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PROCESSO PENAL

JOÃO PEREIRA

Já no Brasil Império, acompanhando a linha evolutiva


PROCESSO PENAL – AMC encontramos os dispositivos do Código de Processo Penal
Brasileiro de 1832 que, ao tratarem do procedimento infor-
Prof. João Pereira mativo, delinearam algumas características do atual Inqué-
rito Policial, como a separação da Polícia e do Poder Judici-
ário.

Somente através da Lei nº 2.033, de 20 de setembro


de 1871, regulamentada pelo Decreto nº 4.824, de 22 de
novembro de 1871, é que o Inquérito Policial propriamente
dito surgiu em nosso ordenamento jurídico, sendo assim de-
finido pelo artigo 42 da referida norma: "O Inquérito Policial
consiste em todas as diligências necessárias para o desen-
volvimento dos fatos criminosos, de suas circunstâncias e
de seus autores e cúmplices, devendo ser reduzido a instru-
mento escrito”.

Por fim, em 1941, o atual Código de Processo Penal


Instagram: @professorjoaopereira dedicou-se ao Inquérito Policial em seu título II, especifica-
mente dos artigos 4º ao 23.
Facebook: professorpereira

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 1.2 CONCEITO


1. INQUÉRITO POLICIAL. NOTITIA CRIMINIS
2. AÇÃO PENAL. ESPÉCIES Por inquérito policial compreende-se o conjunto de di-
ligências realizadas pela autoridade policial para obtenção
3. JURISDIÇÃO; COMPETÊNCIA. de elementos que apontem a autoria e comprovem a mate-
rialidade das infrações penais investigadas, bem como as
4. PROVA (DO ART. 158 A 184 DO CPP)
circunstâncias, permitindo ao Ministério Público (nos crimes
de ação penal pública) e ao ofendido (nos crimes de ação
penal privada) o oferecimento da denúncia e da queixa-
1. INQUÉRITO POLICIAL crime, respectivamente.
➔ O inquérito policial é atividade específica da polícia
denominada judiciária, isto é, a Polícia Civil, no âmbito da
1.1 HISTÓRICO Justiça Estadual, e a Polícia Federal, no caso da Justiça Fe-
deral.
Historicamente, o fato criminoso atrai a presença do
Estado para as relações interpessoais. Assim, para o exercí- ATENÇÃO: A atribuição para apuração das infrações
cio pleno do jus puniendi, se fez necessária a criação de um penais e sua autoria, não é exclusiva da Polícia Judiciária,
instrumento que assegurasse a devida averiguação do de- podendo a lei autorizar outras autoridades administrativas
lito. para a mesma função, como ocorre com as Comissões Par-
lamentares de Inquérito (CPI’s), o inquérito policial-militar
(IPM), o inquérito da polícia da Câmara dos Deputados e
A origem do Inquérito Policial se deu na Grécia antiga,
Senado Federal (Súmula nº 397 do STF) e a investigação do
onde havia a necessidade de investigar o comportamento
Ministério Público.
profissional e familiar dos candidatos à carreira de policial.

1.3 NATUREZA
Em Roma, o instituto denominado “inquisitio” consa-
grava a possibilidade de o magistrado delegar poderes à ví-
tima para a realização de diligências a fim de encontrar o O inquérito policial é procedimento persecutório de
culpado pela infração. Tal instituto também conferia ao acu- caráter administrativo e natureza inquisitiva instaurado
sado o direito de buscar provas de sua inocência, isto é, a pela autoridade policial. É um procedimento, isto é, uma
ele era conferido o direito à ampla defesa e ao contraditório. sequência de atos voltados a uma finalidade.

Posteriormente, houve uma transformação do insti-  Não é um processo administrativo e sim um


tuto, tendo o Estado reivindicado para si a investigação e o procedimento, não resultando nenhuma sanção ao seu
jus puniendi, sendo esta a fase da denominada vingança pú- final.
blica. Neste contexto, o procedimento investigativo introdu-
zido no Brasil Colônia se deu através das Ordenações Filipi-
 É administrativo e não judicial, pois não é realizado
nas, instituídas por Portugal.
no âmbito do Poder Judiciário e sim da administração pú-
blica, presidido por autoridade administrativa.

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anotações referentes a instauração de inquérito contra os
 A natureza inquisitiva decorre da ausência de con- requerentes (art. 20, parágrafo único, CPP).
traditório e ampla defesa.
➔ O sigilo não se estende ao Ministério Público, que
 Persecutório porque persegue a satisfação do pode acompanhar os atos investigatórios, nem ao Poder Ju-
direito de punir do Estado (jus puniendi). diciário.

➔ Persecução criminal (persecutio criminis): é a ATENÇÃO - Advogado: Súmula Vinculante 14: É


atividade estatal por meio da qual se busca a punição e se direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso
inicia, oficialmente, com a instauração do inquérito policial, amplo aos elementos de prova que, já documentados em
também conhecido como informatio delicti, na fase pré-pro- procedimento investigatório realizado por órgão com com-
cessual (informativa, preliminar e inquisitiva). Em seguida, petência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do
ocorre a fase processual, que é o momento da persecução direito de defesa.
criminal em juízo, por meio da a ação penal.
III) Discricionariedade: O delegado conduz as in-
1.4 FINALIDADE vestigações de acordo com a conveniência e a oportunidade,
sempre buscando a eficiência na elucidação dos fatos inves-
tigados. Por esta razão, o inquérito não possui um rigoroso
Conforme dispõe os artigos 4.º e 12 do Código de Pro- rito procedimental previsto em lei. Compete ao delegado,
cesso Penal, o inquérito visa a apuração da existência de em cada caso concreto, estabelecer o rito de suas ativida-
infração penal (materialidade) e indicar a respectiva autoria, des.
bem como as circunstâncias da ação criminosa, a fim de for-
necer ao titular da ação penal elementos mínimos para que
ele possa ingressar em juízo, contribuindo para formação de Além disso, o ofendido, seu representante legal e o
seu convencimento (opinio delicti). indiciado podem requerer diligências, mas estas serão rea-
lizadas, ou não, a juízo da autoridade policial (art. 14, CPP).

➔ O titular da ação penal, em regra é o Ministério


Público (Ação Penal Pública) e excepcionalmente, o ofendido ➔ Exceções à discricionariedade do inquérito policial:
ou querelante (Ação Penal Privada).
a) requisições do MP e do juiz: neste caso, o delegado
A apuração da infração penal consiste em colher estará obrigado a atender, salvo impossibilidade de fazê-lo;
informações a respeito do fato criminoso. Apurar a autoria
consiste na autoridade policial desenvolver a necessária b) realização do exame de corpo de delito nos crimes
atividade, visando descobrir o verdadeiro autor da infração que deixam vestígio: este exame pode ser direto ou indireto,
penal, ao menos de forma indiciária. a teor do art. 158, CPP. No exame direto, os peritos dispõem
de vestígio para análise; no indireto, os peritos se valem de
1.5 CARACTERÍSTICAS elementos acessórios, como fotografias e prontuários médi-
cos.

I) Procedimento escrito/formal: O inquérito


policial é um procedimento escrito, já que destinado a IV) Procedimento inquisitivo: No inquérito policial,
fornecer elementos ao titular da ação penal, que adota todo o poder de direção se concentra nas mãos da autori-
também a forma escrita. Dispõe o artigo 9° do CPP que dade policial, não sendo aplicados os princípios do contradi-
"todas as peças do inquérito policial serão, num só tório e da ampla defesa. À vista disto, o ofendido, seu re-
processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste presentante legal e o indiciado podem requerer diligências,
caso, rubricadas pela autoridade". mas estas serão realizadas, ou não, a juízo da autoridade
policial dirigente (art. 14, CPP).

➔ Não há impedimento que o registro dos depoimen-


tos seja realizado por outros meios, como a gravação mag- ➔ Exceções:
nética, digital ou meio audiovisual. a) Admite contraditório o inquérito instaurado pela
Polícia Federal, por determinação do Ministro da Justiça,
para expulsão de estrangeiro (art. 70, Lei nº 6.815/1980);
II) Procedimento sigiloso: Essa qualidade é impor-
tante para que possa a autoridade policial providenciar as b) A defesa técnica nos procedimentos investigativos
diligências necessárias ao esclarecimento do fato criminoso contra servidor da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal,
sem que se lhe oponham, no caminho, empecilhos para im- Polícia Ferroviária federal das Polícias Civis, Polícias Militares
pedir ou dificultar a colheita de informações com ocultação e Corpos de Bombeiros Militares, Polícias Penais federal, es-
ou destruição de provas, influência sobre testemunhas, etc. taduais e distrital (Art. 14-A do CPP, introduzido pela Lei nº
Por isso dispõe a lei que "a autoridade assegurará no inqué- 13.964/2019 – Pacote Anticrime).
rito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo
interesse da sociedade" (art. 20 do CPP).
V) Indisponibilidade: Uma vez instaurado, o inqué-
rito policial não pode ser arquivado pela autoridade policial
 Nos atestados de antecedentes que lhe forem solici- (artigo 17 do CPP). O arquivamento depende de manifesta-
tados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer ção judicial, após pedido do titular da ação penal. Logo, uma
vez instaurado o inquérito policial, mesmo que a autoridade

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policial conclua pela atipicidade da conduta investigada, não No caso de crimes de ação penal pública condicionada
poderá determinar o arquivamento do inquérito policial. à representação e de ação penal de iniciativa privada, a ins-
Recurso ao Chefe de Polícia: O delegado poderá se tauração do inquérito policial está condicionada à manifes-
negar a instaurar o inquérito caso entenda pela atipicidade tação da vítima ou de seu representante legal. Porém, uma
da conduta (o fato não é crime) ou se constatada a inexis- vez demonstrado o interesse do ofendido na persecução pe-
tência do fato, entretanto, se o interessado se sentir preju- nal, a autoridade policial é obrigada a agir de ofício, deter-
dicado com a recusa, poderá apresentar recurso administra- minando as diligências necessárias à apuração do delito.
tivo ao chefe de polícia (art. 5°, § 2°, CPP).
Verificação de Procedência de Informação IX) Procedimento unilateral: A direção dos traba-
(VPI): A jurisprudência tem reconhecido a validade de in- lhos investigativos levados a efeito no inquérito cabe à Polí-
vestigações preliminares realizadas antes da instauração do cia Judiciária, na pessoa da autoridade policial, sem a parti-
inquérito policial, a partir de denúncia anônima, por meio de cipação da defesa, embora possa atender requerimento dos
procedimento alcunhado de VPI, que pode ser arquivado interessados.
pelo delegado de polícia, caso não se confirmem os fatos
criminosos preliminarmente apurados.
X) Procedimento unidirecional: Significa dizer que
o inquérito tem uma única finalidade, qual seja a de apura-
VI) Dispensável: O inquérito policial é uma peça útil, ção dos fatos, não cabendo ao Delegado de Polícia emitir
porém não imprescindível. Não é fase obrigatória da perse- nenhum juízo de valor na apuração dos fatos.
cução penal. Poderá ser dispensado sempre que o Ministério
Público ou o ofendido (no caso da ação penal privada) tiver
XI) Autoritariedade - Trata-se de uma exigência
elementos suficientes para promover a ação penal.
expressa do Texto Constitucional a qual dispõe que o
Assim, caso o titular da ação penal já disponha ele- inquérito deverá ser presidido por uma autoridade pública,
mentos suficientes de prova da materialidade e indícios de no caso, a autoridade policial, ou seja, o delegado de polícia
autoria, não há necessidade de se recorrer ao inquérito, ca- de carreira, conforme preceito expresso no art. 144 da
bendo-lhe, oferecer a ação penal. Além disto, os referidos Constituição da República Federativa do Brasil.
elementos de informação podem ser obtidos por meio de
outros instrumentos de investigação criminal, como os in-
quéritos parlamentares, inquéritos civis públicos, investiga- XII) Procedimento temporário - Diz o Código de
ções do próprio MP, etc. Processo Penal, em seu art. 10, § 3º, que, quando o fato for
de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade
policial poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para
Ademais, o artigo 27 do Código de Processo Penal dis- ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo
põe que qualquer pessoa do povo poderá fornecer, por es- marcado pelo juiz.
crito, informações sobre o fato e a autoria, indicando o
Diante da inserção do direito à razoável duração do
tempo, o lugar e os elementos de convicção, demonstrando
processo na Constituição Federal (art. 5º, LXXVIII), o
que quando as informações forem suficientes não é neces-
inquérito policial não pode ter seu prazo de conclusão
sário o inquérito policial.
prorrogado indefinidamente.
Em situações mais complexas, envolvendo vários
Ainda, segundo o artigo 39, § 5.º, do Código de Pro- acusados, o prazo para a conclusão das investigações
cesso Penal, o órgão do Ministério Público dispensará o in- deverá ser sucessivamente prorrogado. Porém, uma vez
quérito se com a representação forem oferecidos elementos verificada a impossibilidade de colheita de elementos que
que o habilitem a promover a ação penal. autorizem o oferecimento de denúncia, deve o Promotor de
Justiça requerer o arquivamento dos autos.
➔ TCO: Nas infrações penais de menor potencial
ofensivo (contravenções e crimes com pena de até dois XIII) Sistêmico – O inquérito policial deve ser
anos, cumulada ou não com multa) não haverá inquérito sistemático, ou seja, as peças devem ser juntadas aos autos
policial, que será substituído pelo Termo Circunstanciado de obedecendo uma sequência lógica de modo a facilitar a
Ocorrência. compreensão dos fatos lá organizados como um todo.

VII) Procedimento oficial: o inquérito policial é ati-


vidade investigatória realizada exclusivamente por órgãos
1.6 FUNDAMENTO
oficiais do Estado, no âmbito da administração pública, não
podendo ficar a cargo de particular, mesmo no caso de ação
penal privada, em que a titularidade da ação é atribuída à  Na Constituição Federal, encontra-se previsto, como
pessoa ofendida. atividade privativa da polícia judiciária, nos §§ 1.º e 4.º do
art. 144:
VIII) Procedimento oficioso: ao tomar conheci-
mento de notícia de crime de ação penal pública incondicio- § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão
nada, a autoridade policial é obrigada a agir de ofício, inde- permanente, organizado e mantido pela União e
pendentemente de provocação da vítima e/ou qualquer ou- estruturado em carreira, destina-se a:" (Redação
tra pessoa. Deve, pois, instaurar o inquérito policial de ofí- dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
cio, nos exatos termos do art. 5º, I, do CPP, procedendo, I - apurar infrações penais contra a ordem política e
então, às diligências investigatórias no sentido de obter ele- social ou em detrimento de bens, serviços e interesses
mentos de informação quanto à infração penal e sua autoria. da União ou de suas entidades autárquicas e
empresas públicas, assim como outras infrações cuja

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prática tenha repercussão interestadual ou dos fatos e da autoria, para justificar o processo ou o não
internacional e exija repressão uniforme, segundo se processo.
dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de b) Para indiciamento: Juízo de probabilidade - já
entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o para o indiciamento, realizadas diligências investigativas,
descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de será exigido juízo de probabilidade, estando comprovada a
outros órgãos públicos nas respectivas áreas de materialidade do delito e colhidos suficientes indícios de au-
competência; toria.
III - exercer as funções de polícia marítima,
aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela
Anote-se que, para o juiz e para o Ministério Público,
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
o juízo de cognição é diverso:
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia
judiciária da União.
Juiz e Ministério Público: Para o julgamento, o juiz
(...)
deve chegar a um juízo de certeza, sendo necessário esgotar
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de toda a matéria probatória, através de uma cognição plena,
polícia de carreira, incumbem, ressalvada a o que justificaria uma sentença condenatória. Já para o Mi-
competência da União, as funções de polícia judiciária nistério Público dar início de uma ação penal, é necessário
e a apuração de infrações penais, exceto as militares. tão somente um juízo de probabilidade, que seria o predo-
mínio das razões positivas que afirmam a existência do de-
 No CPP os arts. 4º a 23 são as principais normas que lito e sua autoria.
fundamentam e disciplinam o inquérito policial.
1.9 VALOR PROBATÓRIO
 Também a Lei nº 12.830, de 20/06/2013, que dis-
põe sobre a investigação criminal conduzida pelo Delegado O inquérito policial tem valor probante relativo, con-
de Polícia traz previsão de regras para o inquérito policial: siderando a ausência das garantias constitucionais da ampla
defesa e contraditório, ficando sua utilização como instru-
Art. 1º (...) mento de convicção do juiz condicionada a que as provas
nele produzidas sejam renovadas ou ao menos confirmadas
§ 1o Ao delegado de polícia, na qualidade de autori-
pelas provas judicialmente realizadas sob o manto do devido
dade policial, cabe a condução da investigação crimi-
processo legal e dos demais princípios informadores do pro-
nal por meio de inquérito policial ou outro procedi-
cesso. Tem, portanto, conteúdo apenas informativo, que
mento previsto em lei, que tem como objetivo a apu-
visa fornecer elementos necessários para a propositura da
ração das circunstâncias, da materialidade e da auto-
ação penal.
ria das infrações penais.

ATENÇÃO: Exatamente porque o inquérito não está


1.7 TITULARIDADE
precedido de contraditório, as provas colhidas não têm valor
absoluto, razão pela qual, o juiz, embora possa formar sua
A presidência do Inquérito Policial cabe à autoridade convicção pela livre apreciação da prova produzida, não
policial, o delegado de polícia de carreira, embora as diligên- pode fundamentar sua decisão exclusivamente nos elemen-
cias realizadas possam ser acompanhadas pelo represen- tos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as
tante do Ministério Público, que detém o controle externo da provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
polícia.
Elementos migratórios: são assim chamadas as
Preceitua a Lei 12.830/2013 o seguinte: provas cautelares, não repetíveis e antecipadas porque mi-
gram do IP para o processo, podendo servir de base para
eventual decisão condenatória.
Art. 2o (...)
§ 1o Ao delegado de polícia, na qualidade de autori-
dade policial, cabe a condução da investigação crimi- As provas cautelares são aquelas em que há risco
nal por meio de inquérito policial ou outro procedi- de perecimento do objeto de prova e o contraditório é dife-
mento previsto em lei, que tem como objetivo a apu- rido. Exemplo: interceptação telefônica.
ração das circunstâncias, da materialidade e da auto-
ria das infrações penais. As provas antecipadas são as produzidas perante o
juiz, em uma fase que não seria, em regra, a adequada.
1.8 GRAU DE COGNIÇÃO Pode ocorrer até mesmo antes de instaurado o processo, em
razão da urgência. Exemplo: Depoimento de testemunha -
artigo 225 do CPP.
Grau de cognição do Inquérito Policial:
As provas não repetíveis são as produzidas na fase
a) Para iniciar o procedimento: Juízo de possibi- de inquérito. Todavia, descabe sua reprodução em juízo.
lidade – para dar início ao inquérito policial, o plano de cog- Exemplo: Exame de corpo de delito em alguém que sofreu
nição deverá ser sumário, em juízo de possibilidade, limi- lesões corporais leves.
tando-se a atividade mínima de comprovação e averiguação

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➔ O STF já se manifestou admitindo, de um modo Recurso ao Chefe de Polícia: Convencendo-se que
geral, a utilização subsidiária, no sentido de que os elemen- a notitia criminis é totalmente descabida, sem respaldo ju-
tos do inquérito podem influir na formação do livre conven- rídico ou material, deve a autoridade policial indeferir o re-
cimento do juiz para a decisão da causa quando comple- querimento do ofendido para instauração de inquérito poli-
mentam outros indícios e provas que passam pelo contradi- cial, cabendo recurso inominado ao chefe de Polícia da deci-
tório em juízo. são de indeferimento.

1.10 FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO PO- d) notícia oferecida por qualquer do povo: de
LICIAL acordo com o art. 5º, § 3º, do CPP, qualquer pessoa do povo
que tiver conhecimento da existência de infração penal em
que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito,
1) CRIMES DE AÇÃO PÚBLICA INCONDICIO-
comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a proce-
NADA
dência das informações, mandará instaurar inquérito.

