Necessidade - o art. 24, ceiro, sacrifica outro bem jurídico de maior valor. Não há
caput, e seu § 1°, do Código Penal, elencam requisitos cu- exclusão de ilicitude. É mantida a tipicidade, mas é possível
mulativos para a configuração do estado de necessidade a diminuição da pena, dependendo das condições concretas
como causa legal de exclusão da ilicitude: em que o fato foi praticado (art. 24, § 2º, CP).
Exemplo: para desviar de um automóvel o motorista
I) Situação de necessidade - configurada na exis- vem a atingir uma pessoa, vindo a lesioná-la. Trata-se de
tência de: hipótese na qual o bem sacrificado (integridade corporal
apresenta valor superior ao bem preservado.

27
Estado de Necessidade Justificante x Exculpante Parágrafo único (sniper policial): A Lei nº
13.964/2019 – Pacote Anticrime, inseriu, através do pará-
No estudo do fato necessitado, impõe-se a análise da
grafo único no artigo 25 do Código Penal, mais uma hipótese
ponderação de bens, leia-se, a proporcionalidade entre
de legítima defesa (excludente da ilicitude).
o bem protegido e o bem sacrificado.
A nova redação considera também em legítima defesa
Duas teorias discutem a matéria: o agente de segurança pública que repele agressão ou risco
de agressão a vítima mantida refém durante a prática de
a) Teoria diferenciadora – se o bem jurídico crimes. A expressão "refém" deve ser compreendida nos ca-
sacrificado tiver valor menor ou igual ao do bem jurídico sos em que a vítima tem sua liberdade de ir e vir suprimida
salvaguardado, haverá estado de necessidade justificante por força do autor do fato.
(excludente da ilicitude); se o bem sacrificado tiver valor
maior que o bem protegido, haverá estado de necessidade Desafio e legítima defesa - Não há legítima defesa
exculpante (excludente da culpabilidade). no desafio, no duelo, no convite para a luta. Os contendores
b) Teoria unitária (adotada no Código Penal) – respondem pelos crimes praticados.
não reconhece o estado de necessidade exculpante, mas
apenas o justificante (que exclui a ilicitude). Assim, se o Agressão por inimputável - O inimputável pratica
comportamento do agente, diante de um perigo atual, busca conduta consciente e voluntária, apta a configurar a agres-
evitar mal maior, sacrificando direito de igual ou menor são. O fato previsto em uma lei incriminadora por ele come-
valor que o protegido, pode-se invocar a descriminante do tido é típico e ilícito, faltando-lhe apenas a culpabilidade.
estado de necessidade; se o bem jurídico sacrificado for
mais valioso que o protegido, haverá redução de pena. ATENÇÃO! Animais que atacam e coisas que ofere-
cem riscos às pessoas podem ser sacrificados ou danificados
com fundamento no estado de necessidade, e não na legí-
Estado de necessidade recíproco: É perfeitamente tima defesa. Mas nada impede, entretanto, a utilização de
admissível que duas ou mais pessoas estejam, simultanea- animais como instrumentos do crime, como nos casos em
mente, em estado de necessidade, umas contra as outras. que são ordenados, por alguém, ao ataque de determinada
É o que se convencionou chamar de estado de necessidade pessoa, funcionando como verdadeiras armas, autorizando
recíproco, hipótese em que deve ser afastada a ilicitude do a legítima defesa.
fato, sem a interferência do Estado que, ausente, perma-
nece neutro nesse conflito. II) Agressão atual ou iminente - Atual é a agres-
são presente, isto é, já se iniciou e ainda não se encerrou a
Casos específicos de estado de necessidade: 1) lesão ao bem jurídico. Iminente é a agressão prestes a acon-
Aborto necessário – art. 128, I, CP; 2) Intervenção médico tecer, ou seja, aquela que se torna atual em um futuro ime-
cirúrgica de emergência, para salvar a vítima; 3) Violência diato. O medo e a vingança não autorizam a reação, mas
contra o suicida para evitar sua morte; 4) Invasão de domi- apenas a necessidade de defesa urgente e efetiva do inte-
cílio para evitar crime e também na hipótese de desastre ou resse ameaçado.
para socorrer alguém.
 A agressão futura (ou remota) e a agressão pas-
B) LEGÍTIMA DEFESA sada (ou pretérita) não abrem espaço para a legítima de-
fesa.
A legítima defesa configura causa de justificação ex-
cludente de ilicitude consistente em repelir injusta agressão, III) Defesa de direito próprio ou alheio - admite-
atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, usando mode- se legítima defesa no resguardo de qualquer bem jurídico
radamente dos meios necessários. Veja-se o teor do art. 25 próprio (legítima defesa própria) ou alheio (legítima defesa
do Código Penal: de terceiro): vida, integridade corporal, patrimônio, honra
etc.
Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando IV) Reação com os meios necessários - Meios ne-
moderadamente dos meios necessários, repele injusta cessários são aqueles que o agente tem à sua disposição
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de para repelir a agressão injusta, atual ou iminente, a direito
outrem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de seu ou de outrem, no momento em que é praticada.
11.7.1984)
V) Uso moderado dos meios necessários - Carac-
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos teriza-se pelo emprego dos meios necessários na medida
no caput deste artigo, considera-se também em suficiente para afastar a agressão injusta. Utiliza-se o perfil
legítima defesa o agente de segurança pública que do homem médio, ou seja, para aferir a moderação dos
repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida meios necessários deve-se comparar o comportamento do
refém durante a prática de crimes. (Incluído pela Lei nº agredido com aquele que, em situação semelhante, seria
13.964, de 2019) adotado por um ser humano de inteligência e prudência co-
muns à maioria da sociedade.
Requisitos legais: A legítima defesa depende dos
seguintes requisitos cumulativos, fixados no texto legal:  Legítima defesa putativa: Nesta hipótese a
agressão injusta é imaginada pelo agente, que tem uma
I) Agressão injusta - entende-se por agressão in- falsa percepção da realidade. Não exclui a ilicitude. Se o erro
justa a conduta humana contrária ao Direito, consciente e for inevitável, isenta o agente de pena; se evitável, res-
voluntária, atacando bens jurídicos de alguém, seja medi- ponde por crime culposo (culpa imprópria).
ante ação, seja mediante omissão.

28
 Legítima defesa sucessiva: Ocorre na repulsa
contra o excesso abusivo do agente (ocorrem duas legítimas  A excludente pressupõe no executor um funcionário
defesas, uma depois da outra). público ou agente público que age por ordem da lei, não se
excluindo o particular que exerça função pública (jurado, pe-
 Legítima defesa de pessoa jurídica - É possível rito, mesário da Justiça Eleitora etc.).
a legítima defesa para proteção de bens pertencentes às
pessoas jurídicas, inclusive do Estado, pois atuam por meio Limites da excludente: O cumprimento deve ser es-
de seus representantes e não podem defender-se sozinhas. tritamente dentro da lei, ou seja, há de obedecer à risca os
limites a que está subordinado.
 Legítima defesa do feto - Admite-se, também, a
legítima defesa do feto. É o caso do agente que, percebendo Comunicabilidade da excludente da ilicitude: Em
estar a gestante na iminência de praticar um autoaborto, a caso de concurso de pessoas, o estrito cumprimento de de-
impede, internando-a posteriormente em um hospital para ver legal configurado em relação a um dos agentes estende-
que o parto transcorra normalmente. se aos demais envolvidos no fato típico, sejam eles coauto-
res ou partícipes.
Legítima Defesa x Erro de Execução (Aberratio ic-
tus) - Se repelindo uma agressão injusta, atual ou iminente, D) EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
a direito seu ou de outrem, o agente atinge pessoa inocente,
por erro no emprego dos meios de execução, subsiste em Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
seu favor a legitima defesa. Exemplo: “A” se defende de ti-
(...)
ros de “B’ revidando disparos de arma de fogo em sua dire-
ção. Acerta, todavia, “C”, que nada tinha a ver com o inci- III - em estrito cumprimento de dever legal ou no
dente, matando-o. exercício regular de direito.

 Sonâmbulo - Não se configura legítima defesa em Previsto no artigo 23, III, 2ª parte, do Código Penal,
relação à agressão desferida por sonâmbulo, por ausência esta causa de justificação compreende condutas do cidadão
de conduta por parte do agressor, podendo ensejar estado comum autorizadas pela existência de direito definido em lei
de necessidade. e condicionadas à regularidade do exercício desse direito.

A execução de prisão em flagrante permitida a qual-


C) ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL quer um do povo (art. 301 do CPP) é um claro exemplo de
exercício regular de direito. A prática de determinados es-
É a causa de exclusão da ilicitude que consiste na prá- portes pode gerar lesão corporal e até morte. Porém, não se
tica de um fato típico, em razão de cumprir o agente uma pode ignorar que o Estado incentiva a prática esportiva,
obrigação imposta por lei. Está previsto no art. 23, III, 1ª abrangendo as modalidades violentas. O atleta pode invocar
parte, do CP. a descriminante do exercício regular de direito.

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: Essa causa de exclusão da ilicitude, assim como todas
as demais, deve obedecer aos limites legais. Quem tem um
(...) direito, dele não pode abusar. O excesso ou abuso enseja,
além do afastamento da excludente, a utilização da legítima
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no
defesa por parte do prejudicado pelo exercício irregular e
exercício regular de direito.
abusivo do direito.
Exemplo: o policial que emprega violência moderada,
mas necessária, para concretizar a prisão em flagrante de EXCESSO PUNÍVEL
perigoso assaltante. A conduta do policial, apesar de típica
(lesão corporal), está justificada pelo estrito cumprimento Excesso punível, previsto no parágrafo único do art.
do dever legal. 23 do Código Penal é a desnecessária intensificação de um
fato típico inicialmente amparado por uma causa de justifi-
cação. É punível o excesso, doloso ou culposo, do agente
No estrito cumprimento do dever legal a lei não de-
que, agindo amparado por uma causa excludente da ilici-
termina apenas a escolha do agente em obedecer ou não a
tude, ofende bem jurídico alheio, em razão de não guardar
regra por ela estabelecida. Há o dever legal de agir.
o devido cuidado para não cometer exagero na conduta.
É o caso, por exemplo, do cumprimento de mandado
de busca domiciliar em que o morador desobedeça a ordem
a) Excesso doloso: ocorre quando o agente se pro-
de ingresso na residência, autorizando o arrombamento da
põe, intencionalmente, a ultrapassar os limites da causa jus-
porta e a entrada forcada (CPP, art. 245, § 2°). Em decor-
tificante.
rência do estrito cumprimento do dever legal, o funcionário
público responsável pelo cumprimento da ordem judicial não
Ex.: Sujeito atacado por um seu desafeto desarmado
responde pelo crime de dano, e sequer pela violação de do-
e inicie atuação legítima para repelir a injusta agressão. En-
micilio.
quanto se defende, diante da oportunidade criada pelas cir-
cunstâncias, decide matar seu inimigo e se apodera de um
Dever legal - O dever legal engloba qualquer obriga-
revólver, alvejando mortalmente aquele indivíduo. Não obs-
ção direta ou indiretamente resultante de lei, em sentido
tante a ação inicial estivesse acobertada, houve excesso
genérico, isto e, preceito obrigatório e derivado da autori-
proposital, que ensejará a imputação do resultado na forma
dade pública competente para emiti-lo. Compreende, assim,
de dolo.
decretos, regulamentos, e, também, decisões judiciais, as
quais se limitam a aplicar a letra da lei ao caso concreto
submetido ao exame do Poder Judiciário.

29
b) Excesso culposo: decorre da inobservância do EXERCÍCIOS
dever de cuidado do agente enquanto atua respaldado por
alguma das causas excludentes da ilicitude.
01. (2018 – UERR – SETRABES - Agente Sócio-Orientador)
Ex.: Indivíduo atacado por alguém desarmado e, lici- São causas excludentes de antijuricidade, exceto:
tamente, ponha-se a repelir a agressão injusta. Exibindo o a) legítima defesa.
agressor compleição física avantajada, o agredido se apossa b) desistência voluntária.
de um pedaço de madeira para rechaçar os socos que rece-
beria. Por falta de cuidado, no entanto, acaba atingindo a c) estrito cumprimento de um dever legal.
cabeça do agressor, que falece em virtude dos ferimentos. d) estado de necessidade.
Neste caso, o agredido seria responsabilizado por homicídio e) exercício regular de um direito.
culposo.

 "Ofendículos": representa o aparato preordenado 02. (2018 – IBADE - SEPLAG-SE - Guarda de Segurança do
para defesa do patrimônio, como cacos de vidro no muro, Sistema Prisional) Quem, usando moderadamente dos
ponta de lança no muro, corrente elétrica etc. Ex.: Um as- meios necessários, repele injusta agressão, atual ou imi-
saltante, ao tentar invadir uma residência, se fere na lança nente, a direito seu ou de outrem, age em:
que protege o imóvel, não respondendo o proprietário da a) legítima defesa.
casa por lesão corporal. b) estrito cumprimento de dever legal.
c) exercício regular de direito.
ATENÇÃO! Sobre ofendículos, entende a doutrina
majoritária, que enquanto o aparato não é acionado, carac- d) estado de necessidade.
teriza exercício regular de um direito; ao funcionar repelindo e) obediência hierárquica.
a injusta agressão, configura a excludente da legítima de-
fesa (legítima defesa preordenada).
03. (2018 – FCC - Câmara Legislativa do Distrito Federal -
Técnico Legislativo - Agente de Polícia Legislativa) De
acordo com o que estabelece o Código Penal,
Agravação pelo resultado (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984) a) não há crime quando o agente pratica o fato no exercício
regular de direito.
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a b) entende-se em legítima defesa quem pratica o fato para
pena, só responde o agente que o houver causado ao salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade,
menos culposamente. nem podia de outro modo evitar.
c) é possível a invocação do estado de necessidade mesmo
Crime preterdoloso (ou preterintencional) para aquele que tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
d) é plenamente possível a compensação de culpas quando
É o que se verifica quando a conduta dolosa acarreta ambos os agentes agiram com imprudência, negligência ou
a produção de um resultado mais grave do que o desejado imperícia na prática do ilícito.
pelo agente. A intenção do autor era praticar um crime do- e) considera-se praticado o crime no momento do resultado,
loso mas, por culpa, sobreveio resultado mais gravoso. ainda que outro seja o momento da ação ou omissão.

Cuida-se, portanto, de figura criminosa mista, ha-


vendo verdadeiro concurso de dolo e culpa no mesmo fato: 04. (2018 – VUNESP - PC-SP - Investigador de Polícia)
dolo no antecedente (conduta) + culpa no consequente (re- Aquele que pratica o fato para salvar de perigo atual, que
sultado). não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas cir-
Exemplo clássico de crime preterdoloso é a lesão cor- cunstâncias, não era razoável exigir-se,
poral seguida de morte (art. 129, § 3°, do CP). Com efeito, a) comete crime, embora esteja amparado por causa exclu-
nesta hipótese, o agente quer a lesão, porém, por negligên- dente de culpabilidade.
cia, imprudência ou imperícia, dá causa a resultado mais b) não comete crime, pois age amparado pelo estrito cum-
grave, qual seja, a morte. primento do dever legal.
c) comete crime, embora esteja amparado por causa exclu-
ATENÇÃO! Caso haja dolo em relação ao resultado
dente de punibilidade.
mais grave, direto ou eventual, fica afastado o caráter pre-
terdoloso do crime, configurando crime doloso puro. d) não comete crime, pois age amparado pelo estado de ne-
cessidade.
São elementos do crime preterdoloso: e) não comete crime, pois age amparado pela legítima de-
fesa.
a) a conduta inicial dolosa visando determinado resul-
tado;
b) a provocação de resultado culposo mais grave que 05. (2018 – FGV - TJ-AL - Analista Judiciário - Oficial de
o desejado; Justiça Avaliador) Mévio, superior hierárquico de Tício,
c) o nexo causal entre conduta e o resultado; Oficial de Justiça, solicitou que ele alterasse o teor de
d) tipicidade, pois não se pune o crime preterdoloso determinada certidão em mandado de busca e apreen-
sem previsão expressa em lei. são. Apesar de ter conhecimento de que a conduta não
era correta, Tício atendeu a solicitação de Mévio, já que
este era seu superior hierárquico e os dois eram também
amigos de infância. Descobertos os fatos, foi instaurado

30
procedimento investigatório, razão pela qual Tício pro- e) estrita obediência à ordem de superior hierárquico, causa
cura seu advogado para esclarecimentos. de exclusão da ilicitude.
Considerando apenas as informações narradas, o
advogado de Tício deverá esclarecer que sua conduta 08. (2018 – CESPE - PC-MA - Escrivão de Polícia) Determi-
configura: nado policial, ao cumprir um mandado de prisão, teve de
a) fato típico, ilícito e culpável; usar a força física para conter o acusado. Após a concre-
b) fato típico, mas não ilícito, em razão do estrito cumpri- tização do ato, o policial continuou a ser fisicamente
mento do dever legal; agressivo, mesmo não havendo a necessidade.
c) fato típico, mas não ilícito, em razão da obediência hie- Nessa situação hipotética, o policial
rárquica; a) excedeu o estrito cumprimento do dever legal.
d) fato típico e ilícito, mas não culpável, em razão da obedi- b) abusou do exercício regular de direito.
ência hierárquica; c) prevaleceu-se de condição excludente de ilicitude.
e) fato típico e ilícito, mas não culpável, em razão da coação d) agiu sob o estado de necessidade.
moral irresistível.
e) manifestou conduta típica de legítima defesa.

06. (2018 – VUNESP - PC-BA - Investigador de Polícia) O


09. (2018 – CESPE - PC-MA - Investigador de Polícia) Du-
Código Penal, no art. 23, elenca as causas gerais ou ge-
rante o cumprimento de um mandado de prisão a deter-
néricas de exclusão da ilicitude. Sobre tais excludentes,
minado indivíduo, este atirou em um investigador poli-
assinale a alternativa correta.
cial, o qual, revidando, atingiu fatalmente o agressor.
a) Morador não aceita que funcionário público, cumprindo
Nessa situação hipotética, a conduta do investigador
ordem de juiz competente, adentre em sua residência para
configura
realizar busca e apreensão. Se o funcionário autorizar o ar-
rombamento da porta e a entrada forçada, responderá pelo a) legítima defesa própria.
crime de violação de domicílio. b) exercício regular de direito.
b) O estrito cumprimento do dever legal é perfeitamente c) estrito cumprimento do dever legal.
compatível com os crimes dolosos e culposos. d) homicídio doloso.
c) Para a configuração do estado de necessidade, o bem ju- e) homicídio culposo.
rídico deve ser exposto a perigo atual ou iminente, não pro-
vocado voluntariamente pelo agente.
d) O reconhecimento da legítima defesa pressupõe que seja 10. (2017 – FCC - TRF - 5ª REGIÃO - Analista Judiciário -
demonstrado que o agente agiu contra agressão injusta Oficial de Justiça Avaliador Federal) Considere:
atual ou iminente nos limites necessários para fazer cessar I. Não provocação voluntária do perigo.
tal agressão. II. Exigibilidade de sacrifício do bem salvo.
e) Deve responder pelo crime de constrangimento ilegal III. Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo.
aquele que não sendo autoridade policial prender agente em
IV. Conhecimento da situação justificante.
flagrante delito.
V. Agressão atual ou pretérita.
São requisitos do estado de necessidade o que se afirma
07. (2018 – FGV - Câmara de Salvador – BA - Especialista -
APENAS em
Advogado Legislativo) No dia 25 de dezembro de 2017,
Carlos, funcionário público, recebe uma visita inesperada a) I, III e IV.
de João, seu superior hierárquico, em sua residência. b) II, III e IV.
João informa a Carlos que estava sendo investigado pela c) I, II e V.
prática de um delito e exige que este altere informação
d) II, IV e V.
em determinado documento público, mediante falsifica-
ção, de modo a garantir que não sejam obtidas provas e) I, III e V.
do crime que vinha sendo investigado, assegurando que,
caso a ordem não fosse cumprida, sequestraria o filho de 11. (2017 – FGV - TRT - 12ª Região (SC) - Analista Judiciário
Carlos e que a restrição da liberdade perduraria até o – Oficial de Justiça Avaliador Federal) Oficial de Justiça in-
atendimento da exigência. Diante desse comportamento gressa em comunidade no interior do Estado de Santa
de João, Carlos falsifica o documento público, mas vem a Catarina para realizar intimação de morador do local.
ser descoberto e denunciado pela prática do crime pre- Quando chega à rua, porém, depara-se com a situação
visto no Art. 297 do Código Penal (falsificação de docu- em que um inimputável em razão de doença mental está
mento público). atacando com um pedaço de madeira uma jovem de 22
Com base apenas nessas informações, o advogado de anos que apenas caminhava pela localidade. Verificando
Carlos deveria alegar, em busca de sua absolvição, a que a vida da jovem estava em risco e não havendo outra
ocorrência de: forma de protegê-la, pega um outro pedaço de pau que
a) coação moral irresistível, causa de exclusão da culpabili- estava no chão e desfere golpe no inimputável, causando
dade; lesão corporal de natureza grave.
b) estrita obediência à ordem de superior hierárquico, causa Com base apenas nas informações narradas, é correto
de exclusão da culpabilidade; afirmar que, de acordo com a doutrina majoritária, a
conduta do Oficial de Justiça:
c) estado de necessidade, causa de exclusão da ilicitude;
a) não configura crime, em razão da atipicidade;
d) coação moral irresistível, causa de exclusão da ilicitude;
b) não configura crime, em razão do estado de necessidade;

31
c) configura crime, mas o resultado somente poderá ser im- e) os vizinhos quebrem as portas da casa para salvar os
putado a título de culpa, em razão do estado de necessi- moradores, eles praticam apenas o crime de violação de do-
dade; micilio
d) não configura crime, em razão da legítima defesa;
e) configura crime, tendo em vista que não havia direito 15. (2016 – FUNCAB - PC-PA - Investigador de Policia Civil)
próprio do Oficial de Justiça em risco para ser protegido. A fim de produzir prova em processo penal, o Juiz de
Direito de determinada comarca encaminha requisição à
Delegacia de Polícia local, ordenando que seja realizada
12. (2017 – IBFC - POLÍCIA CIENTÍFICA-PR - Odontolegista)
busca domiciliar noturna na casa de um réu. O Delegado
Considere as regras básicas aplicáveis ao Direito Penal e
de Polícia designa, assim, uma equipe de agentes para o
ao Direito Processual Penal para assinalar a alternativa
cumprimento da medida, sendo certo que um dos agen-
correta sobre a legítima defesa.
tes questiona a legalidade do ato, dado o horário de seu
a) Entende-se em legítima defesa quem, usando moderada- cumprimento. O Delegado confirma a ilegalidade. No en-
mente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual tanto, sustenta que a diligência deve ser realizada, uma
ou iminente, a direito seu ou de outrem vez que há imposição judicial para seu cumprimento.
b) Entende-se em legítima defesa quem, usando moderada- Com base apenas nas informações constantes do enun-
mente ou não dos meios de que dispuser, repele injusta ciado, caso os agentes efetivem a busca domiciliar no-
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem turna:
c) Entende-se em legítima defesa quem, usando moderada- a) não agirão criminosamente, uma vez que aluam no es-
mente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual trito cumprimento do dever legal.
ou iminente, a direito próprio e não de outrem b) não agirão criminosamente, já que há mera obediência
d) Entende-se em legítima defesa quem, usando moderada- hierárquica.
mente ou não dos meios de que dispuser, repele injusta c) não agirão criminosamente, em virtude de coação moral
agressão, atual ou iminente, a direito próprio e não de ou- irresistível.
trem
d) agirão criminosamente.
e) Entende-se em legítima defesa quem, usando dos meios
e) não agirão criminosamente, pois amparados pelo estado
de que dispuser, repele injusta agressão ou persegue quem
de necessidade.
a praticou, atual ou iminente, a direito próprio e não de ou-
trem

13. (2017 – NUCEPE - SEJUS-PI - Agente Penitenciário) Em 16. (2016 – COMPERVE - Câmara de Natal – RN - Guarda
relação a exclusão da ilicitude é CORRETO afirmar: Legislativo) Sabe-se que não há crime quando o agente
pratica o fato em estado de necessidade, em legítima de-
a) Não há crime quando o agente pratica o fato em estado
fesa, em estrito cumprimento do dever legal ou no exer-
de necessidade.
cício regular de um direito, tratando-se os mencionados
b) O agente, em qualquer das hipóteses de exclusão da ili- institutos de excludentes de ilicitude. Sobre essa temá-
citude não pode responder pelo excesso doloso ou culposo. tica, conforme o código penal, afirma-se que
c) Considera-se em estado de necessidade quem pratica o a) pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever
fato para salvar de perigo futuro, que não provocou por sua legal de enfrentar o perigo.
vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou
b) está em legítima defesa quem, usando imoderadamente
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou
exigir-se.
iminente, a direito seu.
d) Pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever
c) no estado de necessidade, embora seja razoável exigir-
legal de enfrentar o perigo.
se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser redu-
e) Entende-se em legítima defesa putativa quem, usando zida de um a dois terços.
moderadamente dos meios necessários, repele injusta
d) o agente, em qualquer das hipóteses de excludente de
agressão, atual ou iminente, somente a direito seu.
ilicitude, responderá tão -somente pelo excesso doloso.

14. (2016 – NUCEPE - SEJUS-PI - Agente Penitenciário)


17. (2016 – IBEG - Prefeitura de Teixeira de Freitas – BA -
Marque a alternativa CORRETA. MÉVIO adentrou numa
Procurador Municipal) Acerca das excludentes de ilicitude
residência subtraindo vários objetos de valor, mas ao sair
e culpabilidade, indique a alternativa incorreta:
colocou fogo na casa e trancou todos os moradores,
caso a) Agindo o sujeito ativo em legítima defesa, havendo ex-
cesso em sua conduta, ele somente responderá pelo excesso
a) os vizinhos quebrem as portas da casa para salvar os
se o praticar de forma dolosa, pois não há previsão de res-
moradores, eles praticam a legítima defesa.
ponsabilidade pelo excesso culposo.
b) os vizinhos quebrem as portas da casa para salvar os
b) É isento de pena quem, por erro plenamente justificado
moradores, agem em estado de necessidade, pois o perigo
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se exis-
era atual.
tisse, tornaria a ação legítima, mas essa isenção de pena
c) os vizinhos quebrem as portas da casa para salvar os mo- não ocorre se o erro derivar de culpa e o fato for punível
radores, não respondem pelo excesso doloso ou culposo. como crime culposo.
d) os vizinhos quebrem as portas da casa para salvar os c) O erro de proibição não exclui o dolo, mas afasta a cul-
moradores, eles praticam apenas o crime de dano simples. pabilidade do agente, quando escusável, e reduz a pena de
um sexto a um terço, quando inescusável, atenuando a cul-
pabilidade.

