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DIREITO PENAL/PROCESSO

JOÃO PEREIRA

DIREITO PENAL/PROCESSUAL PENAL - PMCE


Exceções ao Princípio da Territorialidade - ape-
Prof. João Pereira sar da regra de territorialidade determinada no art. 1.º, ca-
put, do Código de Processo Penal, esse mesmo dispositivo
traz exceções à aplicação da lei brasileira, nas seguintes si-
tuações:

I – Tratados, convenções e regras de direito in-


ternacional.
São acordos internacionais escritos firmados entre Pa-
íses destinados a produzir efeitos jurídicos entre as partes.
O tratado firmado pelo Brasil equipara-se a lei federal, pre-
valecendo, em caso de conflito, o mais recente.
Assinando o Brasil o tratado ou convenção, ou sua
participação em organização internacional disciplinada por
regras processuais próprias, fica afastada a jurisdição crimi-
Instagram: www.instagram.professorjoaopereira nal brasileira, fazendo com que determinados crimes sejam
apreciados por tribunais estrangeiros, mediante a aplicação
Facebook: www.facebook.com/professorpereira de seus próprios regramentos processuais.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO É o que ocorre, por exemplo, com os diplomatas que,
encontrando-se a serviço de seu país de origem, cometem
1. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL NO TEMPO, NO ESPAÇO delitos em território nacional; e com cônsules, no caso de
E EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS. infrações relativas ao exercício de suas funções no território
2. INQUÉRITO POLICIAL. de seu consulado.

3. AÇÃO PENAL. Ambas as categorias são imunes à legislação brasi-


leira, inclusive às regras do Código de Processo Penal, de-
4. PRISÃO E LIBERDADE PROVISÓRIA. correndo tais imunidades da Convenção de Viena sobre Re-
5. LEI Nº 7.960/1989 (PRISÃO TEMPORÁRIA). lações Diplomáticas, ratificada pelo Brasil por meio do De-
creto 56.435/1965, e da Convenção de Viena sobre Relações
6. PROCESSO E JULGAMENTO DOS CRIMES DE RESPONSA- Consulares, ratificada pelo Brasil por meio do Decreto
BILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS. 61.078/1967.
7. O HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO.
8. LEI N. 8.072/1990 (CRIMES HEDIONDOS). As regras de direito internacional são aquelas
que, mesmo não previstas em tratados ou convenções,
9. LEI Nº 10.826/03 (ESTATUTO DO DESARMAMENTO). mostram-se vigentes em determinados aspectos, como, por
exemplo, as decisões adotadas pelas organizações interna-
10. LEI Nº 11.343/2006 (ENTORPECENTES). cionais (Organização das Nações Unidas (ONU), Organiza-
ção Mundial da Saúde (OMS), Organização Mundial do Co-
11. LEI N. 13.869/2019 (ABUSO DE AUTORIDADE). mércio (OMC) no enfrentamento de questões específicas.
Trata-se, enfim, das regras expressas, tácitas ou presumi-
das oriundas do relacionamento internacional entre os paí-
ses, que criam normas de comportamento em relação às
1. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO, NO quais se obrigam a respeitar.
TEMPO E EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS.

Tratados e convenções sobre direitos humanos


A) A LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO – O § 3º do artigo 5º da Constituição Federal determina
que “os tratados e convenções internacionais sobre direitos
Princípio da Territorialidade humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
Adotado o princípio da territorialidade pelo Código de Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
Processo Penal Brasileiro, em seu art. 1º, a consequencia é respectivos membros, serão equivalentes às emendas cons-
que a lei processual penal aplica-se a todas as infrações pe- titucionais”, prevalecendo sobre a lei.
nais cometidas em território brasileiro, inclusive por exten-
são, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de Di-
reito Internacional, vigorando o princípio da absoluta terri- II — Prerrogativas constitucionais do Presidente
torialidade. Ou seja, a lei processual brasileira será sempre da República, dos ministros de Estado, nos crimes co-
a aplicada quando o processo tramitar dentro dos limites nexos com os do Presidente da República, e dos mi-
territoriais nacionais (Lex fori), ressalvadas apenas as exce- nistros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de
ções legalmente expressas. responsabilidade.

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Refere-se aos crimes de natureza político-administra- lei anterior”, trata do princípio da imediata aplicação da nova
tiva e não aos delitos comuns. O julgamento dessas infra- lei processual ou princípio do efeito imediato.
ções não é feito pelo Poder Judiciário, e sim pelo Legislativo,
Assim, uma lei processual que entre em vigor durante
e as consequências são a perda do cargo, a cassação do
a tramitação de uma ação em que se está apurando fato
mandato, a suspensão dos direitos políticos etc. As regras
ocorrido no passado, será aplicada de imediato, seja ou não
referentes ao julgamento dos crimes de responsabilidade
benéfica ao acusado.
encontram-se na Constituição Federal e em leis especiais e
não na legislação processual penal. Decorrente desse sistema de isolamento dos atos
processuais, as novas regras processuais devem ser
Ao Senado Federal, por exemplo, compete privativa-
aplicados a crimes praticados antes de sua entrada em
mente processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente
vigor. O que se leva em conta, portanto, é a data da
da República nos crimes de responsabilidade, bem como os
realização do ato (tempus regit actum), e não a da infração
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exér-
penal.
cito e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza cone-
xos com aqueles (art. 52, I, da CF).
E, ainda, processar e julgar os Ministros do Supremo Validade dos atos já praticados na vigência da
Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Jus- lei anterior: O próprio art. 2º do Código de Processo Penal,
tiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procu- em sua parte final, ressalta que os atos praticados de forma
rador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos diferente na vigência da lei anterior consideram-se válidos,
crimes da mesma natureza. O procedimento é regulado pela ou seja, não necessitam ser repetidos de acordo com a nova
Lei n. 1.079/50. lei.

III — Processos da competência da Justiça Mili- Alteração de prazo já iniciado: advindo nova lei
tar processual penal, o prazo já iniciado, inclusive o estabele-
cido para a interposição de recurso, será regulado pela lei
Os processos de competência da Justiça Militar, isto
anterior, se esta não prever prazo menor do que o fixado na
é, os crimes militares, seguem os ditames do Código de Pro-
nova lei. Assim, mesmo em curso, o prazo de recurso pode
cesso Penal Militar (Decreto-lei n. 1.002/69), afastando a
ser alterado por uma lei processual nova, desde que o novo
incidência do Código de Processo Penal.
prazo seja maior, ou seja, mais favorável.

IV — Processos da competência do tribunal es-


Lei mista (híbrida ou processual material) – é a
pecial
que traz conteúdo de Direito Penal e de Direito Processual
Embora o Código de Processo Penal ainda se referida Penal. Nesse caso, prevalecem as regras de Direito Penal,
como exceção à legislação processual penal comum, o “Tri- ou seja, retroage para beneficiar e não retroage para
bunal Especial” há muito tempo deixou de existir. Julgava prejudicar. Entretanto, não poderá ocorrer a utilização par-
delitos políticos ou contra a economia popular por meio do cial de uma e outra, do que resultaria, na verdade, numa
chamado Tribunal de Segurança Nacional (Lei n. 244/36). terceira lei.
No regime atual, os crimes políticos são de competên-
cia da Justiça Federal (art. 109, IV, da CF) e os crimes contra
C) A LEI PROCESSUAL PENAL EM RELAÇÃO ÀS
a economia popular são julgados pela Justiça Estadual.
PESSOAS

V — Os processos por crimes de imprensa


Regra geral - Em princípio, as regras de processo
O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Arguição de penal aplicam-se a qualquer pessoa na hipótese de apuração
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 130- de infração penal a que se aplique a lei penal brasileira e aos
7/DF), declarou que a “Lei de Imprensa” não foi recepcio- atos processuais a serem praticados no Brasil embora
nada pela Constituição Federal de 1988, de modo que, atu- decorrentes de processo sobre infração penal submetida às
almente, os antigos crimes dessa lei (Lei nº 5.250/67) de- leis estrangeiras.
verão ser enquadrados na legislação comum, e a apuração
dar-se-á nos termos do Código de Processo Penal.
Imunidades Diplomáticas - O artigo 1°, I, do CPP,
e o artigo 5°, do CP, ressalvam as convenções, tratados e
Princípio da Especialidade - havendo lei especial regras de direito internacional, referindo-se precipuamente
regulando procedimento processual, esta será aplicada an- às imunidades diplomáticas. Alcança os Chefes de Governo
tes do Código de Processo Penal, que funcionará apenas de Estrangeiro, Embaixadores e seus familiares, funcionários
forma subsidiária, como ocorre com a Lei Antidrogas (Lei nº estrangeiros de embaixadas, etc.
11.343).

Prerrogativas constitucionais - O artigo 1°, II, do


B) A LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO CPP, exclui da aplicação do Código de Processo Penal o
Presidente da República, os ministros de Estado nos crimes
conexos com os do presidente, e os ministros do Supremo
Princípio do efeito imediato - O art. 2º, dispondo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade.
que “A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem
prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da

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Nesse caso, essas autoridades serão julgadas pelo Po- resolve expressamente determinados temas, a solução pode
der Legislativo – Senado Federal – e não pelo Poder Judici- ser encontrada em um desses postulados.
ário. O procedimento é regulado pela Lei nº 1.079/50.
Alguns dos princípios gerais do processo penal foram
erigidos à condição de norma constitucional, como o princí-
pio do estado de inocência, do contraditório e da ampla de-
Julgamento dos Governadores por crimes de
fesa, enquanto outros continuam não escritos, mas unani-
responsabilidade: será julgado conforme a lei 1.079/50
memente aceitos, como o princípio da verdade real.
em seu artigo 78 § 3º:
Exemplo disso ocorre quando o juiz defere diligência
“Nos Estados, onde as Constituições não
requerida pela defesa, apesar de não amparada expressa-
determinarem o processo nos crimes de responsabilidade
mente no texto legal, em atenção ao princípio constitucional
dos Governadores, aplicar-se-á o disposto nesta lei,
da ampla defesa.
devendo, porém, o julgamento ser proferido por um
tribunal composto de cinco membros do Legislativo e
de cinco desembargadores, sob a presidência do
Presidente do Tribunal de Justiça local, que terá direito de QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES
voto no caso de empate”.
01. (VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia) Aplicar-
A escolha desse Tribunal será feita - a dos membros
se-á a lei processual penal, nos estritos termos dos arts. 1o,
do legislativo, mediante eleição pela Assembleia; a dos
2o e 3o do CPP,
desembargadores, mediante sorteio.
a) aos processos de competência da Justiça Militar.
b) ultrativamente, mas apenas quando favorecer o acusado.
D) INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL c) retroativamente, mas apenas quando favorecer o acu-
Estabelece o art. 3º do Código que a lei processual sado.
admite interpretação extensiva e analógica e ainda o suple- d) desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados
mento pelos princípios gerais do direito. sob a vigência da lei anterior.
e) com o suplemento dos princípios gerais de direito sem
Interpretação extensiva é aquela em que o intér- admitir, contudo, interpretação extensiva e aplicação analó-
prete amplia o conteúdo da lei, quando ela disse menos do gica.
que deveria, estendendo seu âmbito de aplicação. Como
exemplo, podemos citar o art. 254 do CPP, que trata das
causas de suspeição do juiz, devendo-se incluir também o 02. (FGV - 2018 - TJ-SC - Técnico Judiciário Auxiliar) No
jurado, que não deixa de ser um juiz, embora leigo. curso de ação penal em que Roberto figurava como denun-
ciado, entrou em vigor lei que versava sobre processamento
de ação penal em procedimento comum ordinário, com con-
A interpretação analógica parte do pressuposto de teúdo exclusivamente processual penal, prejudicial ao réu.
que não existe uma lei a ser aplicada especificamente ao
O técnico judiciário, no momento de auxiliar no
caso concreto, necessitando o juiz suprir a lacuna, socor-
processamento do feito, deverá aplicar a:
rendo-se de previsão legal empregada em outra situação si-
milar. Como exemplo, onde se menciona no Código de Pro- a) lei processual penal em vigor na época dos fatos, em
cesso Penal a palavra “réu”, para o fim de obter liberdade virtude do princípio da irretroatividade da lei mais gravosa,
provisória, é natural incluir-se também o indiciado. não admitindo o Código de Processo Penal interpretação
extensiva ou analógica da lei processual;
A interpretação analógica no Processo Penal é admis- b) lei processual penal em vigor na época dos fatos, em
sível em qualquer situação, favorável ou prejudicial ao réu, virtude do princípio da irretroatividade da lei mais gravosa,
pois não se trata de norma penal incriminadora. admitindo o Código de Processo Penal interpretação
extensiva, mas não aplicação analógica da lei processual;
IMPORTANTE: Em matéria PENAL, a analogia só c) lei processual penal em vigor na época dos fatos, em
pode ser aplicada em favor do réu (analogia in bonam virtude do princípio da irretroatividade da lei mais gravosa,
partem), e, ainda assim, se ficar constatado que houve mera admitindo o Código de Processo Penal interpretação
omissão involuntária (esquecimento do legislador). Dessa extensiva e aplicação analógica da lei processual;
forma, é óbvio que não pode ser utilizada quando o
legislador intencionalmente deixou de tratar do tema, d) nova lei processual penal, ainda que desfavorável ao réu,
justamente para excluir algum benefício do acusado. respeitando-se os atos já praticados, admitindo o Código de
Processo Penal interpretação extensiva, mas não aplicação
Assim, é vedado o uso da analogia para incriminar analógica da lei processual;
condutas não abrangidas pelo texto legal (analogia in malan e) nova lei processual penal, ainda que desfavorável ao réu,
partem), para se reconhecer qualificadoras ou quaisquer respeitando-se os atos já praticados, admitindo o Código de
outras agravantes. Processo Penal interpretação extensiva e aplicação
analógica da lei processual.
A aplicação suplementar dos princípios gerais
de direito representa a aplicação de regras, de caráter ge- 03. (VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia) Em
nérico, que orientam a compreensão do sistema jurídico havendo conflito entre o Código de Processo Penal e uma lei
como um todo, em sua aplicação e integração, estejam ou especial que contenha normas processuais, a solução será a
não incluídas em leis escritas. Constituem fundamentos éti-
cos que orientam o ordenamento jurídico, estando o Direito a) aplicação da norma que for mais recente, independente-
Processual Penal sujeito às influências desses princípios, mente de eventual benefício ao réu.
sendo certo que nas hipóteses em que a legislação não

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b) aplicação da lei especial e, quando omissa, subsidiaria- c) Apenas os itens I e III estão certos.
mente do Código de Processo Penal. d) Apenas os itens II e III estão certos.
c) aplicação do que for mais favorável ao acusado, indepen- e) Todos os itens estão certos.
dentemente da data de promulgação.
d) conjugação de ambos os diplomas, aplicando-se as nor-
07. (CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia) Em relação
mas que forem mais benéficas ao acusado.
à aplicação da lei processual penal, é correto afirmar que a
e) prevalecência da regra geral do Código de Processo Penal, lei
em virtude da proibição constitucional dos juízos de exce-
a) nova será aplicada sem prejuízo da validade dos atos re-
ção.
alizados sob a vigência da lei anterior.
b) processual penal não admitirá aplicação analógica.
04. (FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil)
c) processual penal não se sujeitará a tratados, convenções
Quanto à norma processual penal, é INCORRETO afirmar:
ou regras de direito internacional.
a) São normas instrumentais as processuais, pois regulam
d) nova e mais gravosa ao réu terá aplicação imediata so-
a imposição da regra jurídica específica e concreta perti-
mente para os novos processos que se tiverem iniciado de-
nente à determinada situação litigiosa (critério de proceder).
pois de sua promulgação.
b) Tem como objetivo disciplinar o modo processual de re-
e) nova será aplicada aos fatos pretéritos que eram regula-
solver os conflitos e controvérsias, disciplinando o poder ju-
dos pela lei revogada.
risdicional, visando, ainda, regular as atividades das partes
litigantes, que estão sujeitas ao poder do juiz.
c) Normas procedimentais dizem respeito às maneiras de 08. (CESPE - 2013 - TJ-PB - Juiz Leigo) Acerca da aplicação
proceder, inclusive quanto à estrutura e coordenação dos da lei processual penal no tempo e no espaço, assinale a
atos processuais que compõem o processo. opção correta.
d) A lei processual penal aplicar-se-á desde logo: sem pre- a) De acordo com o princípio da imediatidade, serão exerci-
juízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei dos sob a disciplina de legislação superveniente os atos pro-
anterior. A lei processual penal admitirá interpretação ex- cessuais de processo em andamento ainda não iniciados.
tensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos b) Em relação à aplicação de lei processual penal no espaço,
princípios gerais de direito. o princípio da territorialidade é a regra geral, exceto em caso
e) O processo penal reger-se-á, inclusive nos casos de prer- de crime contra a vida ou a liberdade do presidente da Re-
rogativas constitucionais do Presidente da República, dos pública, crime contra a administração pública e de delito de
ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presi- genocídio cometidos no estrangeiro.
dente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal c) A lei processual penal posterior que, de qualquer modo,
Federal, nos crimes de responsabilidade, quando as leis es- favoreça o agente deverá ser aplicada aos fatos anteriores,
peciais que os regulam não dispuserem de modo diverso. ainda que decididos por sentença condenatória transitada
em julgado.
05. (CESPE - 2014 - TJ-CE - Técnico Judiciário - Área Judi- d) De acordo com o entendimento majoritário, a lei proces-
ciária) Com relação à aplicação da lei processual no tempo, sual penal posterior e mais gravosa ao réu não deve ser
assinale a opção correta. aplicada a fatos cometidos na vigência de norma anterior,
em decorrência do princípio tempus regit actum.
a) Lei processual penal anterior à nova lei continuará a ser
aplicada nos processos que se iniciaram sob a sua vigência. e) Os prazos iniciados na vigência de determinada norma
processual penal, em nenhuma hipótese, poderão ser afeta-
b) Nova lei processual penal retroage para alcançar os atos
dos por norma processual posterior.
praticados na vigência da lei processual penal anterior.
c) Nova lei processual penal tem incidência imediata nos
processos já em andamento. 09. (FUNCAB - 2012 - MPE-RO - Analista - Processual) A
respeito da lei processual penal, é correto afirmar:
d) Atos processuais realizados sob a vigência de lei proces-
sual penal anterior à nova lei serão considerados inválidos. a) Não admite aplicação extensiva e interpretação analó-
gica.
e) Nova lei processual penal será aplicada apenas aos pro-
cessos que se iniciarem após a sua publicação. b) O Código de Processo Penal é aplicável, sem ressalvas,
em todo o território brasileiro.
c) É regida pelas mesmas regras da lei penal material
06. (CESPE - 2018 - PC-MA - Investigador de Polícia) Acerca
da aplicação da lei processual no tempo e no espaço e em d) Aplica-se tão logo entre em vigor.
relação às pessoas, julgue os itens a seguir. e) Admite retroatividade quanto a ato processual do réu.
I O Brasil adota, no tocante à aplicação da lei processual
penal no tempo, o sistema da unidade processual. 10. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Auxiliar Judiciário) No que se
II Em caso de normas processuais materiais — mistas ou refere às disposições preliminares do Código de Processo
híbridas —, aplica-se a retroatividade da lei mais benéfica. Penal (CPP) e ao inquérito policial, assinale a opção correta.
III Para o regular processamento judicial de governador de a) O delegado de polícia só poderá determinar o arquiva-
estado ou do Distrito Federal, é necessária a autorização da mento de inquérito policial se ficar provado que o investi-
respectiva casa legislativa — assembleia legislativa ou gado agiu em legítima defesa.
câmara distrital. b) Em respeito ao princípio constitucional da legalidade, não
Assinale a opção correta. são admitidas, no que concerne à lei processual penal, in-
a) Apenas o item I está certo. terpretação extensiva ou aplicação analógica.
b) Apenas o item II está certo.

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c) Nova lei processual penal tem aplicação imediata, de- Por fim, em 1941, o atual Código de Processo Penal
vendo ser desconsiderados, quando de sua edição, os atos dedicou-se ao Inquérito Policial em seu título II, especifica-
realizados sob a vigência da lei anterior. mente dos artigos 4º ao 23.
d) O CPP aplica-se em todo o território brasileiro, inclusive
aos processos da competência da justiça militar. 1.2 CONCEITO
e) O MP poderá requerer a devolução do inquérito à autori-
dade policial para que se realizem novas diligências impres-
Por inquérito policial compreende-se o conjunto de di-
cindíveis ao oferecimento da denúncia.
ligências realizadas pela autoridade policial para obtenção
de elementos que apontem a autoria e comprovem a mate-
GABARITO rialidade das infrações penais investigadas, bem como as
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 circunstâncias, permitindo ao Ministério Público (nos crimes
D E B B C B A A D E de ação penal pública) e ao ofendido (nos crimes de ação
penal privada) o oferecimento da denúncia e da queixa-
crime, respectivamente.
➔ O inquérito policial é atividade específica da polícia
2. INQUÉRITO POLICIAL denominada judiciária, isto é, a Polícia Civil, no âmbito da
Justiça Estadual, e a Polícia Federal, no caso da Justiça Fe-
deral.
1.1 HISTÓRICO
ATENÇÃO: A atribuição para apuração das infrações
Historicamente, o fato criminoso atrai a presença do penais e sua autoria, não é exclusiva da Polícia Judiciária,
Estado para as relações interpessoais. Assim, para o exercí- podendo a lei autorizar outras autoridades administrativas
cio pleno do jus puniendi, se fez necessária a criação de um para a mesma função, como ocorre com as Comissões Par-
instrumento que assegurasse a devida averiguação do de- lamentares de Inquérito (CPI’s), o inquérito policial-militar
lito. (IPM), o inquérito da polícia da Câmara dos Deputados e
Senado Federal (Súmula nº 397 do STF) e a investigação do
Ministério Público.
A origem do Inquérito Policial se deu na Grécia antiga,
onde havia a necessidade de investigar o comportamento
profissional e familiar dos candidatos à carreira de policial. 1.3 NATUREZA

Em Roma, o instituto denominado “inquisitio” consa- O inquérito policial é procedimento persecutório de


grava a possibilidade de o magistrado delegar poderes à ví- caráter administrativo e natureza inquisitiva instaurado
tima para a realização de diligências a fim de encontrar o pela autoridade policial. É um procedimento, isto é, uma
culpado pela infração. Tal instituto também conferia ao acu- sequência de atos voltados a uma finalidade.
sado o direito de buscar provas de sua inocência, isto é, a
ele era conferido o direito à ampla defesa e ao contraditório.
 Não é um processo administrativo e sim um
procedimento, não resultando nenhuma sanção ao seu
Posteriormente, houve uma transformação do insti- final.
tuto, tendo o Estado reivindicado para si a investigação e o
jus puniendi, sendo esta a fase da denominada vingança pú-
 É administrativo e não judicial, pois não é realizado
blica. Neste contexto, o procedimento investigativo introdu-
no âmbito do Poder Judiciário e sim da administração pú-
zido no Brasil Colônia se deu através das Ordenações Filipi-
blica, presidido por autoridade administrativa.
nas, instituídas por Portugal.

 A natureza inquisitiva decorre da ausência de con-


Já no Brasil Império, acompanhando a linha evolutiva
traditório e ampla defesa.
encontramos os dispositivos do Código de Processo Penal
Brasileiro de 1832 que, ao tratarem do procedimento infor-
mativo, delinearam algumas características do atual Inqué-  Persecutório porque persegue a satisfação do
rito Policial, como a separação da Polícia e do Poder Judici- direito de punir do Estado (jus puniendi).
ário.
➔ Persecução criminal (persecutio criminis): é a
Somente através da Lei nº 2.033, de 20 de setembro atividade estatal por meio da qual se busca a punição e se
de 1871, regulamentada pelo Decreto nº 4.824, de 22 de inicia, oficialmente, com a instauração do inquérito policial,
novembro de 1871, é que o Inquérito Policial propriamente também conhecido como informatio delicti, na fase pré-pro-
dito surgiu em nosso ordenamento jurídico, sendo assim de- cessual (informativa, preliminar e inquisitiva). Em seguida,
finido pelo artigo 42 da referida norma: "O Inquérito Policial ocorre a fase processual, que é o momento da persecução
consiste em todas as diligências necessárias para o desen- criminal em juízo, por meio da a ação penal.
volvimento dos fatos criminosos, de suas circunstâncias e
de seus autores e cúmplices, devendo ser reduzido a instru-
1.4 FINALIDADE
mento escrito”.

Conforme dispõe os artigos 4.º e 12 do Código de Pro-


cesso Penal, o inquérito visa a apuração da existência de
infração penal (materialidade) e indicar a respectiva autoria,

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bem como as circunstâncias da ação criminosa, a fim de for- Além disso, o ofendido, seu representante legal e o
necer ao titular da ação penal elementos mínimos para que indiciado podem requerer diligências, mas estas serão rea-
ele possa ingressar em juízo, contribuindo para formação de lizadas, ou não, a juízo da autoridade policial (art. 14, CPP).
seu convencimento (opinio delicti).
➔ Exceções à discricionariedade do inquérito policial:
➔ O titular da ação penal, em regra é o Ministério
Público (Ação Penal Pública) e excepcionalmente, o ofendido
a) requisições do MP e do juiz: neste caso, o delegado
ou querelante (Ação Penal Privada).
estará obrigado a atender, salvo impossibilidade de fazê-lo;

A apuração da infração penal consiste em colher


b) realização do exame de corpo de delito nos crimes
informações a respeito do fato criminoso. Apurar a autoria
que deixam vestígio: este exame pode ser direto ou indireto,
consiste na autoridade policial desenvolver a necessária
a teor do art. 158, CPP. No exame direto, os peritos dispõem
atividade, visando descobrir o verdadeiro autor da infração
de vestígio para análise; no indireto, os peritos se valem de
penal, ao menos de forma indiciária.
elementos acessórios, como fotografias e prontuários médi-
cos.
1.5 CARACTERÍSTICAS
IV) Procedimento inquisitivo: No inquérito policial,
I) Procedimento escrito/formal: O inquérito todo o poder de direção se concentra nas mãos da autori-
policial é um procedimento escrito, já que destinado a dade policial, não sendo aplicados os princípios do contradi-
fornecer elementos ao titular da ação penal, que adota tório e da ampla defesa. À vista disto, o ofendido, seu re-
também a forma escrita. Dispõe o artigo 9° do CPP que presentante legal e o indiciado podem requerer diligências,
"todas as peças do inquérito policial serão, num só mas estas serão realizadas, ou não, a juízo da autoridade
processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste policial dirigente (art. 14, CPP).
caso, rubricadas pela autoridade".
➔ Exceções:
➔ Não há impedimento que o registro dos depoimen- a) Admite contraditório o inquérito instaurado pela
tos seja realizado por outros meios, como a gravação mag- Polícia Federal, por determinação do Ministro da Justiça,
nética, digital ou meio audiovisual. para expulsão de estrangeiro (art. 70, Lei nº 6.815/1980);
b) A defesa técnica nos procedimentos investigativos
II) Procedimento sigiloso: Essa qualidade é impor- contra servidor da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal,
tante para que possa a autoridade policial providenciar as Polícia Ferroviária federal das Polícias Civis, Polícias Militares
diligências necessárias ao esclarecimento do fato criminoso e Corpos de Bombeiros Militares, Polícias Penais federal, es-
sem que se lhe oponham, no caminho, empecilhos para im- taduais e distrital (Art. 14-A do CPP, introduzido pela Lei nº
pedir ou dificultar a colheita de informações com ocultação 13.964/2019 – Pacote Anticrime).
ou destruição de provas, influência sobre testemunhas, etc.
Por isso dispõe a lei que "a autoridade assegurará no inqué-
rito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo V) Indisponibilidade: Uma vez instaurado, o inqué-
interesse da sociedade" (art. 20 do CPP). rito policial não pode ser arquivado pela autoridade policial
(artigo 17 do CPP). O arquivamento depende de manifesta-
ção judicial, após pedido do titular da ação penal. Logo, uma
 Nos atestados de antecedentes que lhe forem solici-
vez instaurado o inquérito policial, mesmo que a autoridade
tados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer
policial conclua pela atipicidade da conduta investigada, não
anotações referentes a instauração de inquérito contra os
poderá determinar o arquivamento do inquérito policial.
requerentes (art. 20, parágrafo único, CPP).
Recurso ao Chefe de Polícia: O delegado poderá se
negar a instaurar o inquérito caso entenda pela atipicidade
➔ O sigilo não se estende ao Ministério Público, que da conduta (o fato não é crime) ou se constatada a inexis-
pode acompanhar os atos investigatórios, nem ao Poder Ju- tência do fato, entretanto, se o interessado se sentir preju-
diciário. dicado com a recusa, poderá apresentar recurso administra-
tivo ao chefe de polícia (art. 5°, § 2°, CPP).
ATENÇÃO - Advogado: Súmula Vinculante 14: É Verificação de Procedência de Informação
direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso (VPI): A jurisprudência tem reconhecido a validade de in-
amplo aos elementos de prova que, já documentados em vestigações preliminares realizadas antes da instauração do
procedimento investigatório realizado por órgão com com- inquérito policial, a partir de denúncia anônima, por meio de
petência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do procedimento alcunhado de VPI, que pode ser arquivado
direito de defesa. pelo delegado de polícia, caso não se confirmem os fatos
criminosos preliminarmente apurados.
III) Discricionariedade: O delegado conduz as in-
vestigações de acordo com a conveniência e a oportunidade, VI) Dispensável: O inquérito policial é uma peça útil,
sempre buscando a eficiência na elucidação dos fatos inves- porém não imprescindível. Não é fase obrigatória da perse-
tigados. Por esta razão, o inquérito não possui um rigoroso cução penal. Poderá ser dispensado sempre que o Ministério
rito procedimental previsto em lei. Compete ao delegado, Público ou o ofendido (no caso da ação penal privada) tiver
em cada caso concreto, estabelecer o rito de suas ativida- elementos suficientes para promover a ação penal.
des. Assim, caso o titular da ação penal já disponha ele-
mentos suficientes de prova da materialidade e indícios de

6
autoria, não há necessidade de se recorrer ao inquérito, ca- de carreira, conforme preceito expresso no art. 144 da
bendo-lhe, oferecer a ação penal. Além disto, os referidos Constituição da República Federativa do Brasil.
elementos de informação podem ser obtidos por meio de
outros instrumentos de investigação criminal, como os in-
XII) Procedimento temporário - Diz o Código de
quéritos parlamentares, inquéritos civis públicos, investiga-
Processo Penal, em seu art. 10, § 3º, que, quando o fato for
ções do próprio MP, etc.
de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade
policial poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para
Ademais, o artigo 27 do Código de Processo Penal dis- ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo
põe que qualquer pessoa do povo poderá fornecer, por es- marcado pelo juiz.
crito, informações sobre o fato e a autoria, indicando o Diante da inserção do direito à razoável duração do
tempo, o lugar e os elementos de convicção, demonstrando processo na Constituição Federal (art. 5º, LXXVIII), o
que quando as informações forem suficientes não é neces- inquérito policial não pode ter seu prazo de conclusão
sário o inquérito policial. prorrogado indefinidamente.
Em situações mais complexas, envolvendo vários
Ainda, segundo o artigo 39, § 5.º, do Código de Pro- acusados, o prazo para a conclusão das investigações
cesso Penal, o órgão do Ministério Público dispensará o in- deverá ser sucessivamente prorrogado. Porém, uma vez
quérito se com a representação forem oferecidos elementos verificada a impossibilidade de colheita de elementos que
que o habilitem a promover a ação penal. autorizem o oferecimento de denúncia, deve o Promotor de
Justiça requerer o arquivamento dos autos.
➔ TCO: Nas infrações penais de menor potencial
ofensivo (contravenções e crimes com pena de até dois XIII) Sistêmico – O inquérito policial deve ser
anos, cumulada ou não com multa) não haverá inquérito sistemático, ou seja, as peças devem ser juntadas aos autos
policial, que será substituído pelo Termo Circunstanciado de obedecendo uma sequência lógica de modo à facilitar a
Ocorrência. compreensão dos fatos lá organizados como um todo.

VII) Procedimento oficial: o inquérito policial é ati-


vidade investigatória realizada exclusivamente por órgãos 1.6 FUNDAMENTO
oficiais do Estado, no âmbito da administração pública, não
podendo ficar a cargo de particular, mesmo no caso de ação
penal privada, em que a titularidade da ação é atribuída à  Na Constituição Federal, encontra-se previsto, como
pessoa ofendida. atividade privativa da polícia judiciária, nos §§ 1.º e 4.º do
art. 144:

VIII) Procedimento oficioso: ao tomar conheci-


mento de notícia de crime de ação penal pública incondicio- § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão
nada, a autoridade policial é obrigada a agir de ofício, inde- permanente, organizado e mantido pela União e
pendentemente de provocação da vítima e/ou qualquer ou- estruturado em carreira, destina-se a:" (Redação
tra pessoa. Deve, pois, instaurar o inquérito policial de ofí- dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
cio, nos exatos termos do art. 5º, I, do CPP, procedendo, I - apurar infrações penais contra a ordem política e
então, às diligências investigatórias no sentido de obter ele- social ou em detrimento de bens, serviços e interesses
mentos de informação quanto à infração penal e sua autoria. da União ou de suas entidades autárquicas e
empresas públicas, assim como outras infrações cuja
prática tenha repercussão interestadual ou
No caso de crimes de ação penal pública condicionada
internacional e exija repressão uniforme, segundo se
à representação e de ação penal de iniciativa privada, a ins-
dispuser em lei;
tauração do inquérito policial está condicionada à manifes-
tação da vítima ou de seu representante legal. Porém, uma II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de
vez demonstrado o interesse do ofendido na persecução pe- entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o
nal, a autoridade policial é obrigada a agir de ofício, deter- descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de
minando as diligências necessárias à apuração do delito. outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
competência;
III - exercer as funções de polícia marítima,
IX) Procedimento unilateral: A direção dos traba-
aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela
lhos investigativos levados a efeito no inquérito cabe à Polí-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
cia Judiciária, na pessoa da autoridade policial, sem a parti-
cipação da defesa, embora possa atender requerimento dos IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia
interessados. judiciária da União.
(...)
X) Procedimento unidirecional: Significa dizer que § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de
o inquérito tem uma única finalidade, qual seja a de apura- polícia de carreira, incumbem, ressalvada a
ção dos fatos, não cabendo ao Delegado de Polícia emitir competência da União, as funções de polícia judiciária
nenhum juízo de valor na apuração dos fatos. e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

XI) Autoritariedade - Trata-se de uma exigência  No CPP os arts. 4º a 23 são as principais normas que
expressa do Texto Constitucional a qual dispõe que o fundamentam e disciplinam o inquérito policial.
inquérito deverá ser presidido por uma autoridade pública,
no caso, a autoridade policial, ou seja, o delegado de polícia

7
 Também a Lei nº 12.830, de 20/06/2013, que dis- O inquérito policial tem valor probante relativo, con-
põe sobre a investigação criminal conduzida pelo Delegado siderando a ausência das garantias constitucionais da ampla
de Polícia traz previsão de regras para o inquérito policial: defesa e contraditório, ficando sua utilização como instru-
mento de convicção do juiz condicionada a que as provas
nele produzidas sejam renovadas ou ao menos confirmadas
Art. 1º (...)
pelas provas judicialmente realizadas sob o manto do devido
§ 1o Ao delegado de polícia, na qualidade de autori- processo legal e dos demais princípios informadores do pro-
dade policial, cabe a condução da investigação crimi- cesso. Tem, portanto, conteúdo apenas informativo, que
nal por meio de inquérito policial ou outro procedi- visa fornecer elementos necessários para a propositura da
mento previsto em lei, que tem como objetivo a apu- ação penal.
ração das circunstâncias, da materialidade e da auto-
ria das infrações penais.
ATENÇÃO: Exatamente porque o inquérito não está
precedido de contraditório, as provas colhidas não têm valor
1.7 TITULARIDADE absoluto, razão pela qual, o juiz, embora possa formar sua
convicção pela livre apreciação da prova produzida, não
A presidência do Inquérito Policial cabe à autoridade pode fundamentar sua decisão exclusivamente nos elemen-
policial, o delegado de polícia de carreira, embora as diligên- tos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as
cias realizadas possam ser acompanhadas pelo represen- provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
tante do Ministério Público, que detém o controle externo da
polícia. Elementos migratórios: são assim chamadas as
provas cautelares, não repetíveis e antecipadas porque mi-
Preceitua a Lei 12.830/2013 o seguinte: gram do IP para o processo, podendo servir de base para
eventual decisão condenatória.

Art. 2o (...)
As provas cautelares são aquelas em que há risco
§ 1o Ao delegado de polícia, na qualidade de autori- de perecimento do objeto de prova e o contraditório é dife-
dade policial, cabe a condução da investigação crimi- rido. Exemplo: interceptação telefônica.
nal por meio de inquérito policial ou outro procedi-
mento previsto em lei, que tem como objetivo a apu-
ração das circunstâncias, da materialidade e da auto- As provas antecipadas são as produzidas perante o
ria das infrações penais. juiz, em uma fase que não seria, em regra, a adequada.
Pode ocorrer até mesmo antes de instaurado o processo, em
razão da urgência. Exemplo: Depoimento de testemunha -
1.8 GRAU DE COGNIÇÃO artigo 225 do CPP.

Grau de cognição do Inquérito Policial: As provas não repetíveis são as produzidas na fase
de inquérito. Todavia, descabe sua reprodução em juízo.
a) Para iniciar o procedimento: Juízo de possibi- Exemplo: Exame de corpo de delito em alguém que sofreu
lidade – para dar início ao inquérito policial, o plano de cog- lesões corporais leves.
nição deverá ser sumário, em juízo de possibilidade, limi-
tando-se a atividade mínima de comprovação e averiguação ➔ O STF já se manifestou admitindo, de um modo
dos fatos e da autoria, para justificar o processo ou o não geral, a utilização subsidiária, no sentido de que os elemen-
processo. tos do inquérito podem influir na formação do livre conven-
cimento do juiz para a decisão da causa quando comple-
b) Para indiciamento: Juízo de probabilidade - já mentam outros indícios e provas que passam pelo contradi-
para o indiciamento, realizadas diligências investigativas, tório em juízo.
será exigido juízo de probabilidade, estando comprovada a
materialidade do delito e colhidos suficientes indícios de au- 1.10 FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO PO-
toria. LICIAL

Anote-se que, para o juiz e para o Ministério Público, 1) CRIMES DE AÇÃO PÚBLICA INCONDICIO-
o juízo de cognição é diverso: NADA

Juiz e Ministério Público: Para o julgamento, o juiz Pode ser instaurado das seguintes formas:
deve chegar a um juízo de certeza, sendo necessário esgotar
toda a matéria probatória, através de uma cognição plena,
o que justificaria uma sentença condenatória. Já para o Mi- a) de ofício: por força do princípio da obrigatorie-
nistério Público dar início de uma ação penal, é necessário dade, que também se estende à fase investigatória, caso a
tão somente um juízo de probabilidade, que seria o predo- autoridade policial tome conhecimento imediato e direto do
mínio das razões positivas que afirmam a existência do de- fato, por meio de delação verbal ou por escrito, feito por
lito e sua autoria. qualquer pessoa do povo (delatio criminis simples), por meio
de sua atividade rotineira (cognição imediata), ou no caso
de prisão em flagrante, deve instaurar o inquérito policial de
1.9 VALOR PROBATÓRIO ofício, ou seja, independentemente da provocação de qual-
quer pessoa (CPP, art. 5º, I).

8
Denúncia anônima: a denúncia anônima, por si só, Nos crimes de ação penal pública condicionada, a de-
não serve para fundamentar a instauração de inquérito po- flagração da persecutio criminis está subordinada à repre-
licial, mas, a partir dela, pode a Polícia proceder a Verifica- sentação do ofendido ou à requisição do Ministro da Justiça
ção de Procedência da Informação (VPI), que se constitui de (CPP, art. 5º, § 4º).
diligências preliminares para apurar a veracidade das infor-
mações obtidas anonimamente e, então, instaurar o proce-
a) Representação do ofendido: Por representação,
dimento investigatório propriamente dito, caso restem fun-
também denominada de delatio criminis postulatória, en-
dadas suspeitas de ocorrência de delito (art. 5º, § 3º, parte
tende-se a manifestação da vítima ou de seu representante
final, CPP).
legal no sentido de que possuem interesse na persecução
penal, não havendo necessidade de qualquer formalismo.
b) requisição da autoridade judiciária ou do Mi-
nistério Público: diz o art. 5º, inciso II, do CPP, que o in-
 Por exemplo, no crime de ameaça, capitulado no art.
quérito será iniciado, nos crimes de ação pública, mediante
147 do Código Penal, em que, após a descrição do tipo penal
requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público.
e da cominação da pena, estabelece o parágrafo único do
Diante de requisição, a autoridade policial está obrigada a
citado dispositivo: “somente se procede mediante represen-
instaurar o inquérito policial, não por força de hierarquia,
tação”. Ou seja, a instauração do inquérito policial estará na
mas em obediência ao princípio da obrigatoriedade, que im-
dependência da manifestação da vítima ou de seu represen-
põe às autoridades policiais o dever de agir diante da notícia
tante legal, de onde se possa concluir que têm intenção de
da prática de infração penal.
ver apurada a responsabilidade penal do autor da infração.

c) requerimento do ofendido ou de seu repre-


b) Requisição do Ministro da Justiça: Nas hipóte-
sentante legal: também é possível a instauração de inqué-
ses em que a ação penal pública for condicionada à requisi-
rito policial a partir de requerimento do ofendido ou de quem
ção do Ministro da Justiça, esta será encaminhada ao chefe
tenha qualidade para representá-lo.
do Ministério Público para que, desde logo, ofereça denúncia
ou requisite diligências à Polícia.
 Esse requerimento conterá, sempre que possível:
➔ A exigência de requisição ocorre em determinados
I) a narração do fato, com todas as suas circunstân- casos elencados no Código Penal: nos crimes contra a honra
cias; praticados contra o Presidente da República ou chefe de go-
II) a individualização do indiciado ou seus sinais ca- verno estrangeiro (art.145, § único, primeira parte), nos de-
racterísticos e as razões de convicção ou de presunção de litos praticados por estrangeiro contra brasileiro fora do Bra-
ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade sil (art.7º, §3º).
de fazê-lo;
III) a nomeação das testemunhas, com indicação de 3) CRIMES DE AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRI-
sua profissão e residência (CPP, art. 5º, § 1º). VADA

Recurso ao Chefe de Polícia: Convencendo-se que Requerimento do ofendido: Em se tratando de


a notitia criminis é totalmente descabida, sem respaldo ju- crime de ação penal de iniciativa privada, o Estado fica con-
rídico ou material, deve a autoridade policial indeferir o re- dicionado ao requerimento do ofendido ou de seu represen-
querimento do ofendido para instauração de inquérito poli- tante legal. Nessa linha, dispõe o art. 5º, § 5º, do CPP, que
cial, cabendo recurso inominado ao chefe de Polícia da deci- a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito
são de indeferimento. nos crimes de ação privada a requerimento de quem tenha
qualidade para intentá-la.
d) notícia oferecida por qualquer do povo: de
acordo com o art. 5º, § 3º, do CPP, qualquer pessoa do povo ➔ No caso de morte ou ausência do ofendido, o re-
que tiver conhecimento da existência de infração penal em querimento poderá ser formulado por seu cônjuge, ascen-
que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, dente, descendente ou irmão (CPP, art. 31). Como se vê,
comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a proce- esse requerimento é condição de procedibilidade do próprio
dência das informações, mandará instaurar inquérito. inquérito policial, sem o qual a investigação sequer poderá
ter início.
Cuida-se da chamada delatio criminis simples, comu-
mente realizada através de uma ocorrência policial. Mais ATENÇÃO – Auto de Prisão em Flagrante: O in-
uma vez, verificada a procedência e veracidade das infor- quérito policial também pode começar mediante Auto de Pri-
mações, deve o delegado determinar a instauração do in- são em Flagrante, além da ação penal pública incondicio-
quérito policial. nada, também nos casos de ação penal pública condicionada
e ação penal privada, sendo que, nestes dois últimos casos,
o ofendido deverá ratificar o flagrante até a entrega da nota
➔ Trata-se, portanto, de mera faculdade do cidadão,
de culpa (24h), sob pena de tornar sem efeito a prisão em
não tendo ele, a princípio, o dever de noticiar a prática de
flagrante.
infração penal.

1.11 “NOTITIA CRIMINIS” (Notícia do crime)


2) CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICI-
ONADA

9
a) Conceito: É o conhecimento pela autoridade poli- O Código de Processo Penal traz, em seu arts. 6º e
cial, de forma espontânea ou provocada, de um fato apa- 7º, um rol exemplificativo de diligências investigatórias que
rentemente delituoso. A ciência da infração penal pode ocor- poderão ser adotadas pela autoridade policial ao tomar
rer de diversas maneiras, e esta comunicação, provocada ou conhecimento de um fato delituoso.
por força própria, é chamada de notícia do crime.
Algumas são de caráter obrigatório, como, por
b) Espécies: exemplo, a realização de exame pericial quando a infração
deixar vestígios; outras, no entanto, têm sua realização
condicionada à discricionariedade da autoridade policial, que
I) “Notitia Criminis” espontânea (de cognição
deve determinar sua realização de acordo com as
direta, imediata, ou inqualificada): ocorre quando a au-
peculiaridades do caso concreto (v.g., reconstituição do fato
toridade policial toma conhecimento direto da infração penal
delituoso).
por meio de suas atividades rotineiras de investigação.
Exemplo: imprensa, encontro do corpo de delito ou até pela
denúncia anônima, esta última somente se precedida de di- Vejamos, então, quais são essas diligências:
ligências policiais preliminares que confirmem a veracidade
dos fatos noticiados.
1º) Dirigir-se ao local do crime providenciando para
que não se alterem o estado de conservação das coisas, até
II) “Notitia Criminis” provocada (de cognição a chegada dos peritos criminais (CPP, art. 6º, I)
indireta, mediata, ou qualificada): ocorre quando a au-
toridade policial toma conhecimento do delito por meio de
Preservação do local do crime - tem um objetivo
algum ato jurídico de comunicação formal, como a requisi-
precípuo preservar os vestígios deixados pela infração penal
ção do juiz ou do ministério público, requerimento da vítima,
(corpo de delito), a fim de não prejudicar o trabalho a ser
representação do ofendido.
desenvolvido pelos peritos criminais.

III) “Notitia Criminis” coercitiva: ocorre quando a


notícia do crime se dá juntamente com a apresentação do 2º) Apreender os objetos que tiverem relação com o
infrator preso em flagrante, pela Polícia ou por particular. fato, após liberados pelos peritos criminais (CPP, art. 6º,
III), os quais devem acompanhar o inquérito quando
interessarem à prova, conforme art. 11 do CPP.
1.12 DELATIO CRIMINIS

Apreensão de objetos – O dever de apreensão dos


a) Conceito: Delatio criminis é a comunicação feita
verbalmente ou por escrito, por qualquer pessoa do povo à objetos relacionados ao fato delituoso, após liberados pelos
autoridade policial, acerca da ocorrência de infração penal peritos criminais, tem o objetivo de futura exibição em juízo,
em que caiba ação penal pública incondicionada. Caso a au- necessidade de contraprova e ainda eventual perda em
toridade policial verifique a procedência da informação, favor da União como efeito da condenação (confisco).
mandará instaurar inquérito para apurar oficialmente os fa-
tos delatados. Ex.: se alguém presenciar um homicídio pode
comparecer ao distrito policial, comunicando o aconteci- 3º) Colher todas as provas que servirem para o es-
mento. clarecimento do fato e suas circunstâncias (CPP, art. 6º, III)

A delatio criminis também pode ser dirigida ao Minis- Confirmando a discricionariedade dispensada ao tra-
tério Público, titular da ação penal, que poderá apresentar balho investigatório da autoridade policial no curso do in-
denúncia ao Poder Judiciário de logo, caso o delator envie quérito policial, podem ser apreendidos todos aqueles obje-
documentos suficientes para instruir a propositura da ação tos que sejam úteis à busca da verdade real, podendo tra-
penal, ou requisitar a instauração de inquérito policial. tar-se de armas, mas também de coisas totalmente inofen-
sivas e de uso comum, que, no caso concreto, podem con-
tribuir para a formação da convicção dos peritos.
b) Espécies:
4º) Ouvir o ofendido (CPP, art. 6º, IV)
I) Simples: É chamada de delatio criminis simples
quando o delator se limitar a comunicar o crime, não reque-
rendo providências, nos casos de crime de ação pública in- Deve a autoridade policial proceder à oitiva do ofen-
condicionada, que impõe o dever de atuação do Estado. dido, se possível. Conquanto o depoimento do ofendido deva
ser colhido com certa reserva, haja vista seu envolvimento
emocional com o fato delituoso e consequente interesse no
II) Postulatória: É aquela em que a vítima comu- deslinde da investigação, as informações por ele prestadas
nica a infração penal à autoridade policial e pede a instau- poderão ser muito úteis na busca de fontes de provas, con-
ração do inquérito para apuração. Também se refere à co- tribuindo para o êxito das investigações.
municação da vítima, nos mesmos termos, fornecendo a re-
presentação para que o Ministério Público possa agir nos cri-
mes de ação pública condicionada. 5º) Ouvir o indiciado (CPP, art. 6º, V)

1.13 PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS A autoridade policial deverá ouvir o indiciado, com ob-
servância, no que for aplicável, os mesmos preceitos do in-
terrogatório judicial, devendo ser respeitado o direito

10
constitucional ao silêncio, por força do princípio do nemo te- econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do
netur se detegere. crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que con-
tribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter
(CPP, art. 6º, IV)
6º) Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e
a acareações (CPP, art. 6º, VI)
O levantamento deve ser feito de maneira objetiva,
tendo em conta que os dados sobre a personalidade de cri-
O reconhecimento de pessoa é meio de prova e ocor-
minosos, poderão ter influência na aplicação das penas (art.
rerá quando uma pessoa, (vítima ou testemunha) reconhe-
42, do Código Penal), na imposição e execução das penas
cer a pessoa que de alguma forma interesse ao fato, admi-
de multa (arts. 37, 38 e 43 do CPP no arbitramento de fian-
tindo e afirmando como certa a identidade de alguém.
ças (§ único do art. 325 e arts. 326 e 350, do CPP) e, ainda,
poderão dar margem à aplicação de medidas de segurança.
O reconhecimento de coisas é ato ligado à identifica-
ção dos instrumentos empregados na prática delituosa
10) Averiguar a situação dos filhos menores das pes-
(faca, revólver, etc.), dos objetos utilizados para auxiliar no
soas presas, colhendo informações sobre a sua existência,
delito (v.g., uma motocicleta usada em um crime de roubo)
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o
e dos objetos que constituem o produto do crime (automó-
nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados
vel subtraído, celular roubado, etc.).
dos filhos, indicado pela pessoa presa (CPP, art. 6º, X).

A acareação consiste em se apurar a verdade no de-


Constatando o Delegado de Polícia que os filhos me-
poimento ou declaração das testemunhas e das partes, con-
nores da pessoa presa estão em situação de risco, deverá
frontando-as frente a frente e levantando os pontos diver-
encaminhar a criança ou o adolescente para programa de
gentes, até que se chegue às alegações e afirmações verda-
acolhimento familiar ou institucional.
deiras.

Outras atribuições da autoridade policial


7º) Determinar, se for o caso, que se proceda a
(art. 13):
exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias (CPP,
art. 6º, VII)
I - Fornecer às autoridades judiciárias as informações
necessárias à instrução e julgamento dos processos: Como
Exame de corpo de delito é a verificação da prova da
auxiliar do Poder Judiciário, cabe à autoridade policial forne-
existência do crime, feita por peritos, diretamente, ou indi-
cer as informações que lhe forem requisitadas e que possam
retamente, por intermédio de outras evidências (como
elucidar os fatos, mesmo após a conclusão das investiga-
prova testemunhal), quando os vestígios, ainda que materi-
ções.
ais, desapareceram.

II - Realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou


Importante destacar que, por força do disposto no art.
pelo Ministério Público: Mesmo não havendo subordinação
158 do CPP, quando a infração deixar vestígios, será indis-
hierárquica, a autoridade policial tem o dever de cumprir as
pensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não
diligências requisitadas pelo MP e pela autoridade judicial.
podendo supri-lo a confissão do acusado.
Havendo recusa, pode incorrer em prevaricação (caso haja
a pretensão de satisfazer interesse ou sentimento pessoal),
8º) Ordenar a identificação do indiciado pelo processo salvo se a ordem for manifestamente ilegal.
dactiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha
de antecedentes (CPP, art. 6º, VIII).
III - Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas
autoridades judiciárias: Os mandados prisionais, sejam de
O processo dactiloscópico consiste na comparação de medidas cautelares ou em razão do trânsito em julgado de
impressões digitais, fundado na certeza de que não existem sentença condenatória que imprima pena privativa de liber-
em duas pessoas saliências papilares idênticas. dade, serão cumpridos nos moldes dos artigos 282 a 300 do
CPP

ATENÇÃO: A primeira parte desse preceito do CPP,


que entrou em vigor antes da Constituição Federal, deve ser IV - Representar acerca da prisão preventiva: a auto-
lida em cotejo com o art. 5º, LVIII, da Carta Magna, que ridade policial pode representar pela decretação da prisão
prevê que o civilmente identificado não será submetido à preventiva, desde que existam indícios de autoria e prova
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. da materialidade, além da constatação de ao menos uma
das hipóteses legais de decretação.

Atente-se, neste ponto, à nova redação conferida ao


art. 20, parágrafo único, do CPP, pela Lei nº 12.681/12: REQUISIÇÃO DE DADOS
“nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a
autoridade policial não poderá mencionar quaisquer
Requisição direta de dados cadastrais na
anotações referentes à instauração de inquérito contra os
investigação policial preliminar (art. 13-A): o membro
requerentes”.
do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá
requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de
9º) Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o empresas da iniciativa privada, dados e informações
ponto de vista individual, familiar e social, sua condição cadastrais da vítima ou de suspeitos.

11
procedimentos extrajudiciais que sejam servidores
Crimes que admitem a requisição direta: vinculados às instituições dispostas no art. 144 da
Sequestro e cárcere privado (art. 148, CP); Redução a Constituição Federal, ou seja:
condição análoga à de escravo (art. 149, CP); Tráfico de
Pessoas (art. 149-A, CP); Extorsão mediante restrição da I - Polícia Federal;
liberdade da vítima ou sequestro-relâmpago (art. 158, § 3º,
II - Polícia Rodoviária Federal;
CP); Extorsão mediante sequestro (art. 159, CP); Tráfico
internacional de criança ou adolescente (art. 239, ECA). III - Polícia Ferroviária Federal;
IV - Polícias Civis;
Prazo e conteúdo da requisição: a requisição, que V - Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares.
será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, con- VI - Polícias Penais Federal, Estaduais e Distrital.
terá:
I - o nome da autoridade requisitante; Requisitos: Para o investigado fazer jus à defesa no
II - o número do inquérito policial; e IP, é necessário que o objeto do procedimento seja a
III - a identificação da unidade de polícia judiciária investigação de fatos relacionados ao uso da força letal
responsável pela investigação. praticados no exercício profissional, de forma consumada ou
tentada, incluindo, ainda, as situações envolvendo as
excludentes de ilicitude (estado de necessidade, legítima
Requisição de sinal telefônico de localização, defesa, estrito cumprimento do dever legal e exercícios
nos crimes relacionados ao tráfico de pessoas (art. regular de direito).
13-B): Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes
relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério
Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, medi- Citação do investigado: O investigado deverá ser
ante autorização judicial, às empresas prestadoras de ser- citado da instauração do procedimento investigatório,
viço de telecomunicações e/ou telemática que disponibili- podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e
zem imediatamente os meios técnicos adequados – como oito) horas a contar do recebimento da citação.
sinais, informações e outros – que permitam a localização
da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. Intimação da instituição: Esgotado o prazo de 48
horas com ausência de nomeação de defensor pelo
Conceito de sinal: para os efeitos deste artigo, sinal investigado, a autoridade responsável pela investigação
significa posicionamento da estação de cobertura, setoriza- deverá intimar a instituição a que estava vinculado o
ção e intensidade de radiofrequência. investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa,
no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor
para a representação do investigado.
Regras para utilização do sinal:

Preferência pela Defensoria Pública: A indicação


I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de defensor pela instituição caberá preferencialmente à
de qualquer natureza, que dependerá de autorização judi- Defensoria Pública. Se não houver no local, a União ou a
cial, conforme disposto em lei; Unidade da Federação correspondente deverá disponibilizar
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia profissional para acompanhamento e realização de todos os
móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias, atos relacionados à defesa administrativa do investigado.
renovável por uma única vez, por igual período;
III - para períodos superiores a 30 dias, será neces- Indicação de profissional: a indicação do
sária a apresentação de ordem judicial. profissional, que poderá ser de fora dos quadros da
Administração, deverá ser precedida de manifestação de
Instauração do inquérito no crime de tráfico de que não existe defensor público lotado na área territorial
pessoas: o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo onde tramita o inquérito e com atribuição para nele atuar,
máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro correndo os custos por conta do orçamento próprio da
da respectiva ocorrência policial. instituição a que este esteja vinculado à época da ocorrência
dos fatos investigados.

ATENÇÃO: Não havendo manifestação judicial no


prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisi- Militares das Forças Armadas – direito de defesa:
tará às empresas prestadoras de serviço de telecomunica- O direito de constituir defensor no IP se aplica aos servidores
ções e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os militares vinculados à Marinha, ao Exército e à
meios técnicos adequados – como sinais, informações e ou- Aeronáutica, desde que os fatos investigados digam respeito
tros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos a missões para a Garantia da Lei e da Ordem.
do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz.