Pode ser instaurado das seguintes formas:


Cuida-se da chamada delatio criminis simples, comu-
mente realizada através de uma ocorrência policial. Mais
a) de ofício: por força do princípio da obrigatorie- uma vez, verificada a procedência e veracidade das infor-
dade, que também se estende à fase investigatória, caso a mações, deve o delegado determinar a instauração do in-
autoridade policial tome conhecimento imediato e direto do quérito policial.
fato, por meio de delação verbal ou por escrito, feito por
qualquer pessoa do povo (delatio criminis simples), por meio
➔ Trata-se, portanto, de mera faculdade do cidadão,
de sua atividade rotineira (cognição imediata), ou no caso
não tendo ele, a princípio, o dever de noticiar a prática de
de prisão em flagrante, deve instaurar o inquérito policial de
infração penal.
ofício, ou seja, independentemente da provocação de qual-
quer pessoa (CPP, art. 5º, I).
2) CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICI-
ONADA
Denúncia anônima: a denúncia anônima, por si só,
não serve para fundamentar a instauração de inquérito po-
licial, mas, a partir dela, pode a Polícia proceder a Verifica- Nos crimes de ação penal pública condicionada, a de-
ção de Procedência da Informação (VPI), que se constitui de flagração da persecutio criminis está subordinada à repre-
diligências preliminares para apurar a veracidade das infor- sentação do ofendido ou à requisição do Ministro da Justiça
mações obtidas anonimamente e, então, instaurar o proce- (CPP, art. 5º, § 4º).
dimento investigatório propriamente dito, caso restem fun-
dadas suspeitas de ocorrência de delito (art. 5º, § 3º, parte
a) Representação do ofendido: Por representação,
final, CPP).
também denominada de delatio criminis postulatória, en-
tende-se a manifestação da vítima ou de seu representante
b) requisição da autoridade judiciária ou do Mi- legal no sentido de que possuem interesse na persecução
nistério Público: diz o art. 5º, inciso II, do CPP, que o in- penal, não havendo necessidade de qualquer formalismo.
quérito será iniciado, nos crimes de ação pública, mediante
requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público.
 Por exemplo, no crime de ameaça, capitulado no art.
Diante de requisição, a autoridade policial está obrigada a
147 do Código Penal, em que, após a descrição do tipo penal
instaurar o inquérito policial, não por força de hierarquia,
e da cominação da pena, estabelece o parágrafo único do
mas em obediência ao princípio da obrigatoriedade, que im-
citado dispositivo: “somente se procede mediante represen-
põe às autoridades policiais o dever de agir diante da notícia
tação”. Ou seja, a instauração do inquérito policial estará na
da prática de infração penal.
dependência da manifestação da vítima ou de seu represen-
tante legal, de onde se possa concluir que têm intenção de
c) requerimento do ofendido ou de seu repre- ver apurada a responsabilidade penal do autor da infração.
sentante legal: também é possível a instauração de inqué-
rito policial a partir de requerimento do ofendido ou de quem
b) Requisição do Ministro da Justiça: Nas hipóte-
tenha qualidade para representá-lo.
ses em que a ação penal pública for condicionada à requisi-
ção do Ministro da Justiça, esta será encaminhada ao chefe
 Esse requerimento conterá, sempre que possível: do Ministério Público para que, desde logo, ofereça denúncia
ou requisite diligências à Polícia.
I) a narração do fato, com todas as suas circunstân-
cias; ➔ A exigência de requisição ocorre em determinados
II) a individualização do indiciado ou seus sinais ca- casos elencados no Código Penal: nos crimes contra a honra
racterísticos e as razões de convicção ou de presunção de praticados contra o Presidente da República ou chefe de go-
ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade verno estrangeiro (art.145, § único, primeira parte), nos de-
de fazê-lo; litos praticados por estrangeiro contra brasileiro fora do Bra-
sil (art.7º, §3º).
III) a nomeação das testemunhas, com indicação de
sua profissão e residência (CPP, art. 5º, § 1º).
3) CRIMES DE AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRI-
VADA

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Requerimento do ofendido: Em se tratando de comparecer ao distrito policial, comunicando o aconteci-
crime de ação penal de iniciativa privada, o Estado fica con- mento.
dicionado ao requerimento do ofendido ou de seu represen-
tante legal. Nessa linha, dispõe o art. 5º, § 5º, do CPP, que
A delatio criminis também pode ser dirigida ao Minis-
a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito
tério Público, titular da ação penal, que poderá apresentar
nos crimes de ação privada a requerimento de quem tenha
denúncia ao Poder Judiciário de logo, caso o delator envie
qualidade para intentá-la.
documentos suficientes para instruir a propositura da ação
penal, ou requisitar a instauração de inquérito policial.
➔ No caso de morte ou ausência do ofendido, o re-
querimento poderá ser formulado por seu cônjuge, ascen-
b) Espécies:
dente, descendente ou irmão (CPP, art. 31). Como se vê,
esse requerimento é condição de procedibilidade do próprio
inquérito policial, sem o qual a investigação sequer poderá I) Simples: É chamada de delatio criminis simples
ter início. quando o delator se limitar a comunicar o crime, não reque-
rendo providências, nos casos de crime de ação pública in-
condicionada, que impõe o dever de atuação do Estado.
ATENÇÃO – Auto de Prisão em Flagrante: O in-
quérito policial também pode começar mediante Auto de Pri-
são em Flagrante, além da ação penal pública incondicio- II) Postulatória: É aquela em que a vítima comu-
nada, também nos casos de ação penal pública condicionada nica a infração penal à autoridade policial e pede a instau-
e ação penal privada, sendo que, nestes dois últimos casos, ração do inquérito para apuração. Também se refere à co-
o ofendido deverá ratificar o flagrante até a entrega da nota municação da vítima, nos mesmos termos, fornecendo a re-
de culpa (24h), sob pena de tornar sem efeito a prisão em presentação para que o Ministério Público possa agir nos cri-
flagrante. mes de ação pública condicionada.

1.11 “NOTITIA CRIMINIS” (Notícia do crime) 1.13 PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS

a) Conceito: É o conhecimento pela autoridade poli- O Código de Processo Penal traz, em seu arts. 6º e
cial, de forma espontânea ou provocada, de um fato apa- 7º, um rol exemplificativo de diligências investigatórias que
rentemente delituoso. A ciência da infração penal pode ocor- poderão ser adotadas pela autoridade policial ao tomar
rer de diversas maneiras, e esta comunicação, provocada ou conhecimento de um fato delituoso.
por força própria, é chamada de notícia do crime.

Algumas são de caráter obrigatório, como, por


b) Espécies: exemplo, a realização de exame pericial quando a infração
deixar vestígios; outras, no entanto, têm sua realização
condicionada à discricionariedade da autoridade policial, que
I) “Notitia Criminis” espontânea (de cognição
deve determinar sua realização de acordo com as
direta, imediata, ou inqualificada): ocorre quando a au-
peculiaridades do caso concreto (v.g., reconstituição do fato
toridade policial toma conhecimento direto da infração penal
delituoso).
por meio de suas atividades rotineiras de investigação.
Exemplo: imprensa, encontro do corpo de delito ou até pela
denúncia anônima, esta última somente se precedida de di- Vejamos, então, quais são essas diligências:
ligências policiais preliminares que confirmem a veracidade
dos fatos noticiados.
1º) Dirigir-se ao local do crime providenciando para
que não se alterem o estado de conservação das coisas, até
II) “Notitia Criminis” provocada (de cognição a chegada dos peritos criminais (CPP, art. 6º, I)
indireta, mediata, ou qualificada): ocorre quando a au-
toridade policial toma conhecimento do delito por meio de
algum ato jurídico de comunicação formal, como a requisi- Preservação do local do crime - tem um objetivo
ção do juiz ou do ministério público, requerimento da vítima, precípuo preservar os vestígios deixados pela infração penal
representação do ofendido. (corpo de delito), a fim de não prejudicar o trabalho a ser
desenvolvido pelos peritos criminais.

III) “Notitia Criminis” coercitiva: ocorre quando a


notícia do crime se dá juntamente com a apresentação do 2º) Apreender os objetos que tiverem relação com o
infrator preso em flagrante, pela Polícia ou por particular. fato, após liberados pelos peritos criminais (CPP, art. 6º,
III), os quais devem acompanhar o inquérito quando
interessarem à prova, conforme art. 11 do CPP.
1.12 DELATIO CRIMINIS

a) Conceito: Delatio criminis é a comunicação feita Apreensão de objetos – O dever de apreensão dos
verbalmente ou por escrito, por qualquer pessoa do povo à objetos relacionados ao fato delituoso, após liberados pelos
autoridade policial, acerca da ocorrência de infração penal peritos criminais, tem o objetivo de futura exibição em juízo,
em que caiba ação penal pública incondicionada. Caso a au- necessidade de contraprova e ainda eventual perda em
toridade policial verifique a procedência da informação, favor da União como efeito da condenação (confisco).
mandará instaurar inquérito para apurar oficialmente os fa-
tos delatados. Ex.: se alguém presenciar um homicídio pode

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3º) Colher todas as provas que servirem para o es- indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto,
clarecimento do fato e suas circunstâncias (CPP, art. 6º, III) não podendo supri-lo a confissão do acusado.

Confirmando a discricionariedade dispensada ao tra- 8º) Ordenar a identificação do indiciado pelo processo
balho investigatório da autoridade policial no curso do in- dactiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha
quérito policial, podem ser apreendidos todos aqueles obje- de antecedentes (CPP, art. 6º, VIII).
tos que sejam úteis à busca da verdade real, podendo tra-
tar-se de armas, mas também de coisas totalmente inofen-
O processo dactiloscópico consiste na comparação de
sivas e de uso comum, que, no caso concreto, podem con-
impressões digitais, fundado na certeza de que não existem
tribuir para a formação da convicção dos peritos.
em duas pessoas saliências papilares idênticas.

4º) Ouvir o ofendido (CPP, art. 6º, IV)


ATENÇÃO: A primeira parte desse preceito do CPP,
que entrou em vigor antes da Constituição Federal, deve ser
Deve a autoridade policial proceder à oitiva do ofen- lida em cotejo com o art. 5º, LVIII, da Carta Magna, que
dido, se possível. Conquanto o depoimento do ofendido deva prevê que o civilmente identificado não será submetido à
ser colhido com certa reserva, haja vista seu envolvimento identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei.
emocional com o fato delituoso e consequente interesse no
deslinde da investigação, as informações por ele prestadas
Atente-se, neste ponto, à nova redação conferida ao
poderão ser muito úteis na busca de fontes de provas, con-
art. 20, parágrafo único, do CPP, pela Lei nº 12.681/12:
tribuindo para o êxito das investigações.
“nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a
autoridade policial não poderá mencionar quaisquer
5º) Ouvir o indiciado (CPP, art. 6º, V) anotações referentes à instauração de inquérito contra os
requerentes”.
A autoridade policial deverá ouvir o indiciado, com ob-
servância, no que for aplicável, os mesmos preceitos do in- 9º) Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o
terrogatório judicial, devendo ser respeitado o direito cons- ponto de vista individual, familiar e social, sua condição eco-
titucional ao silêncio, por força do princípio do nemo tenetur nômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do
se detegere. crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que con-
tribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter
(CPP, art. 6º, IV)
6º) Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e
a acareações (CPP, art. 6º, VI)
O levantamento deve ser feito de maneira objetiva,
tendo em conta que os dados sobre a personalidade de cri-
O reconhecimento de pessoa é meio de prova e ocor-
minosos, poderão ter influência na aplicação das penas (art.
rerá quando uma pessoa, (vítima ou testemunha) reconhe-
42, do Código Penal), na imposição e execução das penas
cer a pessoa que de alguma forma interesse ao fato, admi-
de multa (arts. 37, 38 e 43 do CPP no arbitramento de fian-
tindo e afirmando como certa a identidade de alguém.
ças (§ único do art. 325 e arts. 326 e 350, do CPP) e, ainda,
poderão dar margem à aplicação de medidas de segurança.
O reconhecimento de coisas é ato ligado à identifica-
ção dos instrumentos empregados na prática delituosa
10) Averiguar a situação dos filhos menores das pes-
(faca, revólver, etc.), dos objetos utilizados para auxiliar no
soas presas, colhendo informações sobre a sua existência,
delito (v.g., uma motocicleta usada em um crime de roubo)
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o
e dos objetos que constituem o produto do crime (automó-
nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados
vel subtraído, celular roubado, etc.).
dos filhos, indicado pela pessoa presa (CPP, art. 6º, X).

A acareação consiste em se apurar a verdade no de-


Constatando o Delegado de Polícia que os filhos me-
poimento ou declaração das testemunhas e das partes, con-
nores da pessoa presa estão em situação de risco, deverá
frontando-as frente a frente e levantando os pontos diver-
encaminhar a criança ou o adolescente para programa de
gentes, até que se chegue às alegações e afirmações verda-
acolhimento familiar ou institucional.
deiras.

Outras atribuições da autoridade policial


7º) Determinar, se for o caso, que se proceda a
(art. 13):
exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias (CPP,
art. 6º, VII)
I - Fornecer às autoridades judiciárias as informações
necessárias à instrução e julgamento dos processos: Como
Exame de corpo de delito é a verificação da prova da
auxiliar do Poder Judiciário, cabe à autoridade policial forne-
existência do crime, feita por peritos, diretamente, ou indi-
cer as informações que lhe forem requisitadas e que possam
retamente, por intermédio de outras evidências (como
elucidar os fatos, mesmo após a conclusão das investiga-
prova testemunhal), quando os vestígios, ainda que materi-
ções.
ais, desapareceram.

II - Realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou


Importante destacar que, por força do disposto no art.
pelo Ministério Público: Mesmo não havendo subordinação
158 do CPP, quando a infração deixar vestígios, será

7
hierárquica, a autoridade policial tem o dever de cumprir as I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação
diligências requisitadas pelo MP e pela autoridade judicial. de qualquer natureza, que dependerá de autorização judi-
Havendo recusa, pode incorrer em prevaricação (caso haja cial, conforme disposto em lei;
a pretensão de satisfazer interesse ou sentimento pessoal), II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia
salvo se a ordem for manifestamente ilegal. móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias,
renovável por uma única vez, por igual período;
III - Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas III - para períodos superiores a 30 dias, será neces-
autoridades judiciárias: Os mandados prisionais, sejam de sária a apresentação de ordem judicial.
medidas cautelares ou em razão do trânsito em julgado de
sentença condenatória que imprima pena privativa de liber-
Instauração do inquérito no crime de tráfico de
dade, serão cumpridos nos moldes dos artigos 282 a 300 do
pessoas: o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo
CPP
máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro
da respectiva ocorrência policial.
IV - Representar acerca da prisão preventiva: a auto-
ridade policial pode representar pela decretação da prisão
ATENÇÃO: Não havendo manifestação judicial no
preventiva, desde que existam indícios de autoria e prova
prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisi-
da materialidade, além da constatação de ao menos uma
tará às empresas prestadoras de serviço de telecomunica-
das hipóteses legais de decretação.
ções e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os
meios técnicos adequados – como sinais, informações e ou-
REQUISIÇÃO DE DADOS tros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos
do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz.
Requisição direta de dados cadastrais na
investigação policial preliminar (art. 13-A): o membro DIREITO DE APRESENTAR DEFENSOR NO IP
do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá (ART. 14-A DO CPP)
requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de
empresas da iniciativa privada, dados e informações
Quem tem direito: Poderão constituir defensor os
cadastrais da vítima ou de suspeitos.
indiciados que figurarem como investigados em inquéritos
policiais, inquéritos policiais militares e demais
Crimes que admitem a requisição direta: procedimentos extrajudiciais que sejam servidores
Sequestro e cárcere privado (art. 148, CP); Redução a vinculados às instituições dispostas no art. 144 da
condição análoga à de escravo (art. 149, CP); Tráfico de Constituição Federal, ou seja:
Pessoas (art. 149-A, CP); Extorsão mediante restrição da
liberdade da vítima ou sequestro-relâmpago (art. 158, § 3º,
I - Polícia Federal;
CP); Extorsão mediante sequestro (art. 159, CP); Tráfico
internacional de criança ou adolescente (art. 239, ECA). II - Polícia Rodoviária Federal;
III - Polícia Ferroviária Federal;
Prazo e conteúdo da requisição: a requisição, que IV - Polícias Civis;
será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, con- V - Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares.
terá: VI - Polícias Penais Federal, Estaduais e Distrital.
I - o nome da autoridade requisitante;
II - o número do inquérito policial; e Requisitos: Para o investigado fazer jus à defesa no
III - a identificação da unidade de polícia judiciária IP, é necessário que o objeto do procedimento seja a
responsável pela investigação. investigação de fatos relacionados ao uso da força letal
praticados no exercício profissional, de forma consumada ou
tentada, incluindo, ainda, as situações envolvendo as
Requisição de sinal telefônico de localização,
excludentes de ilicitude (estado de necessidade, legítima
nos crimes relacionados ao tráfico de pessoas (art.
defesa, estrito cumprimento do dever legal e exercícios
13-B): Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes
regular de direito).
relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério
Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, medi-
ante autorização judicial, às empresas prestadoras de ser- Citação do investigado: O investigado deverá ser
viço de telecomunicações e/ou telemática que disponibili- citado da instauração do procedimento investigatório,
zem imediatamente os meios técnicos adequados – como podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e
sinais, informações e outros – que permitam a localização oito) horas a contar do recebimento da citação.
da vítima ou dos suspeitos do delito em curso.

Intimação da instituição: Esgotado o prazo de 48


Conceito de sinal: para os efeitos deste artigo, sinal horas com ausência de nomeação de defensor pelo
significa posicionamento da estação de cobertura, setoriza- investigado, a autoridade responsável pela investigação
ção e intensidade de radiofrequência. deverá intimar a instituição a que estava vinculado o
investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa,
no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor
Regras para utilização do sinal:
para a representação do investigado.

8
Preferência pela Defensoria Pública: A indicação indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias, atri-
de defensor pela instituição caberá preferencialmente à bui a alguém a condição de autor ou partícipe de uma infra-
Defensoria Pública. Se não houver no local, a União ou a ção penal (fato típico).
Unidade da Federação correspondente deverá disponibilizar
profissional para acompanhamento e realização de todos os
➔ O ato de indiciamento é atribuição exclusiva da au-
atos relacionados à defesa administrativa do investigado.
toridade policial, não existindo fundamento jurídico que au-
torize o juiz ou o Ministério Público requisitar ao Delegado
Indicação de profissional: a indicação do de Polícia o indiciamento de determinada pessoa. Também
profissional, que poderá ser de fora dos quadros da não poderão essas próprias autoridades procederem indici-
Administração, deverá ser precedida de manifestação de amento de suspeitos.
que não existe defensor público lotado na área territorial
onde tramita o inquérito e com atribuição para nele atuar,
O art. 2.º, § 6.º, da Lei 12.830/2013 deixa claro que
correndo os custos por conta do orçamento próprio da
o indiciamento ocorre apenas ao final do inquérito (na prá-
instituição a que este esteja vinculado à época da ocorrência
tica policial, costuma ocorrer no relatório, sob a forma de
dos fatos investigados.
conclusão, após a menção às diligências realizadas), quando
a este já incorporados os elementos que permitam ao dele-
Militares das Forças Armadas – direito de defesa: gado, apreciando o conjunto das providências adotadas, de-
O direito de constituir defensor no IP se aplica aos servidores cidir se indicia ou não o indivíduo. Logo, no curso do inqué-
militares vinculados à Marinha, ao Exército e à rito policial existe simplesmente a figura do investigado.
Aeronáutica, desde que os fatos investigados digam respeito
a missões para a Garantia da Lei e da Ordem. IMPORTANTE: O indiciamento não exige a comprova-
ção do envolvimento do indivíduo na prática criminosa, o
que será objeto de apuração no curso da instrução criminal,
1.14 REPRODUÇÃO SIMULADA DOS FATOS (RECONS-
após o oferecimento da denúncia ou da queixa-crime. Então,
TITUIÇÃO)
é suficiente que haja indicativos da sua responsabilidade
pelo cometimento do fato investigado, entretanto, condici-
Além de todas as diligências e providências previstas ona-se à existência de prova de materialidade da infração.
no art. 6.º do CPP, prevê o art. 7.º que a autoridade policial
poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, a fim de
 Para o indiciamento é exercitado um juízo de pro-
verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada
babilidade, e não de certeza de autoria.
de determinado modo, desde que não contrarie a morali-
dade ou a ordem pública (por exemplo, crime contra a dig-
nidade sexual). Não vinculativo: O indiciamento, realizado ou não
pela autoridade policial, não vincula o Ministério Público ou
o ofendido em relação ao oferecimento da denúncia ou da
ATENÇÃO: Por força do direito de não produzir prova
queixa, resultando que, ainda que tenha o delegado deixado
contra si mesmo, não é lícita a condução coercitiva do in-
de indiciar o investigado, poderá ser ajuizada ação penal
vestigado para cooperar na reconstituição do crime.
contra ele. Da mesma forma, nada impede que, indiciado o
indivíduo pela conduta prevista em determinado tipo penal,
Trata-se da reconstituição do crime, feita, se possível, receba a infração, na denúncia do Ministério Público ou na
com a colaboração do réu, da vítima e de eventuais teste- queixa do ofendido, capitulação jurídica diversa.
munhas, cujo objetivo é constatar a plausibilidade das ver-
sões trazidas aos autos, identificando-se a forma provável
Indiciamento direto x indireto: o indiciamento
de como o crime foi praticado.
pode ser direto (quando o agente está presente) ou indireto
(quando o agente está ausente, a exemplo da situação de
Esta diligência é uma importante fonte de prova, so- foragido ou em lugar incerto).
bretudo no caso de crimes com violência à pessoa, podendo
ser realizada no curso do inquérito policial a partir da própria
DESINDICIAMENTO: Embora não seja comum,
iniciativa do delegado de polícia, ou por meio de requisição
pode ocorrer o “desindiciamento”, que é o cancelamento do
do juiz e do Ministério Público ou ainda a requerimento dos
indiciamento, por deliberação do Delegado de Polícia presi-
interessados (investigado e ofendido).
dente da investigação criminal, até o final do inquérito poli-
cial, mediante decisão fundamentada, explicitando os moti-
➔ Embora silente o Código de Processo Penal, nada vos da alteração de convencimento.
obsta que seja efetivada, também, no curso do processo e  Poderá o desindiciamento ocorrer, também, por
até mesmo durante os julgamentos pelo júri, ordenada pelo decisão judicial, em casos de evidente 0constrangimento ile-
juiz, ex officio, a requerimento das partes ou mediante pro- gal por parte da autoridade policial.
vocação dos jurados.

INCOMUNICABILIDADE: O art. 21, parágrafo


1.15 INDICIAMENTO único, do CPP prevê a possibilidade de o juiz decretar a in-
comunicabilidade do indiciado por prazo não superior a 3
Embora o Código de Processo Penal não faça referên- dias, visando com isso evitar que ele prejudique o anda-
cia expressa ao ato de indiciar, o art. 2.º, § 6.º, da Lei mento das investigações.
12.830/2013 consolidou o indiciamento como o ato privativo Tal dispositivo, entretanto, apesar de não ter sido re-
do delegado de polícia, por meio do qual, por ato fundamen- vogado expressamente, tornou-se inaplicável em razão do
tado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá disposto no art. 136, § 3º, IV, da Constituição Federal, que

9
veda a incomunicabilidade, até mesmo quando decretado o ele compelido a produzir ou contribuir com a formação da
estado de defesa. prova contrária ao seu interesse.