32
d) Assim como o estado de necessidade e a legítima defesa,
o exercício regular de direito e o estrito cumprimento do de- GABARITO
ver legal são causas de exclusão da ilicitude.
01- 02- 03- 04- 05- 06- 07- 08- 09- 10-
e) Está em legítima defesa aquele que repele injusta agres- B A A D A D A A A A
são, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, usando 11- 12- 13- 14- 15- 16- 17- 18- 19- 20-
moderadamente dos meios necessários. D A A B D C A D A A

18. (2016 – FGV – CODEBA - Analista Portuário - Advogado)


Diego e Júlio César, que exercem a mesma função, estão 4.3 Punibilidade
trabalhando dentro de um armazém localizado no Porto
de Salvador, quando se inicia um incêndio no local em Com a prática do crime ou da contravenção penal,
razão de problemas na fiação elétrica. Existe apenas uma nasce automaticamente a punibilidade, compreendida como
pequena porta que permite a saída dos trabalhadores do a possibilidade jurídica de o Estado impor uma sanção penal
armazém, mas em razão da rapidez com que o fogo se ao responsável (autor, coautor ou partícipe) pela infração
espalha, apenas dá tempo para que um dos trabalhado- penal. A punibilidade consiste, pois, em consequência da in-
res saia sem se queimar. Quando Diego, que estava mais fração penal.
próximo da porta, vai sair, Júlio César, desesperado por
ver que se queimaria se esperasse a saída do compa- Extinção de punibilidade - é a impossibilidade de
nheiro, dá um soco na cabeça do colega de trabalho e punir o autor de um crime. As causas extintivas da punibili-
passa à sua frente, deixando o armazém. Diego sofre dade não fazem desaparecer o delito, mas o tornam impu-
uma queda, tem parte do corpo queimada, mas também nível, já que o Estado perdeu o seu "jus puniendi". Existe a
consegue sair vivo do local. Em razão do ocorrido, Diego infração, mas esta não é mais punível.
ficou com debilidade permanente de membro.
Considerando apenas os fatos narrados na situação As causas extintivas da Punibilidade encontram previ-
hipotética, é correto afirmar que a conduta de Júlio César são legal no art. 107 do Código Penal, porém, devendo ano-
a) configura crime de lesão corporal grave, sendo o fato tí- tar que seu rol não é taxativo, mas exemplificativo.
pico, ilícito e culpável.
De acordo com o art. 107 do CP, extingue-se a puni-
b) está amparada pelo instituto da legítima defesa, causa de bilidade:
exclusão da ilicitude.
c) configura crime de lesão corporal gravíssima, sendo o fato I - Pela morte do agente
típico, ilícito e culpável.
d) está amparada pelo instituto do estado de necessidade, Essa previsão tem fundamento no princípio da perso-
causa de exclusão da ilicitude. nalidade da pena: a pena não pode passar da pessoa do
condenado. A regra alcança todas as espécies de penas,
e) está amparada pelo instituto do estado de necessidade,
além dos efeitos penais da sentença condenatória.
causa de exclusão da culpabilidade.
Não alcança, porém, por expressa disposição consti-
19. (2016 – CESPE - TJ-DFT - Juiz) De acordo com o CP, tucional, a obrigação de reparar o dano, até os limites das
constituem hipóteses de exclusão da antijuridicidade forças da herança, e a decretação do perdimento de bens.
a) o estrito cumprimento do dever legal e o estado de ne-
cessidade. II - Pela anistia, graça ou indulto
b) a insignificância da lesão e a inexigibilidade de conduta Anistia: É a clemência estatal concedida por lei ordi-
diversa. nária editada pelo Congresso Nacional, excluindo, com efei-
c) a legítima defesa putativa e o estrito cumprimento do de- tos retroativos, um ou mais fatos criminosos, do campo de
ver legal. incidência do Direito Penal.
d) o estado de necessidade e a coação moral irresistível.
 Essa causa de extinção da punibilidade destina-se,
e) o exercício regular de direito e a inexigibilidade de con-
em regra, a crimes políticos.
duta diversa.
Graça: A graça tem por objeto crimes comuns, com
20. (2015 - COPESE – UFPI - Prefeitura de Teresina – PI - sentença condenatória transitada em julgado, visando o be-
Guarda Civil Municipal) Em relação à legítima defesa, as- nefício de pessoa determinada por meio da extinção ou co-
sinale a opção INCORRETA. mutação da pena imposta.
a) Na legítima defesa, pode-se utilizar de qualquer meio à
disposição para repelir ataque injusto. A graça é ato privativo do Presidente da República,
passível de delegação aos Ministros de Estado, ao Procura-
b) A legítima defesa deve ser dirigida somente contra o
dor-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União. Al-
agressor e não contra terceiros.
cança apenas o cumprimento da pena, na forma disposta
c) Não há que se falar em legítima defesa se uma pessoa se pelo decreto presidencial, restando válidos os efeitos penais
defende de um animal raivoso que a ataca na rua. secundários e também os efeitos de natureza civil.
d) Considera-se requisito da legítima defesa: defesa de di-
reito próprio (legítima defesa própria) ou de terceiros (legí-  É também denominada, inclusive pela LEP, de in-
tima defesa de terceiros). dulto individual.
e) Considera-se a existência da legítima defesa somente
quando se está diante de uma injusta agressão. Indulto: O indulto propriamente dito, ou indulto cole-
tivo, é modalidade de clemência concedida

33
espontaneamente pelo Presidente da República a todo o V - Pela renúncia do direito de queixa ou pelo
grupo de condenados que preencherem os requisitos apon- perdão aceito, nos crimes de ação privada;
tados pelo decreto.
Renúncia é ATO UNILATERAL pelo qual se efetua a
O indulto leva em consideração a duração da pena desistência do direito de ação pela vítima. Pode ocorrer na
aplicada, bem como o preenchimento de determinados re- ação penal exclusivamente privada, mas não na subsidiária
quisitos subjetivos (exemplo: primariedade) e objetivos da pública, pois se o ofendido deixar de oferecer queixa o
(exemplo: cumprimento de parte da pena). MP poderá iniciar a ação penal enquanto não extinta a puni-
bilidade do agente, pela prescrição ou por qualquer outra
III - Pela retroatividade de lei que não mais con- causa.
sidera o fato como criminoso
Perdão do ofendido é a desistência manifestada após
Abolitio criminis - É a nova lei que exclui do âmbito do o oferecimento da queixa, impeditiva do prosseguimento da
Direito Penal um fato até então considerado criminoso. Al- ação. Portanto, seja ele expresso ou tácito, somente consti-
cança a execução e os efeitos penais da sentença condena- tui-se em causa de extinção da punibilidade nos crimes que
tória, não servindo como pressuposto da reincidência, nem se apuram exclusivamente por ação penal privada.
configurando maus antecedentes.
 Por se tratar de ATO BILATERAL, o perdão depende
Sobrevivem, entretanto, os efeitos civis de eventual da aceitação do querelado, pois a ele pode ser interessante
condenação, isto é, a obrigação de reparar o dano provo- provar a sua inocência.
cado pela infração penal e a constituição de título executivo
judicial. VI - Pela retratação do agente, nos casos em que
a lei a admite
IV - Pela prescrição, decadência ou perempção
Retratar-se é desdizer-se, revelando o arrependi-
Prescrição é a perda da pretensão punitiva ou da pre- mento do responsável pela infração penal. Tem cabimento
tensão executória em face da inércia do Estado durante de- como causa de extinção da punibilidade apenas nos casos
terminado tempo legalmente previsto. Pretensão punitiva é em que a lei a admite, devendo ser de forma cabal, completa
o interesse em aplicar uma sanção penal ao responsável por e inequívoca.
um crime ou por uma contravenção penal, enquanto a pre-
tensão executória é o interesse em executar, em exigir o A lei somente admite a retratação nos seguintes ca-
cumprimento da sanção penal já imposta. sos:

A prescrição da ação penal é calculada com base no a) Art. 143 do CP (calúnia e difamação);
máximo da pena privativa de liberdade prevista para o
crime, enquadrando-a em algum dos incisos do art. 109 do b) Art. 342, § 2º, do CP (falso testemunho e falsa pe-
Código Penal, cujos prazos variam de 3 a 20 anos. rícia).

ATENÇÃO – CRIMES IMPRESCRITÍVEIS - A Constitui- ATENÇÃO: Não extingue a punibilidade a retratação


ção Federal determina a imprescritibilidade de dois crimes: no crime de injúria, por falta de previsão legal.
racismo (art. 5º, XLII), regulamentado pela Lei 7.716/1989
e ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem IX - Pelo perdão judicial, nos casos previstos em
constitucional e o estado democrático (art. 5º, XLIV), disci- lei.
plinados pela Lei 7.170/1983 – Lei de Segurança Nacional.
Perdão judicial é o ato exclusivo de membro do Poder
Decadência é a perda do direito de queixa (Ação Penal Judiciário que, na sentença, deixa de aplicar a pena ao réu,
privada) ou de representação (Ação Penal Pública condicio- em face da presença de requisitos legalmente exigido. So-
nada à representação) em face da inércia de seu titular du- mente pode ser concedido nos casos expressamente previs-
rante o prazo legalmente previsto. O prazo, salvo disposição tos em lei.
legal em contrário, é de 6 (seis) meses, contados do dia em
que o ofendido veio a saber quem é o autor do crime, ou, Alguns casos em que foi previsto no Código Penal:
no caso de ação penal privada subsidiária da pública, do dia a) art. 121, § 5º;
em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. b) art. 129, § 8º;
c) art. 140, § 1º;
 O prazo decadencial na ação penal privada é para d) art. 180, § 5º.
o oferecimento da queixa-crime, e não para o seu recebi-
mento pelo Poder Judiciário.

Perempção é a perda do direito de ação, que acarreta 4.4 Culpabilidade


na extinção da punibilidade, provocada pela inércia proces-
sual do querelante. Trata-se de sanção que pode ser im- Culpabilidade é o juízo de censura, o juízo de
posta após a propositura da queixa e a falta de interesse do reprovabilidade que incide sobre a formação e a
autor em impulsionar o processo. exteriorização da vontade do responsável por um fato típico
e ilícito, com o propósito de aferir a necessidade de
 A perempção não é aplicável na ação penal privada imposição da pena.
subsidiária da pública, uma vez que nessa hipótese o MP
dará andamento à ação na hipótese de omissão ou desídia
do querelante.

34
 Assim como a tipicidade e a ilicitude, a culpabilidade caráter ilícito do fato, ou mesmo de determinar-se conforme
é um elemento integrante do conceito definidor de uma esse entendimento.
infração penal, no conceito tripartido de crime.
Por doença mental pode-se compreender as psicoses
Indica se o agente da conduta ilícita é penalmente orgânicas, tóxicas e funcionais que possam atingir o ser
culpável, no sentido amplo (latu sensu) isto é, se ele agiu humano, retirando-lhe a sua capacidade normal de
com dolo, entendida como a intenção, ou pelo menos com compreensão dos fatos praticados. São exemplos de
culpa strictu sensu (imprudência, negligência ou imperícia), doenças mentais: demência senil, sífilis cerebral,
nos casos em que a lei prevê como puníveis tais arteriosclerose cerebral, psicose maníaco-depressiva, entre
modalidades. outras.

Considera-se retardado o desenvolvimento dos


 ELEMENTOS E CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CUL- surdos-mudos em algumas situações e dos oligofrênicos,
PABILIDADE que são os idiotas, imbecis e débeis mentais.

I) Elementos da culpabilidade - A partir da Teoria b) Menoridade (art. 27 do CP).


Normativa Pura da culpabilidade três elementos essenciais
lhes são atribuídos: a) Imputabilidade, b) Potencial O desenvolvimento mental é considerado incompleto
consciência da ilicitude e c) Exigibilidade de conduta diversa. quando ainda não se concluiu inteiramente, como ocorre
com os menores de 18 anos e também com os índios não
a) Imputabilidade - é a capacidade psíquica do agente adaptados à civilização.
em compreender o caráter ilícito de determinado
comportamento e a condição para que seja passível de Importante salientar que o sujeito menor de 18 anos
punição, caso não venha agir de modo diverso conforme o de idade será sempre inimputável, tratando-se de uma
direito. presunção absoluta da lei, tendo em vistas a opção que
Código Penal brasileiro realizou em adotar o sistema
A imputabilidade, em conjunto com os demais biológico para a questão da imputabilidade penal.
elementos que compõe a culpabilidade, permite atribuir
punição ao agente infrator, responsabilizando-o por sua
conduta. c) Embriaguez completa acidental (art. 28, § 1º);

b) Potencial consciência da ilicitude - consiste na Por limitação legal, constata-se que a única embria-
particular condição que guarda o agente em conhecer, ou ao guez capaz de excluir a imputabilidade penal e consequen-
menos de poder conhecer a ilicitude de sua conduta. temente a culpabilidade do agente é a embriaguez completa
proveniente de caso fortuito e força maior.
É bastante que seja possível ao agente, nas
circunstancias em que atuou, saber que praticava algo  Sendo culposa, voluntária, ou ainda que completa,
ilícito, não havendo necessidade que possua conhecimento mas incapaz de retirar a plena capacidade de entender o
técnico-jurídico sobre a proibição de determinadas condutas caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
perante o ordenamento jurídico. esse entendimento o agente não estará isento de pena, mas
somente passível a uma redução de pena de um a dois ter-
c) Exigibilidade de conduta diversa – consiste na ços.
possibilidade de exigir do agente que ele haja de forma
legal, ou seja, conforme o direito diante de uma 2) EXCLUI A POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICI-
determinada situação. TUDE:

Em outras palavras, é a expectativa de um a) Erro inevitável sobre a ilicitude do fato (art. 21 do


comportamento diferente daquele que foi adotado pelo CP). Exemplo: holandês, habituado a consumir maconha no
agente. Somente haverá exigibilidade de conduta diversa seu país de origem, acredita ser possível utilizar a mesma
quando a coletividade podia esperar do sujeito que tivesse droga no Brasil, equivocando-se quanto ao caráter proibido
atuado de outra forma. Ex.: gerente de banco que saca e da sua conduta.
entrega dinheiro a bandidos que ameaçam sua família. Não
se espera que sacrifique a vida de seus entes queridos. b) Erro inevitável a respeito de fato que configura des-
criminante putativa (Erro de tipo permissivo) (art. 20, § 1º
II) Causas de exclusão da culpabilidade (diri- do CP). Exemplo: o agente sendo inimigo e jurado de morte
mentes) de terceiro, ao avistá-lo e percebendo que o mesmo retira
objeto do bolso, deduzindo que iria retirar arma de fogo,
1) EXCLUI A IMPUTABILIDADE: efetua de imediato disparos contra o terceiro, que na reali-
dade estava retirando o celular.
a) Doença mental ou desenvolvimento mental incom-
pleto ou retardado (art. 26, caput, do CP). 3) EXCLUI A EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA:

A doença mental, o desenvolvimento mental a) Coação moral irresistível


incompleto e o desenvolvimento mental retardado como
dirimentes estão disciplinados pelo artigo 26 do Código Coação moral (vis compulsiva) é o emprego de grave
Penal, ao determinar que é isento de pena quem ao praticar ameaça para que alguém faça ou deixe de fazer alguma
uma conduta era inteiramente incapaz de compreender o coisa. E é irresistível quando o coacto (coagido) não tem
condições de resistir.

35
Ainda que criminosa, não será censurável a conduta conduta  Obediência hie- rol exemplificativo, admi-
de quem não podia agir de outro modo. Este é o fundamento diversa rárquica tindo-se causas supra legais
da exclusão da culpabilidade pela configuração de uma coa- (STJ)
ção moral irresistível, ou pela obediência hierárquica.

 Para o coagido não há que se falar em responsabi-


lidade, embora haja fato típico e antijurídico, não haverá
pena por falta de culpabilidade. 5. ERRO DE TIPO E DE PROIBIÇÃO

Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela


Se a coação for irresistí- Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Se a coação for resistível
vel
Coa- Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo
Coator Coator Coagido legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
gido
Responde, como Responde, tam- Responde por crime culposo, se previsto em lei.
autor mediato, bém, pelo crime pelo crime
Isento Descriminantes putativas
pelo crime prati- praticado pelo praticado +
de
cado pelo coa- coagido + agra- atenuante do § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
pena
gido + crime de vante do art. 62 art. 65 do
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de
tortura do CP CP.
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não
há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o
fato é punível como crime culposo.
b) Obediência hierárquica
Erro determinado por terceiro
Obediência hierárquica significa que, se o fato é co-
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina
metido em estrita obediência a ordem não manifestamente
o erro.
ilegal de superior hierárquico, somente o autor da ordem
será punido. Tal dirimente se aplica somente aos agentes Erro sobre a pessoa
públicos, mais precisamente a Administração Pública, onde
é exercido o poder hierárquico. § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
praticado não isenta de pena. Não se consideram,
Importante anotar que que a ordem deve ser não ma- neste caso, as condições ou qualidades da vítima, se-
nifestamente ilegal, visto que se manifestamente ilegal, não as da pessoa contra quem o agente queria prati-
tanto o superior de quem emanou a ordem, quanto o inferior car o crime.
hierárquico responderão pela figura delituosa. Ordem ilegal
não se cumpre, logo, recusar-se à prática de ordens ilegais
não configura qualquer tipo de crime. ERRO SOBRE ELEMENTOS DO TIPO (art. 20, ca-
put)
Teoria da Autoria Mediata - para os casos de coa-
ção moral irresistível e obediência hierárquica, o Código Pe- Dispõe o art. 20, caput, do CP:
nal determina, no art. 22, que só é punível o autor da coação
ou da ordem, adotando a Teoria da Autoria Mediata, uma Erro sobre elementos do tipo
vez que atribui responsabilidade penal não ao autor imedi- Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo
ato, que praticou a figura típica, mas ao autor mediato que legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
tinha o controle final da situação. por crime culposo, se previsto em lei.

O erro de tipo pode ser conceituado como a falsa re-


Elemen- presentação da realidade. Entende-se por erro de tipo
tos da Excludentes aquele que recai sobre as elementares, circunstâncias ou
Observações qualquer dado que se agregue a determinada figura típica.
culpabili- (dirimentes)
dade O agente que atua em erro de tipo não tem consciência (ou
 Doença mental  O rol de dirimentes da im- não tem plena consciência) da sua conduta. Ele não sabe -
ou desenvolvi- putabilidade é taxativo. ou não sabe exatamente - o que faz, porque tem uma falsa
mento mental in- representação da realidade.
completo ou re-  O índio não integrado não é
Imputabi-
tardado considerado inimputável
lidade O erro de tipo apresenta duas formas principais:
 Menoridade
 Embriaguez
completa aciden- A) ERRO DE TIPO ESSENCIAL
tal
 Erro inevitável A exemplo das dirimentes da Recai sobre dados principais do tipo, sejam elemen-
sobre a ilicitude imputabilidade, o rol é taxa- tares, qualificadoras, causas de aumento de pena e agra-
Potencial do fato tivo. vantes.
consciên-  Erro inevitável
cia da ili- a respeito de Exemplo: numa noite de caça, o agente acredita estar
citude fato que confi-
atirando num animal, porém acaba por atingir uma pessoa
gura descrimi-
nante putativa
agachada. Como não existe consciência e vontade de prati-
car uma conduta típica, ou seja, matar alguém, exclui, sem-
 Coação moral Prevalece que as dirimentes
Exigibili- pre, o dolo.
irresistível da exigibilidade de conduta
dade de
diversa estão dispostas num

36
a) Erro de tipo essencial invencível (ou escusável) - é c) Vítima real.
dizer, inevitável, mesmo atentando-se para os cuidados ne-
cessários, exclui o dolo e a culpa.
Dispõe o art. 73 do CP:
b) Erro de tipo essencial vencível (ou inescusável) -
isto é, evitável pela diligência ordinária, exclui apenas o Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos
dolo, o agente responderá por crime culposo, se previsto meios de execução, o agente, ao invés de atingir a
pelo tipo respectivo. pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa,
responde como se tivesse praticado o crime contra
Assim, no caso do exemplo da caça, provando-se que aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20
qualquer pessoa, nas condições em que o caçador se viu deste Código. No caso de ser também atingida a pes-
envolvido, incidiria no mesmo erro, tem-se o erro invencível, soa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra
que exclui o dolo e a culpa. Diversamente, comprovado que, do art. 70 deste Código.
empregando cuidados necessários, não incidiria em erro,
haverá exclusão do dolo, mas não da culpa, respondendo o Exemplo: “A” aponta a arma para seu pai, entretanto,
agente por homicídio culposo. por falta de habilidade com aquela arma, acaba atingindo
um vizinho que passava do outro lado da rua, sendo punido
B) ERRO DE TIPO ACIDENTAL - o erro, no caso, considerando-se as condições e qualidades da vítima visada
não recai sobre os elementos ou circunstâncias do crime, (pai), e não da vítima efetivamente atingida (vizinho), apli-
mas sobre dado secundário (periférico), irrelevante da fi- cando-se a majorante de crime contra ascendente.
gura típica. O agente, sabendo que pratica um fato típico,
responde pelo crime. Apesar de sofrer as mesmas consequências, esta es-
pécie de erro não se confunde com aquela trazida pelo art.
ATENÇÃO! O erro acidental não exclui o dolo, tam- 20, § 3°, do CP (erro sobre a pessoa). Vejamos:
pouco a culpa.
Erro sobre a pessoa Erro na execução
HIPÓTESES DE ERRO ACIDENTAL: art. 20, § 3º, CP art. 73 CP
A execução é perfeita. A execução é imperfeita.
a) Erro sobre o objeto - o agente imagina estar atin-
A vítima é mal represen- A vítima é representada cor-
gindo um objeto material (coisa), mas atinge outro (ex.:
tada pelo executor (o retamente, havendo erro na
subtrair relógio dourado supondo tratar-se de relógio de
agente atira pensando ser execução do delito (o
ouro). O erro sobre o objeto não exclui dolo, não exclui a
seu pai que entra em casa, agente atira contra seu pai,
culpa e não isenta o agente de pena.
porém constata que se en- mas, por erro de pontaria,
ganou, pois era seu vizi- acaba por mata r seu vizi-
b) Erro sobre a pessoa - o agente, pensando atingir
nho). nho).
uma vítima, confunde-se, atingindo pessoa diversa da que
pretendia. Nesse caso, deve-se levar em conta, para fins de Responde pelo crime con- Responde pelo crime consi-
aplicação de pena, as qualidades da pessoa visada. siderando-se as qualida- derando-se as qualidades
des da vítima visada. da vítima visada.
 DISPÕE O ART. 20, § 3°, DO CP:
d) Resultado diverso do pretendido (aberratio crimi-
Erro sobre a pessoa nis) - o agente desejava cometer um crime, mas por erro na
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é execução acaba por cometer outro crime, atingindo bem ju-
praticado não isenta de pena. Não se consideram, rídico diverso (mais valioso). Nesse caso, pune-se o agente
neste caso, as condições ou qualidades da vítima, por culpa em relação ao resultado não pretendido.
senão as da pessoa contra quem o agente queria
praticar o crime. Dispõe o art. 74 do CP:

Exemplo: “A”, querendo matar o próprio pai, pressen- Resultado diverso do pretendido
tindo e supondo a aproximação deste, atira, vindo a matar Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando,
seu vizinho, pessoa que, na verdade, se aproximava, de- por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém
vendo responder como se tivesse atingido o genitor. resultado diverso do pretendido, o agente responde
por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se
c) Erro na execução (aberratio ictus) - o agente, que- ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a re-
rendo atingir determinada pessoa, por inabilidade ou outro gra do art. 70 deste Código.
motivo qualquer, erra na execução do crime, atingindo pes-
soa diversa da pretendida. Constitui uma espécie de erro de Exemplo: “A” quer danificar o carro que “B” está con-
tipo acidental em que o legislador adotou a teoria da ficção. duzindo, mas, por erro na execução, acaba atingindo apenas
“B”, matando-o, responderá por homicídio (resultado di-
Consideram-se, na hipótese, as qualidades da pessoa verso do pretendido), a título de culpa. Se, além de atingir
que o agente pretendia atingir (vítima virtual) e não as qua- o carro, atingindo também “B”, matando-o, responderá pelo
lidades da que efetivamente atingiu (vítima real). Assim, se crime de dano na modalidade dolosa e o crime de homicídio
o agente, que visava matar “A”, acerta, por erro em razão na modalidade culposa.
de imperícia, “B”, responderá como se tivesse matado “A”.
ATENÇÃO: não se aplica o art. 74 CP se o resultado
 Há três pessoas envolvidas: produzido é menos grave (bem jurídico menos valioso) do
a) Agente; que o resultado pretendido, sob pena de prevalecer a impu-
b) Vítima virtual e nidade. Neste caso, o agente deve responder pela tentativa
do resultado pretendido não alcançado.

37
Descriminante (real) é a causa que exclui o crime, re-
Não se confunde com o art. 73 do CP. Vejamos: tirando o caráter ilícito do fato típico praticado por alguém,
sendo sinônimo de causa de exclusão da ilicitude.
Aberratio ictus - art. Aberratio criminis – art. 74
73 DESCRIMINANTE PUTATIVA é a causa de exclusão da
Observa-se acidente ou Observa-se acidente ou erro ilicitude que não existe concretamente, mas apenas na
erro na execução na execução mente do autor de um fato típico. Resulta de erro de fato,
O agente acaba produ- O agente acaba por produzir de modo a dar ao agente a impressão falsa da realidade
zindo o resultado pre- resultado diverso do preten- e fazê-lo supor a existência de situação que tornaria a
tendido, porém em pes- dido, atingindo bem jurídico ação legítima, caso fosse verdade. É também conhecida
como “Erro de tipo permissivo”.
soa diversa (queria ma- diverso (queria danificar patri-
tar "A" mas acaba ma- mônio de "A", mas acaba por
Exemplo: “A” encontra “B”, seu desafeto, na esquina.
tando "B"). matar o proprietário).
“B” insere a mão no bolso. “A”, neste instante, supondo
Responde pelo resul- Responde pelo resultado di-
que “B” irá sacar uma arma, dispara primeiro, matando o
tado pretendido, a título verso do pretendido, a título
suposto agressor que, na verdade, apenas tirava um lenço
de dolo de culpa.
do bolso. Se o erro foi inevitável, “A” estará isento de
pena; se evitável, responde por crime culposo (culpa im-
 Crime putativo por erro de tipo - é o crime ima- própria).
ginário ou erroneamente suposto, que existe exclusiva-
mente na mente do agente. Ele quer praticar um crime, O art. 23 do CP prevê as causas de exclusão da ilici-
mas, por erro, acaba por cometer um fato penalmente irre- tude e em todas é possível que o agente as considere pre-
levante. sentes por erro plenamente justificado pelas circunstân-
Exemplo: “A” deseja praticar o crime de tráfico de cias: estado de necessidade putativo, legítima defesa pu-
drogas, mas por desconhecimento comercializa fermento. tativa, estrito cumprimento de dever legal putativo e exer-
Diferente do erro de tipo, em que o indivíduo, desconhe- cício regular do direito putativo. Basta que, por erro ple-
cendo elementos constitutivos do tipo penal, não sabe que namente justificado pelas circunstâncias, o agente supo-
pratica um fato criminoso, quando na verdade o faz. nha situação de fato que, se existisse, tornaria a sua ação
legítima.
e) Erro sobre o nexo causal (aberratio causae): tam-
bém chamado de dolo geral ou por erro sucessivo, é o en- ATENÇÃO: Embora não pacificado, atualmente pre-
gano no tocante ao meio de execução do crime, que efeti- domina na doutrina o entendimento que a descriminante
vamente determina o resultado desejado pelo agente. putativa fática possui natureza jurídica de erro de tipo, ex-
Ocorre quando o sujeito, acreditando ter produzido o resul- cluindo, por óbvio, o dolo; se vencível, deverá subsistir o
tado almejado, pratica nova conduta com finalidade diversa, crime culposo, desde que previsto em lei.
e ao final se constata que foi esta última que produziu o que
se buscava desde o início.  ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO - ART.
20, § 2º, CP
Exemplo: o agente ministra veneno na vítima, que
imediatamente cai ao chão. Na sequência, supondo que a Dispõe o § 2º do art. 20 do CP:
vítima está morta, coloca seu corpo numa mala e joga ao
mar, ocorrendo que a vítima estava viva e morreu por asfi- Erro determinado por terceiro
xia por afogamento. § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina
o erro.
 Coisa (error in objecto).
Erro sobre
 Pessoa (error in persona) O erro provocado por terceiro não é hipótese de erro
o objeto
- art. 20, § 3º. de tipo. É a hipótese na qual o agente, em decorrência da
 Erro na execução (aberra- atuação de terceira pessoa, chamada de agente provoca-
Erro
tio ictus) - art. 73 dor, tem uma falsa percepção da realidade no que diz res-
de tipo Erro na exe-
 Resultado diverso do pre- peito aos elementos constitutivos do tipo penal. O agente
acidental cução
tendido (aberratio criminis)- não erra por conta própria (erro espontâneo), mas de
art. 74 forma provocada, isto é, determinada por outrem.
Erro sobre o
---------- O erro determinado por terceiro tem como conse-
nexo causal
quência a punição do agente que determina o erro de ou-
trem. Se o erro foi determinado dolosamente, responderá
 DESCRIMINANTE PUTATIVA (ERRO DE TIPO pelo crime na modalidade dolosa; se foi determinado cul-
PERMISSIVO) – ART. 20, § 1º, CP posamente, responderá por delito culposo. Agindo com
dolo ou com culpa, o agente provocador é punido na con-
Dispõe o art. 20, § 1º do CP: dição de autor mediato.

Descriminantes putativas Exemplo: médico que ordena enfermeira a ministrar


§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente determinada substância tóxica no paciente. Aplicado o pro-
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de duto, o paciente morre. Da hipótese, deve ser aquilatado:
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não
há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o a) Se o médico (autor mediato) agiu com dolo, que-
fato é punível como crime culposo. rendo a morte do paciente, responde por homicídio doloso.

38
b) Se o médico (autor mediato) agiu com negligên-
cia, responderá por crime culposo. b) Erro de proibição inescusável (evitável, ou
vencível): poderia ser evitado com o normal esforço de
c) Se a enfermeira (autora imediata) não previu, consciência por parte do agente. Se empregasse as diligên-
nem lhe era previsível, o erro na prescrição do remédio, cias normais, seria possível a compreensão acerca do cará-
não responderá por crime algum. ter ilícito do fato.

d) Se a enfermeira (autora imediata), ao perceber a  Efeito: Diminuição da pena de 1/6 a 1/3, pois sub-
manobra criminosa, quer ou aceita o resultado, aplicando siste a culpabilidade, com pena minorada.
a substância, responderá pelo crime na forma dolosa;
agindo com negligência, na forma culposa. Espécies de erro de proibição: a doutrina classifica
o erro de proibição em duas espécies:

Erro sobre a ilicitude do fato (Redação dada a) Erro de proibição direto: Recai sobre o conteúdo
proibitivo de uma norma penal (o agente não conhece ou
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
não compreende o seu âmbito de incidência). Exemplo:
acredita que eutanásia não está alcançada pelo tipo do art.
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusá- 121 do CP.
vel. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta
de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um b) Erro de proibição indireto (descriminante pu-
terço. tativa por erro de proibição): o agente sabe que a con-
duta é típica, mas supõe presente uma norma permissiva,
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro ora supondo existir uma causa excludente ela ilicitude, ora
se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude supondo estar agindo nos limites da descriminante. O erro
do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou incide sobre a existência ou os limites da justificante, tendo
atingir essa consciência. em vista a Teoria Limitada da Culpabilidade.

 ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO (DE


PROIBIÇÃO) Exemplo: imaginemos que alguém, ao presenciar
uma grave traição, acredite que pode matar o cônjuge em
Uma vez publicada no Diário Oficial da União, a lei legítima defesa da honra. Neste caso, não se trata de falsa
se presume conhecida por todos. Por este motivo, não se percepção da realidade. O erro se dá acerca da existência
admite alegação de desconhecê-la (é inescusável). da excludente.
 O agente acredita que há legítima defesa em uma
O erro de proibição (erro sobre a ilicitude do fato) hipótese em que ela não existe. Ele achou que a lei lhe au-
pode ser definido como a falsa percepção do agente acerca torizava o homicídio neste caso.
do caráter ilícito do fato típico por ele praticado, de acordo
com um juízo comum, isto é, possível de ser alcançado
mediante um procedimento de simples esforço de sua Erro de Tipo Erro de Proibição
consciência. O agente desco- O agente conhece a rea-
O sujeito conhece a existência da lei penal (presunção nhece a situação fá- lidade fática, mas não
legal absoluta), mas desconhece ou interpreta mal seu con- tica, o que lhe im- compreende o caráter
teúdo, ou seja, não compreende adequadamente seu cará- pede o conheci- ilícito da sua conduta.
ter ilícito. Causa
mento de um ou Sabe o que faz, mas não
mais elementos do sabe que viola a lei pe-
Exemplos: exibir filme impróprio para menores, tipo penal. nal.
achando que foi liberado pela censura; o credor ingressa Não sabe o que faz.
clandestinamente na residência do devedor e subtrai bens ➢ Escusável: exclui ➢ Escusável: exclui a
no valor da dívida, acreditando ser lícito “fazer justiça pelas o dolo e a culpa. culpabilidade.
próprias mãos”. ➢ Inescusável: ex- ➢ Inescusável: não
Efei-
clui o dolo, mas per- afasta a culpabilidade,
Assim, é possível que o agente incida em erro quanto tos
mite a punição por mas permite a diminui-
à proibição, pelo ordenamento jurídico, daquela sua con- crime culposo, se ção da pena, de 1/6 a
duta, o que pode acarretar a exclusão da sua culpabilidade. previsto em lei. 1/3.

Modalidades de erro de proibição: erro pode ser


escusável ou inescusável, e é da conclusão desta análise que
decorre a possibilidade do afastamento da culpabilidade: EXERCÍCIOS

a) Erro de proibição escusável (inevitável, ou in-


01. (2018 – VUNESP - PC-SP - Escrivão de Polícia) A res-
vencível): o sujeito, ainda que no caso concreto tivesse se
peito dos artigos 13 ao 25 do Código Penal, é correto
esforçado, não poderia evitá-lo. O agente, mesmo com os
afirmar que
cuidados normais referentes à sua condição pessoal, não
tem condições de compreender o caráter ilícito do fato. a) a redução da pena em virtude do arrependimento pos-
terior aplica-se a todos os crimes, excepcionados apenas
 Efeito: O agente é isento de pena, eis que exclui- os cometidos com violência.
se a culpabilidade, em face da ausência de um dos seus ele- b) o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado
mentos, a potencial consciência da ilicitude. não isenta de pena, considerando-se, no entanto, as

39
condições ou qualidades da pessoa contra quem o agente 06. (2017 – FEPESE - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil) De
queria praticar o crime e não as da vítima. acordo com o Código Penal o erro sobre o elemento
c) o agente que, por circunstâncias alheias à própria von- constitutivo do tipo penal permite apenas a:
tade, não prossegue na execução do crime, só responderá a) exclusão da culpabilidade.
pelos atos já praticados. b) materialização do crime impossível.
d) o dever de agir para evitar o resultado incumbe a quem c) redução da pena para crime tentado.
tenha, por lei ou convenção social, obrigação de cuidado,
d) prática do crime mediante concurso.
proteção e vigilância.
e) punição por crime culposo, se previsto em lei.
e) são excludentes da ilicitude o estado de necessidade e
a legítima defesa, não sendo punível o excesso, se prati-
cado por culpa. 07. (2017 – IBFC - TJ-PE - Técnico Judiciário - Função Ju-
diciária) A teoria do erro detém grande importância para
avaliação da responsabilidade penal de indivíduo acu-
02. (2018 – FCC - DPE-AM - Defensor Público) No Direito
sado do cometimento de delito. Sobre o erro de tipo,
Penal brasileiro, o erro
assinale a alternativa correta:
a) sobre os elementos do tipo impede a punição do agente,
a) Erro de tipo é equívoco de representação, ou seja, o
pois exclui a tipicidade subjetiva em todas as suas formas
agente atinge terceiro achando tratar-se de pessoa que vi-
b) determinado por terceiro faz com que este responda sava atingir com sua conduta ilícita.
pelo crime.
b) Conhecido como “aberratio ictus”, o erro de tipo se vis-
c) sobre a pessoa leva em consideração as condições e lumbra quando do momento da execução do delito terceiro
qualidades da vítima para fins de aplicação da pena. é atingido sem que o agente tenha vontade de o fazê-lo.
d) de proibição exclui o dolo, tornando a conduta atípica. c) O erro de tipo é uma modalidade de erro que, quando
e) sobre a ilicitude do fato isenta o agente de pena quando verificada, não exclui o dolo, cabendo ao julgador verificar
evitável. a ocorrência de engano durante a execução do delito e
aplicar-lhe pena mais branda.
03. (2018 – FCC - DPE-AM - Analista Jurídico de Defensoria d) Erro verificável quando o agente criminoso supõe que
- Ciências Jurídicas) O erro de tipo, no Direito Penal, ex- sua conduta recai sobre determinada coisa e na realidade
clui a culpabilidade subjetiva, impedindo a punição do recai sobre outra.
agente. e) Trata-se de erro sobre elemento constitutivo do tipo le-
b) quando escusável, permite a punição por crime cul- gal, excluindo o elemento subjetivo e permitindo uma con-
poso. denação por ato culposo, quando previsto em lei penal.
c) é incabível em crimes hediondos e equiparados.
d) é inescusável nos crimes da Lei de Drogas, no desco- 08. (2017 – FCC - POLITEC – AP - Perito Médico Legista)
nhecimento da lei penal. Após uma discussão em um bar, Pedro decide matar Ro-
berto. Para tanto, dirige-se até sua residência onde
e) incide sobre o elemento constitutivo do tipo e exclui o
arma-se de um revólver. Ato contínuo, retorna ao esta-
dolo.
belecimento e efetua um disparo em direção a Roberto.
Contudo, erra o alvo, atingindo Antonio, balconista que
04. (2017 – FEPESE - PC-SC - Agente de Polícia Civil) De ali trabalhava, ferindo-o levemente no ombro. Diante do
acordo com o Código Penal, o erro sobre a ilicitude do caso hipotético, Pedro praticou, em tese, o(s) crime(s)
fato, se inevitável: de
a) isenta o agente de pena. a) lesão corporal leve.
b) exclui a ilicitude do fato. b) lesão corporal culposa.
c) é punível como crime culposo. c) homicídio tentado e lesão corporal leve.
d) é punível apenas com pena de detenção. d) lesão corporal culposa e tentativa de homicídio.
e) desclassifica o crime para forma tentada. e) homicídio na forma tentada.

05. (2017 – FEPESE - PC-SC - Agente de Polícia Civil) 09. (2018 – FGV - TJ-SC - Analista Jurídico) Flavio, preten-
É correto afirmar sobre o erro de tipo. dendo matar seu pai Leonel, de 59 anos, realiza disparos
a) O erro sobre o elemento constitutivo do tipo legal exclui de arma de fogo contra homem que estava na varanda
o dolo. da residência do genitor, causando a morte deste. Flavio,
então, deixa o local satisfeito, por acreditar ter concluído
b) O crime praticado com erro de tipo será desclassificado seu intento delitivo, mas vem a descobrir que matara um
para a forma tentada. amigo de seu pai, Vitor, de 70 anos, que, de costas, era
c) A prática de crime com erro de tipo somente é possível com ele parecido.
nos crimes dolosos contra a vida. A Flavio poderá ser imputada a prática do crime de ho-
d) Não se admite o erro de tipo nos crimes contra a admi- micídio doloso, com erro:
nistração pública. a) sobre a pessoa, considerando a agravante de crime con-
e) O ato delituoso deverá ser apenado como contravenção tra ascendente, mas não a causa de aumento em razão da
quando presente o erro sobre o elemento constitutivo do idade da vítima;
tipo legal. b) sobre a pessoa, considerando a causa de aumento em
razão da idade da vítima, mas não a agravante de crime
contra ascendente;

40
c) de execução, considerando a agravante de crime contra
ascendente, mas não a causa de aumento em razão da idade Inimputáveis
da vítima; Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença
d) de execução, considerando a agravante de crime contra mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
ascendente e a causa de aumento em razão da idade da retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
vítima; inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse
e) de execução, considerando a causa de aumento da idade
entendimento.
da vítima, mas não a agravante de crime contra ascendente.
Redução de pena
10. (2018 – FGV - MPE-AL - Analista do Ministério Público - Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a
Área Jurídica) Durante uma festa rave, Bernardo, 19 dois terços, se o agente, em virtude de perturbação
anos, conhece Maria, e, na mesma noite, eles vão para de saúde mental ou por desenvolvimento mental
um hotel e mantém relações sexuais. No dia seguinte, incompleto ou retardado não era inteiramente capaz
Bernardo é surpreendido pela chegada de policiais mili- de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
tares no hotel, que realizam sua prisão em flagrante, in- se de acordo com esse entendimento.
formando que Maria tinha apenas 13 anos.
Bernardo, então, é encaminhado para a Delegacia, ape- A expressão doença mental deve ser interpretada
sar de esclarecer que acreditava que Maria era maior de em sentido amplo, englobando os problemas patológicos e
idade, devido a seu porte físico e pelo fato de que era também os de origem toxicológica. Ingressam nesse rol (do-
proibida a entrada de menores de 18 anos na festa rave. ença mental) todas as alterações mentais ou psíquicas que
suprimem do ser humano a capacidade de entender o cará-
Diante da situação narrada, Bernardo agiu em ter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse
a) erro de tipo, tornando a conduta atípica. entendimento.
b) erro de tipo, afastando o dolo, mas permitindo a punição
pelo crime de estupro de vulnerável culposo. Doente mental e intervalos de lucidez - Não basta a
presença de um problema mental. Exige-se ainda que em
c) erro de proibição, afastando a culpabilidade do agente
razão dele o sujeito seja incapaz, ao tempo da conduta, de
pela ausência de potencial conhecimento da ilicitude.
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
d) erro sobre a pessoa, tornando a conduta atípica. acordo com esse entendimento. Logo, se ao tempo da con-
e) erro de tipo permissivo, gerando causa de redução de duta o indivíduo - nada obstante seja portador de problema
pena. mental - apresentar lucidez, será tratado como imputável.

 Desenvolvimento mental incompleto (arts. 26,


GABARITO
caput)
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
B B E A A E E E A A O desenvolvimento mental incompleto abrange os
menores de 18 anos e os silvícolas.

6. IMPUTABILIDADE PENAL  Dos menores de 18 anos de idade cuidam o art. 228


da Constituição Federal e o art. 27 do Código Penal.
Imputabilidade, um dos elementos da culpabilidade, é
a capacidade mental, inerente ao ser humano de, ao tempo Silvícolas - os silvícolas nem sempre serão inimputá-
da ação ou da omissão, entender o caráter ilícito do fato e veis. Depende do grau de assimilação dos valores sociais, a
de determinar-se de acordo com esse entendimento. ser revelado pelo exame pericial.

Sistema Biopsicológico - O Código Penal, em seu art. Destarte, dependendo da conclusão da perícia, o sil-
26, caput, acolheu como regra o sistema biopsicológico, se- vícola pode ser:
gundo o qual é inimputável quem, ao tempo da conduta,
apresenta um problema mental, e, em razão disso, não pos- a) Imputável: se integrado à vida em sociedade;
sui capacidade para entender o caráter ilícito do fato ou de-
terminar-se de acordo com esse entendimento. b) Semi-imputável: no caso de estar dividido entre o
convívio na tribo e na sociedade; e
Sistema Biológico - Excepcionalmente, entretanto, foi
adotado o sistema biológico no tocante aos menores de 18 c) Inimputável: quando completamente incapaz de vi-
anos (CF, art. 228, e CP, art. 27), em que subsiste presun- ver em sociedade, desconhecendo as regras que lhe são ine-
ção legal absoluta no sentido de que menores, mesmo que rentes.
dotado de capacidade plena para entender a ilicitude do
fato ou de determinar-se segundo esse entendimento, a lei  Desenvolvimento mental retardado (art. 26, caput)
o considera imaturo e, portanto, inimputável.
Desenvolvimento mental retardado é o que não se
CAUSAS DE INIMPUTABILIDADE - O Código Penal compatibiliza com a fase da vida em que se encontra deter-
apresenta como causas de inimputabilidade: minado indivíduo, resultante de alguma condição que lhe
seja peculiar. A pessoa não se mostra em sintonia com os
demais indivíduos que possuem sua idade cronológica.
a) Doença mental (art. 26, caput)
A expressão “desenvolvimento mental retardado”
Dispõe o art. 26 do CP: compreende as oligofrenias em suas mais variadas

41
manifestações (idiotice, imbecilidade e debilidade mental Dispõe o art. 27 do CP:
propriamente dita).
Menores de dezoito anos
ATENÇÃO: O surdo-mudo não é automaticamente Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penal-
inimputável. Pelo contrário, pois, completados 18 anos de mente inimputáveis, ficando sujeitos às normas esta-
idade, todos se presumem imputáveis. Compete à perícia belecidas na legislação especial.
indicar o grau de prejuízo a ele causado por essa falha bio-
lógica. Em face da adoção do sistema biológico nesse caso
específico, a presunção de imputabilidade é absoluta (iuris
Imputabilidade diminuída (semi-imputabili- et de iure), decorrente do art. 228 da Constituição Federal
dade) – Causa de diminuição de pena e do art. 27 do Código Penal, e não admite prova em sentido
contrário.
Nos termos do art. 26, parágrafo único, do Código Pe-
nal, a pena pode ser reduzida de 1 a 2 terços, se o agente, Tais pessoas, independentemente da inteligência, da
em virtude de perturbação de saúde mental ou por desen- perspicácia e do desenvolvimento mental, são tratadas
volvimento mental incompleto ou retardado não era inteira- como inimputáveis. Podem, inclusive, ter concluído uma fa-
mente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de de- culdade ou já trabalharem com anotação em carteira de tra-
terminar-se de acordo com esse entendimento. balho.

Perturbação mental - A perturbação da saúde mental Crimes permanentes e superveniência da maioridade


também é uma doença mental, embora mais suave. Não eli- penal - é possível uma conduta ser iniciada quando a pessoa
mina totalmente, mas reduz, por parte do agente, a capaci- ainda é menor de 18 anos de idade, e somente se encerre
dade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar- quando atingida a maioridade penal. Exemplo: “A”, com 17
se de acordo com esse entendimento, o que igualmente anos de idade, pratica extorsão mediante sequestro contra
ocorre em relação ao desenvolvimento mental incompleto e “B”, mantendo-o em cativeiro por diversos meses, período
ao desenvolvimento mental retardado. no qual completa 18 anos de idade. Deverá ser responsabi-
lizado penalmente apenas pelos atos praticados após o início
A diferença em relação à inimputabilidade é de grau. da sua imputabilidade penal.
O agente tem diminuída a sua capacidade de entendimento
e de autodeterminação, a qual permanece presente, embora
em grau menor. Por esse motivo, subsiste a imputabilidade, c) Embriaguez completa proveniente de caso fortuito
e, por consequência, a culpabilidade. ou força maior (art. 28, CP)

Redução da pena: em razão do sujeito encontrar-se Emoção e paixão


em posição biológica e psicológica inferior a um imputável, Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
a reprovabilidade da conduta é menor, determinando a lei a
redução da pena de 1 a 2 terços. I - a emoção ou a paixão:

Julgamento do inimputável: absolvição impró- Embriaguez


pria - Na inimputabilidade o responsável pelo cometimento
de um fato típico e ilícito é absolvido em face da ausência II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool
de culpabilidade. Porém, a absolvição é impropria, pois é ou substância de efeitos análogos.
imposta medida de segurança em face da sua periculosidade
presumida. § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior,
Julgamento do semi-imputável: era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
O CP acolheu o Sistema Vicariante, ou Unitário, pois determinar-se de acordo com esse entendimento.
ao semi-imputável será aplicada, alternativamente, pena
privativa de liberdade (reduzida de 1 a 2 terços) ou substi- § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços,
tuição por medida de segurança, conforme seja mais ade- se o agente, por embriaguez, proveniente de caso
quado ao caso concreto. Em ambas hipóteses, a sentença fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da
sempre será condenatória. ação ou da omissão, a plena capacidade de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
I) Condenação com redução de pena - Na semi-impu- com esse entendimento.
tabilidade, contudo, subsiste a culpabilidade. O réu deve ser
condenado, mas, por se tratar de pessoa com menor grau Emoção e paixão: como se observa, utilizou-se,
de censurabilidade, a pena há de ser obrigatoriamente re- pois, de um critério legal, ao estatuir taxativamente que tais
duzida de 1 a 2/3. estados de ânimo não elidem o apontado elemento da cul-
pabilidade (imputabilidade penal).
II) Condenação com substituição de pena - O semi-
imputável, por outro lado, pode necessitar de especial tra- Atenuante genérica: entretanto, o art. 65, III, 'c',
tamento curativo, por ser dotado de periculosidade. Nesse parte final, diz que se o crime foi cometido sob a influência
caso, se o exame pericial assim recomendar, e concordando de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima, a
o juiz, a pena pode ser substituída por medida de segurança pena será atenuada. Estará presente, destarte, uma atenu-
(internação ou tratamento ambulatorial). ante genérica, funcionando na segunda fase de aplicação da
pena.
b) Menoridade (art. 27)
Embriaguez

42
Exclusão da imputabilidade (art. 28, § 1°, CP) -
Embriaguez é a intoxicação aguda produzida no corpo a embriaguez acidental ou fortuita, se completa, capaz de
humano pelo álcool ou por substancia de efeitos análogos, ao tempo da conduta tornar o agente inteiramente incapaz
apta a provocar a exclusão da capacidade de entender o ca- de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
ráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse acordo com esse entendimento, exclui a imputabilidade pe-
entendimento. nal.

Espécies de embriaguez - A embriaguez classifica- Diminuição de pena (art. 28, § 2°, CP) - a embri-
se quanto a intensidade e quanto a origem. aguez acidental ou fortuita incompleta, isto é, aquela que ao
tempo da conduta retira do agente uma parte da capacidade
I) Quanto a intensidade - Pode ser completa ou in- de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
completa: acordo com esse entendimento, autoriza a diminuição da
pena de 1 a 2/3. Equivale, portanto, à semi-imputabilidade.
a) Completa (total, ou plena) - é a embriaguez que se
caracteriza por uma total incapacidade de entender o cará- Actio libera in causa - A teoria da actio libera in
ter delituoso do fato ou de determinar-se de acordo com causa é aquela em que o agente, conscientemente, põe-se
esse entendimento, em que o ébrio não sabe mais o que em estado de embriaguez, seja de forma pré-ordenada ou
faz; ignora as consequências de seus atos e as relações des- culposa, não podendo alegar inconsciência do ilícito no
tas com a lei. momento do fato, visto que a consciência existia antes de
se colocar em estado de inimputabilidade. Essa teoria vem
b) Incompleta (parcial, ou semiplena) – não suprime solucionar casos nos quais, embora considerado
inteiramente a capacidade de o agente entender a ilicitude inimputável no evento, o agente tem responsabilidade pelo
de seus atos, em que a vontade e a autocritica afiguram-se fato.
rebaixadas, comprometendo, inclusive, a capacidade julga-
mento.
EXCLUDENTES DA CULPABILIDADE POR INIMPUTABILI-
II) Quanto à origem - pode ser voluntária, culposa, DADE
preordenada ou acidental: Causas Efeitos
Consequência
jurídica
a) Voluntária (intencional) - é aquela em que o indi-  Declaração de
Se causar
víduo ingere bebidas alcoólicas com a intenção de embria- inimputabilidade.
supressão
gar-se. Não quer praticar infrações penais. Sua vontade res-  Absolvição Impró-
da capaci-
pria.
tringe-se a exceder os limites permitidos para a ingestão do dade men-
 Aplicação de medi- da
álcool ou substancia de efeitos análogos. tal
de segurança.
Art. 26. Doença
 Declaração de semi-
b) Culposa - é a espécie de embriaguez em que a von- mental ou
Se causar imputabilidade.
desenvolvimento
tade do agente é somente beber, e não embriagar-se. Por apenas di-  Condenação
mental incompleto
exagero no consumo do álcool, todavia, acaba embriagado. ou retardado
minuição  Redução da pena de
ou pertur- 1/3 a 2/3.
ATENÇÃO: Essas duas espécies de embriaguez (vo- bação da  O juiz analisa a
luntária e culposa), a exemplo da emoção e a paixão, não capaci- necessidade substituir a
dade men- pena por medida de
excluem a imputabilidade penal (CP, art. 28, II), sejam com-
tal segurança (Critério da
pletas ou incompletas. periculosidade).
 Reconhecimento da
c) Preordenada (ou dolosa) - é aquela em que o su- inimputabilidade.
jeito propositadamente se embriaga para cometer uma in-  Ato infracional.
fração penal. A embriaguez funciona como fator de encora-  O juiz poderá aplicar a
jamento para a prática do crime ou da contravenção penal. Art. 27. Menoridade
Inexigível
remissão, medida
penal protetiva e/ou medida
 A embriaguez preordenada, além de não excluir a socioeducativa
conforme o caso, nos
imputabilidade penal, constitui agravante genérica (CP, art.
termos do ECA - Lei
61, II, “1”). 8.069/90.
Supressão • Inimputável (absol-
d) Acidental (ou fortuita) - é a embriaguez que resulta Art. 28, § 1º. da capaci- vição própria.
de caso fortuito ou força maior. Embriaguez dade men-
completa tal
No caso fortuito, o indivíduo não percebe ser atingido proveniente de caso Redução • Semi-imputável-
pelo álcool ou substância de efeitos análogos, ou desco- fortuito ou força da capaci- condenação c/ pena
nhece uma condição fisiológica que o torna sujeito às con- maior dade men- Reduzida de 1/3 a 2/3.
sequências da ingestão do álcool. Exemplos: o agente faz tal
tratamento com algum tipo de remédio, o qual potencializa
os efeitos do álcool.

Na forca maior, o sujeito é obrigado a beber, ou en- EXERCÍCIOS


tão, por questões profissionais, necessita permanecer em
recinto cercado pelo álcool ou substância de efeitos análo-
gos. Exemplos: o agente é amarrado e injetam em seu san- 01. (2018 – CESPE - PC-MA - Escrivão de Polícia) A impu-
gue elevada quantidade de álcool; tabilidade é definida como

43
a) a capacidade mental, inerente ao ser humano, de, ao 05. (2017 – VUNESP - DPE-RO - Defensor Público Substi-
tempo da ação ou da omissão, entender o caráter ilícito do tuto) Sendo positivos os elementos que configuram o de-
fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento. lito e constatada a semi-imputabilidade do acusado, o
b) a contrariedade entre o fato típico praticado por alguém juiz pode, atendendo aos demais critérios legais,
e o ordenamento jurídico, capaz de lesionar ou expor a pe- a) aplicar-lhe pena reduzida de 1 a 2/3 ou absolvê-lo, pois
rigo de lesão bens jurídicos penalmente protegidos. não há outra previsão legal.
c) a reprovabilidade ou o juízo de censura que incide sobre b) aplicar-lhe pena reduzida de 1 a 2/3 ou determinar que
a formação e a exteriorização da vontade do responsável se submeta a tratamento ambulatorial ou, ainda, determinar
pela conduta criminosa. sua internação.
d) a obediência às formas e aos procedimentos exigidos na c) aplicar-lhe pena reduzida de 1 a 2/3 ou determinar que
criação da lei penal e, principalmente, na elaboração de seu se submeta a tratamento ambulatorial, pois não há outra
conteúdo normativo. previsão legal.
e) a necessidade de que a conduta reprovável se encaixe no d) absolver o acusado, por ausência de tipicidade, especial-
modelo descrito na lei penal vigente no momento da ação mente por falta de elemento subjetivo do tipo ou suspender
ou da omissão. o processo, pois não há outra previsão legal.
e) declarar extinta a punibilidade do acusado ou absolvê-lo
02. (2017 – FEPESE - PC-SC - Agente de Polícia Civil) De por ausência de tipicidade, especialmente por falta de ele-
acordo com o Código Penal, assinale a alternativa cor- mento subjetivo do tipo.
reta acerca da imputabilidade penal.
a) O menor de dezoito anos é isento de pena para todos os 06. (2017 – CESPE - TRE-BA - Analista Judiciário – Área Ad-
efeitos legais, quando demonstrado não entender o caráter ministrativa) Considera-se inimputável aquele que co-
ilícito do fato. mete crime
b) A embriaguez, quando voluntária, afasta a imputabilidade a) antes de completar dezoito anos de idade.
do agente. b) em estado de embriaguez preordenada
c) A emoção, quando proveniente de caso fortuito, torna o c) agindo em legítima defesa, o que o isenta de pena.
agente inimputável se ao tempo da ação ou da omissão não
d) sem ser inteiramente capaz de entender o caráter ilícito
possuía a plena capacidade de entender o caráter ilícito do
de sua conduta, o que o isenta de pena.
fato.
e) sob forte emoção ou paixão.
d) Ao agir sob efeito da paixão, o agente terá reduzida a
pena de um a dois terços.
e) O agente que por doença mental, ao tempo da ação ou 07. (2017 – IBFC - POLÍCIA CIENTÍFICA-PR - Odontolegista)
omissão, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilí- Considere as regras básicas aplicáveis ao Direito Penal e
cito do fato é isento de pena. ao Direito Processual Penal para assinalar a alternativa
correta sobre a imputabilidade penal.
a) São inimputáveis os menores de dezoito anos e semi-
03. (2017 – CONSULPLAN - TRE-RJ - Analista Judiciário -
imputávies aqueles que, por doença mental ou desenvolvi-
Área Administrativa) No caso de semi-imputalilidade, pode
mento mental incompleto ou retardado, eram, ao tempo da
o magistrado, ao reconhecê-la, reduzir a pena de um a
ação ou da omissão, inteiramente incapazes de entender o
dois terços ou substitui-la por medida de segurança.
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
Trata-se de aplicação do sistema
esse entendimento
a) vicariante.
b) São imputáveis os menores de dezoito anos e semi-im-
b) psicológico. putávies aqueles que, por doença mental ou desenvolvi-
c) do duplo trilho. mento mental incompleto ou retardado, eram, ao tempo da
d) do duplo binário. ação ou da omissão, inteiramente incapazes de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento
04. (2017 – IBFC - TJ-PE - Oficial de Justiça) São isentos
c) São inimputáveis os menores de dezoito anos e aqueles
de pena os agentes que detém determinadas condições
que, por doença mental ou desenvolvimento mental incom-
especiais ou que realizam o fato tido como crime em si-
pleto ou retardado, eram, ao tempo da ação ou da omissão,
tuações extraordinárias. Sobre o tema, assinale a alter-
inteiramente incapazes de entender o caráter ilícito do fato
nativa que não contempla uma causa excludente de cul-
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento
pabilidade.
d) São imputáveis os menores de dezoito anos e inimputá-
a) Legítima defesa
veis aqueles que, por doença mental ou desenvolvimento
b) Doença mental que influencie na compreensão sobre a mental incompleto ou retardado, eram, ao tempo da ação
ilicitude do fato ou da omissão, inteiramente incapazes de entender o cará-
c) Desenvolvimento mental incompleto que influencie na ter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
compreensão sobre a ilicitude do fato entendimento
d) Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou e) São imputáveis os menores de dezoito anos e inimputá-
força maior veis aqueles que, em virtude de perturbação de saúde men-
e) Retardamento mental que influencie na compreensão so- tal ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
bre a ilicitude do fato não eram inteiramente capazes de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendi-
mento