DIREITO DE APRESENTAR DEFENSOR NO IP


1.14 REPRODUÇÃO SIMULADA DOS FATOS (RECONS-
(ART. 14-A DO CPP)
TITUIÇÃO)

Quem tem direito: Poderão constituir defensor os


Além de todas as diligências e providências previstas
indiciados que figurarem como investigados em inquéritos
no art. 6.º do CPP, prevê o art. 7.º que a autoridade policial
policiais, inquéritos policiais militares e demais

12
poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, a fim de
verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada  Para o indiciamento é exercitado um juízo de pro-
de determinado modo, desde que não contrarie a morali- babilidade, e não de certeza de autoria.
dade ou a ordem pública (por exemplo, crime contra a dig-
nidade sexual).
Não vinculativo: O indiciamento, realizado ou não
pela autoridade policial, não vincula o Ministério Público ou
ATENÇÃO: Por força do direito de não produzir prova o ofendido em relação ao oferecimento da denúncia ou da
contra si mesmo, não é lícita a condução coercitiva do in- queixa, resultando que, ainda que tenha o delegado deixado
vestigado para cooperar na reconstituição do crime. de indiciar o investigado, poderá ser ajuizada ação penal
contra ele. Da mesma forma, nada impede que, indiciado o
Trata-se da reconstituição do crime, feita, se possível, indivíduo pela conduta prevista em determinado tipo penal,
com a colaboração do réu, da vítima e de eventuais teste- receba a infração, na denúncia do Ministério Público ou na
munhas, cujo objetivo é constatar a plausibilidade das ver- queixa do ofendido, capitulação jurídica diversa.
sões trazidas aos autos, identificando-se a forma provável
de como o crime foi praticado. Indiciamento direto x indireto: o indiciamento
pode ser direto (quando o agente está presente) ou indireto
Esta diligência é uma importante fonte de prova, so- (quando o agente está ausente, a exemplo da situação de
bretudo no caso de crimes com violência à pessoa, podendo foragido ou em lugar incerto).
ser realizada no curso do inquérito policial a partir da própria
iniciativa do delegado de polícia, ou por meio de requisição DESINDICIAMENTO: Embora não seja comum,
do juiz e do Ministério Público ou ainda a requerimento dos pode ocorrer o “desindiciamento”, que é o cancelamento do
interessados (investigado e ofendido). indiciamento, por deliberação do Delegado de Polícia presi-
dente da investigação criminal, até o final do inquérito poli-
➔ Embora silente o Código de Processo Penal, nada cial, mediante decisão fundamentada, explicitando os moti-
obsta que seja efetivada, também, no curso do processo e vos da alteração de convencimento.
até mesmo durante os julgamentos pelo júri, ordenada pelo  Poderá o desindiciamento ocorrer, também, por
juiz, ex officio, a requerimento das partes ou mediante pro- decisão judicial, em casos de evidente 0constrangimento ile-
vocação dos jurados. gal por parte da autoridade policial.

1.15 INDICIAMENTO INCOMUNICABILIDADE: O art. 21, parágrafo


único, do CPP prevê a possibilidade de o juiz decretar a in-
comunicabilidade do indiciado por prazo não superior a 3
Embora o Código de Processo Penal não faça referên-
dias, visando com isso evitar que ele prejudique o anda-
cia expressa ao ato de indiciar, o art. 2.º, § 6.º, da Lei
mento das investigações.
12.830/2013 consolidou o indiciamento como o ato privativo
do delegado de polícia, por meio do qual, por ato fundamen- Tal dispositivo, entretanto, apesar de não ter sido re-
tado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá vogado expressamente, tornou-se inaplicável em razão do
indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias, atri- disposto no art. 136, § 3º, IV, da Constituição Federal, que
bui a alguém a condição de autor ou partícipe de uma infra- veda a incomunicabilidade, até mesmo quando decretado o
ção penal (fato típico). estado de defesa.

➔ O ato de indiciamento é atribuição exclusiva da au- 1.16 GARANTIAS DO INVESTIGADO


toridade policial, não existindo fundamento jurídico que au-
torize o juiz ou o Ministério Público requisitar ao Delegado a) Obediência ao Princípio da Legalidade: A res-
de Polícia o indiciamento de determinada pessoa. Também peito da garantia transcrita pelo princípio da legalidade,
não poderão essas próprias autoridades procederem indici- têm-se o direito do investigado ser submetido apenas às di-
amento de suspeitos. ligências policiais previstas, sendo que qualquer outro mé-
todo não descrito na norma, não será admitido. Após análise
O art. 2.º, § 6.º, da Lei 12.830/2013 deixa claro que da legalidade, parte-se para o estudo da garantia constitu-
o indiciamento ocorre apenas ao final do inquérito (na prá- cional inerente ao investigado trazida pelo princípio da ver-
tica policial, costuma ocorrer no relatório, sob a forma de dade real.
conclusão, após a menção às diligências realizadas), quando
a este já incorporados os elementos que permitam ao dele- b) Busca da verdade real: A autoridade policial não
gado, apreciando o conjunto das providências adotadas, de- deve se portar como mero espectador das provas e notícias
cidir se indicia ou não o indivíduo. Logo, no curso do inqué- de crimes que lhe aparecem. Pelo contrário, deve apurá-las,
rito policial existe simplesmente a figura do investigado. a fim de investigar a fundo a realidade dos fatos que lhe é
apresentada, com o intuito de descobrir como estes efetiva-
IMPORTANTE: O indiciamento não exige a comprova- mente ocorreram, não se limitando às provas já trazidas aos
ção do envolvimento do indivíduo na prática criminosa, o autos.
que será objeto de apuração no curso da instrução criminal,
após o oferecimento da denúncia ou da queixa-crime. Então, c) Presunção de inocência ou de não-culpabili-
é suficiente que haja indicativos da sua responsabilidade dade: O princípio da presunção de inocência ou de não-cul-
pelo cometimento do fato investigado, entretanto, condici- pabilidade está previsto no artigo 5º, inciso LVII da Consti-
ona-se à existência de prova de materialidade da infração. tuição Federal, que assim descreve a garantia constitucional

13
de que: “ninguém será considerado culpado até o trânsito autoridade policial para novas diligências, imprescindíveis
em julgado da sentença penal condenatória”. ao oferecimento da denúncia.

➔ Ademais, ressaltar que a Convenção Americana so- Lei Antidrogas: A Lei de Drogas prevê que a autori-
bre Direitos Humanos, também denominado de Pacto São dade policial relatará sumariamente as circunstâncias do
José da Costa Rica, também tratou da matéria no seu art. fato, justificando as razões que a levaram à classificação do
8º, nº 2, assegurando o direito fundamental de que "toda a delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou
pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua do produto apreendido, o local e as condições em que se
inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa”. desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão,
a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente (Lei
nº 11.343/06, art. 52, I).
d) Princípio do in dubio pro reo: A garantia
fundamental de que o investigado será mantido no “estado
de inocência” até o trânsito em julgado da sentença penal IP em ação privada: Nos crimes de ação privada o
condenatória implica consequências ao seu tratamento, inquérito será remetido ao juízo competente, onde aguar-
nesta linha surgindo o princípio do in dubio pro reo. Este dará a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal,
princípio refere em que na imprecisão, compreende-se em ou será entregue ao requerente, se o pedir, mediante tras-
favor do acusado. Assim, não conseguindo o Estado angariar lado.
provas suficientes da materialidade e autoria do crime, o juiz
deverá absolver o acusado.
 O inquérito policial deverá acompanhar a denúncia
➔ No caso do inquérito policial, em observância ao (Ação Pública) ou queixa (Ação Privada), sempre que servir
princípio do in dubio pro reo, após o recebimento de uma de base a uma ou outra.
notitia criminis e até mesmo após a autuação em flagrante
delito, cabe à autoridade de polícia judiciária em primeiro
lugar verificar a veracidade dos fatos apresentados, e se en- 1.18 PRAZOS
contram pontos de convergência com outros elementos tra-
zidos, para que em seu relatório descreva se a conduta pra- INDICIADO PRESO - Se o indiciado estiver preso (em
ticada pelo investigado constitui ou não crime. flagrante ou preventivamente), o inquérito deverá terminar
no prazo improrrogável de 10 dias corridos, do dia em que
e) Princípio da não autoincriminação (Nemo se executar a ordem de prisão.
tenetur se detegere): É garantido ao investigado, durante
a instrução policial, “o direito de permanecer em silêncio e  No caso de ser decretada a prisão temporária, o
a não incriminação”. O direito ao silêncio defluiu do art. 5°, tempo de prisão será acrescido ao prazo de encerramento
LXIII, da CF: “o preso será informado de seus direitos, entre do inquérito (Lei n. 7.960/90).
os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
assistência da família e de advogado”.
➔ Por esse princípio não só se permite aos INDICIADO SOLTO – O inquérito policial deve ser en-
investigados, em geral, que permaneçam em silêncio cerrado no prazo de 30 dias, contados a partir da instaura-
durante toda a investigação, mas sim isto impede que seja ção (recebimento da notitia criminis), se o indiciado estiver
ele compelido a produzir ou contribuir com a formação da solto, seja mediante fiança ou não.
prova contrária ao seu interesse.
Prorrogação: É possível a prorrogação do prazo de
1.17 CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL conclusão do inquérito policial, quando o fato for de difícil
elucidação, e o indiciado estiver solto, mediante requeri-
mento da autoridade policial ao juiz, com a devolução dos
De acordo com o Código de Processo Penal (art. 10, autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no
§ 1º), o inquérito policial deverá ser concluído com a elabo- prazo marcado pelo juiz (art. 10, § 3º, do CPP).
ração, pela autoridade policial, de minucioso relatório do que
tiver sido apurado, fazendo um esboço das principais dili-
gências levadas a efeito na fase investigatória e indicando a Prazos para conclusão do inquérito previstos em le-
classificação jurídica do fato, com posterior remessa dos au- gislação especial:
tos ao juiz competente.
a) Crimes contra economia popular – 10 dias, estando
IMPORTANTE: Deve a autoridade policial abster-se de o indiciado preso ou solto (Art. 10º. §1º, da Lei 1.521/51);
fazer qualquer juízo de valor no relatório, não devendo emi-
tir opiniões ou julgamentos, mas apenas prestar todas as b) Lei de drogas – 30 dias se o indiciado estiver preso
informações colhidas durante as investigações e as diligên- e 90 dias quando solto, podendo, em ambos os casos, ser
cias realizadas. duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante
pedido justificado da autoridade de Polícia Judiciária. (Art.51
 No relatório a autoridade policial poderá indicar da Lei 11.343/06);
testemunhas que não tiverem sido ouvidas, mencionando o
lugar onde possam ser encontradas (art. 10, § 2°). c) Inquéritos a cargo da Polícia Federal – 15 dias po-
dendo ser prorrogado por mais 15, estando o indiciado preso
Devolução do IP pelo Ministério Público: O MP so- e 30 dias estando o indiciado solto. (Art. 66 da Lei
mente poderá requerer a devolução do inquérito à 5.010/66);

14
d) Inquéritos militares – 20 dias caso o indiciado es- Arquivamento implícito do Inquérito Policial –
teja preso e 40 dias prorrogáveis por mais 20 se o indiciado ocorre quando o titular da ação penal pública deixa de
estiver solto (art. 20, caput e § 1º da Decreto-Lei nº 1.002, incluir na denúncia algum fato investigado ou algum dos
de 21/10/69 – CPPM). indiciados.

➔ ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL ATENÇÃO: Segundo o entendimento dos Tribunais


Superiores, é inadmissível o arquivamento implícito do IP
em crime de ação penal pública, devendo o Ministério Pú-
IMPORTANTE: O ministro do STF, Luis Fux, suspen-
blico aditar a denúncia para fazer incluir todos os fatos e
deu em 22/01/2020, até que o Pleno da Corte se pronuncie,
autores na inicial acusatória. Poderá, se for o caso, o Minis-
a eficácia do trecho da Lei nª 13.964/2019, que modificou o
tério Público requerer formalmente o arquivamento do in-
artigo 28 do Código de Processo Penal (CPP) e estabeleceu
quérito policial.
regras para o arquivamento de inquéritos policiais. Portanto,
permanece em vigor a antiga redação do art. 28 do Código
de Processo Penal. Trancamento do inquérito: existe a possibilidade
de trancar o inquérito por meio de habeas corpus quando
houver indiciamento abusivo ou quando o fato for atípico.
O inquérito somente pode ser arquivado quando de-
terminado pelo juiz, se houver requerimento do Ministério
Público nesse sentido. Por consequência, a autoridade poli- Nulidade do Inquérito Policial - Por se tratar o in-
cial, uma vez instaurado do inquérito, não pode em ne- quérito de um procedimento administrativo, entende-se que
nhuma hipótese mandar arquivá-lo. Entretanto, nada obsta eventuais vícios nele existentes não afetam a ação penal.
que, ao enviar ao juiz, o Delegado de Polícia sugira o arqui- Significa dizer que o vício gerará efeitos apenas no âmbito
vamento. do inquérito policial, sem contaminar a ação penal.

ATENÇÃO: Uma vez arquivado o IP por decisão judi- Súmulas pertinentes:


cial, a autoridade policial poderá proceder a novas pesqui-
sas, se tiver notícia de uma nova prova, podendo até ser
SÚMULA STJ 522: A conduta de atribuir-se falsa
iniciada ação penal em caso de novas provas, pois o mero
identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em
arquivamento por falta de provas não faz coisa julgada ma-
situação de alegada autodefesa.
terial, mas apenas formal.

SÚMULA STJ 444: É vedada a utilização de inquéritos


Ação Penal Privada: Diferentemente da ação pú-
policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.
blica, o arquivamento do inquérito em caso de ação privada
a pedido do ofendido significa renúncia tácita, que é causa
a extinção da punibilidade. SÚMULA STJ 234: A participação de membro do
Ministério Público na fase investigatória criminal não
acarreta o seu impedimento ou suspeição para o
IMPORTANTE: Arquivado o inquérito policial, não
oferecimento da denúncia.
poderá ser promovida a ação privada subsidiária, pois esta
só é possível no caso de inércia do Ministério Público.
SÚMULA STF 397: O poder de polícia da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido
Discordância do juiz: Se o Juiz discordar do pedido
nas suas dependências, compreende, consoante o
de arquivamento, aplicará o disposto no artigo 28 do Código
regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização
de Processo Penal, ou seja, remeterá os autos ao Procura-
do inquérito.
dor-Geral, que poderá:
a) Ele próprio (Procurador-Geral) oferecer a denúncia;
SÚMULA 524 STF: Arquivado o inquérito policial, por
b) Designar outro órgão do Ministério Público para
despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça,
oferecer a denúncia. Nesse caso, o promotor ou procurador
não pode a ação ser iniciada sem novas provas.
designado está obrigado a oferecer a denúncia, sem que
haja ofensa ao princípio da independência funcional, pois
age em nome da autoridade que o designou (por delegação)
e não em nome próprio;
c) Insistir no arquivamento, caso em que o Poder Ju-
diciário não poderá discordar do arquivamento.

ATENÇÃO: Há uma única previsão de recurso de ofí-


cio contra decisão de arquivamento do inquérito policial, na
Lei dos Crimes contra a Economia Popular - Lei nº 1.521/51
– art. 7º:
Art. 7º. Os juízes recorrerão de ofício sempre que ab-
solverem os acusados em processo por crime contra
a economia popular ou contra a saúde pública, ou
quando determinarem o arquivamento dos autos do QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES - INQUÉ-
respectivo inquérito policial. RITO POLICIAL

15
d) O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o
01. (2014 – FUNCAB - PJC-MT - Investigador) O inquérito indiciado tiver sido preso em flagrante.
policial se caracteriza por ser: e) O indiciado pode requerer à autoridade policial qualquer
a) contraditório, informativo, escrito e sigiloso. diligência que julgue necessária.
b) contraditório, sistemático, público e informativo.
c) inquisitivo, informativo, escrito e público. 07. (2016 – CESPE - PC-GO - Agente de Polícia Substituto)
A respeito do IP, assinale a opção correta.
d) inquisitório, unidirecional, público e escrito.
a) O delegado de polícia, se estiver convencido da ausência
e) inquisitivo, informativo, escrito e sigiloso.
de elementos suficientes para imputar autoria a determi-
nada pessoa, deverá mandar arquivar o IP, podendo desar-
02. (2013 – FUNCAB - PC-ES - Escrivão de Polícia) São ca- quivá-lo se surgir prova nova.
racterísticas do inquérito policial: b) O IP é presidido pelo delegado de polícia sob a supervisão
a) Procedimento preparatório, formal, escrito, inquisitorial e direta do MP, que poderá intervir a qualquer tempo para de-
instrutor, sigiloso, dispensável, sistemático, unidirecional. terminar a realização de perícias ou diligências.
b) Processo preparatório, material, escrito ou verbal, inqui- c) A atividade investigatória de crimes não é exclusiva da
sitorial, sigiloso com exceções, indispensável, sistêmico, bi- polícia judiciária, podendo ser eventualmente presidida por
direcional. outras autoridades, conforme dispuser a lei especial.
c) Procedimento preparatório, material, instrutor, sigiloso d) O IP é indispensável para o oferecimento da denúncia; o
mitigado, dispensável, sistemático, bidirecional. promotor de justiça não poderá denunciar o réu sem esse
d) Processo preparatório, formal, escrito, inquisitorial, sigi- procedimento investigatório prévio.
loso, dispensável, sistêmico, bidirecional. e) O IP é peça indispensável à propositura da ação penal
e) Procedimento preparatório, informal, escrito, inquisitorial pública incondicionada, sob pena de nulidade, e deve asse-
e instrutor, sigiloso, dispensável, sistemático, bidirecional. gurar as garantias constitucionais da ampla defesa e do con-
traditório.

03. (2017 – FCC - PC-AP - Agente de Polícia) Incumbe à


08. (2014 – FCC - METRÔ-SP - Advogado Júnior) A respeito
autoridade policial:
do inquérito policial, considere:
a) presidir a instrução processual penal.
I. O requerimento do ofendido ou de quem tenha qualidade
b) realizar as diligências requisitadas pelo Ministério Pú- para representá-lo só será apto para a instauração de in-
blico. quérito policial se dele constar a individualização do autor
c) citar e intimar o réu e as testemunhas. da infração.
d) promover a ação penal pública. II. A requisição do Ministério Público torna obrigatória a ins-
e) decretar a prisão preventiva. tauração do inquérito pela autoridade policial.
III. Se o Delegado de Polícia verificar, no curso das investi-
gações, que o indiciado é inocente, deverá determinar o ar-
04. (2012 – FEC - PC-RJ - Inspetor de Polícia) “Todo o poder
quivamento do inquérito.
de direção do inquérito se concentra nas mãos da autoridade
policial”. A definição corresponde à característica da:
Está correto o que se afirma APENAS em
a) inquisitorialidade.
a) II e III.
b) formalidade.
b) I e II.
c) sistematicidade.
c) I e III.
d) unidirecionalidade.
d) II.
e) sigilosidade.
e) III.

05. (2017 – IBADE - SEJUDH – MT - Advogado) O inquérito


policial, procedimento administrativo preliminar conduzido 09. (2015 – FGV - TJ-BA - Técnico Judiciário - Escrevente -
pelo Delegado de Polícia, possui as seguintes característi- Área Judiciária) As formas de instauração do inquérito poli-
cas: cial variam de acordo com a natureza do delito. Nos casos
de ação penal pública incondicionada, a instauração do in-
a) indispensabilidade, oficialdade e sigiloso.
quérito policial pode se dar:
b) oficiosidade, disponibilidade e inquisitivo.
a) de ofício pela autoridade policial; mediante requisição do
c) discrionariedade, oficialidade e publicidade. Ministério Público; mediante requerimento do ofendido; e
d) dispensabilidade, indiscricionariedade e escrito. por auto de prisão em flagrante;
e) Autoritariedade, inquisitivo e indisponibilidade. b) de ofício pelo Ministério Público; mediante requisição da
autoridade policial; mediante requerimento do ofendido; e
por auto de prisão em flagrante;
06. (2014- CONTEMAX - COREN-PB - Advogado) Sobre o
Inquérito Policial, assinale a alternativa ERRADA: c) de ofício pela autoridade policial; mediante requerimento
do Ministério Público; mediante requisição do ofendido; e
a) Tem a finalidade de apurar a autoria e a materialidade do por auto de resistência;
crime.
d) de ofício pelo Ministério Público; mediante requisição da
b) O inquérito policial é público autoridade policial; mediante requerimento do ofendido; e
c) A autoridade policial não poderá arquivar o inquérito po- por auto de resistência;
licial.

16
e) de ofício pela autoridade policial; mediante requerimento 13. (2016 – CESPE - PC-PE - Agente de Polícia) Conside-
do Ministro da Justiça; mediante requisição do ofendido; e rando os dispositivos legais referentes ao inquérito policial,
por auto de resistência. assinale a opção correta.
a) Não cabe recurso administrativo aos escalões superiores
10. (2013 – VUNESP - COREN-SP - Advogado) A respeito da do órgão policial contra decisão de delegado que nega a
disciplina do inquérito policial no Código de Processo Penal abertura de inquérito policial, mas o interessado pode recor-
brasileiro, assinale a alternativa correta. rer ao Ministério Público.
a) Trata-se de procedimento indispensável para o ofereci- b) Representantes de órgãos e entidades da administração
mento da denúncia ou queixa. pública direta ou indireta não podem promover investigação
de crime: deverão ser auxiliados pela autoridade policial
b) Nos casos de crimes de ação penal privada, o inquérito
quando constatarem ilícito penal no exercício de suas fun-
policial somente será iniciado mediante a iniciativa da vítima
ções.
ou de quem tenha qualidade para representá-la.
c) Estando o indiciado preso, o inquérito policial deverá ser
c) A notícia do crime destinada à sua instauração somente
concluído, impreterivelmente, em dez dias, independente-
poderá ser ofertada à Autoridade Policial.
mente da complexidade da investigação e das evidências
d) Concluídas as investigações, o Delegado de Polícia deci- colhidas.
dirá a respeito de seu arquivamento ou encaminhamento ao
d) O delegado determinará o arquivamento do inquérito po-
Ministério Público.
licial quando não houver colhido elementos de prova sufici-
e) Trata-se de procedimento sempre sigiloso, com a finali- entes para imputar a alguém a autoria do delito.
dade de assegurar a privacidade dos investigados.
e) Tratando-se de crimes de ação penal pública, o inquérito
policial será iniciado de ofício pelo delegado, por requisição
11. (2016 – CESPE - PC-GO - Agente de Polícia Substituto) do Ministério Público ou por requerimento do ofendido ou de
A respeito do IP e da instrução criminal, assinale a opção quem o represente.
correta.
a) O juiz é livre para apreciar as provas e, de acordo com 14. (2015 – VUNESP - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de
sua convicção íntima, poderá basear a condenação do réu 1a Classe) A respeito do inquérito policial, procedimento
exclusivamente nos elementos informativos colhidos no IP. disciplinado pelo Código de Processo Penal, é correto afir-
b) Como a perícia é considerada a prova mais importante, o mar que
juiz não proferirá sentença que contrarie conclusões da pe- a) os instrumentos do crime não acompanharão os autos do
rícia, devendo a prova técnica prevalecer sobre os outros inquérito.
meios probatórios.
b) o inquérito não acompanhará a denúncia ou queixa, ainda
c) Uma vez arquivado o IP por decisão judicial, a autoridade que sirva de base a uma ou outra.
policial poderá proceder a novas pesquisas, se tiver notícia
c) ao término do inquérito, a autoridade policial fará minu-
de uma nova prova.
cioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os autos
d) O ofendido e o indiciado não poderão requerer diligências ao membro do ministério público, nos termos do § 1o do
no curso do IP. artigo 10.
e) O IP, peça informativa do processo, oferece o suporte d) nos crimes de ação privada, a autoridade policial poderá
probatório mínimo para a denúncia e, por isso, é indispen- proceder a inquérito, independentemente de requerimento
sável à propositura da ação penal. de quem tenha qualidade para intentá-la.
e) o inquérito, nos crimes em que a ação pública depender
12. (2016 – CESPE - PC-PE - Agente de Polícia) Um policial de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
encontrou, no interior de um prédio abandonado, um cadá-
ver que apresentava sinais aparentes de violência, com
15. (2013 – FUNCAB - PC-ES - Escrivão de Polícia) De
afundamento do crânio, o que indicava provável ação de ins-
acordo com o Código de Processo Penal, para verificar a pos-
trumento contundente. Nesse caso, cabe à autoridade poli-
sibilidade de haver a infração sido praticada de determinado
cial,
modo, a autoridade policial poderá:
a) providenciar a imediata remoção do cadáver e o seu en-
a) determinar o desarquivamento de inquérito policial.
caminhamento ao necrotério e aguardar o eventual reco-
nhecimento por parentes. b) proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que
esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
b) comunicar o fato à autoridade judiciária se o local estiver
fora da circunscrição da delegacia onde esteja lotado, de- c) proceder ao sequestro dos bens imóveis, adquiridos pelo
vendo-se manter afastado e não podendo impedir o fluxo de indiciado com os proventos da infração, ainda que já tenham
pessoas. sido transferidos a terceiro.
c) promover a realização de perícia somente depois de au- d) proceder ao arresto do imóvel utilizado pelos indiciados.
torizado pelo Ministério Público ou pelo juiz de direito. e) proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se
d) comunicar o fato imediatamente ao Ministério Público, possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acu-
que determinará as providências a serem adotadas. sação e pela defesa.
e) providenciar para que não se alterem o estado e o local
até a chegada dos peritos criminais e ordenar a realização 16. (2013 – UEG - PC-GO - Agente de Polícia) Quanto ao
das perícias necessárias à identificação do cadáver e à de- inquérito policial, segundo o Código de Processo Penal, tem-
terminação da causa da morte. se o seguinte:

17
a) não poderá ser instaurado para subsidiar ações penais praticar diversos atos libidinosos e ter conjunção carnal com
privadas ou ações penais públicas condicionadas à represen- ela, mesmo sem o seu consentimento.
tação. Nessa situação hipotética,
b) nos crimes de ação penal pública incondicionada, será a) a autoridade policial só poderá instaurar inquérito medi-
instaurado por requisição do ofendido ou por pessoa que o ante representação de Márcia ou de seus pais.
represente.
b) a autoridade policial poderá instaurar inquérito de ofício.
c) mesmo relatado, será devolvido à autoridade policial, por
c) a autoridade policial não poderá instaurar inquérito poli-
requerimento do Ministério Público, para o cumprimento das
cial caso tome ciência do fato por meio da veiculação do fato
diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
pela imprensa.
d) será arquivado pela autoridade policial, desde que seja
d) a autoridade policial só poderá instaurar inquérito medi-
verificada a atipicidade do fato ou esteja presente causa de
ante requerimento subscrito pelos pais de Márcia.
extinção de punibilidade.
e) o MP não poderá requisitar a instauração de inquérito po-
licial.
17. (2012 – FGV - PC-MA - Escrivão de Polícia) Na doutrina
de Eugênio Pacelli de Oliveira, o “inquérito policial, atividade
específica da polícia denominada judiciária, isto é, Polícia Ci- 20. (2010 – ACAFE - PC-SC - Agente de Polícia) Assinale a
vil, no âmbito da Justiça Estadual, e a Polícia Federal, no alternativa correta que completa o enunciado a seguir:
caso da Justiça Federal, tem por objetivo a apuração das
infrações penais e de sua autoria". De acordo com o Código de Processo Penal brasileiro, a au-
toridade policial (...)
Sobre o tema, assinale a afirmativa correta. a) não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
a) Nos crimes de ação penal privada, a autoridade policial b) poderá mandar arquivar o inquérito policial quando esti-
somente poderá proceder a inquérito a requerimento de ver caracterizada, de plano, uma excludente de ilicitude em
quem tenha qualidade para intentá-la. Já nos crimes de ação favor do indiciado.
penal pública, condicionada à representação ou incondicio- c) não poderá mandar arquivar autos de inquérito, salvo
nada, o inquérito policial poderá ser iniciado de ofício. quando houverem desaparecido os vestígios materiais da in-
b) De acordo com o Código de Processo Penal, o inquérito fração penal.
deverá ser finalizado no prazo de 10 dias, se o indiciado es- d) poderá mandar arquivar o inquérito policial quando a au-
tiver solto, e no de 60 dias, quando estiver preso. toria do crime não estiver suficientemente comprovada.
c) Se o caso for de difícil elucidação, terminado o prazo para
finalização do inquérito, poderá a autoridade policial reter os
autos por decisão própria. 21. (2018 – CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia Civil) De
acordo com as legislações especiais pertinentes, o inquérito
d) Uma vez arquivado o inquérito pela autoridade judiciária, policial deve ser concluído no
em nenhuma hipótese poderá a autoridade policial proceder
a novas pesquisas. a) prazo comum de quinze dias, estando o indiciado solto ou
preso, nos casos de crimes de tortura.
e) O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado po-
derão requerer qualquer diligência, que será realizada ou b) mesmo prazo estipulado para a apreciação das medidas
não, a juízo da autoridade. protetivas, nos casos de crimes previstos na Lei Maria da
Penha.
c) prazo comum de dez dias, estando o indiciado solto ou
18. (2012 – NUCEPE - PC-PI - Agente de Polícia) Acerca do preso, nos casos de crimes contra a economia popular.
Inquérito Policial, assinale a alternativa incorreta.
d) prazo de trinta dias, se o indiciado estiver solto, e de
a) Nos crimes de ação penal pública incondicionada, o in- quinze dias, se ele estiver preso, de acordo com a Lei de
quérito policial não pode ser instaurado de ofício pela auto- Drogas.
ridade policial.
e) prazo de quinze dias, se o crime for de porte ilegal de
b) Nos crimes de ação penal privada, o inquérito policial não arma de fogo de uso restrito, conforme o Estatuto do De-
pode ser instaurado por requisição do Ministério Público. sarmamento.
c) Nos crimes de ação penal privada, o inquérito policial so-
mente pode ser instaurado mediante requerimento da parte
legitimada para ajuizar a ação penal. 22. (2016 – OBJETIVA - SAMAE de Jaguariaíva – PR - Advo-
gado) Em face do que dispõe o Código de Processo Penal,
d) Nos crimes de ação penal pública condicionada, o inqué- em relação ao inquérito policial, assinalar a alternativa COR-
rito policial não pode ser instaurado de ofício pela autoridade RETA:
policial.
a) Nos crimes de ação pública o inquérito policial será inici-
e) Nos crimes de ação pública incondicionada, cabe à auto- ado somente mediante requisição da autoridade judiciária
ridade policial instaurá-lo de ofício ou mediante requisição ou do Ministério Público.
da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou diante
de requerimento do ofendido ou de seu representante. b) Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de
inquérito caberá recurso para o Chefe de Polícia.
c) Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da exis-
19. (2018 – CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia Civil) tência de infração penal em que caiba ação pública poderá,
Amadeu, com vinte anos de idade, encontrou Márcia, com verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade poli-
dezesseis anos de idade, sua ex-vizinha, em um baile de cial, e esta, verificada a procedência das informações, enca-
carnaval realizado em uma praia. Ao perceber que Márcia se minhará ao Ministério Público.
encontrava em estado de embriaguez, apresentando perda
do raciocínio e de discernimento, Amadeu aproveitou para d) O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender
de representação, poderá sem ela ser iniciado.

18
d) trinta e sessenta.
23. (2017 – CONSULPLAN - TRF - 2ª REGIÃO - Analista Ju-
diciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal) Sobre o tema 27. (2010 – ACAFE - PC-SC - Agente de Polícia) Mévio pra-
Inquérito Policial, assinale a alternativa INCORRETA. ticou o crime previsto no art. 121, § 2º, inciso II do Código
a) Nos crimes de ação penal pública o inquérito policial pode Penal (homicídio qualificado por motivo fútil). Não houve pri-
ser iniciado a requerimento do ofendido. são em flagrante. Neste caso, segundo a lei processual penal
b) A autoridade policial apenas poderá mandar arquivar au- brasileira, o inquérito deverá terminar no prazo de:
tos de inquérito policial quando o fato for atípico ou estiver a) 10 dias.
extinta a punibilidade. b) 30 dias.
c) Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente c) 8 dias.
poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha
d) 15 dias.
qualidade para intentá-la.
d) O Ministério Público não poderá requerer a devolução do
inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, 28. (2013 – FUNCAB - PC-ES - Escrivão de Polícia) O inqué-
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. rito policial, nos casos previstos na Lei Antidrogas (Lei nº
11.343/2006), deverá ser concluído no prazo de:
a) 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (no-
24. (2014 – FCC - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário -
venta) dias, quando solto.
Oficial de Justiça Avaliador) Considere persecução penal ba-
seada na prisão em flagrante dos acusados em situação de b) 10 (dez) dias, se o indiciado estiver preso, e de 30 (trinta)
participação em narcotraficância transnacional, obstada dias, quando solto.
pela Polícia Federal, que os encontrou tendo em depósito c) 15 (quinze) dias, prorrogáveis por mais 15 dias, se o in-
46.700 gramas de cocaína graças à informação oriunda de diciado estiver preso, e de 30 (trinta) dias, quando solto.
notícia anônima. Neste caso, segundo entendimento juris- d) 20 (vinte) dias, se o indiciado estiver preso, e de 40 (qua-
prudencial consolidado, renta) dias, quando solto.
a) é nulo o processo ab initio, ante a vedação constitucional e) 10 (dez) dias, esteja o indiciado preso ou solto
do anonimato.
b) a notícia anônima sobre eventual prática criminosa é, por
si, idônea para instauração de inquérito policial. 29. (2015 – VUNESP - CRO-SP - Advogado Junior) A auto-
ridade policial pode determinar o arquivamento de autos de
c) a notícia anônima sobre eventual prática criminosa inquérito policial?
presta-se a embasar procedimentos investigatórios prelimi-
nares que corroborem as informações da fonte anônima, os a) Não, por expressa disposição legal.
quais tornam legítima a persecução criminal. b) Sim, desde que constate que a punibilidade está extinta.
d) a autoridade policial não pode tomar qualquer providên- c) Sim, desde que constate que os fatos foram praticados
cia investigatória a partir da notícia anônima. sob alguma causa excludente de ilicitude.
e) a persecução criminal só poderia ser iniciada se a denún- d) Sim, desde que constate que os fatos foram praticados
cia anônima estivesse corroborada por interceptação telefô- em legítima defesa ou estado de necessidade.
nica autorizada judicialmente. e) Sim, desde que exaustivas diligências comprovem a im-
possibilidade de elucidar a autoria criminosa.
25. (2015 – VUNESP - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de
1a Classe) Sobre os prazos para a conclusão do inquérito 30. (2014 – FCC - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário -
policial, é correto afirmar que Oficial de Justiça Avaliador) Ante o pedido de arquivamento
a) se for decretada prisão temporária em crime hediondo, o de inquérito policial formulado tempestivamente pelo Procu-
indiciado pode permanecer preso por até noventa dias, sem rador da República, Paulo, vítima do delito previsto no artigo
que seja necessária a conclusão do inquérito. 171, § 3º, do Código Penal, ingressa com queixa subsidiária,
b) nos crimes de competência da Justiça Federal, o prazo é a qual deverá ser;
de quinze dias, prorrogáveis por mais quinze, em regra. a) rejeitada.
c) para os crimes de tráfico de drogas o prazo é de dez dias b) processada, dando-se oportunidade de o Ministério Pú-
improrrogáveis. blico aditá-la.
d) se o indiciado estava solto ao ser decretada sua prisão c) processada como ação penal de iniciativa privada.
preventiva, o prazo de dez dias conta-se da data da decre- d) rejeitada e o magistrado deve aplicar a regra do artigo
tação da prisão. 28 do Código de Processo Penal.
e) a autoridade policial possui o prazo de trinta dias impror- e) processada e o Ministério Público deve reassumi-la como
rogáveis para todos os casos previstos na legislação proces- ação penal de iniciativa pública.
sual penal.

GABARITO - INQUÉRITO
26. (2014 – Aroeira - PC-TO - Agente de Polícia) Nos termos
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
do Código de Processo Penal, o prazo para encerramento do
inquérito policial, estando o indiciado preso ou solto, será, E A B A E B C D A B
respectivamente, em dias, de: 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
a) dez e trinta. C E E E B C E A B A
b) quinze e quarenta. 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
c) vinte e noventa.

19
C B B C B A B A A A
Princípio da Indisponibilidade - anuncia que depois de
iniciada a ação, não pode o Estado desistir do direito à
prestação jurisdicional, determinando o art. 42 do CPP que
o Ministério Público não poderá desistir da ação penal, bem
como o art. 576 proíbe desistir do recurso interposto.
Quando o órgão do Ministério Público requer o arquivamento
de um inquérito policial, a decisão é submetida à apreciação
3. AÇÃO PENAL do juiz que, como fiscal desse princípio e discordando das
razões invocadas no pedido, deve remeter os autos ao chefe
da Instituição.
Ação penal pode ser definida como o direito inerente
aos cidadãos de obter do Estado, a prestação jurisdicional, Princípio da Intranscendência - O princípio da
para apuração de infração penal e a punição de seu autor. intranscendência, comum a qualquer ação penal, consiste
Em determinados casos esse direito é exercido pelo próprio no fato de ser a ação penal limitada à pessoa ou às
ofendido, noutros o Estado assume a tarefa de exercer o pessoas responsáveis pela infração, não atingindo, desse
direito, substituindo compulsoriamente o ofendido. modo, seus familiares, herdeiros ou estranhos.

Classificação das ações penais ATENÇÃO: Via de regra, a ação penal é pública
O critério utilizado para classificar as ações leva em incondicionada, salvo quando a lei declara, expressamente,
conta seu titular, ou seja, estipulam-se as modalidades em que só se procede mediante representação do ofendido ou
razão de quem é parte legítima para exercer o direito de requisição do Ministro da Justiça (ação pública
ação. Diante do critério, podemos distinguir, a princípio, condicionada) ou mediante queixa (ação de iniciativa
duas qualidades de ação penal: a pública, de titularidade do privada).
Ministério Público, e a privada, de titularidade do ofendido
ou de seu representante legal.
São exemplos de crimes de ação pública
incondicionada: o homicídio, o latrocínio, extorsão, crimes
A ação penal pública comporta ainda a subdivisão em contra o patrimônio público em geral, etc.
incondicionada e condicionada à representação do ofendido
ou à requisição do Ministro da Justiça.
Ressalte-se, ainda o teor do § 2º do art. 24 do
CPP:
Ação penal privada pode ser exclusiva (ou propria- § 2o Seja qual for o crime, quando praticado em
mente dita), personalíssima ou subsidiária da pública. detrimento do patrimônio ou interesse da União,
Estado e Município, a ação penal será pública.
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS
Incondicionada Exclusiva
Titularidade da ação penal pública
AÇÃO PRI-

Representação
AÇÃO PÚ-

Personalíssima
O Ministério Público é o dono da ação penal pública
BLICA

do ofendido
VADA

Condicio- (dominus litis). É o órgão representado por Promotores e


Requisição do
nada Procuradores de Justiça que pede providência jurisdicional
Ministro da Subsidiária
Justiça de aplicação da lei penal, exercendo o que se denomina de
pretensão punitiva.

AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA


Trata-se o Ministério Público de órgão uno e
indivisível, e assim, seus membros podem ser substituídos
São aquelas em que para o Estado acusador nasce o no processo, por razões de serviço, sem que haja prejuízo
direito de buscar a prestação jurisdicional logo que toma para a marcha processual. O Ministério Público promove a
conhecimento de um fato delituoso. O Estado agirá de ofício, ação penal pública desde a peça inicial (denúncia) até os
promovendo a ação penal pelo Ministério Público sem que termos finais, em primeira e demais instâncias,
haja manifestação da vontade da vítima ou qualquer outra acompanhando, presenciando, fiscalizando a seqüência dos
pessoa. atos, zelando e velando pela observância da lei até a decisão
final.
 A peça processual iniciadora desse tipo de ação
denomina-se DENÚNCIA. A titularidade do Ministério Público é decorrente do
Princípio da Oficialidade, eis que a repressão ao criminoso é
Princípios da Ação Penal Pública Incondicionada função essencial do Estado, devendo ele instituir órgãos que
assumam a persecução penal. No nosso país, em termos
constitucionais, a apuração das infrações penais é efetuada
Princípio da Obrigatoriedade - haverá a propositura da pela Polícia Judiciária Federal ou Estadual (art. 144 CF/88)
ação penal independente do interesse da vítima ou de seus e a ação penal pública é promovida, privativamente, pelo
representantes legais, não ficando ao arbítrio ou Ministério Público (art. 129, I CF/88), seja ele da União ou
discricionariedade do Ministério Público mover ou não a ação dos Estados (art. 128, I e II CF/88).
penal. Existindo elementos que indiquem a ocorrência de um
fato típico e antijurídico, é ele obrigado a promover a ação
penal.

20
Como órgãos encarregados da repressão penal, a quando fornecidos os elementos que lhe são indispensáveis;
Policia e o Ministério Público têm autoridade, ou seja, podem não havendo tais elementos poderá requisitar a instauração
determinar ou requisitar documentos, diligências ou do inquérito policial ou simplesmente encaminhá-la a auto-
quaisquer atos necessários à instrução do inquérito policial ridade para tal efeito. Feita ao Juiz, poderá este encaminhá-
ou da ação penal, ressalvadas as restrições constitucionais. la diretamente ao Ministério Público se for possível a propo-
situra da ação penal ou requisitar o inquérito ou, ainda, en-
caminhar a representação à autoridade policial.
De acordo com a Súmula 234 do STJ, a participação
de membro do Ministério Público na fase investigatória cri-
minal não acarreta o seu impedimento para o oferecimento Prazo - O direito de representação só pode ser exer-
da denúncia. cido no prazo de seis meses, contados do dia em que a ví-
tima ou seu representante legal veio a saber quem é o autor
do crime, contando-se conforme a regra do art. 10 do CP,
 Em regra a ação penal pública é promovida pelo
ou seja, incluindo-se o dia do começo. Não oferecida a re-
Ministério Público à vista do Inquérito Policial, porém se este
presentação no prazo legal, ocorre a decadência, causa ex-
já tiver em mãos elementos suficientes para propositura,
tintiva da punibilidade, o que impede o início dessa espécie
poderá fazê-lo sem necessidade do inquérito.
de ação.

AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA


Retratação da representação - A representação é ir-
Tem as mesmas características das ações penais retratável depois de oferecida a denúncia (art. 25 do CPP),
públicas incondicionadas, iniciando-se também com o não produzindo a retratação (retirar o que disse, desdizer-
oferecimento da denúncia pelo Ministério Público, no se) após essa data, nenhum efeito, devendo a ação, que
entanto o direito do Estado acusador só nasce depois de teve início com a denúncia, prosseguir até seu término. De
manifestado o interesse do ofendido ou de requisição do outro lado, ocorrendo a representação e, antes do ofereci-
Ministro da Justiça. mento da denúncia, vindo a retratação, haverá impedimento
à propositura da ação penal.
a) Representação do Ofendido
Pode a ação penal pública depender da representação O Código Penal estabelece os crimes que dependem
do ofendido, que se constitui numa espécie de pedido-auto- de representação, via de regra, através da expressão “so-
rização em que a vítima ou seu representante legal expres- mente se procede mediante representação”, como faz, por
sam o desejo de que a ação seja instaurada, autorizando a exemplo, nos crimes de perigo de contágio venéreo (art.
persecução criminal. A representação é, assim, a manifes- 130, § 2º, CP), ameaça (art. 147, parágrafo único), lesões
tação de vontade do ofendido ou de seu representante legal corporais leves e lesões culposas (art. 129 do CP c/c 88 da
no sentido de autorizar o Ministério Público a desencadear a Lei n° 9.099/95).
persecução criminal.
 A representação do ofendido é necessária inclusive
Legitimidade para representação - O direito de repre- para instauração do inquérito policial, não podendo a auto-
sentação só pode ser exercido pela vítima ou seu represen- ridade agir de ofício.
tante legal. A representação também pode ser apresentada
por procurador (da vítima ou de seu representante legal)
b) Requisição do Ministro da Justiça
com poderes especiais, mediante declaração escrita ou oral
(art. 39, caput, do CPP). A requisição do Ministro da Justiça também constitui
condição da ação, sendo ato administrativo, discricionário e
irrevogável que deve conter a manifestação de vontade para
 Dispõe ainda o CPP: "No caso de morte do ofendido instauração da ação penal, com menção do fato criminoso,
ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito nome e qualidade da vítima, nome e qualificação do autor
de representação passará ao cônjuge, ascendente, descen- do crime, etc, embora não exija forma especial.
dente ou irmão (art. 24, parágrafo único)." A enumeração
dos artigos 24, parágrafo único, e 31, que se refere à
queixa, é taxativa, não podendo ser ampliada. É necessária a requisição, segundo o Código Penal,
nos crimes contra a honra praticados contra o Presidente da
República ou chefe de governo estrangeiro (art. 145,
Forma da representação - A representação não exige parágrafo único, 1a parte) e nos delitos praticados por
forma especial, bastando que o ofendido ou seu estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7o, § 3o).
representante legal manifeste o desejo de instaurar contra
o autor do delito o competente procedimento criminal. Deve
conter, porém as informações que possam servir a apuração DENÚNCIA
do fato (art. 39, § 2°). Sendo feita oralmente ou por escrito
sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de OFERECIMENTO DE DENÚNCIA PELO
seu representante legal ou procurador, deve ser reduzida a MINISTÉRIO PÚBLICO
termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o
órgão do Ministério Público quando a este houver sido
dirigida (art. 39, § 1°). Diante dos elementos apresentados pelo Inquérito
Policial ou pelas peças de informação que recebeu, o órgão
do Ministério Público, verificando a prova da existência de
Destinatário da representação - A representação pode fato que caracteriza crime em tese e indícios da sua autoria,
ser dirigida ao Juiz, ao órgão do Ministério Público ou à au- forma sua convicção para promover a ação penal pública
toridade policial (art. 39). Recebendo a representação, o Mi- com o oferecimento em juízo da DENÚNCIA.
nistério Público poderá, de pronto, promover a ação penal,

21
entender que o arquivamento é de rigor, não poderá
a) Conceito proceder à celebração do acordo.
É a peça inaugural das ações penais públicas, consis-
tindo na exposição, por escrito, de fatos que constituem em b) O investigado tenha confessado formal e
tese um ilícito penal, ou seja, de fato caracterizador de tipo circunstancialmente a prática de infração penal: essa
penal, com a expressa manifestação da intenção de que se confissão constitui a contribuição que o investigado faz à
aplique a lei penal a quem é presumivelmente seu autor e a investigação criminal e eventual futuro processo penal (em
indicação das provas em que se baseia. caso de descumprimento das condições pactuadas).

b) Requisitos c) Conduta criminosa praticada sem violência ou


I) Exposição do fato criminoso grave ameaça à pessoa: o acordo pode ser celebrado em
caso de crime ou de contravenção penal, desde que tal
Narrativa dos fatos apontados como delituosos,
infração penal não seja cometida com violência ou grave
devendo tais fatos enquadrar-se em um tipo penal, não
ameaça à pessoa.
devendo ser aceita denúncia que não especifica, nem
descreve, ainda que sucintamente, o fato criminoso
atribuído ao acusado. d) Infração penal com pena mínima inferior a 4
(quatro) anos: para aferição da pena mínima cominada ao
delito, devem ser levadas em consideração as causas de
II) Qualificação do acusado
aumento e diminuição de pena aplicáveis ao caso concreto
(art. 28-A, §1º, do CPP).
A identificação do acusado se dá com a referência ao
seu nome, cognome, nome de família, pseudônimo, estado
2. Condições impostas ao investigado
civil, filiação, cidadania, idade sexo, características físicas,
sinais de nascença, etc. Para que o acordo seja celebrado, o investigado
deverá assumir o dever de cumprir certas condições,
recaindo a necessidade de cumprir as seguintes obrigações,
III) Classificação do crime ajustadas cumulativa ou alternativamente, a depender do
É necessária também a indicação do dispositivo legal caso concreto:
que contém o tipo penal relativo ao fato concreto.
IV) Rol de testemunhas a) Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima,
Caso houver, sendo rito ordinário até 8 (oito) e no rito exceto na impossibilidade de fazê-lo: uma das
sumário até 5 (cinco). condições para a celebração do acordo de não-persecução
c) Prazo para oferecimento da Denúncia penal é a reparação do dano ou a restituição da coisa à
vítima. Evidentemente, quando o delito não causar danos à
vítima (v.g., crimes contra a paz pública), esta condição não
Réu preso: 5 (cinco) dias será imposta. Também não se admite a imposição desta
Réu em liberdade: 15 (quinze) dias condição quando restar evidenciada a impossibilidade de o
investigado reparar o dano ou restituir a coisa à vítima (v.g.,
 Conta-se o prazo a partir do recebimento do Inqué-
vulnerabilidade financeira);
rito Policial pelo Ministério Público.

b) Renunciar voluntariamente a bens e direitos


ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL
indicados pelo Ministério Público como instrumentos,
produto ou proveito do crime: nenhum sentido faria a
Incluído no art. 28-A do Código de Processo Penal pela celebração do acordo de não-persecução penal se o
Lei nº 13.964/2019, trata-se de mecanismo consensual, em investigado pudesse manter consigo, por exemplo, os
que o autor do fato delituoso aceita proposta do Ministério instrumentos do crime, muito menos se pudesse preservar
Público, antes do recebimento da denúncia, com a imposição o produto direto ou indireto da infração penal. Destarte,
de sanção não privativa de liberdade, em troca de eventual como verdadeira condição para a celebração do acordo,
benefício, como redução da pena e a não configuração de deverá o investigado voluntariamente concordar com a
maus antecedentes. renúncia a bens e direitos, indicados pelo Parquet, como
instrumentos, produto ou proveito do crime.
1. Requisitos para a celebração do acordo de
não-persecução penal c) Prestar serviço à comunidade ou a entidades
Dispõe o caput do art. 28-A que o Ministério Público, públicas por período correspondente à pena mínima
ao receber o inquérito policial, antes de oferecer a denúncia cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em
poderá propor ao investigado acordo de não persecução local a ser indicado pelo juízo da execução: o
penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e investigado deverá prestar serviço à comunidade ou a
prevenção do crime, se presentes, cumulativamente, os entidades públicas por período correspondente à pena
seguintes requisitos: mínima cominada ao delito, diminuída de um a dois terços,
em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do
art. 46 do Código Penal.
a) Não ser o caso de arquivamento do inquérito
policial: o acordo de não-persecução penal só deve ser
celebrado quando se mostrar viável a instauração do d) Pagamento de prestação pecuniária: a ser
processo penal. Por consequência, se o titular da ação penal estipulada nos termos do art. 45 do Código Penal, este
pagamento deve ser feito a entidade pública ou de interesse

22
social a ser indicada pelo juízo da execução, devendo a condição do sexo feminino, hipótese em que pouco importa
prestação ser destinada preferencialmente àquelas se o delito foi praticado (ou não) no contexto da violência
entidades que tenham como função proteger bens jurídicos doméstica e familiar.
iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo
delito;
4. Controle jurisdicional
O acordo, firmado por escrito, pelo membro do
e) Cumprir, por prazo determinado, outra Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor, deve
condição indicada pelo Ministério Público: o órgão ser levado à homologação judicial, devendo o juiz designar
ministerial responsável pelo oferecimento da proposta de uma audiência para verificar a sua voluntariedade, por meio
acordo de não-persecução penal poderá estipular outras da oitiva do investigado, na presença do seu defensor, e sua
condições, desde que proporcionais e compatíveis com a legalidade (art. 28-A, §§ 3º e 4º).
infração penal aparentemente praticada. Essas outras
condições podem abranger o cumprimento de penas
restritivas de direitos diversas daquelas já previstas nos Alternativas ao juiz ao receber os autos do
incisos do art. 28-A do CPP, como, por exemplo, a perda de acordo de não persecução penal: com os autos em mãos,
bens e valores, a interdição temporária de direitos e a abrem-se ao juiz das garantias as seguintes opções:
limitação de fim de semana.
a) Homologar o acordo de não persecução penal:
3. Vedações à celebração do acordo de não hipótese em que o juiz devolverá os autos ao Ministério
persecução penal Público para que inicie sua execução perante o juízo da
execução penal (CPP, art. 28-A, §6º). A vítima deve ser
Por força do art. 28-A, § 2º, do CPP, incluído pela Lei
intimada da homologação do acordo de não persecução
n. 13.964/19, não será admitida a proposta nas seguintes
penal e de seu descumprimento;
hipóteses:
 Homologado judicialmente o acordo de não
persecução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério
a) se for cabível transação penal de competência Público para que inicie sua execução perante o juízo de
dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei: a execução penal.
transação penal tem preferência sobre a celebração do
acordo de não-persecução penal. Logo, se o agente fizer jus
ao benefício previsto no art. 76 da Lei n. 9.099/95, não será b) Devolver os autos ao Ministério Público para
cabível a celebração do acordo; que seja reformulada a proposta de acordo: se o juiz
considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as
condições dispostas no acordo, com concordância do
b) se o investigado for reincidente ou se houver investigado e seu defensor (CPP, art. 28-A, §5º);
elementos probatórios que indiquem conduta criminal
habitual, reiterada ou profissional, exceto se
insignificantes as infrações penais pretéritas: c) Recusar homologação à proposta que não
reincidente é aquele que comete novo crime, depois de atender aos requisitos legais ou quando não for
transitar em julgado a sentença que o tenha condenado por realizada a adequação (reformulação da proposta)
crime anterior, respeitado o lapso temporal de 5 (cinco) anteriormente mencionada: aqui, convém destacar que
anos. O legislador também veda a celebração do pacto o magistrado não poderá intervir na redação final da
quando houver elementos probatórios indicando a prática de proposta em si estabelecendo as cláusulas do acordo, o que
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional. violaria a imparcialidade do julgador. Portanto, recusada a
homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público
para a análise da necessidade de complementação das
c) ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) investigações ou o oferecimento da denúncia (CPP, art. 28-
anos anteriores ao cometimento da infração, em A, §8º).
acordo de não persecução penal, transação penal ou
suspensão condicional do processo: visando evitar a
banalização do acordo de não persecução penal, e 5. Descumprimento injustificado das obrigações
consagrando a ideia de que sua celebração deve visar assumidas pelo investigado
precipuamente a acusados primários, que tenham praticado Uma vez celebrado o acordo de não-persecução
uma infração penal pela primeira vez. penal, o Ministério Público deixará de oferecer denúncia
contra o investigado. Para tanto, é intuitivo que o agente
cumpra todas as obrigações por ele assumidas por ocasião
d) nos crimes praticados no âmbito de violência
da avença. Não o fazendo, estará sujeito ao oferecimento
doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher
de denúncia.
por razões da condição de sexo feminino, em favor do
agressor: inicialmente, o legislador estabelece a vedação à
celebração do acordo nos crimes praticados no âmbito de É o que dispõe o art. 28-A, §10, do CPP, incluído pela
violência doméstica ou familiar, sem ressalvar, porém, que Lei n. 13.964/19: “Descumpridas quaisquer das condições
a vítima em questão necessariamente teria que ser uma estipuladas no acordo de não persecução penal, o Ministério
mulher. Por consequência, caracterizada violência no âmbito Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão
da unidade doméstica, no âmbito da família ou em qualquer e posterior oferecimento de denúncia”.
relação íntima de afeto não será cabível a celebração do
acordo de não persecução penal, pouco importando se se
trata de delito cometido contra homem ou mulher. Na Efeito adicional do descumprimento do acordo:
sequência, o legislador também veda a celebração do acordo além do possível oferecimento de denúncia, o Código de
quando o delito for praticado contra a mulher por razões da Processo Penal (art. 28-A, §11) também prevê que o

23
descumprimento do acordo poderá ser utilizado pelo órgão b) Titularidade
ministerial como justificativa para o eventual não-
oferecimento de suspensão condicional do processo.
O titular do direito de agir na Ação Penal Privada é o
próprio ofendido – a vítima – que poderá ser representado
A justificativa para esse dispositivo é evidente: se o por quem tenha qualidade legal (substituição processual).
investigado não demonstrou autodisciplina e senso de Como a propositura da queixa exige procurador legalmente
responsabilidade para o cumprimento das condições habilitado (advogado), prevê a lei que, nos crimes de ação
avençadas por ocasião da celebração do acordo de não- privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar sua
persecução penal, é bem provável que terá idêntico pobreza, nomeará advogado para promover a ação penal.
comportamento se acaso lhe for oferecida a proposta de
suspensão condicional do processo, até mesmo pelo fato de
Sucessão processual: No caso de morte ou ausência
as condições pactuadas serem bastante semelhantes em
do ofendido, o direito de queixa poderá ser exercido pelo
ambos os institutos.
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Há, ainda, previsão de que a vítima será intimada da


ATENÇÃO: O Ministério Público, não sendo titular,
homologação do acordo de não persecução penal e de seu
funciona apenas como fiscal da lei, podendo ou não, no
eventual descumprimento (§ 9º). Não se abre oportunidade,
prazo de três dias, aditar a queixa, velando também, pela
bem se vê, para o ingresso em juízo, com a ação penal
indivisibilidade da ação.
subsidiária da pública.

c) Princípios
6. Cumprimento integral do acordo de não
persecução penal
Cumprido integralmente o acordo, dispõe o art. 28-A, I) Princípio da Oportunidade
§13, do CPP, que o juízo competente deverá decretar a Cabe ao titular do direito de agir a faculdade de
extinção da punibilidade. Competente é o mesmo juízo propor, ou não, a ação privada, segundo sua conveniência.
responsável pela homologação do acordo. Sem a sua concordância não se lavra o auto de prisão em
flagrante, não se instaura o inquérito policial e muito menos
a ação penal.
Aponte-se ainda que o § 12 determina que a
celebração e cumprimento do acordo de não persecução
penal não constarão em certidão de antecedentes criminais  Enquanto na ação pública incondicionada vigora o
(salvo registro para evitar que o mesmo agente seja Princípio da Obrigatoriedade, a ação privada está submetida
beneficiado novamente pelo instituto em um prazo inferior ao Princípio da Oportunidade.
a 5 anos).
Recusa do Ministério Público em propor acordo: II) Princípio da Disponibilidade
No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em
propor o acordo de não persecução penal, o investigado Além de poder propor ou não a ação penal privada,
poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na poderá o ofendido prosseguir até o final ou não, pode
forma do art. 28 deste Código, que prevê a remessa da renunciar ao direito de queixa, pode perdoar o ofensor.
questão ao Procurador-Geral, chefe do Ministério Público.
Portanto, não se apresenta a proposta de acordo como um III) Princípio da Indivisibilidade
direito subjetivo do investigado.
Significa que o ofendido não pode, quando optar
pela queixa, deixar de nela incluir todos os co-autores ou
partícipes do fato, sob pena de renunciar ao direito em
AÇÃO PENAL PRIVADA relação aos demais réus.

a) Conceito IV) Princípio da Intranscendência


Embora o direito de punir pertença exclusivamente ao Comum a qualquer ação penal consiste no fato de ser
Estado, este transfere ao particular o direito de acusar em a ação penal limitada à pessoa ou às pessoas responsáveis
algumas hipóteses. O direito de punir continua sendo do pela infração, não atingindo, desse modo, familiares ou es-
Estado, mas ao particular cabe o direito de agir. tranhos.