1.16 GARANTIAS DO INVESTIGADO 1.17 CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

a) Obediência ao Princípio da Legalidade: A res- De acordo com o Código de Processo Penal (art. 10,
peito da garantia transcrita pelo princípio da legalidade, § 1º), o inquérito policial deverá ser concluído com a elabo-
têm-se o direito do investigado ser submetido apenas às di- ração, pela autoridade policial, de minucioso relatório do que
ligências policiais previstas, sendo que qualquer outro mé- tiver sido apurado, fazendo um esboço das principais dili-
todo não descrito na norma, não será admitido. Após análise gências levadas a efeito na fase investigatória e indicando a
da legalidade, parte-se para o estudo da garantia constitu- classificação jurídica do fato, com posterior remessa dos au-
cional inerente ao investigado trazida pelo princípio da ver- tos ao juiz competente.
dade real.
IMPORTANTE: Deve a autoridade policial abster-se de
b) Busca da verdade real: A autoridade policial não fazer qualquer juízo de valor no relatório, não devendo emi-
deve se portar como mero espectador das provas e notícias tir opiniões ou julgamentos, mas apenas prestar todas as
de crimes que lhe aparecem. Pelo contrário, deve apurá-las, informações colhidas durante as investigações e as diligên-
a fim de investigar a fundo a realidade dos fatos que lhe é cias realizadas.
apresentada, com o intuito de descobrir como estes efetiva-
mente ocorreram, não se limitando às provas já trazidas aos
 No relatório a autoridade policial poderá indicar
autos.
testemunhas que não tiverem sido ouvidas, mencionando o
lugar onde possam ser encontradas (art. 10, § 2°).
c) Presunção de inocência ou de não-culpabili-
dade: O princípio da presunção de inocência ou de não-cul-
Devolução do IP pelo Ministério Público: O MP so-
pabilidade está previsto no artigo 5º, inciso LVII da Consti-
mente poderá requerer a devolução do inquérito à autori-
tuição Federal, que assim descreve a garantia constitucional
dade policial para novas diligências, imprescindíveis ao ofe-
de que: “ninguém será considerado culpado até o trânsito
recimento da denúncia.
em julgado da sentença penal condenatória”.

Lei Antidrogas: A Lei de Drogas prevê que a autori-


➔ Ademais, ressaltar que a Convenção Americana so-
dade policial relatará sumariamente as circunstâncias do
bre Direitos Humanos, também denominado de Pacto São
fato, justificando as razões que a levaram à classificação do
José da Costa Rica, também tratou da matéria no seu art.
delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou
8º, nº 2, assegurando o direito fundamental de que "toda a
do produto apreendido, o local e as condições em que se
pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua
desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão,
inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa”.
a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente (Lei
nº 11.343/06, art. 52, I).
d) Princípio do in dubio pro reo: A garantia
fundamental de que o investigado será mantido no “estado
IP em ação privada: Nos crimes de ação privada o
de inocência” até o trânsito em julgado da sentença penal
inquérito será remetido ao juízo competente, onde aguar-
condenatória implica consequências ao seu tratamento,
dará a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal,
nesta linha surgindo o princípio do in dubio pro reo. Este
ou será entregue ao requerente, se o pedir, mediante tras-
princípio refere em que na imprecisão, compreende-se em
lado.
favor do acusado. Assim, não conseguindo o Estado angariar
provas suficientes da materialidade e autoria do crime, o juiz
deverá absolver o acusado.  O inquérito policial deverá acompanhar a denúncia
➔ No caso do inquérito policial, em observância ao (Ação Pública) ou queixa (Ação Privada), sempre que servir
princípio do in dubio pro reo, após o recebimento de uma de base a uma ou outra.
notitia criminis e até mesmo após a autuação em flagrante
delito, cabe à autoridade de polícia judiciária em primeiro 1.18 PRAZOS
lugar verificar a veracidade dos fatos apresentados, e se en-
contram pontos de convergência com outros elementos tra-
zidos, para que em seu relatório descreva se a conduta pra- INDICIADO PRESO - Se o indiciado estiver preso (em
ticada pelo investigado constitui ou não crime. flagrante ou preventivamente), o inquérito deverá terminar
no prazo improrrogável de 10 dias corridos, do dia em que
se executar a ordem de prisão.
e) Princípio da não autoincriminação (Nemo
tenetur se detegere): É garantido ao investigado, durante
a instrução policial, “o direito de permanecer em silêncio e  No caso de ser decretada a prisão temporária, o
a não incriminação”. O direito ao silêncio defluiu do art. 5°, tempo de prisão será acrescido ao prazo de encerramento
LXIII, da CF: “o preso será informado de seus direitos, entre do inquérito (Lei n. 7.960/90).
os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
assistência da família e de advogado”.
INDICIADO SOLTO – O inquérito policial deve ser en-
➔ Por esse princípio não só se permite aos cerrado no prazo de 30 dias, contados a partir da instaura-
investigados, em geral, que permaneçam em silêncio ção (recebimento da notitia criminis), se o indiciado estiver
durante toda a investigação, mas sim isto impede que seja solto, seja mediante fiança ou não.

10
IMPORTANTE: Arquivado o inquérito policial, não
Prorrogação: É possível a prorrogação do prazo de poderá ser promovida a ação privada subsidiária, pois esta
conclusão do inquérito policial, quando o fato for de difícil só é possível no caso de inércia do Ministério Público.
elucidação, e o indiciado estiver solto, mediante requeri-
mento da autoridade policial ao juiz, com a devolução dos Discordância do juiz: Se o Juiz discordar do pedido
autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no de arquivamento, aplicará o disposto no artigo 28 do Código
prazo marcado pelo juiz (art. 10, § 3º, do CPP). de Processo Penal, ou seja, remeterá os autos ao Procura-
dor-Geral, que poderá:
Prazos para conclusão do inquérito previstos em le- a) Ele próprio (Procurador-Geral) oferecer a denúncia;
gislação especial: b) Designar outro órgão do Ministério Público para
oferecer a denúncia. Nesse caso, o promotor ou procurador
a) Crimes contra economia popular – 10 dias, estando designado está obrigado a oferecer a denúncia, sem que
o indiciado preso ou solto (Art. 10º. §1º, da Lei 1.521/51); haja ofensa ao princípio da independência funcional, pois
age em nome da autoridade que o designou (por delegação)
e não em nome próprio;
b) Lei de drogas – 30 dias se o indiciado estiver preso
c) Insistir no arquivamento, caso em que o Poder Ju-
e 90 dias quando solto, podendo, em ambos os casos, ser
diciário não poderá discordar do arquivamento.
duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante
pedido justificado da autoridade de Polícia Judiciária. (Art.51
da Lei 11.343/06); ATENÇÃO: Há uma única previsão de recurso de ofí-
cio contra decisão de arquivamento do inquérito policial, na
Lei dos Crimes contra a Economia Popular - Lei nº 1.521/51
c) Inquéritos a cargo da Polícia Federal – 15 dias po-
– art. 7º:
dendo ser prorrogado por mais 15, estando o indiciado preso
e 30 dias estando o indiciado solto. (Art. 66 da Lei Art. 7º. Os juízes recorrerão de ofício sempre que ab-
5.010/66); solverem os acusados em processo por crime contra
a economia popular ou contra a saúde pública, ou
quando determinarem o arquivamento dos autos do
d) Inquéritos militares – 20 dias caso o indiciado es- respectivo inquérito policial.
teja preso e 40 dias prorrogáveis por mais 20 se o indiciado
estiver solto (art. 20, caput e § 1º da Decreto-Lei nº 1.002,
de 21/10/69 – CPPM). Arquivamento implícito do Inquérito Policial –
ocorre quando o titular da ação penal pública deixa de
incluir na denúncia algum fato investigado ou algum dos
➔ ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL indiciados.

IMPORTANTE: O ministro do STF, Luis Fux, suspen- ATENÇÃO: Segundo o entendimento dos Tribunais
deu em 22/01/2020, até que o Pleno da Corte se pronuncie, Superiores, é inadmissível o arquivamento implícito do IP
a eficácia do trecho da Lei nª 13.964/2019, que modificou o em crime de ação penal pública, devendo o Ministério Pú-
artigo 28 do Código de Processo Penal (CPP) e estabeleceu blico aditar a denúncia para fazer incluir todos os fatos e
regras para o arquivamento de inquéritos policiais. Portanto, autores na inicial acusatória. Poderá, se for o caso, o Minis-
permanece em vigor a antiga redação do art. 28 do Código tério Público requerer formalmente o arquivamento do in-
de Processo Penal. quérito policial.

O inquérito somente pode ser arquivado quando de- Trancamento do inquérito: existe a possibilidade
terminado pelo juiz, se houver requerimento do Ministério de trancar o inquérito por meio de habeas corpus quando
Público nesse sentido. Por consequência, a autoridade poli- houver indiciamento abusivo ou quando o fato for atípico.
cial, uma vez instaurado do inquérito, não pode em ne-
nhuma hipótese mandar arquivá-lo. Entretanto, nada obsta
que, ao enviar ao juiz, o Delegado de Polícia sugira o arqui- Nulidade do Inquérito Policial - Por se tratar o in-
vamento. quérito de um procedimento administrativo, entende-se que
eventuais vícios nele existentes não afetam a ação penal.
Significa dizer que o vício gerará efeitos apenas no âmbito
ATENÇÃO: Uma vez arquivado o IP por decisão judi- do inquérito policial, sem contaminar a ação penal.
cial, a autoridade policial poderá proceder a novas pesqui-
sas, se tiver notícia de uma nova prova, podendo até ser
iniciada ação penal em caso de novas provas, pois o mero Súmulas pertinentes:
arquivamento por falta de provas não faz coisa julgada ma-
terial, mas apenas formal. SÚMULA STJ 522: A conduta de atribuir-se falsa
identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em
Ação Penal Privada: Diferentemente da ação pú- situação de alegada autodefesa.
blica, o arquivamento do inquérito em caso de ação privada
a pedido do ofendido significa renúncia tácita, que é causa SÚMULA STJ 444: É vedada a utilização de inquéritos
a extinção da punibilidade. policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.

SÚMULA STJ 234: A participação de membro do


Ministério Público na fase investigatória criminal não

11
acarreta o seu impedimento ou suspeição para o 04. (2012 – FEC - PC-RJ - Inspetor de Polícia) “Todo o poder
oferecimento da denúncia. de direção do inquérito se concentra nas mãos da autoridade
policial”. A definição corresponde à característica da:
SÚMULA STF 397: O poder de polícia da Câmara dos a) inquisitorialidade.
Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido b) formalidade.
nas suas dependências, compreende, consoante o c) sistematicidade.
regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização
d) unidirecionalidade.
do inquérito.
e) sigilosidade.

SÚMULA 524 STF: Arquivado o inquérito policial, por


despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, 05. (2017 – IBADE - SEJUDH – MT - Advogado) O inquérito
não pode a ação ser iniciada sem novas provas. policial, procedimento administrativo preliminar conduzido
pelo Delegado de Polícia, possui as seguintes característi-
cas:
a) indispensabilidade, oficialdade e sigiloso.
b) oficiosidade, disponibilidade e inquisitivo.
c) discrionariedade, oficialidade e publicidade.
d) dispensabilidade, indiscricionariedade e escrito.
e) Autoritariedade, inquisitivo e indisponibilidade.

06. (2014- CONTEMAX - COREN-PB - Advogado) Sobre o


Inquérito Policial, assinale a alternativa ERRADA:
a) Tem a finalidade de apurar a autoria e a materialidade do
crime.
b) O inquérito policial é público
QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES - INQUÉ-
RITO POLICIAL c) A autoridade policial não poderá arquivar o inquérito po-
licial.
d) O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o
01. (2014 – FUNCAB - PJC-MT - Investigador) O inquérito indiciado tiver sido preso em flagrante.
policial se caracteriza por ser:
e) O indiciado pode requerer à autoridade policial qualquer
a) contraditório, informativo, escrito e sigiloso. diligência que julgue necessária.
b) contraditório, sistemático, público e informativo.
c) inquisitivo, informativo, escrito e público. 07. (2016 – CESPE - PC-GO - Agente de Polícia Substituto)
d) inquisitório, unidirecional, público e escrito. A respeito do IP, assinale a opção correta.
e) inquisitivo, informativo, escrito e sigiloso. a) O delegado de polícia, se estiver convencido da ausência
de elementos suficientes para imputar autoria a determi-
nada pessoa, deverá mandar arquivar o IP, podendo desar-
02. (2013 – FUNCAB - PC-ES - Escrivão de Polícia) São ca- quivá-lo se surgir prova nova.
racterísticas do inquérito policial:
b) O IP é presidido pelo delegado de polícia sob a supervisão
a) Procedimento preparatório, formal, escrito, inquisitorial e direta do MP, que poderá intervir a qualquer tempo para de-
instrutor, sigiloso, dispensável, sistemático, unidirecional. terminar a realização de perícias ou diligências.
b) Processo preparatório, material, escrito ou verbal, inqui- c) A atividade investigatória de crimes não é exclusiva da
sitorial, sigiloso com exceções, indispensável, sistêmico, bi- polícia judiciária, podendo ser eventualmente presidida por
direcional. outras autoridades, conforme dispuser a lei especial.
c) Procedimento preparatório, material, instrutor, sigiloso d) O IP é indispensável para o oferecimento da denúncia; o
mitigado, dispensável, sistemático, bidirecional. promotor de justiça não poderá denunciar o réu sem esse
d) Processo preparatório, formal, escrito, inquisitorial, sigi- procedimento investigatório prévio.
loso, dispensável, sistêmico, bidirecional. e) O IP é peça indispensável à propositura da ação penal
e) Procedimento preparatório, informal, escrito, inquisitorial pública incondicionada, sob pena de nulidade, e deve asse-
e instrutor, sigiloso, dispensável, sistemático, bidirecional. gurar as garantias constitucionais da ampla defesa e do con-
traditório.
03. (2017 – FCC - PC-AP - Agente de Polícia) Incumbe à
autoridade policial: 08. (2014 – FCC - METRÔ-SP - Advogado Júnior) A respeito
a) presidir a instrução processual penal. do inquérito policial, considere:
b) realizar as diligências requisitadas pelo Ministério Pú- I. O requerimento do ofendido ou de quem tenha qualidade
blico. para representá-lo só será apto para a instauração de in-
quérito policial se dele constar a individualização do autor
c) citar e intimar o réu e as testemunhas.
da infração.
d) promover a ação penal pública.
II. A requisição do Ministério Público torna obrigatória a ins-
e) decretar a prisão preventiva. tauração do inquérito pela autoridade policial.

12
III. Se o Delegado de Polícia verificar, no curso das investi- d) O ofendido e o indiciado não poderão requerer diligências
gações, que o indiciado é inocente, deverá determinar o ar- no curso do IP.
quivamento do inquérito. e) O IP, peça informativa do processo, oferece o suporte
probatório mínimo para a denúncia e, por isso, é indispen-
Está correto o que se afirma APENAS em sável à propositura da ação penal.
a) II e III.
b) I e II. 12. (2016 – CESPE - PC-PE - Agente de Polícia) Um policial
c) I e III. encontrou, no interior de um prédio abandonado, um cadá-
ver que apresentava sinais aparentes de violência, com
d) II.
afundamento do crânio, o que indicava provável ação de ins-
e) III. trumento contundente. Nesse caso, cabe à autoridade poli-
cial,
09. (2015 – FGV - TJ-BA - Técnico Judiciário - Escrevente - a) providenciar a imediata remoção do cadáver e o seu en-
Área Judiciária) As formas de instauração do inquérito poli- caminhamento ao necrotério e aguardar o eventual reco-
cial variam de acordo com a natureza do delito. Nos casos nhecimento por parentes.
de ação penal pública incondicionada, a instauração do in- b) comunicar o fato à autoridade judiciária se o local estiver
quérito policial pode se dar: fora da circunscrição da delegacia onde esteja lotado, de-
a) de ofício pela autoridade policial; mediante requisição do vendo-se manter afastado e não podendo impedir o fluxo de
Ministério Público; mediante requerimento do ofendido; e pessoas.
por auto de prisão em flagrante; c) promover a realização de perícia somente depois de au-
b) de ofício pelo Ministério Público; mediante requisição da torizado pelo Ministério Público ou pelo juiz de direito.
autoridade policial; mediante requerimento do ofendido; e d) comunicar o fato imediatamente ao Ministério Público,
por auto de prisão em flagrante; que determinará as providências a serem adotadas.
c) de ofício pela autoridade policial; mediante requerimento e) providenciar para que não se alterem o estado e o local
do Ministério Público; mediante requisição do ofendido; e até a chegada dos peritos criminais e ordenar a realização
por auto de resistência; das perícias necessárias à identificação do cadáver e à de-
d) de ofício pelo Ministério Público; mediante requisição da terminação da causa da morte.
autoridade policial; mediante requerimento do ofendido; e
por auto de resistência;
13. (2016 – CESPE - PC-PE - Agente de Polícia) Conside-
e) de ofício pela autoridade policial; mediante requerimento rando os dispositivos legais referentes ao inquérito policial,
do Ministro da Justiça; mediante requisição do ofendido; e assinale a opção correta.
por auto de resistência.
a) Não cabe recurso administrativo aos escalões superiores
do órgão policial contra decisão de delegado que nega a
10. (2013 – VUNESP - COREN-SP - Advogado) A respeito da abertura de inquérito policial, mas o interessado pode recor-
disciplina do inquérito policial no Código de Processo Penal rer ao Ministério Público.
brasileiro, assinale a alternativa correta. b) Representantes de órgãos e entidades da administração
a) Trata-se de procedimento indispensável para o ofereci- pública direta ou indireta não podem promover investigação
mento da denúncia ou queixa. de crime: deverão ser auxiliados pela autoridade policial
b) Nos casos de crimes de ação penal privada, o inquérito quando constatarem ilícito penal no exercício de suas fun-
policial somente será iniciado mediante a iniciativa da vítima ções.
ou de quem tenha qualidade para representá-la. c) Estando o indiciado preso, o inquérito policial deverá ser
c) A notícia do crime destinada à sua instauração somente concluído, impreterivelmente, em dez dias, independente-
poderá ser ofertada à Autoridade Policial. mente da complexidade da investigação e das evidências
colhidas.
d) Concluídas as investigações, o Delegado de Polícia deci-
dirá a respeito de seu arquivamento ou encaminhamento ao d) O delegado determinará o arquivamento do inquérito po-
Ministério Público. licial quando não houver colhido elementos de prova sufici-
entes para imputar a alguém a autoria do delito.
e) Trata-se de procedimento sempre sigiloso, com a finali-
dade de assegurar a privacidade dos investigados. e) Tratando-se de crimes de ação penal pública, o inquérito
policial será iniciado de ofício pelo delegado, por requisição
do Ministério Público ou por requerimento do ofendido ou de
11. (2016 – CESPE - PC-GO - Agente de Polícia Substituto) quem o represente.
A respeito do IP e da instrução criminal, assinale a opção
correta.
14. (2015 – VUNESP - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de
a) O juiz é livre para apreciar as provas e, de acordo com 1a Classe) A respeito do inquérito policial, procedimento
sua convicção íntima, poderá basear a condenação do réu disciplinado pelo Código de Processo Penal, é correto afir-
exclusivamente nos elementos informativos colhidos no IP. mar que
b) Como a perícia é considerada a prova mais importante, o a) os instrumentos do crime não acompanharão os autos do
juiz não proferirá sentença que contrarie conclusões da pe- inquérito.
rícia, devendo a prova técnica prevalecer sobre os outros
meios probatórios. b) o inquérito não acompanhará a denúncia ou queixa, ainda
que sirva de base a uma ou outra.
c) Uma vez arquivado o IP por decisão judicial, a autoridade
policial poderá proceder a novas pesquisas, se tiver notícia c) ao término do inquérito, a autoridade policial fará minu-
de uma nova prova. cioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os autos

13
ao membro do ministério público, nos termos do § 1o do e) O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado po-
artigo 10. derão requerer qualquer diligência, que será realizada ou
d) nos crimes de ação privada, a autoridade policial poderá não, a juízo da autoridade.
proceder a inquérito, independentemente de requerimento
de quem tenha qualidade para intentá-la. 18. (2012 – NUCEPE - PC-PI - Agente de Polícia) Acerca do
e) o inquérito, nos crimes em que a ação pública depender Inquérito Policial, assinale a alternativa incorreta.
de representação, não poderá sem ela ser iniciado. a) Nos crimes de ação penal pública incondicionada, o in-
quérito policial não pode ser instaurado de ofício pela auto-
15. (2013 – FUNCAB - PC-ES - Escrivão de Polícia) De ridade policial.
acordo com o Código de Processo Penal, para verificar a pos- b) Nos crimes de ação penal privada, o inquérito policial não
sibilidade de haver a infração sido praticada de determinado pode ser instaurado por requisição do Ministério Público.
modo, a autoridade policial poderá: c) Nos crimes de ação penal privada, o inquérito policial so-
a) determinar o desarquivamento de inquérito policial. mente pode ser instaurado mediante requerimento da parte
b) proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que legitimada para ajuizar a ação penal.
esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. d) Nos crimes de ação penal pública condicionada, o inqué-
c) proceder ao sequestro dos bens imóveis, adquiridos pelo rito policial não pode ser instaurado de ofício pela autoridade
indiciado com os proventos da infração, ainda que já tenham policial.
sido transferidos a terceiro. e) Nos crimes de ação pública incondicionada, cabe à auto-
d) proceder ao arresto do imóvel utilizado pelos indiciados. ridade policial instaurá-lo de ofício ou mediante requisição
da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou diante
e) proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se
de requerimento do ofendido ou de seu representante.
possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acu-
sação e pela defesa.
19. (2018 – CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia Civil)
Amadeu, com vinte anos de idade, encontrou Márcia, com
16. (2013 – UEG - PC-GO - Agente de Polícia) Quanto ao
dezesseis anos de idade, sua ex-vizinha, em um baile de
inquérito policial, segundo o Código de Processo Penal, tem-
carnaval realizado em uma praia. Ao perceber que Márcia se
se o seguinte:
encontrava em estado de embriaguez, apresentando perda
a) não poderá ser instaurado para subsidiar ações penais do raciocínio e de discernimento, Amadeu aproveitou para
privadas ou ações penais públicas condicionadas à represen- praticar diversos atos libidinosos e ter conjunção carnal com
tação. ela, mesmo sem o seu consentimento.
b) nos crimes de ação penal pública incondicionada, será Nessa situação hipotética,
instaurado por requisição do ofendido ou por pessoa que o
a) a autoridade policial só poderá instaurar inquérito medi-
represente.
ante representação de Márcia ou de seus pais.
c) mesmo relatado, será devolvido à autoridade policial, por
b) a autoridade policial poderá instaurar inquérito de ofício.
requerimento do Ministério Público, para o cumprimento das
diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. c) a autoridade policial não poderá instaurar inquérito poli-
cial caso tome ciência do fato por meio da veiculação do fato
d) será arquivado pela autoridade policial, desde que seja
pela imprensa.
verificada a atipicidade do fato ou esteja presente causa de
extinção de punibilidade. d) a autoridade policial só poderá instaurar inquérito medi-
ante requerimento subscrito pelos pais de Márcia.
e) o MP não poderá requisitar a instauração de inquérito po-
17. (2012 – FGV - PC-MA - Escrivão de Polícia) Na doutrina
licial.
de Eugênio Pacelli de Oliveira, o “inquérito policial, atividade
específica da polícia denominada judiciária, isto é, Polícia Ci-
vil, no âmbito da Justiça Estadual, e a Polícia Federal, no 20. (2010 – ACAFE - PC-SC - Agente de Polícia) Assinale a
caso da Justiça Federal, tem por objetivo a apuração das alternativa correta que completa o enunciado a seguir:
infrações penais e de sua autoria".
De acordo com o Código de Processo Penal brasileiro, a au-
Sobre o tema, assinale a afirmativa correta. toridade policial (...)
a) Nos crimes de ação penal privada, a autoridade policial a) não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
somente poderá proceder a inquérito a requerimento de b) poderá mandar arquivar o inquérito policial quando esti-
quem tenha qualidade para intentá-la. Já nos crimes de ação ver caracterizada, de plano, uma excludente de ilicitude em
penal pública, condicionada à representação ou incondicio- favor do indiciado.
nada, o inquérito policial poderá ser iniciado de ofício.
c) não poderá mandar arquivar autos de inquérito, salvo
b) De acordo com o Código de Processo Penal, o inquérito quando houverem desaparecido os vestígios materiais da in-
deverá ser finalizado no prazo de 10 dias, se o indiciado es- fração penal.
tiver solto, e no de 60 dias, quando estiver preso.
d) poderá mandar arquivar o inquérito policial quando a au-
c) Se o caso for de difícil elucidação, terminado o prazo para toria do crime não estiver suficientemente comprovada.
finalização do inquérito, poderá a autoridade policial reter os
autos por decisão própria.
21. (2018 – CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia Civil) De
d) Uma vez arquivado o inquérito pela autoridade judiciária,
acordo com as legislações especiais pertinentes, o inquérito
em nenhuma hipótese poderá a autoridade policial proceder
policial deve ser concluído no
a novas pesquisas.
a) prazo comum de quinze dias, estando o indiciado solto ou
preso, nos casos de crimes de tortura.