44
08. (2016 – COMPERVE - Câmara de Natal – RN - Guarda capacidade de entendimento e de autodeterminação. Em se-
Legislativo) Conforme a ideia de imputabilidade penal, guida, entrou em uma farmácia e praticou um furto. Asser-
como condição para atribuir a alguém a aplicação de uma tiva: Nesse caso, Elizeu será isento de pena, por estar con-
pena, só pode sofrer a sanção aquele que, ao tempo da figurada a sua inimputabilidade.
infração penal, tinha capacidade e autodeterminação d) Situação hipotética: Paulo foi obrigado a ingerir álcool
para a análise do fato. Sobre esse tema, o Código Penal por coação física e moral irresistível, o que afetou parcial-
estabelece: mente o controle sobre suas ações e o levou a esfaquear um
a) a pena pode ser reduzida de dois terços, se o agente, por antigo desafeto. Assertiva: Nesse caso, a retirada parcial
embriaguez voluntária, não possuía, ao tempo da ação ou da capacidade de entendimento e de autodeterminação de
da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito Paulo não enseja a redução da sua pena no caso de eventual
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendi- condenação.
mento. e) Situação hipotética: Em uma festa de aniversário,
b) é isento de pena o agente que, por embriaguez, voluntá- Elias, no intuito de perder a inibição e conquistar Maria, se
ria ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos, embriagou e, devido ao seu estado, provocado pela impru-
era, ao tempo da ação ou da omissão, totalmente incapaz dência na ingestão da bebida, agrediu fisicamente o aniver-
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de sariante. Assertiva: Nessa situação, Elias não será punido
acordo com esse entendimento. pelo crime de lesões corporais por ausência total de sua ca-
c) a pena pode ser reduzida de um terço, se o agente, em pacidade de entendimento e de autodeterminação.
virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvi-
mento mental incompleto ou retardado não era inteiramente 11. (2016 – CESPE - POLÍCIA CIENTÍFICA – PE - Conheci-
capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar- mentos Gerais - Perito Papiloscopista e Auxiliar) Constitui
se de acordo com esse entendimento causa que exclui a imputabilidade a
d) é isento de pena o agente que, por doença mental ou a) embriaguez preordenada completa proveniente da inges-
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tão de álcool.
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de en-
b) embriaguez acidental completa proveniente da ingestão
tender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
de álcool.
com esse entendimento.
c) embriaguez culposa completa proveniente da ingestão de
álcool.
09. (2016 – CESPE - PC-PE - Agente de Polícia) Com relação
d) emoção.
a imputabilidade penal, assinale a opção correta. Nesse
sentido, considere que a sigla ECA, sempre que empre- e) paixão.
gada, se refere ao Estatuto da Criança e do Adolescente.
a) A embriaguez, quando culposa, é causa excludente de 12. (2016 – UFMT - TJ-MT - Técnico Judiciário) Segundo o
imputabilidade. Decreto Lei n.º 2.848 de 7 de dezembro de 1940, Código
b) A emoção e a paixão são causas excludentes de imputa- Penal, começa a imputabilidade penal aos
bilidade, como pode ocorrer nos chamados crimes passio- a) dezesseis anos.
nais. b) dezoito anos.
c) A embriaguez não exclui a imputabilidade, mesmo c) quatorze anos.
quando o agente se embriaga completamente em razão de
caso fortuito ou força maior. d) doze anos.
d) São inimputáveis os menores de dezoito anos de idade,
ficando eles, no entanto, sujeitos ao cumprimento de medi- 13. (2015 – CESPE - TRE-RS - Analista Judiciário - Adminis-
das socioeducativas e(ou) outras medidas previstas no ECA. trativa) Em relação à imputabilidade penal, assinale a op-
e) São inimputáveis os menores de vinte e um anos de ção correta.
idade, ficando eles, no entanto, sujeitos ao cumprimento de a) Será isento de pena o agente que, por embriaguez habi-
medidas socioeducativas e(ou) outras medidas previstas no tual, não for capaz de entender o caráter ilícito do fato.
ECA. b) Para definir a maioridade penal, a legislação brasileira
seguiu o sistema biopsicológico, ignorando o desenvolvi-
10. (2016 – CESPE - PC-PE - Escrivão de Polícia) Em relação mento mental do menor de dezoito anos de idade.
à imputabilidade penal, assinale a opção correta. c) A embriaguez não acidental e culposa exclui a imputabi-
a) Situação hipotética: João, namorado de Maria e por ela lidade no caso de ser completa.
apaixonado, não aceitou a proposta dela de romper o com- d) Os menores de dezoito anos de idade, por presunção le-
promisso afetivo porque ela iria estudar fora do país, e re- gal, são considerados inimputáveis somente nos casos de
solveu mantê-la em cárcere privado. Assertiva: Nessa si- possuírem plena capacidade de entender a ilicitude do fato.
tuação, a atitude de João enseja o reconhecimento da inim- e) Se a embriaguez acidental for completa, acarretará a ir-
putabilidade, já que o seu estado psíquico foi abalado pela responsabilidade penal.
paixão.
b) Na situação em que o agente, com o fim precípuo de co-
14. (2015 – FGV - TJ-RO - Técnico Judiciário) No dia 25 de
meter um roubo, embriaga-se para ter coragem suficiente
fevereiro de 2014, na cidade de Ariquemes, Felipe, nas-
para a execução do ato, não se aplica a teoria da actio libera
cido em 03 de março de 1996, encontra seu inimigo Fer-
in causa ou da ação livre na causa.
nando na rua e desfere diversos disparos de arma de
c) Situação hipotética: Elizeu ingeriu, sem saber, bebida fogo em seu peito com intenção de matá-lo. Populares
alcoólica, pensando tratar-se de medicamento que costu- que presenciaram os fatos, avisaram sobre o ocorrido a
mava guardar em uma garrafa, e perdeu totalmente sua familiares de Fernando, que optaram por transferi-lo de

45
helicóptero para Porto Velho, onde foi operado. No dia 05 inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
de março de 2014, porém, Fernando não resistiu aos fe- de determinar-se de acordo com esse entendimento.
rimentos causados pelos disparos e veio a falecer ainda c) a embriaguez culposa pelo álcool ou substância de efeitos
no hospital de Porto Velho. Considerando a situação hi- análogos exclui a imputabilidade penal.
potética narrada e as previsões do Código Penal sobre
d) a embriaguez voluntária pelo álcool ou substância de efei-
tempo e lugar do crime, é correto afirmar que, em rela-
tos análogos exclui a imputabilidade penal.
ção a estes fatos, Felipe será considerado:
e) a pena pode ser reduzida de um a dois terços se o agente,
a) inimputável, pois o Código Penal adota a Teoria da Ativi-
em virtude de perturbação de saúde mental ou por desen-
dade para definir o tempo do crime, enquanto que o lugar
volvimento mental incompleto ou retardado, não era intei-
do crime é definido pela Teoria da Ubiquidade;
ramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
b) inimputável, pois o Código Penal adota a Teoria da Ativi- determinar-se de acordo com esse entendimento.
dade para definir o tempo do crime, enquanto que o lugar
é definido pela Teoria do Resultado;
18. (2015 – VUNESP - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de
c) imputável, pois o Código Penal adota a Teoria do Resul-
1a Classe) Nos termos do Código Penal, a imputabilidade
tado para definir tanto o tempo quanto o lugar do crime;
penal é excluída pela
d) imputável, pois o Código Penal adota a Teoria da Ubiqui-
a) embriaguez completa e culposa que torna o autor, ao
dade para definir o momento do crime, enquanto que a Te-
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de en-
oria da Atividade determina o lugar;
tender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
e) inimputável, pois o Código Penal adota a Teoria da Ativi- com esse entendimento.
dade para definir tanto o tempo quanto o local do crime.
b) doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, que torna o autor, ao tempo da ação ou da omis-
15. (2015 - CAIP-IMES - Prefeitura de Rio Grande da Serra são, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
– SP - Procurador) No que concerne à imputabilidade, as- fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
sim dispõe o Código Penal Brasileiro: c) emoção.
a) A embriaguez voluntária ou culposa, pelo álcool ou subs- d) paixão.
tância de efeitos análogos, exclui a imputabilidade penal.
e) embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior,
b) O juiz pode deixar de aplicar qualquer medida, se o que privou o autor, ao tempo da ação ou da omissão, da
agente, em virtude de perturbação de saúde mental, não plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato. determinar-se de acordo com esse entendimento.
c) O agente que comete o fato, sob o domínio de violenta
emoção, logo após a injusta provocação da vítima, é isento
19. (2014 – IPAD - Prefeitura de Recife – PE - Agente de
de pena.
Segurança Municipal ) Beltrano e Ciclano saem juntos para
d) É isento de pena o agente que, por doença mental era, comemorar o sucesso obtido em concurso público. Bel-
ao tempo da omissão, inteiramente incapaz de entender o trano não pode ingerir em hipótese alguma bebida alcoó-
caráter ilícito do fato. lica. Entretanto, Ciclano coloca as escondidas álcool no
refrigerante de Beltrano. Ao tomar o refrigerante, Bel-
16. (2015 - MPE-SP - MPE-SP - Promotor de Justiça) A actio trano perde a capacidade de se comportar conforme o
libera in causa se caracteriza: direito e de entender inteiramente o caráter ilícito de
seus atos. Totalmente fora de si, Beltrano quebra uma
a) quando o agente, nos limites do livre arbítrio que rege a
garrafa na cabeça de Ciclano que falece. Considerando o
conduta humana, pratica o crime de forma livre e consci-
exposto, e correto afirmar:
ente.
a) Beltrano está isento de pena porque no momento que
b) quando o agente, por impossibilidade de conhecer a ilici-
ceifou a vida de Ciclano encontra-se em situação de inimpu-
tude de sua conduta, pratica fato tipificado como crime.
tabilidade.
c) quando o agente, em estado de embriaguez, proveniente
b) Beltrano não cometeu nenhum crime, visto que está am-
de caso fortuito ou força maior, que enseja a diminuição de
parado pela excludente de estado de necessidade.
pena, pratica fato definido como crime.
c) Beltrano responderá por homicídio, pois a embriaguez em
d) quando o agente, em estado de embriaguez completa,
nenhuma hipótese o isenta de pena.
proveniente de caso fortuito ou força maior, que enseja
isenção de pena, pratica fato definido como crime. d) Beltrano responderá por homicídio visto que deveria ser
mais cuidadoso para não ingerir bebida alcoólica.
e) quando o agente comete o crime em estado de embria-
guez não proveniente de caso fortuito ou força maior. e) Beltrano está isento de pena porque agiu sob coação ir-
resistível.

17. (2015 – VUNESP - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de


1a Classe) No tocante às disposições do Código Penal re- 20. (2014 – Aroeira - PC-TO - Escrivão de Polícia Civil) Os
lativas à culpabilidade e imputabilidade, é correto afirmar menores de dezoito anos que já tenham se casado ou
que constituído negócio próprio são considerados penalmente
a) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita a) inimputáveis.
obediência à ordem, manifestamente ilegal, de superior hi- b) semi-imputáveis.
erárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. c) responsáveis.
b) a pena pode ser reduzida de um a dois terços se o agente, d) capazes.
por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto
ou retardado era, ao tempo da ação ou da omissão,
GABARITO

46
01- 02- 03- 04- 05- 06- 07- 08- 09- 10- infração. Não se exige acordo de vontades, bastando a pre-
A E A A B A C D D C tensão de participar e cooperar na ação de outrem.
11- 12- 13- 14- 15- 16- 17- 18- 19- 20-
B B E A D E E B A A  Não há necessidade de ajuste prévio entre os agen-
tes, mas deve haver intenção de obtenção do resultado. Ou
seja, mesmo que os agentes não se conheçam pode haver
o concurso de pessoas se existente o interesse de obtenção
7. CONCURSO DE PESSOAS do mesmo resultado.

d) Unidade de infração penal para todos os


Dispõe o art. 29 do CP: agentes

DO CONCURSO DE PESSOAS O art. 29, caput, do CP adotou, como regra, a teoria


Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o unitária ou monista: quem concorre para um crime, por ele
crime incide nas penas a este cominadas, na medida responde. Todos os coautores e partícipes se sujeitam a um
de sua culpabilidade. único tipo penal: há um único crime praticados por diversos
agentes.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a
pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
Modalidades de concurso de pessoas: coautoria
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de e participação
crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste;
essa pena será aumentada até metade, na hipótese I) Coautoria
de ter sido previsível o resultado mais grave.
É a forma de concurso de pessoas que ocorre quando
Concurso de pessoas (codelinquência) é a colabora- o núcleo do tipo penal e executado por duas ou mais pes-
ção entre duas ou mais pessoas para a realização de uma soas. Em síntese, há dois ou mais autores unidos entre si
infração penal. Chama-se, ainda, em sentido lato: coautoria, pela busca do mesmo resultado. Exemplo: “A” e “B”, por-
participação, concurso de delinquentes, concurso de agen- tando armas de fogo, ingressam em um estabelecimento
tes. bancário, anunciam o assalto, e, de posse dos valores sub-
traídos, fogem do local. São coautores do crime de roubo
Requisitos - o concurso de pessoas depende de qua- majorado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2°-A,
tro requisitos: I, CP).

a) Pluralidade de agentes Teoria do domínio do fato - autor é aquele que de-


tém o controle final do fato, dominando toda a realização
A existência de, pelo menos duas pessoas, que em- delituosa, com plenos poderes para decidir sobre sua prá-
preendem condutas relevantes (não necessariamente tica, interrupção e circunstâncias. Não importa se o agente
iguais), é o requisito primário do concurso de pessoas. A pratica ou não o verbo descrito no tipo legal, pois o que a lei
atuação reunida dos agentes contribui de alguma forma exige é o controle de todos os atos, desde o início da exe-
para a cadeia causal, fazendo com que os vários concorren- cução até a produção do resultado. Ex.: o mandante, o autor
tes respondam pelo crime. intelectual.

Essas condutas podem ser principais, no caso da co- Coautoria em crimes próprios - crimes próprios
autoria, ou então uma principal e outra acessória, praticadas são aqueles em que o tipo penal exige uma qualidade espe-
pelo autor e pelo partícipe, respectivamente. cial do sujeito ativo. Apenas quem reúne as condições espe-
ciais pode praticá-lo. Ex.: O peculato (CP, art. 312), cujo
Participação de inimputável: O entendimento pacífico sujeito ativo deve ser funcionário público.
dos tribunais superiores (STF e STJ) é no sentido de que o
fato de o crime ter sido praticado na companhia de inimpu- ATENÇÃO: Os crimes próprios podem ser praticados
tável não impede o reconhecimento do concurso de agentes. em coautoria, por exemplo, quando dois funcionários públi-
É chamado de concurso impropriamente dito, concurso apa- cos, juntos, subtraem bens pertencentes à Administração
rente ou pseudo concurso. Pública. Também é possível, no mesmo exemplo, que o ser-
vidor público atue em concurso com terceira pessoa, sem
b) Relevância causal das condutas para o resul- essa qualidade. Nesse caso, ambos respondem pelo crime
tado praticado de peculato.

É necessário que cada uma das condutas empreendi- Crimes de mão própria – não admitem a coautoria.
das sejam importantes para causar o resultado, provocando, Também chamados de atuação pessoal ou de conduta in-
facilitando, estimulando a conduta principal. Se algum dos fungível, são os que somente podem ser praticados pelo su-
agentes praticar um ato sem nenhuma eficácia causal, não jeito expressamente indicado pelo tipo penal. Pode-se apon-
haverá concurso de pessoas (ao menos no que concerne a tar o exemplo do falso testemunho (CP, art. 342).
ele).
Autoria mediata - trata-se da espécie de autoria em
c) Vínculo Subjetivo entre os agentes que alguém, o “sujeito de trás” se utiliza, para a execução
da infração penal, de uma pessoa inculpável ou que atua
É também necessário que todos os agentes atuem sem dolo ou culpa.
conscientes de que estão reunidos para a prática da mesma
Há dois sujeitos nessa relação:

47
1) autor mediato: quem ordena a prática do crime, a Os crimes unissubjetivos (ou monossubjetivos, ou
quem será atribuída responsabilidade; de concurso eventual) são aqueles que podem ser pratica-
dos por apenas um sujeito, entretanto, admite-se a coau-
2) autor imediato: aquele que executa a conduta cri- toria e a participação.
minosa.
Concurso de agentes em crime culposo – é admi-
Exemplo: “A”, desejando matar sua esposa, entrega tida coautoria, quando duas ou mais pessoas, conjunta-
uma arma de fogo municiada a “B”, criança de pouca idade, mente, agindo por imprudência, negligência ou imperícia,
prometendo que, se apertar o gatilho na cabeça da mulher, violam o dever objetivo de cuidado a todos imposto, produ-
esta lhe dará balas. zindo um resultado naturalístico. Ex.: dois operários arre-
messam entulhos de construção sobre a via pública, atin-
O Código Penal possui cinco situações em que pode gindo e matando um transeunte.
ocorrer a autoria mediata:
 Participação – prevalece o entendimento de não ad-
a) inimputabilidade penal do executor por menoridade mitir o concurso de agentes na participação.
penal, embriaguez ou doença mental (CP, art. 62, III);
II) Participação (em sentido estrito)
b) coação moral irresistível (CP, art. 22);
É a modalidade de concurso de pessoas em que o su-
c) obediência hierárquica (CP, art. 22); jeito não realiza diretamente o núcleo do tipo penal, mas de
qualquer modo concorre para o crime. E, portanto, qualquer
d) erro de tipo escusável provocado por terceiro (CP, tipo de colaboração, desde que não relacionada à pratica do
art. 20, § 2°); verbo contido na descrição da conduta criminosa. Exemplo:
e participe de um homicídio aquele que, ciente do proposito
e) erro de proibição escusável, provocado por terceiro criminoso do autor, e disposto a com ele colaborar, em-
(CP, art. 21, caput). presta uma arma de fogo municiada para ser utilizada na
execução do delito.
 A autoria mediata é incompatível com os crimes
culposos, porque nesses crimes, o resultado naturalístico é Portanto, a participação reclama dois requisitos: (1)
involuntariamente produzido pelo agente. propósito de colaborar para a conduta do autor (principal);
e (2) colaboração efetiva, por meio de um comportamento
Autoria colateral acessório que concorra para a conduta principal.

Autoria colateral - ocorre quando dois agentes têm a Espécies - a participação pode ser moral ou material.
intenção de obter o mesmo resultado, porém um desco-
nhece a vontade do outro, sendo que o objetivo poderá ser Participação moral é aquela em que a conduta do
atingido pela ação de somente um deles ou pela ação de agente restringe-se a induzir ou instigar terceira pessoa a
ambos. cometer uma infração penal. Não há colaboração com meios
materiais, mas apenas com ideias de natureza penalmente
Exemplo: A e B pretendem matar C, e para tanto se ilícitas.
escondem próximo à sua residência, sem que um saiba da
presença do outro, e atiram e atingem a vítima. Assim, A e Induzir é fazer surgir na mente de outrem a vontade
B responderão por homicídio em autoria colateral já que um criminosa, até então inexistente. Exemplo: “A” narra a “B”
não tinha conhecimento da ação do outro (não há vínculo sua inimizade com “C", criada em razão de uma rivalidade
psicológico). esportiva antiga. “B” o induz a matar seu desafeto, dizendo
ser o único meio adequado para se livrar desse problema.
Salienta-se que, se apenas o tiro desferido por A atin-
gir C, ele responderá por homicídio consumado, ao passo Instigar é reforçar a vontade criminosa que já existe
que B responderá por homicídio tentado. na mente de outrem. No exemplo citado, “A” diz a “B” que
deseja matar “ C”, sendo por ele estimulado a prosseguir
Autoria incerta - se não for possível verificar qual tiro em seu intento.
matou C, A e B responderão por tentativa de homicídio. Po-
rém, se A desfere tiro em C e o mata, e só depois é que B Participação material - a conduta do sujeito consiste
atira na vítima, haverá crime impossível para ele. em prestar auxílio ao autor da infração penal.

Coautoria sucessiva (ou por adesão) – ocorre Auxiliar consiste em facilitar, viabilizar materialmente
quando o agente já tenha começado a percorrer o iter cri- a execução da infração penal, sem realizar a conduta des-
minis e outro adere à sua conduta, passando a praticar a crita pelo núcleo do tipo. Exemplo: levar o autor ao local da
infração, tornando-se coautor sucessivo. emboscada com a finalidade de assegurar a prática de um
crime de homicídio.
Crimes de concurso necessário (ou plurissubje-
tivos) – são os que exigem dois ou mais agentes para a  O partícipe que presta auxilio é chamado de cúm-
prática do delito, em razão e sua própria conceituação típica. plice.
As condutas dessas várias pessoas podem ser paralelas (as-
sociação criminosa), convergentes (bigamia) ou contrapos- Punição do partícipe: Segundo a Teoria da Acesso-
tas (rixa). riedade Limitada (ou Média) da conduta do participe, consa-
grada pelo art. 31 do Código Penal: “O ajuste, a determina-
ção ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em

48
contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo me-
nos, a ser tentado”. Elementares são os dados fundamentais de uma con-
duta criminosa. São os fatores que integram a definição bá-
Ajuste é o acordo traçado entre duas ou mais pessoas. sica de uma infração penal. No homicídio simples (CP, art.
Determinação é o que foi decidido por alguém, almejando 121, caput), por exemplo, as elementares são “matar” e “al-
uma finalidade especifica. Instigação é o reforço para a re- guém”.
alização de algo a que uma pessoa já estava determinada a
fazer. Auxílio é a colaboração material prestada a alguém Circunstâncias, por sua vez, são os fatores que se
para atingir um objetivo. agregam ao tipo fundamental, para o fim de aumentar ou
diminuir a pena. Exemplificativamente, no homicídio, que
Participação impunível - Para a punição do partí- tem como elementares “matar” e “alguém”, são circunstân-
cipe, portanto, deve ser iniciada a execução do crime pelo cias o “relevante valor moral” (§ 1°), o “motivo torpe” (§ 2°,
autor. Exige-se, pelo menos, a figura da tentativa, sem a I) e o “motivo fútil” (§ 2°, II), dentre outras.
qual se constitui em fatos impuníveis.
Elementares e circunstâncias de caráter pessoal (sub-
Destaca-se, porém, a locução “salvo disposição ex- jetivas) são as que se relacionam à pessoa do agente, e não
pressa era contrário”: ao fato por ele praticado. Exemplos: a condição de funcio-
nário público, no peculato, é uma elementar de caráter pes-
O Código Penal assim agiu para ressaltar que, em si- soal (CP, art. 312). E os motivos do crime são circunstâncias
tuações taxativamente previstas em lei, é possível a punição de igual natureza no tocante ao homicídio (CP, art. 121, §§
do ajuste, da determinação, da instigação e do auxílio como 1° e 2°, I, II e V).
crime autônomo. Reclama, evidentemente, expressa previ-
são legal. É o que se dá nos crimes de incitação ao crime Elementares e circunstâncias de caráter real (objeti-
(CP, art. 286) e associação criminosa (CP, art. 288). vas) são as que dizem respeito ao fato, à infração penal co-
metida, e não ao agente. Exemplos: o emprego de violência
ATENÇÃO: O mero conhecimento de um fato crimi- contra a pessoa, no roubo, é uma elementar objetiva (CP,
noso não confere ao indivíduo a posição de partícipe por art. 157, caput), e dessa espécie é também o meio cruel na
força de sua omissão, salvo se presente o dever de agir para execução do homicídio (CP, art. 121, § 2°, III).
impedir a produção do resultado. Exemplo: um transeunte
assiste ao roubo de uma pessoa desconhecida e nada faz. Condições pessoais são as qualidades, os aspectos
Não é partícipe. subjetivos inerentes a determinado indivíduo, que o acom-
panham em qualquer situação, isto é, independem da prá-
Participação de menor importância (causa de di- tica da infração penal. É o caso da reincidência e da condição
minuição de pena) - Estabelece o art. 29, § 1°, do Código de funcionário público.
Penal: “Se a participação for de menor importância, a pena
pode ser diminuída de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço)”. Com base nos conceitos e espécies acima analisados,
é possível extrair três regras do art. 30 do Código Penal:
Participação de menor importância, ou mínima, é a de
reduzida eficiência causal, contribui para a produção do re- 1ª) Não se comunicam as circunstâncias e condi-
sultado, mas de forma menos decisiva., constituindo causa ções de caráter pessoal, ou subjetivas: pouco importa se
de diminuição da pena. tais dados ingressaram ou não na esfera de conhecimento
dos demais agentes. Exemplo: “A”, ao chegar à sua casa,
 A redução não se aplica ao autor intelectual, em- constata que sua filha foi estuprada por “B”. Imbuído por
bora seja partícipe, pois, se arquitetou o crime, evidente- motivo de relevante valor moral, contrata “C”, pistoleiro
mente a sua participação não se compreende como de me- profissional, para matar o estuprador. O serviço é regular-
nor importância. mente executado. Nesse caso, “A” responde por homicídio
privilegiado (CP, art. 121, § 1°), enquanto a “C” e imputado
o crime de homicídio qualificado pelo motivo torpe (CP, art.
CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS – ART. 30 121, § 2°, I).
DO CÓDIGO PENAL
2ª) Comunicam-se as circunstâncias de caráter real,
São as que não se aplicam, isto é, não se transmitem ou objetivas: é necessário, porém, que tenham ingressado
aos coautores ou partícipes de uma infração penal, pois se na esfera de conhecimento dos demais agentes, para evitar
referem exclusivamente a determinado agente, incidindo a responsabilidade penal objetiva. Exemplo: “A” contrata
apenas em relação a ele. “B” para matar “C”, seu inimigo. “B” informa a “A” que fará
uso de meio cruel, e este último concorda com essa circuns-
Nesse sentido, estabelece o art. 30 do Código Penal: tância. Ambos respondem peio crime tipificado peio art.
121, § 2°, III, do Código Penal. Trata-se de circunstância
Circunstâncias incomunicáveis objetiva que a todos se estende.
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as
condições de caráter pessoal, salvo quando elemen- 3ª) Comunicam-se as elementares, sejam objetivas
tares do crime ou subjetivas: mais uma vez, exige-se que as elementares
tenham entrado no âmbito de conhecimento de todos os
Numa interpretação contrario sensu, pode-se enten- agentes, para afastar a responsabilidade penal objetiva.
der: se comunicam as circunstâncias pessoais consideradas Exemplo: “A”, funcionário público, convida “B”, seu amigo,
elementares do crime. para em concurso subtraírem um computador que se encon-
tra na repartição pública em que trabalha, valendo-se das
A compreensão desse dispositivo depende, inicial- facilidades proporcionadas pelo seu cargo. Ambos respon-
mente, da diferenciação entre elementares e circunstancias. dem por peculato-furto ou peculato impróprio (CP, art. 312,

49
§ 1°), pois a elementar “funcionário público” transmite-se a de furto, com a pena aumentada da metade, em face da
“B”. previsibilidade do latrocínio.

 Concurso de agentes no infanticídio - a posição


atualmente pacífica, na doutrina e jurisprudência, admite  CASOS DE IMPUNIBILIDADE
concurso de agentes: participação (quando há simples au-
xílio) e coautoria (quando outrem pratica, juntamente com Dispõe o art. 31 do CP:
a mãe, o núcleo do tipo), concluindo que o estado puerperal
é elementar subjetiva do tipo, comunicável nos termos do Casos de impunibilidade
art. 30 do CP. Assim, todos os terceiros que concorrem para Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o
um infanticídio por ele também respondem. auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não
são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser
Punibilidade no concurso de agentes tentado.