Justifica-se essa concessão à vítima quando seu d) ESPÉCIES DE AÇÕES PRIVADAS


interesse se sobrepõe ao menos relevante interesse público,
em que a repressão do ilícito penal interessa muito mais de I) Ação Penal Privada Exclusiva
perto apenas ao ofendido.
Somente pode ser proposta pelo ofendido ou pelo seu
representante legal. Em caso de morte do ofendido antes do
A QUEIXA é o equivalente à denúncia, pela qual se início da ação, esta poderá ser intentada, desde que dentro
instaura a Ação Penal, diferenciando-se formalmente apenas do prazo decadencial de seis meses, por seu cônjuge,
por quem subscreve, ou seja, a denúncia é oferecida pelo ascendente, descendente ou irmão (art. 100, § 42, do CP).
membro do Ministério Público (Promotor de Justiça) e a Se a morte ocorre após o início da ação penal, poderá
queixa é apresentada pelo particular ofendido, através de também haver tal substituição, mas dentro do prazo de
procurador com poderes expressos. sessenta dias, fixado no art. 60, II, do Código de Processo
Penal.

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intentada pelo ofendido ou seu representante legal, tanto
Na Parte Especial do Código Penal são identificados os quando é ela exclusiva, quando é subsidiária.
delitos que a admitem, com a expressão “só se procede me-
diante queixa”. Ex.: Crimes contra a honra (art. 145 do CP),  O autor aqui é chamado “querelante” e o réu “que-
crimes contra os costumes (art. 225 do CP). relado”.

II) Ação Penal Privada Personalíssima b) Requisitos da Queixa


Na ação penal dita personalíssima somente está le-
gitimada a própria pessoa indicada na lei, não havendo su-
A queixa deve ser revestida dos mesmos requisitos da
cessão por morte ou ausência. Portanto, não admite a pro-
denúncia (Exposição do fato criminoso, Qualificação do
positura por representante legal nem por sucessores. Se,
acusado, Classificação do crime e Rol de testemunhas)
por exemplo, o ofendido morre no decorrer do processo, ex-
diferenciando uma da outra apenas pelo titular: a denúncia
tingue-se a punibilidade do agente, pois ninguém poderá su-
é a peça inicial da ação pública, cuja titularidade cabe ao
cedê-lo.
Ministério Público, a queixa, da ação privada, cujo titular é
o ofendido.
 Se o ofendido for menor, o prazo decadencial de
seis meses somente começará a correr a partir do dia em
O direito de queixa deve ser exercido pelo ofendido
que completar 18 anos.
ou seu representante legal (substituição processual) por
meio de procurador legalmente habilitado – advogado – com
ATENÇÃO: Atualmente somente ocorre a hipótese poderes especiais, devendo constar na procuração uma
em relação ao crime capitulado no art. 236 do Código Penal breve narrativa dos fatos e a qualificação do querelado.
– induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento
ao casamento, em que apenas o contraente enganado pode
c) Prazo para oferecimento da Queixa
intentar a queixa.
O prazo para oferecimento da queixa é de seis me-
ses, contados do dia em que o ofendido veio a saber quem
III) Ação Penal Privada Subsidiária da Pública é o autor do crime, na ação privada exclusiva, e do dia em
Ocorre nos casos em que o Ministério Público deixar que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia, na
de intentar Ação Penal Pública no prazo legal (réu preso: 5 ação penal privada subsidiária da pública.
dias – réu solto: 15 dias) podendo a vítima ou seu
representante legal tomar para si o direito de buscar a
d) Renúncia ao direito de Queixa
prestação jurisdicional, oferecendo QUEIXA SUBSTITUTIVA
DA DENÚNCIA. É a desistência do direito de ação por parte do ofen-
dido, podendo ser expressa ou tácita. A renúncia expressa
deve constar de declaração assinada pelo ofendido, por seu
Essa ação passou a constituir garantia constitucional procurador legal com poderes especiais. A renúncia é tácita
com a nova Carta Magna (art. 5o, LIX), em conformidade quando o querelante pratica ato incompatível com a vontade
com o princípio de que a lei não pode excluir da apreciação de exercer o direito de queixa, como, ocorre, por exemplo,
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5 o, no reatamento de amizade com o ofensor, a visita amigável,
XXXV). a aceitação de convite para festa, etc.

Atuação do Ministério Público: Apresentada a Em decorrência do princípio da indivisibilidade, a


queixa, o Ministério Público poderá retomar para si a ação, renúncia ao exercício do direito de queixa em relação a um
se repudiá-la, oferecendo denúncia substitutiva. Poderá dos autores do crime, a todos se estenderá, obrigando-se o
ainda aditar a queixa e retomar a ação para si caso o ofen- querelante a promover a queixa contra todos co-autores do
dido venha a negligenciar seu andamento. fato delituoso, não podendo excluir nenhum.

ATENÇÃO: Arquivado o inquérito policial, por despa- e) Decadência


cho do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não
pode a ação penal ser iniciada sem novas provas, e em con-
seqüência, não cabe ação penal subsidiária. Somente a inér- No processo penal decadência é a causa extintiva da
cia do Ministério Público enseja a ação subsidiária, o que não punibilidade consistente na perda do direito de ação
ocorre na hipótese, haja vista a manifestação do parquet privada ou de representação em decorrência de não ter
pelo arquivamento. sido exercido no prazo previsto em lei.

QUEIXA O PRAZO é de seis meses, a contar do dia em que a


vítima ou seu representante legal tomam conhecimento da
autoria do fato, sendo fatal e improrrogável, não se inter-
a) Conceito rompendo pela instauração do inquérito policial ou sua re-
messa ao Poder Judiciário.
Assim como a denúncia é a peça que inicia a ação pe-
nal pública, a queixa dá início à ação penal privada. Cessação da contagem prazo decadencial nas
ações penais
Queixa-crime, ou simplesmente queixa, é a denomi-
nação dada pela lei à petição inicial da ação penal privada

25
a) Quando a ação penal for privada, somente fará
cessar o prazo decadencial a interposição de queixa-crime Esse dispositivo prevê duas hipóteses de perempção.
perante o Poder Judiciário. A primeira delas dá-se quando a presença física do
b) Na ação penal privada subsidiária da pública, a de- querelante é indispensável para a realização de algum ato
cadência tem início do dia em que se esgotar o prazo para o processual e este, sem justa causa, deixa de comparecer.
oferecimento da denúncia pelo Ministério Público (5 dias – Exemplo: querelante intimado para prestar depoimento em
réu preso, ou 15 dias – réu solto), cessando após decorrido juízo falta à audiência.
o prazo de seis meses sem o oferecimento da inicial acusa- A segunda hipótese mencionada nesse inciso é a falta
tória em juízo. do pedido de condenação nas alegações finais. O não-
oferecimento das alegações finais equivale à ausência do
ATENÇÃO: Quando se tratar de ação penal pública pedido de condenação.
condicionada à representação, somente cessa-se o
transcurso do prazo decadencial no momento em que há o
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se
oferecimento da representação, seja em juízo, perante a extinguir sem deixar sucessor.
autoridade policial (na delegacia de polícia), ou diante do
representante do Ministério Público.
f) Perempção e Desistência Assim, se a empresa for incorporada por outra ou for
apenas alterada a razão social, poderá haver o
prosseguimento da ação.
Perempção - é a perda do direito de prosseguir na
ação privada, ou seja, a penalidade aplicada ao querelante
em decorrência de sua inércia ou negligência. Desistência da ação - ocorre quando a ação está em
curso, constituindo direito do querelante em face do princí-
pio da disponibilidade, que pode ser exercido de forma ex-
As hipóteses de perempção estão elencadas em um pressa, quando a manifestação se dá por escrito, ou de
rol constante do art. 60 do Código de Processo Penal, que forma tácita, quando o querelante der causa à perempção.
contém quatro incisos:

g) Perdão do Ofendido
Art. 60. Nos casos em que somente se procede
Consiste na revogação do ato praticado pelo
mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
querelante, que desiste do prosseguimento da ação penal,
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de desculpando o ofensor, somente sendo possível na ação
promover o andamento do processo durante 30 (trinta) dias penal privada. Ao contrário da renúncia, o perdão é um ato
seguidos; bilateral, não produzindo efeito se o querelado não o aceita.

Essa hipótese só se aplica quando há algum ato a ser Momento do perdão - O perdão do ofendido pode
praticado pelo querelante, uma vez que ele não é obrigado ser concedido a qualquer tempo (depois do recebimento da
a comparecer mensalmente em juízo apenas para pleitear o ação penal privada exclusiva), contanto que antes do trân-
prosseguimento do feito. Ademais, a perempção é sito em julgado da sentença penal condenatória.
inaplicável quando o fato decorre de força maior, como, por
exemplo, greve dos funcionários do Poder Judiciário.
Perdão processual/extraprocessual - É
processual o perdão quando ocorre mediante petição
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo dirigida ao Juízo. É extraprocessual quando concedida fora
sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir dos autos em declaração assinada por quem de direito.
no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias,
qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o
Perdão expresso/tácito - O perdão expresso deve
disposto no art. 36; constar de declaração assinada pelo próprio ofendido, por
ser representante legal ou procurador com poderes
Nos termos do dispositivo, se o querelante falecer ou especiais. O perdão tácito se dá nas mesmas condições da
for declarado ausente ou, ainda, se for interditado em razão renúncia.
de doença mental, após o início da ação penal, esta somente
poderá prosseguir se, em um prazo de sessenta dias, Indivisibilidade do perdão - Como na renúncia, o
comparecer em juízo, para substituí-lo no pólo ativo da perdão concedido a qualquer dos querelados a todos apro-
ação, seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. veita. Concedido, porém, por um dos ofendidos, não preju-
Assim, sob o prisma da ação penal, a substituição é uma dica o direito dos outros.
condição de prosseguibilidade.
Bilateralidade do perdão - Concedido o perdão,
Veja-se que, nos termos do art. 36 do Código de mediante declaração expressa nos autos, o querelado é in-
Processo Penal, se após a substituição houver desistência timado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo no
por parte do novo querelante, os outros sucessores poderão mesmo ato ser cientificado que seu silencio resultará em
prosseguir na ação. aceitação tácita do perdão oferecido. Aceito o perdão, deve
o juiz declarar extinta a punibilidade. Não aceito, prossegue
a ação em relação àquele que não aceitar.
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem
motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva
estar presente, ou deixar de formular o pedido de
condenação nas alegações finais;

26
04. (FCC-ESCRIVÃO/MA 2006) Na Ação Penal subsidiá-
ria, salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu repre-
sentante legal, decairá do direito de queixa, se não o exercer
dentro do prazo de
(A) 6 (seis) meses, contado do dia em que vier a saber quem
é o autor do crime, por expressa determinação legal.
(B) 6 (seis) meses, contado do dia em que se esgotar o
prazo para o oferecimento da denúncia.
(C) 3 (três) meses, contado do dia em que se esgotar o
prazo para o oferecimento da denúncia.
(D) 3 (três) meses, contado do dia em que vier a saber
quem é o autor do crime, por expressa determinação legal.
QUESTÕES DE CONCURSOS - Ação Penal (E) 6 (seis) meses, contado da consumação do delito e, em
caso de crime tentado, contado da prática do último ato exe-
cutório da infração.
01. (FCC-AG. PENITENCIÁRIO/BA 2010) Sobre a de-
núncia, estabelece o Código de Processo Penal que
(A) dela deve constar, obrigatoriamente, o rol de testemu- 05. (FCC-TJ/AP-2009- ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA
nhas. JUDICIÁRIA) Na ação penal privada subsidiária da pública,
o Ministério Público
(B) o prazo para seu oferecimento, estando o réu preso, é
de quinze dias. (A) pode intervir na prova produzida pelo querelante, mas
não pode produzir prova nova.
(C) o seu oferecimento depende, necessariamente, de pré-
vio inquérito policial. (B) não pode intervir no processo se não aditou a queixa.

(D) trata-se da petição inicial da ação penal pública e em (C) pode aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
nenhuma hipótese poderá ser rejeitada. substitutiva.

(E) após oferecida, e instaurada a ação penal, o Ministério (D) não pode retomar a ação como parte principal, mesmo
Público não poderá dela desistir. que o querelante a abandone, pois já demonstrou ser desi-
dioso.
(E) pode aditar as razões de recurso interposto pelo quere-
02. (FCC-ANALISTA JUD./PI 2009) A decadência, no lante, mas não pode recorrer.
processo penal, como perda do direito de propor a ação pe-
nal, cabe
(A) tanto na ação privada exclusiva como na ação privada 06. (FCC-TJ/PA - 2009 ANALISTA JUDICIÁRIO
subsidiária e na pública condicionada. ÁREA/ESPECIALIDADE DIREITO) Nos crimes de ação
penal pública condicionada, a representação poderá ser re-
(B) somente na ação penal exclusivamente privada. tratada até
(C) somente na ação penal pública condicionada. (A) o interrogatório do réu.
(D) na ação exclusivamente privada e na pública condicio- (B) a instauração do inquérito policial.
nada.
(C) o oferecimento da denúncia.
(E) na ação penal exclusivamente privada e na ação penal
privada subsidiária. (D) a sentença condenatória definitiva.
(E) o trânsito em julgado da sentença condenatória.

03. (FCC-ESCRIVÃO/MA 2006) Se o órgão do Ministério


Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o ar- 07. (FCC-TJ/PA - 2009 ANALISTA JUDICIÁRIO
quivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de ÁREA/ESPECIALIDADE DIREITO) Diante da morte do
informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as ofendido, caso o direito de prosseguir na ação penal privada
razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de in- não seja exercitado dentro de 60 dias, ocorrerá a extinção
formação da punibilidade em decorrência da
(A) ao Procurador Geral que, obrigatoriamente, deverá ofe- (A) perempção.
recer a denúncia ou designará outro órgão do Ministério Pú- (B) prescrição da pretensão punitiva.
blico para oferecê-la.
(C) renúncia.
(B) ao Juiz Corregedor competente que instaurará processo
(D) decadência.
administrativo disciplinar e comunicará o fato ao Procura-
dor-Geral que deverá insistir no pedido de arquivamento. (E) retratação.
(C) ao Presidente do Tribunal de Justiça e este designará
outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá 08. (FCC-TJ/PA - 2009 ANALISTA JUDICIÁRIO
no pedido de arquivamento. ÁREA/ESPECIALIDADE DIREITO) No caso do Promotor
(D) ao Procurador Geral, e este oferecerá a denúncia, desig- de Justiça requerer o arquivamento do inquérito policial por
nará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou entender ausente a justa causa para a instauração da ação
insistirá no pedido de arquivamento. penal, havendo discordância do Juiz, este deverá
(E) ao Presidente do Tribunal de Justiça que comunicará o (A) intimar a vítima para propor ação penal privada.
ocorrido ao Procurador-Geral que, deverá designar outro ór- (B) determinar, de ofício, a devolução do inquérito policial à
gão do Ministério Público para oferecê-la. polícia para novas diligências.

27
(C) nomear outro Promotor de Justiça para ofertar a denún- somente durante o dia, para prisão decorrente de ordem ju-
cia. dicial, com apresentação de mandado.
(D) remeter os autos à consideração do Procurador-Geral de
Justiça. A respeito, dispõe a Constituição Federal em seu art.
(E) remeter ao Presidente do Tribunal de Justiça 5º, XI:
“a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
09. (FCC-TJ/SE - 2009 ANAL. JUD. – ÁREA ADMINIS- podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em
TRATIVA) No que diz respeito ao direito de representação, caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar so-
é correto afirmar: corro, ou, durante o dia, por determinação judicial.”
(A) O prazo para exercício do direito de representação é de
direito material, devendo ser computado o dia do começo e Expedição e requisitos do mandado de prisão: a
excluído o dia final. autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo
(B) Sendo a vítima menor de 18 anos, o direito de represen- mandado, que:
tação passará ao representante do Ministério Público. a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela
(C) Tratando-se de ofendido doente mental, o direito de re- autoridade judicial;
presentação será exercido pelo seu representante legal, po- b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu
rém somente na hipótese de incapacidade absoluta. nome, alcunha ou sinais característicos;
(D) A representação é condição necessária para o início da c) mencionará a infração penal que motivar a prisão;
ação penal, porém é dispensável para a instauração do in- d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando
quérito policial. afiançável a infração;
(E) No caso de morte do ofendido ou quando ausente do e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe
país, o direito de representação poderá ser exercido pelo seu execução.
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Legitimidade para execução do mandado: é


10. (FCC-TRE/PI 2009) A ação penal pública pode ser somente o oficial de justiça, a autoridade policial ou seus
a) promovida somente pelo Ministério Público. agentes. Particulares ou outros funcionários públicos não
b) promovida pelo ofendido ou por seu representante legal. estão autorizados a cumprir ordens de prisão.
c) instaurada por portaria da autoridade policial.
d) instaurada de ofício pelo juiz.  Ressalte-se que qualquer pessoa do povo poderá
prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
e) instaurada por portaria do Secretário da Segurança Pú-
blica.
Cumprimento do mandado de prisão: O mandado
será passado em duplicata, e o executor entregará ao preso,
GABARITO Ação Penal logo depois da prisão, um dos exemplares com declaração
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 do dia, hora e lugar da diligência. Da entrega deverá o preso
E A D B C C A D A A passar recibo no outro exemplar; se recusar, não souber ou
não puder escrever, o fato será mencionado em declaração,
assinada por duas testemunhas.
4. PRISÃO E LIBERDADE PROVISÓRIA
Exibição do mandado: ninguém será recolhido à
prisão, sem que seja exibido o mandado ao respectivo
diretor ou carcereiro, a quem será entregue cópia assinada
5.1 EXECUÇÃO DA PRISÃO
pelo executor ou apresentada a guia expedida pela
autoridade competente, devendo ser passado recibo da
Formas legais da prisão: ninguém poderá ser preso entrega do preso, com declaração de dia e hora.
senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamen-
tada da autoridade judiciária competente. A prisão em fla-
 O recibo poderá ser passado no próprio exemplar
grante delito é decidida pela autoridade policial, com poste-
do mandado, se este for o documento exibido.
rior controle de legalidade pelo juiz. Por sua vez, a ordem
escrita e fundamentada do juiz se dá em decorrência de pri-
são cautelar (prisão preventiva ou temporária) ou em vir- Reprodução do mandado de prisão: para o
tude de condenação criminal transitada em julgado (prisão cumprimento de mandado expedido pela autoridade
pena). judiciária, a autoridade policial poderá expedir tantos outros
quantos necessários às diligências, devendo neles ser
fielmente reproduzido o teor do mandado original.
Momento para a realização da prisão: a prisão po-
derá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, res-
peitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicí- Infração inafiançável: se a infração for inafiançável
lio. (delitos mais graves), a falta de exibição do mandado não
obstará a prisão, e o preso, em tal caso, será imediatamente
apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado, para a
Prisão em residência: o ingresso na residência para
realização de audiência de custódia.
efetuar prisão pode ocorrer em duas situações: a) em qual-
quer momento do dia ou da noite, em caso de flagrante; b)

28
Direitos do preso: o preso será informado de seus Conclusão do mandado de prisão: a prisão em
direitos, nos termos do inciso LXIII do art. 5º da Constitui- virtude de mandado entender-se-á feita desde que o
ção Federal e, caso o autuado não informe o nome de seu executor, fazendo-se conhecer do réu, lhe apresente o
advogado, será comunicado à Defensoria Pública. mandado e o intime a acompanhá-lo.
 CF, art. 5º, LXIII: o preso será informado de seus
direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe Separação de presos provisórios: as pessoas
assegurada a assistência da família e de advogado. presas provisoriamente ficarão separadas das que já
estiverem definitivamente condenadas, nos termos da lei de
Dúvida sobre a identidade do executor ou do execução penal.
preso: havendo dúvidas das autoridades locais sobre a le-
gitimidade da pessoa do executor ou sobre a identidade do Procedimento especial com militares: o militar
preso, ou da legalidade do mandado que apresentar, pode- preso em flagrante delito, após a lavratura dos
rão pôr em custódia o réu, até que fique esclarecida a dú- procedimentos legais, será recolhido a quartel da instituição
vida. a que pertencer, onde ficará preso à disposição das
autoridades competentes.
Captura facilitada: a captura poderá ser requisitada,
à vista de mandado judicial, por qualquer meio de Registro do mandado no CNJ: o juiz competente
comunicação, como fax, e-mail, tomadas pela autoridade, a providenciará o imediato registro do mandado de prisão em
quem se fizer a requisição, as precauções necessárias para banco de dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça
averiguar a autenticidade desta. para essa finalidade.

Resistência à prisão: se houver, pela pessoa detida Mandado com registro no CNJ: qualquer agente po-
ou por terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à licial poderá efetuar a prisão determinada no mandado de
determinada por autoridade competente, o executor e as prisão registrado no Conselho Nacional de Justiça, ainda que
pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios fora da competência territorial do juiz que o expediu.
necessários para defender-se ou para vencer a resistência,
do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas
Mandado sem registro no CNJ: qualquer agente po-
testemunhas.
licial poderá efetuar a prisão decretada, ainda que sem re-
gistro no Conselho Nacional de Justiça, adotando as precau-
Emprego da força: Não será permitido o emprego de ções necessárias para averiguar a autenticidade do man-
força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de dado e comunicando ao juiz que a decretou, devendo este
tentativa de fuga do preso. Trata-se de causa garantidora providenciar, em seguida, o registro do mandado na forma
de um dever legal, significando a possibilidade de, havendo do caput deste artigo.
lesões ou outro tipo de dano ao preso, a autoridade policial
alegue em seu favor, o estrito cumprimento do dever legal.
Prisão em perseguição: se o réu, sendo perseguido,
passar ao território de outro município ou comarca, o
Vedação ao uso de algemas: é vedado o uso de executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o
algemas em mulheres grávidas durante os atos médico- alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade local,
hospitalares preparatórios para a realização do parto e que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante,
durante o trabalho de parto, bem como em mulheres providenciará para a remoção do preso ao local de origem
durante o período de puerpério imediato. da ordem de prisão.

Intimação do morador que acolhe o procurado: Conceito de perseguição: entender-se-á que o


se o executor do mandado verificar, com segurança, que o executor vai em perseguição do réu, quando:
réu entrou ou se encontra em alguma casa, o morador será a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem
intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. interrupção, embora depois o tenha perdido de vista;
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas,
 Se não for obedecido imediatamente, o executor que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual
convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço.
na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o
executor, depois da intimação ao morador, se não for
Prisão em flagrante e crime permanente: autoriza
atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa
a detenção do autor da infração penal, por qualquer pessoa
incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará as portas
e por agente da autoridade, ainda que sem mandado de
e efetuará a prisão.
prisão. Nesse caso, permite-se a invasão do domicílio, onde
se encontra o agente, mesmo durante a noite, por expressa
Flagrante de favorecimento pessoal: o morador autorização constitucional.
que se recusar a entregar o réu oculto em sua casa será
levado à presença da autoridade, para que se proceda a
Comunicação da prisão: a prisão será imediata-
lavratura do auto de prisão em flagrante pelo crime de
mente comunicada ao juiz do local de cumprimento da me-
favorecimento pessoal, capitulado no art. 348 do Código
dida o qual providenciará a certidão extraída do registro do
Penal.
Conselho Nacional de Justiça e informará ao juízo que a de-
cretou.

29
PRISÃO ESPECIAL comunicação (e-mail, telefone, fax), do qual deverá constar
o motivo da prisão, bem como o valor da fiança se arbitrada.
Rol de beneficiados: serão recolhidos a quartéis ou c) Verificação da autenticidade: a autoridade a
a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quem se fizer a requisição tomará as precauções necessá-
quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva: rias para averiguar a autenticidade da comunicação.
I - os ministros de Estado; d) Remoção do preso: o juiz processante (que orde-
nou a prisão) deverá providenciar a remoção do preso no
II - os governadores ou interventores de Estados ou
prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da efetivação da
Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos
medida.
secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os
chefes de Polícia;
III - os membros do Parlamento Nacional, do
Conselho de Economia Nacional e das Assembleias 5.2 PRISÃO EM FLAGRANTE
Legislativas dos Estados;
IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito"; O flagrante é forma de prisão autorizada expressa-
V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos mente pela Constituição Federal (art. 5.º, XI). O flagrado é
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; surpreendido no decorrer da prática da infração ou momen-
VI - os magistrados; tos depois. Inicialmente, funciona como ato administra-
tivo, dispensando autorização judicial. Portanto, apenas se
VII - os diplomados por qualquer das faculdades
converte em ato judicial no momento em que ocorre a sua
superiores da República;
comunicação ao Poder Judiciário, a fim de que seja analisada
VIII - os ministros de confissão religiosa; a legalidade da detenção e adotadas as providências deter-
IX - os ministros do Tribunal de Contas; minadas no art. 310 do CPP.
X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente
a função de jurado, salvo quando excluídos da lista por Espécies de prisão em flagrante:
motivo de incapacidade para o exercício daquela função;
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos
a) Flagrante próprio (ou perfeito, propriamente
Estados e Territórios, ativos e inativos.
dito, verdadeiro ou real): Tem sua previsão legal no ar-
tigo 302, incisos I e II, do Código de Processo Penal. Está
Rol exemplificativo: a lista das pessoas beneficiadas em situação de flagrante verdadeiro aquele que é surpreen-
pela prisão especial constantes do CPP é exemplificativa e dido praticando a infração ou acaba de cometê-la. Nesse
não exaustiva, havendo outros casos previstos em leis caso, o agente é encontrado executando o delito ou imedia-
especiais. tamente após praticá-lo, havendo uma relação de absoluta
imediatidade entre a prática do delito e o momento em que
é surpreendido.
Regras de cumprimento da prisão especial:
a) a prisão especial consiste exclusivamente no
recolhimento em local distinto da prisão comum. b) Flagrante impróprio (também chamado de
imperfeito, quase-flagrante ou irreal): É a situação des-
b) Não havendo estabelecimento específico para o
crita no inciso III, do artigo 302 do Código de Processo Pe-
preso especial, este será recolhido em cela distinta do
nal. Ocorre quando o agente é perseguido (por horas ou até
mesmo estabelecimento.
dias) pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer outra
c) A cela especial poderá consistir em alojamento pessoa logo após a prática do fato delituoso, em situação
coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do que faça presumir ser autor da infração.
ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração,
insolação e condicionamento térmico adequados à
existência humana.  Perseguição ininterrupta, segundo o disposto no
art. 290, § 1.º, a e b, do CPP: ser o agente avistado e per-
d) O preso especial não será transportado juntamente
seguido em seguida à prática do delito, sem interrupção,
com o preso comum.
ainda que se possa perdê-lo de vista por momentos, bem
e) Os demais direitos e deveres do preso especial como ficar-se sabendo, por indícios ou informações confiá-
serão os mesmos do preso comum. veis, que o autor passou, há pouco tempo, em determinado
local, dirigindo-se a outro, sendo, então, perseguido.
Militares: os inferiores e praças de pré (integrantes
das Forças Armadas e Polícia Militar não oficiais), onde for c) Flagrante presumido (assimilado, ficto): Pre-
possível, serão recolhidos à prisão, em estabelecimentos visto no inciso IV do art. 302 do CPP, aqui o agente é en-
militares, de acordo com os respectivos regulamentos. contrado logo depois da prática delituosa com instrumentos,
objetos, armas ou qualquer coisa que faça presumir ser ele
REGRAS PARA PRISÃO POR PRECATÓRIA: o autor da infração, sendo desnecessária a existência de
perseguição. Três, portanto, são os elementos desse fla-
a) Expedição de carta precatória: quando o acu- grante: a) encontrar o agente (atividade), b) logo depois
sado estiver no território nacional, fora da jurisdição do juiz (temporal), c) presunção de autoria, com armas ou objetos
processante, será deprecada a sua prisão (pedida ao juiz do crime.
onde estiver o acusado), devendo constar da precatória o
inteiro teor do mandado.
b) Requisição por qualquer meio: havendo urgên-
cia, o juiz poderá requisitar a prisão por qualquer meio de

30
Sujeito ativo da prisão em flagrante: No tocante c) Diplomatas estrangeiros: Não podem ser presos em
ao sujeito ativo, o flagrante classifica-se como facultativo ou flagrante delito em decorrência de tratados e convenções
obrigatório (art. 301 do CPP). internacionais;

 Flagrante facultativo: representa a possibilidade d) Agente que presta socorro à vítima após acidente
de qualquer do povo efetuar a prisão daquele que está pra- de trânsito: Não está sujeito à prisão em flagrante, por força
ticando o delito ou esteja em outra situação legítima de fla- do disposto no art. 302 do CTB;
grante. Trata-se de hipótese de exercício regular do direito,
atribuindo a faculdade de qualquer pessoa dar voz de prisão
e) Indivíduo que se apresenta espontaneamente à au-
àquele que pratica (ou praticou) a infração penal. A situação
toridade: Inexistindo flagrante por apresentação, não se im-
está regulada no artigo 301, primeira parte, do Código de
põe a prisão em flagrante ao indivíduo que se apresenta de
Processo Penal.
modo espontâneo à autoridade competente após o cometi-
mento da infração penal;
 Flagrante obrigatório (compulsório ou coerci-
tivo): consiste na atuação compulsória, das autoridades po-
f) Autor de infração de menor potencial ofensivo: Não
liciais e seus agentes, enfim, agentes públicos ligados às
se imporá prisão em flagrante nem se exigirá fiança a quem,
forças policiais, tais como policiais civis, militares, federais,
a despeito de ter sido flagrado na prática dessa ordem de
rodoviários etc., para prender aquele que está em situação
delito, após a lavratura do respectivo termo, for imediata-
de flagrante delito, consoante se depreende da parte final
mente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso
do artigo 301 do Código de Processo Penal. Tais agentes tem
de a ele comparecer (art. 69, parágrafo único da Lei
o dever legal de efetuar a prisão daquele que está prati-
9099/95).
cando (ou praticou) a infração penal, em estrito cumpri-
mento do dever legal.
g) Indivíduo flagrado na posse de drogas para con-
sumo pessoal: “Não se imporá prisão em flagrante, devendo
Autoridade com atribuição para lavrar o auto de
o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo
prisão em flagrante: Como regra, incumbirá a lavratura
competente ou, na falta deste, assumir o compromisso de a
do auto de prisão em flagrante à autoridade policial do local
ele comparecer” (Lei 11.343/2006, art. 48, § 2.º).
onde for realizada a prisão, a qual não será, necessaria-
mente, a do lugar em que foi perpetrada a infração penal.
Assim, é possível a lavratura do auto de prisão em flagrante Prisão somente em crime inafiançável: Algumas
em lugar diverso de onde ocorreu o crime. Exemplo: o indi- pessoas, pela sua própria condição ou pela função que exer-
víduo cometeu latrocínio em Fortaleza. Perseguido, vem a cem, recebem tratamento especial, embora possam ser pre-
ser preso na circunscrição de Quixadá. À autoridade policial sas em flagrante: é o caso dos Magistrados, membros do
de Quixadá é que deverá ser apresentado o flagrado, para Ministério Público e membros do Congresso Nacional, que
fins de lavratura do auto de prisão em flagrante, devendo, somente podem ser presos em flagrante pela prática de
em seguida, o preso ser transferido para Comarca de Forta- crime inafiançável.
leza, onde responderá pelo crime.

Flagrante em crimes permanentes: Crimes per-


ATENÇÃO: Não havendo autoridade policial no local manentes são aqueles em que a consumação se prolonga
da prisão (por exemplo, lugares distantes, interioranos), o no tempo. Nesses casos, “entende-se o agente em flagrante
preso deverá ser apresentado à do lugar mais próximo. delito enquanto não cessar a permanência” (art. 303 do
CPP). Exemplo: cárcere privado, posse ilegal de arma de
fogo.
Sujeito passivo da prisão em flagrante: Sujeitos
passivos do flagrante são, em princípio, todos aqueles que
forem surpreendidos em quaisquer das situações menciona- Flagrante esperado: Ocorre quando terceiros (poli-
das no art. 302 do CPP. ciais ou particulares) dirigem-se ao local onde irá ocorrer o
crime e aguardam a sua execução. É o caso de campanas
realizadas pelos policiais que, após informações sobre o
Não podem ser presos em flagrante: algumas ca-
crime, aguardam o início da sua execução no local, com a
tegorias de pessoas, pela sua própria condição ou pela fun-
finalidade de prender o criminoso em flagrante. A jurispru-
ção que exercem, não devem ser presas em flagrante:
dência tem decidido pela validade do flagrante esperado.

a) Menor de 18 anos: Se menor de 12 anos (criança)


Flagrante prorrogado (retardado, diferido ou
jamais estará sujeita à privação da liberdade em razão da
por ação controlada): Quando, mediante autorização ju-
prática de ato infracional. Se tem 12 completos e menos de
dicial, o agente policial retarda o momento da sua interven-
18 (adolescente) é possível sua apreensão - não prisão - em
ção, para um momento futuro, mais eficaz e oportuno para
flagrante de ato infracional, caso em que deverá ser apre-
o colhimento das provas ou por conveniência da investiga-
sentado imediatamente à autoridade policial;
ção.

b) Presidente da República: Somente pode ser preso


Flagrante nas infrações de menor potencial
pela prática de crime comum após sentença condenatória
ofensivo: Surpreendido o agente em situação de flagrância
(CF, art. 86, § 3º);
de infração considerada como de menor potencial ofensivo
(contravenções penais e crimes com pena máxima de até 2
anos, cumulada ou não com multa), será ele capturado e
apresentado ao Delegado de Polícia. Concordando ele em

31
comparecer ao juizado especial criminal quando encami- 1ª) Apresentado o preso à autoridade policial compe-
nhado pela autoridade policial ou assumindo o compromisso tente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua as-
de fazê-lo, não será lavrado o auto de prisão em flagrante, sinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de en-
mas tão somente o termo circunstanciado (TCO) correspon- trega do preso;
dente à infração cometida, podendo ser liberado inconti-
nenti.
2ª) Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas
que o acompanharem, colhidas as assinaturas;
ATENÇÃO: Se, porém, o autor recusar-se ao compa-
recimento imediato ao Juizado Especial ou a subscrever o
3ª) Na sequencia, será procedido o interrogatório do
termo de compromisso de comparecer à sua sede quando
preso sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, sua as-
determinado, deverá a autoridade policial proceder normal-
sinatura;
mente à lavratura do auto de prisão em flagrante.

4ª) Por fim, a autoridade policial lavra o respectivo


Flagrante no interior da residência: O STF julgou,
Auto de Prisão em Flagrante.
com repercussão geral reconhecida que “a entrada forçada
em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em
período noturno, quando amparada em fundadas razões, Recolhimento à prisão: Resultando das respostas
devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade man-
dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena dará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou
de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou
autoridade e de nulidade dos atos praticados”. processo, se para isso for competente; se não o for, enviará
os autos à autoridade que o seja.
Flagrantes preparado e forjado
Comunicações da prisão: a prisão de qualquer pes-
soa e o local onde se encontre serão comunicados imediata-
a) Flagrante preparado: Também denominado
mente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família
como provocado, crime de ensaio ou delito putativo é con-
do preso ou à pessoa por ele indicada.
siderado, em regra, ilegal. Ocorre quando o agente é insti-
gado a praticar o delito, não sabendo que está sob a vigi-
lância atenta da autoridade ou de terceiros, que só aguar-  Se o autuado não estiver acompanhado nem indicar
dam o início dos atos de execução para realizar o flagrante, advogado, será comunicada, também, a Defensoria Pública,
caracterizando verdadeiro crime impossível. em 24 horas.

 Súmula 145 do STF: “Não há crime quando a pre- Remessa do auto de prisão em flagrante ao juiz:
paração do flagrante pela polícia torna impossível a sua con- Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão,
sumação”. será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em
flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu ad-
vogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
MUITA ATENÇÃO - Exceções: A Lei 13.964/19
acrescentou o § 2º ao artigo 17 da Lei 10.826/03 (Lei de
Armas) e o inciso IV ao § 1º do artigo 33 da Lei 11.343/06 Nota de culpa: É o documento informativo oficial,
(Lei de Drogas) legitimando o chamado flagrante preparado, assinado pela autoridade policial, dirigido ao indiciado, que
ou provocado. lhe faz a comunicação do motivo de sua prisão, o nome da
Nos referidos dispositivos foram incluídos os tipos pe- pessoa que o prendeu (condutor) e os das testemunhas pre-
nais consistentes em vender ou entregar arma de fogo, senciais. Deve ser entregue ao preso em 24 horas, mediante
acessório ou munição, ou drogas sem autorização ou em recibo.
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a
agente policial disfarçado, quando presentes elementos pro- Falta de testemunhas do fato criminoso: A falta
batórios razoáveis de conduta criminal preexistente. de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão
em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão
b) Flagrante forjado (fabricado, armado): Con- assiná-lo pelo menos duas pessoas (testemunhas de apre-
siste em uma situação falsa de flagrante criada para incri- sentação) que hajam testemunhado a apresentação do
minar alguém inocente. É uma modalidade ilícita do fla- preso à autoridade.
grante, onde o único infrator é o agente forjador, que pratica
o crime de denunciação caluniosa (art. 339 CP), e sendo Impossibilidade de assinatura do indiciado:
agente público, também abuso de autoridade (Lei nº Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não
13.869/2019). Ex: A polícia, sem mandado judicial, invade puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado
casa de suspeito objetivando a apreensão de objetos que o por duas testemunhas (de leitura), que tenham ouvido sua
incriminem. Nada encontrando, procura legalizar sua ação leitura na presença deste.
plantando e logo em seguida encontrando determinada
quantidade de droga dentro do armário do morador, que,
então, é preso em flagrante delito.  Testemunhas de leitura: são pessoas distintas da-
quelas que acompanharam os fatos ou a apresentação do
indiciado à autoridade policial, pois servem, unicamente,
ETAPAS DA LAVRATURA DO FLAGRANTE (NESSA para atestar que as declarações ali colhidas foram, de fato,
ORDEM): prestadas pelo preso.

32
oportunamente, ao Poder Judiciário, reservando-se ao juiz a
Escrivão ad hoc: Na falta ou no impedimento do es- análise quanto à potencial presença destas excludentes na
crivão (funcionário público encarregado da lavratura do conduta do flagrado.
auto), qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o
auto, depois de prestado o compromisso legal. Impedimento à liberdade provisória: Se o juiz ve-
rificar que o agente é reincidente ou que integra organização
Delito na presença da autoridade: Quando o fato criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de
for praticado em presença da autoridade judiciária, ou con- uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou
tra esta, no exercício de suas funções, constarão do auto a sem medidas cautelares.
narração deste fato, a voz de prisão, os depoimentos das
testemunhas, as declarações que fizer o preso, sendo tudo Anulação da prisão em flagrante: o uso indevido
assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas. ou desnecessário de algemas durante a prisão poderá gerar
a nulidade do flagrante e apuração da responsabilidade do
 Logo em seguida, o auto será remetido imediata- agente (civil e penal) e do Estado (civil), conforme dispõe a
mente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato Súmula Vinculante nº 11 do STF:
delituoso, se não o for a autoridade que houver presidido o
auto. Uso de algemas - Súmula Vinculante nº 11 do STF:
Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e
Inexistência de autoridade no local da prisão: de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade
Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado física própria ou alheia, por parte do preso ou de ter-
a prisão, o preso será logo apresentado à do lugar mais pró- ceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob
ximo. pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou
do ato processual a que se refere, sem prejuízo da
Audiência de custódia - Após receber o auto de pri- responsabilidade civil do Estado.
são em flagrante, no prazo máximo de até 24 horas após a
realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de
custódia com a presença do acusado, seu advogado consti-
tuído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Mi- 5.3 PRISÃO PREVENTIVA (ARTS. 311 A 316)
nistério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, funda-
mentadamente (art. 310, CPP):
A prisão preventiva pode ser definida como uma es-
I - relaxar a prisão ilegal, expedindo alvará de soltura; pécie de prisão cautelar decretada durante a fase de inves-
tigação policial ou no curso da ação penal, quando presentes
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, indícios de autoria e materialidade do delito, e ainda de pe-
quando presentes os requisitos legais e se revelarem inade- rigo gerado pelo estado de liberdade do imputado, bem
quadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da como se fizer necessária para a garantia da ordem pública,
prisão; assegurar a aplicação da lei penal, por conveniência da ins-
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fi- trução processual ou, ainda, quando houver dúvida sobre a
ança. identidade civil da pessoa.

Não realização da audiência de custódia em 24


ATENÇÃO: A Constituição Federal, em seu art. 5º, in-
horas – consequências:
ciso LXI, legitima a prisão preventiva, dispondo que “nin-
a) Responsabilidade: A autoridade que deu causa, sem guém será preso senão em flagrante delito ou por ordem
motivação idônea, responderá administrativa, civil e penal- escrita e fundamentada de autoridade judiciária compe-
mente pela omissão. tente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime pro-
b) Ilegalidade da prisão: A não realização de audiên- priamente militar, definidos em lei”.
cia de custódia sem motivação idônea ensejará também a
ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade com-
Competência: a prisão preventiva somente poderá
petente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decreta-
ser decretada pelo JUIZ, excluindo, por conseguinte, o Mi-
ção de prisão preventiva.
nistério Público, o delegado de polícia ou qualquer outra au-
toridade não judiciária.
Presença de excludente de ilicitude: Se o juiz ve-
rificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente pra- Momento da decretação: pode ser decretada a pri-
ticou o fato em estado de necessidade, legítima defesa, são preventiva em qualquer fase da investigação policial ou
exercício regular de direito ou estrito cumprimento do dever do processo penal.
legal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado li-
berdade provisória, mediante termo de comparecimento
obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de revo- Provocação: a prisão preventiva apenas será decre-
gação. tada a requerimento do Ministério Público, do querelante ou
do assistente, ou por representação da autoridade policial.

 Ressalte-se que é possível que, mesmo diante da


eventual presença de excludentes de ilicitude, tenha o ATENÇÃO: O juiz não poderá, de regra, decretar a pri-
agente recebido voz de prisão, sendo lavrado o respectivo são preventiva “de ofício”, ou seja, por sua própria iniciativa.
auto de prisão em flagrante e encaminhado este,

33
PRESSUPOSTOS SIMULTÂNEOS: A prisão preven- Fundamentação qualificada - A decisão que decre-
tiva somente poderá ser decretada quando houver (parte tar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada
final do art. 312 do CPP): em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou
contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida ado-
tada.
a) Prova da existência do crime - é a materiali-
dade, isto é, a certeza de que ocorreu uma infração penal,
não se determinando o recolhimento cautelar de uma pes- CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE (REQUISI-
soa, presumidamente inocente, quando há séria dúvida TOS LEGAIS)
quanto à própria existência de evento típico. Será admitida a decretação da prisão preventiva, pre-
sentes os seguintes requisitos (alternativos e não cumulati-
b) Indício suficiente de autoria - trata-se da sus- vos) – art. 313 do CPP:
peita fundada de que o indiciado ou réu é o autor da infração
penal. Não é exigida prova plena da culpa, pois isso é inviá- I - Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de
vel num juízo meramente cautelar, muito antes do julga- liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
mento de mérito.

II - Se tiver sido condenado por outro crime doloso,


c) Perigo gerado pelo estado de liberdade do im- em sentença transitada em julgado (reincidência), salvo se
putado – se refere ao risco que o agente em liberdade entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infra-
possa criar à garantia da ordem pública, da ordem econô- ção posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5
mica, da conveniência da instrução criminal e para a apli- anos – depuração;
cação da lei penal.

III - Se o crime envolver violência doméstica e fami-


 Os dois primeiros pressupostos são conhecidos por liar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo
fumus commissi delicti (fumaça da prática de um fato) e o ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das me-
último por periculum libertatis (perigo na liberdade do didas protetivas de urgência;
agente).

IV - Preventiva utilitária para identificação: também


FUNDAMENTOS ALTERNATIVOS: Segundo o art. será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida so-
312 do CPP, a prisão preventiva poderá ser decretada: bre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer
elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso
a) Como garantia da ordem pública – representa a ser colocado imediatamente em liberdade após a identifica-
paz e a tranquilidade no meio social. Desse modo, aquele ção (art. 313, § 1º).
indivíduo inveterado na vida do crime acaba por abalar
essa paz social, o que justifica a restrição da sua liberdade Inadmissibilidade da preventiva - Não será admi-
de maneira cautelar, em face de indícios de que o imputado tida a decretação da prisão preventiva:
voltará a delinquir se permanecer em liberdade.
a) Com a finalidade de antecipação de cumprimento
de pena ou como decorrência imediata de investigação cri-
b) Como garantia da ordem econômica – possibilita a minal ou da apresentação ou recebimento de denúncia.
prisão do agente caso haja risco de reiteração delituosa em b) Se o juiz verificar pelas provas constantes dos au-
relação a infrações penais que perturbem o livre exercício tos ter o agente praticado o fato sob a proteção de algumas
de qualquer atividade econômica, com abuso do poder eco- das excludentes de ilicitude (estado de necessidade, legí-
nômico, objetivando a dominação dos mercados, a elimina- tima defesa, estrito cumprimento de dever legal e exercício
ção da concorrência e o aumento arbitrário dos lucros (CF, regular de direito).
art. 173, § 4º).

Fundamentação da prisão preventiva: A decisão


c) Por conveniência da instrução criminal – visa impe- que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será
dir que o agente perturbe ou impeça a produção de provas, sempre motivada e fundamentada, sob pena de nulidade.
impedindo que o agente comprometa de qualquer maneira
a busca da verdade.
 Essa obrigação do juiz, de emitir, sempre, decisões
motivadas é imposta pela Constituição (art. 93, IX, CF), es-
d) Para assegurar a aplicação da lei penal - deve ser pecialmente a que determina a prisão de alguém (art. 5.º,
decretada quando o agente demonstrar que pretende fugir LXI, CF).
do distrito da culpa, inviabilizando a futura execução da
pena.
Justificação da preventiva: Na motivação da
decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra
e) Descumprimento de medidas cautelares - A prisão cautelar, o juiz deverá indicar concretamente a existência
preventiva também poderá ser decretada em caso de des- de fatos novos ou contemporâneos (recentes) que
cumprimento de qualquer das obrigações impostas pelo juiz, justifiquem a aplicação da medida adotada.
por força de outras medidas cautelares diversas da prisão
(art. 312, § 1º).
Fundamentos considerados inválidos para de-
cretação da prisão preventiva: Não se considera

34
fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela partir da substituição da prisão preventiva em determinados
interlocutória, sentença ou acórdão, que: casos taxativamente relacionados em lei.

I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase ATENÇÃO: A prisão domiciliar constitui faculdade do


de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou juiz – e não direito subjetivo do acusado, devendo o juiz,
a questão decidida; para a substituição, exigir prova idônea dos requisitos le-
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem gais.
explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar Hipóteses de cabimento da substituição da pri-
qualquer outra decisão; são preventiva por prisão domiciliar - poderá o juiz
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada agente for:
pelo julgador;
V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de I - maior de 80 (oitenta) anos;
súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes II - extremamente debilitado por motivo de doença
nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta grave;
àqueles fundamentos;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência;
jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem
IV – gestante;
demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento
ou a superação do entendimento. V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade
incompletos;
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cui-
Revogação e nova decretação da prisão preven-
dados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos.
tiva: O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar
a prisão preventiva se, no correr da investigação ou do pro-
cesso, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem Requisitos para substituição da prisão preven-
como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a tiva por domiciliar da mulher - A prisão preventiva im-
justifiquem. posta à mulher será substituída por prisão domiciliar, desde
que:
ATENÇÃO: Observar que, nessa hipótese de revoga- I – esteja gestante ou seja mãe ou responsável por
ção e nova decretação, o juiz poderá agir de ofício ou por crianças ou pessoas com deficiência;
provocação das partes. II - não tenha cometido crime com violência ou grave
ameaça a pessoa;
Prazo indeterminado: a preventiva é decretada III - não tenha cometido o crime contra seu filho ou
com prazo indeterminado, ou seja, subsistem enquanto per- dependente.
durarem os requisitos que ensejaram a sua adoção. Com
efeito, cessadas as razões que a justificam, serão judicial- ATENÇÃO: Em qualquer caso, a substituição da pri-
mente revogadas, atendendo-se a cláusula rebus sic stanti- são preventiva pela domiciliar não afasta a aplicação conco-
bus, é dizer, persistem enquanto o estado das coisas justi- mitante das medidas alternativas previstas no art. 319 do
ficar, pautando-se pela estrita necessidade. CPP.

Revisão periódica da prisão preventiva (Art.  Medidas alternativas diversas da prisão pre-
316, CPP): Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão vistas no art. 319, CPP: comparecimento periódico em ju-
emissor da decisão (juiz ou tribunal) revisar a necessidade ízo, proibição de frequentar determinados lugares, proibição
de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante de- de contatos com determinadas pessoas, proibição de ausen-
cisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão tar-se da comarca, recolhimento domiciliar à noite e nas fol-
ilegal. gas, suspensão do exercício de função pública ou atividade
 Importante ressaltar que o juiz, nessa hipótese, econômica/financeira, internação provisória se inimputável
agirá por dever de ofício, independente de manifestação das ou semi-imputável, fiança e monitoração eletrônica.
partes.

5.4. LIBERDADE PROVISÓRIA


IMPORTANTE: Acerca da interpretação do artigo 316
do CPP, cuja redação foi alterada pela lei "anticrime" (Lei nº
13.964/2019), os ministros do STF fixaram uma tese: Conceito – é a liberdade concedida ao indiciado ou
"A inobservância do prazo nonagesimal do artigo 316, do réu, preso em flagrante que, por não necessitar ficar de logo
CPP, não implica automática revogação da prisão preven- preso, em razão do princípio da presunção de inocência,
tiva, devendo o juiz competente ser instado a reavaliar a deve ser liberado sob determinadas condições, para
legalidade e a atualidade dos seus fundamentos." respondeu ao processo.

Prisão domiciliar: A prisão domiciliar consiste no re- Caráter subsidiário da prisão - Por ser a prisão
colhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só aplicável somente quando se apresentar extremamente
podendo dela ausentar-se com autorização judicial. Surge a necessária, dispõe o art. 321 do CPP que “ausentes os
requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva,

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o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou
o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 do CP”. militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático;
Espécies de Liberdade Provisória: Existem três
espécies de liberdade provisória, quais sejam: IV - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado
fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo
justo, qualquer das obrigações impostas ao afiançado;
a) Obrigatória: trata-se de direito incondicional do
infrator, que ficará em liberdade, mesmo tendo sido
surpreendido em flagrante, ou seja, vai livrar-se solto, não V - em caso de prisão civil ou militar;
se submetendo a nenhuma obrigação para fazer jus a tal
direito;
VI - quando presentes os motivos que autorizam a
decretação da prisão preventiva.
b) Permitida: é admitida quando não estiverem
presentes os requisitos de decretação da preventiva, e
Valor da fiança: O valor da fiança será fixado pela au-
quando a lei não vedar expressamente.
toridade que a conceder (juiz ou delegado), nos seguintes
limites:
c) Vedada: é vedada quando couber prisão
preventiva e nas hipóteses em que a lei estabelecer
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se
expressamente a proibição de liberdade.
tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, no grau
máximo, não for superior a 4 (quatro) anos;
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos,
FIANÇA quando o máximo da pena privativa de liberdade cominada
for superior a 4 (quatro) anos.

Conceito: é a caução destinada a garantir o


cumprimento das obrigações processuais do réu. É um Dispensa/redução/elevação: Se assim recomendar
direito subjetivo constitucional do acusado, podendo ser a situação econômica do preso, a fiança poderá ser:
prestada pelo acusado ou por terceiro em seu favor.
I – dispensada totalmente;
Competência para conceder fiança: II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou
III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes.
a) Autoridade policial: nos casos de infração cuja
pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 Critérios de determinação do valor da fiança: Para
(quatro) anos. Recusando ou retardando a autoridade determinar o valor da fiança, a autoridade terá em
policial a concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele, consideração:
poderá prestá-la, mediante simples petição, perante o juiz
competente, que decidirá em 48 horas.
a) a natureza da infração;
b) as condições pessoais de fortuna;
b) Juiz: Nos demais casos, a fiança será requerida ao
juiz, que decidirá em 48 horas. c) a vida pregressa do acusado;
d) as circunstâncias indicativas de sua periculosidade;
Atenção: Em caso de prisão em flagrante, será e) a importância provável das custas do processo, até
competente para conceder a fiança a autoridade que presidir final julgamento.
ao respectivo auto, e, em caso de prisão por mandado, o
juiz que o houver expedido, ou a autoridade judiciária ou Pagamento da fiança: O valor em que consistir a
policial a quem tiver sido requisitada a prisão. fiança será recolhido à repartição arrecadadora federal ou
estadual, ou entregue ao depositário público, juntando-se
Momento de concessão da fiança: A fiança poderá aos autos os respectivos conhecimentos.
ser prestada desde a prisão em flagrante até enquanto não
transitar em julgado a sentença condenatória. Atenção: Nos lugares em que o depósito não se puder
fazer de pronto, o valor será entregue ao escrivão ou pessoa
Proibição da concessão de fiança: Não será abonada, a critério da autoridade, e dentro de três dias dar-
concedida fiança: se-á ao valor o destino legal, tudo constando do termo de
fiança.

I - nos crimes de racismo;


Vista ao Ministério Público: Depois de prestada a
fiança, que será concedida independentemente de audiência
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes do Ministério Público, este terá vista do processo a fim de
e drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes requerer o que julgar conveniente.
hediondos;

36
Obrigações do afiançado: A fiança tomada por  Será também cassada a fiança quando reconhecida a
termo obrigará o réu afiançado, sob pena de quebramento: existência de delito inafiançável, no caso de inovação na
classificação do delito.
a) comparecer perante a autoridade, todas as vezes
que for intimado para atos do inquérito e da instrução Reforço da fiança: Será exigido o reforço da fiança,
criminal e para o julgamento; sob pena de ser tornada sem efeito e o réu recolhido à
b) proibição de mudar de residência, sem prévia prisão:
permissão da autoridade processante;
c) ausentar-se por mais de 8 dias de sua residência, I - quando a autoridade tomar, por engano, fiança
sem comunicar ao juiz o lugar onde será encontrado. insuficiente;
II - quando houver depreciação material ou
Termo de fiança: O réu e quem prestar a fiança perecimento dos bens hipotecados ou caucionados, ou
serão pelo escrivão notificados das obrigações e das sanções depreciação dos metais ou pedras preciosas;
pelo descumprimento, o que constará dos autos. III - quando for inovada a classificação do delito.

Livro de fiança: Nos juízos criminais e delegacias de Quebramento da fiança: Julgar-se-á quebrada a fiança
polícia, haverá um livro especial, com termos de abertura e quando o acusado:
de encerramento, numerado e rubricado em todas as suas
folhas pela autoridade, destinado especialmente aos termos
I - regularmente intimado para ato do processo, deixar
de fiança. O termo será lavrado pelo escrivão e assinado
de comparecer, sem motivo justo;
pela autoridade e por quem prestar a fiança, e dele extrair-
se-á certidão para juntar-se aos autos. II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao
andamento do processo;
III - descumprir medida cautelar imposta
Objeto da fiança: A fiança, que será sempre
cumulativamente com a fiança;
definitiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras,
objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pública, IV - resistir injustificadamente a ordem judicial;
federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca inscrita em V - praticar nova infração penal dolosa.
primeiro lugar.

Restauração da fiança: Se vier a ser reformado o


Avaliação do objeto da fiança: A avaliação de julgamento em que se declarou quebrada a fiança, esta
imóvel, ou de pedras, objetos ou metais preciosos será feita subsistirá em todos os seus efeitos
imediatamente por perito nomeado pela autoridade. Quando
a fiança consistir em caução de títulos da dívida pública, o
valor será determinado pela sua cotação em Bolsa, e, sendo Consequências do quebramento da fiança: O
nominativos, exigir-se-á prova de que se acham livres de quebramento injustificado da fiança importará na perda de
ônus. metade do seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a
imposição de outras medidas cautelares ou, se for o caso, a
decretação da prisão preventiva.
Execução da hipoteca: Nos casos em que a fiança
tiver sido prestada por meio de hipoteca, a execução será
promovida no juízo cível pelo órgão do Ministério Público. Perdimento do valor da fiança: Entender-se-á
perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, condenado, o
acusado não se apresentar para o início do cumprimento da
Fiança em valores diversos de dinheiro: Se a pena definitivamente imposta. Nesse caso, o valor da fiança,
fiança consistir em pedras, objetos ou metais preciosos, o deduzidas as custas e mais encargos a que o acusado estiver
juiz determinará a venda por leiloeiro ou corretor. obrigado, será recolhido ao fundo penitenciário, na forma da
lei.
Destinação do valor da fiança: O dinheiro ou objetos
dados como fiança servirão ao pagamento das custas, da Restituição da fiança: Não ocorrendo a quebra, o
indenização do dano, da prestação pecuniária e da multa, se saldo será entregue a quem houver prestado a fiança,
o réu for condenado, ainda no caso da prescrição depois da depois de deduzidos os encargos a que o réu estiver
sentença condenatória. obrigado.