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b) mesmo prazo estipulado para a apreciação das medidas e) a persecução criminal só poderia ser iniciada se a denún-
protetivas, nos casos de crimes previstos na Lei Maria da cia anônima estivesse corroborada por interceptação telefô-
Penha. nica autorizada judicialmente.
c) prazo comum de dez dias, estando o indiciado solto ou
preso, nos casos de crimes contra a economia popular. 25. (2015 – VUNESP - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de
d) prazo de trinta dias, se o indiciado estiver solto, e de 1a Classe) Sobre os prazos para a conclusão do inquérito
quinze dias, se ele estiver preso, de acordo com a Lei de policial, é correto afirmar que
Drogas. a) se for decretada prisão temporária em crime hediondo, o
e) prazo de quinze dias, se o crime for de porte ilegal de indiciado pode permanecer preso por até noventa dias, sem
arma de fogo de uso restrito, conforme o Estatuto do De- que seja necessária a conclusão do inquérito.
sarmamento. b) nos crimes de competência da Justiça Federal, o prazo é
de quinze dias, prorrogáveis por mais quinze, em regra.
22. (2016 – OBJETIVA - SAMAE de Jaguariaíva – PR - Advo- c) para os crimes de tráfico de drogas o prazo é de dez dias
gado) Em face do que dispõe o Código de Processo Penal, improrrogáveis.
em relação ao inquérito policial, assinalar a alternativa COR- d) se o indiciado estava solto ao ser decretada sua prisão
RETA: preventiva, o prazo de dez dias conta-se da data da decre-
a) Nos crimes de ação pública o inquérito policial será inici- tação da prisão.
ado somente mediante requisição da autoridade judiciária e) a autoridade policial possui o prazo de trinta dias impror-
ou do Ministério Público. rogáveis para todos os casos previstos na legislação proces-
b) Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de sual penal.
inquérito caberá recurso para o Chefe de Polícia.
c) Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da exis- 26. (2014 – Aroeira - PC-TO - Agente de Polícia) Nos termos
tência de infração penal em que caiba ação pública poderá, do Código de Processo Penal, o prazo para encerramento do
verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade poli- inquérito policial, estando o indiciado preso ou solto, será,
cial, e esta, verificada a procedência das informações, enca- respectivamente, em dias, de:
minhará ao Ministério Público.
a) dez e trinta.
d) O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender
b) quinze e quarenta.
de representação, poderá sem ela ser iniciado.
c) vinte e noventa.
d) trinta e sessenta.
23. (2017 – CONSULPLAN - TRF - 2ª REGIÃO - Analista Ju-
diciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal) Sobre o tema
Inquérito Policial, assinale a alternativa INCORRETA. 27. (2010 – ACAFE - PC-SC - Agente de Polícia) Mévio pra-
a) Nos crimes de ação penal pública o inquérito policial pode ticou o crime previsto no art. 121, § 2º, inciso II do Código
ser iniciado a requerimento do ofendido. Penal (homicídio qualificado por motivo fútil). Não houve pri-
são em flagrante. Neste caso, segundo a lei processual penal
b) A autoridade policial apenas poderá mandar arquivar au-
brasileira, o inquérito deverá terminar no prazo de:
tos de inquérito policial quando o fato for atípico ou estiver
extinta a punibilidade. a) 10 dias.
c) Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente b) 30 dias.
poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha c) 8 dias.
qualidade para intentá-la. d) 15 dias.
d) O Ministério Público não poderá requerer a devolução do
inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências,
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. 28. (2013 – FUNCAB - PC-ES - Escrivão de Polícia) O inqué-
rito policial, nos casos previstos na Lei Antidrogas (Lei nº
11.343/2006), deverá ser concluído no prazo de:
24. (2014 – FCC - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário - a) 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (no-
Oficial de Justiça Avaliador) Considere persecução penal ba- venta) dias, quando solto.
seada na prisão em flagrante dos acusados em situação de
participação em narcotraficância transnacional, obstada b) 10 (dez) dias, se o indiciado estiver preso, e de 30 (trinta)
pela Polícia Federal, que os encontrou tendo em depósito dias, quando solto.
46.700 gramas de cocaína graças à informação oriunda de c) 15 (quinze) dias, prorrogáveis por mais 15 dias, se o in-
notícia anônima. Neste caso, segundo entendimento juris- diciado estiver preso, e de 30 (trinta) dias, quando solto.
prudencial consolidado, d) 20 (vinte) dias, se o indiciado estiver preso, e de 40 (qua-
a) é nulo o processo ab initio, ante a vedação constitucional renta) dias, quando solto.
do anonimato. e) 10 (dez) dias, esteja o indiciado preso ou solto
b) a notícia anônima sobre eventual prática criminosa é, por
si, idônea para instauração de inquérito policial.
29. (2015 – VUNESP - CRO-SP - Advogado Junior) A auto-
c) a notícia anônima sobre eventual prática criminosa ridade policial pode determinar o arquivamento de autos de
presta-se a embasar procedimentos investigatórios prelimi- inquérito policial?
nares que corroborem as informações da fonte anônima, os
a) Não, por expressa disposição legal.
quais tornam legítima a persecução criminal.
b) Sim, desde que constate que a punibilidade está extinta.
d) a autoridade policial não pode tomar qualquer providên-
cia investigatória a partir da notícia anônima. c) Sim, desde que constate que os fatos foram praticados
sob alguma causa excludente de ilicitude.

15
d) Sim, desde que constate que os fatos foram praticados Requisição do
em legítima defesa ou estado de necessidade. Ministro da Subsidiária
e) Sim, desde que exaustivas diligências comprovem a im- Justiça
possibilidade de elucidar a autoria criminosa.
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA
30. (2014 – FCC - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário -
Oficial de Justiça Avaliador) Ante o pedido de arquivamento São aquelas em que para o Estado acusador nasce o
de inquérito policial formulado tempestivamente pelo Procu- direito de buscar a prestação jurisdicional logo que toma
rador da República, Paulo, vítima do delito previsto no artigo conhecimento de um fato delituoso. O Estado agirá de ofício,
171, § 3º, do Código Penal, ingressa com queixa subsidiária, promovendo a ação penal pelo Ministério Público sem que
a qual deverá ser; haja manifestação da vontade da vítima ou qualquer outra
a) rejeitada. pessoa.
b) processada, dando-se oportunidade de o Ministério Pú-
blico aditá-la.  A peça processual iniciadora desse tipo de ação
c) processada como ação penal de iniciativa privada. denomina-se DENÚNCIA.
d) rejeitada e o magistrado deve aplicar a regra do artigo
28 do Código de Processo Penal. Princípios da Ação Penal Pública Incondicionada
e) processada e o Ministério Público deve reassumi-la como
ação penal de iniciativa pública.
Princípio da Obrigatoriedade - haverá a propositura da
ação penal independente do interesse da vítima ou de seus
GABARITO - INQUÉRITO representantes legais, não ficando ao arbítrio ou
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 discricionariedade do Ministério Público mover ou não a ação
penal. Existindo elementos que indiquem a ocorrência de um
E A B A E B C D A B fato típico e antijurídico, é ele obrigado a promover a ação
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 penal.
C E E E B C E A B A
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Princípio da Indisponibilidade - anuncia que depois de
C B B C B A B A A A iniciada a ação, não pode o Estado desistir do direito à
prestação jurisdicional, determinando o art. 42 do CPP que
o Ministério Público não poderá desistir da ação penal, bem
como o art. 576 proíbe desistir do recurso interposto.
Quando o órgão do Ministério Público requer o arquivamento
2. AÇÃO PENAL de um inquérito policial, a decisão é submetida à apreciação
do juiz que, como fiscal desse princípio e discordando das
razões invocadas no pedido, deve remeter os autos ao chefe
Ação penal pode ser definida como o direito inerente da Instituição.
aos cidadãos de obter do Estado, a prestação jurisdicional,
para apuração de infração penal e a punição de seu autor.
Em determinados casos esse direito é exercido pelo próprio Princípio da Intranscendência - O princípio da
ofendido, noutros o Estado assume a tarefa de exercer o intranscendência, comum a qualquer ação penal, consiste
direito, substituindo compulsoriamente o ofendido. no fato de ser a ação penal limitada à pessoa ou às pessoas
responsáveis pela infração, não atingindo, desse modo, seus
familiares, herdeiros ou estranhos.
Classificação das ações penais
O critério utilizado para classificar as ações leva em ATENÇÃO: Via de regra, a ação penal é pública
conta seu titular, ou seja, estipulam-se as modalidades em incondicionada, salvo quando a lei declara, expressamente,
razão de quem é parte legítima para exercer o direito de que só se procede mediante representação do ofendido ou
ação. Diante do critério, podemos distinguir, a princípio, requisição do Ministro da Justiça (ação pública
duas qualidades de ação penal: a pública, de titularidade do condicionada) ou mediante queixa (ação de iniciativa
Ministério Público, e a privada, de titularidade do ofendido privada).
ou de seu representante legal.

São exemplos de crimes de ação pública


A ação penal pública comporta ainda a subdivisão em incondicionada: o homicídio, o latrocínio, extorsão, crimes
incondicionada e condicionada à representação do ofendido contra o patrimônio público em geral, etc.
ou à requisição do Ministro da Justiça.

Ressalte-se, ainda o teor do § 2º do art. 24 do


Ação penal privada pode ser exclusiva (ou propria- CPP:
mente dita), personalíssima ou subsidiária da pública.
§ 2o Seja qual for o crime, quando praticado em
detrimento do patrimônio ou interesse da União,
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS Estado e Município, a ação penal será pública.
Incondicionada Exclusiva
AÇÃ

PRI-
PÚ-

AÇÃ
BLI

DA
VA
CA

Condicio- Representação
O

Personalíssima
nada do ofendido Titularidade da ação penal pública

16
O Ministério Público é o dono da ação penal pública com poderes especiais, mediante declaração escrita ou oral
(dominus litis). É o órgão representado por Promotores e (art. 39, caput, do CPP).
Procuradores de Justiça que pede providência jurisdicional
de aplicação da lei penal, exercendo o que se denomina de
 Dispõe ainda o CPP: "No caso de morte do ofendido
pretensão punitiva.
ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito
de representação passará ao cônjuge, ascendente, descen-
Trata-se o Ministério Público de órgão uno e dente ou irmão (art. 24, parágrafo único)." A enumeração
indivisível, e assim, seus membros podem ser substituídos dos artigos 24, parágrafo único, e 31, que se refere à
no processo, por razões de serviço, sem que haja prejuízo queixa, é taxativa, não podendo ser ampliada.
para a marcha processual. O Ministério Público promove a
ação penal pública desde a peça inicial (denúncia) até os
Forma da representação - A representação não exige
termos finais, em primeira e demais instâncias,
forma especial, bastando que o ofendido ou seu
acompanhando, presenciando, fiscalizando a seqüência dos
representante legal manifeste o desejo de instaurar contra
atos, zelando e velando pela observância da lei até a decisão
o autor do delito o competente procedimento criminal. Deve
final.
conter, porém as informações que possam servir a apuração
do fato (art. 39, § 2°). Sendo feita oralmente ou por escrito
A titularidade do Ministério Público é decorrente do sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de
Princípio da Oficialidade, eis que a repressão ao criminoso é seu representante legal ou procurador, deve ser reduzida a
função essencial do Estado, devendo ele instituir órgãos que termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o
assumam a persecução penal. No nosso país, em termos órgão do Ministério Público quando a este houver sido
constitucionais, a apuração das infrações penais é efetuada dirigida (art. 39, § 1°).
pela Polícia Judiciária Federal ou Estadual (art. 144 CF/88)
e a ação penal pública é promovida, privativamente, pelo
Destinatário da representação - A representação pode
Ministério Público (art. 129, I CF/88), seja ele da União ou
ser dirigida ao Juiz, ao órgão do Ministério Público ou à au-
dos Estados (art. 128, I e II CF/88).
toridade policial (art. 39). Recebendo a representação, o Mi-
nistério Público poderá, de pronto, promover a ação penal,
Como órgãos encarregados da repressão penal, a quando fornecidos os elementos que lhe são indispensáveis;
Policia e o Ministério Público têm autoridade, ou seja, podem não havendo tais elementos poderá requisitar a instauração
determinar ou requisitar documentos, diligências ou do inquérito policial ou simplesmente encaminhá-la a auto-
quaisquer atos necessários à instrução do inquérito policial ridade para tal efeito. Feita ao Juiz, poderá este encaminhá-
ou da ação penal, ressalvadas as restrições constitucionais. la diretamente ao Ministério Público se for possível a propo-
situra da ação penal ou requisitar o inquérito ou, ainda, en-
caminhar a representação à autoridade policial.
De acordo com a Súmula 234 do STJ, a participação
de membro do Ministério Público na fase investigatória cri-
minal não acarreta o seu impedimento para o oferecimento Prazo - O direito de representação só pode ser exer-
da denúncia. cido no prazo de seis meses, contados do dia em que a ví-
tima ou seu representante legal veio a saber quem é o autor
do crime, contando-se conforme a regra do art. 10 do CP,
 Em regra a ação penal pública é promovida pelo
ou seja, incluindo-se o dia do começo. Não oferecida a re-
Ministério Público à vista do Inquérito Policial, porém se este
presentação no prazo legal, ocorre a decadência, causa ex-
já tiver em mãos elementos suficientes para propositura,
tintiva da punibilidade, o que impede o início dessa espécie
poderá fazê-lo sem necessidade do inquérito.
de ação.

AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA


Retratação da representação - A representação é ir-
Tem as mesmas características das ações penais retratável depois de oferecida a denúncia (art. 25 do CPP),
públicas incondicionadas, iniciando-se também com o não produzindo a retratação (retirar o que disse, desdizer-
oferecimento da denúncia pelo Ministério Público, no se) após essa data, nenhum efeito, devendo a ação, que
entanto o direito do Estado acusador só nasce depois de teve início com a denúncia, prosseguir até seu término. De
manifestado o interesse do ofendido ou de requisição do outro lado, ocorrendo a representação e, antes do ofereci-
Ministro da Justiça. mento da denúncia, vindo a retratação, haverá impedimento
à propositura da ação penal.
a) Representação do Ofendido
Pode a ação penal pública depender da representação O Código Penal estabelece os crimes que dependem
do ofendido, que se constitui numa espécie de pedido-auto- de representação, via de regra, através da expressão “so-
rização em que a vítima ou seu representante legal expres- mente se procede mediante representação”, como faz, por
sam o desejo de que a ação seja instaurada, autorizando a exemplo, nos crimes de perigo de contágio venéreo (art.
persecução criminal. A representação é, assim, a manifes- 130, § 2º, CP), ameaça (art. 147, parágrafo único), lesões
tação de vontade do ofendido ou de seu representante legal corporais leves e lesões culposas (art. 129 do CP c/c 88 da
no sentido de autorizar o Ministério Público a desencadear a Lei n° 9.099/95).
persecução criminal.
 A representação do ofendido é necessária inclusive
Legitimidade para representação - O direito de repre- para instauração do inquérito policial, não podendo a auto-
sentação só pode ser exercido pela vítima ou seu represen- ridade agir de ofício.
tante legal. A representação também pode ser apresentada
por procurador (da vítima ou de seu representante legal)

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b) Requisição do Ministro da Justiça  Conta-se o prazo a partir do recebimento do Inqué-
A requisição do Ministro da Justiça também constitui rito Policial pelo Ministério Público.
condição da ação, sendo ato administrativo, discricionário e
irrevogável que deve conter a manifestação de vontade para ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL
instauração da ação penal, com menção do fato criminoso,
nome e qualidade da vítima, nome e qualificação do autor
do crime, etc, embora não exija forma especial. Incluído no art. 28-A do Código de Processo Penal pela
Lei nº 13.964/2019, trata-se de mecanismo consensual, em
que o autor do fato delituoso aceita proposta do Ministério
É necessária a requisição, segundo o Código Penal, Público, antes do recebimento da denúncia, com a imposição
nos crimes contra a honra praticados contra o Presidente da de sanção não privativa de liberdade, em troca de eventual
República ou chefe de governo estrangeiro (art. 145, benefício, como redução da pena e a não configuração de
parágrafo único, 1a parte) e nos delitos praticados por maus antecedentes.
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7o, § 3o).