O art. 29, caput, do Código Penal filiou-se a Teoria De acordo com o disposto no art. 31 do Código Penal,
Unitária ou Monista. Todos os que concorrem para um crime, não se pune, salvo disposição em contrário, o ajuste (acordo
por ele respondem na medida de sua culpabilidade, não im- promovido entre suas ou mais pessoas), a determinação
portando automaticamente em identidade de penas, que de- (ordem emanada de pessoa determinada), a instigação (re-
vem ser individualizadas no caso concreto. forço da ideia já existente na mente do autor) e o auxílio
(assistência material), se o crime não chega, pelo menos, a
Importante destacar que um autor ou coautor não ne- ser tentado.
cessariamente deverá ser punido mais gravemente do que
um partícipe. Assim, um autor intelectual (a rigor, partícipe) Nestes casos, a conduta acessória não teve nenhuma
normalmente deve ser punido de forma mais severa do que relevância para o desdobramento causal, que sequer e veri-
o autor do delito, pois sem a sua vontade, sem a sua ideia ficou. Exemplo: JOÃO, vigilante de determinado estabeleci-
o crime não ocorreria. mento comercial, ajusta com ANTONIO e JOSÉ um furto no
local, comprometendo-se a não acionar o alarme de segu-
Cooperação dolosamente distinta rança. Se ANTONIO e JOSÉ limitarem-se a planejar a ação,
sem ao menos tentá-la, o ajuste promovido por JOÃO não
Também chamada de participação em crime menos será punido.
grave, está descrita pelo art. 29, § 2°, do Código Penal: “Se
algum dos concorrentes quis participar de crime menos O art. 31 do Código Penal, todavia, afasta esta regra
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será au- nas hipóteses em que houver "disposição expressa em con-
mentada até a 1/2 (metade), na hipótese de ter sido previ- trário", que é o caso da associação criminosa (anterior qua-
sível o resultado mais grave”. drilha ou bando) e da incitação ao crime, em que o ajuste,
a determinação, a instigação e o auxílio podem configurar
1ª parte: “Se algum dos concorrentes quis participar crimes autônomos.
de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste”.
Cúmplice: embora não haja entendimento majoritá-
A interpretação a ser dada é a seguinte: dois ou mais rio, entende-se que quem de alguma forma auxilia na prá-
agentes cometeram dois ou mais crimes. Em relação ao tica de um crime é cúmplice, seja coautor ou partícipe.
crime mais grave, entretanto, não tinham acordo de vonta-
des quanto à produção do resultado.
EXERCÍCIOS
Exemplo: “A” e “B” combinam a prática do furto de
um automóvel que estava estacionado em via pública. Che-
gam ao local, e, quando tentavam abrir a porta do veículo, 01. (2018 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia Civil) JOSÉ
surge seu proprietário. “A” foge, mas “B”, que trazia consigo e PEDRO têm o mesmo desafeto, no caso, MEVIO. Mas
um revólver, circunstância que não havia comunicado ao seu desconhecem tal fato. Contratam pistoleiros para matar
comparsa, atira na vítima, matando-a. Nesse caso, “A” deve MEVIO. O pistoleiro, contratado por PEDRO se armou com
responder por tentativa de furto e “B” por latrocínio consu- um revólver, e o contratado por JOSÉ com uma pistola.
mado. Ocorre que fizeram uma tocaia no mesmo local e mo-
mento. Os dois atiram simultaneamente em MEVIO. O
2ª parte: Essa pena será aumentada até a 1/2 (me- pistoleiro de JOSÉ atinge o coração de MEVIO e o de PE-
tade), na hipótese de ter sido previsível o resultado mais DRO atinge a perna de forma leve. Há prova de que o
grave. projétil usado pelo contratado por JOSÉ foi o causador da
morte da vítima. PEDRO confessou ter mandado atirar
Extrai-se do dispositivo que, ainda que fosse o crime em MEVIO. Com relação ao caso,
mais grave previsível aquele que concorreu exclusivamente
ao crime menos grave, subsistirá apenas em relação a este a) JOSÉ e PEDRO devem responder por homicídio.
crime menos grave a responsabilidade penal. Por se tratar,
contudo, de conduta mais reprovável, a pena do crime me- b) JOSÉ responde por homicídio.
nos grave poderá ser aumentada até a 1/2 (metade). c) JOSÉ e PEDRO devem responder por tentativa de homicí-
dio.
No exemplo anterior, imagine que “A” tinha ciência de d) JOSÉ e PEDRO respondem por homicídio em coautoria.
que “B” andava armado com frequência e já tinha matado
e) JOSÉ responde por tentativa de homicídio.
diversas pessoas. Se não concorreu para o resultado mais
grave, pois não quis dele participar, responde pela tentativa

50
02. (2018 – NUCEPE - PC-PI - Agente de Polícia Civil) Maria, condição pessoal de funcionário público de Mévio a ele não
propositadamente, deixa aberta a porta da casa em que se comunica.
é empregada doméstica, permitindo que Fausto subtraia e) Mévio, pela participação de menor importância na prática
bens do imóvel, uma tela de pintor renomado e joias de de furto à residência de Tício, poderá ter a pena diminuída.
família. Romero vê, se aproveita da situação, e resolve
aderir ao intento de Fausto, subtraindo, também, os ob-
jetos da residência, um porta revistas de metal e um con- 05. (2018 – VUNESP - PC-BA - Investigador de Polícia) So-
junto de copos de vidro. Diante deste caso, é COR- bre o concurso de pessoas e as previsões expressas da
RETO afirmar: legislação penal, assinale a alternativa correta.

a) Quando há participação de dois ou mais agentes no co- a) Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide
metimento do mesmo crime, a pena será a mesma para to- nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabili-
dos, não importando, o grau de maior ou menor participa- dade.
ção. b) Se a participação for de menor importância, será aplicada
b) Ficou configurado o concurso de pessoas, em razão do atenuante genérica.
reconhecimento da prática da mesma infração por todos os c) Ao concorrente que quis participar de crime menos grave,
agentes. será aplicada a mesma pena do concorrente, diminuída, no
c) Caso Romero apenas tivesse estimulado Fausto ao come- entanto, de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço).
timento do crime, não haveria concurso de pessoas, pois d) As circunstâncias e as condições de caráter pessoal,
não há o que se falar em concorrência, quando uma pessoa mesmo quando elementares do crime, são incomunicáveis
comente uma conduta atípica e a outra, comete conduta tí- aos coautores.
pica, embora concorram para o mesmo resultado. e) O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio são
d) Maria não poderá responder pelo concurso de pessoas, puníveis ainda que o crime não chegue a ser tentado.
uma vez que Maria apenas deixou a porta da casa aberta
para Fausto, e este foi quem subtraiu os bens juntamente
com Romero. 06. (2018 – FCC – ALESE - Analista Legislativo - Apoio Jurí-
dico) Hamilton resolve chamar um táxi pelo aplicativo do
e) No caso, não há o que se falar em concurso de agentes, celular a fim de conduzi-lo até determinado endereço.
uma vez que não houve prévio ajuste entre os mesmos. Afi- Após ingressar no veículo, Hamilton recebe uma ligação
nal, Fausto e Romero nem se conheciam. em seu telefone, ocasião em que diz a pessoa que está
do outro lado da linha que está se dirigindo até o ende-
03. (2018 – VUNESP - PC-SP - Investigador de Polícia) No reço do amante de sua esposa a fim de matá-lo. O mo-
que diz respeito ao concurso de pessoas e às expressas torista do táxi, mesmo após ouvir a conversa de seu pas-
regras do CP (arts. 29 a 31), sageiro, o conduz até seu destino. No dia seguinte, o mo-
torista toma conhecimento pelo noticiário televisivo de
que Hamilton realmente matou o amante de sua mulher.
a) não se comunicam as circunstâncias e as condições de Diante do caso hipotético, o taxista
caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
b) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide
a) responderá pelo crime de homicídio doloso como partí-
nas penas a este cominadas, na medida de sua punibilidade.
cipe.
c) aplica-se a mesma pena a todos os coautores, ainda que
b) responderá pelo crime de homicídio doloso como coautor.
a participação seja de menor importância.
c) responderá pelo crime de homicídio culposo.
d) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide
nas penas a este cominadas, na medida de sua voluntarie- d) responderá pelo crime de favorecimento pessoal.
dade. e) não responderá por nenhum crime.
e) mesmo que o crime sequer seja tentado, o ajuste, a de-
terminação ou a instigação e o auxílio sempre são puníveis. 07. (2018 – FCC – ALESE - Analista Legislativo - Processo
Legislativo) É certo que um crime pode ser praticado por
04. (2018 – VUNESP - PC-SP - Escrivão de Polícia) A res- uma ou mais pessoas. Quando isso acontece, está-se di-
peito do concurso de pessoas, é correto afirmar que ante da hipótese de concurso de pessoas, também co-
nhecido como concurso de agentes. Nesse caso,

a) Mévio e Caio, pelo ajuste da prática de furto à residência


de Tício, uma vez descoberto o plano, serão punidos, ainda a) ainda que algum dos concorrentes tenha querido partici-
que o crime não chegue a ser tentado. par de crime menos grave, ser-lhe-á, obrigatoriamente,
aplicada a pena idêntica do crime praticado pelo seu com-
b) Mévio e Caio, tendo furtado a residência dos pais de Caio,
parsa, ante a adoção pelo Código Penal da teoria monista.
são isentos de pena, aplicando-se a ambos o perdão legal
que exime de pena os crimes patrimoniais, cometidos sem b) em hipótese alguma se comunicam as circunstâncias e as
violência, em detrimento de ascendentes. condições de caráter pessoal na coautoria.
c) Mévio, tendo ajustado com Caio apenas a prática de furto c) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio são
à residência de Tício, responderá pelos demais crimes even- sempre puníveis, ainda que o crime não venha a ser ten-
tualmente praticados por Caio, ainda que não previsíveis. tado.
d) Caio, empresário, ciente da condição de funcionário pú- d) os crimes plurissubjetivos não admitem a coautoria e a
blico de Mévio, tendo o auxiliado na prática de peculato- participação.
furto, não responderá pelo crime funcional, já que a e) se a participação for de menor importância, a pena pode
ser diminuída de um sexto a um terço.

51
aumentada até o dobro, na hipótese de ter sido previsível o
08. (2017 – CONSULPLAN - TRE-RJ - Analista Judiciário - resultado mais grave.
Área Administrativa) Quando dois agentes, embora con- d) Não se comunicam as circunstâncias e as condições de
vergindo suas condutas para a prática de determinado caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
fato criminoso, não atuam unidos pelo liame subjetivo, e) O ajuste, a determinação, a sedição ou instigação e o
tem-se autoria auxílio ou cooperação material não são puníveis, se o crime
não chega, pelo menos, a ser executado.
a) incerta.
b) colateral. 12. (2017 – IBFC - POLÍCIA CIENTÍFICA-PR - Odontolegista)
c) sucessiva Considere as regras básicas aplicáveis ao Direito Penal e
ao Direito Processual Penal para assinalar a alternativa
d) desconhecida.
correta sobre a figura legal ligada à noção de que quem,
de qualquer modo, concorre para o crime incide nas pe-
09. (2017 – FCC - PC-AP - Agente de Polícia) Mário e Mauro nas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
combinam a prática de um crime de furto a uma residên-
cia. Contudo, sem que Mário saiba, Mauro arma-se de um
a) Concurso de crimes
revólver devidamente municiado. Ambos, então, ingres-
sam na residência escolhida para subtrair os bens ali b) Concurso de pessoas
existentes. Enquanto Mário separava os objetos para c) Crime continuado
subtração, Mauro é surpreendido com a presença de um d) Crime formal
dos moradores que, ao reagir à ação criminosa, acaba
e) Crime consumado
sendo morto por Mauro. Nesta hipótese

13. (2017 – NUCEPE - SEJUS-PI - Agente Penitenciário) Em


a) Mário e Mauro responderão pela prática de latrocínio.
relação ao direito penal, quanto ao concurso de pessoas
b) Mário e Mauro responderão pela prática de furto. é CORRETO afirmar:
c) Mário responderá pela prática de furto simples e Mauro
responderá pela prática de furto qualificado.
a) Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide
d) Mário responderá apenas pelo furto e Mauro responderá nas penas a este cominadas, não havendo distinção em ra-
pela prática dos crimes de porte ilegal de arma de fogo, furto zão da maior ou menor culpabilidade.
e homicídio.
b) Se a participação for de menor importância, a pena pode
e) Mário responderá pela prática de furto e Mauro pelo crime ser diminuída de 1/5 (um quinto) a 1/2 (metade).
de latrocínio.
c) Se algum dos concorrentes quis participar de crime me-
nos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será
10. (2017 – CESPE - SERES-PE - Agente de Segurança Pe- aumentada até a 1/3 (um terço), na hipótese de ter sido
nitenciária) No que diz respeito a concurso de pessoas, previsível o resultado mais grave.
assinale a opção correta de acordo com a doutrina e a d) Não se comunicam as circunstâncias e as condições de
jurisprudência dos tribunais superiores. caráter pessoal, mesmo que elementares do crime.
e) O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo
a) A cooperação dolosamente distinta não permite a aplica- disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o
ção diferenciada de penas para aqueles que participam do crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
crime.
b) Só o servidor público pratica peculato, não podendo res- 14. (2016 – CESPE - PC-PE - Agente de Polícia) Roberto,
ponder pelo crime o partícipe que não tenha a mesma con- Pedro e Lucas planejaram furtar uma relojoaria. Para a con-
dição pessoal. secução desse objetivo, eles passaram a vigiar a movimen-
c) É absolutamente impossível o concurso de pessoas nos tação da loja durante algumas noites. Quando perceberam
crimes culposos. que o lugar era habitado pela proprietária, uma senhora de
d) Na sentença condenatória, o juiz deve sempre aplicar pe- setenta anos de idade, que dormia, quase todos os dias, em
nas iguais para o autor, o coautor e o partícipe. um quarto nos fundos do estabelecimento, eles desistiram
de seu plano. Certa noite depois dessa desistência, sem a
e) O crime de rixa, por ser plurissubjetivo, só se realiza com
ajuda de Roberto, quando passavam pela frente da loja, Pe-
a participação de três ou mais pessoas.
dro e Lucas perceberam que a proprietária não estava pre-
sente e decidiram, naquele momento, realizar o furto. Pedro
11. (2017 – VUNESP - Prefeitura de Porto Ferreira – SP - ficou apenas vigiando de longe as imediações, e Lucas en-
Procurador Jurídico) Sobre o concurso de pessoas, assi- trou na relojoaria com uma sacola, quebrou a máquina re-
nale a alternativa correta. gistradora, pegou o dinheiro ali depositado e alguns reló-
gios, saiu em seguida, encontrou-se com Pedro e deu-lhe
10% dos valores que conseguiu subtrair da loja.
a) Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide
nas penas a este cominadas, na medida de sua personali- Na situação hipotética,
dade.
b) Se a participação for de maior importância, a pena pode a) Pedro e Lucas serão responsabilizados pelo mesmo tipo
ser majorada de um sexto a um terço. penal e terão necessariamente a mesma pena.
c) Se algum dos concorrentes quis participar de crime me- b) o direito penal brasileiro não distingue autor e partícipe.
nos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será

52
c) Pedro, partícipe, terá pena mais grave que a de Lucas, pagamento de serviços fictícios de empresa particular
autor do crime. pertencente a Fraudelina. Atendendo ao prévio ajuste, os
d) Roberto será considerado partícipe e, por isso, poderá ser valores foram repartidos entre ambas. Segundo as dis-
punido em concurso de pessoas pelo crime praticado. posições aplicáveis ao concurso de pessoas, é correto
afirmar:
e) se a atuação de Pedro for tipificada como participação de
menor importância, a pena dele poderá ser diminuída.
a) Tícia responderá por peculato e Fraudelina responderá
por corrupção ativa, pois as circunstâncias e as condições
15. (2016 – CESPE - TRE-PI - Analista Judiciário - Judiciária)
de caráter pessoal não se comunicam.
A respeito do concurso de pessoas, assinale a opção cor-
reta. b) Tícia responderá por peculato e Fraudelina responderá
por estelionato, pois as circunstâncias e as condições de ca-
ráter pessoal não se comunicam.
a) As circunstâncias objetivas se comunicam, mesmo que o
c) Ticia e Fraudelina responderão, respectivamente, por cor-
partícipe delas não tenha conhecimento.
rupção passiva e corrupção ativa.
b) Em se tratando de peculato, crime próprio de funcionário
d) Tícia e Fraudelina responderão por peculato.
público, não é possível a coautoria de um particular, dada a
absoluta incomunicabilidade da circunstância elementar do
crime. 19. (2015 – VUNESP - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de
c) A determinação, o ajuste ou instigação e o auxílio não são 1a Classe) No que diz respeito ao concurso de pessoas,
puníveis. segundo as disposições previstas no Código Penal, é cor-
reto afirmar que
d) Tratando-se de crimes contra a vida, se a participação for
de menor importância, a pena aplicada poderá ser diminuída
de um sexto a um terço. a) não se comunicam as circunstâncias e as condições de
e) No caso de um dos concorrentes optar por participar de caráter pessoal, mesmo quando elementares do crime.
crime menos grave, a ele será aplicada a pena referente a b) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide
este crime, que deverá ser aumentada mesmo na hipótese nas penas a este cominadas, independentemente se quis
de não ter sido previsível o resultado mais grave. participar de crime menos grave
c) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo
16. (2015 – FUNCAB - PC-AC - Perito Criminal) Clécius Al- disposição expressa em contrário, não são p uníveis, se o
meida induz o adolescente Carlos Sátiro, de dezessete crime, apesar de iniciada a execução, não chega a ser con-
anos de idade, a praticar o delito de roubo tendo como sumado.
vítima a senhora Sandra Costa. Para convencer Carlos, d) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide
Clécius lhe disse ser conhecido da vítima, por isto não nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabili-
poderia participar diretamente do crime, contudo perma- dade.
neceria por perto, sem ser visto, e lhe daria cobertura no e) se algum dos concorrentes quis participar de crime menos
caso de um eventual problema. Diante disto, Carlos grave, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
acaba por roubar o relógio e o dinheiro da senhora San-
dra. No caso proposto, Clécius responde pelo resultado
na condição de: 20. (2015 – FGV - TCE-RJ - Auditor Substituto) Sobre o
tema concurso de agentes, é correto afirmar que:

a) autor mediato.
a) em regra, aquele que instiga terceira pessoa à prática de
b) partícipe material.
um crime, por este responde, ainda que o instigado não te-
c) partícipe moral. nha iniciado a execução do delito;
d) coautor. b) não se comunicam as circunstâncias e as condições de
e) coator moral. caráter pessoal, mesmo quando elementares do crime;
c) na teoria da acessoriedade limitada, somente haverá a
17. (2015 - DPE-PE - DPE-PE - Estagiário de Direito) Partí- punição do partícipe se o autor houver praticado uma con-
cipe de um crime é o sujeito que: duta que seja típica, ilícita e culpável;
d) se um dos concorrentes quis participar de crime menos
grave, a pena deste lhe será aplicada, com o aumento de
a) pratica a conduta descrita no tipo penal, juntamente com
metade na hipótese de ter sido previsível o resultado mais
seu comparsa.
grave;
b) executa o comportamento que a lei define como crime.
e) não se exige homogeneidade de elemento subjetivo no
c) auxilia autor de crime a subtrair-se à ação de autoridade concurso de pessoas, admitindo-se participação culposa em
pública. crime doloso.
d) induz, instiga ou auxilia na prática do crime, embora não
pratique conduta típica.
GABARITO
e) pratica a conduta descrita no tipo penal em legítima de-
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
fesa
B B A E A E E B E E
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
18. (2015 – CONSULPLAN - TJ-MG - Titular de Serviços de D B E E D A D D D D
Notas e de Registro) Tícia, na qualidade de ordenadora de
despesas de órgão público, emitiu cheques para

53
8. DAS PENAS c) aberto: a pena privativa de liberdade é executada
em casa de albergado ou estabelecimento adequado.

Fixação do regime inicial de cumprimento da


SEÇÃO I pena privativa de liberdade: A leitura do art. 33, §§ 2º e
DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE 3º, do CP revela que três fatores são decisivos na escolha
do regime inicial de cumprimento da pena privativa de liber-
Reclusão e detenção dade: reincidência, quantidade da pena aplicada e cir-
cunstâncias judiciais. É o juiz sentenciante quem fixa o
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime inicial de cumprimento da pena privativa de liber-
regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em dade (art. 59, III, do CP).
regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de
transferência a regime fechado. (Redação dada pela Lei nº Pena de reclusão - A pena de reclusão deve ser
7.209, de 11.7.1984) cumprida inicialmente em regime fechado, semiaberto ou
aberto (art. 33, caput, 1ª parte, do CP). Os critérios para a
determinação do regime são os seguintes, a teor das alíneas
§ 1º - Considera-se:
“a”, “b” e “c” do § 2º do art. 33 do CP:

a) regime fechado a execução da pena em a) o reincidente inicia o cumprimento da pena priva-


estabelecimento de segurança máxima ou média; tiva de liberdade no regime fechado, independentemente da
quantidade da pena aplicada.
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar; b) o primário, cuja pena seja superior a 8 (oito) anos
deverá começar a cumpri-la no regime fechado;
c) regime aberto a execução da pena em casa de
albergado ou estabelecimento adequado. c) o primário, cuja pena seja superior a 4 (quatro)
anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio,
cumpri-la em regime semiaberto; e
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser
executadas em forma progressiva, segundo o mérito do d) o primário, cuja pena seja igual ou inferior a 4
condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas (quatro) anos poderá, desde o início, cumpri-la em regime
as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: aberto.

a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá ATENÇÃO!  Súmula 269 do STJ: “É admissível a
começar a cumpri-la em regime fechado; adoção do regime prisional semiaberto aos reinciden-
tes condenados a pena igual ou inferior a 4 (quatro)
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja anos se favoráveis as circunstâncias judiciais”.
superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá,
desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto; Pena de detenção: A pena de detenção deve ser
cumprida inicialmente em regime semiaberto ou aberto (art.
33, caput, in fine, do CP).
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual
ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-
ATENÇÃO! Não se admite o início de cumprimento da
la em regime aberto.
pena de detenção no fechado, nada obstante seja possível
a regressão a esse regime.
§ 3º - A determinação do regime inicial de
cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios Os critérios para fixação do regime inicial de cumpri-
previstos no art. 59 deste Código. mento da pena de detenção são os seguintes:

§ 4o O condenado por crime contra a administração a) o condenado reincidente inicia o cumprimento da


pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena privativa de liberdade no regime semiaberto, seja qual
pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à for a quantidade da pena aplicada;
devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos
legais. (Incluído pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) b) o primário, cuja pena seja superior a 4 (quatro)
anos, deverá cumpri-la no regime semiaberto; e

Regimes penitenciários: Regime ou sistema peni- c) o primário, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (qua-
tenciário é o meio pelo qual se efetiva o cumprimento da tro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la no regime
pena privativa de liberdade. O art. 33, § 1º, do CP elenca aberto.
três regimes:
ATENÇÃO! Prisão simples - Em se tratando de con-
a) fechado: a pena privativa de liberdade é execu- travenções penais punidas com prisão simples inexiste pre-
tada em estabelecimento de segurança máxima ou média; visão de regime prisional fechado, independentemente de
ser o condenado reincidente ou não, pois o artigo 6° da LCP
b) semiaberto: a pena privativa de liberdade é exe- é expresso no sentido de que a pena de prisão simples deve
cutada em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento si- ser cumprida em regime semiaberto ou aberto.
milar; e

54
 Nem sequer pela regressão pode o agente, conde- da execução (art. 34,caput, do CP e art. 8º, caput, da LEP),
nado pela prática de contravenção penal, cumprir pena no a ser realizado pela Comissão Técnica de Classificação, com
regime mais rigoroso. vistas a definir o programa individualizador da pena priva-
tiva de liberdade adequada ao condenado (art. 6.º da LEP).
Crimes contra a Administração Pública: Nos cri-
mes contra a Administração Pública, a progressão está con- Trabalho diurno e isolamento noturno: O conde-
dicionada ao requisito especial de reparação do dano cau- nado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento
sado ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os durante o repouso noturno. É o que se convencionou chamar
acréscimos legais (art. 33, § 4.º, do CP). de “período de silêncio”. Na atribuição do trabalho deve-
rão ser levadas em conta a habilitação, a condição pessoal
e as necessidades futuras do preso, bem como as oportuni-
PENA REGIME INICIAL dades oferecidas pelo mercado, bem assim a compatibili-
dade com a execução da pena.
Reclusão Fechado Semiaberto Aberto

Detenção Semiaberto Semiaberto Aberto  Esse trabalho é obrigatório (art. 31, caput, da LEP).
Exceções: O condenado por crime político não está obrigado
Prisão simples Semiaberto Semiaberto Aberto a trabalhar (art. 200 da LEP), assim como o preso provisório
(art. 31, parágrafo único da LEP).
PROGRESSÃO DE REGIME - CRIMES COMUNS – CUMPRI-
MENTO DE PENA
 O trabalho, interno ou externo, não está sujeito ao
regime de Consolidação das Leis do Trabalho (art. 28, § 2°,
16% Primário e crime sem violência à pessoa ou grave ame-
aça da LEP), mas será remunerado, com as garantias da Previ-
20% Reincidente em crime cometido sem violência à pessoa dência Social.
ou grave ameaça
25% Primário e crime com violência à pessoa ou grave ame- Trabalho externo: É admissível o trabalho ex-
aça terno, desde que em serviços ou obras públicas (art. 34, §
30% Reincidente em crime cometido com violência à pessoa 3º, do CP). E, nos moldes do art. 36, caput, da LEP, “o tra-
ou grave ameaça balho externo será admissível para os presos em regime fe-
chado somente em serviço ou obras públicas realizadas por
órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades
PROGRESSÃO DE REGIME - CRIMES HEDIONDOS – CUM- privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em
PRIMENTO DE PENA favor da disciplina”.
40% Primário e crime hediondo ou equiparado
a) Primário e crime hediondo ou equiparado, com resul- ATENÇÃO! É admissível o trabalho externo do con-
tado morte, vedado o livramento condicional; denado pela prática de crime hediondo ou equiparado,
b) Exercer comando, individual ou coletivo, de organiza- pois não há restrições legais.
50% ção criminosa estruturada para a prática de crime hedi-
ondo ou equiparado; IMPORTANTE! Recusa ao trabalho: A recusa injus-
c) Crime de constituição de milícia privada. (*Não hedi-
tificada do preso à execução do trabalho caracteriza falta
ondo)
grave (art. 50, IV, c/c o art. 39, V, ambos da LEP), acarre-
60% Reincidente em crime hediondo ou equiparado
tando na impossibilidade de obter a progressão de regime
Reincidente em crime hediondo ou equiparado com re-
70% prisional ou o livramento condicional.
sultado morte, vedado o livramento condicional

Regras do regime semi-aberto

Regras do regime fechado Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código,


caput, ao condenado que inicie o cumprimento da pena em
regime semi-aberto. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
Art. 34 - O condenado será submetido, no início do
11.7.1984)
cumprimento da pena, a exame criminológico de
classificação para individualização da execução. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum
durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período
diurno e a isolamento durante o repouso noturno.
§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a
freqüência a cursos supletivos profissionalizantes, de
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do
instrução de segundo grau ou superior.
estabelecimento, na conformidade das aptidões ou
ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis
com a execução da pena. O regime semiaberto (intermediário) será cumprido
em colônia agrícola, industrial ou similar, podendo o ape-
nado ser alojado em compartimento coletivo, desde que
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime atendidas as condições adequadas à existência humana pre-
fechado, em serviços ou obras públicas. vistas para as celas individuais próprias do regime fechado.

Exame criminológico: No início do cumprimento da O trabalho será comum durante o período diurno, re-
pena o condenado será obrigatoriamente submetido a alizando-se dentro do estabelecimento, com a possibilidade
exame criminológico de classificação para individualização de ser realizado no ambiente externo, inclusive na iniciativa

55
privada (a jurisprudência tem exigido prévia autorização ju-
dicial). Assim como no regime fechado, o trabalho externo Regressão de regime - O § 2º do art. 36 prevê
deve ser efetuado sob vigilância. hipóteses de regressão de regime ao condenado que inicia
o cumprimento da pena no regime aberto e pratica fato de-
 Não há previsão para o isolamento durante o perí- finido como crime doloso ou falta grave, frustra o objetivo
odo do repouso noturno. da execução ou sofre condenação por crime anterior, cuja
pena, somada ao restante da que está sendo executada,
Admite-se, mesmo fora do estabelecimento prisional, torne incabível o regime.
a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de ins-
trução de segundo grau ou superior (art. 35, § 2º, CP).  A falta de pagamento da pena de multa aplicada
cumulativamente não pode mais ser motivo à regressão de
regime, posto que a inadimplência da pena de multa que é
Regras do regime aberto
cominada isoladamente também não autoriza mais tal re-
gressão (art. 51, CP). O STJ já julgou que a via correta para
Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina cobrar pena de multa aplicada em sentença condenatória é
e senso de responsabilidade do condenado. (Redação dada mediante ajuizamento de execução fiscal através da Fa-
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) zenda Pública, e não em sede de execução penal.

§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e Súmula 493 do STJ: “É inadmissível a fixação de


sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição es-
atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o pecial ao regime aberto”.
período noturno e nos dias de folga.
Súmula Vinculante 56 (STF) - A falta de estabele-
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, cimento penal adequado não autoriza a manutenção
se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os do condenado em regime prisional mais gravoso, de-
fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa vendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fi-
cumulativamente aplicada. xado no RE 641.320/RS.

O regime aberto (menos rigoroso) se baseia na auto- Os parâmetros da Súmula 56 do STF são: (I) a saída
disciplina e senso de responsabilidade do condenado (art. antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas;
36 do CP). Com efeito, o condenado deverá, fora do estabe- (II) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado
lecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por
exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido falta de vagas; (III) o cumprimento de penas restritivas de
durante o período noturno e nos dias de folga (art. 36, § 1º, direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime
CP). aberto. (STF, RE 641.320/RS, DJ 1º/08/2016).