Restituição do valor da fiança: Se a fiança for Liberdade provisória sem fiança: Nos casos em
declarada sem efeito ou passar em julgado sentença que que couber fiança, o juiz, verificando a situação econômica
houver absolvido o acusado ou declarada extinta a ação do preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória,
penal, o valor da finca, atualizado, será restituído sem sujeitando-o às obrigações impostas e a outras medidas
desconto, salvo ocorrendo a prescrição depois da sentença cautelares, se for o caso.
condenatória.
 Se o beneficiado descumprir, sem motivo justo,
Cassação da fiança: A fiança que se reconheça não ser qualquer das obrigações ou medidas impostas, poderá o juiz
cabível na espécie será cassada em qualquer fase do substituir a medida por outra mais severa, aplicar mais uma
processo. medida em cumulação ou ainda, decretar a prisão
preventiva.

37
b) da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá cons-
tar a informação sobre a existência de filhos, respectivas
idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o con-
tato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, in-
dicado pela pessoa presa.
c) o auto de prisão em flagrante deve ser comunicado ao
juiz competente em até 48 horas após a realização da pri-
são.
d) a pessoa que for encontrada, logo depois, com instru-
mentos e objetos que façam presumir ser ele o autor do
crime, a autoridade policial deve representar pela prisão
preventiva, pois o flagrante delito já se esvaiu no tempo.
e) a falta de testemunhas do crime impede a realização do
auto de prisão em flagrante.

QUESTÕES DE CONCURSO – PRISÃO EM FLAGRANTE


05. (2017 – IBADE - PC-AC - Agente de Polícia Civil) A prisão
de qualquer pessoa deve ser comunicada e encaminhada a
01. (2017 – FEPESE - PC-SC - Agente de Polícia Civil) Está cópia do auto de prisão:
em flagrante delito aquele que: a) à família do preso no prazo de 72 horas.
1. está cometendo a infração penal. b) ao Ministério Público no prazo de 48 horas.
2. acaba de cometê-la. c) ao Chefe de Polícia no prazo de 24 horas.
3. é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido d) quando o preso não tiver advogado, à defensoria Pública
ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser no prazo de 24 horas.
autor da infração.
e) ao Juiz no prazo de 48 horas.
4. é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas,
objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da
infração. 06. (2016 – CESPE - PC-GO) Agente de Polícia Substituto)
Assinale a alternativa que indica todos os itens corretos. José subtraiu o carro de Ana mediante grave ameaça exer-
cida com arma de fogo. Após a prática do ato, ele fugiu do
a) São corretos apenas os itens 1, 2 e 3. local dirigindo o veículo em alta velocidade, mas foi perse-
b) São corretos apenas os itens 1, 2 e 4. guido por outros condutores que passavam pela via e aten-
c) São corretos apenas os itens 1, 3 e 4. deram ao pedido de ajuda da vítima.
d) São corretos apenas os itens 2, 3 e 4. A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta.
e) São corretos os itens 1, 2, 3 e 4. a) Uma vez preso em flagrante, José deverá ser conduzido
até autoridade policial, que lavrará o auto de prisão e entre-
gará a nota de culpa no prazo máximo de quarenta e oito
02. (2016 – CESPE - PC-GO - Escrivão de Polícia Substituto) horas.
A situação em que um indivíduo é preso em flagrante delito
b) José poderá ser preso em flagrante pelo roubo enquanto
por ser surpreendido logo após cometer um homicídio ca-
estiver na posse do veículo de Ana, independentemente do
racteriza um
lapso temporal transcorrido.
a) flagrante presumido.
c) A interrupção da perseguição de José descaracteriza o
b) flagrante impróprio. flagrante impróprio, embora José possa ser preso se encon-
c) flagrante assimilado. trado, em seguida, com o objeto do crime e em situação
d) flagrante próprio. pela qual se presuma ser ele o autor do fato.
e) quase-flagrante. d) Caso seja preso em flagrante, José deverá ser informado
de suas garantias constitucionais e de seu direito de perma-
necer calado e de estar acompanhado por advogado, bem
03. (2014 – Aroeira - PC-TO - Escrivão de Polícia Civil) Dis- como terá direito ao acesso à identificação completa do res-
põe o Código de Processo Penal que, quando o conduzido se ponsável por sua prisão e da vítima do fato.
recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto
e) Embora a perseguição realizada por pessoas da sociedade
de prisão em flagrante será assinado
civil seja importante para as investigações porque propicia
a) por qualquer pessoa designada pela autoridade policial. a recuperação do veículo e a identificação do autor do fato,
b) pelo escrivão de polícia, tendo em vista sua fé pública esse tipo de perseguição não caracteriza situação de fla-
c) por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na grância.
presença deste
d) pelo condutor, que procedeu à apresentação do condu- 07. (2016 – FUNCAB - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil) A
zido à autoridade policial. prisão em flagrante consiste em medida restritiva de liber-
dade de natureza cautelar e processual. Em relação às es-
pécies de flagrante, assinale a alternativa correta.
04. (2017 – FCC - PC-AP - Agente de Polícia) Sobre a prisão
em flagrante é correto afirmar que a) Flagrante preparado é a possibilidade que a polícia possui
de retardar a realização da prisão em flagrante, para obter
a) inexiste dever da autoridade policial comunicar a prisão à
maiores dados e informações a respeito do funcionamento,
família do preso, constituindo mera liberalidade quando re-
componentes e atuação de uma organização criminosa.
alizada.

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b) Flagrante presumido consiste na hipótese em que o ser anulada, sem prejuízo da responsabilidade da autoridade
agente concluiu a infração penal, ou é interrompido pela policial.
chegada de terceiros, mas sem ser preso no local do delito, c) O delegado de polícia está autorizado a fazer uso de al-
pois consegue fugir, fazendo com que haja perseguição por gemas, pois a brutalidade do crime, por si só, justificaria a
parte da polícia, da vítima ou de qualquer pessoa do povo. medida.
c) Flagrante impróprio refere-se ao caso em que a polícia se d) O delegado de polícia deve preferencialmente fazer uso
utiliza de um agente provocador, induzindo ou instigando o de algemas nesse caso, pois a imprensa noticiará a imagem
autor a praticar um determinado delito, para descobrir a real da prisão da autora e passará uma mensagem positiva à
autoridade e materialidade de outro. população de que o crime não compensa.
d) Flagrante próprio constitui-se na situação do agente que,
logo depois, da prática do crime, embora não tenha sido
10. (2014 – ACAFE - PC-SC - Agente de Polícia) De acordo
perseguido, é encontrado portando instrumentos, armas,
com o Código de Processo Penal, analise as afirmações a
objetos ou papéis que demonstrem, por presunção, ser ele
seguir e assinale a alternativa correta.
o autor da infração.
I - Considera-se em flagrante delito quem é perseguido, logo
e) Flagrante esperado é a hipótese viável de autorizar a pri-
após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pes-
são em flagrante e a constituição válida do crime. Não há
soa, em situação que faça presumir ser autor da infração.
agente provocador, mas simplesmente chega à polícia a no-
tícia de que um crime será cometido, deslocando agentes II - Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou
para o local, aguardando-se a ocorrência do delito, para re- não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assi-
alizara prisão. nado por três testemunhas que tenham presenciado o inter-
rogatório.
III - Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá
08. (2015 – VUNESP - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de
esta o condutor e as testemunhas que o acompanharam e
1a Classe) No tocante à prisão em flagrante delito, é correto
interrogará o acusado sobre a imputação que lhe é feita,
afirmar que
lavrando-se auto, que será por todos assinado.
a) na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa
IV - A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto
designada pela autoridade lavrará o auto, depois de pres-
de prisão em flagrante, mas, nesse caso, com o condutor,
tado o compromisso legal.
deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam tes-
b) não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetu- temunha do a apresentação do preso à autoridade.
ado a prisão, qualquer pessoa designada pela autoridade la-
a) Apenas I e IV estão corretas.
vrará o auto, depois de prestado o compromisso legal.
b) Apenas I, II e III estão corretas.
c) a falta de testemunhas da infração não impedirá o auto
de prisão em flagrante, mas, nesse caso, com o condutor, c) Apenas II e III estão corretas.
deverão assiná-lo pelo menos uma pessoa que haja teste- d) Apenas III e IV estão corretas.
munhado a apresentação do preso à autoridade. e) Todas as afirmações estão corretas.
d) a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
deverão ser comunicados imediatamente ao juiz compe-
tente, ao Ministério Público, à família do preso ou à pessoa 11. (2018 – FUNDATEC - PC-RS - Escrivão e de Inspetor de
por ele indicada e à Defensoria Pública. Polícia - Tarde) Após realizarem o roubo dos malotes de di-
nheiro de um carro forte na cidade de Uruguaiana, os inte-
e) apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá grantes de um grupo criminoso fortemente armado dirigi-
esta o condutor e as testemunhas que o acompanharam e ram-se, em fuga, para a cidade de São Luiz Gonzaga, por
interrogará o acusado sobre a imputação que lhe é feita, ser ali a sua base operacional. Imediatamente iniciada a
lavrando-se auto que será por todos assinado perseguição ao grupo, todos os seus membros foram presos
em flagrante, cerca de duas horas depois, já no território da
09. (2014 – IBFC - PC-SE - Agente de Polícia Judiciária - cidade de São Borja. De imediato, a autoridade responsável
Substituto) Suponha que determinada mulher acaba de to- pela prisão se dirigiu à Delegacia de Polícia de São Borja,
mar ciência de que o seu marido a está traindo. Impelida com a finalidade de apresentar os presos em flagrante e
por uma forte emoção, a esposa resolve atentar contra a para a tomada das providências cabíveis pelo Delegado de
vida do marido. Para tanto, desfere um tiro contra ele en- Polícia local. Diante disso, é correto afirmar que:
quanto este dormia e foge do local. Nesse momento, um a) Em razão de o Código de Processo Penal fixar o juízo da
vizinho, que acabara de escutar o disparo, chama a polícia Comarca de Uruguaiana como o competente para a análise
e a autoridade policial imediatamente se dirige até o local do auto de prisão em flagrante, todas as pessoas presas de-
do fato. No local do homicídio, o delegado de polícia colhe verão ser encaminhadas para aquela Comarca, a fim de que
algumas informações preliminares e se dirige até onde su- a autoridade de polícia lavre, se assim o entender, o respec-
postamente a autora se encontraria. Ao chegar no destino tivo auto.
indicado encontra a autora chorando e desolada, não ofere- b) O Delegado de Polícia, por estar vinculado aos mesmos
cendo resistência à prisão. Imediatamente, a imprensa se critérios de competência estabelecidos pelo Código de Pro-
dirige ao local e passa a acompanhar o desfecho da ocor- cesso Penal aos Juízes de Direito, deverá se recusar a lavrar
rência. A respeito do caso hipotético, assinale a alternativa o auto de prisão em flagrante, pois o juízo competente para
correta: o futuro processo criminal é o da Comarca de Uruguaiana.
a) O delegado de polícia deve imediatamente se dirigir ao c) O Delegado de Polícia, por estar vinculado aos mesmos
juiz de plantão, pois somente este pode autorizar a prisão critérios de competência estabelecidos pela Constituição Fe-
em flagrante da autora mediante ordem escrita e fundamen- deral aos Juízes de Direito, deverá se recusar a lavrar o auto
tada. de prisão em flagrante, pois o juízo competente para o fu-
b) Caso o delegado de polícia faça uso de algemas sem que turo processo criminal é o da Comarca de Uruguaiana.
a autora ofereça resistência, a prisão em flagrante poderá

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d) Os integrantes do grupo deverão ser apresentados, ime- 14. (2013 – FDRH - PC-RS - Escrivão e Inspetor de Polícia)
diatamente, à autoridade de São Borja, que, depois de la- Com relação à prisão em flagrante, assinale a alternativa
vrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará a INCORRETA .
remoção dos presos. a) A polícia judiciária não poderá lavrar auto de prisão em
e) Os integrantes do grupo deverão ser apresentados, ime- flagrante na situação que envolver indivíduo flagrado trans-
diatamente, à autoridade de São Luiz Gonzaga, por ser ali a portando, para consumo pessoal, cocaína, mesmo que este
base operacional dos criminosos, devendo a autoridade po- não assuma o compromisso de comparecer ao Juizado Es-
licial, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, pecial Criminal.
providenciar a remoção dos presos. b) Inexistindo testemunhas que tenham presenciado a prá-
tica da infração penal, não poderá ser lavrado o auto de pri-
12. (2014 – IBFC - PC-SE - Agente de Polícia Judiciária - são em flagrante.
Substituto) Suponha que J.A., adolescente que já praticou c) Se o preso não informar o nome de seu advogado, cópia
diversos atos infracionais, convide Pedro, maior de idade e do auto de prisão em flagrante deverá ser remetida para a
primário, para juntos praticarem um furto a residência. A Defensoria Pública.
dupla combina que o adolescente ingressará no imóvel e d) Deverá ser entregue ao preso, em até 24 horas após a
efetuará a subtração dos pertences, enquanto Pedro ficará prisão, a nota de culpa, documento que lhe informa o motivo
dando cobertura e vigiando o local. Na oportunidade, ambos da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas.
são surpreendidos com a chegada da polícia militar, que os
e) A prisão e o local onde se encontra o preso deverão ser
detém e encaminha até a presença do Delegado de Polícia.
comunicados ao magistrado competente, ao Ministério Pú-
A respeito dos crimes praticados por Pedro, e com base na
blico e ao familiar do autuado ou à pessoa por ele indicada.
Lei n° 12.830/13, pode-se dizer que:

15. (2013 – FDRH - PC-RS - Escrivão e Inspetor de Polícia)


a) Pedro não deverá ser preso em flagrante, pois o autor
Com relação à prisão em flagrante, assinale a alternativa
intelectual do furto é o adolescente, sendo o maior de idade
INCORRETA .
mera pessoa interposta com mínima participação.
a) A polícia judiciária não poderá lavrar auto de prisão em
b) Pedro deverá ser preso em flagrante pelo crime de furto
flagrante na situação que envolver indivíduo flagrado trans-
à residência qualificado pelo concurso de agentes, não con-
portando, para consumo pessoal, cocaína, mesmo que este
figurando o crime de corrupção de menores, uma vez que
não assuma o compromisso de comparecer ao Juizado Es-
Pedro é primário e o adolescente é um infrator habitual.
pecial Criminal.
c) Pedro deverá ser preso em flagrante pelo crime de furto
b) Inexistindo testemunhas que tenham presenciado a prá-
à residência qualificado pelo concurso de agentes, sendo
tica da infração penal, não poderá ser lavrado o auto de pri-
que somente haverá o crime de corrupção de menores caso
são em flagrante.
a Autoridade Policial colha elementos materiais que compro-
vem efetiva corrupção do menor. c) Se o preso não informar o nome de seu advogado, cópia
do auto de prisão em flagrante deverá ser remetida para a
d) Pedro deverá ser preso em flagrante pelo crime de furto
Defensoria Pública.
à residência qualificado pelo concurso de agentes e pelo
crime de corrupção de menores, pois este último independe d) Deverá ser entregue ao preso, em até 24 horas após a
da efetiva corrupção do menor. prisão, a nota de culpa, documento que lhe informa o motivo
da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas.
e) A prisão e o local onde se encontra o preso deverão ser
13. (2014 – VUNESP - PC-SP - Investigador de Polícia) Um
comunicados ao magistrado competente, ao Ministério Pú-
estabelecimento comercial foi roubado, sendo subtraídos
blico e ao familiar do autuado ou à pessoa por ele indicada.
vários objetos de valor. A viatura de um Investigador de Po-
lícia, que passava pelo local, foi acionada por populares que
presenciaram o roubo e relataram o ocorrido. Após algumas 16. (2013 – FUNCAB - PC-ES - Escrivão de Polícia) Quanto
horas, durante o trabalho de investigação policial, em dili- à prisão em flagrante, é correto afirmar:
gência nas proximidades do local do fato, o investigador sur- a) Ao receber o auto de prisão em flagrante, o Juiz deverá
preende um cidadão com a arma do crime e com vários ob- fundamentadamente conceder liberdade provisória, com ou
jetos roubados, sendo este ainda reconhecido pelas vítimas. sem fiança, no caso de prisão ilegal.
Diante dessa situação, assinale a alternativa correta. b) Apresentado o preso ao Delegado de Polícia, ouvirá este
a) Não é possível a prisão em flagrante, pois o criminoso o condutor e as testemunhas que o acompanharam e inter-
não foi surpreendido no momento e no local da prática do rogará o acusado sobre a imputação que lhe é feita, la-
crime. vrando-se auto, que será por todos assinados.
b) É possível a prisão em flagrante, porém apenas por de- c) A falta de testemunhas da infração impedirá o auto de
terminação do juiz competente. prisão em flagrante.
c) O cidadão somente poderá ser preso preventivamente d) Na falta ou no impedimento do Escrivão, não se poderá
pela autoridade policial ou judiciária, não se admitindo a pri- designar outra pessoa como Escrivão para a lavratura do
são em flagrante. auto, haja vista ser função personalíssima.
d) Há possibilidade de prisão em flagrante em razão de o e) Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou
cidadão ter sido encontrado, logo depois, com a arma e ob- não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assi-
jetos que faziam presumir ser ele autor da infração. nado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura
e) O investigador deverá acionar a Polícia Militar, pois so- na presença deste.
mente esta poderá efetuar a prisão em flagrante.
17. (2013 – UEG - PC-GO - Agente de Polícia) A prisão em
flagrante, segundo o Código de Processo Penal

40
a) deve ser relaxada quando o juiz, fundamentadamente,
considerá-la ilegal. 21. (2015 - FUNIVERSA - PC-DF - Delegado de Polícia) Con-
b) deverá ser executada por qualquer do povo, desde que a sidera-se flagrante diferido o(a)
autoridade policial não a execute. a) modalidade de flagrante proibida pela legislação proces-
c) será decretada pelo juiz para garantia da ordem pública sual penal brasileira, em que a autoridade policial, tendo no-
ou para a instrução processual. tícia da prática de futura infração, coloca-se estrategica-
d) terá prazo de 10 dias, quando, então, o juiz deverá con- mente de modo a impedir a consumação do crime.
vertê-la em prisão temporária. b) obtido a partir de uma provocação do agente criminoso
para controlar a ação delituosa e evitar o crime, com base
na política criminal hodierna.
18. (2013 – VUNESP - PC-SP - Investigador de Polícia) Con-
sidera-se em flagrante delito: c) realizado em momento imediatamente após a prática do
crime, se o agente for encontrado com instrumentos, armas,
a) o agente que é surpreendido com instrumentos, armas,
objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da
objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da in-
infração.
fração, em qualquer momento da investigação.
d) ação policial de monitoramento e controle das ações cri-
b) o agente que é investigado pela prática da infração penal
minosas desenvolvidas, transferindo-se o flagrante para
no momento em que a autoridade policial consegue reunir
momento de maior visibilidade das responsabilidades pe-
as provas de ter sido ele o autor do crime.
nais.
c) o agente das infrações permanentes, enquanto não ces-
e) lavrado quando o agente é perseguido, logo após o crime,
sar a permanência.
pela autoridade policial, pelo ofendido ou por qualquer pes-
d) o agente que foge após a prática da infração penal en- soa em situação que indique ser ele o autor da infração.
quanto não for capturado.
e) o agente que é surpreendido na fase dos atos preparató-
22. (2012 – FGV - - Senado Federal - Policial Legislativo
rios da infração penal.
Federal) A respeito da prisão em flagrante, assinale a alter-
nativa correta.
19. (2012 – FGV - PC-MA - Escrivão de Polícia) Sobre a pri- a) Não havendo autoridade policial no local em que se con-
são em flagrante, analise as afirmativas a seguir. sumou a infração penal, o acusado será imediatamente
I. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em fla- apresentado ao juízo competente.
grante delito enquanto não cessar a permanência. b) É ilícita a prisão efetuada em razão do cometimento de
II. O flagrante esperado é considerado lícito pela jurispru- crime no qual a autoridade, por meio de um elemento pro-
dência amplamente majoritária dos Tribunais Superiores. vocador, dá ensejo à prática criminosa de terceiros que, au-
III.A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto sente tal circunstância, não cometeriam o delito.
de prisão em flagrante. Nesse caso, bastará a assinatura do c) Considera-se em flagrante delito quem é encontrado, a
condutor. qualquer momento, com instrumentos, armas, objetos ou
papéis que façam presumir ser ele o autor da infração.
Assinale; d) Inexistindo testemunhas do fato criminoso, a autoridade
a) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. policial não poderá lavrar o auto de prisão em flagrante.

b) se somente a afirmativa I estiver correta. e) É ilícita a prisão efetuada em razão de flagrante esperado,
ou seja, aquele no qual a autoridade policial tem ciência de
c) se somente a afirmativa III estiver correta. que a infração possivelmente irá ocorrer e, então, aguarda
d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. a sua consumação para prender o autor do fato.
e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
23. (2010 – ACAFE - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil) Se-
20. (2012 – NUCEPE - PC-PI - Agente de Polícia) Acerca da gundo o Código de Processo Penal brasileiro, não se acha
prisão em flagrante delito, assinale a alternativa correta. em flagrante delito quem:
a) De acordo com as alterações havidas no Código de Pro- a) acaba de cometer a infração penal.
cesso Penal pela Lei nº 12.403/2011, a autoridade policial b) é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido
não pode mais prender em flagrante delito sem prévia or- ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser
dem judicial de prisão. autor da infração.
b) De acordo com o que dispõe o Código de Processo Penal, c) é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, ob-
mesmo depois das alterações ditadas pela Lei nº jetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infra-
12.403/2011, qualquer do povo pode, e a autoridade policial ção.
deve prender em flagrante delito. d) independentemente de perseguição prévia, é encontrado,
c) A Lei nº 12.403/2011 aboliu a prisão em flagrante do em qualquer momento após a infração penal, pela autori-
texto do Código de Processo Penal. dade, na posse de objeto material ou de produto do crime.
d) De acordo com as alterações ditadas pela Lei nº
12.403/2011 ao texto do Código de Processo Penal, so- 24. (2010 – ACAFE - PC-SC - Agente de Polícia) Assinale a
mente se admite prisão em flagrante delito para crimes im- alternativa correta que completa o enunciado a seguir:
prescritíveis.
Segundo o Código de Processo Penal brasileiro, nas infra-
e) Não é possível efetuar a prisão em flagrante delito de ções permanentes (...)
criminoso que, perseguido, consegue ultrapassar o território
do Estado onde praticara o crime. a) é vedada a prisão em flagrante do agente após a cessação
da permanência.

41
b) entende-se o agente em flagrante delito enquanto não e) IV e V.
cessar a permanência.
c) é permitida a prisão em flagrante do agente somente 27. (2009 – CESPE - PC-RN - Escrivão de Polícia Civil) Con-
quando se apurar que ele é vadio ou, havendo dúvida sobre siderando que um indivíduo seja surpreendido no momento
a sua identidade, não fornecer ou não indicar elementos em que tentava estuprar sua enteada de 10 anos de idade,
para esclarecê-la. assinale a opção correta.
d) é vedada a prisão em flagrante do agente. a) A autoridade policial não pode instaurar o IP de ofício,
tendo em vista que se trata de crime de ação penal pública
25. (2009 – FUNRIO – PRF - Policial Rodoviário Federal) Mo- condicionada à representação da vítima.
torista, cujo carro fora roubado em rodovia federal, dirige- b) O indivíduo em questão pode ser preso em flagrante de-
se imediatamente ao Posto da Polícia Rodoviária Federal lito e, no momento da lavratura do auto de prisão em fla-
mais próximo e relata o fato. O agente policial registra a grante, deve estar acompanhado de seu advogado ou de um
ocorrência e alerta, pelo rádio, todos os policiais rodoviários defensor público para assegurar o direito à ampla defesa e
federais que patrulham aquela rodovia. Vinte minutos de- ao devido processo legal.
pois, dois policiais interceptam o veículo roubado, que es- c) Caso não seja entregue ao mencionado indivíduo a nota
tava sendo conduzido por um homem cuja descrição coin- de culpa no prazo previsto em lei, a prisão em flagrante pode
cide com a que fora feita pela vítima. Considerando essa ser relaxada em face da ilegalidade, o que prejudica a ação
narrativa, assinale a resposta correta. penal.
a) Os policiais devem apreender o carro roubado e efetuar d) Na hipótese de o citado indivíduo ser solto na fase do IP,
a prisão em flagrante do suspeito, pois a hipótese é de fla- pode ser decretada sua prisão temporária durante a ação
grante próprio. penal para facilitar a produção de provas.
b) Os policiais devem apreender o carro roubado, mas não e) O arquivamento do IP é de competência do juiz, a reque-
podem conduzir o suspeito ao posto, pois só haveria fla- rimento do membro do MP, e não impede seu desarquiva-
grante se ele tivesse sido surpreendido no momento em que mento sempre que surgirem novas provas contra o referido
estava cometendo o crime. indivíduo.
c) Os policiais devem apreender o carro roubado e efetuar a
prisão do suspeito para averiguação, a qual terá o prazo
máximo de quarenta e oito horas. 28. (2008 - PC-RJ - PC-RJ - Inspetor de Polícia) As alterna-
tivas a seguir completam corretamente o fragmento a se-
d) Os policiais devem apreender o carro roubado e apresen- guir, à exceção de uma. Assinale-a.
tar imediatamente o suspeito ao juiz de plantão, para ser
interrogado. Considera-se em flagrante delito quem...

e) Os policiais devem apreender o carro roubado e efetuar a) está cometendo a infração penal.
a prisão em flagrante do suspeito, pois a hipótese é de fla- b) acaba de cometer a infração penal.
grante presumido. c) é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido
ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser
autor da infração.
26. (2009 – CESPE - PC-RN - Escrivão de Polícia Civil)
Acerca do instituto da prisão, julgue os itens a seguir, tendo d) é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, ob-
como base o CPP e a CF. jetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infra-
ção.
I - A prisão pode ser efetuada em qualquer dia e a qualquer
hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do e) é apontado por qualquer pessoa do povo como autor de
domicílio. crime infamante.
II - Considera-se em flagrante delito a pessoa que, logo após
cometer uma infração penal, é perseguida ininterrupta- 29. (2008 - PC-RJ - PC-RJ - Inspetor de Polícia) Nas situa-
mente pela autoridade, ainda que esta permaneça no en- ções apresentadas a seguir é imposta prisão em flagrante,
calço do perseguido por indícios e informações fidedignas de à exceção de uma. Assinale-a.
populares acerca de sua direção.
a) nas infrações de menor potencial ofensivo, ao agente que
III - A prisão de quem está em flagrante delito porque co- se recusar a comparecer ao juizado especial criminal quando
meteu crime dentro do domicílio somente pode ser efetuada intimado
durante o dia, com mandado judicial ou mediante consenti-
b) nos crimes de trânsito ao condutor de veículo, nos casos
mento do morador.
de acidentes de trânsito de que resulte vítima, se o agente
IV - A prisão de qualquer pessoa, as circunstâncias do fato prestar pronto e integral socorro àquela
e o local onde se encontre serão comunicados imediata-
c) ao agente do crime de extorsão mediante seqüestro que
mente ao juiz competente, à família do preso, ao advogado
se comprometer a delatar os comparsas da prática crimi-
e à Defensoria Pública.
nosa
V - As infrações penais permanentes e habituais não admi-
d) ao agente que alterar o aspecto ou estrutura de edificação
tem prisão em flagrante delito.
ou local especialmente protegido por lei, em razão de seu
valor ecológico sem autorização da autoridade competente
Estão certos apenas os itens
e) ao agente do crime de estelionato que se propuser a re-
a) I e II. parar o dano causado posteriormente
b) I e III.
c) II e IV. 30. (2008 – CESPE – PRF - Policial Rodoviário Federal) Jul-
d) III e V. gue os itens a seguir, relativos à prisão em flagrante.

42
I - A prisão em flagrante tem natureza administrativa, mas, a) Apenas I e IV.
uma vez mantida e homologado o auto de prisão em fla- b) Apenas II e III.
grante pelo juiz, ela assume natureza jurisdicional.
c) Apenas I, II e III.
II - Ocorre o chamado quase-flagrante quando, tendo o
d) Apenas I, II e IV.
agente concluído os atos de execução do crime e se posto
em fuga, inicia-se ininterrupta perseguição, até que ocorra e) I, II, III e IV.
a prisão.
III - Não há crime e, portanto, o agente não pode ser preso, 02. (2018 – CESPE - PC-MA - Escrivão de Polícia) A prisão
quando a preparação do flagrante pela polícia torna impos- preventiva poderá ser decretada
sível a consumação desse crime. a) quando os indícios de autoria e prova da materialidade
IV - Ocorre flagrante forjado quando o fato típico não foi forem insuficientes para assegurar a aplicação da lei penal.
praticado, sendo simulado pela autoridade policial com o ob- b) nos crimes de violência doméstica e familiar contra o
jetivo direto de incriminar alguém. Nesse caso, há absoluta idoso, para assegurar a execução de medidas protetivas de
ilegalidade e o responsável pelo ato responderá penal e ad- urgência.
ministrativamente pela própria conduta.
c) em qualquer fase do inquérito policial, mediante ato da
V - Flagrante retardado é aquele no qual a polícia tem a autoridade policial.
faculdade de retardar a prisão em flagrante, visando obter
maiores informações a respeito da ação dos criminosos. d) quando o agente for reincidente específico, por sentença
transitada em julgado, em crime culposo, dentro do período
depurador.
A quantidade de itens certos é igual a
e) nos crimes dolosos punidos com pena máxima inferior a
a) 1. quatro anos.
b) 2.
c) 3. 03. (2017 – FEPESE - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil) É
d) 4. correto afirmar sobre a prisão preventiva.
e) 5. a) Durante a fase de investigação policial a prisão preventiva
somente poderá ser decretada para garantia da ordem pú-
blica.
GABARITO – PRISÃO EM FLAGRANTE
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 b) Quando houver prova da existência do crime e indício su-
E D C B D C E A B A ficiente de autoria, a autoridade policial poderá converter a
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 prisão em flagrante em prisão preventiva.
D D D B B E A C D B c) A prisão preventiva somente poderá ser decretada a pe-
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 dido do Ministério Público quando necessária para a identifi-
D B D A E A E E B E cação civil do acusado.
d) A decisão que denegar a prisão preventiva será sempre
motivada.

QUESTÕES DE CONCURSOS – PRISAO PREVENTIVA e) A prisão preventiva, quando decretada para assegurar a
aplicação da lei penal, dispensa motivação.

01. (2018 – FUNDATEC - DPE-SC - Técnico Administrativo)


04. (2017 – IBFC - TJ-PE - Analista Judiciário - Função Ju-
De acordo com o Código de Processo Penal, analise as se-
diciária) Sobre a prisão cautelar no Direito Processual Penal
guintes assertivas:
brasileiro, analise os itens a seguir:

I. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus


I. A prisão preventiva não possui prazo determinado, po-
agentes deverão prender quem quer que seja encontrado
dendo ser decretada somente mediante representação da
em flagrante delito.
autoridade policial ou requerimento do Ministério Público,
II. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo nos casos em que se fizer necessária para garantia da ordem
penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de pública, ordem econômica, conveniência da instrução crimi-
ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Mi- nal e assegurar a aplicação da lei penal.
nistério Público, do querelante ou do assistente, ou por re-
II. A prisão temporária poderá ser decretada unicamente
presentação da autoridade policial.
quando for imprescindível para as investigações do inquérito
III. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será policial e existindo fundadas razões de autoria e participação
processado ou julgado sem defensor. do indiciado em crimes hediondos.
IV. Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garan- III. Uma das espécies da prisão em flagrante é chamada de
tirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o “presumido”, sendo conceituada como a restrição da liber-
seu defensor; se realizado por videoconferência, fica tam- dade de locomoção quando o agente é encontrado, logo de-
bém garantido o acesso a canais telefônicos reservados para pois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que fa-
comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o çam presumir ser ele o autor do crime.
advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre
IV. O sujeito ativo da prisão em flagrante sempre será a
este e o preso.
autoridade pública militar incumbida das tarefas de polícia
ostensiva.
Quais estão corretas?
Assinale a alternativa correta.

43
a) Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liber-
a) I e II são corretos dade máxima superior a quatro anos.
b) II e III são corretos b) Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra
a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa
c) Apenas III é correto
com deficiência, para garantir a execução das medidas pro-
d) I e IV são corretos tetivas de urgência.
e) I, II, III e IV são incorretos c) Nos crimes dolosos apenados com reclusão.
d) Quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa
05. (2017 – CESPE - TRE-BA - Analista Judiciário – Área ou quando esta não fornecer elementos suficientes para es-
Judiciária) Define-se prisão preventiva como clarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em
a) providência adotada pela autoridade policial ou judicial liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese reco-
para privar de liberdade o acusado ou o indiciado se houver mendar a manutenção da medida.
dúvida sobre a autoria do crime.
b) remédio constitucional utilizado para privar da liberdade 09. (2017 – IBADE - SEJUDH – MT - Agente Penitenciário -
aquele que for condenado por sentença transitada em jul- Masculino/Feminino) Poderá o juiz substituir a prisão pre-
gado. ventiva pela domiciliar quando o agente for:
c) espécie de prisão cautelar que pode ser decretada de ofí- a) portador de doença infecciosa.
cio pelo delegado se houver prova da materialidade do crime b) gestante a partir ao 7° (sétimo) mês de gravidez ou
e confissão do indiciado. sendo esta de alto risco.
d) medida processual de privação da liberdade do acusado c) imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor
ou do indiciado para impedir que ele cometa novos crimes de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência.
ou embarace as investigações policiais ou judicial.
d) mulher com filho de até 10 (dez) anos de idade incom-
e) instrumento judicial de privação da liberdade a ser ado- pletos.
tada nos casos de cometimento de crimes com grande cla-
e) maior de 50 (cinquenta) anos. independente da saúde.
mor público e repercussão social.

10. (2016 – COMPERVE - Câmara de Natal – RN - Guarda


06. (2017 – IBADE - PC-AC - Agente de Polícia Civil) Sobre
Legislativo) A prisão preventiva é um instrumento do Poder
o tema prisão preventiva assinale a alternativa correta.
Cautelar do Magistrado utilizado durante a instrução proces-
a) Não será permitido o emprego de força, salvo a indispen- sual, podendo ser aplicado tanto na fase de inquérito policial
sável no caso de resistência, de tentativa de fuga do preso, quanto já na ação penal. Em ambas as circunstâncias devem
dos reincidentes e dos presos de alta periculosidade por te- ser atendidos os pressupostos legais para a sua decretação.
rem passado pelo regime disciplinar diferenciado. O Código de Processo Penal, ao tratar do assunto, determina
b) O mandado de prisão, na ausência do juiz, poderá ser que
lavrado e assinado pelo escrivão, ad referendum do juiz. a) a prisão preventiva poderá ser decretada como garantia
c) O mandado de prisão mencionará a infração penal e ne- da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência
cessariamente a quantidade da pena privativa e de multa, da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei
bem como eventual pena pecuniária. penal, quando houver prova da existência do crime e indício
d) A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qual- suficiente de autoria.
quer hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabili- b) a prisão preventiva será decretada nos crimes a que for
dade do domicílio. cominada pena de reclusão por tempo, no máximo, igual ou
e) A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respec- superior a dez anos.
tivo mandado, salvo quando, por questão de urgência, nos c) a prisão preventiva decretada pelo juiz caberá, em qual-
crimes inafiançáveis, poderá a prisão ocorrer por ordem ver- quer fase da investigação policial ou do processo penal, se
bal do juiz. no curso da ação penal, a requerimento do Ministério Pú-
blico, do querelante ou do assistente, ou por representação
da autoridade policial.
07. (2017 – CONSULPLAN - TRF - 2ª REGIÃO - Analista Ju-
diciário - Área Judiciária) Poderá o juiz substituir a prisão d) a prisão preventiva poderá ser decretada nos crimes afi-
preventiva pela domiciliar quando o agente for: ançáveis, quando se apurar, no processo, que o indiciado é
vadio ou quando, havendo dúvida sobre a sua identidade,
a) Maior de 70 anos. não fornecer ou indicar elementos suficientes para escla-
b) Imprescindível aos cuidados de pessoa menor de 7 anos recê-la.
de idade.
c) Gestante, apenas a partir do 7º mês de gravidez ou sendo 11. (2016 – CESPE - PC-PE - Escrivão de Polícia) A prisão
esta de alto risco. preventiva pode ser decretada se houver indícios suficientes
d) Homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do da autoria e prova da existência do crime e se for necessá-
filho de até doze anos de idade incompletos. ria, por exemplo, para assegurar a aplicação da lei penal.
Presentes esses requisitos, a prisão preventiva será admi-
tida
08. (2017 – CONSULPLAN - TRF - 2ª REGIÃO - Técnico Ju-
diciário) Será admitida a decretação da prisão preventiva a) ainda que configurada alguma excludente de ilicitude.
desde presentes os requisitos, fundamentos e condições de b) de ofício, pelo juiz, durante a fase de investigação policial.
admissibilidade. NÃO se refere a uma condição de admissi- c) se o agente for acusado da prática de crime doloso e tiver
bilidade para decretação da prisão preventiva: sido condenado pela prática de outro crime doloso em sen-
tença transitada em julgado menos de cinco anos antes.

44
d) em caso de acusação pela prática de crimes culposos e c) A prisão preventiva, por sua natureza cautelar, somente
preterdolosos punidos com pena privativa de liberdade má- poderá ser decretada pela autoridade judiciária uma única
xima superior a quatro anos. vez.
e) em qualquer circunstância se o crime envolver violência d) Em nenhuma hipótese a autoridade policial poderá lavrar
doméstica e familiar contra a mulher. o auto de prisão em flagrante se não houver testemunhas
da infração praticada.
12. (2016 – FGV - MPE-RJ - Técnico do Ministério Público) e) Prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou
Tem em curso, perante Promotoria de Investigação Crimi- acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se
nal, inquérito policial instaurado para apurar a prática do com autorização judicial e será concedida ao preso maior de
crime de receptação qualificada (art. 180, §1º - pena: 03 a sessenta anos que tenha praticado crime contra a Adminis-
08 anos de reclusão e multa). Antes da denúncia, o Ministé- tração Pública.
rio Público formula apenas requerimento de busca e apre-
ensão, encaminhando os autos ao juízo e solicitando que, 15. (2015 – IESES - TRE-MA - Analista Judiciário - Judiciá-
após decisão, sejam encaminhados para Delegacia para ria) A respeito das prisões cautelares, pode-se afirmar:
prosseguimento das investigações. Ao analisar o pedido, o
a) O preso em flagrante será informado de seus direitos
juiz defere o requerimento ministerial de busca e apreensão
constitucionais e, caso não informe o nome de seu advo-
e, ainda, decreta a prisão preventiva do indiciado. De acordo
gado, será comunicado, imediatamente, o Promotor de Jus-
com o Código de Processo Penal, a decisão do juiz foi:
tiça da Comarca.
a) incorreta, pois não cabe, em hipótese alguma, prisão pre-
b) Poderá o Juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar
ventiva decretada de ofício no processo penal;
quando o agente for maior de 70 anos ou extremamente
b) válida, pois o juiz pode, a qualquer momento das inves- debilitado por motivo de doença grave.
tigações ou da ação penal, decretar a prisão preventiva do
c) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
indiciado/acusado de ofício;
serão comunicados ao Juiz competente, ao Ministério Pú-
c) incorreta, pois a pena prevista ao delito não admite a de- blico em até 24 horas da data da prisão.
cretação de prisão preventiva, já que o crime foi praticado
d) A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia
sem violência;
da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência
d) incorreta, pois decretada de ofício no curso das investi- da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei
gações e não no curso de ação penal; penal, quando houver prova da existência do crime e indício
e) válida, pois no momento em que o Ministério Público for- suficiente de autoria. Poderá, também, ser decretada em
mulou requerimento de busca e apreensão, a decisão do caso de descumprimento de qualquer das obrigações impos-
magistrado de decretar a prisão não é considerada de ofício. tas por força de outras medidas cautelares.

13. (2015 – FCC - DPE-RR - Oficial de Diligência) A prisão 16. (2015 - CAIP-IMES - Prefeitura de Rio Grande da Serra
preventiva – SP - Procurador) O Código de Processo Penal autoriza a
a) somente pode ser decretada no curso do inquérito poli- decretação da prisão preventiva na seguinte hipótese:
cial. a) se o crime envolver violência doméstica e familiar contra
b) somente é admissível para os crimes punidos com deten- a mulher, para garantir a execução das medidas protetivas
ção. de urgência.
c) é admissível sem exibição de mandado judicial, desde que b) nos crimes culposos punidos com pena privativa de liber-
se trate de infração punida com pena privativa de liberdade dade máxima superior a 2 (dois) anos.
máxima superior a quatro anos. c) se o crime envolver violência culposa ou dolosa contra
d) pode ser decretada para assegurar a aplicação da lei pe- criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com defici-
nal, quando houver suspeita de existência do crime e da au- ência.
toria. d) nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liber-
e) pode ser decretada por conveniência da instrução crimi- dade mínima superior a 2 (dois) anos.
nal, quando houver prova da existência do crime e indício
suficiente de autoria. 17. (2015 – FUNIVERSA - PC-DF - Perito Médico-Legista)
Acerca da prisão preventiva, assinale a alternativa correta.
14. (2015 – FUNCAB - PC-AC - Perito Criminal) Acerca das a) Exige-se prova concludente da autoria delitiva para que
prisões em flagrante, preventiva e domiciliar, assinale a al- seja decretada a prisão preventiva.
ternativa correta. b) A imposição da prisão preventiva tem por pressuposto a
a) O agente somente poderá ser preso em flagrante delito presença de prova da materialidade do crime e dos indícios
no prazo de vinte e quatro horas a contar do momento da de autoria.
prática da infração penal, sendo certo que a autoridade po- c) Em caso de prática de crime hediondo, é obrigatória a
licial contará com igual prazo para comunicar a prisão ao prisão preventiva.
juiz competente, ao Ministério Público, a Defensoria Pública
d) Primariedade, bons antecedentes e residência fixa são
e a família do preso.
obstáculos para a decretação da prisão preventiva.
b) Ocorre hipótese de flagrante impróprio quando o agente
e) O descumprimento de qualquer das obrigações impostas
é perseguido e preso logo após praticar o delito, pela auto-
por força de outras medidas cautelares não
ridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação
pode ensejar a prisão preventiva.
que faça presumir ser o autor da infração.

45
18. (2015 – FUNIVERSA - PC-GO - Papiloscopista) A respeito 5. LEI Nº 7.960/1989 (PRISÃO TEMPORÁ-
da prisão, segundo o CPP e o entendimento do STJ, assinale
a alternativa correta.
RIA)
a) A prisão preventiva justifica-se caso demonstrada sua
real indispensabilidade para assegurar a ordem pública, a Incluída no ordenamento jurídico brasileiro, através
ordem econômica, a instrução criminal ou a aplicação da lei da Lei nº. 7.960, de 21/12/89, a prisão temporária dirige-
penal, quando houver prova de autoria, de acordo com o se exclusivamente à tutela das investigações policiais, não
CPP. sendo cabível, portanto, quando já instaurada a ação penal.
b) A prisão cautelar deve ser considerada exceção, uma vez
que, por meio dessa medida, priva-se o réu de seu jus liber-  É modalidade de prisão cautelar, de forma excep-
tatis antes do pronunciamento condenatório definitivo, con- cional aplicável em caso de crimes graves, com o intuito de
substanciado na sentença transitada em julgado. tornar eficaz a investigação policial.
c) A prisão preventiva, enquanto medida de natureza cau-
telar, pode ser utilizada como instrumento de punição ante-
Cabimento - Caberá prisão temporária, nos termos
cipada do indiciado ou do réu.
do art.1º. da Lei nº 7.960/89:
d) A prisão cautelar confunde-se com a prisão penal, obje-
tivando infligir punição àquele que sofre a sua decretação,
embora se destine a atuar em benefício da atividade estatal I - quando imprescindível para as investigações do in-
desenvolvida no processo penal. quérito policial;
e) A privação cautelar da liberdade individual resulta impos-
sível em virtude de expressa cláusula inscrita no próprio II - quando o indiciado não tiver residência fixa ou não
texto da Constituição da República, sob pena de conflitar fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua
com a presunção constitucional de inocência. identidade;

19. (2015 – VUNESP - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de III - quando houver fundadas razões, de acordo com
1a Classe) De acordo com o art. 312 do Código de Processo qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou
Penal, a prisão preventiva poderá ser decretada como ga- participação do indiciado nos seguintes crimes:
rantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveni-
ência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação
da lei penal, quando houver a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);
a) indícios da existência do crime e prova suficiente de au-
toria. b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e
b) prova da existência do crime e indício suficiente de auto- seus §§ 1° e 2°);
ria.
c) indícios da existência do crime e indício suficiente de au- c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
toria.
d) indício suficiente de autoria, apenas. d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
e) prova da existência do crime, apenas.
e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e
20. (2015 – VUNESP - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de seus §§ 1°, 2° e 3°);
1a Classe) É admitida a decretação da prisão preventiva de
indivíduo primário, civilmente identificado, pela prática de
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o
a) quaisquer crimes dolosos punidos com detenção art. 223, caput, e parágrafo único);
b) quaisquer crimes culposos punidos com reclusão
c) crime doloso punido com pena privativa de liberdade má- g) atentado violento ao pudor (revogado pela Lei nº
xima superior a dois anos. 12.015/2009);
d) crime que envolve violência doméstica e familiar contra a
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
h) rapto violento (revogado pela Lei 11 106/2005);
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas
de urgência.
e) crime culposo punido com pena privativa de liberdade i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
máxima superior a quatro anos.
j) envenenamento de água potável ou substância ali-
GABARITO – PRISÃO PREVENTIVA mentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, ca-
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 put, combinado com art. 285);
E B D C D D D C C A
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 l) quadrilha ou bando (art. 288), todos até aqui, do
C D E B D A B B B D Código Penal;

m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1°


de outubro de 1956), em qualquer de suas formas típicas;

46
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de delitos. Fora dessas hipóteses, não é lícita a decretação da
outubro de 1976); prisão temporária.

o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, Requisitos cumulativos - Para aplicação do insti-
de 16/06/86). tuto da prisão temporária, será necessária a combinação dos
requisitos legais, resultando em duas situações que a auto-
rizam:
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. (Lei nº
13.260, de 2016)
1ª) Inciso I associado ao inciso III (Imprescindível
para as investigações + se enquadrar no rol de crimes);
ANÁLISE DOS INCISOS:

2ª) Inciso II associado ao inciso III (indiciado sem re-


I - quando imprescindível para as investigações
sidência fixa ou sem identificação + se enquadrar no rol de
do inquérito policial:
crimes).

Refere-se, com muita propriedade, a eventuais entra-


Sujeito passivo: O sujeito passivo da prisão tempo-
ves que impedem se possa esclarecer devidamente o fato
rária, nos estritos termos da lei, é o indiciado. Todavia, não
criminoso e suas circunstâncias, bem como a sua autoria. A
se vislumbra a necessidade de que tenha ele já sido, ante-
intenção do Legislador, foi tornar possível a prisão, por de-
riormente, submetido formalmente ao indiciamento. O sus-
terminados dias, quando fosse imprescindível para as inves-
peito, mesmo que ainda não indiciado, poderá, também, ser
tigações policiais.
submetido à prisão.

Na hipótese levantada pelo inciso I da Lei n.º


Momento da decretação: O momento em que pode
7.960/89, somente com a verdadeira demonstração de que
ser decretada vai da ocorrência do fato até o recebimento
sem a prisão, seria impossível ou improvável que se desen-
da denúncia. Isto porque, se instaurada a ação penal, o juiz
volva de forma eficiente as investigações, com o esclareci-
deverá examinar a hipótese como de prisão preventiva, se-
mento dos fatos, seria possível a decretação da prisão tem-
gundo os pressupostos desta última, pois a prisão temporá-
porária.
ria e típica da fase de investigação, não se aplicando durante
a instrução processual.
II - quando o indiciado não tiver residência fixa
ou não fornecer elementos necessários ao esclareci-
Provocação: A prisão será decretada pelo juiz, me-
mento de sua identidade:
diante representação da autoridade policial ou a requeri-
mento do Ministério Público. Este será ouvido na hipótese
É inegável o prejuízo que seria para as investigações da representação da autoridade policial.
do inquérito, se o indiciado desaparecesse, tornando difícil
ou até mesmo impossível o a sua localização por não ter
ATENÇÃO: O Juiz NÃO pode decretar a prisão tempo-
residência certa ou não se conhecer a verdadeira identidade
rária de ofício.
do indiciado, enfim, nenhuma forma de contato com o sus-
peito, o que é fundamental para o regular desenvolvimento
da persecução penal. Prazo: A prisão será decretada pelo prazo máximo de
5 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e
comprovada necessidade.
III - quando houver fundadas razões, de acordo
com qualquer prova admitida na legislação penal, de
autoria ou participação do indiciado nos seguintes cri- Decorrido o prazo de 5 dias, salvo o caso de prorro-
mes: gação deferida, o preso deverá ser posto imediatamente em
liberdade, sob pena de abuso de autoridade de quem o de-
tenha, a não ser que já tenha sido decretada sua prisão pre-
Observa-se que, além do autor direto, também o par-
ventiva.
tícipe poderá ter decretada a prisão temporária. Ademais,
não se limita a decretação, às provas capituladas na própria
lei de regência e no Código de Processo Penal, abrangendo IMPORTANTE: Como a prisão temporária é decretada
qualquer legislação penal aplicável. por prazo certo, previamente estipulado pelo juiz, ela não
se computa nos demais prazos processuais quando há pe-
dido de relaxamento de flagrante por excesso de prazo de
ATENÇÃO: Para a decretação da prisão temporária
prisão durante o transcorrer da ação penal.
não é necessária a prova da materialidade ou indícios de
autoria, mas, apenas, fundadas razões. Pelo contrário, a pri-
são temporária é medida de urgência que visa formar o con- Prisão temporária x prazo do inquérito policial:
junto probatório. embora haja entendimento contrário, prevalece que o prazo
da prisão temporária não está incluído no prazo estabelecido
no Código de Processo Penal para conclusão do inquérito
Importante enfatizar que o rol de crimes do inciso III
policial, devendo, pois, ser acrescentado. Dessa forma, o
é TAXATIVO, quer dizer, não admite ser estendido a outros
prazo para conclusão do inquérito policial somente começa
crimes que não estejam ali relacionados, incluindo, também,
a contar do término da prisão temporária.
os crimes considerados hediondos e equiparados, na forma
da Lei nº 8.072/90, que estendeu a prisão temporária a tais

47
Esse entendimento, aliás, vem sendo adotado por
bancas organizadoras de concursos públicos.

Prisão temporária x abuso de autoridade: A Lei


nº 13.869/2019 (Abuso de Autoridade) incrimina tanto a
conduta de deixar de comunicar imediatamente a execução
da prisão temporária, como prolongar a sua execução além
do prazo legal (art. 12, parágrafo único, I e IV).

Prisão temporária nos crimes hediondos: A Lei nº


8.072/90 estendeu a prisão temporária aos crimes conside-
rados hediondos e aos equiparados (tortura, tráfico de dro-
gas e terrorismo) e ampliou o prazo da prisão temporária QUESTÕES DE CONCURSOS – PRISÃO TEMPORÁRIA
para 30 dias, prorrogáveis por mais 30, nas mesmas condi-
ções, ou seja, somente em caso de extrema e comprovada
necessidade. 01. (2018 – CESPE - PC-MA - Investigador de Polícia) De
acordo com a legislação pertinente, caberá prisão temporá-
ria para o agente dos crimes de
Processamento da prisão temporária: O despacho a) aborto, estupro e lesão corporal gravíssima.
que decretar a prisão temporária, que deverá ser prolatado
dentro de 24 horas, deverá ser fundamentado, com o en- b) homicídio doloso, estupro e sequestro ou cárcere privado.
quadramento da hipótese fática, em concreto, em face do c) quadrilha ou bando, lesão corporal e induzimento ou ins-
permissivo legal, o que confirma a interpretação de que não tigação ao suicídio.
basta a objetiva e genérica situação prevista na lei. d) furto e invasão de domicílio.
e) estupro, epidemia com resultado de morte e aborto.
O juiz poderá, antes de decidir, se for o caso, deter-
minar a apresentação do preso, solicitar informações e es-
02. (2017 – FEPESE - PC-SC - Agente de Polícia Civil) É
clarecimentos da autoridade policial e determinar seja ele
correto afirmar sobre a prisão temporária.
submetido a exame de corpo de delito.
a) O Ministério Público é o único autor legitimado a repre-
sentar pela prisão temporária do réu.
Mandado de prisão – Nota de culpa: A prisão so-
b) O preso temporário deverá, obrigatoriamente, permane-
mente poderá ser executada depois da expedição de man-
cer separado dos demais detentos.
dado judicial, que será expedido em duas vias, devendo uma
delas ser entregue ao preso, servindo como nota de culpa. c) Quando imprescindível para as investigações do inquérito
policial, a prisão temporária poderá ser decretada pela au-
toridade policial.
 Aplicam-se as regras da nota de culpa se o indiciado
d) A prisão temporária não excederá a 5 dias; contudo, a
não quiser ou não puder assinar. Na efetivação da prisão,
pedido da autoridade policial, poderá ser prorrogada até o
evidentemente, serão respeitadas as garantias do art. 5º.
oferecimento da denúncia.
da Constituição.
e) Recebida a ação penal, a autoridade policial poderá re-
querer a prisão temporária do agente que não tiver residên-
ATENÇÃO – Prazo pré-fixado: O mandado de pri- cia fixa.
são conterá necessariamente o período de duração da prisão
temporária, bem como o dia em que o preso deverá ser li-
bertado, incluindo-se o dia do cumprimento do mandado de 03. (2017 – FEPESE - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil) As-
prisão no cômputo do prazo da custódia temporária. sinale a alternativa que indica corretamente o prazo da
prisão temporária.
a) 5 dias, prorrogável por igual período
Liberdade automática após o prazo: decorrido o
prazo contido no mandado de prisão, a autoridade respon- b) 10 dias, prorrogável por igual período
sável pela custódia deverá, independentemente de nova or- c) 15 dias, prorrogável por igual período
dem da autoridade judicial (alvará), pôr imediatamente o d) 30 dias, vedada a prorrogação
preso em liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da
prorrogação da prisão temporária ou da decretação da pri- e) 180 dias
são preventiva.
04. (2016 – CESPE - PC-GO - Agente de Polícia Substituto)
IMPORTANTE: Os presos temporários deverão perma- Marcos praticou crime de extorsão, cuja pena é de reclusão,
necer, obrigatoriamente, separados dos demais detentos. de quatro a dez anos, e multa.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção cor-
reta.
Plantão judiciário: Segundo dispõe o art. 5° da Lei
da Prisão Temporária, em todas as comarcas e seções judi- a) A presença de indícios de autoria e materialidade é mo-
ciárias haverá um plantão permanente de 24 horas do Poder tivo suficiente para o juiz decretar a prisão preventiva de
Judiciário e do Ministério Público para apreciação dos pedi- Marcos.
dos de prisão temporária. b) Marcos não poderá ser submetido a prisão temporária,
porque o crime que cometeu é hediondo, embora não conste
no rol taxativo da lei.