1. Requisitos para a celebração do acordo de


DENÚNCIA não-persecução penal
Dispõe o caput do art. 28-A que o Ministério Público,
OFERECIMENTO DE DENÚNCIA PELO ao receber o inquérito policial, antes de oferecer a denúncia
MINISTÉRIO PÚBLICO poderá propor ao investigado acordo de não persecução
penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime, se presentes, cumulativamente, os
Diante dos elementos apresentados pelo Inquérito
seguintes requisitos:
Policial ou pelas peças de informação que recebeu, o órgão
do Ministério Público, verificando a prova da existência de
fato que caracteriza crime em tese e indícios da sua autoria, a) Não ser o caso de arquivamento do inquérito
forma sua convicção para promover a ação penal pública policial: o acordo de não-persecução penal só deve ser
com o oferecimento em juízo da DENÚNCIA. celebrado quando se mostrar viável a instauração do
processo penal. Por consequência, se o titular da ação penal
entender que o arquivamento é de rigor, não poderá
a) Conceito
proceder à celebração do acordo.
É a peça inaugural das ações penais públicas, consis-
tindo na exposição, por escrito, de fatos que constituem em
tese um ilícito penal, ou seja, de fato caracterizador de tipo b) O investigado tenha confessado formal e
penal, com a expressa manifestação da intenção de que se circunstancialmente a prática de infração penal: essa
aplique a lei penal a quem é presumivelmente seu autor e a confissão constitui a contribuição que o investigado faz à
indicação das provas em que se baseia. investigação criminal e eventual futuro processo penal (em
caso de descumprimento das condições pactuadas).

b) Requisitos
c) Conduta criminosa praticada sem violência ou
I) Exposição do fato criminoso
grave ameaça à pessoa: o acordo pode ser celebrado em
Narrativa dos fatos apontados como delituosos, caso de crime ou de contravenção penal, desde que tal
devendo tais fatos enquadrar-se em um tipo penal, não infração penal não seja cometida com violência ou grave
devendo ser aceita denúncia que não especifica, nem ameaça à pessoa.
descreve, ainda que sucintamente, o fato criminoso
atribuído ao acusado.
d) Infração penal com pena mínima inferior a 4
(quatro) anos: para aferição da pena mínima cominada ao
II) Qualificação do acusado delito, devem ser levadas em consideração as causas de
aumento e diminuição de pena aplicáveis ao caso concreto
A identificação do acusado se dá com a referência ao (art. 28-A, §1º, do CPP).
seu nome, cognome, nome de família, pseudônimo, estado
civil, filiação, cidadania, idade sexo, características físicas, 2. Condições impostas ao investigado
sinais de nascença, etc.
Para que o acordo seja celebrado, o investigado
deverá assumir o dever de cumprir certas condições,
III) Classificação do crime recaindo a necessidade de cumprir as seguintes obrigações,
É necessária também a indicação do dispositivo legal ajustadas cumulativa ou alternativamente, a depender do
que contém o tipo penal relativo ao fato concreto. caso concreto:
IV) Rol de testemunhas
Caso houver, sendo rito ordinário até 8 (oito) e no rito a) Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima,
sumário até 5 (cinco). exceto na impossibilidade de fazê-lo: uma das
condições para a celebração do acordo de não-persecução
c) Prazo para oferecimento da Denúncia penal é a reparação do dano ou a restituição da coisa à
vítima. Evidentemente, quando o delito não causar danos à
Réu preso: 5 (cinco) dias vítima (v.g., crimes contra a paz pública), esta condição não
será imposta. Também não se admite a imposição desta
Réu em liberdade: 15 (quinze) dias
condição quando restar evidenciada a impossibilidade de o

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investigado reparar o dano ou restituir a coisa à vítima (v.g., transitar em julgado a sentença que o tenha condenado por
vulnerabilidade financeira); crime anterior, respeitado o lapso temporal de 5 (cinco)
anos. O legislador também veda a celebração do pacto
quando houver elementos probatórios indicando a prática de
b) Renunciar voluntariamente a bens e direitos
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional.
indicados pelo Ministério Público como instrumentos,
produto ou proveito do crime: nenhum sentido faria a
celebração do acordo de não-persecução penal se o c) ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco)
investigado pudesse manter consigo, por exemplo, os anos anteriores ao cometimento da infração, em
instrumentos do crime, muito menos se pudesse preservar acordo de não persecução penal, transação penal ou
o produto direto ou indireto da infração penal. Destarte, suspensão condicional do processo: visando evitar a
como verdadeira condição para a celebração do acordo, banalização do acordo de não persecução penal, e
deverá o investigado voluntariamente concordar com a consagrando a ideia de que sua celebração deve visar
renúncia a bens e direitos, indicados pelo Parquet, como precipuamente a acusados primários, que tenham praticado
instrumentos, produto ou proveito do crime. uma infração penal pela primeira vez.

c) Prestar serviço à comunidade ou a entidades d) nos crimes praticados no âmbito de violência


públicas por período correspondente à pena mínima doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher
cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em por razões da condição de sexo feminino, em favor do
local a ser indicado pelo juízo da execução: o agressor: inicialmente, o legislador estabelece a vedação à
investigado deverá prestar serviço à comunidade ou a celebração do acordo nos crimes praticados no âmbito de
entidades públicas por período correspondente à pena violência doméstica ou familiar, sem ressalvar, porém, que
mínima cominada ao delito, diminuída de um a dois terços, a vítima em questão necessariamente teria que ser uma
em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do mulher. Por consequência, caracterizada violência no âmbito
art. 46 do Código Penal. da unidade doméstica, no âmbito da família ou em qualquer
relação íntima de afeto não será cabível a celebração do
acordo de não persecução penal, pouco importando se se
d) Pagamento de prestação pecuniária: a ser
trata de delito cometido contra homem ou mulher. Na
estipulada nos termos do art. 45 do Código Penal, este
sequência, o legislador também veda a celebração do acordo
pagamento deve ser feito a entidade pública ou de interesse
quando o delito for praticado contra a mulher por razões da
social a ser indicada pelo juízo da execução, devendo a
condição do sexo feminino, hipótese em que pouco importa
prestação ser destinada preferencialmente àquelas
se o delito foi praticado (ou não) no contexto da violência
entidades que tenham como função proteger bens jurídicos
doméstica e familiar.
iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo
delito;
4. Controle jurisdicional
e) Cumprir, por prazo determinado, outra O acordo, firmado por escrito, pelo membro do
condição indicada pelo Ministério Público: o órgão Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor, deve
ministerial responsável pelo oferecimento da proposta de ser levado à homologação judicial, devendo o juiz designar
acordo de não-persecução penal poderá estipular outras uma audiência para verificar a sua voluntariedade, por meio
condições, desde que proporcionais e compatíveis com a da oitiva do investigado, na presença do seu defensor, e sua
infração penal aparentemente praticada. Essas outras legalidade (art. 28-A, §§ 3º e 4º).
condições podem abranger o cumprimento de penas
restritivas de direitos diversas daquelas já previstas nos Alternativas ao juiz ao receber os autos do
incisos do art. 28-A do CPP, como, por exemplo, a perda de acordo de não persecução penal: com os autos em mãos,
bens e valores, a interdição temporária de direitos e a abrem-se ao juiz das garantias as seguintes opções:
limitação de fim de semana.

a) Homologar o acordo de não persecução penal:


3. Vedações à celebração do acordo de não hipótese em que o juiz devolverá os autos ao Ministério
persecução penal Público para que inicie sua execução perante o juízo da
Por força do art. 28-A, § 2º, do CPP, incluído pela Lei execução penal (CPP, art. 28-A, §6º). A vítima deve ser
n. 13.964/19, não será admitida a proposta nas seguintes intimada da homologação do acordo de não persecução
hipóteses: penal e de seu descumprimento;
 Homologado judicialmente o acordo de não
a) se for cabível transação penal de competência persecução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério
dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei: a Público para que inicie sua execução perante o juízo de
transação penal tem preferência sobre a celebração do execução penal.
acordo de não-persecução penal. Logo, se o agente fizer jus
ao benefício previsto no art. 76 da Lei n. 9.099/95, não será b) Devolver os autos ao Ministério Público para
cabível a celebração do acordo; que seja reformulada a proposta de acordo: se o juiz
considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as
b) se o investigado for reincidente ou se houver condições dispostas no acordo, com concordância do
elementos probatórios que indiquem conduta criminal investigado e seu defensor (CPP, art. 28-A, §5º);
habitual, reiterada ou profissional, exceto se
insignificantes as infrações penais pretéritas: c) Recusar homologação à proposta que não
reincidente é aquele que comete novo crime, depois de atender aos requisitos legais ou quando não for

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realizada a adequação (reformulação da proposta) poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na
anteriormente mencionada: aqui, convém destacar que forma do art. 28 deste Código, que prevê a remessa da
o magistrado não poderá intervir na redação final da questão ao Procurador-Geral, chefe do Ministério Público.
proposta em si estabelecendo as cláusulas do acordo, o que Portanto, não se apresenta a proposta de acordo como um
violaria a imparcialidade do julgador. Portanto, recusada a direito subjetivo do investigado.
homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público
para a análise da necessidade de complementação das
investigações ou o oferecimento da denúncia (CPP, art. 28-
A, §8º). AÇÃO PENAL PRIVADA

5. Descumprimento injustificado das obrigações a) Conceito


assumidas pelo investigado Embora o direito de punir pertença exclusivamente ao
Uma vez celebrado o acordo de não-persecução Estado, este transfere ao particular o direito de acusar em
penal, o Ministério Público deixará de oferecer denúncia algumas hipóteses. O direito de punir continua sendo do
contra o investigado. Para tanto, é intuitivo que o agente Estado, mas ao particular cabe o direito de agir.
cumpra todas as obrigações por ele assumidas por ocasião
da avença. Não o fazendo, estará sujeito ao oferecimento Justifica-se essa concessão à vítima quando seu
de denúncia. interesse se sobrepõe ao menos relevante interesse público,
em que a repressão do ilícito penal interessa muito mais de
É o que dispõe o art. 28-A, §10, do CPP, incluído pela perto apenas ao ofendido.
Lei n. 13.964/19: “Descumpridas quaisquer das condições
estipuladas no acordo de não persecução penal, o Ministério A QUEIXA é o equivalente à denúncia, pela qual se
Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão instaura a Ação Penal, diferenciando-se formalmente apenas
e posterior oferecimento de denúncia”. por quem subscreve, ou seja, a denúncia é oferecida pelo
membro do Ministério Público (Promotor de Justiça) e a
Efeito adicional do descumprimento do acordo: queixa é apresentada pelo particular ofendido, através de
além do possível oferecimento de denúncia, o Código de procurador com poderes expressos.
Processo Penal (art. 28-A, §11) também prevê que o
descumprimento do acordo poderá ser utilizado pelo órgão b) Titularidade
ministerial como justificativa para o eventual não-
oferecimento de suspensão condicional do processo.
O titular do direito de agir na Ação Penal Privada é o
próprio ofendido – a vítima – que poderá ser representado
A justificativa para esse dispositivo é evidente: se o por quem tenha qualidade legal (substituição processual).
investigado não demonstrou autodisciplina e senso de Como a propositura da queixa exige procurador legalmente
responsabilidade para o cumprimento das condições habilitado (advogado), prevê a lei que, nos crimes de ação
avençadas por ocasião da celebração do acordo de não- privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar sua
persecução penal, é bem provável que terá idêntico pobreza, nomeará advogado para promover a ação penal.
comportamento se acaso lhe for oferecida a proposta de
suspensão condicional do processo, até mesmo pelo fato de
as condições pactuadas serem bastante semelhantes em Sucessão processual: No caso de morte ou ausência
ambos os institutos. do ofendido, o direito de queixa poderá ser exercido pelo
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
Há, ainda, previsão de que a vítima será intimada da
homologação do acordo de não persecução penal e de seu ATENÇÃO: O Ministério Público, não sendo titular,
eventual descumprimento (§ 9º). Não se abre oportunidade, funciona apenas como fiscal da lei, podendo ou não, no
bem se vê, para o ingresso em juízo, com a ação penal prazo de três dias, aditar a queixa, velando também, pela
subsidiária da pública. indivisibilidade da ação.

6. Cumprimento integral do acordo de não c) Princípios


persecução penal
Cumprido integralmente o acordo, dispõe o art. 28-A, I) Princípio da Oportunidade
§13, do CPP, que o juízo competente deverá decretar a
Cabe ao titular do direito de agir a faculdade de
extinção da punibilidade. Competente é o mesmo juízo
propor, ou não, a ação privada, segundo sua conveniência.
responsável pela homologação do acordo.
Sem a sua concordância não se lavra o auto de prisão em
flagrante, não se instaura o inquérito policial e muito menos
Aponte-se ainda que o § 12 determina que a a ação penal.
celebração e cumprimento do acordo de não persecução
penal não constarão em certidão de antecedentes criminais
 Enquanto na ação pública incondicionada vigora o
(salvo registro para evitar que o mesmo agente seja
Princípio da Obrigatoriedade, a ação privada está submetida
beneficiado novamente pelo instituto em um prazo inferior
ao Princípio da Oportunidade.
a 5 anos).
Recusa do Ministério Público em propor acordo:
No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em II) Princípio da Disponibilidade
propor o acordo de não persecução penal, o investigado

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Além de poder propor ou não a ação penal privada, Essa ação passou a constituir garantia constitucional
poderá o ofendido prosseguir até o final ou não, pode com a nova Carta Magna (art. 5o, LIX), em conformidade
renunciar ao direito de queixa, pode perdoar o ofensor. com o princípio de que a lei não pode excluir da apreciação
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5 o,
XXXV).
III) Princípio da Indivisibilidade
Significa que o ofendido não pode, quando optar
pela queixa, deixar de nela incluir todos os co-autores ou Atuação do Ministério Público: Apresentada a
partícipes do fato, sob pena de renunciar ao direito em queixa, o Ministério Público poderá retomar para si a ação,
relação aos demais réus. se repudiá-la, oferecendo denúncia substitutiva. Poderá
ainda aditar a queixa e retomar a ação para si caso o ofen-
dido venha a negligenciar seu andamento.
IV) Princípio da Intranscendência
Comum a qualquer ação penal consiste no fato de ser
ATENÇÃO: Arquivado o inquérito policial, por despa-
a ação penal limitada à pessoa ou às pessoas responsáveis
cho do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não
pela infração, não atingindo, desse modo, familiares ou es-
pode a ação penal ser iniciada sem novas provas, e em con-
tranhos.
seqüência, não cabe ação penal subsidiária. Somente a inér-
cia do Ministério Público enseja a ação subsidiária, o que não
d) ESPÉCIES DE AÇÕES PRIVADAS ocorre na hipótese, haja vista a manifestação do parquet
pelo arquivamento.

I) Ação Penal Privada Exclusiva


Somente pode ser proposta pelo ofendido ou pelo seu QUEIXA
representante legal. Em caso de morte do ofendido antes do
início da ação, esta poderá ser intentada, desde que dentro a) Conceito
do prazo decadencial de seis meses, por seu cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão (art. 100, § 42, do CP).
Se a morte ocorre após o início da ação penal, poderá Assim como a denúncia é a peça que inicia a ação pe-
também haver tal substituição, mas dentro do prazo de nal pública, a queixa dá início à ação penal privada.
sessenta dias, fixado no art. 60, II, do Código de Processo
Penal. Queixa-crime, ou simplesmente queixa, é a denomi-
nação dada pela lei à petição inicial da ação penal privada
Na Parte Especial do Código Penal são identificados os intentada pelo ofendido ou seu representante legal, tanto
delitos que a admitem, com a expressão “só se procede me- quando é ela exclusiva, quando é subsidiária.
diante queixa”. Ex.: Crimes contra a honra (art. 145 do CP),
crimes contra os costumes (art. 225 do CP).  O autor aqui é chamado “querelante” e o réu “que-
relado”.
II) Ação Penal Privada Personalíssima
Na ação penal dita personalíssima somente está le- b) Requisitos da Queixa
gitimada a própria pessoa indicada na lei, não havendo su-
cessão por morte ou ausência. Portanto, não admite a pro-
A queixa deve ser revestida dos mesmos requisitos da
positura por representante legal nem por sucessores. Se,
denúncia (Exposição do fato criminoso, Qualificação do
por exemplo, o ofendido morre no decorrer do processo, ex-
acusado, Classificação do crime e Rol de testemunhas)
tingue-se a punibilidade do agente, pois ninguém poderá su-
diferenciando uma da outra apenas pelo titular: a denúncia
cedê-lo.
é a peça inicial da ação pública, cuja titularidade cabe ao
Ministério Público, a queixa, da ação privada, cujo titular é
 Se o ofendido for menor, o prazo decadencial de o ofendido.
seis meses somente começará a correr a partir do dia em
que completar 18 anos.
O direito de queixa deve ser exercido pelo ofendido
ou seu representante legal (substituição processual) por
ATENÇÃO: Atualmente somente ocorre a hipótese meio de procurador legalmente habilitado – advogado – com
em relação ao crime capitulado no art. 236 do Código Penal poderes especiais, devendo constar na procuração uma
– induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento breve narrativa dos fatos e a qualificação do querelado.
ao casamento, em que apenas o contraente enganado pode
intentar a queixa.
c) Prazo para oferecimento da Queixa
O prazo para oferecimento da queixa é de seis me-
III) Ação Penal Privada Subsidiária da Pública ses, contados do dia em que o ofendido veio a saber quem
Ocorre nos casos em que o Ministério Público deixar é o autor do crime, na ação privada exclusiva, e do dia em
de intentar Ação Penal Pública no prazo legal (réu preso: 5 que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia, na
dias – réu solto: 15 dias) podendo a vítima ou seu ação penal privada subsidiária da pública.
representante legal tomar para si o direito de buscar a
prestação jurisdicional, oferecendo QUEIXA SUBSTITUTIVA
d) Renúncia ao direito de Queixa
DA DENÚNCIA.
É a desistência do direito de ação por parte do ofen-
dido, podendo ser expressa ou tácita. A renúncia expressa

21
deve constar de declaração assinada pelo ofendido, por seu a comparecer mensalmente em juízo apenas para pleitear o
procurador legal com poderes especiais. A renúncia é tácita prosseguimento do feito. Ademais, a perempção é
quando o querelante pratica ato incompatível com a vontade inaplicável quando o fato decorre de força maior, como, por
de exercer o direito de queixa, como, ocorre, por exemplo, exemplo, greve dos funcionários do Poder Judiciário.
no reatamento de amizade com o ofensor, a visita amigável,
a aceitação de convite para festa, etc.
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua
incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir
Em decorrência do princípio da indivisibilidade, a no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias,
renúncia ao exercício do direito de queixa em relação a um qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o
dos autores do crime, a todos se estenderá, obrigando-se o disposto no art. 36;
querelante a promover a queixa contra todos co-autores do
fato delituoso, não podendo excluir nenhum.
Nos termos do dispositivo, se o querelante falecer ou
for declarado ausente ou, ainda, se for interditado em razão
e) Decadência de doença mental, após o início da ação penal, esta somente
poderá prosseguir se, em um prazo de sessenta dias,
No processo penal decadência é a causa extintiva da comparecer em juízo, para substituí-lo no pólo ativo da
punibilidade consistente na perda do direito de ação ação, seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
privada ou de representação em decorrência de não ter Assim, sob o prisma da ação penal, a substituição é uma
sido exercido no prazo previsto em lei. condição de prosseguibilidade.
Veja-se que, nos termos do art. 36 do Código de
Processo Penal, se após a substituição houver desistência
O PRAZO é de seis meses, a contar do dia em que a
por parte do novo querelante, os outros sucessores poderão
vítima ou seu representante legal tomam conhecimento da
prosseguir na ação.
autoria do fato, sendo fatal e improrrogável, não se inter-
rompendo pela instauração do inquérito policial ou sua re-
messa ao Poder Judiciário. III - quando o querelante deixar de comparecer, sem
motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva
estar presente, ou deixar de formular o pedido de
Cessação da contagem prazo decadencial nas
condenação nas alegações finais;
ações penais
a) Quando a ação penal for privada, somente fará
cessar o prazo decadencial a interposição de queixa-crime Esse dispositivo prevê duas hipóteses de perempção.
perante o Poder Judiciário. A primeira delas dá-se quando a presença física do
b) Na ação penal privada subsidiária da pública, a de- querelante é indispensável para a realização de algum ato
cadência tem início do dia em que se esgotar o prazo para o processual e este, sem justa causa, deixa de comparecer.
oferecimento da denúncia pelo Ministério Público (5 dias – Exemplo: querelante intimado para prestar depoimento em
réu preso, ou 15 dias – réu solto), cessando após decorrido juízo falta à audiência.
o prazo de seis meses sem o oferecimento da inicial acusa- A segunda hipótese mencionada nesse inciso é a falta
tória em juízo. do pedido de condenação nas alegações finais. O não-
oferecimento das alegações finais equivale à ausência do
pedido de condenação.
ATENÇÃO: Quando se tratar de ação penal pública
condicionada à representação, somente cessa-se o
transcurso do prazo decadencial no momento em que há o IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se
oferecimento da representação, seja em juízo, perante a extinguir sem deixar sucessor.
autoridade policial (na delegacia de polícia), ou diante do
representante do Ministério Público.
Assim, se a empresa for incorporada por outra ou for
f) Perempção e Desistência
apenas alterada a razão social, poderá haver o
prosseguimento da ação.
Perempção - é a perda do direito de prosseguir na
ação privada, ou seja, a penalidade aplicada ao querelante
Desistência da ação - ocorre quando a ação está em
em decorrência de sua inércia ou negligência.
curso, constituindo direito do querelante em face do princí-
pio da disponibilidade, que pode ser exercido de forma ex-
As hipóteses de perempção estão elencadas em um pressa, quando a manifestação se dá por escrito, ou de
rol constante do art. 60 do Código de Processo Penal, que forma tácita, quando o querelante der causa à perempção.
contém quatro incisos:
g) Perdão do Ofendido
Art. 60. Nos casos em que somente se procede Consiste na revogação do ato praticado pelo
mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: querelante, que desiste do prosseguimento da ação penal,
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de desculpando o ofensor, somente sendo possível na ação
promover o andamento do processo durante 30 (trinta) penal privada. Ao contrário da renúncia, o perdão é um ato
dias seguidos; bilateral, não produzindo efeito se o querelado não o aceita.

Essa hipótese só se aplica quando há algum ato a ser Momento do perdão - O perdão do ofendido pode
praticado pelo querelante, uma vez que ele não é obrigado ser concedido a qualquer tempo (depois do recebimento da

22
ação penal privada exclusiva), contanto que antes do trân- (D) na ação exclusivamente privada e na pública condicio-
sito em julgado da sentença penal condenatória. nada.
(E) na ação penal exclusivamente privada e na ação penal
Perdão processual/extraprocessual - É privada subsidiária.
processual o perdão quando ocorre mediante petição
dirigida ao Juízo. É extraprocessual quando concedida fora 03. (FCC-ESCRIVÃO/MA 2006) Se o órgão do Ministério
dos autos em declaração assinada por quem de direito. Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o ar-
quivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de
Perdão expresso/tácito - O perdão expresso deve informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as
constar de declaração assinada pelo próprio ofendido, por razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de in-
ser representante legal ou procurador com poderes formação
especiais. O perdão tácito se dá nas mesmas condições da (A) ao Procurador Geral que, obrigatoriamente, deverá ofe-
renúncia. recer a denúncia ou designará outro órgão do Ministério Pú-
blico para oferecê-la.
Indivisibilidade do perdão - Como na renúncia, o (B) ao Juiz Corregedor competente que instaurará processo
perdão concedido a qualquer dos querelados a todos apro- administrativo disciplinar e comunicará o fato ao Procura-
veita. Concedido, porém, por um dos ofendidos, não preju- dor-Geral que deverá insistir no pedido de arquivamento.
dica o direito dos outros. (C) ao Presidente do Tribunal de Justiça e este designará
Bilateralidade do perdão - Concedido o perdão, outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá
mediante declaração expressa nos autos, o querelado é in- no pedido de arquivamento.
timado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo no (D) ao Procurador Geral, e este oferecerá a denúncia, desig-
mesmo ato ser cientificado que seu silencio resultará em nará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou
aceitação tácita do perdão oferecido. Aceito o perdão, deve insistirá no pedido de arquivamento.
o juiz declarar extinta a punibilidade. Não aceito, prossegue (E) ao Presidente do Tribunal de Justiça que comunicará o
a ação em relação àquele que não aceitar. ocorrido ao Procurador-Geral que, deverá designar outro ór-
gão do Ministério Público para oferecê-la.