O recolhimento dar-se-á, no estabelecimento denomi- Regime especial


nado Casa de Albergado, prédio que deverá se situar em
centro urbano, separado dos demais estabelecimentos e ca- Art. 37 - As mulheres cumprem pena em
racterizar-se pela ausência de obstáculos físicos contra a estabelecimento próprio, observando-se os deveres e
fuga. Deverá conter, além dos aposentos para acomodar os direitos inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que
presos, local adequado para cursos e palestras (arts. 94 e couber, o disposto neste Capítulo. (Redação dada pela Lei
95 da LEP). nº 7.209, de 11.7.1984)

IMPORTANTE! A legislação prevê, ainda, duas ou-


Os estabelecimentos penais destinados a mulheres
tras possibilidades para o cumprimento do regime aberto:
deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo feminino
1ª) na falta de Casa do Albergado, estabelecimento ade-
na segurança de suas dependências internas (art. 83, § 3.º,
quado (art. 33, § 1º, do CP); 2ª) conforme as condições
da LEP). Essa regra coaduna-se com o art. 5º, XLVIII, da
pessoais do reeducando, prisão domiciliar (art. 117, LEP).
CF. Na mesma direção, estabelece o art. 82, § 1º, da LEP
que “a mulher e o maior de 60 (sessenta) anos, separada-
 A prisão domiciliar, portanto, pode ser considerada
mente, serão recolhidos a estabelecimento próprio e ade-
espécie do gênero regime aberto, cabível quando o conde-
quado à sua condição pessoal”.
nado tem mais de 70 (setenta) anos, é portador de doença
grave, tem filho deficiente físico ou mental que dele dependa
 Assegura também a Lei Suprema, em seu art. 5º,
efetivamente, ou no caso de reeducanda gestante.
L, que “às presidiárias serão asseguradas condições para
que possam permanecer com seus filhos durante o período
Prisão domiciliar e monitoração eletrônica: O
de amamentação”. E dispõe o art. 89 da LEP: “(...) a peni-
art. 146-B, IV, da LEP, admite a fiscalização por meio da
tenciária de mulheres poderá ser dotada de seção para ges-
monitoração eletrônica quando o juiz determinar a prisão
tante e parturiente e de creche com a finalidade de assistir
domiciliar.
ao menor desamparado cuja responsável esteja presa”.
ATENÇÃO! Somente poderá ingressar no regime
aberto o condenado que estiver trabalhando ou comprovar Direitos do preso
a possibilidade de fazê-lo imediatamente, e apresentar, pe-
los seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não
foi submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, com atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as
autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo regime autoridades o respeito à sua integridade física e moral.
(arts. 113 e 114 da LEP). (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

56
revogação e transferência dos regimes e estabelecerá as
A Constituição Federal, no seu art. 5°, XLIX, assegura infrações disciplinares e correspondentes sanções. (Redação
ao condenado respeito à sua integridade física e moral. Já o dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
art. 3º da LEP garante ao condenado e ao internado todos
os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. No en- Os artigos 38 e 39 tratam do trabalho e dos direitos
tanto, como efeito constitucional-penal obrigatório, o con- do preso. Além das regras previstas no Código Penal, o art.
denado fica com seus direitos políticos suspensos enquanto 40 refere-se a lei especial sobre a execução da pena. Trata-
perdurarem os efeitos da condenação criminal irrecorrível se da Lei 7.210/1984 – Lei de Execução Penal.
(art. 15, III, CF/88).
Superveniência de doença mental
É precisamente no capítulo IV da LEP, arts. 38 a 43,
que o legislador traçou verdadeiro estatuto jurídico do preso
(definitivo ou provisório), elencando, de maneira minuciosa, Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença
os seus deveres (rol exaustivo) e direitos (rol exemplifica- mental deve ser recolhido a hospital de custódia e
tivo), tudo visando a boa convivência entre as partes pro- tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento
cessuais, bem como entre os habitantes do sistema prisio- adequado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
nal.
No mesmo sentido, dispõe o art. 108 da LEP que “o
REGIME DOS CRIMES APENADOS COM RECLUSÃO condenado a quem sobrevier doença mental será internado
Pena Pena Pena igual ou em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico”.
acima superior a 4 inferior a 4
de 8 e não anos Tal situação não se confunde com aquela descrita no
anos superior a 8
art. 26 do CP, que se destina aos inimputáveis no momento
anos
do cometimento da infração penal, isentos de pena, a quem
REINCIDENTE Fechado Fechado Fechado ou
semiaberto (se será aplicada medida de segurança (absolvição imprópria).
favoráveis as
circunstâncias) A superveniência de doença mental ao acusado tam-
PRIMÁRIO Fechado Semiaberto Aberto bém pode levar à conversão da pena em medida de segu-
rança (art. 41 do CP e art. 183 da LEP). Tal conversão pode
REGIME DOS CRIMES APENADOS COM DETENÇÃO se dar de ofício pelo juiz ou a requerimento do Ministério
Pena Pena Pena igual Público, mas diferentemente daquela imposta aos inimputá-
acima de 8 superior a 4 ou inferior a veis, esta não poderá ser por tempo indeterminado, de-
anos e não 4 anos vendo ser respeitado o montante da sua pena.
superior a 8
anos
REINCIDENTE Semiaberto Semiaberto Semiaberto Detração
PRIMÁRIO Semiaberto Semiaberto Aberto
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade
e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no
Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de
Trabalho do preso internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no
artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, 11.7.1984)
sendo-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Detração penal: Detração penal é o desconto, na
pena privativa de liberdade ou na medida de segurança, do
O trabalho carcerário é, ao mesmo tempo, um dever tempo de prisão provisória ou de internação já cumprido
(art. 39 da LEP) e um direito (art. 41 da LEP) do reeducando. pelo condenado, evitando o bis in idem na execução da pena
Dever no sentido de que o preso tem a obrigação de contri- privativa de liberdade.
buir com o Estado para sua ressocialização; direito porque
a cada três dias trabalhados há o resgate de um dia de cum- Na expressão “prisão provisória” compreende-se toda
primento de pena (remição - art. 126, § 1º, II, LEP). e qualquer prisão cautelar e processual (prisão em flagrante,
prisão temporária e prisão preventiva), ou seja, não decor-
Remição pelo trabalho: A remição consiste no des- rente de pena, consistente na privação da liberdade antes
conto de 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho, do trânsito em julgado da condenação.
exclusivamente em favor do preso que cumpre pena no re-
gime fechado ou semiaberto (art. 126, § 1º, II, da LEP). O Detração penal e penas restritivas de direitos -
instituto não pode ser aplicado ao condenado que cumpre A doutrina moderna, através da interpretação analógica, ad-
pena no regime aberto. mite a detração não apenas na pena privativa de liberdade
e na medida de segurança, mas também nas penas restriti-
ATENÇÃO! O trabalho do preso não está sujeito à le- vas de direitos, como limitação de fim de semana e presta-
gislação trabalhista. ção de serviços à comunidade.

Detração penal e pena de multa: Não se admite a


Legislação especial detração penal no campo da pena de multa, diante da ve-
dação legal da conversão desta última em pena privativa de
Art. 40 - A legislação especial regulará a matéria liberdade. Ademais, o art. 42 do CP excluiu a incidência do
prevista nos arts. 38 e 39 deste Código, bem como instituto para a sanção pecuniária. Finalmente, a pena pri-
especificará os deveres e direitos do preso, os critérios para vativa de liberdade e a pena pecuniária têm finalidades

57
diferentes e não há um critério legal capaz de expressar em circunstâncias indicarem que essa substituição seja
dias-multa o tempo de prisão provisória. suficiente.

Prisão administrativa: destinava-se a forçar o de- § 1o (VETADO)


vedor a cumprir sua obrigação. Nos termos da Súmula 280,
do STJ, "o art. 35 do Decreto-Lei n° 7.661, de 1945, que
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a
estabelece a prisão administrativa, foi revogado pelos inci-
substituição pode ser feita por multa ou por uma pena
sos LXI e LXVII do art. 5° da Constituição Federal de 1988".
restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa
de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de
SEÇÃO II direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá
Penas restritivas de direitos aplicar a substituição, desde que, em face de condenação
anterior, a medida seja socialmente recomendável e a
Art. 43. As penas restritivas de direitos são: (Redação reincidência não se tenha operado em virtude da prática do
dada pela Lei nº 9.714, de 1998) mesmo crime.

I - prestação pecuniária; § 4o A pena restritiva de direitos converte-se em


privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento
injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena
II - perda de bens e valores;
privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo
cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo
III - VETADO mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.

IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades § 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de


públicas liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá
sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for
V - interdição temporária de direitos; possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.

VI - limitação de fim de semana. Substituição da pena privativa de liberdade pela


pena restritiva de direitos: A substituição da pena priva-
Conceito: As penas restritivas de direitos são tam- tiva de liberdade está condicionada ao atendimento de di-
bém chamadas de “penas alternativas”, pois têm o propósito versos requisitos indicados nos incs. I a III do art. 44 do CP,
de evitar a desnecessária imposição da pena privativa de de duas ordens: objetivos e subjetivos. Tais requisitos de-
liberdade nas situações expressamente indicadas em lei, re- vem ser rigorosamente analisados, pois não há direito sub-
lativas a indivíduos dotados de condições pessoais favorá- jetivo à substituição da pena privativa de liberdade por res-
veis e envolvidos na prática de infrações penais de reduzida tritiva de direitos.
gravidade. Busca-se a fuga da pena privativa de liberdade,
reservada exclusivamente para situações excepcionais, apli- 1) REQUISITOS OBJETIVOS: Dizem respeito à:
cando-se em seu lugar a restrição de um ou mais direitos do natureza do crime e à quantidade da pena aplicada:
condenado.
a) Natureza do crime: Em se tratando de CRIME
CLASSIFICAÇÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO: DOLOSO, deve ter sido cometido sem violência ou grave
SEÇÃO II - ART. 43 A 48 ameaça à pessoa. Na hipótese de CRIMES CULPOSOS, en-
Reais Pessoais tende-se ser possível a substituição em todos eles, ainda
Prestação pecuniária art. Prestação de serviços à que resulte na produção de violência contra a pessoa, tal
45, § 1º; comunidade - art. 46 como no homicídio culposo, tanto do CP (art. 121, § 3.º)
Perda de bens e valores art. Interdição temporária de direitos como do Código de Trânsito Brasileiro (art. 302).
45, § 2º. - art. 47
limitação de fins de semana - art. b) Quantidade da pena aplicada: Preocupou-se o
48 legislador com a pena efetivamente aplicada na situação
concreta, independentemente daquela cominada em abs-
trato pelo preceito secundário do tipo penal. Nos CRIMES
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas
DOLOSOS, desde que não tenham sido cometidos com em-
e substituem as privativas de liberdade, quando: (Redação
prego de violência ou grave ameaça à pessoa, o limite é de
dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
4 (quatro) anos. Em relação aos CRIMES CULPOSOS, é pos-
sível a substituição por pena restritiva de direitos, qualquer
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a que seja a quantidade de pena privativa de liberdade im-
quatro anos e o crime não for cometido com violência ou posta.
grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena
aplicada, se o crime for culposo; 2. REQUISITOS SUBJETIVOS: Referem-se à pessoa
do condenado, seja ele nacional ou estrangeiro, residente
II – o réu não for reincidente em crime doloso; ou não no Brasil:

III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social a) Não ser reincidente em crime doloso (art. 44,
e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as II, do CP): Conclui-se, indiretamente, não ser a reincidên-
cia em crime culposo impeditiva da substituição da pena

58
privativa de liberdade por restritiva de direitos. E, mesmo § 3o A perda de bens e valores pertencentes aos
para o reincidente em crime doloso, abre-se uma exceção. condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em
Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a subs- favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá
tituição, desde que, em face de condenação anterior, a me- como teto – o que for maior – o montante do prejuízo
dida seja socialmente recomendável e a reincidência não se causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro,
tenha operado em virtude da prática do mesmo crime (art. em conseqüência da prática do crime.
44, § 3º, do CP).
§ 4o (VETADO)
b) Princípio da suficiência: De acordo com o art.
44, III, do CP, a pena restritiva de direitos precisa ser ade-
Prestação pecuniária: Cuida-se de pena restritiva
quada e suficiente para atingir as suas finalidades. Em ou-
de direitos criada pela Lei 9.714/1998 e disciplinada pelos
tras palavras, tanto a retribuição do mal praticado pelo
§§ 1.º e 2.º do dispositivo em análise. Consiste no paga-
crime como a prevenção (geral e especial) de novos crimes,
mento em dinheiro à vítima, a seus dependentes, ou a en-
inerentes à pena privativa de liberdade, devem ser alcança-
tidade pública ou privada com destinação social, de impor-
das com a pena restritiva de direitos. Por consequência, não
tância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo
cabe a substituição quando a pena-base tiver sido fixada
nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários míni-
acima do mínimo legal, em razão do reconhecimento judicial
mos (art. 45, § 1.º, 1ª parte, do CP).
expresso e fundamentado das circunstâncias desfavoráveis,
em face do não atendimento do art. 44, III, do CP.
IMPORTANTE! Irrelevância da aceitação da ví-
tima: Em se tratando de sanção penal, a prestação pecu-
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
niária se reveste de caráter unilateral, impositivo e coge-
Requisitos objetivos Requisitos Subjetivos nte, razão pela qual independe de aceitação da pessoa por
 Não ser o agente Natureza do Quantidade da ela favorecida. O juiz aplica essa pena sem prévia oitiva
reincidente específico em crime pena aplicada
da vítima, de seus dependentes ou de entidade pública ou
crime doloso (e que a
medida seja socialmente privada com destinação social.
recomendável)
 Princípio da suficiência (a  Crimes  Crimes Pagamento: Deve ser efetuado em dinheiro. Mas, se
culpabilidade, os dolosos, deve dolosos, pena houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária
antecedentes, a conduta ter sido privativa de pode consistir em prestação de outra natureza (art. 45, §
social e a personalidade do cometido sem liberdade 2º, do CP). Essa fórmula (“prestação de outra natureza”)
condenado, bem como os violência à aplicada não é excessivamente ampla, tendo sido admitido, na prática,
motivos e as circunstâncias pessoa ou seja superior a 4 o pagamento em pedras preciosas, obras de arte, imóveis,
indicarem a suficiência da grave anos;
automóveis, títulos mobiliários e bens móveis em geral.
medida). ameaça;  Crimes
 Crime culposos,
culposo. qualquer Perda de bens e valores: Cuida-se de pena restri-
quantidade de tiva de direitos que consiste na retirada de bens e valores
pena. integrantes do patrimônio lícito do condenado, transfe-
rindo-os ao Fundo Penitenciário Nacional. Seu valor terá
REGRAS PARA SUBSTITUIÇÃO DA PENA (Art. 44, § 2º, como teto – o que for maior – o montante do prejuízo cau-
CP) sado ou do proveito obtido pelo agente ou por terceiro, em
Condenação A pena poderá ser consequência da prática do crime (art. 45, § 3.º, do CP).
substituída por
Pena igual ou inferior a 1 a) multa ou
Prestação de serviços à comunidade ou a
ano b) 1 pena restritiva de direito.
entidades públicas
Pena superior a 1 ano (até 4 a) 1 pena restritiva de direito +
anos) multa ou
b) 2 penas restritivas de direito. Art. 46. A prestação de serviços à comunidade
ou a entidades públicas é aplicável às condenações
superiores a seis meses de privação da liberdade.
Conversão das penas restritivas de direitos
(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)

Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no


artigo anterior, proceder-se-á na forma deste e dos arts. § 1o A prestação de serviços à comunidade ou a
46, 47 e 48. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) entidades públicas consiste na atribuição de tarefas
gratuitas ao condenado.
§ 1o A prestação pecuniária consiste no
pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou § 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em
a entidade pública ou privada com destinação social, de entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e
importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário outros estabelecimentos congêneres, em programas
mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários comunitários ou estatais.
mínimos. O valor pago será deduzido do montante de
eventual condenação em ação de reparação civil, se § 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas
coincidentes os beneficiários. conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas
à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação,
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de
aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode trabalho.
consistir em prestação de outra natureza.

59
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é Proibição de exercício de cargo, função ou ativi-
facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em dade pública, bem como de mandato eletivo (art. 47,
menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena I): Essa pena restritiva de direitos é específica, uma vez que
privativa de liberdade fixada. somente é aplicável ao crime cometido no exercício de pro-
fissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que hou-
Prestação de serviços à comunidade ou a enti- ver violação dos deveres que lhes são inerentes (art. 56 do
dades públicas: Cuida-se de pena restritiva de direitos CP). Diz respeito à vida pública do condenado, por relacio-
aplicada ao condenado a pena superior a 6 meses de priva- nar-se a cargo, função ou atividade pública, bem como a
ção da liberdade, consistente na atribuição de tarefas gra- mandato eletivo.
tuitas ao condenado, em entidades assistenciais, hospitais,
escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, Proibição do exercício de profissão, atividade ou
em programas comunitários ou estatais. ofício que dependam de habilitação especial, de li-
cença ou autorização do poder público (art. 47, II):
As tarefas somente poderão ser atribuídas respei- Trata-se também de pena restritiva de direitos específica,
tando as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à aplicável exclusivamente ao crime cometido no exercício de
razão de 1 (uma) hora de tarefa por dia de condenação, profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que
fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de tra- houver violação dos deveres que lhes são inerentes (art. 56
balho. do CP). A diferença é que se refere à esfera privada de atu-
ação do condenado, embora dependente de habilitação es-
 A expressão “entidades públicas” deve ser interpre- pecial, de licença ou autorização do poder público, como por
tada em sentido amplo, para englobar tanto as públicas em exemplo, médico, dentista, advogado e engenheiro. O con-
sentido estrito (Administração Pública direta ou indireta), denado é impedido, durante o tempo da pena, de desempe-
como também as privadas com destinação social. nhar a profissão, ofício ou atividade.

IMPORTANTE: Se a pena substituída for maior que Suspensão de autorização ou habilitação para
1 (um) ano, condenado tem a opção de cumprir a pena al- dirigir veículo (art. 47, III): Essa pena aplica-se somente
ternativa em menor tempo, porém não pode ser inferior à aos crimes culposos de trânsito (art. 57 do CP). Como tais
metade da pena privativa de liberdade fixada. crimes encontram-se atualmente previstos em sua maioria
pelo Código de Trânsito Brasileiro – Lei 9.503/1997, esse
ATENÇÃO! A prestação de serviços à comunidade ou dispositivo foi por ele tacitamente revogado. Atualmente, o
a entidades públicas não será remunerada (art. 30 da LEP) juiz somente pode aplicar, com fulcro no art. 47, III, do CP,
e não gerará vínculo empregatício com o Estado (art. 28, § a pena restritiva de direitos de suspensão de autorização
2°, LEP). para dirigir ciclomotores relativamente a crimes culposos de
trânsito com ele praticados.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE OU A ENTIDA-
DES PÚBLICAS Proibição de frequentar determinados lugares
Cabimento Pena privativa de liberdade superior a 6 (art. 47, IV): Trata-se, na verdade, de restrição da liber-
meses (até 4 anos). dade, pois o condenado é atingido diretamente em sua li-
Razão da con- 1 hora de trabalho por 1 dia de pena berdade de locomoção. Cuida-se de pena praticamente inó-
versão cua, de difícil e inexistente fiscalização.
Pena superior a É facultado o cumprimento em menor
1 ano tempo Proibição de inscrever-se em concurso, avalia-
ção ou exame públicos (art. 47, V): Esta modalidade de
pena restritiva – consistente em interdição temporária de
Interdição temporária de direitos (Redação dada direitos – visa impedir a inscrição de condenados em con-
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) cursos, avaliações ou exames públicos durante o cumpri-
mento da sanção penal. Sua aplicação – a critério do magis-
trado – é possível aos condenados em geral, se presentes
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos os requisitos elencados pelo art. 44 do CP. Com efeito, a
são: condenação por diversos delitos recomenda a vedação do
acesso às funções e cargos públicos, pela ausência de lisura
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade e de idoneidade moral do agente, a exemplo do que se dá
pública, bem como de mandato eletivo; no estelionato, nos crimes contra a Administração Pública,
nos crimes da Lei de Licitações – Lei 8.666/1993, entre tan-
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou tos outros.
ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou
autorização do poder público; Limitação de fim de semana

III - suspensão de autorização ou de habilitação para Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na
dirigir veículo. obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5
(cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro
IV – proibição de freqüentar determinados lugares. estabelecimento adequado. (Redação dada pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) 7.209, de 11.7.1984)

V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser
ou exame públicos. (Incluído pela Lei nº 12.550, de 2011) ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas
atividades educativas.

60
E, transitando em julgado a sentença penal condenatória,
Limitação de fim de semana: Essa modalidade de será irretratável o seu valor.
pena é pouco aplicada entre nós, uma vez que no Brasil pra-
ticamente não existem casas de albergado. ATENÇÃO! Se o juiz considerar que, em virtude da
situação econômica do réu, é ineficaz a pena de multa, em-
Casa do albergado - Em consonância com as regras bora aplicada no máximo, poderá aumenta-la até o triplo
definidas pelos arts. 94 e 95 da LEP, o prédio da casa de (art. 60, § 1º, do CP).
albergado deverá situar-se em centro urbano, separado dos
demais estabelecimentos, e caracterizar-se pela ausência de Cálculo da pena de multa (arts. 49 e 60 do CP)
obstáculos físicos contra a fuga. Deverá conter, além dos Etapas Mínimo Máximo
aposentos para acomodar os presos, local adequado para 1ª Fixação dos dias-multa 10 dias 360 dias
cursos e palestras, e instalações para os serviços de fiscali- 2ª Fixação do valor de um dia- 1/30 avos s.m. 5 x s.m.
zação e orientação dos condenados. multa
3ª Critério especial Até 3x (art. 60, § 1º)
ATENÇÃO! Na falta do referido estabelecimento, não
pode o paciente cumprir a pena em presídio, situação mais
Pagamento da multa
gravosa do que a estabelecida na condenação.
SEÇÃO III
DA PENA DE MULTA Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez)
Multa dias depois de transitada em julgado a sentença. A
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o
fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas
calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, mensais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-
multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante
desconto no vencimento ou salário do condenado quando:
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não
podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo a) aplicada isoladamente;
mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco)
vezes esse salário. b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de
direitos;
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da
execução, pelos índices de correção monetária. c) concedida a suspensão condicional da pena.

Multa é a espécie de sanção penal, de cunho patrimo-


§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos
nial, consistente no pagamento de determinado valor em di-
indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família.
nheiro em favor do Fundo Penitenciário Nacional. Em se tra-
tando de pena, deve respeitar os princípios da reserva legal
Pagamento voluntário da multa: O pagamento vo-
e da anterioridade.
luntário ou espontâneo da pena de multa deve ser efetuado
no prazo de 10 (dez) dias depois do trânsito em julgado da
 Fundo Penitenciário: O Fundo Penitenciário Naci-
sentença condenatória, como determina a 1ª parte do caput
onal foi instituído pela LC 79/1994, e constituem-se em seus
do dispositivo em estudo.
recursos as multas decorrentes de sentenças penais conde-
natórias transitadas em julgado.
Pagamento parcelado da multa: A parte final do
art. 50 do CP dispõe que o juiz pode, atendendo a pedido do
Aplicação da pena de multa: A pena de multa se-
condenado, e considerando as circunstâncias do caso, per-
gue um sistema bifásico – sua aplicação deve respeitar duas
mitir o parcelamento do pagamento da pena de multa.
fases distintas e sucessivas:
 A lei não prevê limite ao número de parcelas, re-
1ª fase: O juiz estabelece o número de dias-multa,
servando-se tal tarefa ao juízo da execução.
que varia entre o mínimo de 10 (dez) e o máximo de 360
(trezentos e sessenta). Para encontrar esse número, o ma-
Pagamento mediante desconto da remuneração
gistrado utiliza as circunstâncias judiciais do art. 59, caput,
do condenado: É possível, ainda, seja a cobrança da multa
do CP, bem como eventuais agravantes e atenuantes gené-
efetuada mediante desconto na remuneração do condenado,
ricas, e finalmente as causas de aumento e de diminuição
quando tiver sido aplicada isoladamente, cumulativamente
da pena.
com pena restritiva de direitos, ou então quando tiver sido
concedida a suspensão condicional da pena (art. 50, § 1º,
2ª fase: Já definido o número de dias-multa, cabe
do CP).
agora ao magistrado a fixação do valor de cada dia-multa,
que não pode ser inferior a um trigésimo do maior salário
 O desconto não deve incidir sobre os recursos in-
mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a
dispensáveis ao sustento do condenado e de sua família, e
cinco vezes esse salário (conforme previsto no § 1.º do art.
terá como limites o máximo de um quarto e o mínimo de um
49 do CP). Leva-se em conta a situação econômica do réu,
décimo da remuneração (art. 50, § 2.º, do CP e art. 168, I,
nos termos do art. 60, caput, do CP.
da LEP).
Com tais dados, conclui-se o cálculo da sanção pecu-
niária. Esse método possibilita a perfeita individualização da Conversão da Multa e revogação
pena de multa, na forma exigida pelo art. 5.º, XLVI, da CF.

61
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) A pena de morte para os crimes comuns não pode ser
instituída, ainda que através de Lei formai, uma vez que tal
Art. 51. Transitada em julgado a sentença
iniciativa fere cláusula pétrea da Constituição Federal.
condenatória, a multa será executada perante o juiz da
c) É possível a instituição de pena de trabalhos forçados - a
execução penal e será considerada dívida de valor,
exemplo do que ocorre com a prestação, por condenados,
aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda
de serviços em hospitais ou escolas - em substituição a pe-
Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e
nas restritivas de liberdade.
suspensivas da prescrição. (Redação dada pela Lei nº
d) A Constituição Federal proíbe a instituição de pena per-
13.964, de 2019)
pétua.
e) A pena de banimento é vedada expressamente pela Cons-
Multa como dívida de valor - Ocorrendo a omissão tituição da República.
do condenado durante o prazo legal para pagamento da
multa, deverá ser procedido o pagamento forçado ou coer- 02. (2013 – FEPESE - DPE-SC - Técnico Administrativo) As-
citivo, mediante a execução da pena perante a o JUIZ DA sinale a alternativa correta de acordo com o Direito Penal.
EXECUÇÃO PENAL, sendo vedada a sua conversão para pena
privativa de liberdade. a) Nenhuma pena pode exceder a trinta anos.
b) A pena privativa de liberdade não pode ser fixada em
A Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime), que deu a re- tempo superior a trinta anos.
dação atual ao dispositivo em comento, apenas deslocou a c) A pena de dias-multa não poderá ser superior a trinta
execução para o Juízo da Execução Penal, por conseguinte, anos.
a competência para a promoção é do Ministério Público. d) O tempo de cumprimento das penas privativas de liber-
dade não pode ser superior a trinta anos.
ATENÇÃO: a multa aplicada no Juizado Especial Cri- e) O limite de trinta anos para o cumprimento da pena é
minal, por força do art. 98, I, da CF, impõe a competência considerado de forma individual para cada crime cometido.
deste juízo especial para executar seus próprios julgados.
03. (2010 – FUMARC - CEMIG-TELECOM - Advogado Júnior)
 Embora considerada dívida de valor após o trânsito Assinale a alternativa INCORRETA, no que se refere ao di-
em julgado da sentença condenatória, a multa conserva seu reito penal constitucional:
caráter de pena, consequência do cometimento de infração
penal. Note-se que a multa foi tratada como espécie de pena a) A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
pelo art. 5.º, XLVI, “c”, da CF. graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de en-
torpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
IMPORTANTE! A inadimplência da multa seguida da crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
morte do condenado não estende sua cobrança aos seus executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
herdeiros, em obediência ao princípio da personalidade ou b) Constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
intransmissibilidade da pena, consagrado pelo art. 5º, XLV, grupos armados, civis ou militares, contra a ordem consti-
da CF. tucional e o Estado Democrático.
c) A prática do racismo constitui crime inafiançável e im-
prescritível, sujeito à pena de detenção, nos termos da lei.
Suspensão da execução da multa d) Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, po-
dendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do per-
Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se dimento de bens ser, nos termos da lei, estendida aos su-
sobrevém ao condenado doença mental. (Redação dada pela cessores e contra eles executada, até o limite do valor do
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) patrimônio transferido.
Sobrevindo ao sentenciado (preso ou solto) doença
mental, a execução da multa ficará suspensa até que ele 04. (2010 – FUMARC - CEMIG-TELECOM - Advogado Júnior)
recupere a saúde mental. Contudo, não se prevendo causa Assinale a alternativa INCORRETA, no que se refere ao di-
suspensiva da prescrição, tal prazo (art. 114 do CP) corre reito penal:
mesmo durante a suspensão da execução da pena de
multa. a) A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
outras, as de privação ou restrição da liberdade, perda de
 Com as inovações da Lei 9.268/1996, a execução bens, multa, prestação social alternativa e suspensão ou in-
da pena de multa também será suspensa quando o conde- terdição de direitos.
nado for absolutamente insolvente, uma vez que em sua b) A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de
cobrança devem ser observadas as disposições contidas na acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do ape-
Lei 6.830/1980 – Lei de Execução Fiscal. nado, assegurado aos presos o respeito à integridade física
e moral.
EXERCÍCIOS – DAS PENAS c) Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização,
ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entor-
01. (2012 – IPAD - PC-AC - Agente de Polícia Civil) Sobre
pecentes e drogas afins, na forma da lei.
as penas aplicadas no Direito brasileiro, analise as seguintes
d) Não haverá penas de morte, de caráter perpétuo, de tra-
afirmativas e assinale a alternativa incorreta.
balhos forçados, de banimento ou cruéis, sob nenhum pre-
texto.
a) No caso de o Brasil haver declarado guerra contra outro
Pais, é possível a cominação de pena de morte a brasileiro
05. (2002 - FCC - SEAD-AP - Agente Penitenciário)
nato.
Nos estabelecimentos prisionais, a classificação dos
condenados compete

62
a) à Comissão Diretora de Classificação do Presídio (CDCP). d) reclusão, detenção e prisão simples.
b) ao Conselho Penitenciário (CP). e) fechado, semi-aberto e aberto.
c) ao Conselho de Política e Classificação Penitenciária
(CPCP). 12. (2016 - FUNCAB - SEGEP-MA - Agente Penitenciário)
d) à Comissão Técnica de Classificação (CTC). Sobre progressão e regressão de regime prisional, é correto
e) ao Conselho Disciplinar (CD). afirmar que:

06. (2002 - FCC - SEAD-AP - Agente Penitenciário) a) a regressão de regime pode se dar do regime aberto di-
É competente para decidir sobre a progressão de re- retamente para fechado.
gime prisional o b) a progressão é condicionada unicamente ao cumprimento
de parcela da pena.
a) Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. c) é vedada a existência de exame criminológico para a pro-
b) Promotor de Justiça da execução penal. gressão.
c) Juiz da execução penal. d) o bom comportamento carcerário deverá ser atestado
d) Conselho Penitenciário. por uma equipe técnica multidisciplinar.
e) Conselho da Comunidade. e) proíbe-se a progressão de regime na condenação por de-
lito classificado como hediondo.
07. (2002 - FCC - SEAD-AP - Agente Penitenciário)
A remição pelo trabalho prisional é concedida 13. (2013 - COPS-UEL - SEAP-PR - Agente Penitenciário) A
Colônia Agrícola, Industrial ou Mista destina-se ao conde-
a) à razão de um dia trabalhado por três dias de pena. nado ao cumprimento de pena
b) ao preso que nunca praticou falta disciplinar de natureza
grave. a) privativa de liberdade, em regime aberto.
c) ao preso que nunca praticou faltas disciplinares médias b) privativa de liberdade, em regime fechado.
ou graves. c) de reclusão, em regime semiaberto.
d) à razão de três dias trabalhados por dia de pena. d) de reclusão, em regime fechado.
e) ao preso que nunca praticou qualquer espécie de falta e) privativa de liberdade, em regime semiaberto.
disciplinar.
14. (2013 – FUNCAB - PC-ES - Escrivão de Polícia) Acerca
08. (2002 - FCC - SEAD-AP - Agente Penitenciário) da “detração”, é correto o que se afirma na alternativa:
Segundo o direito vigente, a aplicação de castigos fí-
sicos nos presos é a) A cada três dias trabalhados no sistema prisional, com-
putam-se, além desses três dias de pena cumprida, mais
a) admissível nos casos de estrita necessidade para evitar um, para o preso que cumpre a pena em regime fechado ou
movimentos contra a ordem e a disciplina (rebeliões). semiaberto.
b) admissível de forma moderada e sob estrita supervisão b) É a conversão da pena restritiva de direitos em privativa
médica. de liberdade, pelo tempo da pena aplicada.
c) admissível mediante expressa e específica autorização do c) É o cômputo, na pena privativa de liberdade e na medida
juiz da execução penal. de segurança, do tempo de prisão provisória e o de interna-
d) admissível como sanção disciplinar máxima, nos estritos ção em hospital ou manicômio.
casos de falta grave, apurada em regular procedimento ad- d) Consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e do-
ministrativo e assegurada a ampla defesa. mingos, por 5 horas diárias, em casa de albergado ou outro
e) inadmissível. estabelecimento adequado.
e) É todo fato ou dado que se encontra em redor do delito;
09. (2016 – UFMT - TJ-MT - Técnico Judiciário) NÃO é Pena é um dado eventual, que pode existir ou não, sem que o
Restritiva de Direito, em conformidade com o Decreto Lei crime seja excluído.
n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal:
15. (2016 – FUNCAB - SEGEP-MA - Agente Penitenciário)
a) Prestação pecuniária. Por ter praticado um roubo, Ariclenes é condenado ao cum-
b) Prestação de serviço à comunidade. primento de pena de seis anos de reclusão, em regime se-
c) Interdição temporária de direitos. miaberto. Assim, é correto afirmar que o condenado deverá
d) Detenção. iniciar a execução de sua pena em:

10. (TJ-SC - 2010 - TJ-SC - Técnico Judiciário – a) uma colônia agrícola, industrial ou similar, podendo o
Auxiliar) Assinale a alternativa que contém penas condenado ser alojado em dependências coletivas, com se-
possíveis de ser aplicadas no âmbito do Direito Penal: leção adequada dos presos.
b) uma penitência, em cela individual dotada de dormitório,
a) Perda de bens e privação da liberdade. aparelho sanitário e lavatório.
b) Extradição e multa. c) regime disciplinar diferenciado, dada a gravidade em abs-
c) Restrição da liberdade e banimento. trato do delito, que pressupõe constrangimento à vítima.
d) Trabalhos forçados e suspensão de direitos. d) casa de albergado, caracterizada pela ausência de obstá-
e) Interdição de atividade e cassação de direitos. culos físicos contra a fuga.
e) prisão domiciliar, caso não existia casa de albergado na
11. (2002 - FCC - SEAD-AP - Agente Penitenciário) região, ou caso esta apresente lotação esgotada.
São espécies de regimes prisionais:
16. (2014 – IBFC - SEDS-MG - Agente de Segurança Peni-
a) reclusão, detenção e liberdade assistida. tenciária) Indique o estabelecimento prisional destinado à
b) liberdade assistida, liberdade vigiada e semiliberdade. execução da pena privativa de liberdade em regime aberto:
c) privação de liberdade e restrição de direitos.