48
c) Caso Marcos seja preso em flagrante, admite-se a impo- b) o crime de receptação qualificada.
sição de medidas cautelares diversas da prisão em substi- c) o crime de estelionato.
tuição da liberdade provisória sem fiança.
d) o crime de furto qualificado.
d) Caso Marcos seja preso em flagrante, poderá ser solto
e) os crimes contra o sistema financeiro.
mediante arbitramento de fiança pela autoridade policial.
e) Marcos poderá ser submetido a prisão temporária, que
tem prazo fixo previsto em lei e admite uma prorrogação 09. (2015 – VUNESP - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de
por igual período. 1a Classe) Sobre o instituto da prisão temporária, é correto
afirmar que
a) é cabível sua decretação em alguns crimes culposos
05. (2016 – CESPE - PC-GO - Escrivão de Polícia Substituto)
No curso de um IP, segundo a Lei n.º 7.960/1989, será pos- b) é cabível sua decretação em crimes de roubo
sível decretar a prisão temporária do indiciado quando, de c) não é cabível sua decretação em crimes hediondos
acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, d) haverá, sempre que possível, um plantão permanente di-
houver fundadas razões de autoria ou participação dele no urno do Poder Judiciário e do Ministério Público para apreci-
delito, se o crime investigado for o de ação dos pedidos de prisão temporária, nas comarcas e se-
a) estelionato. ções judiciárias
b) roubo. e) a lei faculta a separação dos presos temporários dos de-
c) extorsão indireta. mais detentos.
d) apropriação indébita.
e) furto qualificado. 10. (2014 – VUNESP - PC-SP - Investigador de Polícia) A
prisão temporária, nos termo da Lei n.º 7.960/89, será de-
cretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade
06. (2016 – FUNCAB - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil) De policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o
acordo com a doutrina, caberá a prisão temporária na se- prazo de:
guinte hipótese:
a) cinco dias, prorrogáveis por igual período em caso de ex-
a) quando imprescindível para as investigações do inquérito trema e comprovada necessidade.
policial ou houver fundadas razões, de acordo com qualquer
b) dez dias, prorrogáveis por igual período, desde que auto-
prova admitida na legislação penal, de autoria ou participa-
rizada pelo juiz do caso.
ção do indiciado nos crimes listados na Lei n° 7.960 (Lei de
Prisão Temporária). c) cinco dias, improrrogáveis.
b) quando imprescindível para as investigações do inquérito d) dez dias, improrrogáveis.
policial e houver fundadas razões, de acordo com qualquer e) quinze dias, prorrogáveis por até trinta dias, se necessá-
prova admitida na legislação penal, de autoria ou participa- rio, a critério do juiz do caso.
ção do indiciado nos crimes listados na Lei n° 7.960 (Lei de
Prisão Temporária).
11. (2013 – FDRH - PC-RS - Escrivão e Inspetor de Polícia)
c) quando imprescindível para as investigações do inquérito Levando-se em consideração a Lei Federal n° 7.960/89 que
policial e o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer dispõe sobre prisão temporária, assinale a alternativa cor-
elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade reta .
d) para garantir a ordem pública, a ordem econômica, por a) A prisão temporária pode ser decretada de ofício pelo juiz.
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a apli-
cação da lei penal, quando houver prova da existência do b) A prisão temporária é cabível no curso de um processo
crime e indício suficiente de autoria. penal destinado à instrução e ao julgamento de um furto
qualificado.
e) quando imprescindível para as investigações do inquérito
policial ou o indicado não tiver residência fixa ou não forne- c) No caso do crime de latrocínio, que é o roubo com morte,
cer elementos necessários ao esclarecimento de sua identi- o prazo da prisão temporária será de cinco dias, podendo
dade. ser prorrogado, em caso de extrema necessidade, por igual
período, uma única vez.
d) O preso não tem direito de receber nota de culpa.
07. (2016 – CESPE - PC-PE - Escrivão de Polícia) Cabe prisão
temporária de acusado pela prática de crimes de e) Caberá prisão temporária, no curso de uma investigação
criminal que apure o crime de estupro, quando a prisão for
a) resistência e cárcere privado. imprescindível para a conclusão do inquérito policial.
b) tráfico internacional de pessoa para fins de exploração
sexual e homicídio qualificado.
12. (2013 – FUNCAB - PC-ES - Escrivão de Polícia) De
c) quadrilha ou bando e contra o sistema financeiro. acordo com a Lei nº 7.960/1989, é INCORRETO afirmar que
d) roubo e concussão. cabe prisão temporária:
e) extorsão e corrupção passiva a) Roubo (art. 157, caput , e seus §§ 1°, 2° e 3° do CP).
b) Sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§
08. (2015 – VUNESP - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1° e 2° do CP).
1a Classe) A Lei no 7.960/89 estabelece, em seu art. 1o, c) Epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1° do CP).
inciso III, o rol de crimes para os quais é cabível a decreta- d) Crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16
ção da prisão temporária quando imprescindível para as in- de junho de 1986).
vestigações do inquérito policial. Esse rol inclui
e) Estelionato (artigo 171, e seus §§ 1º, 2º e 3º do CP).
a) o crime de assédio sexual.

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13. (2013 – UEG - PC-GO - Escrivão de Polícia Civil) A prisão bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a
temporária justifiquem.
a) poderá ser decretada pelo juiz, durante o curso do pro- c) Considera-se em flagrante delito quem é encontrado, logo
cesso penal, de ofício ou a pedido do Ministério Público. depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que fa-
b) possui, no caso de crimes hediondos, prazo de 30 dias, çam presumir ser ele autor da infração.
prorrogáveis por igual período em caso de extrema e com- d) A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da
provada necessidade. representação da autoridade policial ou de requerimento do
c) será decretada pelo juiz, durante a fase investigativa, de Ministério Público, e terá o prazo de 10 (dez) dias, prorro-
ofício ou a pedido da autoridade policial. gável por igual período em caso de extrema e comprovada
necessidade.
d) poderá ser decretada pelo juiz durante o inquérito policial
ou no curso do processo penal. e) Em todas as comarcas e seções judiciárias haverá um
plantão permanente de vinte e quatro horas do Poder Judi-
ciário e do Ministério Público para apreciação dos pedidos de
14. (2012 – IPAD - PC-AC - Agente de Polícia Civil) Sobre a prisão temporária.
prisão temporária, prevista na Lei n° 7.960/1989, assinale
a alternativa incorreta.
17. (2012 - MS CONCURSOS - PC-PA - Escrivão de Polícia
a) A prisão temporária possui como requisito sua imprescin-
Civil) Segundo a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989,
dibilidade para as investigações do inquérito policial.
caberá prisão temporária quando imprescindível para as in-
b) A prisão temporária possui como requisito que o indiciado vestigações do inquérito policial, quando o indicado não tiver
não tenha residência fixa. residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao
c) Atendidos os demais requisitos legais, é cabfvel a prisão esclarecimento de sua identidade, quando houver fundadas
temporária na hipótese de investigação de homicídio doloso. razões, de acordo com qualquer prova admitida na legisla-
d) A prisão temporária possui como prazo máximo noventa ção penal, de autoria ou participação do indiciado em deter-
dias, prorrogáveis por igual período. minados crimes. Dos crimes abaixo, qual não cabe prisão
temporária?
e) A prisão temporária somente poderá ser executada de-
pois da expedição de mandado judicial. a) Roubo.
b) Furto.

15. (2012 - MS CONCURSOS - PC-PA - Escrivão de Polícia c) Quadrilha ou Bando.


Civil) A respeito da prisão em flagrante, da prisão preventiva d) Rapto Violento.
e da prisão temporária, assinale a alternativa incorreta: e) Extorsão.
a) Em qualquer fase da investigação policial ou do processo
penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de
18. (2010 - COPS-UEL - PC-PR - Escrivão de Polícia) Sobre
ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Mi-
a prisão temporária, considere as afirmativas a seguir:
nistério Público, do querelante ou do assistente, ou por re-
presentação da autoridade policial. I. A prisão temporária configura espécie de prisão cautelar
e será decretada no bojo da investigação criminal ou du-
b) O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr
rante a instrução processual penal, tendo por finalidade as-
do processo, verificar a falta de motivo para que subsista,
segurar a eficácia do elenco probatório.
bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a
justifiquem. II. Caberá prisão temporária quando houver fundadas ra-
zões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação
c) Considera-se em flagrante delito quem é encontrado, logo
penal, de autoria ou participação do indiciado nos crimes
depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que fa-
arrolados exemplificativamente no art. 1º, inciso III da Lei
çam presumir ser ele autor da infração.
7.960/1989.
d) A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da
III. De acordo com a Lei 7.960/1989, a prisão temporária
representação da autoridade policial ou de requerimento do
será decretada pelo Juiz, em face da representação da au-
Ministério Público, e terá o prazo de 10 (dez) dias, prorro-
toridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e
gável por igual período em caso de extrema e comprovada
terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período
necessidade.
em caso de extrema e comprovada necessidade.
e) Em todas as comarcas e seções judiciárias haverá um
IV. O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser
plantão permanente de vinte e quatro horas do Poder Judi-
fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e
ciário e do Ministério Público para apreciação dos pedidos de
quatro) horas, contadas a partir do recebimento da repre-
prisão temporária.
sentação ou do requerimento.
Assinale a alternativa correta.
16. (2012 - MS CONCURSOS - PC-PA - Investigador de Po-
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
lícia) A respeito da prisão em flagrante, da prisão preventiva
e da prisão temporária, assinale a alternativa incorreta: b) Somente as afirmativas II e III são corretas.
a) Em qualquer fase da investigação policial ou do processo c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Mi- e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
nistério Público, do querelante ou do assistente, ou por re-
presentação da autoridade policial.
19. (2009 – FUNCAB - PC-RO - Agente de Polícia) A Lei n°
b) O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr
7.960/89 dispõe sobre a prisão temporária, sendo esta uma
do processo, verificar a falta de motivo para que subsista,
prisão cautelar de natureza processual, destinada a possibi-
litar as investigações a respeito de crimes graves, durante a

50
fase de inquérito policial. Por ser uma medida extremada,
pois ainda não há um processo penal formado, deve ser uti- Crimes de responsabilidade - A lei processual pe-
lizada com muita cautela. No curso de um Inquérito Policial, nal ao mencionar os crimes de responsabilidade dos funcio-
que investigue o delito de tráfico ilícito de entorpecentes e nários públicos está se referindo aos delitos funcionais pró-
drogas afins, se faz necessária a decretação da prisão tem- prios e impróprios previstos sob o título “Crimes praticados
porária de um dos indiciados. O Juiz pode decretar a prisão pelos funcionários públicos contra a Administração em Ge-
temporária, no caso acima descrito, pelo prazo de: ral” - artigos 312 a 326 do Código Penal.
a) cinco dias, podendo ser prorrogado inúmeras vezes, por
igual período, até a conclusão do Inquérito Policial, em caso
CRIMES FUNCIONAIS
de extrema e comprovada necessidade.
b) cinco dias, prorrogável por igual período, em caso de ex-
trema e comprovada necessidade. Os crimes funcionais são aqueles cometidos pelo fun-
cionário público no exercício das suas funções contra a ad-
c) por até 30 dias, improrrogável em razão da excepcionali-
ministração pública. Dentre estes estão:
dade da medida.
d) trinta dias, prorrogável por igual período, em caso de ex-
trema e comprovada necessidade. a) crimes funcionais próprios: só podem ser prati-
cados por funcionários públicos, ou seja, a ausência da con-
e) não tem prazo definido, podendo perdurar até a conclu-
dição de funcionário público leva à atipicidade da conduta.
são do Inquérito Policial, isto em razão do rigor com que a
Exemplo: se a conduta do delito de prevaricação (art. 319,
nova Lei de Drogas (n° 11.343/2006) trata a matéria.
CP) é praticado por empregado de empresa privada, essa
conduta não se caracteriza como crime.
20. (2009 – FUNIVERSA - PC-DF - Agente de Polícia) Acerca
da prisão provisória, regulada pela Lei n.º 7.960, de
b) crimes funcionais impróprios: são aqueles em
21/12/1989, assinale a alternativa correta.
que a conduta pode ser praticada também por particulares,
a) Não poderá o juiz, de ofício, decretar a prisão temporária. ocorrendo tão somente uma nova tipificação. A inexistência
b) Caberá prisão temporária quando houver fundadas ra- da condição de funcionário público leva à desclassificação
zões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação para outra infração. Exemplo: o funcionário público que se
penal de autoria ou participação do indiciado em crime de apropria de um bem do órgão que ele tenha a posse, comete
homicídio culposo. o crime de peculato (art. 312, CP). Porém, se o mesmo ato
c) A prisão temporária, nos crimes hediondos, terá o prazo é praticado por empregado de empresa privada, o tipo penal
improrrogável de trinta dias. da conduta é o crime comum de apropriação indébita (art.
168, CP).
d) Em caso de extrema e comprovada necessidade, a prisão
temporária poderá ser executada antes da expedição do
mandado judicial.  Tanto os crimes funcionais próprios como os impró-
e) A prisão temporária não pode ser decretada antes do in- prios submetem-se ao procedimento especial.
terrogatório do indiciado
Crime funcional x Crime comum: O procedimento
GABARITO – PRISÃO TEMPORÁRIA com defesa preliminar previsto nos arts. 513 e seguintes do
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 CPP reservam-se aos casos em que são imputados ao
réu apenas crimes funcionais, decorrendo que, se o fun-
B B A E B B C E B A
cionário responder por crime funcional juntamente com
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
crime comum, este último não seguirá o rito especial.
E E B D D D B C D A

Funcionário público - O conceito de funcionário pú-


blico é bastante amplo, como estabelece o artigo 327 do
6. PROCESSO SOBRE CRIMES DE RESPONSABI- Código Penal, devendo incluir-se como crimes funcionais os
LIDADE DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS praticados pela pessoa que, embora, de forma transitória, e
sem remuneração, exerça cargo público, emprego ou função
pública, equiparado aquele que o exerça em entidade para-
O Código de Processo Penal definiu nos artigos 513 a estatal, § 1º, do Código Penal.
518 um rito especial para a apuração dos crimes praticados
por funcionários públicos contra a administração pública.
Atualidade do cargo - Deixando o cargo definitiva-
mente, seja qual for o motivo, seu ex-titular não terá direito
O diferencial desse rito dos crimes funcionais é a exis-
a processo e julgamento especial, que prevê a defesa preli-
tência da fase da defesa preliminar anterior ao recebimento minar.
da denúncia (art. 514 do CPP), que não existe no procedi-
mento ordinário.
Funcionários públicos em foro especial - Não se
aplica o procedimento especial em análise e nem o rito or-
Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos funcionários dinário aos funcionários públicos que gozam de foro especial
públicos, cujo processo e julgamento competirão aos juízes (promotores de justiça, juízes, prefeitos, governadores, de-
de direito, a queixa ou a denúncia será instruída com putados, senadores, presidente da república etc.). Para es-
documentos ou justificação que façam presumir a existência tes o rito especial é aquele descrito nos arts. 1º a 12 da Lei
do delito ou com declaração fundamentada da n. 8.038/90.
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas.

51
Coautoria com particular - Se houver corréu que IMPORTANTE: A falta de notificação para a defesa
não exerça função pública, acusado de coautoria ou partici- preliminar acarreta nulidade relativa, segundo
pação no mesmo delito, desnecessária a formalidade da de- entendimento do STF.
fesa preliminar em relação a este.
Dispensa da fase preliminar – Entende o STJ,
Oferecimento da denúncia ou queixa: a queixa ou mediante edição da Súmula 330, que
a denúncia será instruída com documentos ou justificação “É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo
que façam presumir a existência do delito ou com declaração 514 do Código de Processo Penal, na ação penal instruída
fundamentada da impossibilidade de apresentação de qual- por inquérito policial.
quer dessas provas. Nota-se que não é imprescindível que a
denúncia ou queixa seja acompanhada de documentos ou
justificação da existência do delito, podendo ser substituída Art. 515. No caso previsto no artigo anterior, durante o
por declaração de impossibilidade de fazê-lo. prazo concedido para a resposta, os autos permanecerão em
cartório, onde poderão ser examinados pelo acusado ou por
seu defensor.
Ação Penal: Importante ressaltar que todos os cri- Parágrafo único. A resposta poderá ser instruída com
mes funcionais são de ação pública, logo a queixa a que se documentos e justificações.
refere o rito especial é entendida como a queixa substitutiva
da denúncia, na ação penal privada subsidiária da pública.
Ampla defesa - Está assegurado ao funcionário
público processado a ampla defesa e o contraditório,
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou podendo pessoalmente ter acesso aos autos do processo ou
queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará
nomear advogado para fazê-lo em seu nome, podendo
a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro
apresentar qualquer matéria de defesa admitida em Direito,
do prazo de quinze dias.
como juntada de documentos e outras provas de suas
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do alegações.
acusado, ou este se achar fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-
á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a resposta
preliminar. Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em
despacho fundamentado, se convencido, pela resposta do
acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime ou da
Art. 5º, XLII da Constituição Federal: São inafi- improcedência da ação.
ançáveis os crimes de racismo, tortura, tráfico ilícito de en-
torpecentes, terrorismo, ação de grupos armados contra a
ordem constitucional e o Estado Democrático, bem como Rejeição da denúncia ou queixa - Rejeição da
os crimes hediondos e equiparados (Lei nº 8.072/90). denúncia ou queixa - Após a apresentação da resposta e
análise do juiz, este, se entender, pela resposta do acusado
ou do seu advogado, que não houve o crime ou que a ação
Portanto, não há crimes inafiançáveis praticados por é inteiramente improcedente, deverá rejeitar a denúncia ou
funcionários públicos contra a administração. a queixa.

Recebimento ou rejeição da denúncia ou queixa:


Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o acusado
oferecida a denúncia ou queixa, o primeiro ato do juiz é
citado, na forma estabelecida no Capítulo I do Título X do
analisar se as referidas peças estão em devida forma, isto
Livro I.
é, se não é o caso de rejeição preliminar, quando for
manifestamente inepta, quando faltar pressuposto
processual ou condição para o exercício da ação penal, ou Recebimento da denúncia ou queixa: a partir do
ainda quando faltar justa causa para o exercício da ação recebimento da peça acusatória o procedimento é o comum
penal (art. 395, CPP. seguindo o rito ordinário, ocasião em que deverá ser citado
o acusado para, no prazo de dez dias, responder à acusação.
Nesse rito, podem ser arroladas até 8 testemunhas pela
Não sendo o caso de rejeição liminar, o juiz, antes de
acusação e 8 pela defesa.
recebê-la, determinará não só a sua autuação mas também
mandará notificar o agente para apresentar a sua defesa
preliminar no prazo de quinze dias. Art. 518. Na instrução criminal e nos demais termos do
processo, observar-se-á o disposto nos Capítulos I e III,
Nomeação de defensor – se o acusado não tiver re- Título I, deste Livro.
sidência conhecida ou estiver fora da jurisdição do juiz, ser-
lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a res- Por expressa disposição legal, ultrapassada a fase ini-
posta preliminar em 15 dias. cial de notificação, defesa preliminar e recebimento da ini-
cial, o procedimento a ser adotado para a fase de instrução
ATENÇÃO: A oferta da defesa preliminar não é criminal será o comum ordinário.
obrigatória, desde que tenha sido o réu notificado.
Já se tem anulado processo porque, descumpridos os
 Ressalte-se que o próprio acusado pode apresentar artigos 513 a 518, deu-se ao feito o rito sumário ao invés
a defesa preliminar, mesmo não sendo advogado. do ordinário. Não se deve permitir a substituição de formas
ao menos quando o procedimento a ser observado contém
regras mais amplas para a defesa do réu.

52
03. (IBFC - 2020 - EBSERH - Advogado) Sobre o pro-
cesso e o julgamento dos crimes de responsabilidade dos
funcionários públicos, assinale a alternativa correta.
a) Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em
Infração penal
Oferecimento da
Notificação do devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notifi-
denúncia ou cação do acusado, para responder por escrito, dentro do
afiançável acusado
queixa prazo de quinze dias
b) Em caso de desconhecida a residência do acusado para a
realização de sua notificação, não cabe nomeação de defen-
sor público
Em caso de c) O processo e julgamento dos crimes de responsabilidade
recebimento, dos funcionários públicos competirão aos juízes federais
citação para Apresentação de
responder a Recebimento d) O juiz não pode rejeitar a queixa ou a denúncia ainda que
defesa
acusação, ou rejeição da convencido pela resposta do acusado ou do defensor da ine-
preliminar em
seguindo-se o denúncia
15 dias xistência do crime ou da improcedência da ação
rito comum e) Nos crimes afiançáveis, praticados por funcionários públi-
ordinário
cos, durante o prazo concedido para a resposta, os autos só
podem ser retirados pelo acusado

QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES 04. (IADES - 2019 - SEAP-GO - Agente de Segurança


Prisional) No que tange aos crimes de responsabilidade dos
funcionários públicos, assinale a alternativa correta.
01. (CESPE / CEBRASPE - 2017 - SJDH- PE - Agente de
a) O processo e julgamento nesses crimes competirá ao
Segurança Penitenciária) A respeito do processo e julga-
chefe imediato do funcionário público.
mento dos crimes de responsabilidade de funcionários pú-
blicos — denominados de crimes funcionais —, julgue os b) A queixa ou a denúncia poderão ser anônimas, não ne-
itens a seguir. cessitando, inicialmente, de nenhum documento que a ins-
trua ou de qualquer declaração acerca da impossibilidade de
apresentação de provas.
I O procedimento comum é aplicável a crimes funcionais afi-
c) Os crimes de responsabilidade são crimes inafiançáveis.
ançáveis.
d) Se o servidor público se achar fora da jurisdição do juiz,
II Processo relativo a crime funcional é ação de competência
será considerado revel.
originária dos tribunais.
e) O juiz rejeitará a queixa ou denúncia em despacho fun-
III Denúncia de crime funcional poderá ser rejeitada pelo
damentado, caso seja convencido pela resposta do acusado
juízo antes de o acusado apresentar sua defesa prévia.
ou do seu defensor da inexistência do crime ou da improce-
IV O acusado de crime funcional pode apresentar, como ma- dência da ação.
téria de defesa de mérito, causas como negativa de autoria,
excludente de ilicitude e extinção da punibilidade.
05. (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Assistente So-
Estão certos apenas os itens
cial) Sobre processo e julgamento dos crimes de responsa-
a) I e II. bilidade dos funcionários públicos, tais como os peritos cri-
b) I e III. minais, assinale a alternativa correta de acordo com o que
c) II e IV. prescreve o Código de Processo Penal.
d) III e IV. a) A juntada de inquérito policial preparatório é indispensá-
vel nos crimes de responsabilidade dos funcionários públi-
e) II, III e IV.
cos, cujo processo e julgamento competirão aos juízes de
direito.
02. (VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia) Os b) Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em
crimes de responsabilidade dos funcionários públicos terão devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a citação
procedimento especial que contempla do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de
a) nos crimes afiançáveis, a possibilidade de, oferecida a dez dias úteis.
denúncia ou a queixa, o acusado oferecer resposta, por es- c) A notificação do acusado para, previamente ao recebi-
crito, dentro do prazo de quinze dias. mento da denúncia, manifestar-se sobre o tema, apresen-
b) a possibilidade de, oferecida a denúncia ou a queixa, o tando sua defesa e evitando que seja a inicial recebida, se
acusado oferecer resposta, por escrito, dentro do prazo de estende ao particular que seja coautor ou partícipe.
dez dias. d) O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho fun-
c) resposta por escrito, no prazo de quinze dias, sem a pos- damentado, se convencido, pela resposta do acusado ou do
sibilidade de juntada de novos documentos. seu defensor, da inexistência do crime ou da improcedência
d) se não for conhecida a residência do acusado, ou este se da ação.
achar fora da jurisdição do juiz, a intimação por edital para e) Caso seja recebida a denúncia ou queixa, a despeito da
do acusado para constituir defensor, para apresentar res- impugnação formulada pelo funcionário, é dispensável que
posta preliminar, no prazo de quinze dias, sob pena de pre- ele tome ciência disso mediante citação formal, podendo de-
clusão. fender-se nos autos do processo-crime como integrante for-
e) afastamento imediato das funções. mal do polo passivo.

53
GABARITO
01 02 03 04 05 II - que a ameaça ou a lesão decorra de violência ou
D A A E D coação e que estas (violência ou coação) tenham origem na
ilegalidade ou abuso de poder.

Denota-se que é pressuposto para o cabimento do


habeas corpus a ocorrência de ilegalidade ou abuso de poder
que acarrete violação ao direito de locomoção de alguém.

Ilegalidade (falta de amparo legal) é gênero do qual


o abuso de poder é espécie. Esse último ocorrerá quando a
autoridade, embora competente para a prática do ato, age
com excesso no uso das faculdades administrativas ou ul-
trapassa os limites de atribuição previstos na lei.

5. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
7. O HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO O constrangimento é juridicamente conceituado
como ato pelo qual uma pessoa obriga outra a fazer o que
não pretende, o que não quer fazer, ou a obriga a não fazer
1. CONCEITO aquilo que deseja.
O Habeas Corpus é remédio constitucional de
natureza penal e procedimento especial, que visa evitar ou
cessar, de forma rápida e imediata, violência ou ameaça na O texto constitucional, ao discorrer sobre o habeas
liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder. corpus, fala em violência ou coação. O mesmo acontece no
art. 647 do CPP. Entretanto, o art. 648 do CPP limita-se a
enumerar quando a coação considerar-se-á ilegal, omitindo
2. NATUREZA JURÍDICA a expressão violência.
Em que pese o habeas corpus haver recebido trata-
mento de recurso pelo Código de Processo Penal, trata-se, O art. 648 do Código de Processo Penal traz em seus
na verdade, de uma ação constitucional de natureza penal, incisos um rol exemplificativo de hipóteses de coação ilegal.
o que se evidencia, inclusive, pela circunstância de que pode A saber:
ser impetrado a qualquer tempo (não está sujeito a prazos).
O objetivo é preservar ou restabelecer a liberdade de loco-
moção ilegalmente ameaçada ou violada. I - Quando não houver justa causa.
Há justa causa para uma coação quando estiver pre-
3. FUNDAMENTO LEGAL vista em lei e quando observados seus requisitos. Por exem-
plo, inexiste justa causa para que o delegado de polícia de-
termine, por ato seu, a prisão para averiguações do sus-
A Constituição Federal, em seu inciso LXVIII, art. 5º, peito, pois tal modalidade de prisão não possui previsão le-
prevê que "conceder-se-á habeas corpus sempre que gal.
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou Também inexiste justa causa para que o juiz decrete
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou a prisão preventiva de alguém quando ausentes indícios su-
abuso de poder". ficientes de autoria, haja vista que, apesar de prevista essa
prisão em lei, não estão atendidos seus requisitos. Agora,
De forma semelhante, o Código de Processo Penal há justa causa para o deferimento judicial de prisão tempo-
disciplina no art. 647: “ Dar-se-á habeas corpus sempre que rária de suspeito de latrocínio quando evidenciado que a pri-
alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência são é imprescindível ao êxito das investigações policiais.
ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos
de punição disciplinar”. II - Quando alguém estiver preso por mais tempo do
que determina a lei.
Gratuidade assegurada: prevê o art. 5.º, LXXVII, da A hipótese abrange duas possibilidades: primeira, o
Constituição Federal, que “são gratuitas as ações de habeas esgotamento do tempo previsto em lei para a prisão, o que
corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ocorre, por exemplo, quando, terminado o prazo da prisão
ao exercício da cidadania”. temporária e sua prorrogação, não for o indivíduo posto em
liberdade; e, segunda, quando detectado excesso no prazo
legalmente estabelecido para a prática de determinados
4. CABIMENTO DO HABEAS CORPUS
atos (Ex.: conclusão do inquérito policial, oferecimento da
denúncia etc.) ou quando superada a soma dos prazos indi-
Em relação aos requisitos do habeas corpus, a Cons- viduais que compõem cada fase do procedimento (na Justiça
tituição Federal exige que estejam presentes determinadas Estadual, por exemplo, o tempo para o encerramento da
condições, quais sejam: instrução criminal tem sido fixado pela jurisprudência em 86
dias).
I - a existência de ato lesivo ou de sua ameaça à li-
berdade de locomoção (constrangimento); III - Quando quem ordenar a coação não tiver compe-
tência para fazê-lo.

54
Contempla-se aqui a hipótese em que a coação, ape- arquivamento do inquérito policial ou processo. Assim, se
sar de prevista em lei e mesmo se atendidos os seus requi- preso o paciente, a sua liberação ocorrerá em decorrência
sitos legais, tenha sido determinada por autoridade incom- dessa extinção.
petente para a prática do ato. Exemplo: A decretação de No caso deste inciso VII deve-se ter em vista o art.
prisão preventiva de um promotor de justiça por juiz de 1.º 107, CP, o qual determina os casos em que a punibilidade é
grau, com violação das regras que disciplinam a competên- extinta, a saber:
cia em razão da função e o privilégio de foro que assiste ao
I - pela morte do agente;
agente do Ministério Público, de somente ser julgado pe-
rante o Tribunal de Justiça. II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera
o fato como criminoso;
IV - Quando houver cessado o motivo que autorizou a
coação. IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
Nesta hipótese o constrangimento não decorre de ile- V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão.
galidade ou abuso de poder, sendo legal na sua origem. En- aceito, nos crimes de ação privada;
tretanto, posteriormente, deixam de subsistir as razões que VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei
o motivaram. Logo, se não determinada a sua cessação (do a admite;
constrangimento), faculta-se a impetração de habeas cor- VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
pus para que seja alcançado esse objetivo.
VIII - Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Assim, são os casos de cessação do motivo: a manu-
tenção da prisão com o pagamento da fiança; a continuidade IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
da prisão, quando operada a prescrição ou decadência; nos
casos de prisão preventiva, fundamentada na conveniência 6. RESTRIÇÕES CONSTITUCIONAIS AO HABEAS
da instrução criminal, quando terminada essa e ainda não CORPUS
prolatada a sentença; ainda no caso de prisão preventiva,
quando a mesma houver sido revogada e o réu permanecer
preso. 6.1 Punição disciplinar militar

V - Quando não for alguém admitido a prestar fiança, Preceitua o art. 142, § 2.º, da CF que “não caberá
nos casos em que a lei a autoriza. habeas corpus em relação a punições disciplinares
militares”.
A previsão legal tem em vista hipótese de prisão por
crime afiançável, não sendo, porém, arbitrada fiança em fa-
vor do paciente. Aqui, a impetração do habeas corpus não Esta impossibilidade de manejo do habeas corpus
visa à sua liberação, mas, unicamente, o arbitramento da contra punições disciplinares, contudo, não é absoluta,
fiança, conforme se vê do art. 660, § 3.º, do CPP ao dispor limitando-se às hipóteses em que se pretenda discutir o
que, “se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o pa- mérito da medida restritiva da liberdade. Logo, nada impede
ciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará o valor a impetração quando presentes vícios formais que
desta, que poderá ser prestada perante ele, remetendo, destaquem a medida como ilegal, como por exemplo,
neste caso, à autoridade os respectivos autos, para serem incompetência do detentor da patente que ordenou a prisão
anexados aos do inquérito policial ou aos do processo judi- disciplinar do militar, cerceamento de defesa e
cial”. descumprimento de formalidades legais.

VI - Quando o processo for manifestamente nulo. 6.2 Estado de Sítio


É necessário que a nulidade se manifeste de modo
evidente, não exigindo alta indagação, referindo-se a ato ou O art. 139 da CF admite que, na vigência do estado
termo legalmente essencial à validade do ato. Assim, de sítio, poderão ser tomadas contra as pessoas, entre
quando ausente algum pressuposto de existência da relação outras, as seguintes medidas: a) obrigação de permanência
processual, ou de processo válido, ou faltar condição de pro- em localidade determinada; b) detenção em edifício não
cedibilidade, o processo será manifestamente nulo. É o caso, destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; e
por exemplo, de pedido juridicamente impossível. c) busca e apreensão em domicílio.
Em regra, as nulidades atinentes aos requisitos de
validade do processo, os chamados pressupostos processu-
Tendo em vista essa previsão constitucional,
ais de validade, bem como qualquer vício relativo às condi-
permitindo a restrição de garantias individuais apontadas,
ções da ação, terão como consequência a nulidade absoluta
é, em tese, descabido o uso do habeas corpus na vigência
do processo, a produzir efeitos também na prisão então re-
desse estado excepcional.
alizada.
Se o habeas corpus for concedido em virtude de nu-
lidade do processo, este será renovado. Outras limitações jurisprudenciais ao Habeas Corpus

VII - Quando extinta a punibilidade. Súmula nº 693: “Não cabe habeas corpus contra
decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a
Trata-se da hipótese na qual a ilegalidade do cons-
processo em curso por infração penal a que a pena
trangimento decorre da circunstância de já se encontrar ex-
pecuniária seja a única cominada”.
tinta a punibilidade em face de causa legalmente prevista.
Neste caso, o habeas corpus objetiva apenas o reconheci-
mento de que a punibilidade está extinta com o consequente

55
Súmula nº 694: “Não cabe habeas corpus contra a 8.2 Coator.
imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de
patente ou de função pública”.
É quem exerce ou determina o constrangimento
ilegal. O coator pode ser tanto uma autoridade quanto o
Súmula nº 695: “Não cabe habeas corpus quando já particular. Isto ocorre porque a Constituição Federal, ao
extinta a pena privativa da liberdade”. tratar do habeas corpus, estabeleceu a possibilidade de seu
cabimento “sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade
7. ESPÉCIES DE HABEAS CORPUS
de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. Ora, se,
por um lado, apenas a autoridade pode abusar do poder que
O habeas corpus pode ser liberatório ou preventivo, detém ou lhe é delegado, por outro a ilegalidade pode ser
conforme seja concedido após ou antes a efetiva coação à cometida tanto pela autoridade quanto pelo particular.
liberdade de locomoção (art. 647, CPP). Exemplo: indivíduo internado criminosamente em
clínica psiquiátrica, ensejando a impetração de habeas
a) Habeas corpus liberatório. corpus para que seja restabelecida a sua liberdade de ir e
vir.
No mais das vezes, o habeas corpus dirige-se a
Também denominado repressivo, o habeas corpus li- autoridade pública (delegado de polícia, promotor de justiça,
beratório é destinado a afastar constrangimento ilegal à li- juiz, tribunal).
berdade de locomoção já existente. O habeas corpus repres-
sivo consubstancia-se numa ordem expedida pelo juiz ou
tribunal competente, determinando a imediata cessação do 8.3 Impetrante.
constrangimento.
Trata-se da pessoa que requer em juízo o habeas
b) Habeas corpus preventivo. corpus, podendo ser qualquer pessoa do povo em favor de
outrem e, inclusive, o próprio paciente em seu favor.

Quando o habeas corpus é concedido apenas diante


de uma ameaça à liberdade de locomoção, diz-se ele pre- Para a impetração do habeas corpus, não se exige a
ventivo. Nestas hipóteses, o juiz expede um salvo-conduto. presença de advogado. E não se requer, também,
É a expressa disposição do § 4º do art. 660 do CPP, trans- capacidade civil, podendo, em tese, a petição ser subscrita
crito: por insano mental e até por indivíduo menor, ainda que não
assistidos.

"§ 4º Se a ordem de habeas corpus for concedida para


evitar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á Pessoa jurídica: reconhece-se legitimidade para a
ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz." pessoa jurídica impetrar habeas corpus em favor de pessoa
física, assinando a petição, nesse caso, o seu representante
legal. Pessoa jurídica só não pode funcionar como paciente
Habeas Corpus profilático: Apenas de relevância (como impetrante, sim).
acadêmica, essa modalidade de Habeas Corpus é seme-
lhante ao preventivo. Também chamado “trancativo”, seria
aquele destinado a trancar o andamento do inquérito policial Ministério Público: tem legitimidade para impetrar o
ou da ação penal, quando manifesta a ilegalidade. Dada a writ, conforme expressamente dispõe o art. 654 do CPP:
sua excepcionalidade, a jurisprudência só tem admitido essa “O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer
espécie em caso de atipicidade da conduta. Nesses casos, pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo
será expedido o writ, renovando-se os atos processuais na Ministério Público”.
segunda hipótese.
Fala-se, ainda, no habeas corpus suspensivo, Delegado de Polícia: na qualidade de titular do cargo,
quando o constrangimento já existe, mas a prisão ainda não não se reconhece à autoridade policial legitimidade para
se concretizou com o cumprimento do mandado, o que im- impetração do writ em favor de terceiros – nada impedindo,
plica numa contraordem prisional. evidentemente, que o faça na condição de cidadão comum.

8. SUJEITOS DO HABEAS CORPUS Juiz de Direito: No exercício de sua atividade


jurisdicional, o juiz tem competência para expedir de ofício
8.1 Paciente. ordem de habeas corpus, quando no curso de processo
verificar que alguém sofre ou está na iminência de sofrer
coação ilegal (art. 654, § 2º, CPP). No entanto, a exemplo
Assim é considerado quem sofre ou está ameaçado de do Delegado de Polícia, somente poderá impetrar o writ em
sofrer o constrangimento à sua liberdade de locomoção. favor de terceiros atuando na qualidade de cidadão comum.
Apenas pessoas físicas podem ser pacientes no
habeas corpus, não sendo admitida a impetração do
remédio heroico em favor de pessoas jurídicas. Isso porque,
por definição constitucional, o writ destina-se à proteção da 9. PETIÇÃO DO HABEAS CORPUS
liberdade de locomoção violada ou ameaçada, o que não
acontece com relação à pessoa jurídica. O art. 654, § 1º, do CPP estabelece os requisitos da
petição do habeas corpus, os quais consistem:

56
aqui, por certo, a prerrogativa de função inerente a
a) O nome da pessoa que sofre ou está amea- determinadas categorias funcionais) e por particulares.
çada de sofrer violência ou coação.
Trata-se da identificação do paciente. Na atuali- Assim, compete ao magistrado de primeiro grau, por
dade, entende-se que a referência a seu nome não é funda- exemplo, julgar o habeas corpus impetrado contra ato do
mental à impetração, podendo o paciente ser identificado delegado de polícia da Comarca. Não poderá, contudo,
por características físicas inequívocas e, até mesmo, pelo julgar o writ ingressado contra ato do juiz de outra vara,
lugar onde se encontra ilegalmente preso (se for esse o tendo em vista a igualdade de graduação das jurisdições.
constrangimento).
Habeas Corpus contra ato do promotor de justiça:
b) O nome de quem exercer a violência, coação está consolidado o entendimento de que, figurando o
ou ameaça. promotor de justiça como autoridade coatora, o habeas
Tratando-se de habeas corpus em que coator é uma corpus contra ele impetrado deverá ser ajuizado perante o
autoridade, basta ao impetrante declinar a função ou cargo tribunal que tenha competência para julgá-lo.
que exerce (v.g., habeas corpus contra ato do “MM. Juiz de
Direito da 2.ª Vara Criminal da Comarca de Porto Alegre”), Competência dos Tribunais: a competência para
sendo prescindível a referência ao nome. Na hipótese de ha- processar e julgar a ação de habeas corpus, em sede de
beas corpus destinado à cessação do constrangimento de- Tribunal, está fixada na Constituição Federal, nos seguintes
terminado pelo particular (Ex.: gerente de hotel que impede termos:
a saída do hóspede enquanto não houver o pagamento das
diárias), se tem entendido que, efetivamente, é indispensá-
vel a identificação pelo nome. a) Supremo Tribunal Federal: quando for paciente
o presidente da república, o vice-presidente, os membros do
Congresso Nacional, os ministros do STF, o procurador-geral
c) A declaração da espécie de constrangimento da república, os ministros de estado, os comandantes das
ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões forças armadas, os membros dos Tribunais Superiores, do
em que funda o seu temor. Tribunal de Contas da União e os chefes de missão
É necessário que a petição de habeas corpus de- diplomática de caráter permanente.
monstre a ilegalidade do constrangimento sofrido ou amea-
çado, expondo as razões de fato e de direito pelas quais as-
Além disto, cabe ao STF julgar o HC "quando o coator
sim se entende.
for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for
autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos
d) A assinatura do impetrante, ou de alguém a diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se
seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, trate de crime sujeira à mesma jurisdição em uma única
e a designação das respectivas residências. instância" (art. 102, I, i, CF).
Não se admite que a petição de habeas corpus seja
apócrifa, vale dizer, sem identificação e assinatura do impe- b) Superior Tribunal de Justiça: "quando o coator
trante. Destarte, não sabendo ou não podendo assinar o im- ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea
petrante, alguém deverá subscrever a seu rogo (seu pe- "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição,
dido), sob pena de indeferimento ou não conhecimento. Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército
ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça
ATENÇÃO: a peça deve ser feita em português, em- Eleitoral" (art. 105, I, c, CF).
bora o habeas corpus possa ser impetrado por estrangeiro. As "pessoas mencionadas na alínea a", a que se
referem o dispositivo, são: "os Governadores dos Estados e
do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os
desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do
10. COMPETÊNCIA Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos
Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
Em matéria de competência para o julgamento do Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho,
habeas corpus, a disciplina geral encontra-se prevista no os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
art. 650, § 1.º, do CPP, segundo a qual “a competência do Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem
juiz cessará sempre que a violência ou coação provier de perante Tribunais".
autoridade judiciária de igual ou superior jurisdição”.
Cabe, ainda, ao STJ, julgar em recurso ordinário "os
Em síntese e a contrario sensu, correto afirmar que habeas-corpus decididos em única ou última instância pelos
possui competência para julgamento do habeas corpus: Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for
denegatória".
a) O juiz ou colegiado de tribunal em relação a
violência ou coação proveniente de autoridade ou de órgão
do Poder Judiciário de inferior hierarquia. c) Tribunais Regionais Federais: compete julgar "o
habeas-corpus, quando a autoridade coatora for juiz
federal" (art. 108, I, d, CF), membros do MPU que atuem no
b) O juiz em relação a constrangimentos patrocinados primeiro grau e turmas recursais dos juizados especiais
por autoridades vinculadas a outros Poderes (observadas federais.

57
d) Tribunais de Justiça: cabe apreciar HC quando o casos, ser exclusivamente documental (art. 660, § 2.º, do
coator for juiz estadual de 1° grau, turma recursal dos CPP).
juizados especiais estaduais e membros do MP do Estado,
tendo sua competência fixada pontualmente na respectiva
Falta de fixação de fiança: Sendo a infração
Constituição Estadual.
afiançável e não tendo a autoridade policial, após a lavratura
do flagrante, fixado o seu valor, permitindo que o indiciado
11. RESPONSABILIDADE DO COATOR seja solto, evidencia-se um constrangimento ilegal.
Impetrando-se o habeas corpus, cabe a fixação da fiança
pelo magistrado, remetendo os autos do habeas corpus à
Ordenada a soltura do paciente em virtude de habeas
autoridade policial, após a soltura do paciente, para que seja
corpus, e sendo constatada a má-fé ou evidente abuso de
apensado ao inquérito (art. 660, § 3º, do CPP).
poder da autoridade que tiver determinado a coação, será
remetida ao Ministério Público cópia das peças necessárias
para ser promovida a responsabilidade do coator, podendo Habeas corpus repressivo - alvará de soltura
responder por abuso de autoridade (Lei nº 13.869/2019). clausulado: Decidindo o magistrado favoravelmente ao
paciente, determinará, se estiver preso, seja ele posto em
liberdade, com a cláusula de que, salvo se por outro motivo
Como a Constituição determina ser gratuita a ação de
deva ser mantido na prisão (art. 660, § 1º, do CPP),
habeas corpus, não há custas a pagar, inexistindo razão
expedindo, para este fim, alvará de soltura.
para condenar a autoridade coatora ao pagamento de
quantia inexistente.
Habeas corpus preventivo – salvo-conduto: No
caso da coação estar em vias de se consumar, cabe habeas
12. PROCESSAMENTO DO HABEAS CORPUS
corpus preventivo, solicitando-se ao juiz uma ordem
denominada salvo-conduto, consistente em uma garantia
Apresentação do paciente: Recebida a petição para que o paciente não seja vitimado pela iminente
de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver violência à sua liberdade de locomoção. Se a ordem for
preso o paciente, mandará que este lhe seja imediatamente concedida com esse objetivo, mandará o magistrado expedir
apresentado em dia e hora que designar (art. 656, caput, salvo-conduto em seu favor (art. 660, § 4º, do CPP).
CPP).
Prosseguimento do processo: Importante anotar
Negativa de apresentação: O descumprimento da que a interposição do habeas corpus e a concessão da ordem
ordem de apresentação apenas se justifica nas hipóteses de para fazer cessar o constrangimento ilegal detectado não
enfermidade grave do paciente (caso em que o juiz poderá impede, naturalmente, o prosseguimento da ação penal,
se dirigir ao local onde se encontra o paciente) ou de não conforme disposto no art. 651 do CPP.
estar ele sob a guarda de quem se atribui a detenção (art.
657, I e II, do CPP). Agora, se o desatendimento da
Intervenção do Ministério Público: Note-se que,
determinação judicial decorrer de conduta dolosa do
tratando-se de habeas corpus impetrado perante o juiz, não
detentor, ficará este sujeito à imputação de crime de
exige a lei, antes da decisão judicial, a prévia oitiva do
desobediência (art. 656, parágrafo único, do CPP), sem
Ministério Público.
prejuízo da possibilidade de ordenar o magistrado,
liminarmente, a imediata liberação do paciente.
Comunicação à autoridade coatora: A concessão
de ordem de habeas corpus deve ser, de imediato,
Requisição de informações: Na realidade, a
comunicada à autoridade coatora, para que conste no
providência de apresentação do preso ao juiz é pouco
processo ou no inquérito. Constitui verdadeira garantia de
utilizada, sendo substituída pela requisição de informações
que a situação considerada ilegal, contra a qual foi
ao coator acerca do constrangimento apontado na inicial de
concedida a ordem, não tornará a ocorrer.
habeas corpus (analogia ao art. 662 do CPP).

QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES – HABEAS


Cessação do interesse de agir: É possível que,
CORPUS
durante a tramitação do habeas corpus, o juiz constate que
já cessou a violência ou coação ilegal (por exemplo, em face
da liberação do paciente indevidamente detido). Nesta 01. (CESPE / CEBRASPE - 2017 - SJDH- PE - Agente de
hipótese, julgará prejudicado o pedido e o resultado é a Segurança Penitenciária) Com relação ao habeas corpus,
extinção do HC sem a apreciação do mérito, ante a julgue os itens a seguir.
manifesta ausência do interesse de agir (art. 659 do CPP).
I O juiz pode conceder habeas corpus independentemente
de requerimento do acusado.
Prazo para decisão do juiz: Apresentado e II É vedado ao Ministério Público requisitar habeas cor-
interrogado o paciente, ou remetidas ao juízo as pus em favor de acusado.
informações requisitadas, caberá ao juiz decidir,
III É permitido ao filho do paciente impetrar habeas cor-
fundamentadamente, no prazo de 24 horas (art. 660, caput,
pus em favor de seu pai.
do CPP).
IV O habeas corpus pode ser requerido antes da privação da
liberdade do paciente.
A exiguidade deste prazo justifica-se não apenas na
Estão certos apenas os itens
natureza e objetivos do habeas corpus, como também no
fato de a prova da coação acostada aos autos, em muitos a) I e II.

58
b) I e III. 05. (IBFC - 2020 - EBSERH - Advogado) O Habeas Cor-
c) II e IV. pus é uma ação constitucional que tem como objeto a ga-
rantia da liberdade de locomoção dos indivíduos, compreen-
d) I, III e IV.
dida como a liberdade de ir e vir, mas também de permane-
e) II, III e IV. cer. Sobre ela, assinale a alternativa correta.
a) É obrigatória a assinatura de um advogado na petição da
02.(VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia) O ha- ação de Habeas Corpus
beas corpus é remédio constitucional, embora tenha previ- b) É uma ação que atua, exclusivamente, de forma repres-
são no Código de Processo Penal. Nesse sentido, prevê o siva à restrição da liberdade de locomoção
Código de Processo Penal que
c) É uma ação que pode ser concedida de ofício pelo juiz
a) se a ordem de habeas corpus for concedida em favor do
d) Em nenhuma hipótese é uma ação que pode ser impe-
paciente preso, será expedido salvo-conduto assinado pelo
trada em face de particular
juiz.
e) Não se trata de uma ação que recebe o benefício da gra-
b) se considerará ilegal a coação se o réu estiver preso no
tuidade por expressa previsão constitucional
processo por mais de oitenta e um dias sem julgamento do
feito.
c) os juízes e os tribunais não podem expedir de ofício or- 06. (IADES - 2019 - SEAP-GO - Agente de Segurança
dem de habeas corpus, ainda que, quando no curso de pro- Prisional) O habeas corpus é uma garantia constitucional
cesso, verificarem que alguém sofre ou está na iminência de em que se obtém, por meio da ação, uma ordem escrita
sofrer coação ilegal. tutelando a liberdade de locomoção, o direito de ir e vir, e
de não ser preso. Acerca do habeas corpus, assinale a alter-
d) o habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pes-
nativa correta.
soa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério
Público. a) Pode ser paciente qualquer pessoa natural ou jurídica.
e) recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se necessá- b) É medida que tutela o direito de permanecer, de ir e vir
rio, e estiver preso o paciente, mandará que lhe seja apre- e de não ser preso em nenhuma situação.
sentado o paciente no prazo de 24 (vinte e quatro) a 48 c) É medida que protege direito líquido e certo.
(quarenta e oito) horas. d) É medida que tutela o direito de permanecer, de ir e vir
e de não ser preso.
03. (CESPE / CEBRASPE - 2019 - TJ-BA - Juiz Leigo) e) É medida que tutela o direito patrimonial, mesmo quando
Caberá impetração de habeas corpus de cunho preventivo por ordem de autoridade judiciária incompetente.
a) com o fim de reexame de provas, na hipótese de conde-
nação contrária à prova dos autos. 07. (FGV - 2019 - TJ-CE - Técnico Judiciário - Área Ju-
b) contra ação penal em curso a que a pena de multa seja diciária) Francisco, primário e de bons antecedentes, vem
a única cominada. a tomar conhecimento da existência de procedimento inves-
c) caso ameaça de constrangimento à liberdade de ir e vir tigatório administrativo, presidido por autoridade policial,
se constitua de forma concreta e iminente. em que figura como indiciado pela suposta prática de crime
punido exclusivamente com pena de multa. Revoltado com
d) para proteger pessoa jurídica, na condição de corré em
a situação, acreditando não ter qualquer relação com o fato
ação penal, contra ilegalidade ou abuso de poder.
criminoso investigado e que estaria havendo abuso por
e) para impedir privação de liberdade decorrente de punição parte do Delegado de Polícia, apresenta habeas corpus, ela-
militar disciplinar. borado por ele próprio, sem assistência de advogado, e es-
crito à mão, em folha de papel de caderno, perante o juízo
04. (VUNESP - 2020 - EBSERH - Advogado) No que con- de primeira instância competente, figurando como autori-
cerne ao regramento legal do habeas corpus previsto no dade coatora a autoridade policial.
CPP, é correto afirmar: Com base nas informações expostas, a medida apresentada
a) dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se por Francisco:
achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na a) não é admitida, pois somente é prevista quando a auto-
sua liberdade de ir e vir, inclusive nos casos de punição dis- ridade coatora for responsável pela prática de ato judicial,
ciplinar. mas não administrativo;
b) recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar ne- b) é admitida, cabendo à autoridade policial prestar infor-
cessário, e estiver preso o paciente, mandará que este lhe mações antes da decisão judicial, não havendo, porém, pri-
seja imediatamente apresentado em dia e hora que desig- oridade no julgamento;
nar. c) não é admitida, tendo em vista que o delito investigado é
c) se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade punido apenas com pena de multa;
do processo, este será definitivamente arquivado. d) é admitida, devendo a autoridade judicial assegurar pri-
d) a lei processual penal não prevê a possibilidade de os oridade no processamento e julgamento;
juízes e os tribunais expedirem de ofício ordem de habeas e) não é admitida, diante da inexistência de representação
corpus. jurídica por advogado.
e) não cabe habeas corpus quando negada a liberdade sob
fiança, mesmo que a lei autorize a liberdade no caso con-
08. (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador)
creto.
Sobre o habeas corpus, é correto afirmar que

59
a) qualquer coação que parta de autoridade pública e cons- que declara: “A lei considerará crimes inafiançáveis e insus-
tranja sujeito particular enseja a impetração de habeas cor- cetíveis de graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico
pus. ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os cri-
b) a concessão do habeas corpus consequentemente obs- mes definidos como hediondos”.
tará o processo, pondo termo no seu prosseguimento juris- Assim, a Lei 8.072/90, em seu art. 1º relacionou um
dicional. rol taxativo de crimes considerados hediondos, bem como
os chamados pela doutrina de crimes assemelhados aos he-
c) o habeas corpus, embora classificado pela legislação pro-
diondos (tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
cessual penal brasileira como "recurso penal", é uma ação
afins e terrorismo) a eles se estendendo a aplicação da Lei
de impugnação de natureza constitucional.
nº 8.072/90.
d) o habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pes-
soa, em seu favor ou de outrem, exceto pelo Ministério Pú- I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade
blico, órgão de natureza acusatória. típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um
e) apenas os tribunais colegiados têm competência para ex- só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I,
pedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX); (Redação dada pela Lei
processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência nº 14.344, de 2022)
de sofrer coação ilegal.
COMENTÁRIO: O crime de homicídio será considerado
09. (FUNCAB - 2013 - PC-ES - Perito Criminal Espe- hediondo em duas hipóteses:
cial) Em relação ao habeas corpus, é INCORRETO afirmar: a) No homicídio simples praticado em atividade típica de
grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente,
a) A legitimidade para o ajuizamento do habeas corpus não sendo situação bastante rara em face de apresentar sempre
exige capacidade postulatória. alguma qualificadora, como o motivo torpe, impossibilidade
b) Trata-se de uma ação constitucional, de procedimento de defesa, etc.
especial. b) No homicídio qualificado, abrangendo todas as for-
c) Constitui garantia individual ao direito de locomoção, mas previstas no art. 121, § 2º, I a VII, do Código Penal).
quando ameaçado por ilegalidade ou abuso de poder.
IMPORTANTE: O homicídio privilegiado-qualificado não
d) Poderá ser impetrado contra decisão condenatória a pena
é considerado hediondo.
de multa.
e) Tem cabimento sempre que alguém se achar na iminência I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art.
de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, §
vir. 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito
nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
10. (UERR - 2018 - SETRABES - Agente Sócio-Orienta- sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública,
dor) Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra
se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até ter-
sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disci- ceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº
plinar. Considera-se coação ilegal: 13.142, de 2015)
a) quando houver justa causa.
COMENTÁRIO: A Lei n. 13.142/2015 alterou a Lei de
b) quando for alguém admitido a prestar fiança, nos casos
Crimes Hediondos para atribuir hediondez para as condutas
em que a lei a autoriza.
de lesão corporal dolosa gravíssima (art. 129, § 2º), lesão
c) quando quem ordenar a coação não tiver competência corporal seguida de morte (art. 129, § 3º) e homicídio qua-
para fazê-lo. lificado praticados contra integrantes dos órgãos de segu-
d) quando o processo for anulável. rança pública (ou contra seus familiares), se esses delitos
e) enquanto não cessado o motivo que autorizou a coação. tiverem relação com a função exercida por esses agentes de
segurança.