04. (FCC-ESCRIVÃO/MA 2006) Na Ação Penal subsidiá-


ria, salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu repre-
sentante legal, decairá do direito de queixa, se não o exercer
dentro do prazo de
(A) 6 (seis) meses, contado do dia em que vier a saber quem
é o autor do crime, por expressa determinação legal.
(B) 6 (seis) meses, contado do dia em que se esgotar o
prazo para o oferecimento da denúncia.
(C) 3 (três) meses, contado do dia em que se esgotar o
prazo para o oferecimento da denúncia.
(D) 3 (três) meses, contado do dia em que vier a saber
QUESTÕES DE CONCURSOS - Ação Penal quem é o autor do crime, por expressa determinação legal.
(E) 6 (seis) meses, contado da consumação do delito e, em
01. (FCC-AG. PENITENCIÁRIO/BA 2010) Sobre a de- caso de crime tentado, contado da prática do último ato exe-
núncia, estabelece o Código de Processo Penal que cutório da infração.

(A) dela deve constar, obrigatoriamente, o rol de testemu-


nhas. 05. (FCC-TJ/AP-2009- ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA
(B) o prazo para seu oferecimento, estando o réu preso, é JUDICIÁRIA) Na ação penal privada subsidiária da pública,
de quinze dias. o Ministério Público

(C) o seu oferecimento depende, necessariamente, de pré- (A) pode intervir na prova produzida pelo querelante, mas
vio inquérito policial. não pode produzir prova nova.

(D) trata-se da petição inicial da ação penal pública e em (B) não pode intervir no processo se não aditou a queixa.
nenhuma hipótese poderá ser rejeitada. (C) pode aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
(E) após oferecida, e instaurada a ação penal, o Ministério substitutiva.
Público não poderá dela desistir. (D) não pode retomar a ação como parte principal, mesmo
que o querelante a abandone, pois já demonstrou ser desi-
dioso.
02. (FCC-ANALISTA JUD./PI 2009) A decadência, no
processo penal, como perda do direito de propor a ação pe- (E) pode aditar as razões de recurso interposto pelo quere-
nal, cabe lante, mas não pode recorrer.

(A) tanto na ação privada exclusiva como na ação privada


subsidiária e na pública condicionada. 06. (FCC-TJ/PA - 2009 ANALISTA JUDICIÁRIO
(B) somente na ação penal exclusivamente privada. ÁREA/ESPECIALIDADE DIREITO) Nos crimes de ação
penal pública condicionada, a representação poderá ser re-
(C) somente na ação penal pública condicionada. tratada até
(A) o interrogatório do réu.

23
(B) a instauração do inquérito policial.
(C) o oferecimento da denúncia. 3. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
(D) a sentença condenatória definitiva.
(E) o trânsito em julgado da sentença condenatória.
A) JURISDIÇÃO

07. (FCC-TJ/PA - 2009 ANALISTA JUDICIÁRIO Jurisdição é o poder de julgar (que é inerente a todos
ÁREA/ESPECIALIDADE DIREITO) Diante da morte do os juízes). É a possibilidade de aplicar a lei abstrata aos ca-
ofendido, caso o direito de prosseguir na ação penal privada sos concretos que lhe forem apresentados, o poder de solu-
não seja exercitado dentro de 60 dias, ocorrerá a extinção cionar lides.
da punibilidade em decorrência da
(A) perempção.
PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
(B) prescrição da pretensão punitiva.
(C) renúncia. São os seguintes os princípios que regem a jurisdição:
(D) decadência.
(E) retratação. Princípio do juiz natural
Significa que ninguém pode ser processado ou julgado
08. (FCC-TJ/PA - 2009 ANALISTA JUDICIÁRIO senão pelo juiz competente, de acordo com normas prees-
ÁREA/ESPECIALIDADE DIREITO) No caso do Promotor tabelecidas (art. 5º, LIII, da CF). São vedados, da mesma
de Justiça requerer o arquivamento do inquérito policial por forma, juízos e tribunais de exceção (art. 5º, XXXVII, da
entender ausente a justa causa para a instauração da ação CF).
penal, havendo discordância do Juiz, este deverá
(A) intimar a vítima para propor ação penal privada.
(B) determinar, de ofício, a devolução do inquérito policial à Princípio da investidura
polícia para novas diligências. A jurisdição só pode ser exercida por quem foi apro-
(C) nomear outro Promotor de Justiça para ofertar a denún- vado em concurso público da magistratura, nomeado, em-
cia. possado e que está no exercício de suas atividades.
(D) remeter os autos à consideração do Procurador-Geral de No caso do Quinto Constitucional, em que integrantes
Justiça. do Ministério Público e da Advocacia são nomeados pelo
(E) remeter ao Presidente do Tribunal de Justiça Chefe do Executivo para integrar um quinto das cadeiras dos
Tribunais, após formação de lista tríplice pela própria Corte,
há exceção apenas no que tange à inexistência do concurso
09. (FCC-TJ/SE - 2009 ANAL. JUD. – ÁREA ADMINIS-
público de ingresso à carreira da magistratura.
TRATIVA) No que diz respeito ao direito de representação,
é correto afirmar:
(A) O prazo para exercício do direito de representação é de Princípio da indeclinabilidade
direito material, devendo ser computado o dia do começo e
excluído o dia final. O juiz não pode deixar de dar a prestação jurisdicio-
nal, tampouco uma lei pode ser feita para excluir da apreci-
(B) Sendo a vítima menor de 18 anos, o direito de represen-
ação do Judiciário lesão ou ameaça a direito de alguém (art.
tação passará ao representante do Ministério Público.
5º, XXXV, da CF).
(C) Tratando-se de ofendido doente mental, o direito de re-
presentação será exercido pelo seu representante legal, po-
rém somente na hipótese de incapacidade absoluta. Princípio da indelegabilidade
(D) A representação é condição necessária para o início da
ação penal, porém é dispensável para a instauração do in- Nenhum juiz pode delegar sua jurisdição a outro, pois,
quérito policial. se isso ocorrer, estará sendo desrespeitado o princípio do
juiz natural. A expedição de carta precatória ou carta de or-
(E) No caso de morte do ofendido ou quando ausente do dem não fere este princípio porque a delegação é apenas
país, o direito de representação poderá ser exercido pelo seu para a realização de determinado ato processual (oitiva de
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. testemunhas, por exemplo), sem a transferência de poder
decisório ao juízo deprecado.
10. (FCC-TRE/PI 2009) A ação penal pública pode ser
a) promovida somente pelo Ministério Público.
Princípio da improrrogabilidade
b) promovida pelo ofendido ou por seu representante legal.
c) instaurada por portaria da autoridade policial. O juiz não pode invadir a área de atuação de outro,
salvo nas hipóteses expressamente previstas em lei de pror-
d) instaurada de ofício pelo juiz. rogação de competência em certos casos de conexão.
e) instaurada por portaria do Secretário da Segurança Pú-
blica.
Princípio da inevitabilidade (ou irrecusabili-
GABARITO Ação Penal dade)
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 As partes não podem recusar o juiz, salvo nos casos
E A D B C C A D A A de suspeição, impedimento ou incompetência.

24
todavia, não há juiz prevento, deverá ser feito um sorteio
(distribuição).
Princípio da inércia (ou da iniciativa das partes)
O juiz não pode dar início à ação penal. O magistrado,
porém, pode, de ofício, na busca da verdade real, determi- I - Da competência pelo lugar da infração (ratione
nar, durante a instrução, a produção de prova que entenda loci)
imprescindível (arts. 156, II, e 404 do CPP).
Teoria do Resultado (art. 70, caput, primeira
O art. 156, I, do CPP, por sua vez, prevê que o juiz parte): a regra geral para determinação da competência é
também pode, de ofício, ordenar, mesmo antes do início da o lugar em que se consumar a infração (Teoria do
ação penal, a produção antecipada de provas consideradas Resultado). Assim, o foro (comarca) competente para
urgentes e relevantes, observando a necessidade, a adequa- conhecer do processo será firmado pelo local da
ção e a proporcionalidade da medida. consumação do crime. Essa é a principal regra de
determinação da competência territorial.
Atenção: Tal dispositivo, entretanto, encontra-se
parcialmente revogado, na medida em que o art. 3º-A do Teoria da Ação (art. 70, caput, parte final): já no
CPP, com redação dada pela Lei n. 13.964/2019, veda qual- caso de tentativa, prevalece a Teoria da Ação, em que a
quer iniciativa do juiz (ato de ofício) na fase da investigação. competência será firmada pelo lugar em que for praticado o
A determinação de produção antecipada de provas durante último ato de execução, sendo competente aquele juiz atu-
as investigações pressupõe requerimento das partes ou re- ante no local em que se realizaram os atos executórios.
presentação da autoridade policial.
 É a também a teoria adotada nas infrações de me-
nor potencial ofensivo, determinando a competência territo-
rial dos juizados especiais criminais (Lei nº 9.099/95)
B) COMPETÊNCIA

Teoria d Ubiquidade (art. 70, §§ 1º e 2º) –


Um juiz não pode julgar todos os casos, de todas as
Crimes à distância: se a execução do delito iniciou-se no
espécies, sendo necessária uma delimitação de sua jurisdi-
território brasileiro, e a consumação ocorreu no exterior será
ção. Essa delimitação do poder jurisdicional dos juízes e dos
competente o lugar onde, no Brasil, foi praticado o último
tribunais denomina-se “competência”.
ato de execução, ou o juiz do lugar em que o crime, embora
A competência fixa os limites dentro dos quais o juiz parcialmente, tenha produzido ou devia produzir resultado
pode prestar a jurisdição (“dizer o direito”), apontando quais no território nacional.
os casos que podem ser julgados pelo órgão do Poder
Incerteza sobre limite territorial: Quando incerto
Judiciário, representando um limite ao poder de julgar.
o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando
incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou
tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a
CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA competência firmar-se-á pela prevenção (art. 70, § 3º, do
Os artigos 69 e seguintes do Código de Processo CPP).
Penal estabelecem os critérios de competência. São eles: Competência no crime de estelionato (§ 4º): A
Lei n. 14.155/2021, acrescentou uma nova modalidade de
fixação de competência que é o foro em razão do domicílio
I – o lugar da infração; da vítima que, todavia, somente é aplicável ao crime de es-
II – o domicílio ou residência do réu; telionato comum (art. 171, caput, do CP) quando a vítima
efetua depósito ou transferência bancária em prol do gol-
III – a natureza da infração; pista e ao crime de fraude no pagamento por meio de che-
IV – a distribuição; que (art. 171, § 2º, VI, do CP), que se configura em casos
de emissão de cheque sem fundos ou frustração no paga-
V – a conexão ou continência; mento do cheque.
VI – a prevenção;  No caso de várias vítimas, a competência se dará
pela prevenção.
VII – a prerrogativa de função.

Crime continuado/permanente (art. 71):


Cada um desses critérios de fixação de competência
Tratando-se de infração continuada (somente existirá se
tem finalidade diversa. Com efeito, a competência pelo lugar
houver reiteração de atos) ou permanente (aquele cuja
da infração e pelo domicílio/residência do réu (também
consumação se prolonga no tempo), praticada em território
chamadas de ratione loci) têm por finalidade fixar a comarca
de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela
competente. Uma vez fixada a comarca, o critério da
prevenção, segundo previsão do art. 71 do CPP.
natureza da infração (ratione materiae) serve para que se
encontre a Justiça competente (Justiça Militar, Eleitoral,
Comum etc.).
II - Da competência pelo domicílio ou residência
do réu (ratione loci)
Por fim, fixada a comarca e a Justiça, é possível que Se as teorias territoriais não resolverem a definição
restem vários juízes igualmente competentes. Se um deles da competência territorial o domicílio ou residência do réu
adiantou-se aos demais na prática de algum ato relevante, funcionarão como critério subsidiário.
ainda que antes do início da ação, estará ele prevento. Se,

25
Assim, segundo dispõe o art. 72, não sendo conhecido demais na prática de ato judicial, torna o juiz competente
o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo para a ação principal, por força da prevenção.
domicílio ou residência do réu, sendo esse um critério
subsidiário.
V - Da competência por conexão ou continência
A conexão e a continência, na verdade, não são
Casos especiais (§§ 1º e 2º, do art. 72):
critérios para a fixação, mas para a prorrogação da
a) Réu com mais de uma residência: a competência competência. Com efeito, quando existe algum vínculo
firmar-se-á pela prevenção; (conexão ou continência) entre duas ou mais infrações,
estabelece a lei que deve existir um só processo.
b) Réu sem residência certa ou for ignorado o seu
paradeiro: será competente o juiz que primeiro tomar
conhecimento do fato.
I) CONEXÃO - haverá conexão quando existir uma
ligação subjetiva, quando a relação se der entre as pessoas,
ou objetiva, quando ocorrer entre os delitos, unindo duas ou
Critério opcional (art. 73) - Nos casos de exclusiva
mais infrações penais. Nesse caso, as ações serão reunidas
ação privada, o querelante poderá preferir o foro de
e julgadas em conjunto, ou seja, acarretam a unidade de
domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido
processo (simultaneus processus) e a prorrogação de foro.
o lugar da infração.
ATENÇÃO: “A conexão não determina a reunião de
processos, se um deles já foi julgado” (Súmula 235 do STJ).
III - Da competência pela natureza da infração
(ratione materiae)
Espécies de conexão - a conexão pode ser:
A competência pela natureza da infração será regu-
lada pelas leis de organização judiciária, com exceção da
competência privativa do Tribunal do Júri (art.74). Assim, a
a) Conexão Intersubjetiva (art. 76, inc. I, do CPP)
Lei de Organização Judiciária pode estabelecer divisão em
quando as infrações houverem sido praticadas:
razão da matéria dentro de uma mesma comarca, visando
com isso sistematizar o serviço através da especialização. I – Simultaneidade: ao mesmo tempo e espaço, por
várias pessoas reunidas, sem prévio acordo, também cha-
mada conexão ocasional. Ex.: vários torcedores invadem um
Competência do Tribunal do Júri: o julgamento campo de futebol para agredir o árbitro e seu auxiliar,
dos crimes dolosos contra a vida, consumados ou tentados. causando lesões em ambos (dois ou mais crimes praticados
por duas ou mais pessoas);
II – Concursal: por várias pessoas em concurso, em-
Regras em caso de desclassificação do crime
bora diverso o tempo e o lugar, exigindo-se, nesse caso, que
(alteração na capitulação do crime para competência de
haja acordo prévio, a comunhão de esforços e conjunção de
outro juiz):
vontades, ainda que os delitos, porventura, tenham sido
a) Se, iniciado o processo perante um juiz, houver praticados em momento e local diversos. Ex.: Ex.: integran-
desclassificação para infração da competência de outro, a tes de facção criminosa, previamente combinados, incen-
este será remetido o processo, salvo se mais graduada for deiam vários ônibus, em bairros e horários distintos;
a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua
III – Reciprocidade: por várias pessoas, umas contra
competência prorrogada.
as outras (reciprocidade) Ex.: lesões corporais recíprocas,
b) Nos crimes da competência do júri, se o juiz da ocorridas numa briga de rua.
pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à
Atenção: a rixa não caracteriza a conexão intersub-
competência de juiz singular, remeterá o processo a este;
jetiva por reciprocidade, já que o delito é único, e a conexão
mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do
exige ao menos duas infrações.
Júri (no Plenário, pelos jurados), ao juiz presidente caberá
proferir a sentença.
b) Conexão lógica ou finalista (art. 76, inc. II, do
CPP) quando as infrações houverem sido praticadas:
IV - Da competência por distribuição (art. 75)
I – para facilitar ou ocultar outras. Ex.: matar o
Com a utilização dos critérios em razão do local ou da
segurança para seqüestrar o empresário (facilitar o crime);
matéria, necessariamente já estarão fixadas a comarca e a
atear fogo em uma casa, para que não se descubra o furto
Justiça competentes. Ocorre que é possível que restem
nela cometido (garantir a ocultação);
vários juízes igualmente competentes para o caso. Assim,
faz-se necessário proceder-se a distribuição, mediante II – para conseguir impunidade ou vantagem em re-
sorteio para a fixação de um juiz para a causa. Assim é que lação a qualquer delas. Ex.: matar testemunha ou vítima de
dispõe o art. 75 do CPP: “A precedência da distribuição fi- crime anterior (garantir a impunidade); matar pessoa que
xará a competência quando, na mesma circunscrição judici- ia pagar o preço do resgate de pessoa seqüestrada (garantir
ária, houver mais de um juiz igualmente competente”. a vantagem do crime anterior).
Importante observar a regra de que a distribuição
preliminar para efeito de concessão de fiança ou decretação
c) Conexão Instrumental ou probatória (art. 76,
de prisão preventiva, ou ainda qualquer outra diligência
inc. III, do CPP):
anterior à denúncia ou queixa, em que o juiz adianta-se aos

26
I – quando a prova de uma infração ou qualquer de Justiça editou a Súmula 122: “Compete à Justiça Federal o
suas circunstâncias elementares influírem na prova de outra processo e julgamento unificado dos crimes conexos de
infração; tem fins probatórios. Ex.: a prova do crime de furto competência federal e estadual, não se aplicando a regra do
em relação à receptação. art. 78, II, a, do CPP”.

II) CONTINÊNCIA - Na continência o que justifica a Justiça Penal Comum x Juizado Especial Crimi-
reunião no mesmo processo é o fato de duas ou mais pes- nal – Será competente a Justiça Penal Comum para ambas
soas concorrerem para a realização de delito único, ou as ações: “Havendo conexão entre crimes da competência
quando duas ou mais infrações são praticadas através de do Juizado Especial e do Juízo Penal Comum, prevalece a
uma só conduta. competência deste último” (Enunciado 10 do Fórum Nacio-
nal Permanente dos Juizados Especiais).

Espécies de continência - a continência pode ser:


Separação dos processos: Apesar da existência de
conexão ou continência, a lei estabelece algumas hipóteses
a) Continência Subjetiva (art. 77, inc. I, do CPP): em que deverá ocorrer a separação de processos. Essa
separação pode ser obrigatória ou facultativa.
I – quando duas ou mais pessoas forem acusadas pela
mesma infração, configurando-se concurso de agentes.
Ocorre nas hipóteses de coautoria ou participação em
a) Separação obrigatória (art. 79):
relação a um só crime (o que a diferencia da conexão, que
sempre pressupõe duas ou mais infrações). I - No concurso entre a jurisdição comum e a militar:
como a Justiça Militar tem competência restrita para apreci-
ação das infrações militares (art. 124, CF), havendo crime
b) Continência Objetiva (art. 77, inc. II, do CPP): comum conexo ao militar, impõe-se a separação de proces-
sos.
II - existe uma só conduta, que provoca dois ou mais
resultados lesivos, configurando concurso formal de delitos, II - No concurso entre a jurisdição comum e a do juízo
que serão reunidos em um só processo. de menores: sendo o menor de 18 anos absolutamente
Atenção: a referência feita no dispositivo aos arts. inimputável (art. 228, CF), havendo concurso com maior de
51, 53, e 54 do CP, atualmente corresponde aos arts. 70, idade, impõe-se a separação, já que o menor é passível das
73 e 74, CP. medidas socioeducativas estabelecidas no Estatuto da Cri-
ança e do Adolescente (art. 104, Lei nº 8.069/1990).

Regras para determinação do foro prevalente, III – Superveniência de doença mental: no caso de
em caso de conexão ou continência (art. 78): sobrevir doença mental em relação a algum corréu, que
ocorra ao longo da persecução penal, para aquele que à
época do delito era imputável, o processo será suspenso.
1ª) No concurso entre a competência do júri e a de Quanto aos demais réus, seguirá o curso regular, promo-
outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a vendo-se a separação incidental (§ 1º).
competência do júri;
IV – Corréu foragido, que não possa ser julgado à re-
velia: se um dos réus for citado por edital e não comparecer
2ª) No concurso de jurisdições da mesma categoria: para defender-se, respondendo aos termos da acusação, o
processo será suspenso, assim como o curso do prazo pres-
a) preponderará a do lugar da infração à qual for
cricional, prosseguindo, todavia, quanto aos demais delin-
cominada a pena mais grave;
quentes.
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o
maior número de infrações, se as respectivas penas forem V – Recusa dos jurados: havendo dois ou mais réus
de igual gravidade; com defensores diversos, caso não coincida a escolha dos
jurados, torna-se impossível a composição de Conselho de
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos
Sentença único para o julgamento de todos na mesma data.
outros casos;
Assim, o processo será desmembrado, julgando-se apenas
um deles.

3ª) No concurso de jurisdições de diversas categorias,


predominará a de maior graduação;
Militar - O militar que cometer um crime doloso contra
a vida de civil será julgado perante a Justiça Comum (Tribu-
nal do Júri), tendo em conta o que dispõe a Lei 9.299/1996,
4ª) No concurso entre a jurisdição comum e a que alterou o art. 82, § 2º, do CPPM. Contudo, se o crime
especial, prevalecerá a especial. doloso for contra a vida de outro militar (não de civil), a
competência será da Justiça Especial Militar.

Justiça Federal x Justiça Estadual - A regra con- ATENÇÃO: “Compete à Justiça Estadual Militar pro-
sagrada pelos Tribunais é que, havendo conexão de delitos cessar e julgar o policial militar pela prática de crime militar,
de competência da Justiça Estadual e da Justiça Federal, e à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele”
prevalece a competência Federal. O Superior Tribunal de (Súmula 90 do STJ).