63
a) Penitenciária. d) dez anos
b) Casa do albergado.
c) Colônia agrícola e a colônia industrial. GABARITO – DAS PENAS
d) Cadeia Pública. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
C D C D D C D E D A
17. (2013 – IBFC - PC-RJ - Oficial de Cartório) O princípio 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
da humanidade consubstancia-se na ideia de que o direito E A E C A B B A B C
penal deve pautar-se na benevolência, de forma a tratar
dignamente aquele que comete um fato delituoso, visto que,
apesar de ter infringido a norma penal, é pessoa humana
como qualquer outra. Sendo assim, podemos afirmar corre-
8. DAS PENAS (ARTIGOS 32 A 52)
tamente que:

a) A pena de morte confronta o princípio da humanidade,


sendo vedada no ordenamento jurídico brasileiro de forma TÍTULO V - DAS PENAS
absoluta.
b) O cumprimento de pena privativa de liberdade em regime CAPÍTULO I
fechado não atenta contra o princípio da humanidade, por DAS ESPÉCIES DE PENA
isso é permitido no ordenamento jurídico brasileiro.
c) Ao condenado, durante a execução da pena, pode ser im-
Art. 32 - As penas são: (Redação dada pela Lei
posta a obrigação de realizar trabalhos forçados, desde que
nº 7.209, de 11.7.1984)
se garanta o benefício da remissão penal.
d) A imposição de castigos corporais ao preso provisório não
se caracteriza como ilicitude, visto que o princípio da huma- I - privativas de liberdade;
nidade aplica-se apenas aos definitivamente condenados.
e) Constitui-se pena degradante, por violar o direito à liber- II - restritivas de direitos;
dade de ir e vir do condenado, a imposição de penas restri-
tivas de direitos consistentes na proibição de freqüentar de- III - de multa.
terminados lugares e limitação de fim de semana.
Jus puniendi
18. (2012 – IESES - TJ-RO - Titular de Serviços de Notas e
de Registros - Provimento por Ingresso) É certo afirmar:
Quando um sujeito, através de uma conduta delitu-
osa, infringe uma norma penal, surge para o Estado o di-
I. O reincidente condenado a detenção pode iniciar o cum-
reito de aplicar a punição da norma objetiva. É o jus puni-
primento da sua pena no regime fechado.
endi.
II. Tendo a pena finalidade preventiva, essa prevenção pode
ser dividida em geral e especial.
Pena é espécie sanção penal, isto é, resposta estatal
III. O trabalho do preso será remunerado de acordo com a
ao infrator da norma incriminadora (crime ou contraven-
sua produtividade. Portanto, somente será remunerado se
ção), consistente na privação ou restrição de determinados
efetivamente produzir coisa com valor econômico.
bens jurídicos do agente. Sua imposição depende do de-
IV. O condenado será submetido, no início do cumprimento
vido processo legal, através do qual se constata a autoria
da pena, a exame criminológico de classificação para indivi-
e materialidade de um comportamento típico, antijurídico
dualização da execução.
e culpável, não atingido por causa extintiva da punibili-
dade.
Analisando as proposições, pode-se afirmar:
a) Somente as proposições II e IV estão corretas.
Princípios informadores da pena:
b) Somente as proposições I e IV estão corretas.
c) Somente as proposições II e III estão corretas.
a) Princípio da Legalidade - não há pena sem pré-
d) Somente as proposições I e III estão corretas.
via cominação legal;
19. (2011 - UECE-CEV - SEPLAG – CE - Agente Penitenciá-
b) Princípio da personalidade ou pessoalidade
rio) Nos termos do art. 42, do Código Penal Brasileiro, com-
ou da intranscendência – a pena não passa da pessoa do
putam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de
condenado. Entretanto, obrigação de reparar o dano e a de-
segurança, o tempo de prisão provisória no Brasil ou no es-
cretação do perdimento de bens podem ser estendidas aos
trangeiro. Tal determinação legal é denominada
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor
do patrimônio transferido.
a) remissão.
b) detração.
c) Princípio da individualização - a pena deve ser
c) sursis penal.
individualizada, considerando o fato e seu agente;
d) sursis processual.
d) Princípio da inderrogabilidade ou da inevita-
20. (2011 - UECE-CEV - SEPLAG – CE - Agente Penitenciá-
bilidade - desde que presentes os seus pressupostos, a
rio) Nos termos do art. 33, § 2º, “a” do Código Penal Brasi-
pena deve ser aplicada e executada (exceções: sursis, livra-
leiro, a pena privativa de liberdade deverá inicialmente ser
mento condicional, perdão judicial, anistia etc.).;
cumprida em regime fechado quando for superior a
e) Princípio da proporcionalidade - a pena deve
a) seis anos e inferior a oito anos.
ser proporcional ao mal gerado;
b) quatro anos e inferior a seis anos.
c) oito anos.

64
f) Princípio da humanização ou humanidade - a CLASSIFICAÇÃO DAS PENAS
pena não pode atentar contra a dignidade da pessoa hu- Privativas de Restritivas de di- Pecuniária
mana, vedando-se tratamento desumano, cruel ou degra- liberdade reito
dante.
Seção I: arts. Seção II: arts. 43 Seção III:
33 a 42 a 48 arts. 49 a 52
Teorias Preventivas da pena:
 Reclusão  Prestação de servi-  Multa
 Detenção ços à comunidade
a) Teoria da Prevenção Geral - parte da
 Prisão sim-  Limitação de fins
ideia da pena como um instrumento voltado à coletividade.
ples de semana
Tem como premissa não o crime já praticado, mas a possi-
 Interdição tempo-
bilidade de seu cometimento, daí porque pretende, através
rária de direitos
da previsão da sanção penal, intimidar ou estimular a soci-
 Prestação pecuniá-
edade. Dessa maneira, é possível dissuadir os potenciais cri-
ria (à vítima)
minosos.
 Perda de bens e
valores
b) Teoria da Prevenção Especial - é direcio-
nada à pessoa do condenado. Tem como pressuposto o
crime já cometido, voltando-se, portanto, à função que a
pena deve exercer no momento de execução da sanção pe- SEÇÃO I
nal. A preocupação não é o afastamento do preso, mas a DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
sua ressocialização. Somente a recuperação do condenado
faz da pena um instituto legítimo. Reclusão e detenção
Tipos de pena:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em
PERMITIDAS: A CF/88, em seu art. 5º, XLVI, enuncia, regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em
pelo menos, cinco penas permitidas no nosso ordenamento regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de
jurídico: transferência a regime fechado. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens; § 1º - Considera-se:
c) multa;
d) prestação social alternativa; a) regime fechado a execução da pena em
e) suspensão ou interdição de direitos. estabelecimento de segurança máxima ou média;

PROIBIDAS: No mesmo artigo, mais precisamente no


b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia
seu inciso XLVII prevê taxativamente cinco penas proibidas:
agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
a) de morte (salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX); c) regime aberto a execução da pena em casa de
b) de caráter perpétuo; albergado ou estabelecimento adequado.
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento; § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser
e) cruéis. executadas em forma progressiva, segundo o mérito do
condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas
O Código Penal, atento às vedações de ordem consti- as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
tucional, em seu art. 32, adotou a seguinte classificação
para as sanções penais: I - privativas de liberdade; II - res- a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá
tritivas de direitos; III - multa. começar a cumpri-la em regime fechado;

As penas previstas no CP, em seu art. 32, são: priva-


tivas de liberdade, restritivas de direitos e multa. b) o condenado não reincidente, cuja pena seja
superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá,
a) Pena privativa de liberdade: retira do conde- desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
nado o seu direito de locomoção, em razão da prisão por
tempo determinado. Não se admite a privação perpétua da c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual
liberdade (art. 5º, XLVII, “b”, da CF), mas somente a de ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-
natureza temporária, pelo período máximo de 40 anos para la em regime aberto.
crimes (art. 75 do CP) ou de 5 (cinco) anos para contraven-
ções penais (art. 10 da LCP). § 3º - A determinação do regime inicial de
cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios
b) Pena restritiva de direitos: limita um ou mais previstos no art. 59 deste Código.
direitos do condenado, em substituição à pena privativa de
liberdade. Está prevista no art. 43 do CP e por alguns dis-
§ 4o O condenado por crime contra a administração
positivos da legislação extravagante.
pública terá a progressão de regime do cumprimento da
pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à
c) Pena de multa: incide sobre o patrimônio do con-
devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos
denado.
legais. (Incluído pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)

65
c) o primário, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (qua-
Regimes penitenciários: Regime ou sistema peni- tro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la no regime
tenciário é o meio pelo qual se efetiva o cumprimento da aberto.
pena privativa de liberdade. O art. 33, § 1º, do CP elenca
três regimes: ATENÇÃO! Prisão simples - Em se tratando de con-
travenções penais punidas com prisão simples inexiste pre-
a) fechado: a pena privativa de liberdade é execu- visão de regime prisional fechado, independentemente de
tada em estabelecimento de segurança máxima ou média; ser o condenado reincidente ou não, pois o artigo 6° da LCP
é expresso no sentido de que a pena de prisão simples deve
b) semiaberto: a pena privativa de liberdade é exe- ser cumprida em regime semiaberto ou aberto.
cutada em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento si-
milar; e  Nem sequer pela regressão pode o agente, conde-
nado pela prática de contravenção penal, cumprir pena no
c) aberto: a pena privativa de liberdade é executada regime mais rigoroso.
em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
Crimes contra a Administração Pública: Nos cri-
Fixação do regime inicial de cumprimento da mes contra a Administração Pública, a progressão está con-
pena privativa de liberdade: A leitura do art. 33, §§ 2º e dicionada ao requisito especial de reparação do dano cau-
3º, do CP revela que três fatores são decisivos na escolha sado ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os
do regime inicial de cumprimento da pena privativa de liber- acréscimos legais (art. 33, § 4.º, do CP).
dade: reincidência, quantidade da pena aplicada e cir-
cunstâncias judiciais. É o juiz sentenciante quem fixa o
regime inicial de cumprimento da pena privativa de liber- PENA REGIME INICIAL
dade (art. 59, III, do CP).
Reclusão Fechado Semiaberto Aberto
Pena de reclusão - A pena de reclusão deve ser Detenção Semiaberto Semiaberto Aberto
cumprida inicialmente em regime fechado, semiaberto ou
aberto (art. 33, caput, 1ª parte, do CP). Os critérios para a Prisão simples Semiaberto Semiaberto Aberto
determinação do regime são os seguintes, a teor das alíneas
“a”, “b” e “c” do § 2º do art. 33 do CP:
PROGRESSÃO DE REGIME - CRIMES COMUNS –
a) o reincidente inicia o cumprimento da pena priva- CUMPRIMENTO DE PENA
tiva de liberdade no regime fechado, independentemente da 16% Primário e crime sem violência à pessoa ou grave
quantidade da pena aplicada. ameaça
20% Reincidente em crime cometido sem violência à
b) o primário, cuja pena seja superior a 8 (oito) anos pessoa ou grave ameaça
deverá começar a cumpri-la no regime fechado; 25% Primário e crime com violência à pessoa ou grave
ameaça
c) o primário, cuja pena seja superior a 4 (quatro) 30% Reincidente em crime cometido com violência à
anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, pessoa ou grave ameaça
cumpri-la em regime semiaberto; e

d) o primário, cuja pena seja igual ou inferior a 4


PROGRESSÃO DE REGIME - CRIMES HEDIONDOS –
(quatro) anos poderá, desde o início, cumpri-la em regime
CUMPRIMENTO DE PENA
aberto.
40% Primário e crime hediondo ou equiparado
ATENÇÃO!  Súmula 269 do STJ: “É admissível a a) Primário e crime hediondo ou equiparado, com
adoção do regime prisional semiaberto aos reinciden- resultado morte, vedado o livramento condicional;
tes condenados a pena igual ou inferior a 4 (quatro) b) Exercer comando, individual ou coletivo, de or-
anos se favoráveis as circunstâncias judiciais”. 50% ganização criminosa estruturada para a prática de
crime hediondo ou equiparado;
Pena de detenção: A pena de detenção deve ser c) Crime de constituição de milícia privada. (*Não
cumprida inicialmente em regime semiaberto ou aberto (art. hediondo)
33, caput, in fine, do CP). 60% Reincidente em crime hediondo ou equiparado
Reincidente em crime hediondo ou equiparado
ATENÇÃO! Não se admite o início de cumprimento da 70% com resultado morte, vedado o livramento condi-
pena de detenção no fechado, nada obstante seja possível cional
a regressão a esse regime.

Os critérios para fixação do regime inicial de cumpri-


mento da pena de detenção são os seguintes:
Regras do regime fechado
a) o condenado reincidente inicia o cumprimento da
pena privativa de liberdade no regime semiaberto, seja qual Art. 34 - O condenado será submetido, no início do
for a quantidade da pena aplicada; cumprimento da pena, a exame criminológico de
classificação para individualização da execução. (Redação
b) o primário, cuja pena seja superior a 4 (quatro) dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
anos, deverá cumpri-la no regime semiaberto; e

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§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período § 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a
diurno e a isolamento durante o repouso noturno. freqüência a cursos supletivos profissionalizantes, de
instrução de segundo grau ou superior.
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do
estabelecimento, na conformidade das aptidões ou O regime semiaberto (intermediário) será cumprido
ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis em colônia agrícola, industrial ou similar, podendo o ape-
com a execução da pena. nado ser alojado em compartimento coletivo, desde que
atendidas as condições adequadas à existência humana pre-
vistas para as celas individuais próprias do regime fechado.
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime
fechado, em serviços ou obras públicas.
O trabalho será comum durante o período diurno, re-
alizando-se dentro do estabelecimento, com a possibilidade
Exame criminológico: No início do cumprimento da
de ser realizado no ambiente externo, inclusive na iniciativa
pena o condenado será obrigatoriamente submetido a
privada (a jurisprudência tem exigido prévia autorização ju-
exame criminológico de classificação para individualização
dicial). Assim como no regime fechado, o trabalho externo
da execução (art. 34,caput, do CP e art. 8º, caput, da LEP),
deve ser efetuado sob vigilância.
a ser realizado pela Comissão Técnica de Classificação, com
vistas a definir o programa individualizador da pena priva-
 Não há previsão para o isolamento durante o perí-
tiva de liberdade adequada ao condenado (art. 6.º da LEP).
odo do repouso noturno.
Trabalho diurno e isolamento noturno: O conde-
Admite-se, mesmo fora do estabelecimento prisional,
nado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento
a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de ins-
durante o repouso noturno. É o que se convencionou chamar
trução de segundo grau ou superior (art. 35, § 2º, CP).
de “período de silêncio”. Na atribuição do trabalho deve-
rão ser levadas em conta a habilitação, a condição pessoal
e as necessidades futuras do preso, bem como as oportuni- Regras do regime aberto
dades oferecidas pelo mercado, bem assim a compatibili-
dade com a execução da pena. Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina
e senso de responsabilidade do condenado. (Redação dada
 Esse trabalho é obrigatório (art. 31, caput, da LEP). pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Exceções: O condenado por crime político não está obrigado
a trabalhar (art. 200 da LEP), assim como o preso provisório
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e
(art. 31, parágrafo único da LEP).
sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra
atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o
 O trabalho, interno ou externo, não está sujeito ao
período noturno e nos dias de folga.
regime de Consolidação das Leis do Trabalho (art. 28, § 2°,
da LEP), mas será remunerado, com as garantias da Previ-
dência Social. § 2º - O condenado será transferido do regime aberto,
se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os
Trabalho externo: É admissível o trabalho ex- fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa
terno, desde que em serviços ou obras públicas (art. 34, § cumulativamente aplicada.
3º, do CP). E, nos moldes do art. 36, caput, da LEP, “o tra-
balho externo será admissível para os presos em regime fe- O regime aberto (menos rigoroso) se baseia na auto-
chado somente em serviço ou obras públicas realizadas por disciplina e senso de responsabilidade do condenado (art.
órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades 36 do CP). Com efeito, o condenado deverá, fora do estabe-
privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em lecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou
favor da disciplina”. exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido
durante o período noturno e nos dias de folga (art. 36, § 1º,
ATENÇÃO! É admissível o trabalho externo do con- CP).
denado pela prática de crime hediondo ou equiparado,
pois não há restrições legais. O recolhimento dar-se-á, no estabelecimento denomi-
nado Casa de Albergado, prédio que deverá se situar em
IMPORTANTE! Recusa ao trabalho: A recusa injus- centro urbano, separado dos demais estabelecimentos e ca-
tificada do preso à execução do trabalho caracteriza falta racterizar-se pela ausência de obstáculos físicos contra a
grave (art. 50, IV, c/c o art. 39, V, ambos da LEP), acarre- fuga. Deverá conter, além dos aposentos para acomodar os
tando na impossibilidade de obter a progressão de regime presos, local adequado para cursos e palestras (arts. 94 e
prisional ou o livramento condicional. 95 da LEP).

IMPORTANTE! A legislação prevê, ainda, duas ou-


Regras do regime semi-aberto
tras possibilidades para o cumprimento do regime aberto:
1ª) na falta de Casa do Albergado, estabelecimento ade-
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, quado (art. 33, § 1º, do CP); 2ª) conforme as condições
caput, ao condenado que inicie o cumprimento da pena em pessoais do reeducando, prisão domiciliar (art. 117, LEP).
regime semi-aberto. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)  A prisão domiciliar, portanto, pode ser considerada
espécie do gênero regime aberto, cabível quando o conde-
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum nado tem mais de 70 (setenta) anos, é portador de doença
durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou grave, tem filho deficiente físico ou mental que dele dependa
estabelecimento similar. efetivamente, ou no caso de reeducanda gestante.

67
que possam permanecer com seus filhos durante o período
Prisão domiciliar e monitoração eletrônica: O de amamentação”. E dispõe o art. 89 da LEP: “(...) a peni-
art. 146-B, IV, da LEP, admite a fiscalização por meio da tenciária de mulheres poderá ser dotada de seção para ges-
monitoração eletrônica quando o juiz determinar a prisão tante e parturiente e de creche com a finalidade de assistir
domiciliar. ao menor desamparado cuja responsável esteja presa”.

ATENÇÃO! Somente poderá ingressar no regime Direitos do preso


aberto o condenado que estiver trabalhando ou comprovar
a possibilidade de fazê-lo imediatamente, e apresentar, pe-
los seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não
foi submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, com atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as
autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo regime autoridades o respeito à sua integridade física e moral.
(arts. 113 e 114 da LEP). (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Regressão de regime - O § 2º do art. 36 prevê A Constituição Federal, no seu art. 5°, XLIX, assegura
hipóteses de regressão de regime ao condenado que inicia ao condenado respeito à sua integridade física e moral. Já o
o cumprimento da pena no regime aberto e pratica fato de- art. 3º da LEP garante ao condenado e ao internado todos
finido como crime doloso ou falta grave, frustra o objetivo os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. No en-
da execução ou sofre condenação por crime anterior, cuja tanto, como efeito constitucional-penal obrigatório, o con-
pena, somada ao restante da que está sendo executada, denado fica com seus direitos políticos suspensos enquanto
torne incabível o regime. perdurarem os efeitos da condenação criminal irrecorrível
(art. 15, III, CF/88).
 A falta de pagamento da pena de multa aplicada
cumulativamente não pode mais ser motivo à regressão de É precisamente no capítulo IV da LEP, arts. 38 a 43,
regime, posto que a inadimplência da pena de multa que é que o legislador traçou verdadeiro estatuto jurídico do preso
cominada isoladamente também não autoriza mais tal re- (definitivo ou provisório), elencando, de maneira minuciosa,
gressão (art. 51, CP). O STJ já julgou que a via correta para os seus deveres (rol exaustivo) e direitos (rol exemplifica-
cobrar pena de multa aplicada em sentença condenatória é tivo), tudo visando a boa convivência entre as partes pro-
mediante ajuizamento de execução fiscal através da Fa- cessuais, bem como entre os habitantes do sistema prisio-
zenda Pública, e não em sede de execução penal. nal.

Súmula 493 do STJ: “É inadmissível a fixação de REGIME DOS CRIMES APENADOS COM RECLUSÃO
pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição es- Pena Pena Pena igual ou
acima superior a 4 inferior a 4
pecial ao regime aberto”.
de 8 e não anos
anos superior a 8
Súmula Vinculante 56 (STF) - A falta de estabele- anos
cimento penal adequado não autoriza a manutenção REINCIDENTE Fechado Fechado Fechado ou
do condenado em regime prisional mais gravoso, de- semiaberto (se
vendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fi- favoráveis as
xado no RE 641.320/RS. circunstâncias)
PRIMÁRIO Fechado Semiaberto Aberto
Os parâmetros da Súmula 56 do STF são: (I) a saída
antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; REGIME DOS CRIMES APENADOS COM DETENÇÃO
(II) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado Pena Pena Pena igual
acima de 8 superior a 4 ou inferior a
que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por
anos e não 4 anos
falta de vagas; (III) o cumprimento de penas restritivas de superior a 8
direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime anos
aberto. (STF, RE 641.320/RS, DJ 1º/08/2016). REINCIDENTE Semiaberto Semiaberto Semiaberto
PRIMÁRIO Semiaberto Semiaberto Aberto
Regime especial

Art. 37 - As mulheres cumprem pena em


estabelecimento próprio, observando-se os deveres e Trabalho do preso
direitos inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que
couber, o disposto neste Capítulo. (Redação dada pela Lei Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado,
nº 7.209, de 11.7.1984) sendo-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Os estabelecimentos penais destinados a mulheres
deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo feminino O trabalho carcerário é, ao mesmo tempo, um dever
na segurança de suas dependências internas (art. 83, § 3.º, (art. 39 da LEP) e um direito (art. 41 da LEP) do reeducando.
da LEP). Essa regra coaduna-se com o art. 5º, XLVIII, da Dever no sentido de que o preso tem a obrigação de contri-
CF. Na mesma direção, estabelece o art. 82, § 1º, da LEP buir com o Estado para sua ressocialização; direito porque
que “a mulher e o maior de 60 (sessenta) anos, separada- a cada três dias trabalhados há o resgate de um dia de cum-
mente, serão recolhidos a estabelecimento próprio e ade- primento de pena (remição - art. 126, § 1º, II, LEP).
quado à sua condição pessoal”.
Remição pelo trabalho: A remição consiste no des-
 Assegura também a Lei Suprema, em seu art. 5º, conto de 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho,
L, que “às presidiárias serão asseguradas condições para exclusivamente em favor do preso que cumpre pena no

68
regime fechado ou semiaberto (art. 126, § 1º, II, da LEP). Detração penal e penas restritivas de direitos -
O instituto não pode ser aplicado ao condenado que cumpre A doutrina moderna, através da interpretação analógica, ad-
pena no regime aberto. mite a detração não apenas na pena privativa de liberdade
e na medida de segurança, mas também nas penas restriti-
ATENÇÃO! O trabalho do preso não está sujeito à le- vas de direitos, como limitação de fim de semana e presta-
gislação trabalhista. ção de serviços à comunidade.

Detração penal e pena de multa: Não se admite a


Legislação especial
detração penal no campo da pena de multa, diante da ve-
dação legal da conversão desta última em pena privativa de
Art. 40 - A legislação especial regulará a matéria liberdade. Ademais, o art. 42 do CP excluiu a incidência do
prevista nos arts. 38 e 39 deste Código, bem como instituto para a sanção pecuniária. Finalmente, a pena pri-
especificará os deveres e direitos do preso, os critérios para vativa de liberdade e a pena pecuniária têm finalidades di-
revogação e transferência dos regimes e estabelecerá as ferentes e não há um critério legal capaz de expressar em
infrações disciplinares e correspondentes sanções. (Redação dias-multa o tempo de prisão provisória.
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Prisão administrativa: destinava-se a forçar o de-
Os artigos 38 e 39 tratam do trabalho e dos direitos vedor a cumprir sua obrigação. Nos termos da Súmula 280,
do preso. Além das regras previstas no Código Penal, o art. do STJ, "o art. 35 do Decreto-Lei n° 7.661, de 1945, que
40 refere-se a lei especial sobre a execução da pena. Trata- estabelece a prisão administrativa, foi revogado pelos inci-
se da Lei 7.210/1984 – Lei de Execução Penal. sos LXI e LXVII do art. 5° da Constituição Federal de 1988".

Superveniência de doença mental SEÇÃO II


DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença
mental deve ser recolhido a hospital de custódia e Penas restritivas de direitos
tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento
adequado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 43. As penas restritivas de direitos são: (Redação
dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
No mesmo sentido, dispõe o art. 108 da LEP que “o
condenado a quem sobrevier doença mental será internado
em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico”. I - prestação pecuniária;

Tal situação não se confunde com aquela descrita no II - perda de bens e valores;
art. 26 do CP, que se destina aos inimputáveis no momento
do cometimento da infração penal, isentos de pena, a quem III - VETADO
será aplicada medida de segurança (absolvição imprópria).
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades
A superveniência de doença mental ao acusado tam-
públicas
bém pode levar à conversão da pena em medida de segu-
rança (art. 41 do CP e art. 183 da LEP). Tal conversão pode
se dar de ofício pelo juiz ou a requerimento do Ministério V - interdição temporária de direitos;
Público, mas diferentemente daquela imposta aos inimputá-
veis, esta não poderá ser por tempo indeterminado, de- VI - limitação de fim de semana.
vendo ser respeitado o montante da sua pena.
Conceito: As penas restritivas de direitos são tam-
Detração bém chamadas de “penas alternativas”, pois têm o propósito
de evitar a desnecessária imposição da pena privativa de
liberdade nas situações expressamente indicadas em lei, re-
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade
lativas a indivíduos dotados de condições pessoais favorá-
e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no
veis e envolvidos na prática de infrações penais de reduzida
Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de
gravidade. Busca-se a fuga da pena privativa de liberdade,
internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no
reservada exclusivamente para situações excepcionais, apli-
artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
cando-se em seu lugar a restrição de um ou mais direitos do
11.7.1984)
condenado.

Detração penal: Detração penal é o desconto, na


CLASSIFICAÇÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DI-
pena privativa de liberdade ou na medida de segurança, do
REITO: SEÇÃO II - ART. 43 A 48
tempo de prisão provisória ou de internação já cumprido
Reais Pessoais
pelo condenado, evitando o bis in idem na execução da pena
privativa de liberdade. Prestação pecuniária art. Prestação de serviços à
45, § 1º; comunidade - art. 46
Na expressão “prisão provisória” compreende-se toda Perda de bens e valores Interdição temporária de
e qualquer prisão cautelar e processual (prisão em flagrante, art. 45, § 2º. direitos - art. 47
prisão temporária e prisão preventiva), ou seja, não decor- limitação de fins de semana -
rente de pena, consistente na privação da liberdade antes art. 48
do trânsito em julgado da condenação.