27
VII - Da competência pela prerrogativa de
função (art. 84)
b) Separação facultativa (art. 80):
I – Se as infrações tiverem sido praticadas em cir-
cunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, desde que tal Em face da relevância do cargo ou da função exercida
fato possa prejudicar o trâmite da ação, devendo o juiz ana- por determinadas pessoas, são elas julgadas
lisar tais circunstâncias, decidindo o que é melhor para a originariamente por órgãos superiores da jurisdição e não
condução do processo. pelos órgãos comuns.
II – Se excessivo o número de acusados ou para evitar
A competência pela prerrogativa de função é do
o prolongamento do tempo de prisão provisória de qualquer
Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça,
dos réus, faculta-se o desmembramento, instruindo-se se-
dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos
paradamente os processos entre réus presos e soltos.
Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas que
devam responder perante eles por crimes comuns e de
III - Por qualquer outro motivo relevante, utilizando
responsabilidade.
critério de interpretação analógica, admite o legislador que
em outras situações, não contempladas expressamente, As hipóteses previstas na Constituição são as
possa o juiz desmembrar o feito, entendendo ser melhor o seguintes (no que se refere à prática de ilícitos penais):
desmembramento e compartilhando o trabalho entre os de-
mais juízes.
a) SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Julga o Presidente
 Em todas as hipóteses, o juiz decidirá a respeito da da República, o Vice-Presidente, os Deputados Federais e
separação levando em conta a sua conveniência para o bom Senadores, os próprios Ministros do Supremo Tribunal
andamento da ação penal. Federal, o Procurador- Geral da República, os Ministros de
Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Ae-
ronáutica, os membros dos Tribunais Superiores (Superior
Tribunal de Justiça, Tribunal Superior Eleitoral, Tribunal
ATENÇÃO: Reconhecida inicialmente ao júri a
Superior do Trabalho e Superior Tribunal Militar), os
competência por conexão ou continência, o juiz, se vier a
membros dos Tribunais de Contas da União e os chefes de
desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o
missão diplomática de caráter permanente.
acusado, de maneira que exclua a competência do júri,
remeterá o processo ao juízo competente.

b) SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Julga


originariamente os Governadores dos Estados e do Distrito
VI - Da competência por prevenção (art. 83)
Federal, os Desembargadores dos Tribunais de Justiça dos
Estados, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados
e Distrito Federal, dos Tribunais Regionais Federais,
Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez
Tribunais Regionais Eleitorais, Tribunais Regionais do
que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente
Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas
competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver
dos Municípios e os membros do Ministério Público da União
antecedido aos outros na prática de algum ato do processo
que oficiem perante Tribunais.
ou de medida a este relativa, ou seja, aquele que primeiro
atuar na causa será competente, ainda que anterior ao
oferecimento da denúncia ou da queixa.
c) TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS. Julgam os
A competência pela prevenção ainda é firmada nas Juízes Federais, incluídos os da Justiça Militar Federal e da
seguintes hipóteses: Justiça do Trabalho e os membros do Ministério Público da
União que oficiem junto à primeira instância.
a) Havendo crime continuado ou permanente que se
estendam por duas ou mais comarcas (art. 71, CPP);
b) Delito consumado na divisa entre duas ou mais co- d) TRIBUNAIS DE JUSTIÇA ESTADUAIS. Julgam os
marcas, ou havendo incerteza dos limites entre elas (art. Prefeitos, os Juízes Estaduais (abrangendo os integrantes do
70, § 3°, CPP); Tribunal de Justiça Militar, os Juízes de primeira instância e
os auditores da Justiça Militar), os Deputados Estaduais e os
c) Quando desconhecido o local da consumação do
membros do Ministério Público Estadual, além de outros
delito, e o agente encontra-se numa
previstos nas Constituições Estaduais.
destas situações (art. 72, §§ 1° e 2°, CPP):
c. 1) tem mais de um domicílio ou residência;
Prefeito que comete crime contra bens da União
c. 2) não possui residência certa; c.3) é desconhe- – Competência do Tribunal Regional Federal: “compete ao
cido o seu paradeiro. Tribunal Regional Federal processar e julgar prefeito muni-
cipal acusado de crime federal, vale dizer, crime praticado
d) Nas hipóteses de delitos conexos ou continentes, pelo prefeito em detrimento de bens, serviços ou interesses
de mesma gravidade e em igual quantidade, consumados da União Federal, empresas públicas e autarquias federais,
em comarcas distintas. Ex: furto simples consumado em em face do art. 109, IV, da Constituição Federal. Preceden-
Fortaleza, conexo com receptação consumada em Caucaia. tes do STF” (STF, HC 68.967-1/PR, Rel. Min. Ilmar Galvão;
A competência para apreciar ambos os delitos será fixada HC 69.649-0/DF, Rel. Min. Carlos Mário Velloso).
pela prevenção.

28
Cessação da função pública: Cessado o exercício d) pelo local onde tiver começado o iter criminis, no caso de
funcional, não há que se falar em prerrogativa de função – tentativa.
Princípio da atualidade da função pública, o qual afirma que
e) pelo lugar em que tiver sido iniciada a execução no Brasil,
só haverá prerrogativa enquanto houver função pública ati-
se a infração se consumar fora do território nacional.
nente ao cargo com prerrogativa.
 Neste sentido: Súmula 451 do STF: A competên-
cia especial por prerrogativa de função não se estende ao 03. (IBADE - 2017 - PC-AC - Auxiliar de Necropsia) A com-
crime cometido após a cessação definitiva do exercício fun- petência será determinada pela conexão:
cional.
a) quando duas ou mais pessoas foram acusarias pela
mesma infração.
Súmula Vinculante 45: “A competência constitucio- b) nos casos de infração cometida em erro de execução ou
nal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função resultado diverso do pretendido.
estabelecido exclusivamente na Constituição Estadual”. Ao
contrário, se houver previsão do foro especial na Constitui- c) se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido pra-
ção Federal, prevalece a competência por prerrogativa de ticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou
função. por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e
o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras.
d) nos casos de concurso formal.
Exceção da verdade - O art. 85 do Código de
Processo Penal estabelece que, nos crimes contra a honra e) nos casos de crime continuado
que admitem exceção da verdade, caso esta seja oposta
contra querelante que tenha foro por prerrogativa de
função, deverá a exceção ser julgada pelo Tribunal e não 04. (FCC - 2018 - MPE-PB - Promotor de Justiça Substituto)
pelo juízo por onde tramita a ação. Praticado delito de menor potencial ofensivo, determinará,
de regra, a competência jurisdicional
Assim, suponha-se que um prefeito. sentindo-se
caluniado, ingresse com ação penal contra o ofensor, na a) a prevenção.
Comarca de Caucaia. O ofensor, então, resolve ingressar b) o lugar em que se consumar a infração penal.
com exceção da verdade, dispondo-se a provar que a
imputação feita contra o prefeito é verdadeira. Pois bem, c) a distribuição do termo circunstanciado.
nesse caso a exceção da verdade será julgada pelo Tribunal d) o lugar em que foi praticada a infração penal.
de Justiça.
e) o domicílio ou residência do autor do fato.

Resalte-se que apenas a exceção é julgada pelo


Tribunal, devendo os autos retornarem à comarca de origem 05. (FGV - 2018 - TJ-SC - Técnico Judiciário Auxiliar) Analise
para a decisão quanto ao processo originário. as situações a seguir:
I) Zé praticou, na mesma data, um crime comum e um crime
militar, sendo que a prova da primeira infração influi na
EXERCÍCIOS prova da segunda. Apesar da conexão, haverá separação
dos processos para julgamento.
II) Caio praticou crime doloso contra a vida em conexão com
01. (FUNCAB - 2016 - PC-PA - Investigador de Polícia Civil)
crime de competência da vara criminal estadual comum.
No que tange à competência, o Direito Processual Penal bra-
Diante disso, prevalecerá a competência do júri.
sileiro adotou, como regra, a teoria da{o):
III) Pedro e Paulo foram acusados de uma mesma infração
a) atividade
penal, mas em ações penais diferentes. Haverá, entre as
b) resultado. duas ações penais, relação de continência.
c) equivalência dos antecedentes causais. De acordo com as previsões do Código de Processo Penal
sobre o tema competência, está correto o que se afirma em:
d) ubiquidade
a) somente I e II;
e) alternatividade.
b) somente I e III;
c) somente II;
02. (CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia) No que se
refere ao lugar da infração, a competência será determinada d) somente II e III;
a) pelo domicílio do réu, no caso de infração permanente e) I, II e III.
praticada no território de duas ou mais jurisdições conheci-
das.
06. (VUNESP - 2018 - Prefeitura de Bauru - SP - Procurador
b) pela prevenção, no caso de infração continuada praticada
Jurídico) No eventual caso de um prefeito municipal cometer
em território de duas ou mais jurisdições conhecidas.
um crime comum, a Constituição Federal prevê que ele será
c) de regra, pelo local onde tiver sido iniciada a execução da julgado pelo
infração, ainda que a consumação tenha ocorrido em outro
a) Tribunal de Justiça do respectivo Estado.
local.

29
b) Superior Tribunal de Justiça. Devidamente investigado, ele é denunciado apenas após o
término do seu mandato. Tem competência para processá-
c) Supremo Tribunal Federal.
lo e julgá-lo o:
d) Tribunal Regional Federal da 1a Região.
a) Juiz de Direito.
e) órgão judicial de primeira instância, em qualquer hipó-
b) Tribunal Regional Federal.
tese.
c) Superior Tribunal de Justiça.
d) Tribunal de Justiça do Estado.
07. (FGV - 2018 - Câmara de Salvador - BA - Especialista -
Advogado Legislativo) Determinado vereador de município
de unidade de federação que prevê, exclusivamente em sua
GABARITO
Constituição Estadual, foro por prerrogativa de função para
que vereadores sejam julgados pelo Tribunal de Justiça do 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
Estado, em um evento comemorativo de seu aniversário de B B C D E A B C D A
casamento, no próprio município em que atua, após ingerir
bebida alcoólica, vem a discutir com um ex-namorado de
sua esposa, que atuava como Juiz de Direito em outro Es- 3. DA PROVA
tado. Durante a discussão, o vereador desfere diversos gol-
pes com faca no coração do magistrado, golpes esses que
foram a causa eficiente de sua morte. Descobertos os fatos, PRINCÍPIOS QUE REGEM A PRODUÇÃO PROBA-
o vereador vem a ser denunciado pela prática do crime de TÓRIA NO PROCESSO PENAL
homicídio qualificado consumado.
Considerando apenas as informações narradas, será
competente para julgamento do delito imputado:  Princípio do contraditório: Significa que toda
prova realizada por uma das partes admite a produção de
a) o Tribunal de Justiça do Estado onde o vereador exerce uma contraprova pela outra. O contraditório consubstancia-
suas funções; se na expressão audiatur et altera parte (ouça-se também
b) o Tribunal do Júri do local dos fatos; a parte contrária), o que importa em conferir ao processo
uma estrutura dialética. Assim, se uma das partes arrolou
c) a Câmara dos Vereadores à qual o vereador encontra-se testemunhas, tem a outra o direito de contraditá-las, de in-
vinculado; quiri-las e também de arrolar as suas.
d) o Tribunal do Júri de comarca do Estado onde o magis-
trado exercia suas funções;
 Princípio da comunhão: Uma vez trazidas aos au-
e) o Tribunal de Justiça do Estado onde o magistrado exercia tos, as provas não mais pertencem à parte que as acostou,
suas funções. mas sim ao processo, podendo, desse modo, ser utilizadas
por quaisquer dos intervenientes, seja o juiz, sejam as de-
mais partes. Em nome dessa sistemática, por exemplo, é
08. (FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil) A que não se pode, em tese, admitir a desistência da oitiva de
competência nos crimes em que não se conhece o lugar da testemunha arrolada por um dos polos sem a anuência do
infração será determinada pelo(a): outro, pouco importando se quem a arrolou foi a acusação
ou a defesa.
a) prevenção.
b) lugar da sua consumação.
 Princípio da oralidade: Tanto quanto possível, as
c) domicílio ou residência do réu.
provas devem ser realizadas oralmente, na presença do juiz.
d) lugar do último ato de execução. Isto existe para que, nos momentos relevantes do processo,
predomine a palavra falada, possibilitando-se ao magistrado
e) local onde a tentativa se iniciou. participar dos atos de obtenção da prova. É o caso, por
exemplo, da testemunha: mais valor terá a prova se reali-
zada em audiência do que, ao contrário, se meras declara-
09. (CS-UFG - 2017 - TJ-GO - Juiz Leigo) Dispõe o Código ções escritas forem trazidas pelas partes e incorporadas ao
de Processo Penal, expressamente, que, tratando-se de in- processo. A oralidade, mais do que um princípio, traduz-se
fração continuada ou permanente, praticada em território de como uma forma de conduzir o processo, implicando dois
duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela subprincípios: a concentração e a imediação.
a) residência do réu.
b) conexão.  Subprincípio da concentração: A produção pro-
c) continência. batória deve ser concentrada em uma só audiência ou, ao
menos, no menor número possível delas. Este critério de
d) prevenção. condução do processo, já inserido em diplomas legais, como
a Lei 9.099/1995 (art. 81), foi incorporado ao Código de
e) distribuição.
Processo Penal pela Lei 11.719/2008, ao estabelecer, nos
arts. 400, 411 e 431 (procedimento ordinário, rito do júri e
procedimento sumário, respectivamente), a concentração
10. (CONSULPLAN - 2017 - TRF - 2ª REGIÃO - Técnico Judi-
das provas orais em audiência única de instrução.
ciário - Segurança e Transporte) Prefeito Municipal comete
crime comum durante o exercício do seu mandato.

30
 Subprincípio da imediação (ou imediatidade): poisonous tree), segundo a qual o defeito existente no
É necessário assegurar ao juiz o contato físico com as provas tronco contamina os frutos (art. 157, § 1º, CPP).
no ato de sua obtenção, inclusive para que possa ele con-
servar em sua memória aspectos importantes do momento
em que tenham sido aquelas provas produzidas e, desse  Princípio da Proporcionalidade: É importante
modo, valorá-las com maior exatidão no ato da sentença. salientar que o STF tem admitido a possibilidade de emprego
de provas ilícitas em benefício do réu (pro reo), por força do
princípio da proporcionalidade. Contudo, não se tem admi-
 Princípio da publicidade: Considerando a impor- tido o emprego da prova ilícita em benefício da acusação
tância das questões atinentes ao processo penal, nada mais (pro societate).
correto do que sejam elas tratadas publicamente. Por isso,
os atos que compõem o procedimento, inclusive a produção
de provas, não devem ser efetuados secretamente. Visa-se,  Fonte independente: Se a prova tida como con-
aqui, a garantir ao cidadão comum acesso e confiança no taminada provier de fonte independente, como tal conside-
sistema de administração da justiça. rada aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de
praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria
capaz de conduzir ao fato objeto da prova (art. 157, § 2.º,
 Princípio da autorresponsabilidade das partes: do CPP), não ocorrerá a ilicitude. Perceba-se que a validação
Por meio deste princípio, infere-se que as partes assumirão da prova em razão da fonte independente exige que não
as consequências de sua inatividade, erro ou negligência3 haja qualquer nexo de causalidade entre a prova que se quer
relativamente à prova de suas alegações. Logo, se na ação utilizar e a situação de ilicitude ou ilegalidade antes ocorrida.
penal pública não providenciar o Ministério Público a prova (Ex. depoimento de testemunha descoberta por intercepta-
da autoria da infração e de sua materialidade, a consequên- ção clandestina, que depois vem a ser referida por outra
cia será a absolvição do acusado. Por outro lado, nada im- testemunha).
pede o juiz de utilizar, como fator de condenação, o teste-
munho de pessoa que, apesar de arrolada pela defesa, te-
nha contribuído para incriminar o réu, em vez de beneficiá- 3.1 EXAME DO CORPO DE DELITO E PERÍCIAS EM GE-
lo. RAL

 Princípio da não autoincriminação (nemo tene- Corpo de delito: Corpo de delito é o conjunto de ves-
tur se detegere): Significa que o acusado não poderá ser tígios materiais ou sensíveis deixados pela infração penal. A
obrigado a produzir provas contra si. Em face desse privilé- palavra corpo não significa necessariamente o corpo de uma
gio que lhe é assegurado, não está o acusado, por exemplo, pessoa. Significa sim o conjunto de vestígios sensíveis que
obrigado a responder as perguntas que lhe forem formula- o delito deixa para trás, estando seu conceito ligado à pró-
das por ocasião de seu interrogatório, tampouco a fornecer pria materialidade do crime.
padrões vocais ou letra de próprio punho visando a subsidiar
prova pericial requerida pelo Ministério Público.
Exame de corpo de delito e outras perícias: O
exame de corpo de delito é uma análise feita por pessoas
 Vedação das provas ilícitas: A vedação quanto às com conhecimentos técnicos ou científicos sobre os vestígios
provas ilícitas vem consagrada no art. 5°, inc. LVI da CF. Em materiais deixados pela infração penal para comprovação da
doutrina, faz-se a distinção entre provas ILÍCITAS, que são materialidade e autoria do delito.
aquelas que violam o direito material, como o CP e legisla-
ção extravagante, ou normas constitucionais (Ex. violação
de domicílio, tortura) e ILEGÍTIMAS, que desatendem o di- Prioridade no exame de corpo de delito – a Lei nº
reito processual no momento de sua obtenção em juízo, in- 13.721, de 02/10/2018, acrescentou o parágrafo único ao
cluindo o CPP, legislação processual extravagante e princí- artigo 158 do CPP, determinando que “Dar-se-á prioridade
pios processuais (Ex. perícia por apenas um perito não ofi- à realização do exame de corpo de delito quando se tratar
cial). Contudo, não se fez tal distinção na legislação, de sorte de crime que envolva:
que as provas ilícitas são entendidas como aquelas obtidas
em violação às normas constitucionais e infraconstitucio- I - violência doméstica e familiar contra mulher;
nais, englobando-se os princípios. II - violência contra criança, adolescente, idoso ou
pessoa com deficiência.

 Desentranhamento da prova ilícita: Determina


o artigo 157 do CPP: “São inadmissíveis, devendo ser de- ATENÇÃO: O exame de corpo de delito tem natureza
sentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendi- jurídica de prova, não sendo hierarquicamente superior às
das as obtidas em violação a normas constitucionais ou le- demais.
gais”.

Vestígio: é o rastro, a pista ou o indício deixado por


 Provas ilícitas por derivação: são aquelas que, algo ou alguém. Há delitos que deixam sinais aparentes da
embora lícitas na própria essência, decorrem exclusiva- sua prática, como ocorre com o homicídio, uma vez que se
mente de uma outra prova, considerada ilícita, ou de uma pode visualizar o cadáver. Outros delitos não os deixam, tal
situação de ilegalidade, restando, portanto, contaminadas como ocorre com o crime de ameaça, quando feita oral-
pela ilicitude. Trata-se da aplicação da teoria norte-ameri- mente.
cana dos Frutos da Árvore Envenenada (fruits of the

31
vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o
recebeu;
ATENÇÃO: Não se realizando o exame nos crimes que
deixam vestígios, pode ocorrer nulidade do processo. VIII - Processamento: exame pericial em si,
manipulação do vestígio de acordo com a metodologia
adequada às suas características biológicas, físicas e
Exame direto x indireto - O exame de corpo de de- químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que deverá
lito pode ser direto, quando os peritos o realizam direta- ser formalizado em laudo produzido por perito;
mente sobre a pessoa ou objeto da ação delituosa, ou indi-
IX - Armazenamento: procedimento referente à
reto, quando não é propriamente um exame, uma vez que
guarda, em condições adequadas, do material a ser
os peritos se baseiam nos depoimentos das testemunhas
processado, guardado para realização de contraperícia,
por haverem desaparecido os vestígios, conforme art. 167
descartado ou transportado, com vinculação ao número do
do CPP.
laudo correspondente;
X - Descarte: procedimento referente à liberação do
CADEIA DE CUSTÓDIA (Arts. 158-A a 158-F) vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando
pertinente, mediante autorização judicial.
Conceito: Considera-se cadeia de custódia o conjunto
de todos os procedimentos utilizados para manter e
documentar a história cronológica do vestígio coletado em
VESTÍGIO
locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e
manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. Conceito: é todo objeto ou material bruto, visível ou
latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração
Início: O início da cadeia de custódia dá-se com a
penal.
preservação do local de crime ou com procedimentos
policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência Responsável pela coleta: a coleta dos vestígios
de vestígio. deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial,
que dará o encaminhamento necessário para a central de
ATENÇÃO: O agente público que reconhecer um
custódia, mesmo quando for necessária a realização de
elemento como de potencial interesse para a produção da
exames complementares.
prova pericial fica responsável por sua preservação.
Tratamento dos vestígios: Todos vestígios
Etapas da cadeia de custódia: A cadeia de custódia
coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser
compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes
tratados como descrito no CPP, ficando órgão central de
etapas:
perícia oficial de natureza criminal responsável por detalhar
I - Reconhecimento: ato de distinguir um elemento a forma do seu cumprimento.
como de potencial interesse para a produção da prova
ATENÇÃO: É proibida a entrada em locais isolados bem
pericial;
como a remoção de quaisquer vestígios de locais de crime
II - Isolamento: ato de evitar que se altere o estado antes da liberação por parte do perito responsável, sendo
das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente imediato, tipificada como fraude processual a sua realização.
mediato e relacionado aos vestígios e local de crime;
III - Fixação: descrição detalhada do vestígio
RECIPIENTES
conforme se encontra no local de crime ou no corpo de
delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser Adequação: O recipiente para acondicionamento do
ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo vestígio será determinado pela natureza do material.
indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido
Eficiência: O recipiente deverá individualizar o
pelo perito responsável pelo atendimento;
vestígio, preservar suas características, impedir
IV - Coleta: ato de recolher o vestígio que será contaminação e vazamento, ter grau de resistência
submetido à análise pericial, respeitando suas adequado e espaço para registro de informações sobre seu
características e natureza; conteúdo.
V - Acondicionamento: procedimento por meio do Abertura: O recipiente só poderá ser aberto pelo
qual cada vestígio coletado é embalado de forma perito que vai proceder à análise e, motivadamente, por
individualizada, de acordo com suas características físicas, pessoa autorizada.
químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação
Lacre: Todos os recipientes deverão ser selados com
da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o
lacres, com numeração individualizada, de forma a garantir
acondicionamento;
a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o
VI - Transporte: ato de transferir o vestígio de um transporte.
local para o outro, utilizando as condições adequadas
ATENÇÃO: Após cada rompimento de lacre, deve se
(embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de
fazer constar na ficha de acompanhamento de vestígio o
modo a garantir a manutenção de suas características
nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a
originais, bem como o controle de sua posse;
finalidade, bem como as informações referentes ao novo
VII - Recebimento: ato formal de transferência da lacre utilizado.
posse do vestígio, que deve ser documentado com, no
Destino do lacre rompido: O lacre rompido deverá
mínimo, informações referentes ao número de
ser acondicionado no interior do novo recipiente.
procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada,
local de origem, nome de quem transportou o vestígio,
código de rastreamento, natureza do exame, tipo do

32
CENTRAL DE CUSTÓDIA Devem ainda, ser escolhidas, de preferência, entre
aquelas que tiverem habilitação técnica relacionada à natu-
Finalidade e vinculação: Todos os Institutos de
reza do exame, por exemplo: médicos para exames necros-
Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada
cópicos e de lesões corporais, ou economistas, administra-
à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser
dores de empresas para laudos de avaliação, etc.
vinculada diretamente ao órgão central de perícia oficial de
natureza criminal. IMPORTANTE: Os peritos não oficiais devem prestar o
compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo,
Estrutura: Toda central de custódia deve possuir os
mas a ausência de compromisso constitui mera irregulari-
serviços de protocolo, com local para conferência, recepção,
dade. Já o perito oficial não será compromissado pela auto-
devolução de materiais e documentos, possibilitando a
ridade, já que seu compromisso deu-se quando o mesmo foi
seleção, a classificação e a distribuição de materiais,
empossado no cargo.
devendo ser um espaço seguro e apresentar condições
ambientais que não interfiram nas características do
vestígio.
Quesitos e assistentes técnicos: O CPP disponibi-
Regras de controle da tramitação dos vestígios: liza às partes, ao Ministério Público, ao querelante, ao assis-
tente de acusação, e, também ao acusado a prerrogativa de
a) Na central de custódia, a entrada e a saída de
elaborarem quesitos e indicarem assistente técnico.
vestígio deverão ser protocoladas, consignando-se
informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se QUESITOS são questões formuladas sobre um as-
relacionam. sunto específico, que exigem, como respostas, opiniões ou
pareceres. Os quesitos podem ser oferecidos pela autori-
b) Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado,
dade e pelas partes até o ato da diligência.
todas as ações deverão ser registradas, consignando-se a
identificação do responsável pela tramitação, a destinação, ASSISTENTE TÉCNICO é o auxiliar das partes, dotado
a data e horário da ação. de conhecimentos técnicos ou científicos, responsável por
trazer ao processo informações especializadas pertinentes
c) Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio
ao objeto da perícia.
armazenado deverão ser identificadas e deverão ser
registradas a data e a hora do acesso. Atuação dos assistentes técnicos: O assistente
técnico passará a atuar a partir de sua admissão pelo juiz e
d) Caso a central de custódia não possua espaço ou
após a conclusão do trabalho do perito oficial. Tratando-se
condições de armazenar determinado material, deverá a
de auxiliar das partes, não se pode esperar destes a mesma
autoridade policial ou judiciária determinar as condições de
imparcialidade da atuação dos peritos. Também não podem
depósito do referido material em local diverso, mediante
ser considerados funcionários públicos, na medida em que
requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial
não exercem cargo, nem tampouco função pública.
de natureza criminal.
Destino do material periciado: Após a realização da
perícia, o material deverá ser devolvido à central de PERÍCIA
custódia, devendo nela permanecer.
Inquirição dos peritos em audiência: o CPP prevê
Responsável pela perícia: O exame de corpo de de- que, durante o curso do processo judicial, é permitido às
lito é realizado por um PERITO, que é auxiliar do juízo, do- partes requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a
tado de conhecimentos técnicos ou científicos sobre deter- prova ou para responderem a quesitos, desde que com an-
minada área do conhecimento humano, fornecendo dados tecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as
instrutórios de ordem técnica indispensáveis para a decisão respostas em laudo complementar.
do caso concreto.
Material para contraprova: a perícia oficial deve
guardar material suficiente para a realização de contra-
prova, isto é, para a eventual análise de outros técnicos,
Peritos oficiais x não oficiais
normalmente os assistentes indicados pelas partes. Os as-
Perito oficial é o funcionário público de carreira cuja sistentes terão acesso ao material no ambiente do órgão ofi-
função é a de realizar perícias determinadas pela autoridade cial, significando que não podem retirá-lo de lá, sendo
policial ou judiciária. acompanhados por perito oficial.

Perito não oficial é a pessoa nomeada pelo juiz ou pela Perícia complexa: em casos de exames complexos,
autoridade policial para realizar determinado exame pericial. pode o magistrado encaminhar o assunto a diversas áreas
da perícia oficial. O mesmo ocorrerá com os assistentes en-
ATENÇÃO: Em ambas as hipóteses, o perito deve ser volvidos.
portador de diploma de curso superior e são considerados
funcionários públicos para os fins do art. 327 do Código Pe- ATENÇÃO: A perícia pode ser feita em qualquer dia e
nal. em qualquer hora.

Peritos não oficiais LAUDO PERICIAL

Não havendo perito oficial, o exame deve ser reali- Laudo pericial: é a conclusão a que chegaram os pe-
zado por duas pessoas idôneas (peritos não oficiais ou jura- ritos, exposta na forma escrita, devidamente fundamen-
mentados) que, obrigatoriamente, devem ser portadoras de tada, constando todas as observações pertinentes ao que foi
diploma de nível superior, sendo nomeados pela autoridade verificado e contendo as respostas aos quesitos formulados
policial ou pelo juiz. pelas partes.

33
Descrição minuciosa: há exigência legal para que verdadeiro e pertencente, de fato, àquele que morreu. Esses
os peritos não optem por descrições sucintas e resumidas objetos arrecadados na sepultura ou no corpo podem ser
ao retratarem uma inspeção, que é extremamente impor- extremamente úteis na identificação do corpo por familiares
tante para a prova do corpo de delito, além de significar, e amigos.
muitas vezes, pontos cruciais para as partes na sustentação
– ou afastamento – de uma qualificadora ou causa de au-
mento de pena. Exame complementar no crime de lesões corpo-
rais: Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pe-
Prazo máximo de 10 dias: o CPP estipula esse prazo
ricial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame comple-
para apresentação do laudo, podendo ser prorrogado, em
mentar, por determinação da autoridade policial ou judiciá-
casos excepcionais, a requerimento dos peritos. Não obs-
ria, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do
tante, a extrapolação do prazo legal e a prorrogação fixada
ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
pelo juiz não constitui nulidade, mas mera irregularidade.
 Uma das hipóteses de lesão corporal grave ocorre
quando, da ofensa à integridade corporal ou saúde de ou-
AUTÓPSIA E EXUMAÇÃO PARA EXAME CADAVÉ- trem, resulta incapacidade para as ocupações habituais por
RICO mais de 30 dias (CP, art. 129, § 1º, I). Nesse caso, além do
primeiro exame pericial, comprovando a ofensa à integri-
Autópsia (necropsia) é o exame feito por perito em
dade corporal, é necessária a realização de um exame com-
relação às partes de um cadáver. Tem por finalidade princi-
plementar, a fim de se aferir se a vítima ficara incapacitada
pal constatar a causa da morte, mas também serve para
para as ocupações habituais por mais de 30 (trinta) dias.
verificar outros aspectos, como a trajetória do projétil, que
determinou a morte da vítima.  Nesse sentido, prevê o art. 168, § 2º, do CPP, que,
se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no
Prazo de segurança: nos termos do art. 162, caput,
art. 129, § 1º, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que
do CPP, a autópsia será feita pelo menos 6 (SEIS) HORAS
decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.
DEPOIS DO ÓBITO, salvo se os peritos, pela evidência dos
sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele
prazo, (ex.: nos casos de separação da cabeça do resto do
PERÍCIAS ESPECIAIS
corpo).
a) Exame pericial de local de crime: Como des-
Exceção à autópsia: pode ser dispensável a autóp-
dobramento natural do disposto no art. 6.º, I, do CPP, o art.
sia, nos casos de morte violenta, bastando o simples exame
169 dispõe que, para o efeito de exame do local onde houver
externo do cadáver, quando não houver infração penal que
sido praticada a infração, a autoridade providenciará imedi-
apurar, ou quando as lesões externas permitam precisar a
atamente para que não se altere o estado das coisas até a
causa da morte e não haja necessidade de exame interno
chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com
para a verificação de alguma circunstância relevante (v.g.,
fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
esmagamento do crânio).
 As modificações do local, que forem perceptíveis
Exumação: em algumas situações para que se possa
pelo perito oficial (ou pelos peritos não oficiais), devem
fazer o exame cadavérico, é necessária a exumação (desen-
constar do relatório, trazendo, como determina a lei, a dis-
terramento) do cadáver. Nesse caso, a autoridade policial
cussão e as conclusões a que chegou (ou chegaram) a res-
ou judiciária providenciará para que, em dia e hora previa-
peito da força que essas alterações possam ter no modo de
mente marcados, se realize a diligência.
avaliação do desenvolvimento do fato criminoso.
b) Perícias de laboratório: É o exame especializado
 O administrador de cemitério público ou particular realizado em lugares próprios ao estudo experimental e ci-
indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência entífico. Assim, em muitos crimes, como ocorre com os de-
(art. 330 do CP). No caso de recusa ou de falta de quem litos contra a saúde pública, é imprescindível que se faça o
indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar exame laboratorial, para que os peritos, contando com apa-
não destinado a inumações (sepultamento), a autoridade relhos adequados e elementos químicos próprios, possam
procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará de apresentar suas conclusões. Ex.: exame toxicológico para
auto circunstanciado, que é o registro escrito e pormenori- detecção de substâncias entorpecentes proibidas; exame de
zado do ato praticado. dosagem alcoólica; exame de substância venenosa; exame
de constatação de produto farmacêutico falsificado, dentre
 Dispõe o art. 164 do CPP que os cadáveres serão
outros.
sempre fotografados na posição em que forem encontrados,
bem como, na medida do possível, todas as lesões externas ➔ Determina a lei que os expertos, ao findarem o
e vestígios deixados no local do crime. exame, deverão guardar material suficiente para a eventu-
alidade de nova perícia a título de contraprova. Sempre que
Dúvida quanto à identidade do cadáver exu-
conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográ-
mado: Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver que
ficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.
fora sepultado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Ins-
tituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere
(através da colheita das impressões dactiloscópicas ou pela
c) Perícia no crime de furto qualificado: Deter-
análise da arcada dentária) ou ainda pela inquirição de tes-
mina o art. 171 do CPP que nos crimes cometidos com des-
temunhas, parentes e amigos, lavrando-se auto de reconhe-
truição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa,
cimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver,
ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os
com todos os sinais e indicações.
vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e
 Também tudo o que for com ele encontrado deve em que época presumem ter sido o fato praticado
ser recolhido e autenticado, isto é, reconhecido como

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Conteúdo do exame pericial: devem os peritos des- estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência,
crever os vestígios (rastros deixados pela concretização do se daí não puderem ser retirados;
delito, como, por exemplo, os estilhaços do vidro espalhados
d) quando não houver escritos para a comparação ou
pelo chão da casa invadida), indicando os instrumentos uti-
forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que
lizados, os meios e a época do ingresso.
a pessoa escreva o que lhe for ditado. Se estiver ausente a
➔ Nesses casos, os peritos ficam à vontade para exer- pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá
cerem um juízo de probabilidades, podendo estabelecer, ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras
aproximadamente, o momento da destruição ou do rompi- que a pessoa será intimada a escrever.
mento, que pode ser relevante para saber se ocorreu antes
ATENÇÃO: convém ressaltar que, por força do direito
ou depois da subtração, o que irá provocar reflexo na acei-
de não produzir prova contra si mesmo, o acusado não está
tação ou não da qualificadora
obrigado a fornecer material do próprio punho para o exame
grafotécnico.
d) Perícia nos crimes patrimoniais: A depender da
natureza do delito, é de fundamental importância a realiza-
g) Exame pericial dos instrumentos do crime:
ção de exame pericial atestando o valor da coisa ou do pre-
Segundo o art. 175 do CPP, serão sujeitos a exame os ins-
juízo suportado pela vítima.
trumentos empregados para a prática da infração, a fim de
Laudo de avaliação: como regra, nos crimes patrimo- se lhes verificar a natureza e a eficiência.
niais, efetua-se a avaliação do bem, determinando-se o seu
 Verificar a natureza significa estabelecer a espécie
valor de mercado, para apurar qual foi o montante do pre-
e a qualidade. Ex.: determinar que o revólver é de calibre
juízo causado à vítima.
38 ou outro qualquer.
 A finalidade e a aplicação do laudo são variadas,
 Verificar a eficiência quer dizer a verificação de sua
servindo para constatar se cabe a aplicação do privilégio no
força ou eficácia para produzir determinado resultado. Ex.:
furto ou na apropriação (“pequeno valor a coisa furtada”,
estabelecer se o revólver está apto a desferir tiros. É impor-
conforme art. 155, § 2.º, e 170, CP) ou se cabe o estelionato
tante tal prova, pois a arma utilizada pelo agente pode ser
privilegiado (“pequeno valor o prejuízo” para a vítima, con-
inapta para o fim almejado, sendo tal conclusão capaz até
forme art. 171, § 1.º, do mesmo Código), bem como para
de gerar a hipótese do crime impossível, por absoluta inefi-
constatar se foi totalmente reparado o dano, no caso de
cácia do meio (art. 17, CP).
eventual aplicação do disposto no art. 16 do Código Penal
(arrependimento posterior).

h) Exame pericial por meio de carta precatória:


Quando o exame pericial, cujo objeto ou material a ser ana-
e) Perícia nos crimes de incêndio: Algumas causas
lisado se encontre em Comarca diversa daquela onde se si-
de aumento, como colocar fogo em casa habitada, em de-
tua a autoridade policial ou o juiz, pode ser feita por preca-
pósito de explosivo, em lavoura, dentre outras, precisam ser
tória.
analisadas pelo experto. Aliás, o modo pelo qual o incêndio
teve início, os instrumentos utilizados para causá-lo, bem  Como regra, nomeia o perito, o juiz ou a autoridade
como suas consequências, podem auxiliar na determinação policial do local onde a diligência vai realizar-se, ou seja, do
se houve dolo ou culpa na conduta do agente. lugar deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada,
acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz
E mais: é possível determinar se a intenção do agente
deprecante.
era causar um incêndio ou praticar um homicídio, conforme
a maneira pela qual foi executado o ato criminoso. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na
precatória, para evitar que a autoridade do local deprecado,
após a nomeação do experto, seja obrigada a determinar a
Crime de incêndio: o delito é previsto no art. 250 do intimação das partes para o seu oferecimento.
Código Penal, possuindo várias particularidades, que podem
tornar a pena mais elevada ou mais leve.
Requisição de exame pericial: Tratando-se de re-
ATENÇÃO: É possível que se verifique tratar-se so-
alização de laudo por perito oficial – a autoridade requisita
mente de um incêndio fortuito, portanto, não criminoso.
a sua feitura ao órgão especializado, cujo encargo é a reali-
zação de perícias oficiais, direcionado ao diretor da reparti-
ção, recebendo-o pronto e devidamente assinado ao seu tér-
f) Perícia para reconhecimento de escritos: No
mino, juntando-se ao processo o laudo enviado.
exame para o reconhecimento de escritos, por comparação
de letra (exame grafotécnico ou caligráfico), observar-se-á Já na hipótese de terem sido nomeados peritos não
o seguinte: oficiais – duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de
curso superior, escolhidas, preferencialmente, dentre os que
a) a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o
tiverem habilitação técnica relacionada à natureza do delito
escrito será intimada para o ato, se for encontrada;
– é preciso que o escrivão do feito lavre um auto de nome-
b) para a comparação, poderão servir quaisquer do- ação (registro escrito e autenticado do ato), devidamente
cumentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido assinado pelos expertos.
judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre
ATENÇÃO: A falta de assinatura dos peritos, como
cuja autenticidade não houver dúvida;
vem decidindo a jurisprudência, desde que comprovada a
c) a autoridade, quando necessário, requisitará, para origem do laudo, não implica nulidade, mas mera irregula-
o exame, os documentos que existirem em arquivos ou ridade.

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analisando e avaliando a prova sem qualquer freio ou mé-
todo previamente imposto pela lei. Seu dever é fundamentar
Divergência entre peritos: Tendo em vista que a lei
a decisão, dando-lhe, pois, respaldo constitucional. Por-
exige, quando da realização de exame pericial por peritos
tanto, o magistrado não está rigorosamente vinculado ao
não oficiais, o número mínimo de dois, é possível que, entre
laudo pericial.
eles, em tese, haja divergência.
 Preceitua o art. 182 do CPP, que o juiz não está ads-
 Assim ocorrendo, faculta-se que apresentem, no
trito ao laudo, podendo acolher totalmente as conclusões
mesmo laudo, as suas opiniões em seções diferenciadas e
dos expertos ou apenas parcialmente, além de poder rejei-
com respostas separadas aos quesitos ou, caso prefiram,
tar integralmente o laudo ou apenas parte dele.
elabore cada qual o seu laudo. O magistrado, então, nome-
ará um terceiro experto, chamado perito desempatador.  O conjunto probatório é o guia do magistrado e não
unicamente o exame pericial. Ex.: é possível que o julgador
ATENÇÃO: Havendo nova divergência, o juiz pode
despreze o laudo de exame do local, porque acreditou na
determinar a realização de uma nova perícia, recomeçando
versão oferecida por várias testemunhas ouvidas na instru-
o processo, ou optar por uma das conclusões apresentadas.
ção de que a posição original do corpo no momento do
crime, por exemplo, não era a retratada pelo laudo.

Inobservância das formalidades: Prevê a lei que,


havendo ausência de cumprimento às formalidades legais
Sistema da prova tarifada: O Código de Processo
(como a assinatura dos peritos no laudo e em todas as suas
Penal estabelece, em alguns casos, provas tarifadas, como
folhas), bem como sendo constatada omissão a respeito de
é o caso do exame de corpo de delito para os crimes que
esclarecimento imprescindível, obscuridade que transforme
deixam vestígios. Ora, em se tratando de um laudo toxico-
o laudo ou qualquer conclusão incompreensível ou mesmo
lógico, comprovando que o material apreendido não é subs-
contradição que o torne imprestável para a finalidade para
tância entorpecente, não pode o juiz rejeitá-lo, condenando
a qual foi produzido, ao invés de se realizar outro exame,
o réu. Trata-se de prova indispensável para a materialidade
mandará o juiz que os peritos supram a falha, corrigindo o
da infração penal, de forma que, no máximo, pode o juiz,
laudo.
não concordando com a conclusão da perícia, determinar a
 Naturalmente, se entender a autoridade não ser realização de outra, mas não deve substituir-se ao experto.
passível de suprimento a falta encontrada, ordenará a rea-
 Portanto, embora o art. 182 seja explícito ao dar
lização de nova perícia, por outros peritos, conforme sua
possibilidade ao juiz para avaliar o laudo, deve a norma ser
conveniência.
interpretada em consonância com as demais regras do sis-
tema penal e processual penal.

Sistema de Valoração de Provas no Processo Pe-


nal: Existem, basicamente, três sistemas de avaliação e va-
Destino do laudo em crimes de ação privada: Em
loração das provas:
caso de crimes de ação privada, determina a lei que deve
a) o Sistema Legal (Tarifado) - a lei estabeleceria, ser seguida a regra do art. 19 do Código de Processo Penal,
previamente, o valor de cada prova, bem como a hierarquia vale dizer, será o laudo remetido ao juízo competente, após
entre elas, vinculando a atividade apreciativa do magis- ter sido elaborado, aguardando a iniciativa do ofendido ou
trado. Atualmente em desuso pelo nosso ordenamento, per- de seu representante legal, podendo ser retirado direta-
manecem alguns resquícios desse sistema na ordem proces- mente pelo interessado, mediante traslado.
sual brasileira: no CPP, em seu art. 158 c/c art. 564, III, b,
Assim como o inquérito que, uma vez concluído, pode
a lei exige exame de corpo de delito nas infrações penais
ser entregue diretamente à parte para a propositura da ação
que deixam vestígios, sob pena de nulidade.
penal, também o laudo poderá ter o mesmo destino.
b) O Sistema de Livre Convencimento (Íntima
convicção) - estaria o juiz absolutamente livre para decidir,
restando dispensado, inclusive, da motivação de sua deci- Indeferimento de realização de perícia: Trata-se
são. Poderia, inclusive, valer-se daquilo que não está nos de uma providência natural, no quadro de produção de pro-
autos, trazendo ao processo valores pré-concebidos e cren- vas, que a autoridade policial ou judiciária indefira aquelas
ças pessoais. que forem impertinentes para a solução do caso.
ATENÇÃO: Aplica-se a íntima convicção aos julga-  Entretanto, o artigo 184 do CPP faz expressa res-
mentos do Tribunal do Júri, pois os jurados não precisam salva ao exame de corpo de delito, que é determinado por
fundamentar a sua decisão, conforme interpretação do ar- lei para a prova da materialidade dos delitos que deixam
tigo art. 5º, XXXVIII, “b”, da Constituição Federal. vestígios materiais, a fim de evitar a supressão desse
exame.
c) O Sistema de Livre Convencimento Motivado
(Persuasão racional) - é o adotado no Brasil. Nele, está a ATENÇÃO: Não há recurso expressamente previsto
autoridade judicial livre para decidir e apreciar as provas que contra a decisão do delegado ou do juiz que indefira a rea-
lhe são submetidas, desde que o faça de forma fundamen- lização de perícia.
tada, nos exatos termos prescritos no art. 93, IX da Consti-
tuição Federal.

Vinculação do juiz ao laudo pericial: Pelo sistema


do livre convencimento motivado ou da persuasão racional,
adotado pelo Código, pode o magistrado decidir a matéria
que lhe é apresentada de acordo com sua convicção,

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