69
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas DOLOSOS, desde que não tenham sido cometidos com em-
e substituem as privativas de liberdade, quando: (Redação prego de violência ou grave ameaça à pessoa, o limite é de
dada pela Lei nº 9.714, de 1998) 4 (quatro) anos. Em relação aos CRIMES CULPOSOS, é pos-
sível a substituição por pena restritiva de direitos, qualquer
que seja a quantidade de pena privativa de liberdade im-
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a
posta.
quatro anos e o crime não for cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena
2. REQUISITOS SUBJETIVOS: Referem-se à pessoa
aplicada, se o crime for culposo;
do condenado, seja ele nacional ou estrangeiro, residente
ou não no Brasil:
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
a) Não ser reincidente em crime doloso (art. 44,
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social II, do CP): Conclui-se, indiretamente, não ser a reincidên-
e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as cia em crime culposo impeditiva da substituição da pena pri-
circunstâncias indicarem que essa substituição seja vativa de liberdade por restritiva de direitos. E, mesmo para
suficiente. o reincidente em crime doloso, abre-se uma exceção. Se o
condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substitui-
§ 1o (VETADO) ção, desde que, em face de condenação anterior, a medida
seja socialmente recomendável e a reincidência não se te-
nha operado em virtude da prática do mesmo crime (art.
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a
44, § 3º, do CP).
substituição pode ser feita por multa ou por uma pena
restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa
b) Princípio da suficiência: De acordo com o art.
de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de
44, III, do CP, a pena restritiva de direitos precisa ser ade-
direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
quada e suficiente para atingir as suas finalidades. Em ou-
tras palavras, tanto a retribuição do mal praticado pelo
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá crime como a prevenção (geral e especial) de novos crimes,
aplicar a substituição, desde que, em face de condenação inerentes à pena privativa de liberdade, devem ser alcança-
anterior, a medida seja socialmente recomendável e a das com a pena restritiva de direitos. Por consequência, não
reincidência não se tenha operado em virtude da prática do cabe a substituição quando a pena-base tiver sido fixada
mesmo crime. acima do mínimo legal, em razão do reconhecimento judicial
expresso e fundamentado das circunstâncias desfavoráveis,
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em em face do não atendimento do art. 44, III, do CP.
privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento
injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE
privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo LIBERDADE
cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo Requisitos objetivos Requisitos Subjetivos
mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.  Não ser o agente Natureza do Quantidade da
reincidente específico crime pena aplicada
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de em crime doloso (e que
liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá a medida seja
sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for socialmente
possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. recomendável)
 Princípio da suficiência  Crimes  Crimes
Substituição da pena privativa de liberdade pela (a culpabilidade, os dolosos, dolosos, pena
pena restritiva de direitos: A substituição da pena priva- antecedentes, a deve ter sido privativa de
tiva de liberdade está condicionada ao atendimento de di- conduta social e a cometido liberdade
versos requisitos indicados nos incs. I a III do art. 44 do CP, personalidade do sem aplicada não
de duas ordens: objetivos e subjetivos. Tais requisitos de- condenado, bem como violência à seja superior a
vem ser rigorosamente analisados, pois não há direito sub- os motivos e as pessoa ou 4 anos;
jetivo à substituição da pena privativa de liberdade por res- circunstâncias grave  Crimes
tritiva de direitos. indicarem a suficiência ameaça; culposos,
da medida).  Crime qualquer
1) REQUISITOS OBJETIVOS: Dizem respeito à: culposo. quantidade de
natureza do crime e à quantidade da pena aplicada: pena.

a) Natureza do crime: Em se tratando de CRIME REGRAS PARA SUBSTITUIÇÃO DA PENA (Art. 44, §
DOLOSO, deve ter sido cometido sem violência ou grave 2º, CP)
ameaça à pessoa. Na hipótese de CRIMES CULPOSOS, en-
Condenação A pena poderá ser
tende-se ser possível a substituição em todos eles, ainda
substituída por
que resulte na produção de violência contra a pessoa, tal
Pena igual ou inferior a 1 a) multa ou
como no homicídio culposo, tanto do CP (art. 121, § 3.º)
ano b) 1 pena restritiva de
como do Código de Trânsito Brasileiro (art. 302).
direito.
b) Quantidade da pena aplicada: Preocupou-se o Pena superior a 1 ano a) 1 pena restritiva de direito
legislador com a pena efetivamente aplicada na situação (até 4 anos) + multa ou
concreta, independentemente daquela cominada em abs- b) 2 penas restritivas de
trato pelo preceito secundário do tipo penal. Nos CRIMES direito.

70
Conversão das penas restritivas de direitos seis meses de privação da liberdade. (Redação dada pela Lei
nº 9.714, de 1998)
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo
anterior, proceder-se-á na forma deste e dos arts. 46, 47 e § 1o A prestação de serviços à comunidade ou a
48. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) entidades públicas consiste na atribuição de tarefas
gratuitas ao condenado.
§ 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em
dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública § 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em
ou privada com destinação social, de importância fixada pelo entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e
juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a outros estabelecimentos congêneres, em programas
360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago comunitários ou estatais.
será deduzido do montante de eventual condenação em
ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários. § 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas
conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação,
aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de
consistir em prestação de outra natureza. trabalho.

§ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos § 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é
condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em
favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena
teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou privativa de liberdade fixada.
do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em
conseqüência da prática do crime. Prestação de serviços à comunidade ou a enti-
dades públicas: Cuida-se de pena restritiva de direitos
§ 4o (VETADO) aplicada ao condenado a pena superior a 6 meses de priva-
ção da liberdade, consistente na atribuição de tarefas gra-
tuitas ao condenado, em entidades assistenciais, hospitais,
Prestação pecuniária: Cuida-se de pena restritiva
escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres,
de direitos criada pela Lei 9.714/1998 e disciplinada pelos
em programas comunitários ou estatais.
§§ 1.º e 2.º do dispositivo em análise. Consiste no paga-
mento em dinheiro à vítima, a seus dependentes, ou a enti-
As tarefas somente poderão ser atribuídas respei-
dade pública ou privada com destinação social, de importân-
tando as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à
cia fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem
razão de 1 (uma) hora de tarefa por dia de condenação,
superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos (art.
fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de tra-
45, § 1.º, 1ª parte, do CP).
balho.
IMPORTANTE! Irrelevância da aceitação da ví-
 A expressão “entidades públicas” deve ser interpre-
tima: Em se tratando de sanção penal, a prestação pecuni-
tada em sentido amplo, para englobar tanto as públicas em
ária se reveste de caráter unilateral, impositivo e cogente,
sentido estrito (Administração Pública direta ou indireta),
razão pela qual independe de aceitação da pessoa por ela
como também as privadas com destinação social.
favorecida. O juiz aplica essa pena sem prévia oitiva da ví-
tima, de seus dependentes ou de entidade pública ou pri-
IMPORTANTE: Se a pena substituída for maior que
vada com destinação social.
1 (um) ano, condenado tem a opção de cumprir a pena al-
ternativa em menor tempo, porém não pode ser inferior à
Pagamento: Deve ser efetuado em dinheiro. Mas, se
metade da pena privativa de liberdade fixada.
houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária
pode consistir em prestação de outra natureza (art. 45, §
ATENÇÃO! A prestação de serviços à comunidade ou
2º, do CP). Essa fórmula (“prestação de outra natureza”) é
a entidades públicas não será remunerada (art. 30 da LEP)
excessivamente ampla, tendo sido admitido, na prática, o
e não gerará vínculo empregatício com o Estado (art. 28, §
pagamento em pedras preciosas, obras de arte, imóveis, au-
2°, LEP).
tomóveis, títulos mobiliários e bens móveis em geral.

Perda de bens e valores: Cuida-se de pena restri- PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE OU A


tiva de direitos que consiste na retirada de bens e valores ENTIDADES PÚBLICAS
integrantes do patrimônio lícito do condenado, transferindo- Cabimento Pena privativa de liberdade superior
os ao Fundo Penitenciário Nacional. Seu valor terá como teto a 6 meses (até 4 anos).
– o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do Razão da con- 1 hora de trabalho por 1 dia de pena
proveito obtido pelo agente ou por terceiro, em consequên- versão
cia da prática do crime (art. 45, § 3.º, do CP). Pena superior É facultado o cumprimento em me-
a 1 ano nor tempo
Prestação de serviços à comunidade ou a
entidades públicas
Interdição temporária de direitos (Redação dada
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
entidades públicas é aplicável às condenações superiores a

71
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos os requisitos elencados pelo art. 44 do CP. Com efeito, a
são: condenação por diversos delitos recomenda a vedação do
acesso às funções e cargos públicos, pela ausência de lisura
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade e de idoneidade moral do agente, a exemplo do que se dá
pública, bem como de mandato eletivo; no estelionato, nos crimes contra a Administração Pública,
nos crimes da Lei de Licitações – Lei 8.666/1993, entre tan-
tos outros.
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou
ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou
autorização do poder público; Limitação de fim de semana

III - suspensão de autorização ou de habilitação para Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na
dirigir veículo. obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5
(cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro
estabelecimento adequado. (Redação dada pela Lei nº
IV – proibição de freqüentar determinados lugares.
7.209, de 11.7.1984)
(Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)

Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser


V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação
ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas
ou exame públicos. (Incluído pela Lei nº 12.550, de 2011)
atividades educativas.
Proibição de exercício de cargo, função ou ativi-
Limitação de fim de semana: Essa modalidade de
dade pública, bem como de mandato eletivo (art. 47,
pena é pouco aplicada entre nós, uma vez que no Brasil pra-
I): Essa pena restritiva de direitos é específica, uma vez que
ticamente não existem casas de albergado.
somente é aplicável ao crime cometido no exercício de pro-
fissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que hou-
Casa do albergado - Em consonância com as regras
ver violação dos deveres que lhes são inerentes (art. 56 do
definidas pelos arts. 94 e 95 da LEP, o prédio da casa de
CP). Diz respeito à vida pública do condenado, por relacio-
albergado deverá situar-se em centro urbano, separado dos
nar-se a cargo, função ou atividade pública, bem como a
demais estabelecimentos, e caracterizar-se pela ausência de
mandato eletivo.
obstáculos físicos contra a fuga. Deverá conter, além dos
aposentos para acomodar os presos, local adequado para
Proibição do exercício de profissão, atividade ou
cursos e palestras, e instalações para os serviços de fiscali-
ofício que dependam de habilitação especial, de li-
zação e orientação dos condenados.
cença ou autorização do poder público (art. 47, II):
Trata-se também de pena restritiva de direitos específica,
ATENÇÃO! Na falta do referido estabelecimento, não
aplicável exclusivamente ao crime cometido no exercício de
pode o paciente cumprir a pena em presídio, situação mais
profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que
gravosa do que a estabelecida na condenação.
houver violação dos deveres que lhes são inerentes (art. 56
do CP). A diferença é que se refere à esfera privada de atu-
ação do condenado, embora dependente de habilitação es- SEÇÃO III
pecial, de licença ou autorização do poder público, como por DA PENA DE MULTA
exemplo, médico, dentista, advogado e engenheiro. O con-
denado é impedido, durante o tempo da pena, de desempe- Multa
nhar a profissão, ofício ou atividade.
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao
Suspensão de autorização ou habilitação para
fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e
dirigir veículo (art. 47, III): Essa pena aplica-se somente
calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e,
aos crimes culposos de trânsito (art. 57 do CP). Como tais
no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-
crimes encontram-se atualmente previstos em sua maioria
multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
pelo Código de Trânsito Brasileiro – Lei 9.503/1997, esse
dispositivo foi por ele tacitamente revogado. Atualmente, o
juiz somente pode aplicar, com fulcro no art. 47, III, do CP, § 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não
a pena restritiva de direitos de suspensão de autorização podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo
para dirigir ciclomotores relativamente a crimes culposos de mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco)
trânsito com ele praticados. vezes esse salário.

Proibição de frequentar determinados lugares § 2º - O valor da multa será atualizado, quando da


(art. 47, IV): Trata-se, na verdade, de restrição da liber- execução, pelos índices de correção monetária.
dade, pois o condenado é atingido diretamente em sua li-
berdade de locomoção. Cuida-se de pena praticamente inó- Multa é a espécie de sanção penal, de cunho patrimo-
cua, de difícil e inexistente fiscalização. nial, consistente no pagamento de determinado valor em di-
nheiro em favor do Fundo Penitenciário Nacional. Em se tra-
Proibição de inscrever-se em concurso, avalia- tando de pena, deve respeitar os princípios da reserva legal
ção ou exame públicos (art. 47, V): Esta modalidade de e da anterioridade.
pena restritiva – consistente em interdição temporária de
direitos – visa impedir a inscrição de condenados em con-  Fundo Penitenciário: O Fundo Penitenciário Naci-
cursos, avaliações ou exames públicos durante o cumpri- onal foi instituído pela LC 79/1994, e constituem-se em seus
mento da sanção penal. Sua aplicação – a critério do magis- recursos as multas decorrentes de sentenças penais conde-
trado – é possível aos condenados em geral, se presentes natórias transitadas em julgado.

72
Aplicação da pena de multa: A pena de multa se- Pagamento parcelado da multa: A parte final do
gue um sistema bifásico – sua aplicação deve respeitar duas art. 50 do CP dispõe que o juiz pode, atendendo a pedido do
fases distintas e sucessivas: condenado, e considerando as circunstâncias do caso, per-
mitir o parcelamento do pagamento da pena de multa.
1ª fase: O juiz estabelece o número de dias-multa,
que varia entre o mínimo de 10 (dez) e o máximo de 360  A lei não prevê limite ao número de parcelas, re-
(trezentos e sessenta). Para encontrar esse número, o ma- servando-se tal tarefa ao juízo da execução.
gistrado utiliza as circunstâncias judiciais do art. 59, caput,
do CP, bem como eventuais agravantes e atenuantes gené- Pagamento mediante desconto da remuneração
ricas, e finalmente as causas de aumento e de diminuição do condenado: É possível, ainda, seja a cobrança da multa
da pena. efetuada mediante desconto na remuneração do condenado,
quando tiver sido aplicada isoladamente, cumulativamente
2ª fase: Já definido o número de dias-multa, cabe com pena restritiva de direitos, ou então quando tiver sido
agora ao magistrado a fixação do valor de cada dia-multa, concedida a suspensão condicional da pena (art. 50, § 1º,
que não pode ser inferior a um trigésimo do maior salário do CP).
mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a
cinco vezes esse salário (conforme previsto no § 1.º do art.  O desconto não deve incidir sobre os recursos in-
49 do CP). Leva-se em conta a situação econômica do réu, dispensáveis ao sustento do condenado e de sua família, e
nos termos do art. 60, caput, do CP. terá como limites o máximo de um quarto e o mínimo de um
décimo da remuneração (art. 50, § 2.º, do CP e art. 168, I,
Com tais dados, conclui-se o cálculo da sanção pecu- da LEP).
niária. Esse método possibilita a perfeita individualização da
pena de multa, na forma exigida pelo art. 5.º, XLVI, da CF. Conversão da Multa e revogação
E, transitando em julgado a sentença penal condenatória,
será irretratável o seu valor. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 51. Transitada em julgado a sentença
ATENÇÃO! Se o juiz considerar que, em virtude da condenatória, a multa será executada perante o juiz da
situação econômica do réu, é ineficaz a pena de multa, em- execução penal e será considerada dívida de valor,
bora aplicada no máximo, poderá aumenta-la até o triplo aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda
(art. 60, § 1º, do CP). Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e
suspensivas da prescrição. (Redação dada pela Lei nº
Cálculo da pena de multa (arts. 49 e 60 do CP) 13.964, de 2019)
Etapas Mínimo Máximo
1ª Fixação dos dias-multa 10 dias 360 dias
Multa como dívida de valor - Ocorrendo a omissão
2ª Fixação do valor de um dia- 1/30 avos 5 x s.m. do condenado durante o prazo legal para pagamento da
multa s.m. multa, deverá ser procedido o pagamento forçado ou coer-
3ª Critério especial Até 3x (art. 60, § 1º) citivo, mediante a execução da pena perante a o JUIZ DA
EXECUÇÃO PENAL, sendo vedada a sua conversão para pena
Pagamento da multa privativa de liberdade.

A Lei 13.964/2019 Pacote Anticrime), que deu a re-


Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dação atual ao dispositivo em comento, apenas deslocou a
dias depois de transitada em julgado a sentença. A execução para o Juízo da Execução Penal, por conseguinte,
requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o a competência para a promoção é do Ministério Público.
juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas
mensais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) ATENÇÃO: a multa aplicada no Juizado Especial Cri-
minal, por força do art. 98, I, da CF, impõe a competência
§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante deste juízo especial para executar seus próprios julgados.
desconto no vencimento ou salário do condenado quando:
 Embora considerada dívida de valor após o trânsito
a) aplicada isoladamente; em julgado da sentença condenatória, a multa conserva seu
caráter de pena, consequência do cometimento de infração
penal. Note-se que a multa foi tratada como espécie de pena
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de
pelo art. 5.º, XLVI, “c”, da CF.
direitos;
IMPORTANTE! A inadimplência da multa seguida da
c) concedida a suspensão condicional da pena. morte do condenado não estende sua cobrança aos seus
herdeiros, em obediência ao princípio da personalidade ou
§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos intransmissibilidade da pena, consagrado pelo art. 5º, XLV,
indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família. da CF.

Pagamento voluntário da multa: O pagamento vo- Suspensão da execução da multa


luntário ou espontâneo da pena de multa deve ser efetuado
no prazo de 10 (dez) dias depois do trânsito em julgado da
Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se
sentença condenatória, como determina a 1ª parte do caput
sobrevém ao condenado doença mental. (Redação dada pela
do dispositivo em estudo.
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

73
Sobrevindo ao sentenciado (preso ou solto) doença 04. (2010 – FUMARC - CEMIG-TELECOM - Advogado Júnior)
mental, a execução da multa ficará suspensa até que ele Assinale a alternativa INCORRETA, no que se refere ao di-
recupere a saúde mental. Contudo, não se prevendo causa reito penal:
suspensiva da prescrição, tal prazo (art. 114 do CP) corre
mesmo durante a suspensão da execução da pena de a) A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
multa. outras, as de privação ou restrição da liberdade, perda de
bens, multa, prestação social alternativa e suspensão ou in-
 Com as inovações da Lei 9.268/1996, a execução terdição de direitos.
da pena de multa também será suspensa quando o conde- b) A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de
nado for absolutamente insolvente, uma vez que em sua acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do ape-
cobrança devem ser observadas as disposições contidas na nado, assegurado aos presos o respeito à integridade física
Lei 6.830/1980 – Lei de Execução Fiscal. e moral.
c) Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
EXERCÍCIOS – DAS PENAS em caso de crime comum, praticado antes da naturalização,
ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entor-
pecentes e drogas afins, na forma da lei.
01. (2012 – IPAD - PC-AC - Agente de Polícia Civil) Sobre
d) Não haverá penas de morte, de caráter perpétuo, de tra-
as penas aplicadas no Direito brasileiro, analise as seguintes
balhos forçados, de banimento ou cruéis, sob nenhum pre-
afirmativas e assinale a alternativa incorreta.
texto.
a) No caso de o Brasil haver declarado guerra contra outro
05. (2002 - FCC - SEAD-AP - Agente Penitenciário) Nos es-
Pais, é possível a cominação de pena de morte a brasileiro
tabelecimentos prisionais, a classificação dos condenados
nato.
compete
b) A pena de morte para os crimes comuns não pode ser
instituída, ainda que através de Lei formai, uma vez que tal
a) à Comissão Diretora de Classificação do Presídio (CDCP).
iniciativa fere cláusula pétrea da Constituição Federal.
b) ao Conselho Penitenciário (CP).
c) É possível a instituição de pena de trabalhos forçados - a
c) ao Conselho de Política e Classificação Penitenciária
exemplo do que ocorre com a prestação, por condenados,
(CPCP).
de serviços em hospitais ou escolas - em substituição a pe-
d) à Comissão Técnica de Classificação (CTC).
nas restritivas de liberdade.
e) ao Conselho Disciplinar (CD).
d) A Constituição Federal proíbe a instituição de pena per-
pétua.
06. (2002 - FCC - SEAD-AP - Agente Penitenciário) É com-
e) A pena de banimento é vedada expressamente pela Cons-
petente para decidir sobre a progressão de regime prisional
tituição da República.
o
02. (2013 – FEPESE - DPE-SC - Técnico Administrativo) As-
a) Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.
sinale a alternativa correta de acordo com o Direito Penal.
b) Promotor de Justiça da execução penal.
c) Juiz da execução penal.
a) Nenhuma pena pode exceder a trinta anos.
d) Conselho Penitenciário.
b) A pena privativa de liberdade não pode ser fixada em
e) Conselho da Comunidade.
tempo superior a trinta anos.
c) A pena de dias-multa não poderá ser superior a trinta
07. (2002 - FCC - SEAD-AP - Agente Penitenciário) A remi-
anos.
ção pelo trabalho prisional é concedida
d) O tempo de cumprimento das penas privativas de liber-
dade não pode ser superior a trinta anos.
a) à razão de um dia trabalhado por três dias de pena.
e) O limite de trinta anos para o cumprimento da pena é
b) ao preso que nunca praticou falta disciplinar de natureza
considerado de forma individual para cada crime cometido.
grave.
c) ao preso que nunca praticou faltas disciplinares médias
03. (2010 – FUMARC - CEMIG-TELECOM - Advogado Júnior)
ou graves.
Assinale a alternativa INCORRETA, no que se refere ao di-
d) à razão de três dias trabalhados por dia de pena.
reito penal constitucional:
e) ao preso que nunca praticou qualquer espécie de falta
disciplinar.
a) A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de en-
08. (2002 - FCC - SEAD-AP - Agente Penitenciário) Segundo
torpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
o direito vigente, a aplicação de castigos físicos nos presos
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
é
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
b) Constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
a) admissível nos casos de estrita necessidade para evitar
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem consti-
movimentos contra a ordem e a disciplina (rebeliões).
tucional e o Estado Democrático.
b) admissível de forma moderada e sob estrita supervisão
c) A prática do racismo constitui crime inafiançável e im-
médica.
prescritível, sujeito à pena de detenção, nos termos da lei.
c) admissível mediante expressa e específica autorização do
d) Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, po-
juiz da execução penal.
dendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do per-
d) admissível como sanção disciplinar máxima, nos estritos
dimento de bens ser, nos termos da lei, estendida aos su-
casos de falta grave, apurada em regular procedimento ad-
cessores e contra eles executada, até o limite do valor do
ministrativo e assegurada a ampla defesa.
patrimônio transferido.
e) inadmissível.

74
e) É todo fato ou dado que se encontra em redor do delito;
09. (2016 – UFMT - TJ-MT - Técnico Judiciário) NÃO é Pena é um dado eventual, que pode existir ou não, sem que o
Restritiva de Direito, em conformidade com o Decreto Lei crime seja excluído.
n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal:
15. (2016 – FUNCAB - SEGEP-MA - Agente Penitenciário)
a) Prestação pecuniária. Por ter praticado um roubo, Ariclenes é condenado ao cum-
b) Prestação de serviço à comunidade. primento de pena de seis anos de reclusão, em regime se-
c) Interdição temporária de direitos. miaberto. Assim, é correto afirmar que o condenado deverá
d) Detenção. iniciar a execução de sua pena em:

10. (TJ-SC - 2010 - TJ-SC - Técnico Judiciário – Auxiliar) a) uma colônia agrícola, industrial ou similar, podendo o
Assinale a alternativa que contém penas possíveis de ser condenado ser alojado em dependências coletivas, com se-
aplicadas no âmbito do Direito Penal: leção adequada dos presos.
b) uma penitência, em cela individual dotada de dormitório,
a) Perda de bens e privação da liberdade. aparelho sanitário e lavatório.
b) Extradição e multa. c) regime disciplinar diferenciado, dada a gravidade em abs-
c) Restrição da liberdade e banimento. trato do delito, que pressupõe constrangimento à vítima.
d) Trabalhos forçados e suspensão de direitos. d) casa de albergado, caracterizada pela ausência de obstá-
e) Interdição de atividade e cassação de direitos. culos físicos contra a fuga.
e) prisão domiciliar, caso não existia casa de albergado na
11. (2002 - FCC - SEAD-AP - Agente Penitenciário) São es- região, ou caso esta apresente lotação esgotada.
pécies de regimes prisionais:
16. (2014 – IBFC - SEDS-MG - Agente de Segurança Peni-
a) reclusão, detenção e liberdade assistida. tenciária) Indique o estabelecimento prisional destinado à
b) liberdade assistida, liberdade vigiada e semiliberdade. execução da pena privativa de liberdade em regime aberto:
c) privação de liberdade e restrição de direitos.
d) reclusão, detenção e prisão simples. a) Penitenciária.
e) fechado, semi-aberto e aberto. b) Casa do albergado.
c) Colônia agrícola e a colônia industrial.
12. (2016 - FUNCAB - SEGEP-MA - Agente Penitenciário) d) Cadeia Pública.
Sobre progressão e regressão de regime prisional, é correto
afirmar que: 17. (2013 – IBFC - PC-RJ - Oficial de Cartório) O princípio
da humanidade consubstancia-se na ideia de que o direito
a) a regressão de regime pode se dar do regime aberto di- penal deve pautar-se na benevolência, de forma a tratar
retamente para fechado. dignamente aquele que comete um fato delituoso, visto que,
b) a progressão é condicionada unicamente ao cumprimento apesar de ter infringido a norma penal, é pessoa humana
de parcela da pena. como qualquer outra. Sendo assim, podemos afirmar corre-
c) é vedada a existência de exame criminológico para a pro- tamente que:
gressão.
d) o bom comportamento carcerário deverá ser atestado a) A pena de morte confronta o princípio da humanidade,
por uma equipe técnica multidisciplinar. sendo vedada no ordenamento jurídico brasileiro de forma
e) proíbe-se a progressão de regime na condenação por de- absoluta.
lito classificado como hediondo. b) O cumprimento de pena privativa de liberdade em regime
fechado não atenta contra o princípio da humanidade, por
13. (2013 - COPS-UEL - SEAP-PR - Agente Penitenciário) A isso é permitido no ordenamento jurídico brasileiro.
Colônia Agrícola, Industrial ou Mista destina-se ao conde- c) Ao condenado, durante a execução da pena, pode ser im-
nado ao cumprimento de pena posta a obrigação de realizar trabalhos forçados, desde que
se garanta o benefício da remissão penal.
a) privativa de liberdade, em regime aberto. d) A imposição de castigos corporais ao preso provisório não
b) privativa de liberdade, em regime fechado. se caracteriza como ilicitude, visto que o princípio da huma-
c) de reclusão, em regime semiaberto. nidade aplica-se apenas aos definitivamente condenados.
d) de reclusão, em regime fechado. e) Constitui-se pena degradante, por violar o direito à liber-
e) privativa de liberdade, em regime semiaberto. dade de ir e vir do condenado, a imposição de penas restri-
tivas de direitos consistentes na proibição de freqüentar de-
14. (2013 – FUNCAB - PC-ES - Escrivão de Polícia) Acerca terminados lugares e limitação de fim de semana.
da “detração”, é correto o que se afirma na alternativa:
18. (2012 – IESES - TJ-RO - Titular de Serviços de Notas e
a) A cada três dias trabalhados no sistema prisional, com- de Registros - Provimento por Ingresso) É certo afirmar:
putam-se, além desses três dias de pena cumprida, mais
um, para o preso que cumpre a pena em regime fechado ou I. O reincidente condenado a detenção pode iniciar o cum-
semiaberto. primento da sua pena no regime fechado.
b) É a conversão da pena restritiva de direitos em privativa II. Tendo a pena finalidade preventiva, essa prevenção pode
de liberdade, pelo tempo da pena aplicada. ser dividida em geral e especial.
c) É o cômputo, na pena privativa de liberdade e na medida III. O trabalho do preso será remunerado de acordo com a
de segurança, do tempo de prisão provisória e o de interna- sua produtividade. Portanto, somente será remunerado se
ção em hospital ou manicômio. efetivamente produzir coisa com valor econômico.
d) Consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e do- IV. O condenado será submetido, no início do cumprimento
mingos, por 5 horas diárias, em casa de albergado ou outro da pena, a exame criminológico de classificação para indivi-
estabelecimento adequado. dualização da execução.

75
Analisando as proposições, pode-se afirmar:
a) Somente as proposições II e IV estão corretas.
b) Somente as proposições I e IV estão corretas.
c) Somente as proposições II e III estão corretas.
d) Somente as proposições I e III estão corretas.

19. (2011 - UECE-CEV - SEPLAG – CE - Agente Penitenciá-


rio) Nos termos do art. 42, do Código Penal Brasileiro, com-
putam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de
segurança, o tempo de prisão provisória no Brasil ou no es-
trangeiro. Tal determinação legal é denominada

a) remissão.
b) detração.
c) sursis penal.
d) sursis processual.

20. (2011 - UECE-CEV - SEPLAG – CE - Agente Penitenciá-


rio) Nos termos do art. 33, § 2º, “a” do Código Penal Brasi-
leiro, a pena privativa de liberdade deverá inicialmente ser
cumprida em regime fechado quando for superior a

a) seis anos e inferior a oito anos.


b) quatro anos e inferior a seis anos.
c) oito anos.
d) dez anos

GABARITO – DAS PENAS


01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
C D C D D C D E D A
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
E A E C A B B A B C

76

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