GABARITO HABEAS CORPUS II - roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de


01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 2019)
D D C B C D C C D C a) circunstanciado pela restrição de liberdade da
vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
8.LEI DOS CRIMES HEDIONDOS b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art.
(LEI Nº 8.072, DE 25/07/90) 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de
uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes cri- morte (art. 157, § 3º);
mes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de de-
zembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
COMENTÁRIO: Antes do advento da Lei nº
(Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994)
13.964/2019, o inciso II previa apenas o latrocínio como
crime hediondo. A partir da referida lei, é considerado hedi-
COMENTÁRIO: Além de definir os delitos conside- ondo o roubo (I) circunstanciado pela restrição de liberdade
rados hediondos, a Lei nº 8.072/90 trouxe diversas outras da vítima, (II) circunstanciado pelo emprego de arma de
providências de natureza penal e processual penal, bem fogo ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou
como referente à execução da pena dos próprios crimes he- restrito ou (III) qualificado pelo resultado lesão corporal
diondos, do tráfico de entorpecentes, do terrorismo e da tor- grave ou morte.
tura. A lei foi originada a partir do art. 5.º, XLIII, da CF/88,

60
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da nos § 1º A e B. Ressalte-se que a forma culposa (§ 2º) não
vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § é considerado hediondo.
3º); (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma
COMENTÁRIO: Antes do advento da Lei nº de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vul-
13.964/2019, o inciso III previa apenas a extorsão qualifi- nerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela
cada ela morte como crime hediondo. A partir da referida Lei nº 12.978, de 2014)
lei, é considerada hedionda a extorsão qualificada pela res-
trição da liberdade da vítima, pela ocorrência de lesão cor- COMENTÁRIO: A Lei 12.978/2014 acrescentou mais
poral ou morte. um inciso ao art. 1º da Lei n. 8.072/90 prevendo que tam-
bém é considerado como crime hediondo o favorecimento
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de
(art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei criança ou adolescente ou de vulnerável, delito previsto no
nº 8.930, de 1994) art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º do Código Penal.
A Lei n. 12.978/2014 é mais gravosa e, por isso, não
COMENTÁRIO: O crime de extorsão mediante seques- tem efeitos retroativos, de forma que, quem cometeu o de-
tro é considerado hediondo tanto em sua forma simples lito até antes da entrada em vigor da lei (22/05/2014), não
como em todas as suas formas qualificadas (se dura mais é abrangido pelo tratamento dispensado aos crimes hedion-
de 24 horas; se a vítima é menor de 18 ou maior de 60 dos.
anos; se é cometido por quadrilha ou bando; se a vítima
sofre lesão grave ou morre). IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação A). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
COMENTÁRIO: A Lei nº 13.964/2019 acrescentou o in-
COMENTÁRIO: A menção clara às figuras do caput e ciso IX, que considera crime hediondo o furto qualificado
dos parágrafos não deixa dúvida quanto à hediondez tanto pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause
das modalidades simples como das qualificadas desses deli- perigo comum.
tos, sujeitando o agente às disposições penais e processuais
da Lei nº 8.072/90, dentre as quais se destacam o obriga- Parágrafo único. Consideram-se também hediondos,
tório início do cumprimento da pena em regime fechado e a tentados ou consumados: (Redação dada pela Lei nº
necessidade de cumprimento de frações maiores da pena 13.964, de 2019)
para obtenção do livramento condicional e da progressão de I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º
regime prisional. da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956;
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22
2o, 3o e 4o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) de dezembro de 2003;
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo,
COMENTÁRIO: A exemplo do estupro básico (art. 213 previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de
e §§), o estupro de vulnerável, tanto na forma simples como 2003;
na qualificada (art. 217-A e §§), é considerado crime hedi- IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo,
ondo, com as mesmas conseqüências penais e processuais acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826,
penais. de 22 de dezembro de 2003;
V - o crime de organização criminosa, quando
direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado.
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (In-
ciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
COMENTÁRIO: No inciso I estão os delitos tipificados
nos artigos 1° a 3°, da Lei nº 2.889/56 (Lei dos Crimes con-
COMENTÁRIO: Epidemia é o surto de uma doença que
tra a Humanidade), que dispõe serem crimes cometidos com
atinge grande número de pessoas em determinado local ou
a intenção de destruir, total ou parcialmente, grupo nacio-
região, mediante a propagação de germes patogênicos. O
nal, étnico, racial ou religioso. O inciso II considera hediondo
crime somente é considerado hediondo em sua forma dolosa
o crime de o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de
(admite a culposa – art. 267, § 2º), e ainda quando resultar
uso restrito, previsto no art. 16 do Estatuto do Desarma-
em morte.
mento. Prevalece que tanto o caput como o parágrafo
único do art. 16 da Lei nº 10.826/2003 são hediondos.
VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de
1998) A Lei nº 13.964/2019 acrescentou os incisos III, IV e
V, passando a considerar hediondos também os crimes de
(III) comércio ilegal de armas de fogo, (IV) tráfico interna-
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração cional de arma de fogo, acessório ou munição e (V) organi-
de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. zação criminosa, quando direcionado à prática de crime he-
273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela diondo ou equiparado.
Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela
Lei nº 9.695, de 1998)
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o trá-
COMENTÁRIO: A falsificação de medicamento assume fico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são
caráter de hediondez tanto em sua forma simples, como nas insuscetíveis de:
formas qualificadas descritas no art. 285 (lesão grave ou
morte) do Código Penal, bem como nos delitos equiparados I - anistia, graça e indulto;

61
Em regra, se o condenado respondeu ao processo
COMENTÁRIO: A primeira conseqüência da hediondez solto, apela solto; se respondeu preso, apela preso, salvo se
está prevista no inc. I do art. 2º da lei em estudo. A anistia desapareceu o motivo que ensejou a prisão provisória.
advém de lei, pela qual, em razão de clemência, política so- O mesmo raciocínio se aplica no caso de liberdade
cial e outros fatores “esquece” um fato criminoso, perdo- provisória.
ando a prática de infrações penais o que acarreta a exclusão
dos seus efeitos penais, dirigindo-se, em regra, a crimes po- § 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no
líticos. A graça e o indulto são concedidos pelo Presidente 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos
República, por meio de decreto presidencial, representando neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável
formas de extinção da punibilidade. A diferença entre a por igual período em caso de extrema e comprovada neces-
graça e o indulto reside no fato de que a graça é concedida sidade. (Incluído pela Lei nº 11.464, de 2007)
individualmente, enquanto o indulto de maneira coletiva.
Importante lembrar que a CF/88, em seu art. 5º, XLIII, COMENTÁRIO: Nos delitos comuns, determina a Lei
só vedou aos referidos crimes a concessão de graça e anis- nº 7.960/89, que o prazo da prisão temporária será de, no
tia, entretanto, a vedação ao indulto não fere a Constituição, máximo, 5 (cinco) dias, podendo ser renovado por igual pe-
pois o texto, ao mencionar a graça, o fez em termos gené- ríodo, em caso de extrema e comprovada necessidade. Nos
ricos, no sentido de clemência, indulgência. crimes hediondos e assemelhados, o prazo da prisão tem-
O CPP determina, em seu art. 323, com redação da Lei porária fica estendido para 30 (trinta) dias, prorrogável por
nº 12.403/2011, que não será concedida fiança: I - nos cri- igual período, exigindo-se, também, extrema e comprovada
mes de racismo; II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de necessidade.
entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos
como crimes hediondos; III - nos crimes cometidos por gru- Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de
pos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucio- segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas
nal e o Estado Democrático.
impostas a condenados de alta periculosidade, cuja perma-
nência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou
II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) incolumidade pública.
Art. 4º (Vetado).
COMENTÁRIO: A fiança, consoante o art. 330, caput,
do Código de Processo Penal, é a garantia efetiva, consis- Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o seguinte
tente em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais inciso:
preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou mu-
"Art. 83.
nicipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar, prestada
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de
pelo acusado ou terceiro em seu prol, objetivando defender-
condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico
se em liberdade, nas hipóteses legais. ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o
ATENÇÃO: Antes da Lei nº 11.464/2007, os crimes he- apenado não for reincidente específico em crimes dessa na-
diondos e seus equiparados se tornavam insuscetíveis de fi- tureza."
ança e de liberdade provisória. Agora, esses crimes conti-
nuam insuscetíveis de fiança, mas não de liberdade provi-
COMENTÁRIO: Trata o art. 83 do CP do livramento
sória.
condicional. A LCH estabelece prazo maior de cumprimento
de pena para obtenção do livramento condicional, e impõe
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cum-
hipótese de sua vedação. Assim, o livramento é cabível aos
prida inicialmente em regime fechado. (Redação dada pela
condenados por crimes hediondos e equiparados, se cum-
Lei nº 11.464, de 2007)
pridos 2/3 da pena (a Lei de Drogas possui regra idêntica).
ATENÇÃO: Se o condenado for reincidente em crimes
COMENTÁRIO: A partir da edição da Lei nº 11.464, hediondos ou assemelhados (reincidente específico em cri-
de 29/03/2007, é legalmente admitida a progressão de mes dessa natureza) é vedado o livramento condicional. Não
regime prisional (do regime fechado para o semiaberto e precisa ser reincidência pelo mesmo crime, podendo ser por
deste para o aberto) quando se tratar de condenação por qualquer delito hediondo ou equiparado, como por exemplo,
crime hediondo e seus equiparados (tortura, tráfico de o elemento tem condenação definitiva por tráfico e comete
drogas e terrorismo), uma vez que o novo §1º, do art. 2º latrocínio – é vedado o livramento condicional.
da Lei dos Crimes Hediondos, diz que a pena, por tais crimes
será cumprida inicialmente em regime fechado. Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º
e 3º; 213; 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, ca-
§ 2º - Revogado pelo art. 19 da Lei nº 13.964/2019. put e 270; caput, todos do Código Penal, passam a vigorar
com a seguinte redação:
§ 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá
fundamentadamente se o réu poderá apelar em liber- "Art. 157.
dade. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) ...
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é
COMENTÁRIO: A Lei de Crimes Hediondos não pro- de reclusão, de cinco a quinze anos, além da multa; se re-
íbe o direito de apelar em liberdade. Entretanto, exige do sulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo
juiz a justificativa fundamentada na sentença se o concede da multa.
ou não. Assim, deverá apelar preso se houver algum dos
motivos da prisão preventiva, e solto se não houver, se- Art. 159.
gundo o Princípio do estado de inocência. ...
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1º ...
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.

62
§ 2º ... ou quadrilha. Importante notar que essa regra não se aplica
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. ao delito de extorsão mediante sequestro, que já possui sua
§ 3º ... própria delação premiada (art. 159, § 4º, CP – facilitar a
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. libertação do sequestrado).
ATENÇÃO: A Lei de Drogas prevê uma delação premi-
Art. 213. ada também (art. 41, da Lei 11.343/06).
...
Pena - reclusão, de seis a dez anos. Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capi-
tulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§
Art. 214. 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art. 223,
... caput e parágrafo único, 214 e sua combinação com o art.
Pena - reclusão, de seis a dez anos. 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são
acrescidas de metade, respeitado o limite superior de trinta
Art. 223. anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóte-
... ses referidas no art. 224 também do Código Penal.
Pena - reclusão, de oito a doze anos.
Parágrafo único. COMENTÁRIO: A causa especial de aumento de pena
... prevista na lei de crimes hediondos, com acréscimo de me-
Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos. tade da pena, respeitado o limite superior de trinta anos de
reclusão, foi revogada em relação ao crime de estupro de
Art. 267. vulnerável, em face da revogação do art. 224 pela Lei nº
... 12.015/2009. Frisamos que o art. 9º não incide sobre todos
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. os crimes hediondos ou assemelhados, mas unicamente na-
queles por ele indicados, de natureza patrimonial (latrocínio,
Art. 270. extorsão qualificada pela morte, extorsão mediante seqües-
... tro), não se aplicando ao crime de estupro de vulnerável.
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. ATENÇÃO: O Juiz, ao aplicar o aumento, não poderá
exceder o limite de 30 (trinta) anos.
Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o se-
guinte parágrafo: Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de
"Art. 159. 1976, passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a
... seguinte redação:
§ 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o coau- "Art. 35.
tor que denunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação do ...
sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços." Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capítulo
serão contados em dobro quando se tratar dos crimes pre-
COMENTÁRIO: Esse parágrafo instituiu no Direito vistos nos arts. 12, 13 e 14."
Penal brasileiro, a figura da delação. Atualmente, o § 4º do
art. 159, com as alterações da Lei nº 9.269/96, dispões que: COMENTÁRIO: ATENÇÃO: A Lei nº 6.368/76 foi re-
“se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o vogada e a nova Lei de Drogas – Lei nº 11.343/2006 não
denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqües- prevê mais prazo em dobro. São todos prazos simples.
trado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.” Por-
tanto, agora, fica beneficiado o delator ainda que os agentes Art. 11. (Vetado).
sejam somente dois ou três, e não mais somente a partir de Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publica-
quatro agentes. ção.
Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 8º - Será de três a seis anos de reclusão a pena
prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de
crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entor- EXERCÍCIOS – CRIMES HEDIONDOS
pecentes e drogas afins ou terrorismo.
01. (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
Parágrafo único. O participante e o associado que de- Polícia) Dentre os delitos relacionados a seguir, NÃO é clas-
nunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando sificado como crime hediondo, em conformidade com a Lei
seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois
n° 8.072/90,
terços.
a) latrocínio.
COMENTÁRIO: A partir da edição da Lei de Crimes He- b) genocídio.
diondos, o crime de quadrilha ou bando, atual Associação c) estupro.
Criminosa, passou a ter o seguinte tratamento: d) posse ou porte de arma de fogo de uso restrito.
1) Associação Criminosa para a prática de crimes hediondos
ou assemelhados – pena de 3 a 6 anos de reclusão (art. 288, e) furto qualificado.
do CP c/c art. 8°, da LCH).
2) Associação Criminosa para a prática de qualquer outro 02. (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial
delito – pena de 1 a 3 anos de reclusão. Criminal - Área 8) A Lei nº 8.072/1990 dispõe sobre os
crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da
DELACAO PREMIADA: o § único, do art. 8º prevê a Constituição Federal, e determina outras providências. A
delação premiada, devendo ser observado que a delação respeito dos Crimes Hediondos, assinale a alternativa cor-
tem que ser eficaz, permitindo o desmantelamento do bando reta.

63
a) A pena imposta pelo cometimento de crime hediondo de- que integra a Força Nacional, residente na referida cidade,
verá ser cumprida inicialmente em regime fechado ou semi- se envolveu em acidente de trânsito sem vítimas, ao abal-
aberto, mediante decisão fundamentada do Juiz. roar o veículo do condutor “Y”. Após se identificar como ir-
b) O crime de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, mão do Militar do Estado integrante da Força Nacional, foi
tentado ou consumado, também é considerado crime hedi- violentamente agredido por “Y”, que confessou ter assim
ondo, contudo o de posse ilegal de arma de fogo de uso agido apenas por saber dessa condição. As agressões pro-
restrito, não. vocaram lesões corporais gravíssimas no civil “X”. Diante do
exposto, é correto afirmar que o crime praticado por “Y”
c) Os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia, graça e
fiança, porém são suscetíveis de indulto. a) não é considerado hediondo, pois a legislação contempla
apenas o crime de homicídio doloso perpetrado contra o Mi-
d) A epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º, do Có-
litar do Estado.
digo Penal) é considerada crime hediondo.
b) é considerado hediondo, apenas por se tratar de uma le-
e) Em caso de sentença condenatória de crime hediondo, o
são corporal dolosa de natureza gravíssima, independente-
réu não poderá recorrer em liberdade.
mente da condição da eventual vítima.
c) não é considerado hediondo, pois a legislação não con-
03. (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Perito Oficial templa lesão corporal dolosa de natureza gravíssima como
Criminal - Área 8) De acordo com a Lei nº 8.072/1990, crime hediondo.
que dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art.
d) é considerado hediondo, pois o civil “X” foi vítima de lesão
5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras
corporal dolosa de natureza gravíssima apenas por ser ir-
providências, assinale a alternativa correta.
mão de Militar do Estado em razão de sua função.
a) É considerado crime hediondo o homicídio, quando prati-
e) somente seria considerado hediondo se o crime de lesão
cado em atividade típica de grupo de extermínio, exceto se
corporal dolosa de natureza gravíssima fosse perpetrado
cometido por um só agente.
contra o próprio Militar do Estado em razão de sua função.
b) Não é considerado hediondo o crime de epidemia com
resultado morte.
07. (CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil)
c) Não é considerado hediondo o crime de porte ilegal de
Conforme a legislação pertinente, considera-se crime hedi-
arma de fogo de uso restrito.
ondo
d) É considerado hediondo o crime de favorecimento da
a) o favorecimento da exploração sexual de pessoas adultas.
prostituição ou de outra forma de exploração sexual de cri-
ança ou adolescente ou de vulnerável. b) o estupro de vulnerável tentado.
e) Não é considerado hediondo o crime de homicídio qualifi- c) a lesão corporal dolosa de natureza grave.
cado. d) o sequestro.
e) a extorsão simples.
04. (NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Ci-
vil) Acerca dos Crimes hediondos, marque a alterna- 08. (IBADE - 2017 - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil)
tiva CORRETA. Acerca dos crimes hediondos (Lei n° 8.072/1990 e suas al-
a) São considerados hediondos o Infanticídio e o Estupro. terações), pode-se afirmar que a:
b) A tentativa de homicídio simples ou de homicídio qualifi- a) progressão de regime, no caso dos condenados aos cri-
cado constituem-se crimes hediondos. mes hediondos, dar-se-á após o cumprimento de 3/5 (três
c) É possível a liberdade provisória aos autores de crimes quintos) da pena, se o apenado for primário, havendo veda-
hediondos e equiparados. ção em caso de ser reincidente.
d) Dependendo da gravidade do crime, é cabível ao juiz clas- b) prisão temporária por crimes hediondos terá o prazo de
sificar o crime como hediondo. 10 (dez) dias, prorrogável por igual período em caso de ex-
trema e comprovada necessidade.
e) Tratando-se de crime hediondo ou equiparado, o conde-
nado por crime de tortura, em qualquer modalidade, deverá c) pena por crime hediondo será cumprida integralmente em
iniciar o cumprimento da pena em regime fechado. regime fechado.
d) progressão de regime, no caso dos condenados aos cri-
mes hediondos, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois
05. (VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia)
quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três
A Lei dos crimes hediondos (Lei n° 8.072/90), embora não
quintos), se reincidente.
forneça o conceito de crime hediondo, apresenta um rol dos
crimes que se enquadram em seus dispositivos, entre os e) prisão temporária por crimes hediondos terá o prazo de
quais se pode destacar 20 (vinte) dias, prorrogável por igual período em caso de
extrema e comprovada necessidade.
a) instigação ao suicídio.
b) lesão corporal de natureza grave.
09. (IBADE - 2017 - PC-AC - Delegado de Polícia Civil)
c) incêndio qualificado pela morte.
No que concerne à Lei que trata dos crimes Hediondos (Lei
d) extorsão mediante sequestro. n° 8.072/1990 e suas alterações), assinale a alternativa cor-
e) violação sexual mediante fraude. reta.
a) A progressão de regime, no caso dos condenados por cri-
06. (VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia) mes hediondos, dar-se-á após o cumprimento de 3/5 (três
Considere o seguinte caso hipotético. quintos) da pena, se o apenado for primário.

A Força Nacional está atuando legalmente em Salvador. O b) O crime de homicídio qualificado previsto no Código Penal
civil “X”, irmão de um Policial Militar do Estado de São Paulo Militar é considerado hediondo.

64
c) O fato de o crime ser considerado hediondo, por si só, 1. Possuir: ser proprietário da arma de fogo, acessório
não impede a concessão da liberdade provisória, de acordo ou munição;
com o entendimento dos Tribunais Superiores. 2. Manter sob guarda: conservar a arma em seu poder
d) O sistema adotado pela legislação brasileira para rotular (intra muros);
uma conduta como hediondo é o sistema misto.
O agente consuma o delito no momento em que realiza
e) Dentre os crimes equiparados aos hediondos estão: tor-
um dos verbos do tipo penal em questão. A tentativa não é
tura, tráfico ilícito de drogas e racismo.
possível.

10. (VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil O elemento subjetivo do tipo é o dolo, que consiste na
de 1a Classe) O condenado por crime hediondo, de acordo vontade livre e consciente do agente em realizar as condu-
com o texto legal (Lei no 8.072/90), tas descritas no tipo, abrangendo o conhecimento dos ele-
a) pode, a critério do juiz, apelar em liberdade e, se primá- mentos normativos do tipo.
rio, alcança o lapso temporal necessário à progressão do re-
gime prisional cumpridos 2/5 da pena. O Elemento normativo do tipo está contido na expressão
"em desacordo com determinação legal ou regulamentar".
b) pode, a critério do juiz, apelar em liberdade e, se primá- Assim, o agente que é surpreendido mantendo uma arma
rio, alcança o lapso temporal necessário à progressão do re- de fogo com autorização expedida pela autoridade compe-
gime prisional cumprido 1/6 da pena. tente, e em horário e local autorizados pelo regulamento,
c) não pode apelar em liberdade e não tem direito à pro- não pratica o delito.
gressão de regime.
d) não pode apelar em liberdade e, se reincidente, alcança  As armas de fogo, acessórios ou munições, menciona-
o lapso temporal necessário à progressão do regime prisio- das no dispositivo legal, referem-se àquelas de uso permi-
nal cumpridos 3/5 da pena. tido.
e) pode, a critério do juiz, apelar em liberdade e, se reinci-
ATENÇÃO: O fato de o agente trazer a arma desmunici-
dente, alcança o lapso temporal necessário à progressão do
ada já caracteriza a conduta incriminada: transportar, pos-
regime prisional cumpridos 2/3 da pena.
suir e manter sob guarda, eis que a lei passou a considerar
crime a figura de transportar munição ou acessório, os
GABARITO quais, desacompanhados da arma, não podem ser pronta-
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 mente utilizados, entretanto, não se podendo alegar isto
E D D C D D B D C A para afastar o perigo tutelado pela norma jurídica em ques-
tão.

O STF e o STJ pacificaram entendimento de que não há


9. ESTATUTO DO DESARMAMENTO necessidade de exame pericial para comprovação da mate-
(LEI No 10.826, DE 22/12/2003) rialidade delitiva. Mesmo sem laudo ou haja laudo nulo, há
a possibilidade de reconhecimento do crime (nesse sentido:
CAPÍTULO IV - DOS CRIMES E DAS PENAS STJ, HC 89.509 de 2008; REsp 953.853/RS de 2008; STF,
RHC 91.553 de 2009).
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
STJ, HC 445564: "A Terceira Seção desta Corte pacifi-
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de cou entendimento no sentido de que o tipo penal de posse
fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo ou porte ilegal de arma de fogo cuida-se de delito de mera
com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua conduta ou de perigo abstrato, sendo irrelevante a demons-
residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de tração de seu efetivo caráter ofensivo. Na hipótese, con-
trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do tudo, em que demonstrada por laudo pericial a total ineficá-
estabelecimento ou empresa: cia da arma de fogo (inapta a disparar), deve ser reconhe-
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. cida a atipicidade da conduta perpetrada, diante da ausência
de afetação do bem jurídico incolumidade pública, tra-
tando-se de crime impossível pela ineficácia absoluta do
Comentário: O crime em questão tem como objetivi-
meio".
dade jurídica a incolumidade pública, tratando-se de crime
de mera conduta, comum, de ação múltipla, e de perigo abs-
ATENÇÃO: O agente que, em um mesmo contexto fá-
trato (dispensa prova de efetivo perigo).
tico, é surpreendido possuindo ou portando ilegalmente
várias armas de fogo ou munições deve responder por um
Trata-se, ainda, de norma penal em branco, uma vez que
único crime. Se calibre permitido, configura o crime do art.
a expressão "em desacordo com determinação legal ou re-
12 ou 14; se restrito, art. 16.
gulamentar" denota a necessidade de complementação do
que vem a ser arma de uso permitido.
IMPORTANTE: O STF entende que o agente que porta
uma munição como adorno (pingente / embelezamento) po-
O objeto material dos crimes em estudo é a arma de
derá ser aplicado o princípio da insignificância.
fogo, acessório ou munição, de uso permitido.
Por tratar-se de crime comum, o agente pode ser qual-
quer pessoa. O sujeito passivo é a coletividade. Omissão de cautela

No artigo 12 temos dois verbos transitivos que descre- Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias
vem a ação do agente: para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa

65
portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo agente ser encontrado em poder do objeto que apreendido
que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade: caracterizará a prova material do crime (extramuros).
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
As modalidades: adquirir, fornecer e receber são crimes
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o pro- instantâneos que se consumam no ato em que o agente está
prietário ou diretor responsável de empresa de segurança e se apossando da arma, comprando-a ou trocando-a com ou-
transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência tro objeto, quando ele está fornecendo a arma a alguém
policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo para ser transacionada ou quando ele a recebe de mãos de
ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou qualquer pessoa, para qualquer finalidade.
munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24
(vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. ATENÇÃO: A lei fala em porte ilegal de arma de fogo,
não se referindo a arma branca.
Comentário: Trata-se de crime culposo na modalidade
de negligência ou imprudência do proprietário da arma em  A concessão do porte de arma é um ato discricionário
deixá-la às vistas do menor de 18 anos ou de pessoa porta- da autoridade policial federal e relaciona-se às armas de
dora de deficiência ou permitir que essas pessoas a manu- fogo.
seie.
Se a arma estiver carregada e disparar ferindo ou ma- IMPORTANTE: Arma de fogo transportada no interior de
tando o menor, ou pessoa portadora de deficiência, o pro- automóvel configura o delito do art. 14 (porte ilegal).
prietário da arma que negligenciou a sua guarda ou agiu
com imprudência entregando-a a uma dessas pessoas, res- Disparo de arma de fogo
ponderá pelo crime. Trata-se do princípio da consunção, que
é quando o crime mais grave absorve o menos grave. Se Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em
não houver a prática de crime mais grave, o agente respon- lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou
derá somente pelo crime menor. em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como
A tentativa é inadmissível, uma vez que crimes culposos finalidade a prática de outro crime:
não admitem a tentativa. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafi-
Parágrafo único - o p.u. deste dispositivo possui um ançável. (Vide Adin 3.112-1)
crime próprio, vale dizer que exige capacidade especial do
sujeito ativo. Somente podem ser sujeitos ativos deste IMPORTANTE: ADIN 3.112-1 – O Plenário do STF, por
crime os proprietários ou diretores responsáveis de empre- maioria de votos, em 02/05/2007, declarou inconstitucional
sas de segurança e de transporte de valores. Este crime é os parágrafos únicos dos artigos 14 e 15 e o artigo 21 do
doloso, vale dizer é necessário que o agente tome conheci- Estatuto do Desarmamento, portanto, é perfeitamente cabí-
mento do fato, ou seja do furto, roubo ou extravio e se omita vel fiança e liberdade provisória em tais casos.
no dever de comunicá-lo à Polícia Federal.
Trata-se de crime omissivo próprio, logo não admite a Comentário: Se do disparo de arma resultar lesão cor-
tentativa. poral a outrem o infrator responderá pelo crime de lesão
corporal culposa na modalidade de imprudência, art. 129, §
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido 6º do CP, punido com detenção de 2 (dois) meses a 1 (um)
ano. Se o disparo resultar na morte da vítima, o infrator
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter responderá por infração ao art.121, § 3º do CP (Homicídio
em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, culposo) punido com detenção de 1 (um) a 3 (três) anos,
emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocul- também na modalidade de imprudência.
tar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, Se o agente disparar arma em local de grande afluência
sem autorização e em desacordo com determinação legal ou de pessoas e matar alguém, sem a intenção de praticar
regulamentar: aquela ação, responderá por infração do art.121, “caput” do
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. CP (Homicídio doloso) na modalidade do dolo eventual por-
que neste caso assumiu o risco de produzir o resultado.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafi-
ançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso res-
nome do agente. (Vide Adin 3.112-1) trito

IMPORTANTE: ADIN 3.112-1 – O Plenário do STF, por Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, re-
maioria de votos, em 02/05/2007, declarou inconstitucional ceber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gra-
os parágrafos únicos dos artigos 14 e 15 e o artigo 21 do tuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua
Estatuto do Desarmamento, portanto, é perfeitamente cabí- guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de
vel fiança e liberdade provisória em tais casos. uso restrito, sem autorização e em desacordo com determi-
nação legal ou regulamentar: (Redação dada pela Lei nº
Comentário: As modalidades: portar, deter e ter em de- 13.964/2019)
pósito constituem o crime permanente que é aquela cuja
consumação se perde no tempo dependente da atividade, Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
ação ou omissão, de quem o pratica, como sucede no cár-
cere privado. Comentário: A redação desse artigo sofreu alteração
pela Lei nº 13.964/2019 – Pacote anticrime, que, na nova
Para isso basta haver denúncia à polícia, ser procedida redação retira a hipótese de a arma ser proibida, inserindo-
diligência no local onde está sendo cometida a infração e o a na qualificadora criada no § 2º.

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As modalidades: possuir, deter, portar e ter em depósito,
guardar e ocultar constituem crime permanente, eis que a Comentário: Porte, posse, aquisição, transporte ou for-
ação se permanece no tempo, só cessando quando o agente necimento de arma de fogo, com numeração ou qualquer
for preso e o objeto for apreendido. As modalidades: adqui- outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulte-
rir, fornecer, receber, transportar e ceder, constituem crime rado. Portar, adquirir, transportar e fornecer são crimes ins-
instantâneo porque se consumam de imediato. tantâneos. Possuir caracteriza crime permanente. São cri-
mes dolosos não admitindo a modalidade de culpa.
Segundo o art. 2º, inciso II do Decreto nº 9.847/2019
são armas de fogo de uso restrito: as armas de fogo auto- V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita-
máticas e as semiautomáticas ou de repetição que sejam: mente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a cri-
a) não portáteis; b) de porte, cujo calibre nominal, com a ança ou adolescente; e
utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de
prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras- Comentário: Venda, entrega ou fornecimento gratuito
pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou c) portáteis de alma de arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança
raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição ou adolescente. Trata-se de conduta de quem vende (co-
comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética mercializa), entrega (transmite a posse) ou fornece, ainda
superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte que gratuitamente arma de fogo (de uso permitido ou não),
joules; acessório, munição ou explosivo à criança (até doze anos
incompletos) ou adolescente (de 12 anos até 18 anos O
Todas as modalidades são a título de dolo direito, não crime é punido a título de dolo, de ação pública incondicio-
admitindo a culpa. Portanto trata-se de crime doloso e não nada.
culposo.
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização
ATENÇÃO: Este é o único delito previsto na Lei
legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explo-
10.826/03 que é inafiançável, pois a Lei 13.497/2017 o in-
sivo.
cluiu como sendo hediondo, o que faz incidir as regras do
art. 2º, da Lei 8.072/90.
Comentário: Produção, recarga ou reciclagem,
adulteração de munição ou explosivo, desautorizados. O tipo
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
se justifica na medida em que há grande facilidade de se
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer
obter informações, v.g. sites de armas de fogo. Esse
sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; dispositivo visa coibir as fábricas clandestinas, paióis ilegais
de munição e de explosivo etc.
Comentário: Raspagem ou remarcação de arma. O sim- A autorização para produzir, recarregar, reciclar munição
ples fato de o agente raspar o número, emblema ou qual- ou explosivo tem que ser requerida ao Comando do Exército
quer sinal de identificação da arma para torná-la irreconhe- que tem a missão de fiscalizar sobre material bélico, seja
cível caracteriza o crime doloso que se consuma de imedi- qual for sua natureza.
ato, isto é, instantâneo.
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste
II – modificar as características de arma de fogo, de artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena é
forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. (Incluído pela
ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo Lei nº 13.964/2019)
induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
Qualificadora inserida pela Lei nº 13.964/2019 – Pacote
Comentário: Modificação das características. Realmente anticrime, que retirou do caput a hipótese de a arma ser
a arma descaracterizada não oferece condições para exame proibida, criando esse parágrafo para abriga-la.
pericial porque se torna difícil para o perito identificá-la. Por Segundo o art. 2º, inciso III do Decreto nº 9.847/2019
isso é que a autoridade policial, o perito e o juiz serão indu- são armas de fogo de uso proibido: a) as armas de fogo
zidos a erro. O crime é instantâneo, punido a título de dolo, classificadas de uso proibido em acordos e tratados interna-
não admitindo a modalidade de culpa. cionais dos quais a República Federativa do Brasil seja sig-
natária; ou b) as armas de fogo dissimuladas, com aparên-
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato cia de objetos inofensivos;
explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo São exemplos de armas proibidas as armas químicas, bi-
com determinação legal ou regulamentar; ológicas, de destruição em massa e armas nucleares.

Comentário: Posse ou emprego de artefato explosivo ou


incendiário. Possuir e detiver são modalidades de crime per- Comércio ilegal de arma de fogo
manente porque a ação se protrai no tempo. Fabricar e em-
pregar, caracterizam delito instantâneo porque se consuma Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, condu-
de imediato. zir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
Se após fabricar o agente mantém o artefato em depósito adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma uti-
para uso futuro ou comercialização, desde que para isso não lizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de ativi-
tenha licença e autorização, torna-se-á em crime perma- dade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou
nente enquanto o objeto estiver na posse do agente. munição, sem autorização ou em desacordo com determi-
nação legal ou regulamentar:
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa.
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro si- (Redação dada pela Lei nº 13.964/2019)
nal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; § 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial,
para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de

67
serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, Comentário: Trata-se de agravante. Adquirir, alugar,
inclusive o exercido em residência. receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito,
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
agente policial disfarçado, quando presentes elementos pro- arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em
batórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Inclu- desacordo com determinação legal ou regulamentar.
ído pela Lei nº 13.964/2019)
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17
Comentário: A redação desse artigo sofreu alteração e 18, a pena é aumentada da metade se:
pela Lei nº 13.964/2019 – Pacote anticrime, que aumentou I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas
a pena, que era de reclusão, de 4 a 8 anos, para 6 a 12 referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou
anos, bem como inseriu o § 2º relativo ao agente policial
II - o agente for reincidente específico em crimes dessa
disfarçado.
natureza. (Incluído pela Lei nº 13.964/2019)
Adquirir, alugar receber, transportar, conduzir, desmon-
tar, montar, remontar, adulterar e vender são modalidades
de crime instantâneo punido a título de dolo. Ocultar e ter Comentário: Causas de aumento de pena em 50% – No
em depósito e expor à venda são modalidades de crime per- inciso I, os agentes especiais são os militares das Forças
manente punido a título de dolo. Trata-se de crime de ação Armadas, os policiais civis e militares, os guardas munici-
pública incondicionada. pais, empregados de empresas de segurança e de entidades
O § 1º refere-se à interpretação autêntica, abrangendo desportivas.
o armeiro informal, que conserta e comercializa armas sem São modalidades de crime de ação pública incondicio-
autorização. nada.
O § 2º, em conduta equiparada, introduz legalmente a A Lei nº 13.964/2019 – Pacote Anticrime, introduziu uma
figura do “agente encoberto” (agente policial disfarçado) no nova causa de aumento de pena ao dispositivo, inserindo o
crime de comércio ilegal de arma de fogo, legitimando tal inciso II para alcançar os reincidentes específicos em crimes
atuação, eis que há entendimento de que a conduta poderia dessa natureza.
configurar induzimento à pessoa a cometer crimes, o que
seria classificado como flagrante provocado. Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são
insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin 3.112-1)
Tráfico internacional de arma de fogo
IMPORTANTE: ADIN 3.112-1 – O Plenário do STF, por
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou sa- maioria de votos, em 02/05/2007, declarou inconstitucional
ída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, os parágrafos únicos dos artigos 14 e 15 e o artigo 21 do
acessório ou munição, sem autorização da autoridade com- Estatuto do Desarmamento, portanto, é perfeitamente cabí-
petente: vel fiança e liberdade provisória em tais casos.
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e
multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964/2019)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende QUESTÕES DE PROVAS – LEI 10.826/2003
ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, em opera-
ção de importação, sem autorização da autoridade compe- 01. (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
tente, a agente policial disfarçado, quando presentes ele- Polícia) De acordo com a Lei n° 10.826/03 (estatuto do
mentos probatórios razoáveis de conduta criminal preexis- desarmamento), o sujeito que for preso em via pública por-
tente. tando arma de fogo, que não contém mecanismo de aciona-
mento, terá sua conduta considerada como atípica em razão
Comentário: A redação desse artigo sofreu alteração do instituto
pela Lei nº 13.964/2019 – Pacote anticrime, que aumentou
a) da legítima defesa.
a pena, que era de reclusão, de 4 a 8 anos, para 8 a 16
anos, bem como inseriu o parágrafo único relativo ao agente b) do crime impossível.
policial disfarçado. c) do erro sobre elementos do tipo.
Trata-se de crimes instantâneos, de efeitos permanentes d) da discriminante putativa.
porque o tempo que durar a importação, a exportação e o
favorecimento que pode ser praticado em vários atos, o in- e) da relação de causalidade.
divíduo está na prática da infração penal.
Os crimes são de ação pública incondicionada, punidos a 02. (FGV - 2019 - Prefeitura de Salvador - BA - Guarda
título de dolo. Civil Municipal) De acordo com as previsões da Lei de Ar-
O parágrafo único, em conduta equiparada, introduz le- mas (Lei nº 10.826/03), analise as afirmativas a seguir.
galmente a figura do “agente encoberto” (agente policial
disfarçado) no crime de tráfico internacional de arma de
fogo, legitimando tal atuação, eis que há entendimento de I. A posse isolada de grande quantidade de munições de uso
que a conduta poderia configurar induzimento à pessoa a permitido, em desacordo com as determinações legais ou
cometer crimes, o que seria classificado como flagrante pro- regulamentares, quando desacompanhada da apreensão de
vocado. arma de fogo, não constitui crime.
II. A cessão, mesmo que gratuita, de arma de fogo de uso
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena restrito, sem autorização ou em desacordo com a determi-
é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou nação legal ou regulamentar, configura crime, punido com
munição forem de uso proibido ou restrito. a mesma sanção penal daquele que transporta arma de fogo
de calibre permitido com numeração suprimida.

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III. O crime de disparo de arma de fogo é expressamente 06. (FCC - 2018 - MPE-PB - Promotor de Justiça Subs-
subsidiário, somente havendo punição do agente caso a fi- tituto) Nos termos do Estatuto do Desarmamento (Lei nº
nalidade com o disparo não seja praticar outro crime. 10.826/2003), a conduta de emprestar a terceiro arma de
fogo, sem autorização e em desacordo com determinação
legal ou regulamentar, configura o crime de
Está correto o que se afirma em
a) empréstimo ilegal de arma de fogo.
a) I, apenas.
b) omissão de cautela.
b) I e II, apenas.
c) porte ilegal de arma de fogo.
c) I e III, apenas.
d) comércio ilegal de arma de fogo.
d) II e III, apenas.
e) posse irregular de arma de fogo.
e) I, II e III.

07. (CESPE - 2017 - PJC-MT - Delegado de Polícia


03. (VUNESP - 2018 - PC-SP - Investigador de Polícia)
Substituto) João, ao trafegar com sua moto, foi surpreen-
Assinale a alternativa que possui um crime da Lei n°
dido por policiais que encontraram em seu poder arma de
10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) apenado com de-
fogo — revólver — de uso permitido. João trafegava com a
tenção.
arma sem autorização e em desacordo com determinação
a) Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. legal ou regulamentar.
b) Disparo de arma de fogo. A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta
c) Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. de acordo com o Estatuto do Desarmamento e com o enten-
d) Comércio ilegal de arma de fogo. dimento jurisprudencial dos tribunais superiores.

e) Posse irregular de arma de fogo de uso permitido. a) O simples fato de João carregar consigo o revólver, por si
só, não caracteriza crime, uma vez que o perigo de dano
não é presumido pelo tipo penal.
04. (CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia Civil) b) Se o revólver estiver com a numeração raspada, João
De acordo com o entendimento da doutrina e dos tribunais estará sujeito à sanção prevista para o delito de posse ou
superiores sobre o Estatuto do Desarmamento, especial- porte ilegal de arma de fogo de uso proibido ou restrito.
mente quanto às armas de fogo,
c) O crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
a) o crime de tráfico internacional de arma de fogo é insus- é inafiançável.
cetível de liberdade provisória.
d) O simples fato de João carregar consigo o revólver carac-
b) majora-se a pena em caso de crime de comércio ilegal de teriza o crime de posse ilegal de arma de fogo de uso per-
arma de fogo mesmo que se trate de armamento de uso mitido.
permitido.
e) Se o revólver estiver desmuniciado, o fato será atípico.
c) a arma de fogo desmuniciada afasta as figuras criminosas
da posse ou do porte ilegal, considerando-se que o objeto
jurídico tutelado é a incolumidade física. 08. (FUNCAB - 2016 - PC-PA - Delegado de Polícia Ci-
d) o porte de arma de fogo de uso permitido com a nume- vil) Durante uma operação policial de rotina, policiais rodo-
ração raspada equivale penalmente ao porte de arma de viários federais abordam o caminhão conduzido por Teotô-
fogo de uso restrito. nio. Revistado o veículo, encontram um revólver calibre 38,
contendo munições intactas em seu tambor, escondido no
e) o disparo de arma de fogo em via pública e o porte ilegal porta-luvas. Os policiais constatam, ainda, que a numeração
de arma de fogo de uso permitido configuram situações de de série do revólver não está visível, sendo certo que perícia
inafiançabilidade. posterior concluiria que o desaparecimento se deu por oxi-
dação natural, decorrente da ação do tempo. Questionado,
05. ( IBFC - 2018 - SEAP-MG - Agente de Segurança Teotônio revela não possuir porte de arma e sequer tem o
Penitenciário) Assinale a alternativa correta quanto ao instrumento registrado em seu nome. Afirma, também, que
comportamento visto como crime de conduta omissiva pre- a arma fora adquirida para que pudesse se proteger, pois
sente no Estatuto do Desarmamento: um desafeto o ameaçara, prometendo-lhe agressão física
futura. Nesse contexto, é correto afirmar que Teotônio:
a) vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente,
arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou a) cometeu crime de porte de arma de fogo de uso permi-
adolescente tido.
b) disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar ha- b) cometeu crime de porte ou posse de arma de fogo com
bitado ou em suas adjacências, em via pública ou em dire- numeração suprimida.
ção a ela, desde que essa conduta não tenha como finali- c) cometeu crime de posse de arma de fogo de uso permi-
dade a prática de outro crime tido.
c) portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de d) Não cometeu crime.
fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de e) cometeu crime de porte ou posse de arma fogo de uso
identificação raspado, suprimido ou adulterado restrito.
d) deixar de observar as cautelas necessárias para impedir
que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de de-
ficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob 09. (FGV - 2018 - TJ-SC - Analista Jurídico) Em cumpri-
sua posse ou que seja de sua propriedade mento de mandado de busca e apreensão no local de traba-
lho de João, que era um estabelecimento comercial de sua
e) produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, propriedade e de sociedade em que figurava como adminis-
ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo trador e principal sócio, foram apreendidas duas armas de

69
fogo, de calibre permitido, com numeração aparente, devi- produtos capazes de causar dependência, assim es-
damente municiadas. João esclareceu que tinha as armas pecificados em lei ou relacionados em listas atualiza-
para defesa pessoal, apesar de não possuir autorização e das periodicamente pelo Poder Executivo da União”.
nem registro das mesmas.
Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do
Diante disso, foi denunciado pela prática de dois crimes de art. 1o desta Lei, até que seja atualizada a terminolo-
porte de arma de fogo de uso permitido (art. 14 da Lei nº gia da lista mencionada no preceito, denominam-se
10.826/03), em concurso material. drogas substâncias entorpecentes, psicotrópicas, pre-
No momento de aplicar a sentença, o juiz deverá reconhecer cursoras e outras sob controle especial, da Portaria
que: SVS/MS no 344, de 12 de maio de 1998.
a) ocorreram dois crimes de posse de arma de fogo de uso ATENÇÃO: Mesmo que a substância ou o produto
permitido (art. 12 da Lei nº 10.826/03) em concurso mate- cause dependência, mas se não constar de uma das listas
rial; da aludida portaria, não será considerada droga para fins
b) ocorreram dois crimes de posse de arma de fogo de uso penais. É o que ocorre, por exemplo, com as bebidas alcoó-
permitido (art. 12 da Lei nº 10.826/03) em concurso formal; licas.
c) ocorreram dois crimes de porte de arma de fogo de uso
permitido em concurso formal;
TÍTULO III
d) ocorreu crime único de porte de arma de fogo de uso
permitido, afastando-se o concurso de delitos; DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDE-
e) ocorreu crime único de posse de arma de fogo de uso VIDO, ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁ-
permitido (art. 12, Lei nº 10.826/03), afastando-se o con- RIOS E DEPENDENTES DE DROGAS
curso de delitos. CAPÍTULO III
DOS CRIMES E DAS PENAS
10. (IDECAN - 2017 - SEJUC-RN - Agente Penitenciá-
rio) Considerando os tipos penais descritos no Estatuto do
Desarmamento – Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de
2003, assinale a alternativa que contenha uma descrição tí- Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser
pica INCORRETA. aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituí-
das a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o de-
a) Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar ha- fensor.
bitado ou em suas adjacências, em via pública ou em dire-
ção a ela, desde que essa conduta não tenha como finali- APLICAÇÃO E SUBSTITUIÇÃO DAS PENAS
dade a prática de outro crime.
A grande diferença dos delitos descritos neste capítulo
b) Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir para os demais previstos em nossa legislação penal é que
que menor de vinte e um anos ou pessoa portadora de de- não há cominação de pena privativa de liberdade, vedada,
ficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob aliás, qualquer forma de prisão, seja provisória ou definitiva.
sua posse ou que seja de sua propriedade. Entendeu o legislador que ao usuário de drogas deve ser
c) Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, imposta outra modalidade de pena que substitua a privação
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, re- de liberdade.
meter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de
fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autori-
zação e em desacordo com determinação legal ou regula- Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
mentar. transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, dro-
d) Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessó- gas sem autorização ou em desacordo com determinação
rio ou munição, de uso permitido, em desacordo com deter- legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
minação legal ou regulamentar, no interior de sua residência
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho,
desde que seja o titular ou o responsável legal do estabele- II - prestação de serviços à comunidade;
cimento ou empresa.
III - medida educativa de comparecimento a programa
ou curso educativo.
GABARITO
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 PORTE DE DROGA PARA CONSUMO PESSOAL
B D E D D C B A E B (ART. 28, CAPUT)
Note-se que, atualmente, o porte de drogas para con-
10. LEI FEDERAL Nº 11.343/2006 sumo é entendido como infração penal sui generis, haja
vista não ter perdido seu caráter de ilícito. Continua sendo
LEI ANTIDROGAS considerado crime, porém, ocorreu o abrandamento das pe-
nalidades anteriormente previstas.

TÍTULO III - CAPÍTULO III - Objeto jurídico: Embora aquele que use a droga es-
teja prejudicando sua saúde, a coletividade como um todo
DOS CRIMES E DAS PENAS também é colocada em risco de dano. A saúde pública é bem
difuso, mas perceptível concretamente. Cabe ao Estado pro-
Conceito de droga: O conceito legal de droga é dado
teger seus cidadãos dos vícios que possam acometê-los.
pela Lei nº 11.343/2006:
Objeto material: É a droga, entendida como as
Art. 1º, parágrafo único: “Para fins desta Lei, con-
substâncias ou os produtos capazes de causar dependência,
sideram-se como drogas as substâncias ou os

70
assim especificados em lei ou relacionados em listas atuali- Competência: Como se trata de delito de menor po-
zadas periodicamente pelo Poder Executivo da União (art. tencial ofensivo, a competência para a aplicação das penas
1º, parágrafo único). alternativas previstas no art. 28 é do Juizado Especial Cri-
minal (art. 48, §1º).
Sujeito ativo: Trata-se de crime comum, podendo
ser praticado por qualquer pessoa. ATENÇÃO: segundo o STF, com a redação do art. 28,
ocorreu a DESPENALIZAÇÃO, de forma moderada, enten-
Sujeito passivo: É a coletividade, cuidando-se de
dida como exclusão, para o tipo, das penas privativas de
crime vago.
liberdade.
Conduta típica: Consiste em adquirir, guardar, ter
Pena: O artigo 28, caput, prevê como penas: I – ad-
em depósito, transportar ou trazer consigo, para consumo
vertência sobre os efeitos das drogas; II – prestação de ser-
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com de-
viços à comunidade; III – medida educativa de compareci-
terminação legal ou regulamentar.
mento a programa ou curso educativo.
Adquirir significa obter ou conseguir o objeto material
Advertência sobre os efeitos da droga: A advertên-
de forma onerosa ou gratuita. O sujeito pode comprar a
cia será feita pelo juiz com o intuito de dissuadir o agente a
droga ou recebê-la gratuitamente.
usar qualquer tipo de droga. Na prática, o sujeito comparece
Guardar tem o sentido de conservar ou manter o ob- em cartório e assina um termo em que constam os efeitos
jeto material consigo para uso próprio futuro, mas longe das deletérios que o uso da droga pode causar.
vistas. Pode ser guardado na própria casa do sujeito ou em
Prestação de serviços à comunidade: O legislador
outro local.
expressamente determinou no § 5º do artigo 28 que esta
Ter em depósito esse verbo comporta similitude com modalidade de pena restritiva de direitos deverá ser cum-
o verbo guardar para efeito deste tipo. Isso porque tanto prida em programas comunitários, entidades educacionais
quem guarda quanto quem tem em depósito o objeto mate- ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres,
rial deve fazê-lo para seu consumo pessoal e nunca para o públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem,
de terceiros, que importaria tráfico de drogas. preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recupe-
ração de usuários e dependentes de drogas.
Transportar tem o sentido de levar a droga de um lo-
cal para outro que não seja por meio pessoal, que caracte- Medida de comparecimento a programa ou curso
riza a conduta de trazer consigo. A droga pode ser transpor- educativo: Novamente verificamos o intuito pedagógico
tada no porta-malas do carro, no bagageiro do ônibus etc. das penas aplicadas. Essas espécies de programas ou cur-
sos, se bem ministrados, podem conscientizar o usuário so-
Trazer consigo significa portar, ter ou manter o objeto bre os efeitos deletérios da droga.
material consigo ou ao alcance para seu pronto uso. Não há
necessidade de que a droga esteja junto ao corpo, podendo
ser trazida, por exemplo, dentro de uma mochila, pasta ou
até mesmo no porta-luvas do automóvel. Para essa conduta, § 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu
exige-se que a droga esteja ao alcance do sujeito. consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destina-
das à preparação de pequena quantidade de substância ou
ATENÇÃO: Atipicidade da conduta de usar droga: produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
A mera conduta de fazer uso da droga, sem que tenha sido
demonstrado que o infrator anteriormente a adquiriu, guar- SEMEADURA, CULTIVO OU COLHEITA DE PLAN-
dou, teve em depósito, transportou ou trouxe consigo ile- TAS PARA A PREPARAÇÃO DE DROGAS PARA CON-
galmente, é fato atípico SUMO PESSOAL (ART. 28, § 1º)

Tipo misto alternativo ou de conteúdo variado: Objeto jurídico: É a saúde pública (principal) e a vida,
O tipo penal é composto por mais de um verbo (adquirir, saúde e tranquilidade das pessoas individualmente conside-
guardar, ter em depósito, transportar e trazer consigo). As- radas (secundária).
sim, praticada mais de uma conduta típica dentro da mesma Objeto material: São as plantas destinadas à prepa-
situação fática, haverá crime único. Dessa forma, por exem- ração de substâncias ou produtos capazes de causar depen-
plo, mesmo que o sujeito adquira e depois transporte a dência física ou psíquica, ou seja, drogas. As plantas devem
droga, haverá apenas um crime. propiciar a preparação de pequena quantidade de droga
Elemento subjetivo: O crime é doloso. Além do destinada ao consumo pessoal do agente. Faltando qualquer
dolo, exige-se a especial intenção de consumo pessoal da um destes elementos (pequena quantidade de droga ou fi-
droga (elemento subjetivo do tipo). Como consumo pessoal nalidade de consumo pessoal), o crime será o previsto no
deve ser entendido o uso da droga pelo próprio agente. Se artigo 33, § 1º, II, que é modalidade de tráfico de drogas.
a intenção do sujeito for outra, o crime poderá ser o de trá- Sujeito ativo: Qualquer pessoa (crime comum).
fico de drogas (art. 33, caput) ou fornecimento eventual de
drogas para uso em conjunto (art. 33, § 3º), desde que pre- Sujeito passivo: É a coletividade (crime vago).
sentes seus demais elementos. Conduta típica: A conduta típica consiste em semear,
Elementos normativos do tipo: Para a ocorrência cultivar ou colher plantas destinadas à preparação de drogas
de adequação típica o sujeito deverá praticar qualquer uma em pequena quantidade e para consumo pessoal do agente.
das condutas sem autorização ou em desacordo com deter- Semear é o ato de lançar sementes a terra para que
minação legal ou regulamentar. Com efeito, faltando a com- possam germinar.
petente autorização, ou se a conduta estiver em desacordo
com a lei ou outra norma que regulamente a matéria, a ti- Cultivar significa manter plantação.
picidade legal estará configurada.
Colher tem o sentido de apanhar as plantas.

71
Tipo misto alternativo ou de conteúdo variado: programas ou cursos educativos serão aplicadas pelo prazo
Caso o sujeito semeie, cultive e colha as plantas, no mesmo máximo de dez meses (§ 4º).
contexto fático, o crime será único.
A reincidência, no caso, é específica, pressupondo nova
Elemento subjetivo: O crime é doloso e exige a es- condenação por um dos delitos previstos no artigo 28, ca-
pecial finalidade de consumo pessoal da droga a ser prepa- put, ou § 1º.
rada com as plantas (elemento subjetivo do tipo).
Consumação e tentativa: A consumação ocorre com
a semeadura, cultivo ou colheita do objeto material. É pos- § 5o A prestação de serviços à comunidade será cum-
sível a tentativa, uma vez que o crime é plurissubsistente. prida em programas comunitários, entidades educacionais
ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres,
Crime impossível: Pode ocorrer que o sujeito semeie, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem,
cultive ou colha alguma planta achando que se trata de ve- preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recupe-
getal capaz de ser empregado para a preparação ou produ- ração de usuários e dependentes de drogas.
ção de drogas, quando na realidade não possui essa propri-
edade. Podemos citar como exemplo a semeadura de erva- Prestação de serviços à comunidade (art. 28, §
doce como se fosse maconha. Neste caso, haverá crime im- 5º): Sem dúvida nenhuma, a espécie mais eficaz de pena
possível pela absoluta ineficácia do meio empregado (art. 17 restritiva de direitos é a prestação de serviços à comuni-
do CP). dade, uma vez que o condenado trabalha em prol da coleti-
vidade.
Com isso, o condenado poderá refletir se deseja, ou
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a con- não, continuar a fazer uso de droga. O ideal é que os servi-
sumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da ços sejam fixados em finais de semana e feriados. Porém,
substância apreendida, ao local e às condições em que se nada obsta, desde que não prejudique a jornada de trabalho
desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, do condenado, que seja prestado em dias úteis.
bem como à conduta e aos antecedentes do agente.

CIRCUNSTÂNCIAS QUE INDUZEM À INTENÇÃO


DE CONSUMO PESSOAL (ART. 28, § 2º) § 6o Para garantia do cumprimento das medidas edu-
cativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que
Para determinar se a droga destinava-se a consumo injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz sub-
pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da subs- metê-lo, sucessivamente a:
tância apreendida, ao local e às condições em que se desen-
volveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem I - admoestação verbal;
como à conduta e aos antecedentes do agente (§ 2º). II - multa.
Não se trata de circunstâncias taxativas, mas exem- Garantia de cumprimento das penas restritivas
plificativas. Outras poderão ser somadas para que o juiz de direitos (art. 28, § 6º): Para garantia da execução das
possa decidir sobre qual o crime praticado. Ao contrário, se medidas educativas a que se refere o caput do artigo 28,
essas circunstâncias não indicarem que a droga apreendida nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o
é para o consumo pessoal do sujeito, poderá ser para o fim agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: I – ad-
de tráfico. Se o juiz ainda assim ficar na dúvida a respeito moestação verbal; II – multa (§ 6º).
da intenção do agente, deve condenar pelo crime menos
grave, ou seja, o porte para consumo – pelo princípio in du- Negando-se o condenado, injustificadamente, a se sub-
bio pro reo. meter à pena fixada, o juiz deverá adverti-lo verbalmente e,
não surtindo efeito, aplicar-lhe multa. A intenção do dispo-
O entendimento jurisprudencial é no sentido de que sitivo é obrigar o sentenciado a cumprir a pena que lhe foi
se o agente tinha a droga para uso próprio, mas acaba ven- aplicada na sentença condenatória.
dendo parte dela, responde apenas pelo tráfico (princípio da
consunção). Igualmente, o traficante que faz uso de pe- O descumprimento da pena aplicada por ocasião da
quena parte da droga que tem em seu poder. condenação, para que dê ensejo à aplicação de advertência
ou de multa, deve ser injustificado. Assim, deverá ser dada
oportunidade para que o condenado justifique o ocorrido.
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput
deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco)
meses. § 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque
à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de
Duração da pena (art. 28, § 3º): O prazo máximo saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento es-
de duração das penas previstas nos incisos II e III do art. pecializado.
28 (prestação de serviços à comunidade ou comparecimento
a programa ou curso educativo) será de cinco meses. Estabelecimentos de saúde (art. 28, § 7º): O in-
frator tem direito a tratamento médico gratuito para livrá-lo
do vício ou do uso de drogas. Por isso, caberá ao juiz, por
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos ocasião da prolação da sentença condenatória, determinar
incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gra-
prazo máximo de 10 (dez) meses. tuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente
ambulatorial, para tratamento especializado (§ 7º).
Reincidência específica (art. 28, § 4º): Em caso de
reincidência (art. 63 do CP), as penas de prestação de ser-
viços à comunidade e a de comparecimento obrigatório a

72
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar,
refere o inciso II do § 6o do art. 28, o juiz, atendendo à reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender,
reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, dro-
em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior gas ou matéria-prima destinada à sua preparação, observa-
a 100 (cem), atribuindo depois a cada um, segundo a capa- das as demais exigências legais.
cidade econômica do agente, o valor de um trinta avos até
Licença para a produção e extração de drogas ou
3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo.
matéria-prima para a sua preparação: A regra é a proi-
Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição bição de qualquer forma de preparação ou produção de dro-
da multa a que se refere o § 6o do art. 28 serão creditados gas e de extração de matéria-prima para esse fim.
à conta do Fundo Nacional Antidrogas.
No entanto, o artigo 31 abre uma válvula de escape
Multa: O artigo 29 estabelece critério especial para a permitindo a produção, extração, fabricação, transforma-
dosagem da multa aplicada como medida educativa, ou ção, preparação, posse, manutenção em depósito, importa-
seja, para garantir o cumprimento das penas determinadas ção, exportação, reexportação, remessa, transporte, expo-
por ocasião da condenação (art. 28, § 6º). sição, oferecimento, venda, compra, troca, cessão ou aqui-
sição, para qualquer fim, de drogas ou matéria-prima desti-
Na dosagem da multa, o juiz deverá ater-se à culpabi- nada à sua preparação, mediante licença prévia da autori-
lidade do sentenciado, ou seja, analisar a reprovabilidade de dade competente, observadas as demais exigências legais.
sua conduta. Com base neste critério, fixará o número de É que muitas drogas são empregadas pela indústria farma-
dias-multa, em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) cêutica para a produção de remédios, dentre eles anestési-
nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a cada um, cos e potentes analgésicos.
segundo a capacidade econômica do agente, o valor de 1/30
(um trinta avos) até 3 (três) vezes o valor do salário-mínimo Com efeito, os tipos penais existem justamente para
vigente à época dos fatos. fazer valer essa proibição e punir aquelas pessoas que a ela
desobedecerem.
Os valores decorrentes da imposição da multa serão
creditados à conta do Fundo Nacional Antidrogas (parágrafo
único).
Art. 32. Art. 32. As plantações ilícitas serão imediata-
Desta forma, teremos que: mente destruídas pelo delegado de polícia na forma do art.
50-A, que recolherá quantidade suficiente para exame peri-
a) quantidade mínima de dias-multa: 40 (quarenta);
cial, de tudo lavrando auto de levantamento das condições
b) quantidade máxima de dias-multa: 100 (cem); encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as
medidas necessárias para a preservação da prova. (Redação
c) valor mínimo do dia-multa: 1/30 (um trinta avos) dada pela Lei nº 12.961, de 2014)
sobre o salário-mínimo vigente à época dos fatos;
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de
d) valor máximo do dia-multa: três vezes o salário mí- 2014)
nimo vigente à época dos fatos.
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de
2014)
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a § 3o Em caso de ser utilizada a queimada para destruir
execução das penas, observado, no tocante à interrupção a plantação, observar-se-á, além das cautelas necessárias à
do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código proteção ao meio ambiente, o disposto no Decreto no 2.661,
Penal. de 8 de julho de 1998, no que couber, dispensada a autori-
zação prévia do órgão próprio do Sistema Nacional do Meio
Prescrição: Prescrição é a perda do poder punitivo ou
Ambiente - Sisnama.
executório do Estado, por não exercitá-lo no prazo previa-
mente estabelecido em Lei. § 4o As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão
expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da Constitui-
Nos crimes previstos no artigo 28, caput, e em seu §
ção Federal, de acordo com a legislação em vigor.
1º, a imposição e a execução das penas prescrevem em dois
anos. Destruição da matéria-prima destinada à prepa-
Embora o artigo 30 tenha se referido aos artigos 107 e ração ou produção de drogas: Esse dispositivo traz o pro-
seguintes do Código Penal, parece-nos que houve equívoco cedimento que deverá ser empregado para a destruição das
do Legislador, uma vez que as causas interruptivas da pres- plantações destinadas à preparação ou produção de drogas.
crição estão descritas no artigo 117 do Código Penal. As plantações ilícitas deverão ser imediatamente des-
truídas pela autoridade competente de polícia judiciária, que
providenciará a apreensão de material necessário para a
TÍTULO IV elaboração de laudo pericial. Do incidente será lavrado auto
de levantamento das condições encontradas, com a delimi-
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E
tação do local, asseguradas as medidas necessárias para a
AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS
preservação da prova. Não há, portanto, necessidade de au-
CAPÍTULO I torização judicial para o ato, devido à urgência da medida,
mas deverá ser providenciada a apreensão e preservação de
DISPOSIÇÕES GERAIS
quantidade necessária do material para a realização de pe-
rícia a fim de ser comprovada a materialidade do crime.

Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade A queimada é um dos métodos mais empregados para
competente para produzir, extrair, fabricar, transformar, a destruição de plantação de vegetais destinados à prepa-
ração ou produção de drogas. Utilizado esse método, todas

73
as cautelas necessárias para a preservação do meio ambi- Exportar significa fazer sair do território nacional o
ente deverão ser observadas, haja vista o perigo de descon- objeto material.
trole e o advento de incêndio. Por isso, há de ser observado
Remeter significa mandar ou enviar o objeto material
o disposto no Decreto nº 2.661, de 8 de julho de 1998, no
de um local para outro sem a presença física do remetente.
que couber, dispensada a autorização prévia do órgão pró-
Sem dúvida, o melhor exemplo é a remessa do objeto ma-
prio do Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama (§
terial pelo correio. Para a consumação desse crime, pouco
3º). A excepcional dispensa de autorização prévia do Sis-
importa se o objeto material chegou ou não a seu destino,
nama decorre da urgência da medida.
desde que ele tenha efetivamente ficado em trânsito.
Atendendo ao disposto no artigo 243 da Magna Carta,
Preparar tem o sentido de misturar substâncias ou
as glebas cultivadas com plantações ilícitas de drogas serão
produtos para a elaboração de uma espécie de droga. É a
expropriadas, nos termos da legislação pertinente, ou seja,
reunião de elementos para a elaboração da droga. Assim,
da Lei nº 8.257/1991, que trata do assunto (§ 4º). Não será
quem mistura o extrato da folha da coca com éter e outros
devida indenização ao proprietário dessas terras, que serão
produtos químicos e faz a cocaína a estará preparando. O
destinadas ao assentamento de colonos para o cultivo de
mesmo ocorre com quem mistura cocaína com água desti-
produtos alimentícios e medicamentosos.
lada para que a droga possa ser injetada.
Produzir significa elaborar uma nova espécie de
CAPÍTULO II droga. Enquanto na conduta de preparar a reunião de com-
ponentes leva a uma droga já conhecida, na conduta de pro-
DOS CRIMES
duzir a droga é criada.
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, pro- Fabricar significa preparar ou produzir a droga em
duzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter larga escala. O maior exemplo na atualidade é a preparação
em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescre- do ecstasy.
ver, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas,
ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo Adquirir tem o sentido de obter ou conseguir o objeto
com determinação legal ou regulamentar: material de forma onerosa ou gratuita. Assim, aquele que
compra ou recebe gratuitamente a droga a estará adqui-
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pa- rindo. Abrange, inclusive, a permuta de objeto lícito pela
gamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) droga.
dias-multa.
Vender é a alienação onerosa da droga.
TRÁFICO DE DROGAS – TIPO FUNDAMENTAL
(ART. 33, CAPUT) Expor à venda tem o sentido de deixar exposto para
que possa ser comprado.
Objeto jurídico: É a saúde pública (principal) e a
vida, integridade física e tranquilidade das pessoas individu- Oferecer significa sugerir a aquisição. Pode ser feito
almente consideradas (secundário). por qualquer modo, i. e., verbal, por gestos ou por escrito,
seja pessoalmente ou não.
Objeto material (norma penal em branco pró-
pria, ou heterogênea): São as drogas, ou seja, as subs- Ter em depósito é a retenção ou manutenção do ob-
tâncias ou os produtos capazes de causar dependência física jeto material para sua disponibilidade, ou seja, para a venda
ou psíquica. Como se trata de norma penal em branco, cabe ou fornecimento. O traficante dificilmente mantém consigo
ao Executivo da União especificar em lei ou relacionar em a totalidade da droga. Geralmente, porta pequena quanti-
listas atualizadas periodicamente quais são as substâncias dade para que, no caso de prisão, alegue que era destinada
ou os produtos considerados como drogas (art. 1º, pará- a seu próprio consumo e, também, para não perder toda a
grafo único). mercadoria. O restante da droga ele mantém em depósito
em algum local para a posterior disposição.
Sujeito ativo: Com exceção da conduta de prescre-
ver, que é crime próprio (médico ou dentista), as demais Transportar significa levar de um local para outro
são crimes comuns, podendo ser praticadas por qualquer que não seja por meio pessoal, que caracteriza a conduta
pessoa. de trazer consigo. Assim, o objeto material pode ser trans-
portado no porta-malas do automóvel, na carroceria de um
Sujeito passivo: É a coletividade (principal), cui- caminhão etc.
dando-se de crime vago. Eventualmente, poderá ser sujeito
passivo secundário a criança, o adolescente ou a pessoa que Trazer consigo significa portar, ter ou manter o ob-
tem suprimida a capacidade de entendimento ou de autode- jeto material consigo ou ao seu alcance para sua pronta dis-
terminação (art. 40, VI), que recebam a droga para usá-la. ponibilidade, ou seja, para venda ou fornecimento. Não há
necessidade de que a droga esteja junto ao corpo, podendo
Conduta típica: Consiste em importar, exportar, re- ser trazida, por exemplo, dentro de uma mochila, pasta ou
meter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor até mesmo no porta-luvas do automóvel. Para essa conduta,
à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer con- exige-se que a droga esteja ao alcance do sujeito.
sigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização Guardar tem o sentido de reter o objeto material con-
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. sigo em nome de terceiro. O sujeito não é o proprietário e
nem o possuidor do objeto material, mas, por algum motivo,
O artigo 33 cataloga 18 (dezoito) condutas típicas, a guarda-o para o seu proprietário, possuidor ou detentor.
saber:
Prescrever significa receitar. É conduta que somente
Importar é fazer entrar no território nacional o ob- pode ser praticada por médico ou dentista.
jeto material.
Ministrar tem o sentido de introduzir no organismo
de terceira pessoa. Pode ser feita por meio de ingestão,

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aplicação, inalação ou qualquer outro meio apto para tanto. OBS: É possível a prisão em flagrante do responsável
O exemplo mais comum é a aplicação de injeção. pela droga quando ela for encontrada em sua casa, mas ele
estiver em outro local, pois conduta “guardar” constitui
Entregar a consumo é a fórmula genérica que im-
crime permanente.
plica qualquer outra forma de disseminação da droga, que
não tenha sido prevista pelo Legislador. Erro de tipo: o agente que tem a posse de droga sem
saber do que se trata (sem saber que se trata de droga),
Fornecer, ainda que gratuitamente para efeito do
acha-se em erro de tipo (CP, art. 20, caput), que é exclu-
tipo penal tem o sentido de entregar o objeto material.
dente do dolo (logo, da tipicidade). Se o agente sabe que
Como o tipo penal diz expressamente, o fornecimento pode
está em posse de droga, mas acredita que não é proibida,
ser oneroso ou gratuito. Assim, a troca e a doação do objeto
pode-se invocar o chamado erro de proibição. (CP, art. 21).
material, condutas que não estão expressamente previstas
no tipo, são espécies de fornecimento.
Tipo misto alternativo ou de conteúdo variado: § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
O tipo penal é composto por mais de um verbo (importar,
exportar, adquirir etc). Assim, praticada mais de uma con- I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire,
duta típica dentro da mesma situação fática, haverá crime vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito,
único. Dessa forma, por exemplo, mesmo que o sujeito ad- transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuita-
quira e depois transporte a droga, haverá apenas um crime. mente, sem autorização ou em desacordo com determina-
ção legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou pro-
Elemento subjetivo: O crime é eminentemente do- duto químico destinado à preparação de drogas;
loso, mas não exige finalidade especial.
MATÉRIA-PRIMA, INSUMO OU PRODUTO QUÍ-
Elementos normativos do tipo: Para a ocorrência MICO (ART. 33, § 1º, I)
de adequação típica o sujeito deverá praticar qualquer uma
das condutas sem autorização ou em desacordo com deter- Objeto jurídico: É a saúde pública (principal) e a
minação legal ou regulamentar. Com efeito, faltando a com- vida, saúde e tranquilidade das pessoas individualmente
petente autorização, ou se a conduta estiver em desacordo consideradas (secundária).
com a lei ou outra norma que regulamente a matéria, a ti- Objeto material: é a matéria-prima, insumo ou pro-
picidade legal estará configurada. duto químico.
Consumação e tentativa: Dar-se-á a consumação Matéria-prima é a substância original e básica empre-
com a prática de qualquer das condutas alternativas previs- gada para a preparação ou produção da droga.
tas no tipo penal. Como se trata de crime plurissubsistente
(em regra), que a execução pode ser fracionada, faz-se pos- Insumo é a substância ou produto necessário, mas
sível a tentativa. Entretanto, dada a diversidade de condu- não indispensável para a produção ou preparação da droga.
tas, na prática a tentativa dificilmente ocorrerá. Assim, por
Produto químico é o resultante de uma composição
exemplo, para que o sujeito transporte a droga, terá a
química. São exemplos o éter e a acetona.
mesma consigo anteriormente, quando o delito já estará
consumado. O mesmo se diga quanto à importação, expor-
tação, remessa, venda etc. em que, antes de praticar a con-
duta, o sujeito já havia adquirido, mantido em depósito ou
trazido consigo a droga. Nesses casos, como o delito já es- Sujeito ativo: O crime é comum, podendo ser prati-
tava consumado, a tentativa não ocorrerá. cado por qualquer pessoa.
Crime equiparado a hediondo: O tráfico de drogas Sujeito passivo: É a coletividade (crime vago).
(artigo 33, caput e § 1º, e artigos 34 e 36) é considerado
crime equiparado a hediondo. Não se trata propriamente de Conduta típica: Consiste em importar, exportar, re-
crime hediondo, mas equiparado ou assemelhado a ele. O meter, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
artigo 2º, caput, da Lei nº 8.072/1990, equiparou o delito oferecer, fornecer, ter em depósito, transportar, trazer con-
de tráfico de drogas, dentre outros, aos crimes hediondos, sigo ou guardar, ainda que gratuitamente, sem autorização
sujeitando seu autor a severas consequências processuais e ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar,
penais. matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à pre-
paração de drogas.
Vários tipos de drogas: A diversidade de drogas,
desde que ocorram num mesmo contexto fático, constituem Elemento subjetivo do tipo: O crime é eminente-
crime único. Por exemplo, se o agente é flagrado comercia- mente doloso, mas prescinde de qualquer finalidade espe-
lizando ou transportando maconha e cocaína, responderá cial. Não é exigido que o sujeito queira que o objeto material
por um único crime. seja destinado à produção de droga, mas que ele tenha ci-
ência de que pode ser empregado para esse fim.
ATENÇÃO! Não apreensão da droga: STJ, 6ª
Turma, HC 131455 (02/08/2012): A ausência de apreensão
da droga não torna a conduta atípica se existirem outros II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização
elementos de prova aptos a comprovarem o crime de trá- ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar,
fico. de plantas que se constituam em matéria-prima para a pre-
Abolitio criminis: Excluindo-se da lista certa subs- paração de drogas;
tância, configurar-se-á a abolitio criminis, extinguindo-se a
SEMEADURA, CULTIVO OU COLHEITA (ART. 33, §
punibilidade do agente, ainda que o feito esteja em fase de
1º, II)
execução (ou seja, mesmo após o trânsito em julgado).

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Objeto jurídico: É a saúde pública (principal) e a vida, Sujeito passivo: É a coletividade (crime vago).
saúde e tranquilidade das pessoas individualmente conside-
Conduta típica: Consiste em utilizar local ou bem de
radas (secundária).
qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, admi-
Objeto material: São as plantas que se constituem nistração, guarda ou vigilância, ou consentir que outrem
matéria-prima para a produção de drogas. O termo “plan- dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou
tas” é empregado como gênero, ou seja, qualquer espécie em desacordo com determinação legal ou regulamentar,
de vegetal que possa ser utilizado para a preparação ou pro- para o tráfico de drogas.
dução de drogas.
Elemento subjetivo: O crime é doloso e exige a es-
Sujeito ativo: O crime é comum, podendo ser come- pecial finalidade de emprego do local ou bem para o tráfico
tido por qualquer pessoa. de drogas (elemento subjetivo do tipo). Por isso, não sa-
bendo o agente das reais intenções de quem utiliza o local
Sujeito passivo: É a coletividade (crime vago).
ou bem com seu consentimento, o fato é atípico.
Conduta típica: Consiste em semear, cultivar ou fazer
O local a que se refere pode ser imóvel (casa, aparta-
a colheita, sem autorização ou em desacordo com determi-
mento, bar, pousada) ou móvel (veículo, barco).
nação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam
em matéria-prima para a preparação de drogas. O crime se consuma com o efetivo tráfico no local,
ainda que por uma única vez. A habitualidade, portanto, não
Semear é o ato de lançar sementes na terra para que
é requisito.
possam germinar. Cultivar significa manter plantação. Fazer
a colheita tem o sentido de apanhar as plantas.
Elemento subjetivo: O crime é doloso e não exige IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, in-
finalidade especial. Caso as plantas sejam destinadas à pre- sumo ou produto químico destinado à preparação de drogas,
paração de pequena quantidade de droga para consumo sem autorização ou em desacordo com a determinação legal
pessoal do agente, o crime será o previsto no artigo 28, § ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando pre-
1º. sentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
Tipo misto alternativo ou de conteúdo variado: preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Caso o sujeito semeie, cultive e colha as plantas, no mesmo VENDA DE DROGA A POLICIAL DISFARÇADO
contexto fático, o crime será único. (ART. 33, § 1º, IV)
Crime impossível: Pode ocorrer que o sujeito semeie, O inciso IV, em conduta equiparada, introduz legal-
cultive e colha alguma planta achando que se trata de ve- mente a figura do “agente encoberto” (agente policial dis-
getal capaz de ser empregado para a preparação ou produ- farçado) no crime de tráfico de drogas, legitimando tal atu-
ção de drogas, quando na realidade não possui essa propri- ação, eis que há entendimento de que a conduta poderia
edade. Podemos citar como exemplo a semeadura de erva- configurar induzimento à pessoa a cometer crimes, o que
doce como se fosse maconha. Nesse caso, haverá crime im- seria classificado como flagrante provocado.
possível pela absoluta ineficácia do meio empregado (art. 17
do CP). A nota distintiva da nova figura criminal parece ser a
passagem “quando presentes elementos probatórios razoá-
veis de conduta criminal preexistente”.
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que Trata-se de tipo misto ou alternativo, tendo em vista
tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilân- que o sujeito ativo pode praticá-lo por mais de um núcleo
cia, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gra- do tipo: vender ou entregar.
tuitamente, sem autorização ou em desacordo com deter-
minação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de dro- O objeto das condutas pode ser a própria droga ou a
gas. matéria-prima, o insumo ou o produto químico destinado à
preparação de drogas. Ademais, o tipo é de conduta dupla-
UTILIZAÇÃO DE LOCAL OU BEM PARA O TRÁFICO mente vinculada, dado que a venda ou a entrega deve ser
(ART. 33, § 1º, III) feita (i) sem autorização ou em desacordo com a determi-
nação legal ou regulamentar e o destinatário deve ser (ii)
Objeto jurídico: É a saúde pública (principal) e a vida,
agente policial disfarçado.
saúde e tranquilidade das pessoas individualmente conside-
radas (secundária).
Sujeito ativo: Trata-se de crime próprio, devendo ser § 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso inde-
praticado por pessoa que possua a propriedade, posse, ad- vido de droga:
ministração, guarda ou vigilância do local ou do bem.
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de
Propriedade é o direito de usar, gozar e dispor de um 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
local ou bem e de retomá-lo de quem ilicitamente o possua
ou detenha. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO
USO DA DROGA (Art. 33, § 2º)
Posse é o poder de fato sobre um local ou bem. O pos-
suidor detém alguns dos direitos atinentes à propriedade. Objeto jurídico: É a saúde pública (principal) e a vida,
Administração é o poder de gerir um local ou bem. saúde e tranquilidade das pessoas individualmente conside-
radas (secundária).
Guarda é a responsabilidade de zelar pela conservação
de um local ou bem. Objeto material: São as drogas, ou seja, as substân-
cias ou os produtos capazes de causar dependência física ou
Vigilância é o dever de vigiar ou fiscalizar um local ou psíquica. Como se trata de norma penal em branco, cabe ao
bem. Executivo da União especificar em lei ou relacionar em listas

76
atualizadas periodicamente quais são as substâncias ou os ao Executivo da União especificar em lei ou relacionar em
produtos considerados como drogas (art. 1º, parágrafo listas atualizadas periodicamente quais são as substâncias
único). ou os produtos considerados como drogas (art. 1º, pará-
grafo único).
Sujeito ativo: O crime é comum, podendo ser prati-
cado por qualquer pessoa. Sujeito ativo: Poderá ser praticado por qualquer
pessoa (crime comum). Porém, exige o tipo que o sujeito
Sujeito passivo: É a coletividade (principal), cui-
ativo seja de relacionamento daquele a quem a droga é ofe-
dando-se de crime vago. Eventualmente, poderá ser sujeito
recida. Por isso, não basta um relacionamento formal ou
passivo secundário a criança, o adolescente ou a pessoa que
surgido no momento, ou pouco antes, de a droga ser ofere-
tem suprimida a capacidade de entendimento ou de autode-
cida. Visa a norma a punição de forma mais amena daquela
terminação, que são induzidas, instigadas ou auxiliadas ao
pessoa que, eventualmente e sem objetivo de auferir lucro,
uso indevido de drogas. Nesse caso, mesmo diante da inim-
oferece ou fornece a droga para uso em conjunto com pes-
putabilidade dessas pessoas, o crime permanece o mesmo,
soa de seu relacionamento, como um amigo, parente, na-
mas incidirá a causa de aumento de pena prevista no artigo
morada(o), colega de trabalho etc.
40, VI.
Sujeito passivo: É a coletividade (principal), cui-
Conduta típica: Consiste em induzir, instigar ou auxi-
dando-se de crime vago. Eventualmente, poderá ser sujeito
liar alguém ao uso indevido de droga.
passivo secundário a criança, o adolescente ou a pessoa que
Induzir é incutir ou criar na mente de alguém a ideia tem suprimida a capacidade de entendimento ou de autode-
de fazer uso indevido de droga. Nessa conduta, não havia a terminação (art. 40, VI), a quem a droga é oferecida ou for-
ideia anterior de uso da droga, e o agente a faz surgir. necida.

Instigar significa reforçar ou encorajar ideia preexis- Conduta típica: Consiste em oferecer droga, even-
tente de uso indevido de droga. Já havia a intenção do uso tualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacio-
da droga por alguém, e o agente reforça ou estimula a ideia. namento, para juntos a consumirem. Oferecer tem o sentido
de sugerir a aquisição. No caso, a aquisição que é sugerida
Auxiliar é a colaboração material para que alguém faça deve ser gratuita.
uso indevido da droga. Não se trata de praticar nenhuma
das condutas elencadas como tráfico, mas algo que ajude Elemento subjetivo: Ao oferecer ou fornecer a
terceiro a fazer uso indevido da droga. Exemplos: forneci- droga o agente deve ter o propósito do uso compartilhado e
mento de local ou transporte para comprar e usar a droga, eventual com pessoa de seu relacionamento e não pode pos-
de papel para enrolá-la e confeccionar um cigarro etc. suir intuito de lucro, direto ou indireto.

Elemento subjetivo: O crime é doloso. A intenção do Saliente-se que para a configuração dessa figura pri-
sujeito é levar alguém a fazer uso indevido da droga ou co- vilegiada são exigidos os seguintes requisitos:
laborar de alguma maneira para que ele o faça.
a) que a oferta da droga seja eventual (sem continui-
Consumação: É necessário que a pessoa a quem a con- dade ou frequência);
duta foi dirigida efetivamente faça uso da droga.
b) que seja gratuita;
ATENÇÃO! Interpretação conforme a Constituição
c) que o destinatário seja pessoa do relacionamento
- ADI 4.274: O STF, por unanimidade julgou em
de quem a oferece (alguém conhecido antes da oferta da
23/11/2011, procedente a ação direta para dar ao § 2º do
droga).
artigo 33 da Lei nº 11.343/2006, interpretação conforme a
Constituição, para dele excluir qualquer significado que en- d) ter a finalidade de consumir a droga em conjunto.
seje a proibição de manifestações e debates públicos acerca
É importante ressaltar que a pessoa a quem é ofere-
da descriminalização ou legalização do uso de drogas ou de
cida a droga, em tese, não incorre no crime deste art. 33, §
qualquer substância que leve o ser humano ao entorpeci-
3º, da Lei, mas, se com ela for encontrada a droga, poderá
mento episódico, ou então viciado, das suas faculdades psi-
responder pelo art. 28.
cofísicas. Assim, não estão proibidas manifestações públicas
em defesa da legalização de drogas, como a chamada “Mar-
cha da Maconha”.
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste
artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois
terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos,
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de
desde que o agente seja primário, de bons antecedentes,
lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a con-
não se dedique às atividades criminosas nem integre orga-
sumirem:
nização criminosa.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e
pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA (ART. 33, § 4º)
dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. O § 4º do artigo 33 prevê a redução da pena dos cri-
mes previstos no seu caput e § 1º quando o agente:
OFERECIMENTO PARA USO EM CONJUNTO (Art.
33, § 3º - figura privilegiada) a) for primário;
Objeto jurídico: É a saúde pública (principal) e a b) possuir bons antecedentes;
vida, saúde e tranquilidade das pessoas individualmente
consideradas (secundária). c) não se dedicar às atividades criminosas;

Objeto material: São as drogas, ou seja, as subs- d) não integrar organização criminosa.
tâncias ou os produtos capazes de causar dependência física Faltando qualquer um destes requisitos, a diminuição
ou psíquica. Como se trata de norma penal em branco, cabe da pena, que pode ser de um sexto a dois terços, não deverá

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ser aplicada. Cuida-se de dispositivo que visa beneficiar o Fabricação significa a preparação ou produção de droga
pequeno e eventual traficante. O profissional do tráfico e o em larga escala. O maior exemplo na atualidade é a prepa-
que teima em delinquir não merece atenuação da pena. ração do ecstasy.
Presentes os requisitos previstos na norma a diminui- Transformação tem o sentido de mudar a natureza da
ção da pena é obrigatória, não ficando ao alvedrio do Juiz droga para outra. Assim, a maconha, v. g., após serem adi-
operar a redução ou não. Embora a norma empregue a ex- cionados alguns outros elementos, poderá ser transformada
pressão “as penas poderão ser reduzidas”, não se trata de em uma nova droga mais potente.
atividade discricionária do Juízo, mas de direito subjetivo do
Destinação do objeto: Não se exige que os objetos
acusado.
em estudo sejam especialmente destinados à fabricação,
ATENÇÃO! EXCLUSÃO DA HEDIONDEZ: O § 5º da preparação, produção ou transformação de drogas, mas que
Lei nº 7.210/1984 – Lei de Execução Penal, incluído pela Lei na ocasião estejam sendo empregados para uma dessas fi-
nº 13.964/2019 – Pacote Anticrime, expressamente exclui nalidades. Assim, v. g., o forno de micro-ondas não serve
do rol dos crimes hediondos o crime de “Tráfico privilegi- apenas para preparar comida, podendo ser empregado para
ado”, capitulado no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006, a preparação de cocaína. Com efeito, se, na oportunidade,
que exige para sua configuração, que o agente seja primá- seu emprego for desvirtuado para a elaboração de drogas,
rio, de bons antecedentes, não se dedique às atividades cri- será considerado objeto material do delito.
minosas nem integre organização criminosa.
Sujeito ativo: O crime é comum, podendo ser prati-
Importante: Resolução nº 05/2012 do Senado Fede- cado por qualquer pessoa.
ral: Art. 1º: É suspensa a execução da expressão “vedada a
Sujeito passivo: É a coletividade (crime vago).
conversão em penas restritivas de direitos” do § 4º do art.
33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, declarada Conduta típica: Consiste em fabricar, adquirir, utili-
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal zar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a
Federal nos autos do Habeas Corpus nº 97.256/RS. qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gra-
tuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer
objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, ofere- transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo
cer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, com determinação legal ou regulamentar.
guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário,
Fabricar: Tem o sentido de elaborar ou criar o objeto
aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabri-
material. Pode ser por meio industrial ou manual.
cação, preparação, produção ou transformação de drogas,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal Adquirir: Tem o sentido de obter ou conseguir o objeto
ou regulamentar: material de forma onerosa ou gratuita. Assim, aquele que
compra ou recebe gratuitamente o objeto material o estará
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e paga- adquirindo. Abrange, inclusive, a permuta de bem lícito pelo
mento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias- objeto material.
multa.
Utilizar: Significa fazer o uso específico do objeto ma-
FABRICAÇÃO DE DROGAS terial, ou seja, para a fabricação, produção, preparação ou
Objeto jurídico: É a saúde pública (principal) e a vida, transformação de droga.
saúde e tranquilidade das pessoas individualmente conside- Transportar: Significa levar o objeto material de um
radas (secundária). local para outro. O transporte pode ser feito por qualquer
Objetos materiais: São os maquinários, aparelhos, espécie de veículo, a cavalo ou pessoalmente, haja vista a
instrumentos ou quaisquer objetos destinados à fabricação, inexistência da conduta de trazê-lo consigo.
preparação, produção ou transformação de drogas. Oferecer: Significa sugerir a aquisição. Pode ser feita
Maquinário é o conjunto de peças ou uma máquina. por qualquer modo, i. e., verbal, por gestos ou por escrito,
seja pessoalmente ou não.
Aparelho é o conjunto de mecanismos ou engenho.
Vender: É a alienação onerosa do objeto material.
Instrumento é o objeto empregado para a execução de
um trabalho. Distribuir: Tem sentido de entregar o objeto material
para indeterminado número de pessoas. Feita a uma só pes-
Há no final uma fórmula genérica (interpretação analó- soa ou para um grupo determinado de pessoas, a conduta
gica), que significa qualquer outro objeto semelhante aos poderá ser a de entregar, vender ou fornecer.
anteriores.
Entregar a qualquer título: É a passagem do objeto
Quaisquer destes objetos devem ser destinados à fa- material para outra pessoa. A conduta pode ser feita a qual-
bricação, produção, preparação ou transformação de dro- quer título, ou seja: por amizade, com o fim de troca, por
gas. algum favor etc.
Preparação é a reunião de elementos para a elaboração Possuir: Tem o sentido de ter o poder de fato sobre o
de uma droga já conhecida. objeto material. Embora o tipo penal não preveja a conduta
Produção significa elaborar uma nova espécie de droga. de “ter em depósito”, quem assim age detém o poder de
Enquanto na conduta de preparar a reunião de componentes fato sobre o objeto material e pode lhe ser imputada a con-
leva a uma droga já conhecida, na produção a droga é cri- duta de possuir, que não é prevista no artigo 33, caput.
ada. Guardar: Significa reter o objeto material consigo em
nome de terceiro. O sujeito não é o proprietário e nem o

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possuidor do objeto material, mas, por algum motivo, que haja prova do concurso de duas ou mais pessoas (ele-
guarda-o para o seu proprietário, possuidor ou detentor. mento objetivo do tipo).
Fornecer, ainda que gratuitamente: Fornecer, no Reiteração: A expressão “reiteradamente” significa
caso, tem o sentido de abastecer ou prover com certa habi- repetidamente, ou seja, com habitualidade. Na associação
tualidade. Isso para diferenciar da conduta de entregar ou para o tráfico pode existir, ou não, o propósito de praticar
vender. Mesmo o fornecimento gratuito enseja a adequação os delitos (arts. 33, caput, § 1º, ou 34) reiteradamente. No
típica, como deixa claro o tipo legal. entanto, não há necessidade de que os crimes sejam come-
tidos, mas que a associação se dê com esse propósito.
Tipo misto alternativo ou de conteúdo variado: O
tipo penal é composto por mais de um verbo (fabricar, ad- Elemento subjetivo: O crime é doloso com a finali-
quirir, possuir etc.). Assim, praticada mais de uma conduta dade especial de praticar os crimes descritos nos artigos 33,
típica dentro da mesma situação fática, haverá crime único. caput, § 1º, ou 34, por tempo indeterminado.
Dessa forma, por exemplo, mesmo que o sujeito adquira e
Autonomia: O crime de associação para o tráfico, do
depois transporte o objeto material, haverá crime único.
mesmo modo que ocorre com o de associação criminosa
Elemento subjetivo: O crime é doloso. O dolo deve (art. 288 do CP), é autônomo em relação aos demais delitos
abranger o conhecimento de o objeto material ser destinado praticados, sendo prescindível para a sua configuração o
à fabricação, preparação, produção ou transformação de efetivo cometimento dos crimes descritos nos artigos 33,
drogas. caput, § 1º, ou 34.
Absorção pelo crime de tráfico: A norma incrimina Concurso de crimes: Havendo o cometimento dos
condutas anteriores à traficância, punindo de forma autô- crimes para o qual houve a associação, ocorrerá concurso
noma quem as praticar. Contudo, o tráfico de drogas (art. material de delitos, haja vista nova violação ao bem jurídico.
33, caput) absorve o delito em questão, quando os objetos
Consumação e tentativa: O crime se consuma com
materiais (maquinário, aparelho etc.) tiverem sido empre-
a associação, independentemente da prática de delito pos-
gados pela mesma pessoa para a efetiva preparação, pro-
terior (crime formal). Não há possibilidade da ocorrência de
dução, fabricação ou transformação de drogas.
tentativa, haja vista a exigência de estabilidade e perma-
nência.

Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o ATENÇÃO: Não se trata, o caput do art. 35, de crime
fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes equiparado a hediondo. A Constituição Federal e a Lei nº
previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: 8.072/1990 não o preveem expressamente como crime
equiparado a hediondo, mas apenas o tráfico de drogas. Cui-
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e paga- dando-se de associação para o tráfico de drogas, não pode
mento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias- ser equiparado ao tráfico propriamente dito, sendo crimes
multa. autônomos.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste
artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do
crime definido no art. 36 desta Lei. ASSOCIAÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DO TRÁ-
FICO (ART. 35, PARÁGRAFO ÚNICO)
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO (Art. 35, caput)
Objeto jurídico: É a saúde pública (principal) e a
Objeto jurídico: É a saúde pública (principal) e a vida, saúde e tranquilidade das pessoas individualmente
vida, saúde e tranquilidade das pessoas individualmente consideradas (secundária).
consideradas (secundária).
Sujeito ativo: O crime poderá ser praticado por qual-
Sujeito ativo: O crime poderá ser praticado por qual- quer pessoa (crime comum). No entanto, exige o mínimo de
quer pessoa (crime comum). No entanto, exige o mínimo de duas pessoas, mesmo que uma delas seja inimputável ou
duas pessoas, mesmo que uma delas seja inimputável ou desconhecida (crime plurissubjetivo).
desconhecida (crime plurissubjetivo).
Sujeito passivo: É a coletividade (crime vago).
Sujeito passivo: É a coletividade (crime vago).
Conduta típica: Consiste em associarem-se para a
Conduta típica: Consiste em associarem-se duas ou prática reiterada do crime de financiamento ou custeio para
mais pessoas com o objetivo de praticar, reiteradamente ou o tráfico de drogas (art. 36). Enquanto o caput define a con-
não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § duta de associação para o tráfico de drogas, o tipo em ques-
1º, e 34 da Lei de Drogas. O verbo “associarem-se” significa tão criou a associação destinada a financiar ou custear a
a reunião com vínculo estável e permanente (tempo inde- prática de um dos crimes descritos nos artigos 33, caput,
terminado), no caso, de duas ou mais pessoas. Há necessi- §1º, ou 34 (tráfico de drogas). Do mesmo modo que ocorre
dade de vínculo psicológico para a prática dos delitos por com a associação para o tráfico de drogas, o tipo penal, em-
tempo indeterminado. Faltando esse elemento, o crime não bora não o diga expressamente, exige a participação de no
estará caracterizado mínimo duas pessoas, que se reúnem para prática reiterada
São elementos deste crime: do delito de financiamento ou custeio para o tráfico de dro-
gas (art. 36). Isso porque não existe associação de uma só
1) reunião de duas ou mais pessoas; pessoa e o tipo é uma variante do descrito no caput.
2) vínculo psicológico para o tráfico de drogas (arts. No entanto, diferentemente do crime anterior, este
33, caput, § 1º, ou 34) por tempo indeterminado. exige que a associação tenha por escopo a prática reiterada,
i. e., habitual, do crime de financiamento ou custeio para o
Presença de inimputável: Para efeito de caracteri-
tráfico de drogas (art. 36).
zação do delito, pouco importa se na associação existem
inimputáveis ou desconhecidos. Faz-se necessário, apenas,

79
Com efeito, com exceção da finalidade e da habituali- Conduta típica: Consiste em colaborar, como infor-
dade, o delito em estudo pressupõe os mesmos elementos mante, com grupo, organização ou associação destinada à
do de associação para o tráfico de drogas, ou seja: prática de qualquer dos crimes previstos nos artigos 33, ca-
put, § 1º, e 34. Colaborar tem o sentido de ajudar ou prestar
1) reunião de duas ou mais pessoas;
auxílio. A colaboração deve ser como informante de grupo,
2) vínculo psicológico para a prática reiterada do crime organização ou associação destinados à prática de qualquer
de financiamento ou custeio para o tráfico de drogas (art. dos crimes definidos nos artigos 33, caput, § 1º ou 34 (trá-
36) por tempo indeterminado. fico de drogas). Grupo, organização e associação possuem
o significado de reunião de pessoas.
Elemento subjetivo: O crime é doloso com a finali-
dade especial de praticar o delito descrito no artigo 36 de ATENÇÃO: Somente ocorrerá o delito em apreço
forma contínua e por tempo indeterminado. quando a conduta do agente se limitar ao repasse de infor-
mações ao grupo, organização ou associação. Ele não po-
Consumação e tentativa: O crime se consuma com derá ter nenhum tipo de relação ou envolvimento mais pro-
a associação, independentemente da prática de delito pos- fundo. Do contrário, participará da própria conduta típica e
terior (crime formal). Não há possibilidade da tentativa, haja será considerado coautor ou partícipe do crime (tráfico de
vista a exigência de estabilidade e permanência. drogas ou associação para o tráfico).
Elemento subjetivo: O crime é doloso, com a consci-
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos ência de estar colaborando como informante com o grupo,
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: associação ou organização destinada ao cometimento de
qualquer dos crimes descritos nos artigos 33, caput, § 1º,
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e paga- ou 34.
mento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil)
dias-multa. Consumação e tentativa: O crime estará consumado
com a colaboração mediante a apresentação de informação.
FINANCIAMENTO DE PRÁTICAS LIGADAS ÀS Basta, para a caracterização do delito, que haja a colabora-
DROGAS ção com informação e que o grupo, associação ou organiza-
ção estejam formados e sejam destinados a praticar os de-
Objeto jurídico: É a saúde pública (principal) e a vida,
litos descritos nos artigos 33, caput, § 1º ou 34.
saúde e tranquilidade das pessoas individualmente conside-
radas (secundária). A tentativa será possível quando a informação for re-
passada por escrito (crime plurissubsistente). Quando ver-
Sujeito ativo: O crime poderá ser praticado por qual-
bal ou por gestos, não será possível, uma vez que o crime
quer pessoa (crime comum).
já estará consumado (crime unissubsistente).
Sujeito passivo: É a coletividade (crime vago).
Conduta típica: Consiste em financiar ou custear a
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, dro-
prática de qualquer dos crimes previstos nos artigos 33, ca-
gas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em do-
put, § 1º, e 34. Financiar ou custear são termos sinônimos,
ses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou
que significam prover as despesas com dinheiro ou bens. O
regulamentar:
objeto da conduta é qualquer dos crimes descritos nos arti-
gos 33, caput, § 1º, ou 34, i. e., delitos considerados como Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
tráfico de drogas. pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-multa.
Elemento subjetivo: O crime é doloso e exige a cons- Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao
ciência de estar financiando ou custeando os delitos (arts. Conselho Federal da categoria profissional a que pertença o
33, caput, § 1º, ou 34). agente.
Consumação e tentativa: O crime se consuma com PRESCRIÇÃO DE DROGAS SEM DETERMINAÇÃO
o habitual financiamento ou custeio. Como o delito exige a LEGAL
reiteração de condutas, não se faz possível a tentativa.
Objeto jurídico: É a saúde pública (principal) e a
vida, saúde e tranquilidade das pessoas individualmente
consideradas (secundária).
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, or-
ganização ou associação destinados à prática de qualquer Objeto material: São as drogas, ou seja, as subs-
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1 o, e 34 desta tâncias ou os produtos capazes de causar dependência física
Lei: ou psíquica.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e paga- Sujeito ativo: Na conduta de prescrever, o delito só
mento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. poderá ser cometido por médico ou dentista. Na de minis-
trar, por médico, dentista, farmacêutico ou profissional de
INFORMANTE COLABORADOR COM O TRÁFICO
enfermagem. É, pois, crime próprio, uma vez que somente
DE DROGAS
estes profissionais estão habilitados a prescrever ou minis-
Objeto jurídico: É a saúde pública (principal) e a vida, trar remédios à base de substâncias ou produtos capazes de
saúde e tranquilidade das pessoas individualmente conside- causar dependência.
radas (secundária).
Sujeito passivo: É a coletividade e o paciente.
Sujeito ativo: O crime poderá ser praticado por qual-
Conduta típica: O delito culposo do art. 38 não pos-
quer pessoa (crime comum).
sui o tipo aberto, visto que a lei menciona exatamente quais
Sujeito passivo: É a coletividade (crime vago). condutas culposas tipificam-no:

80
a) quando o paciente não necessita da droga. Ex.: o possa voar. Ambas podem ser empregadas para o trans-
médico prescreve morfina a um paciente que têm câncer porte de pessoas ou coisas. Para a caracterização do delito
para fazer diminuir a dor e, depois, descobre-se que a dor a embarcação ou a aeronave deverá estar em movimento,
referida pelo paciente não era causada pelo tumor; com ou sem o motor ligado.
b) dose receitada ou ministrada de forma excessiva. Sob efeito de álcool: A condução de embarcação em
Ocorre quando a dose é maior do que a necessária. Ex.: o águas públicas por pessoa em estado de embriaguez alcoó-
paciente necessita de 0,1 g de determinada droga para ali- lica, colocando em perigo a segurança alheia, não configu-
viar um sintoma, mas lhe seja receitado ou ministrado 0,2 rará este delito, mas a infração contravencional prevista no
g por culpa do sujeito ativo.; artigo 34 da Lei das Contravenções Penais. Isso porque o
álcool não é considerado droga para fins penais, não po-
c) substância ministrada em desacordo com determi-
dendo ser enquadrado no presente dispositivo.
nação legal ou regulamentar. Quando ocorre outra espécie
e engano, em desatenção ao que estabelece a lei ou regu- Veículo automotor: Do mesmo modo, a condução
lamento. de veículo automotor com capacidade psicomotora alterada
em razão da influência de álcool ou de outra substância psi-
Prescrever tem o sentido de receitar. Somente o mé-
coativa que determine dependência é crime previsto no ar-
dico ou o dentista podem prescrever determinadas substân-
tigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro.
cias ou produtos considerados como drogas, mas para fins
terapêuticos, como, por exemplo, medicamento à base de Elemento subjetivo: O crime é doloso. Exige a cons-
morfina para o alívio de dores. ciência do agente de que ao conduzir a embarcação ou ae-
ronave após consumir droga colocará (dolo direto) ou po-
Ministrar significa introduzir no organismo de terceira
derá colocar (dolo eventual) em perigo concreto de dano a
pessoa a droga prescrita por médico ou dentista. Pode ser
incolumidade pública. Para a configuração do delito é neces-
feita por meio de ingestão, aplicação, inalação ou qualquer
sário que, em razão do consumo da droga, o agente conduza
outro meio apto para tanto.
a aeronave ou embarcação de forma anormal, expondo a
ATENÇÃO: Todas as condutas exigem a ocorrência de perigo a incolumidade de outrem.
culpa (imprudência, imperícia ou negligência), que é ele-
Consumação e tentativa: O crime estará consu-
mento normativo do tipo. A existência de dolo, direto ou
mado com a produção do perigo, ou seja, da possibilidade
eventual, ensejará crime de tráfico de drogas (art. 33, ca-
da ocorrência de dano à incolumidade de terceiros. Não é
put).
possível a tentativa. Ou há produção do perigo concreto,
quando o delito estará consumado, ou ele não ocorre, oca-
sião em que não haverá delito.
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o
consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumi- Forma qualificada (art. 39, parágrafo único): Na
dade de outrem: forma simples do delito (art. 39, caput) o veículo (embarca-
ção ou aeronave) não se destina ao transporte coletivo de
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, pessoas. Caso isso ocorra, o cri-me tem a pena sensivel-
além da apreensão do veículo, cassação da habilitação res- mente elevada, ou seja, passa a ser de quatro a seis anos
pectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena de prisão e pagamento de quatrocentos a seiscentos dias-
privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (du- multa, que serão aplicadas cumulativamente.
zentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa.
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas
cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei
(seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias- são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de
I - a natureza, a procedência da substância ou do pro-
transporte coletivo de passageiros.
duto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a
CONDUÇÃO DE EMBARCAÇÃO OU AERONAVE transnacionalidade do delito;
APÓS O CONSUMO DE DROGA II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de fun-
Objeto jurídico: Diferentemente dos demais delitos, ção pública ou no desempenho de missão de educação, po-
o bem juridicamente protegido não é a saúde pública, mas der familiar, guarda ou vigilância;
a incolumidade pública. Esta pode ser definida como a se- III - a infração tiver sido cometida nas dependências
gurança da sociedade como um todo em face do dano que ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou
as pessoas possam sofrer contra seus bens juridicamente hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, cul-
protegidos, no caso a vida, a saúde e a integridade física. turais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de
Sujeito ativo: O crime é comum, podendo ser prati- trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos
cado por qualquer pessoa. ou diversões de qualquer natureza, de serviços de trata-
mento de dependentes de drogas ou de reinserção social,
Sujeito passivo: É a coletividade (principal), cui- de unidades militares ou policiais ou em transportes públi-
dando-se de crime vago. Poderá ser sujeito passivo secun- cos;
dário a pessoa que venha eventualmente a ser vítima do
perigo de dano. IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave
ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo
Conduta típica: Consiste em conduzir embarcação de intimidação difusa ou coletiva;
ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano
potencial a incolumidade de outrem. Conduzir tem o sentido V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação
de dirigir ou pilotar. O objeto da conduta é a embarcação ou ou entre estes e o Distrito Federal;
a aeronave. Embarcação é qualquer meio de transporte uti-
lizado para navegação. Aeronave é qualquer aparelho que

81
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou do crime de tráfico de drogas (art. 33, caput) apenas uma
adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminu- vez será partícipe daquele delito (art. 33, caput) com o
ída ou suprimida a capacidade de entendimento e determi- acréscimo da pena decorrente da majorante (art. 40, VII).
nação; Havendo habitualidade no financiamento ou custeio para o
tráfico de drogas, o crime será o previsto no artigo 36 sem
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
a incidência desta causa de aumento de pena.
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
Generalidades: As causas de aumento de pena elen-
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar volun-
cadas no artigo 40 são aplicáveis somente aos crimes des-
tariamente com a investigação policial e o processo criminal
critos nos artigos 33 a 37 da Lei de Drogas. O dispositivo
na identificação dos demais co-autores ou partícipes do
apresenta várias circunstâncias que ensejarão o aumento da
crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime,
pena de um sexto a dois terços, que, inclusive, poderão con-
no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a
correr entre si. Assim, a existência de mais de uma deverá
dois terços.
ser levada em consideração pelo juiz na dosagem do au-
mento. COLABORAÇÃO OU DELAÇÃO PREMIADA (Causa
Art. 40, I: Incidirá quando a natureza, a procedência de diminuição de pena)
da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias É o benefício concedido para o autor de um delito que
do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito. Com colabora voluntariamente com a investigação policial e o
efeito, demonstrado que o objeto material é destinado à sa- processo criminal. A nossa legislação prevê várias formas de
ída ou entrada no território nacional, ou se o crime tiver ini- colaboração ou delação premiada.
ciado em um país e se consumado em outro, a pena deverá
ser majorada. Esse método de obtenção de prova já é aplicado na
grande maioria dos países democráticos, mas apenas recen-
Art. 40, II: Trata-se de causa de aumento de pena temente passou a figurar em nosso sistema legal. O método
que incide sobre aquele que praticar o crime prevalecendo- é eficaz notadamente na apuração de crimes cometidos em
se de função pública ou no desempenho de missão de edu- organização ou associação criminosa, pois envolve, na mai-
cação, poder familiar, guarda ou vigilância. Exige, portanto, oria das vezes, número considerável de pessoas.
nexo causal entre o desempenho da função pública ou mis-
são e a prática do delito. Para a incidência da causa de diminuição, além de ser
voluntária a colaboração, exige-se que as informações pas-
Art. 40, III: Também haverá o aumento da pena sadas pelo agente efetivamente impliquem a identificação
quando a infração tiver sido cometida nas dependências ou dos demais envolvidos no crime, bem como a recuperação
imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou de algum produto do crime. Quanto maior a colaboração,
hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, cul- maior será a redução da pena pelo juiz.
turais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de
trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos Para complementar o dispositivo podem ser aplicadas
ou diversões de qualquer natureza, de serviços de trata- subsidiariamente as normas dos artigos 4º a 7º da Lei de
mento de dependentes de drogas ou de reinserção social, Combate às Organizações Criminosas, Lei 12.850, de
de unidades militares ou policiais ou em transportes públi- 02.08.2013.
cos.
Art. 40, IV: Se o crime tiver sido praticado com vio- Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará,
lência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qual- com preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código
quer processo de intimidação difusa ou coletiva, incidirá a Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do pro-
majorante. duto, a personalidade e a conduta social do agente.
Art. 40, VI: Aquele que pratica o delito envolvendo
Circunstâncias judiciais preponderantes: O artigo
ou visando atingir pessoas que não possuem o discerni-
59, caput, do Código Penal elenca uma série de circunstân-
mento necessário merece o aumento da pena. Assim, se a
cias que deverão ser observadas pelo Juiz por ocasião da
prática do crime envolver ou visar a atingir criança ou ado-
escolha da pena a ser aplicada, fixação da pena-base e re-
lescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída
gime inicial de cumprimento da reprimenda, conforme seja
ou suprimida a capacidade de entendimento e determina-
necessária e suficiente para a reprovação e prevenção do
ção, haverá o aumento da pena. Criança é a pessoa com
delito. Essas circunstâncias são chamadas de judiciais. São
menos de doze anos de idade, enquanto adolescente é a que
elas à culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a
conta com doze a dezoito anos de idade incompletos (art.
personalidade do agente, os motivos, as circunstâncias e
2º do ECA).
consequências do crime e o comportamento da vítima.
Art. 40, VII: Também haverá o aumento da pena
O artigo 42 determina expressamente que o juiz, na
para aquele que financiar ou custear a prática do crime. Não
fixação das penas, considerará, com preponderância sobre
se trata do delito previsto no artigo 36, que possui especia-
o previsto no artigo 59 do Código Penal, a natureza e a
lidades próprias. Caso haja a prática de um dos delitos pre-
quantidade da substância ou do produto, a personalidade e
vistos nos artigos 33, 34, 35 e 37 e o agente o prover com
a conduta social do agente. Assim, por exemplo, no con-
dinheiro ou bens, haverá o aumento da pena. Praticado o
fronto entre os antecedentes criminais do acusado e a natu-
crime previsto no artigo 36, esta majorante não poderá in-
reza ou quantidade da droga apreendida, estas duas últimas
cidir, a fim de que não ocorra dupla valoração (bis in idem).
terão maior peso quando da dosagem da pena-base.
Com efeito, a única forma razoável de conciliar a exis-
tência do crime do artigo 36 com a referida causa de au-
mento de pena é entender aquele como habitual. Assim, a Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts.
título de exemplo, se o agente financiar ou custear a prática 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42

82
desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo No caso, como a lei trata de crimes relacionados a dro-
a cada um, segundo as condições econômicas dos acusados, gas, a reincidência específica ocorrerá quando o sujeito, já
valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5 (cinco) definitivamente condenado por um dos crimes previstos nos
vezes o maior salário-mínimo. artigos 33, caput, § 1º ou 34 a 37, vier a praticar novamente
qualquer um deles. Assim, para efeito de livramento condi-
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso
cional, a reincidência específica dar-se-á apenas nos crimes
de crimes serão impostas sempre cumulativamente, podem
descritos na Lei de Drogas acima mencionados.
ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da situação
econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda Observe que a regra geral contida no CP é de cumpri-
que aplicadas no máximo. mento de mais de um terço, se primário, e mais da metade,
se reincidente em crime doloso (art. 83).
FIXAÇÃO DA PENA DE MULTA
Na fixação da multa, o juiz estabelecerá, para cada dia
multa, o mínimo de 1/30 e o máximo de 5 salários mínimos, Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da
levando em conta as condições econômicas do acusado. En- dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito
tretanto, pode ocorrer, mesmo que tomado no máximo, do ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omis-
valor ser ineficaz caso não atinja significativamente a for- são, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, in-
tuna amealhada ilicitamente, hipótese em que poderá ser teiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
aumentado de até 10 vezes. de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhe-
cendo, por força pericial, que este apresentava, à época do
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput
1o, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu
sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada encaminhamento para tratamento médico adequado.
a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
HIPÓTESE DE INIMPUTABILIDADE
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste
artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumpri- Praticado qualquer crime descrito nos artigos 33 a 39
mento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao por pessoa em situação de inimputabilidade em razão de
reincidente específico. dependência, ou sob o efeito de droga proveniente de caso
fortuito ou força maior, o agente será isento de pena (art.
PROIBIÇÃO DE BENEFÍCIOS (ART. 44, CAPUT) 45). Nestas mesmas circunstâncias, cometido o crime por
O dispositivo legal fez vedação expressa de vários ins- agente em situação de semi-imputabilidade, a pena aplicada
titutos aos condenados por delito de tráfico de drogas. Este será reduzida de um a dois terços em razão da menor cul-
artigo deve ser interpretado de acordo com a atual jurispru- pabilidade (art. 46). Nas situações retratadas, não se aplica
dência do STF e STJ, que faz o confronto da proibição desses o artigo 26 ou 28 do Código Penal, mas as disposições da lei
benefícios com o princípio constitucional da individualização especial.
da pena (art. 5º, XLVI da CF). ATENÇÃO: Quando o artigo 45 diz “qualquer que tenha
ATENÇÃO – Cabimento de liberdade provisória: sido a infração praticada”, está se referindo aos crimes des-
Em 01/09/2017 o STF reafirmou sua jurisprudência no sen- critos no seu Capítulo II, do Título IV. Não há como aplicar
tido da inconstitucionalidade de regra prevista na Lei de Dro- os artigos 45 a 47 aos crimes previstos no artigo 28, uma
gas que veda a concessão de liberdade provisória a presos vez que eles estão inseridos em outro título e possuem regra
acusados de tráfico. A decisão foi tomada pelo Plenário Vir- própria.
tual no Recurso Extraordinário (RE) 1038925, com reper- Dessa forma, existem três hipóteses de inimputabili-
cussão geral reconhecida. dade na Lei Antitóxicos:
ATENÇÃO – Cabimento da conversão das penas a) Quando o réu, em razão da dependência, era, ao
em restritivas de direitos: No julgamento do Habeas Cor- tempo da ação ou omissão criminosa, inteiramente incapaz
pus 97256, em setembro de 2010, o plenário do STF con- de entender o caráter ilícito do fato ou de terminar-se de
cluiu pela inconstitucionalidade da expressão “vedada a con- acordo com tal entendimento;
versão em penas restritivas de direitos”, prevista no pará-
grafo 4º, do art. 33 e, também, da expressão “vedada a b) Se o réu, por estar sob o efeito de substancia entor-
conversão de suas penas restritivas de direitos”, constante pecente ou que determine dependência física ou psíquica,
do art. 44, ambos da Lei nº 11.343/2006. Assim, inexiste proveniente de caso fortuito (ex: ingestão acidental), era,
proibição à conversão da pena privativa de liberdade pela ao tempo da ação ou omissão criminosa, inteiramente inca-
restritiva de direitos aos condenados pelo crime de tráfico paz de entender o caráter ilícito do fato ou determinar-se de
de drogas, por ofensa à garantia constitucional da individu- acordo com tal entendimento;
alização da pena, prevista no artigo 5º, inciso XLVI, da c) Quando o réu, por estar sob o efeito de substancia
Constituição Federal. entorpecente ou que determine dependência física ou psí-
quica, proveniente de força maior (ex: ingestão forçada por
violência ou grave ameaça), era, ao tempo da ação ou omis-
LIVRAMENTO CONDICIONAL (ART. 44, PARÁ- são criminosa, inteiramente incapaz de entender o caráter
GRAFO ÚNICO) ilícito do fato ou determinar-se de acordo com tal entendi-
O artigo 44, parágrafo único, da Lei de Drogas, permite mento.
o livramento condicional ao praticante dos crimes previstos Absolvido o agente pelo reconhecimento pericial da
nos artigos 33, caput, e § 1º, e 34 a 37, após o cumprimento inimputabilidade em razão de dependência de drogas, o juiz
de dois terços da pena, sendo proibido o benefício no caso poderá determinar, na sentença, o seu encaminhamento
de reincidência específica. para tratamento médico adequado (art. 45, parágrafo

83
único). Nesta hipótese, há sentença absolutória imprópria
em que, nada obstante o reconhecimento da inimputabili-
dade e consequente isenção de pena, poderá ser determi- EXERCÍCIOS – LEI ANTIDROGAS
nado na sentença tratamento médico. 01. (Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Po-
lícia) João Pedro foi abordado por policiais militares que fa-
ziam ronda próximo a uma Universidade particular. Ao per-
Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a ceberem a atitude suspeita de João, os policiais resolveram
dois terços se, por força das circunstâncias previstas no art. proceder a revista pessoal e identificaram que João portava
45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da um cigarro de maconha para consumo pessoal. Nessa situ-
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do ação hipotética, a expressão “não se imporá prisão em fla-
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. grante”, descrita no art. 48 da lei 11.343/06, significa que é
vedado a autoridade policial:
SEMI-IMPUTABILIDADE
a) Efetuar a condução coercitiva até a delegacia de polícia.
O semi-imputável é aquela pessoa que fica na zona
intermediária entre a imputabilidade e a inimputabilidade, b) Efetuar a lavratura do auto de prisão em flagrante.
sendo chamados, também, de fronteiriços. O sujeito é im-
c) Lavrar o termo circunstanciado.
putável, mas, por ter a capacidade de entendimento ou de
autodeterminação reduzida, a lei determina que o juiz dimi- d) Apreender o objeto de crime.
nua a sua pena.
e) Realizar a captura do agente.
No caso de condenação e reconhecimento da semi-
imputabilidade, a natureza da sentença é condenatória, mas
há obrigatoriedade da redução da pena (um a dois terços). 02. (VUNESP - 2019 - TJ-RS - Titular de Serviços de
Praticado qualquer dos crimes descritos nos artigos Notas e de Registros - Remoção) De acordo com a Lei nº
33 a 39 por pessoa em situação de semi-imputabilidade em 11.343/06, a conduta de cultivar, para seu consumo pes-
razão de dependência, ou sob o efeito de droga proveniente soal, plantas destinadas à preparação de pequena quanti-
de caso fortuito ou força maior, a pena deverá ser reduzida dade de substância ou produto capaz de causar dependência
de um a dois terços. física ou psíquica, é considerada

O dispositivo considera semi-imputável quem: a) típica, mas não punível.

a) em razão da dependência, estava, ao tempo da b) atípica.


ação ou omissão criminosa, parcialmente privado de sua ca- c) típica e punida com pena de reclusão de 5 (cinco) a 15
pacidade de entendimento ou autodeterminação; (quinze) anos, podendo ser reduzida de um sexto a dois ter-
b) por estar sob efeito de substancia entorpecente ou ços, desde que o agente seja primário, de bons anteceden-
que provoque dependência física ou psíquica, proveniente tes e não integre organização criminosa.
de caso fortuito, estava, ao tempo da ação criminosa, par- d) típica e punida, por exemplo, com pena de prestação de
cialmente privado de sua capacidade de entendimento ou serviços à comunidade.
autodeterminação;
e) típica e punida com pena de reclusão de 5 (cinco) a 15
c) por estar sob efeito de substancia entorpecente ou (quinze) anos.
que provoque dependência física ou psíquica, proveniente
de força maior, estava, ao tempo da ação criminosa, parci-
almente privado de sua capacidade de entendimento ou au- 03. (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador)
todeterminação. Considerando o disposto na Lei nº 11.343/06 (Lei Antidro-
gas), assinale a alternativa correta.

Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base a) Constitui crime punido com pena de reclusão a conduta
em avaliação que ateste a necessidade de encaminhamento de oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro,
do agente para tratamento, realizada por profissional de sa- à pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem.
úde com competência específica na forma da lei, determi- b) A Lei nº 11.343/06 não criminaliza a conduta de conduzir
nará que a tal se proceda, observado o disposto no art. 26 embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, ex-
desta Lei. pondo a dano potencial a incolumidade de outrem.
TRATAMENTO MÉDICO c) Quem adquirir, para consumo pessoal, drogas sem auto-
rização ou em desacordo com determinação legal ou regu-
Quando da prolação da sentença condenatória, ha-
lamentar poderá ser submetido à pena de prestação de ser-
vendo necessidade de tratamento médico fundado em ava-
viços à comunidade.
liação realizada por profissionais de saúde com competência
específica na forma da lei, o juiz determinará que ele seja d) Prescreve em 1 ano a imposição e a execução da pena
realizado. para quem adquirir, para consumo pessoal, drogas sem au-
torização ou em desacordo com determinação legal ou re-
Note-se que a norma fala “sentença condenatória”,
gulamentar.
não se tratando, portanto, de sentença absolutória impró-
pria fundada no artigo 45. Assim, para efeito do presente e) O tráfico transnacional de drogas não configura uma
dispositivo, o agente deverá ter sido condenado à pena pri- causa de aumento de pena.
vativa de liberdade, o que justifica a existência da norma.
Cuidando-se de sentença absolutória imprópria (em razão
de dependência de droga), o tratamento médico é obrigató- 04. (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
rio (art. 45). Polícia) No tocante à Lei de Tóxicos n° 11.343/06, para a

84
lavratura do auto de prisão em flagrante por tráfico de dro- 07. (FCC - 2018 - Câmara Legislativa do Distrito Fede-
gas previsto no art. 33 caput, é indispensável para a mate- ral - Técnico Legislativo - Agente de Polícia Legisla-
rialidade do delito tiva) Considerando o que dispõe a Lei no 11.343/2006 que,
dentre outras funções, instituiu o Sistema Nacional de Polí-
a) que o sujeito esteja exercendo a venda da substância en-
ticas Públicas sobre Drogas,
torpecente proibida.
a) não é considerado crime de tráfico de drogas a conduta
b) o exercício de qualquer ação prevista no art. 33 e o laudo
daquele que oferece droga, eventualmente e sem objetivo
de constatação provisório.
de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a con-
c) que ao agente possua quantidade superior a 10 gramas sumirem.
do entorpecente.
b) não é considerado crime a conduta do agente que con-
d) que a detenção ocorra em via pública. sente que outrem utilize local ou bem de que tenha a pro-
priedade, de forma gratuita, sem autorização ou em desa-
e) que haja testemunha do exercício da venda de entorpe- cordo com determinação legal ou regulamentar, para o trá-
cente. fico ilícito de drogas, tratando-se de mera infração civil-ad-
ministrativa.

05. (FUNCAB - 2013 - PC-ES - Perito Criminal Especial) c) não é crime a condução de embarcação ou aeronave após
Nos termos do artigo 40 da Lei n° 11.343/2006, que define o consumo de drogas, ainda que exponha a dano potencial
os crimes de posse para uso e tráfico ilícito de drogas, NÃO a incolumidade de outrem, tratando-se de mera infração ci-
constitui causa especial de aumento de pena, a prática de vil-administrativa.
crime do tráfico de drogas, se o: d) não é crime a conduta de quem induz, instiga ou auxilia
a) agente praticar o crime prevalecendo-se de função pú- alguém ao uso indevido de droga, tratando-se de mera con-
blica. travenção penal.

b) crime tiver sido praticado com violência. e) é isento de pena o agente que, em razão da dependência,
era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha
c) agente financiar ou custear a prática do crime. sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de en-
d) crime tiver sido praticado nas dependências de estabele- tender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
cimento prisional. com esse entendimento

e) crime tiver sido cometido entre municípios de um mesmo


estado. 08. (UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de Polícia) O juiz,
na fixação das penas previstas na Lei n. 11.343/2006, con-
siderará, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do
06. (VUNESP - 2018 - MPE-SP - Analista Jurídico do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou
Ministério Público) Caio, dependente de substância entor- do produto, a personalidade e
pecente, para sustentar o vício, é quem busca a droga e
repassa a seus amigos, também usuários. Caio paga a droga a) os motivos do agente.
com o dinheiro dos amigos. Nunca cobrou nada pelo “ser- b) a culpabilidade do agente.
viço” de buscar a droga, ficando com parte dela para uso
próprio. Em uma das vezes em que foi buscar a droga, no c) os antecedentes do agente.
caso, maconha, acabou preso, com 100 g da substância. d) a conduta social do agente.
Diante da situação hipotética, e tendo em conta a parte e) a condição financeira do agente.
penal da Lei de Drogas, assinale a alternativa correta.
a) Caio, se condenado ao crime de tráfico (art. 33), terá a
pena reduzida, por expressa previsão legal, em razão de a 09. (UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de Polícia) Dispõe
droga apreendida ser maconha. a Lei n. 11.343/2006, em seu art. 28, que quem adquirir,
guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo,
b) Caio, preso portando 100 g de entorpecente, mesmo que para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em de-
para uso próprio e compartilhado de amigos, não poderá ser sacordo com determinação legal ou regulamentar, será sub-
incurso no tipo penal do consumo pessoal (art. 28) que, ex- metido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos
pressamente, limita a quantidade da droga em 50 g. das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III -
c) Caio, sendo primário, sem maus antecedentes e por não medida educativa de comparecimento a programa ou curso
integrar organização criminosa, se condenado ao crime de educativo. Referida lei dispõe ainda que as penas previstas
tráfico, poderá ter a pena reduzida em até dois terços (art. nos incisos II e III do caput do referido artigo serão aplica-
33, parágrafo 4°). das pelo prazo máximo de

d) Caio não será acusado de tráfico de entorpecentes (art. a) quatro meses e, em caso de reincidência, serão aplicadas
33), pois o tipo penal expressamente exige que as condutas pelo prazo máximo de oito meses.
nele previstas sejam realizadas mediante pagamento. b) cinco meses e, em caso de reincidência, serão aplicadas
e) Caio, comprovado que a droga era de uso pessoal e com- pelo prazo máximo de dez meses.
partilhado dos amigos, não praticou qualquer crime, pois o c) três meses e, em caso de reincidência, serão aplicadas
consumo pessoal de maconha, pela legislação atual de dro- pelo prazo máximo de seis meses.
gas, é descriminalizado.
d) dois meses e, em caso de reincidência, serão aplicadas
pelo prazo máximo de quatro meses.

85
e) um mês e, em caso de reincidência, serão aplicadas pelo atividades particulares, sem qualquer ligação com o cargo
prazo máximo de dois meses. público.

10. (FGV - 2018 - MPE-AL - Analista do Ministério Pú- § 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime
blico - Área Jurídica) Leandro, primário e de bons antece- de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com
dentes, foi preso em flagrante porque tinha em sua casa, a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a
si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou
para fins de venda, 100g de maconha e 150g de cocaína na
satisfação pessoal.
forma de crack, conforme laudo de exame de material en-
torpecente acostado ao procedimento. Após receber o pro- TIPO SUBJETIVO
cedimento principal, já com decisão de conversão do fla-
É o dolo, inexistindo forma culposa. Exige-se, além do
grante em preventiva, o Promotor de Justiça deverá denun-
dolo, o especial estado de ânimo de agir com a finalidade
ciar Leandro por
de:
a) crime único de tráfico de drogas, podendo a natureza do
a) Prejudicar outrem (Exemplo: decretar prisão bus-
material entorpecente e a quantidade de drogas serem ava-
liadas no momento de o juiz fixar pena base em caso de cando prejudicar o indivíduo politicamente);
condenação. b) Obter benefício indevido para si ou terceiro (Exem-
plo: Direcionar e intensificar investigações com o fim
b) crime único de tráfico de drogas, não podendo a natureza
do material entorpecente ser considerada quando da aplica- de atingir metas para promoção);
ção da pena base, mas tão só as circunstâncias judiciais do c) Por mero capricho ou satisfação pessoal (Exemplo:
Art. 59 do CP e a quantidade de drogas. Realizar busca e apreensão para ganhar visibilidade
nas redes sociais).
c) dois crimes de tráfico de drogas, reconhecendo o con-
curso formal de crimes, podendo ser aplicado o redutor do Em resumo, somente haverá o crime quando o agente
tráfico privilegiado em razão da primariedade do agente. público agir com o fim de abusar, ou seja, de utilizar com
d) dois crimes de tráfico de drogas, reconhecendo o con- excesso ou de forma desviada a autoridade concedida ao
curso material de crimes, não podendo a quantidade de dro- servidor, o que é revelado pelo próprio nomen juris: abuso.
gas ser considerada no momento da aplicação da pena base, ATENÇÃO: Se o funcionário agiu, ao contrário, movido
mas tão só as circunstâncias judiciais do Art. 59 do CP; pela vontade de atingir o fim público, não incide no crime de
e) dois crimes de tráfico de drogas em concurso formal, po- abuso de autoridade.
dendo a quantidade e a natureza do material entorpecente Exemplifica-se com a atuação do policial que empreende
serem valorizados no momento de aplicar a pena base. busca pessoal em indivíduo que caminha de um lado a outro,
nervosamente, em frente a uma agência bancária, vestindo
um pesado casaco em um dia que não é de frio intenso. Na
GABARITO hipótese, há causa provável a justificar a atuação policial,
não devendo o policial ser punido por atentar contra o direito
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
de ir e vir do cidadão, ou pela prática de ato lesivo de sua
B D C B E C E D B A
honra, movido que foi por um legítimo interesse público.
A perquirição acerca do elemento subjetivo tem acentu-
11. LEI Nº 13.869, DE 05/09/ 2019 ada importância prática para evitar que o servidor, temeroso
ABUSO DE AUTORIDADE de eventual persecução penal, deixe de dar o devido cum-
primento ao seu dever, diante de uma situação fática em
que as circunstâncias levam a crer que isso é exigido.
A Lei n. 13.869, publicada em 5 de setembro de 2019,
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação
revogou a Lei n. 4.898/65, bem como o § 2º do art. 150 e
de fatos e provas não configura abuso de autoridade.
o art. 350 do Código Penal.
CAPÍTULO I COMENTÁRIO: Segundo o dispositivo, fica prote-
gida a atividade jurídica, em sua parte mais essencial, a
DISPOSIÇÕES GERAIS
interpretação das normas e dos postulados jurídicos.
Vedação ao CRIME DE HERMENÊUTICA: A doutrina de-
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autori- nomina crime de hermenêutica a criminalização da atividade
dade, cometidos por agente público, servidor ou não, que, desenvolvida pelo agente público na interpretação das nor-
no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, mas jurídicas. Ocorre que a atividade interpretativa é mar-
abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. cada pelo subjetivismo, notadamente na interpretação de
BEM JURÍDICO: Os crimes previstos na Lei de Abuso de normas abertas, com mais de uma conclusão possível.
Autoridade se voltam à proteção da administração pública e Por esse motivo o legislador buscou resguardar a ati-
a moralidade administrativa, bem como os direitos funda- vidade do intérprete tanto na interpretação das normas,
mentais do cidadão. quanto na análise de fatos e provas, vedando o chamado
“crime de hermenêutica”.
Com efeito, os delitos em questão se situam no cerne do
conflito entre os direitos individuais e a atuação do Estado. Assim, duas autoridades podem ter conclusões total-
mente opostas, como prender ou soltar alguém, pois in-
ATENÇÃO: Exige-se que o abuso de autoridade seja co- terpretam a lei, ou valorizam as provas de maneira diver-
metido no exercício das funções do agente público ou a pre- gente. Nesses casos, não há abuso de autoridade por parte
texto de exercê-las, excluindo, portanto, as condutas em de quem prendeu e, portanto, também não se fala em pre-
varicação por quem soltou.

86
Como exemplo, a autoridade policial pode avaliar os apresentação de denúncia ao juiz, sendo uma as principais
dados apresentados e entender cabível a prisão em fla- características a obrigatoriedade, impondo ao Estado a per-
grante. Já o juiz, de maneira divergente, avaliando de secução penal, independente de manifestação da vítima ou
modo diverso as provas e suas circunstâncias, entender outra condição.
incabível e relaxar a prisão. Não há abuso de autoridade, A admissão da ação penal privada subsidiária da pú-
nem outro ilícito para a posição diferente, desde que fun- blica já encontra previsão expressa tanto na Constituição
damentada no Direito. Federal (art. 5º, LIX) como no Código de Processo Penal
(art. 29), acrescendo o dispositivo o prazo decadencial de 6
CAPÍTULO II (seis) meses para a iniciativa do ofendido ou a quem tenha
qualidade para representá-lo.
DOS SUJEITOS DO CRIME
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade
CAPÍTULO IV
qualquer agente público, servidor ou não, da administração
direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS RES-
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de TRITIVAS DE DIREITOS
Território, compreendendo, mas não se limitando a: Seção I
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles Dos Efeitos da Condenação
equiparadas;
Art. 4º São efeitos da condenação:
II - membros do Poder Legislativo;
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano cau-
III - membros do Poder Executivo; sado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofen-
IV - membros do Poder Judiciário; dido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos
V - membros do Ministério Público; danos causados pela infração, considerando os prejuízos por
ele sofridos;
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os
ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transi-
toriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, III - a perda do cargo, do mandato ou da função pú-
designação, contratação ou qualquer outra forma de inves- blica.
tidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e
órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo. III do caput deste artigo são condicionados à ocorrência de
reincidência em crime de abuso de autoridade e não são au-
SUJEITO ATIVO: É o agente Público, conceituado no
tomáticos, devendo ser declarados motivadamente na sen-
parágrafo único do art. 2º. Para definir o sujeito ativo, ou
seja, o autor do delito, a lei adota um conceito bastante am- tença.
plo, semelhante ao art. 327 do Código Penal, não exigindo COMENTÁRIO: Aprimorando a lei processual penal,
a investidura formal em cargo público e atingindo todas ati- a nova legislação preceitua que, em caso de condenação
vidade do Estado, em suas diversas esferas. penal, cabe indenização civil à vítima, a ser fixada na sen-
tença, desde que o ofendido assim tenha requerido, posi-
Na análise dos tipos penais em espécie, perceber-se-
tivando as decisões dos Tribunais Superiores.
á que alguns delitos só podem ser praticados por agentes
públicos específicos. Ainda como efeito da condenação, o sentenciado por
abuso de autoridade pode tornar-se inabilitado para o
ATENÇÃO: Dada a amplitude do alcance, o rol cons- exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo perí-
tante dos incisos é meramente exemplificativo. odo de 1 (um) a 5 (cinco) anos, além de perder o cargo,
SUJEITO PASSIVO: Sujeito passivo imediato é o Es- mandato ou função pública. Assim, a lei prevê a recupera-
tado, pois o delito afeta o bom andamento da administração ção do direito de se tornar, outra vez, autoridade.
pública. Sujeito passivo mediato é o cidadão, titular do di- Não obstante, são feitas duas exigências:
reito fundamental lesado a) reincidência específica;
b) menção e motivação expressa na sentença, proi-
CAPÍTULO III bido o efeito automático.

DA AÇÃO PENAL
Art. 3º (VETADO). Seção II
Das Penas Restritivas de Direitos
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal
pública incondicionada. (Promulgação partes vetadas) Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pú- das privativas de liberdade previstas nesta Lei são:
blica não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades
Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia subs- públicas;
titutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a
caso de negligência do querelante, retomar a ação como perda dos vencimentos e das vantagens;
parte principal.
III - (VETADO).
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos po-
de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o
dem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
prazo para oferecimento da denúncia.
COMENTÁRIO: Quanto às penas, é preciso ressaltar
COMENTÁRIO: Os crimes de ação penal pública in-
que várias delas demonstram crimes de menor potencial
condicionada têm como autor o Ministério Público, mediante

87
ofensivo, aplicando-se, na íntegra os institutos despenali- Sujeito ativo: O uso do verbo nuclear “decretar” indica
zantes da Lei nº 9.099/95, como a composição dos danos tratar-se de crime próprio de magistrado, o que é explicitado
civis (arts. 72 a 75), transação penal (art. 76) e suspensão nos casos do parágrafo único.
condicional do processo (art. 89). E outras penas com va-
Tipo objetivo: Decretar é determinar, dar a ordem, de-
lor mínimo igual ou inferior a um ano, denotando crime de
cidir ou determinar que seja efetuada a medida privativa da
médio potencial ofensivo, apontam para a viabilidade de
liberdade.
aplicação de suspensão condicional do processo supraci-
tada. Enfim, nenhum dos delitos exigem pena de prisão Relaxar é termo que se aplica à prisão em flagrante ile-
propriamente dita como primeira hipótese punitiva. gal (CPP, art. 310, I).
Na realidade, o crime de abuso de autoridade é A substituição da prisão preventiva por medida cautelar
grave, mas não está sendo tratado com severidade no to- está regulada nos arts. 282 e 283 do CPP, podendo ser ado-
cante às penas cominadas, todas de detenção, admitindo, tadas as medidas arroladas no art. 319.
claramente, penas restritivas de direitos, mesmo quando
não couber transação ou suspensão condicional do pro- Tipo subjetivo: É o dolo, aliado a uma das finalidades
cesso, como se vê pelo parágrafo único do art. 5º). mencionadas no § 1º do art. 1º.

CAPÍTULO V Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemu-


DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRA- nha ou investigado manifestamente descabida ou sem pré-
TIVA via intimação de comparecimento ao juízo:
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
independentemente das sanções de natureza civil ou admi- CONDUÇÃO COERCITIVA
nistrativa cabíveis.
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Bem jurídico: Constitui-se em proteção penal ao direito
Lei que descreverem falta funcional serão informadas à au- de ir e vir (CF, art. 5º, incisos XV e LIV) bem como ao direito
toridade competente com vistas à apuração. de não autoincriminação (CF, art. 5º, inciso LXIII).

Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são Sujeito ativo: O uso do verbo nuclear “decretar” indica
independentes da criminal, não se podendo mais questionar tratar-se de crimepróprio de autoridade com poderes para
sobre a existência ou a autoria do fato quando essas ques- determinar a condução, como o magistrado, delegado ou
tões tenham sido decididas no juízo criminal. parlamentar integrante de CPI.
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como Tipo objetivo: Decretar é determinar, dar a ordem, de-
no administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhe- cidir ou determinar que seja efetuada a condução.
cer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em
legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou Condução coercitiva ou “sob vara” é a medida judicial
no exercício regular de direito. que consiste em levar a testemunha recalcitrante ao local
onde deverá depor, mesmo contra a sua vontade.
COMENTÁRIO: As sanções civis e administrativas são
autônomas em relação às sanções penais, não ocorrendo o ATENÇÃO: Somente haverá crime se a condução for
bis in idem, ou seja, não significando a punição mais de uma “manifestamente descabida” ou ocorrer sem a prévia inti-
vez pelo mesmo delito. Entretanto, faz coisa julgada na es- mação do conduzido para comparecer de forma espontânea.
fera civil e administrativa, a decisão criminal acerca da exis-
tência do fato ou sua autoria, bem como o reconhecimento
das excludentes legais de ilicitude, impedindo, por conse- Art. 11. (VETADO).
guinte, a rediscussão do assunto em tais esferas.
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar pri-
CAPÍTULO VI são em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal:
DOS CRIMES E DAS PENAS Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
Art. 9º (VETADO). multa.
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
manifesta desconformidade com as hipóteses legais: (Pro- I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de
mulgação partes vetadas) prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária que
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. a decretou;
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autori- II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de
dade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de: qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua família ou
à pessoa por ela indicada;
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade,
diversa ou de conceder liberdade provisória, quando mani- com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das tes-
festamente cabível; temunhas;
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, IV - prolonga a execução de pena privativa de liber-
quando manifestamente cabível. dade, de prisão temporária, de prisão preventiva, de medida
PRIVAÇÃO ILEGAL DA LIBERDADE de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo
e excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura imedi-
Bem jurídico: Constitui-se em proteção penal ao direito
atamente após recebido ou de promover a soltura do preso
de ir e vir (CF, art. 5º, incisos XV e LIV).
quando esgotado o prazo judicial ou legal.

88
OMISSÃO NA COMUNICAÇÃO DE PRISÃO I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à
curiosidade pública;
Bem jurídico: Constitui-se em proteção penal ao direito
de ir e vir, (CF, art. 5º, incisos XV e LIV). Mais especifica- II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangi-
mente, as previsões do caput e do inc. I do parágrafo único mento não autorizado em lei;
do art. 12 decorrem do inc. LXII do art. 5º da CF, segundo III - (VETADO).
o qual: “a prisão de qualquer pessoa e o local onde se en- III - produzir prova contra si mesmo ou contra ter-
contre serão comunicados imediatamente ao juiz compe- ceiro: (Promulgação partes vetadas)
tente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada”.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa,
Sujeito ativo: É delito próprio da autoridade policial, sem prejuízo da pena cominada à violência.
que tem o dever legal de comunicar a privação da liberdade EXIBIÇÃO OU CONSTRANGIMENTO INDEVIDO
(CPP, art. 306).
Sujeito passivo: Se a vítima for criança ou adolescente, Bem jurídico: É a integridade física e moral do preso,
ocorrerá o crime análogo previsto no art. 231 do ECA. bem como o direito de não autoincriminação (CF, art. 5º,
inciso LXIII), no caso do inc. III.
Tipo objetivo: Trata-se de crime omissivo. No caso de
prisão em flagrante ocorre a forma do caput. A comunicação O inc. X do art. 5º da CF assegura a inviolabilidade da
deverá ocorrer “no prazo legal”, que é de 24 h, conforme honra e da imagem das pessoas. Afora isso, conforme o in-
previsão dos arts. 310 e 306 do CPP. ciso XLIX do art. 5º da CF: “é assegurado aos presos o res-
peito à integridade física e moral”.
Caso se trate de prisão temporária ou preventiva ocor-
rerá o delito do inc. I do parágrafo único, devendo a comu- Sujeito passivo: Se a vítima particular for criança ou
nicação ocorrer imediatamente, uma vez que não há neces- adolescente, o crime será o do art. 232 do ECA, especial em
sidade de maior tempo para a formalização do auto, como relação ao delito em comento.
ocorre no caso de prisão em flagrante. Tipo objetivo: A primeira modalidade ocorrerá na expo-
Tipo subjetivo: É o dolo, aliado a uma das finalidades sição indevida da imagem do corpo do preso ou detento à
mencionadas no § 1º do art. 1º. curiosidade pública, seja pessoalmente, a populares presen-
tes no local; por intermédio dos meios de comunicação ou
OMISSÃO NA COMUNICAÇÃO DE PRISÃO À FAMÍ- ainda de redes sociais ou aplicativos.
LIA OU PESSOA INDICADA
A segunda modalidade consiste em submeter a pessoa
A comunicação aos familiares visa a garantir a assistên- sob a situação vexatória ou a constrangimento não autori-
cia ao preso (LEP, art. 41, X), informar os familiares do seu zado em lei.
paradeiro e permitir a tomada de eventuais providências em
favor da liberdade. ATENÇÃO: Não haverá o crime quando a exposição,
ainda que não autorizada pelo preso, estiver fundada no in-
OMISSÃO NA ENTREGA DE NOTA DE CULPA teresse público, como no caso de réu foragido.
A medida tem o sentido de garantir que o preso entenda
o motivo da medida, bem como lhe garanta os meios para
contrastar eventual ilegalidade, ao ter conhecimento dos no- Art. 14. (VETADO).
mes dos executores da medida e das testemunhas.
Em caso de prisão temporária, uma das vias do mandado Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão,
deverá ser entregue ao preso, servindo como nota de culpa pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou pro-
(Lei n. 7.960/89, art. 2º, § 4º). fissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
PRORROGAÇÃO INDEVIDA DE PRIVAÇÃO DE LI- Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
BERDADE Parágrafo único. (VETADO).
Trata-se de crime omissivo. Há elemento normativo do Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pros-
tipo na cláusula “sem motivo justo ou excepcionalíssimo”, a segue com o interrogatório: (Promulgação partes vetadas)
ser aferido no caso concreto, como, por exemplo, em caso I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao
de motim no estabelecimento que impeça a soltura. silêncio; ou
Em caso de prisão temporária deverá ser observado o II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por
disposto no § 7° do art. 2º da Lei n. 7.960/89, segundo o advogado ou defensor público, sem a presença de seu pa-
qual: “Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso trono.
deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo se já AMEAÇA DE PRISÃO A DETENTOR DE SIGILO
tiver sido decretada sua prisão preventiva”. Em caso de cri-
mes hediondos e equiparados, o prazo da prisão temporária Bem jurídico: É a preservação do sigilo profissional.
é de 30 dias, prorrogáveis por igual período (LCH, art. 2º, § Tipo objetivo: Constranger a depor tem o sentido aqui
4º). de forçar, coagir, obrigar a pessoa detentora do dever de
ATENÇÃO: A falta de comunicação culposa não configura sigilo a depor contra a sua vontade, mediante a ameaça es-
o crime em questão. pecífica de privação da liberdade.
INTERROGATÓRIO INDEVIDO (PAR. ÚNICO)
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante Bem jurídico: É a preservação do direito de não autoi-
violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de ncriminação (CF, art. 5º, inciso LXIII), no caso do inc. I,
resistência, a: bem como dos direitos de ampla defesa (CF, art. 5º, inc. LV)
e de assistência de advogado (CF, art. 5º, inc. LXIII).

89
Tipo objetivo: Conforme o art. 186 do CPP: “Depois de a vítima de infração penal ou a testemunha de crimes
devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da violentos atos de revitimização. Trata-se de crime de ação
acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de ini- livre que pode ser praticado por qualquer meio, mediante
ciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e palavras, gestos ou sinais, proferidos em meio a atos oficiais
de não responder perguntas que lhe forem formuladas”. relacionados a apuração do crime, como audiências,
atendimentos diretos, colheita de depoimentos, sessões de
Uma vez manifestada pelo preso, investigado ou acusado
julgamentos etc.
a opção de silenciar, o ato deverá ser finalizado.
Os atos de vitimização secundária foram definidos nos
Violência Institucional (Incluído pela Lei nº 14.321, incisos I e II do art. 15-A da Lei e consistem no
de 2022) reavivamento da situação de violência ou outras situações
Art. 15-A. Submeter a vítima de infração penal ou a tes- potencialmente geradoras de sofrimento ou estigmatização.
temunha de crimes violentos a procedimentos desnecessá- O reavivamento da situação de violência ou geradora de
rios, repetitivos ou invasivos, que a leve a reviver, sem es- sofrimento deverá ser decorrente de um procedimento
trita necessidade: (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022) desnecessário, repetitivo ou invasivo, isto é, contrários às
I - a situação de violência; ou (Incluído pela Lei nº disposições legais que regulam a atuação dos agentes
14.321, de 2022) públicos que estejam prestando atendimento às vítimas e
testemunhas mencionadas na norma.
II - outras situações potencialmente geradoras de sofri-
mento ou estigmatização: (Incluído pela Lei nº 14.321, de Desnecessário é o procedimento dispensável, ou seja,
2022) que não terá utilidade para o fim a que se presta a
investigação ou o processo. Repetitivo é aquele adotado
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e mais de uma ou várias vezes na persecução. Invasivo é
multa. (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022) aquele que agride a intimidade da pessoa, que não respeita
§ 1º Se o agente público permitir que terceiro intimide a sua privacidade.
vítima de crimes violentos, gerando indevida revitimização, ATENÇÃO: Só haverá crime se, além do procedimento
aplica-se a pena aumentada de 2/3 (dois terços). (Incluído adotado ter sido desnecessário, repetitivo ou invasivo, o ato
pela Lei nº 14.321, de 2022) for considerado desnecessário para a colheita da
§ 2º Se o agente público intimidar a vítima de crimes informação, sentido que se extrai do último elemento
violentos, gerando indevida revitimização, aplica-se a pena normativo do tipo “sem estrita necessidade”.
em dobro. (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022) Figura majorada do § 1º: A figura do parágrafo
primeiro difere do caput, porque a conduta do agente
VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL
público é essencialmente omissiva. Aqui, o agente público
O novo tipo penal busca evitar que os agentes estatais, permite que terceiro intimide a vítima de crimes violentos,
no desempenho de suas funções, desprotejam vítimas e de modo a lhe produzir a revitimização.
testemunhas mediante uma atuação desnecessariamente
IMPORTANTE: O terceiro descrito deve ser
ofensiva.
necessariamente um particular sem vínculo com a
Bem jurídico tutelado: a norma protege a administração pública, pois, caso contrário, ambos seriam
incolumidade psíquica, além do respeito à intimidade e vida coautores do crime do caput do artigo 15-A.
privada das vítimas e testemunhas.
Figura majorada do § 2º: O aumento de pena aplica-
Sujeito ativo: qualquer autoridade pública que atua em se quando o autor é o próprio agente público, merecedor de
procedimentos administrativos ou judiciais voltados ao maior reprimenda (pena em dobro) que intimida, ou seja,
atendimento de vítimas de infrações penais ou oitiva de constrange, amedronta ou apavora a vítima de crimes
testemunhas de crimes violentos, tais como policiais violentos de modo a gerar uma indevida revitimização.
militares, civis ou penais, promotores de justiça, juízes de
Portanto, a diferença para a figura do caput é que, aqui,
direito, defensores públicos, peritos e etc.
o agente público age de maneira mais intensa, mais hostil,
Sujeito passivo: são vítimas de infrações penais muitas vezes se valendo de sua autoridade pública para
violentas e a testemunha de crimes violentos que são exigir que a vítima lhe preste alguma informação,
revitimizados. prometendo-lhe algum tipo de sancionamento.
ATENÇÃO: O tipo penal fala em vítimas de infração IMPORTANTE: Em ambas majorantes, §§ 1º e 2º,
penal, o que abrange contravenções penais ou crimes em observar que se referem apenas à vítima e que a maior
geral, praticados com ou sem violência. reprimenda é motivada pelo fato de que a conduta de
“intimidar” tem uma maior gravidade em relação a
Também podem ser sujeitos passivos do crime as
“submeter” do caput.
testemunhas, entendidas como quaisquer pessoas, inclusive
inimputáveis, que compareçam perante a autoridade com o
intuito de prestar informações acerca da ocorrência de um Art. 16. (VETADO).
delito. Deve-se observar que a lei.
IMPORTANTE: O tipo penal somente protege
testemunhas de crimes violentos, razão pela qual, Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se fal-
testemunhas que prestem informações sobre contravenções samente ao preso por ocasião de sua captura ou quando
penais ou crimes sem violência não são sujeitos passivos deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão: (Promulgação
desta infração. partes vetadas)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
Condutas: Na figura do caput, comete o crime em multa.
estudo o agente que submete, ou seja, que sujeita ou impõe

90
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, IMPORTANTE: O consentimento do preso, devidamente
como responsável por interrogatório em sede de procedi- assistido por advogado, afasta o crime.
mento investigatório de infração penal, deixa de identificar-
se ao preso ou atribui a si mesmo falsa identidade, cargo ou
função. Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o
envio de pleito de preso à autoridade judiciária competente
FALTA DE IDENTIFICAÇÃO OU IDENTIFICAÇÃO
para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das cir-
FALSA DO CONDUTOR OU EXECUTOR DA PRISÃO
cunstâncias de sua custódia:
Bem jurídico: Constitui-se em proteção penal ao direito Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
de ir e vir, (CF, art. 5º, incisos XV e LIV), uma vez que a
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magis-
identificação do policial responsável pelo flagrante ou pela
trado que, ciente do impedimento ou da demora, deixa de
execução do mandado possibilita ao preso representar, fu-
tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo
turamente, contra eventual irregularidade do ato, ou mesmo
competente para decidir sobre a prisão, deixa de enviar o
garantir a verificação da legitimidade do executor (CPP, arts.
pedido à autoridade judiciária que o seja.
289-A, § 5º, e 290, § 2º).
IMPEDIR OU RETARDAR PLEITO DE PRESO
Sujeito ativo: No caso de prisão decorrente de mandado
é crime próprio de autoridade policial, a quem incumbe cum- Bem jurídico: Constitui-se em proteção penal ao direito
prir os mandados de prisão expedidos por autoridade judi- de ir e vir (CF, art. 5º, incisos XV e LIV), ao garantir a re-
ciária (CPP, arts. 13, III, e 285, parágrafo único, “e”), bem messa de solicitação do preso à autoridade judiciária. De
como realizar o interrogatório em procedimento investiga- lembrar que o inc. XIV do art. 41 da LEP aponta como direito
tório de infração penal. do preso: “representação e petição a qualquer autoridade,
em defesa de direito”.
Já no caso de prisão em flagrante ou de interrogatório,
na modalidade do parágrafo único, poderá ocorrer de o Sujeito ativo: Na forma básica, do caput, qualquer
crime ser praticado por agente público que não seja policial. agente público. A modalidade do parágrafo único é privativa
de magistrado.
Tipo objetivo: A primeira forma é omissiva, quando o
autor da prisão em flagrante ou executor da prisão decor- Tipo objetivo: Impedir é obstar, tornar impossível.
rente de mandado deixa de identificar-se.
Retardar é deixar de dar o encaminhamento expedito
A segunda é comissiva, consistente em identificação ao pedido do preso.
falsa, a qual, na modalidade do parágrafo único, também
 Somente haverá crime se a ação se der injustificada-
poderá recair sobre o cargo ou função.
mente, o que constitui elemento normativo do tipo, a ser
verificado no caso concreto.
Art. 17. (VETADO). Autoridade judiciária competente poderá ser o pró-
prio juízo que determinou a prisão, aquele competente para
examinar habeas corpus contra a ordem de prisão vigente
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial ou mesmo o juízo da execução, caso a solicitação diga res-
durante o período de repouso noturno, salvo se capturado peito às circunstâncias da custódia.
em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, con-
sentir em prestar declarações: Na modalidade do parágrafo único o delito é omissivo.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e Quanto ao parágrafo único, a primeira modalidade pres-
multa. supõe a inação do magistrado que tenha conhecimento di-
INTERROGATÓRIO DURANTE O REPOUSO NO- reto e inequívoco da restrição ao direito do preso. A se-
TURNO gunda, igualmente omissiva, consiste em deixar o magis-
trado de enviar o pedido à autoridade judiciária competente.
Bem jurídico: É a preservação do direito de defesa, ga-
rantindo que o preso não seja ouvido em horário no qual o
cansaço dificulte um exercício efetivo do direito de defesa. Art. 20. (VETADO).
Sujeito ativo: É delito próprio de autoridade policial,
uma vez que o tipo menciona expressamente o “interroga- Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pes-
tório policial”. soal e reservada do preso com seu advogado: (Promulga-
Tipo objetivo: O delito somente poderá ocorrer em se ção partes vetadas)
tratando de preso, não havendo impedimento na oitiva de Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
investigado solto durante o período noturno, embora a me- multa.
dida não seja usual. Também não haveria crime, em tese, Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem im-
em caso de interrogatório judicial. pede o preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se
A vedação é de que se proceda ao ato durante o repouso pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor,
noturno, ou seja, o período no qual as pessoas usualmente por prazo razoável, antes de audiência judicial, e de sentar-
se recolhem para o descanso, sendo o conceito diverso de se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a audiência,
noite, que é o período de ausência da luz solar. salvo no curso de interrogatório ou no caso de audiência re-
alizada por videoconferência.
ATENÇÃO: Em caso de flagrante delito o interrogatório
poderá ocorrer durante o repouso noturno, o que poderá ser IMPEDIR ENTREVISTA PESSOAL COM DEFENSOR
determinante para a observância do prazo legal de 24 h para Bem jurídico: O caput, ao mencionar o preso, assegura,
a lavratura do auto de prisão em flagrante e seu encami- indiretamente, o direito de ir e vir (CF, art. 5º, incisos XV e
nhamento ao juízo (CPP, art. 306, § 1º). LIV). Lido o parágrafo único, também são assegurados os

91
direitos de ampla defesa (CF, art. 5º, inc. LV) e de assistên- individual ou mesmo como forma específica de proteção da
cia de advogado (CF, art. 5º, inc. LXIII). vida privada (CF, art. 5º, X), como formulada em tratados
internacionais de direitos humanos (CADH, art. 11, 2;
A entrevista pessoal e reservada do réu ou investigado é
PIDCP, art. 17), bem como no inc. XI do art. 5º da CF.
especialmente importante para os casos em que a defesa é
patrocinada pela defensoria pública ou defensor dativo, que Tipo objetivo: Invadir é entrar com uso de força, de
poderá não ter maiores informações a respeito do processo, forma hostil ou violenta, na presença e contra a vontade
de modo que a medida assegura o respeito ao devido pro- manifesta do proprietário ou possuidor, ou ainda mediante
cesso legal. arrombamento ou rompimento de obstáculo ao ingresso.
Adentrar é ingressar no local, o que será incriminado
Tipo objetivo: Impedir é obstar, tornar impossível.
quando ocorrer por uma das três formas mencionadas no
Não haverá crime se houver justa causa que impeça a dispositivo, a saber, clandestina ou astuciosamente, ou à
entrevista. revelia da vontade do ocupante.
Clandestino é o ingresso às ocultas, sem o conhecimento
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma do proprietário, possuidor ou ocupante. O ingresso astucioso
cela ou espaço de confinamento: é o que ocorre mediante enganação, engodo ou pretexto
inexistente.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
O terceiro verbo nuclear é permanecer nas mesmas
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem man-
condições, ou seja, mantendo-se no local mediante uso de
tém, na mesma cela, criança ou adolescente na companhia
força, com astúcia ou à revelia da vontade do ocupante.
de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado
o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto O inc. I do § 1º incrimina a conduta daquele que coage
da Criança e do Adolescente). alguém a franquear o acesso mediante violência ou grave
MANUTENÇÃO DE PRESOS DE GÊNEROS DIVERSOS ameaça, de modo que o consentimento é obtido com base
OU MENORES E ADULTOS NA MESMA CELA em manifestação de vontade viciada.

Bem jurídico: Constitui-se em proteção penal da digni- Já o inc. III do § 1º estabelece objetivamente o horário
dade, da integridade corporal, a dignidade sexual e a liber- durante o qual é vedado o cumprimento de mandado de
dade sexual da mulher e da criança ou adolescente, que es- busca e apreensão, das 21 às 5 horas.
tariam em maior risco em ambiente carcerário misto. Ingresso regular: O § 2º lista situações em que é lícito
Tipo objetivo: Manter aqui é o ato de encarcerar, privar o ingresso em domicílio alheio, ainda contra a vontade de
da liberdade, o que poderá ocorrer em cela, ou seja, cômodo seu ocupante.
especialmente destinado a manter pessoas presas ou deti- Assim, não haverá crime caso esteja em curso uma situ-
das, arquitetado de modo a evitar fugas, com grades, portas ação de flagrante delito, bem como para prestar socorro ou
de segurança, paredes, piso e teto reforçados, vigilância, por ocasião de desastre, haja vista que, em tais casos, a
etc. necessidade de socorro imediato a eventuais vítimas sobre-
Mas o delito também poderá ocorrer em outro espaço de põe-se à proteção da vida privada.
confinamento, ou seja, sala, corredor, pátio, estádio, ou
qualquer outro lugar destinado a limitar a liberdade e impe-
dir a fuga do preso, detido ou internado. Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligên-
cia, de investigação ou de processo, o estado de lugar, de
coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabili-
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astucio- dade ou de responsabilizar criminalmente alguém ou agra-
samente, ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio var-lhe a responsabilidade:
ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
condições, sem determinação judicial ou fora das condições Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pra-
estabelecidas em lei: tica a conduta com o intuito de:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. I - eximir-se de responsabilidade civil ou administra-
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista tiva por excesso praticado no curso de diligência;
no caput deste artigo, quem: II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou
I - coage alguém, mediante violência ou grave ame- informações incompletos para desviar o curso da investiga-
aça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependên- ção, da diligência ou do processo.
cias;
FRAUDE PROCESSUAL
II - (VETADO);
Tipo objetivo: A inovação artificiosa consiste em modi-
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar ficação ou alteração do estado de lugar, coisa ou pessoa.
após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco
horas). O crime poderá ocorrer antes mesmo da instauração da
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar ação penal, ainda na fase de investigação ou mesmo de
socorro, ou quando houver fundados indícios que indiquem mera diligência policial ou administrativa.
a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante Tipo subjetivo: É o dolo, aliado ao especial fim de agir
delito ou de desastre. que poderá ser:
VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO a) eximir-se de responsabilidade criminal (caput);
Bem jurídico: Protege-se a inviolabilidade do domicílio, b) responsabilizar terceiro criminalmente (caput);
que pode ser vista como uma emanação da liberdade

92
c) agravar a responsabilidade criminal de terceiro, le-
vando, por exemplo, ao reconhecimento de circunstância Art. 26. (VETADO).
inexistente que conduza a aumento de pena (caput);
d) eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedi-
exclusivamente em decorrência de excesso praticado em di-
mento investigatório de infração penal ou administrativa,
ligência (parágrafo único, I);
em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prá-
e) omitir dados ou informações ou divulgar dados ou in- tica de crime, de ilícito funcional ou de infração administra-
formações incompletos para desviar o curso da investiga- tiva:
ção, da diligência ou do processo (parágrafo único, II). Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Ausente uma das finalidades acima, não haverá crime.
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de
Consumação: É suficiente a modificação ou alteração, sindicância ou investigação preliminar sumária, devida-
cuidando-se de crime formal. mente justificada.
INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO INVESTIGATÓ-
Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, RIO INDEVIDO
funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública O delito protege essencialmente o bom andamento da
ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já administração da justiça, além da honra e da liberdade do
tenha ocorrido, com o fim de alterar local ou momento de investigado.
crime, prejudicando sua apuração:
Sujeito ativo: O agente público que tenha poderes para
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa,
requisitar a instauração do procedimento, como o magis-
além da pena correspondente à violência.
trado ou o membro do MP no caso de inquérito policial, ou
INTERNAÇÃO DE PESSOA FALECIDA instaurá-lo, como o delegado, cuidando-se de crime próprio.
Noção: Cuida-se de forma específica de fraude proces- Tipo objetivo: Requisitar é fazer uma requisição, ou
sual, atentando contra o bom andamento da administração seja, solicitar a quem de direito, mas sem deixar espaço
da justiça, ao dificultar a apuração do delito. para apreciação pela autoridade a quem o pedido é dirigido,
Tipo objetivo: O delito consiste no constrangimento ou no que difere do mero requerimento.
coação sobre o profissional da saúde para que se proceda à Instaurar é dar início ao procedimento, que somente
internação de pessoa já falecida, de modo a dificultar a apu- poderá ser inquérito policial ou processo administrativo dis-
ração do homicídio. ciplinar, iniciados mediante portaria da autoridade policial
Tipo subjetivo: É o dolo, aliado ao especial fim de agir ou administrativo.
de alterar local ou momento de crime. ATENÇÃO: A requisição ou instauração de mera sindi-
Concurso de crimes: A pena é aplicada em cúmulo ma- cância ou procedimento preliminar é fato atípico, como dis-
terial com aquela decorrente da violência, por expressa dis- põe textualmente o parágrafo único. Deste modo, sequer se
posição legal. poderá configurar o crime do art. 30.
IMPORTANTE: O objeto da investigação tanto poderá
ser infração penal ou administrativa, em desfavor de al-
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedi- guém, ou seja, pessoa certa e determinada, não havendo
mento de investigação ou fiscalização, por meio manifesta- crime na instauração para investigação de fatos certos, mas
mente ilícito: de autoria incerto.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Somente haverá crime se a requisição ou instauração
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz não contar com qualquer elemento probatório que lhe dê
uso de prova, em desfavor do investigado ou fiscalizado, sustentação.
com prévio conhecimento de sua ilicitude.
Consumação: Na primeira modalidade, com a mera re-
OBTENÇÃO DE PROVA ILÍCITA quisição. Na segunda, com a efetiva publicação da portaria
Tipo objetivo: Na modalidade básica o delito consiste de instauração.
em obter prova por meio manifestamente ilícito. Somente
haverá crime se o ato se referir a procedimento investigató-
rio ou de fiscalização, de modo que será atípica a conduta Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação
se praticada em procedimento administrativo que não diga sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo
respeito à investigação criminal ou fiscalização. a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a ima-
gem do investigado ou acusado:
Também se exige que o meio seja manifestamente, ou
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
seja, clara e induvidosamente ilícito.
DIVULGAÇÃO DE GRAVAÇÃO INDEVIDA
A segunda modalidade se refere ao momento posterior,
da utilização da prova. Bem jurídico: A proteção da intimidade, da vida pri-
vada, da honra e da imagem do investigado ou acusado (CF,
Tipo subjetivo: É o dolo, aliado à vontade de abusar da art. 5º, X).
autoridade, na forma do § 1º. No caso do parágrafo único
exige-se, ainda, o prévio conhecimento da ilicitude, ou seja, Sujeito ativo: O agente público com acesso legítimo à
o dolo direto, a certeza da ilicitude. informação sigilosa.

Consumação: Com o efetivo prejuízo à apuração do delito.

93
Sujeito passivo: Somente o investigado ou acusado. Se Tipo subjetivo: É o dolo, aliado à vontade de abusar da
a divulgação envolver terceiro que não ostente tal quali- autoridade, aqui consubstanciada na ciência inequívoca da
dade, não poderá ser reconhecido o crime em comento. inexistência de justa causa ou da inocência do investigado.
Tipo objetivo: Divulgar é dar conhecimento, tornar pú-
blico, fazer chegar a informação a quem não teria acesso
Art. 31. Estender injustificadamente a investigação,
legal. A gravação é o registro que poderá abranger atos
procrastinando-a em prejuízo do investigado ou fiscalizado:
processuais, quando o ato ou o feito estiver sob segredo de
justiça (CPP, art. 405). Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Também poderão ser objeto do crime os registros decor- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
rentes de interceptação telefônica (Lei n. 9.296/96, art. 6º), inexistindo prazo para execução ou conclusão de procedi-
filmagem ou gravação ambiental (LOC, art. 3º, I), havendo
mento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em
crime tanto na divulgação do inteiro teor ou de parte da gra-
prejuízo do investigado ou do fiscalizado.
vação efetuada com fins probatórios.
PROCRASTINAÇÃO DE INVESTIGAÇÃO
ATENÇÃO: Somente haverá crime se a divulgação expu-
ser, de alguma forma, a intimidade, a vida privada ou a ima- Bem jurídico: Protegem-se o direito ao devido processo
gem de investigado ou acusado, ou atentar contra a sua legal, em especial quanto à duração razoável (CF, art. 5º,
honra. LXXVIII).
Sujeito ativo: O agente público que tenha poderes para
dar andamento ou concluir o procedimento.
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento
judicial, policial, fiscal ou administrativo com o fim de pre- Tipo objetivo: Estender é prorrogar no tempo, para
judicar interesse de investigado: além do prazo fixado. Procrastinar é protelar, adiar, come-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e çar, instaurar ou fazer iniciar o andamento dos atos visando
multa. à aplicação de sanção penal, civil ou administrativa.
Parágrafo único. (VETADO). ATENÇÃO: O crime estará limitado aos casos em que a
demora for prejudicial ao investigado ou fiscalizado, o que,
INFORMAÇÃO FALSA
igualmente, deverá ser demonstrado de modo concreto.
Tipo objetivo: Prestar informação é o ato de respon-
IMPORTANTE: Não será reconhecido o crime se a pró-
der a questionamento, em geral escrito, de outra autori-
pria defesa deu causa à demora ou se o atraso permitiu, por
dade, a respeito de fatos que ocorreram no âmbito da atu-
exemplo, que seja alcançada a prescrição.
ação do agente público, como, por exemplo, em processos
judiciais de mandados de segurança ou outros procedimen- Interpretado o caput à luz do parágrafo único, tem-se
tos. que a primeira hipótese pressupõe a existência de um prazo
legal para a conclusão, somente havendo crime quando este
O delito consiste em prestar informações que não corres-
prazo legal for descumprido, de forma injustificada e em
pondam à verdade dos fatos, em procedimento judicial, po-
prejuízo do acusado.
licial, fiscal ou administrativo.

Art. 32. (VETADO).


Art. 30. (VETADO). Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou ad-
vogado acesso aos autos de investigação preliminar, ao
Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal,
termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro pro-
civil ou administrativa sem justa causa fundamentada ou
cedimento investigatório de infração penal, civil ou adminis-
contra quem sabe inocente: (Promulgação partes veta-
trativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressal-
das)
vado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo
PERSECUÇÃO INDEVIDA seja imprescindível: (Promulgação partes vetadas)

Bem jurídico: O delito protege essencialmente o bom Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
andamento da administração da justiça, além da honra e da multa.
liberdade do investigado. NEGATIVA DE ACESSO AOS AUTOS
Sujeito ativo: O agente público que tenha poderes para Bem jurídico: Protege-se o direito à ampla defesa (CF,
dar início ou proceder aos atos de persecução. art. 5º, LV), em especial quanto ao acesso aos elementos
imprescindíveis para tanto.
Tipo objetivo: Dar início é começar, instaurar ou fazer
iniciar o andamento dos atos visando à aplicação de sanção O tema é objeto da Súmula Vinculante 14 do STF, assim
penal, civil ou administrativa. Proceder é dar continuidade, redigida: “É direito do defensor, no interesse do represen-
praticar os atos de andamento do procedimento. tado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já do-
cumentados em procedimento investigatório realizado por
ATENÇÃO: Como o texto legal se refere à persecução,
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito
somente haverá crime se a finalidade do procedimento for a
ao exercício do direito de defesa”.
aplicação de sanção, seja ela penal, administrativa, no âm-
bito do chamado direito administrativo sancionador, ou civil, Como se vê, a regra é assegurar o acesso aos elementos
como nos casos de improbidade administrativa ou corrup- de informação, ressalvados os casos em que o segredo se
ção. justifica para não frustrar medida a ser tomada.

94
Tipo objetivo: As condutas incriminadas consistem em Tipo objetivo: Decretar é determinar que se efetive, em
não permitir ao próprio interessado ou ao seu defensor o decisão judicial, que é o âmbito no qual poderá ocorrer o
acesso aos autos, sejam eles físicos ou eletrônicos, ou negar delito.
a obtenção de cópias dos autos.
Somente haverá crime se:
a) a diferença entre o valor indisponibilizado e a dívida
Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obri- for gritante, exacerbada;
gação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem ex-
presso amparo legal: b) a desproporção do valor seja demonstrada pelo deve-
dor nos autos em que a medida foi decretada;
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa. c) o juiz, ciente da discrepância, deixar de determinar a
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se redução.
utiliza de cargo ou função pública ou invoca a condição de Consumação: Somente com a omissão do juiz em de-
agente público para se eximir de obrigação legal ou para terminar a redução, após solicitada pelo devedor, com a de-
obter vantagem ou privilégio indevido. monstração da desproporção entre a dívida estimada e o
EXIGÊNCIA ILEGAL valor constrito.

Bem jurídico: Protege-se o princípio da legalidade, se-


gundo o qual: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no
fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (CF, art. 5º, II). exame de processo de que tenha requerido vista em órgão
Tipo objetivo: O verbo nuclear é exigir, que significa colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou
ordenar, reclamar imperiosamente, impor como obrigação. retardar o julgamento:
Informação é o dado que esteja de posse do administrado. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Cumprimento de obrigação aqui poderá ser a entrega de
coisa ou, como a lei expressamente dispõe, um fazer ou não VISTA ABUSIVA
fazer. Bem jurídico: Protege-se o bom andamento da admi-
Em qualquer dos casos, haverá crime se a exigência nistração da justiça, bem como a duração razoável do pro-
ocorrer sem amparo na lei. cesso (CF, art. 5º, LXXVIII).

INVOCAÇÃO INDEVIDA DA CONDIÇÃO DE AGENTE Sujeito ativo: O magistrado com atuação em órgão co-
PÚBLICO legiado.

Bem jurídico: Protege-se o bom andamento da admi- Tipo objetivo: O dispositivo pretende coibir a prática de
nistração pública e o princípio da igualdade (CF, art. 5º, ca- perverter a finalidade do pedido de vista, que é o esclareci-
put). mento do julgador, mas, é utilizado, por vezes, para obsta-
culizar a conclusão do julgamento.
Tipo objetivo: Os verbos nucleares são a utilização do
cargo ou função ou a invocação da condição de agente pú- De todo modo, somente haverá o delito se a demora for
blico para afastar o cumprimento de obrigação legal ou obter demasiada e injustificada, o que deverá ser aferido no caso
vantagem ou privilégio indevido. concreto.

ATENÇÃO: Não haverá crime se o pedido estiver pau- Tipo subjetivo: É o dolo, aliado à vontade de abusar da
tado na legalidade ou não representar privilégio, ainda que autoridade, aqui consubstanciada na intenção de procrasti-
o destinatário saiba da qualidade de agente público do soli- nar o andamento do processo ou evitar o julgamento.
citante.

Art. 38. (VETADO).


Art. 34. (VETADO). Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações,
Art. 35. (VETADO). por meio de comunicação, inclusive rede social, atribuição
de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a
acusação: (Promulgação partes vetadas)
Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponi- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
bilidade de ativos financeiros em quantia que extrapole exa- multa.
cerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida
da parte e, ante a demonstração, pela parte, da excessivi- ATRIBUIÇÃO ANTECIPADA DE CULPA
dade da medida, deixar de corrigi-la: Bem jurídico: O princípio da presunção de inocência
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (CF, art. 5º, LVII), bem como a honra e a imagem do acu-
sado ou investigado (CF, art. 5º, X).
INDISPONIBILIDADE ABUSIVA
Sujeito ativo: O agente público responsável pela inves-
Bem jurídico: Protege-se o bom andamento da admi-
tigação, que poderá ser o delegado de polícia ou membro do
nistração da justiça, bem como o patrimônio do executado.
MP.
O dispositivo cria proteção penal para a concretização do
princípio de que a execução de bens deve operar-se da ma- Tipo objetivo: Antecipar aqui tem o sentido de apresen-
neira menos onerosa possível para o devedor. tar conclusões sobre a culpa do preso ou investigado, antes
da conclusão da apuração e formalizada a acusação, ou seja,
Sujeito ativo: O magistrado, que detém a competência
antes do relatório do inquérito policial ou do oferecimento
para decretar indisponibilidade.
da denúncia.

95
‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou prerroga-
CAPÍTULO VII tiva de advogado previstos nos incisos II, III, IV e V do ca-
DO PROCEDIMENTO put do art. 7º desta Lei:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos
multa.’”
delitos previstos nesta Lei, no que couber, as disposições
do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código
de Processo Penal), e da Lei nº 9.099, de 26 de setembro Art. 44. Revogam-se a Lei nº 4.898, de 9 de dezem-
de 1995. bro de 1965, e o § 2º do art. 150 e o art. 350, ambos do
COMENTÁRIO: A aplicação do Código de Processo Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal e das disposições da Lei nº 9.099/95 são aplicadas de Penal).
forma subsidiária, importando que, como a presente lei é
específica, aplica-se com prioridade sobre a lei geral, Art. 45. Esta Lei entra em vigor após decorridos 120
quando dispuser do mesmo assunto. Somente será aplicada (cento e vinte) dias de sua publicação oficial.
a lei geral de forma supletiva, caso a lei especial não dispo-
Brasília, 5 de setembro de 2019; 198o da Independên-
nha a respeito.
cia e 131o da República.

CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES FINAIS EXERCÍCIOS LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE
Art. 40. O art. 2º da Lei nº 7.960, de 21 de dezembro 01. (UFMT - 2022 - PJC-MT - Escrivão de Polícia e In-
de 1989, passa a vigorar com a seguinte redação: vestigador de Polícia) Em consonância com a legislação
“Art.2º ............................... penal vigente, a autoridade responsável pela custódia, que
prolongar a execução de prisão temporária, deixando, sem
§ 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente o
motivo justo e excepcionalíssimo, de promover a soltura do
período de duração da prisão temporária estabelecido
preso quando esgotado o prazo judicial ou legal, incorre em
no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso de-
crime
verá ser libertado.
.......................................... a) contra a incolumidade pública.
§ 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a b) contra a administração pública.
autoridade responsável pela custódia deverá, independen-
temente de nova ordem da autoridade judicial, pôr imedia- c) contra a fé pública.
tamente o preso em liberdade, salvo se já tiver sido comu- d) contra a honra.
nicada da prorrogação da prisão temporária ou da decreta-
ção da prisão preventiva. e) de abuso de autoridade.
§ 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão
no cômputo do prazo de prisão temporária.” (NR)
02. (NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Investigador de Polícia
/ Papiloscopista) Considere as seguintes ações:
Art. 41. O art. 10 da Lei nº 9.296, de 24 de julho de
1. Submeter preso capturado em flagrante delito à
1996, passa a vigorar com a seguinte redação:
realização de interrogatório policial durante o período de
“Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comuni- repouso noturno.
cações telefônicas, de informática ou telemática, promover
escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem auto- 2. Utilizar prova ilícita em desfavor do investigado, ainda
rização judicial ou com objetivos não autorizados em lei: que haja divergência na interpretação de lei sobre o caráter
ilícito da prova.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judi- 3. Retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à
cial que determina a execução de conduta prevista no ca- autoridade judiciária competente para a apreciação da
put deste artigo com objetivo não autorizado em lei.” (NR) legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua
custódia.

Art. 42. A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Es- 4. Prosseguir com o interrogatório de pessoa que tenha
tatuto da Criança e do Adolescente), passa a vigorar acres- decidido exercer o direito ao silêncio.
cida do seguinte art. 227-A: De acordo com a Lei nº 13.869/2019, constitui(em) crime(s)
“Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I de abuso de autoridade:
do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de de-
zembro de 1940 (Código Penal), para os crimes previstos a) 1 apenas.
nesta Lei, praticados por servidores públicos com abuso de b) 2 e 3 apenas.
autoridade, são condicionados à ocorrência de reincidência.
c) 3 e 4 apenas.
Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da fun-
ção, nesse caso, independerá da pena aplicada na reincidên- d) 1, 2 e 4 apenas.
cia.”
e) 1, 2, 3 e 4.

Art. 43. (VETADO).


Art. 43. A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa 03. (NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Delegado de Polícia)
a vigorar acrescida do seguinte art. 7º-B: (Promulgação Sobre a Lei nº 13.869/2019, que dispõe sobre os crimes de
partes vetadas) abuso de autoridade, assinale a alternativa correta.

96
a) O interrogatório pode ser realizado em período de re- culposa, negligência, imprudência ou imperícia no desempe-
pouso noturno, sem que a realização do ato constitua abuso nho da função pública.
de autoridade nas hipóteses de cumprimento de prisão pre-
ventiva, temporária e captura em flagrante, ainda que sem
a concordância do preso. GABARITO
b) É típica a conduta da autoridade que deixa de comunicar 01 02 03 04 05
imediatamente a prisão de qualquer pessoa e o local onde E C B C D
se encontra esse preso à sua família ou à pessoa por ele
indicada.
c) Os crimes de abuso de autoridade só se processam me-
diante representação da vítima.
d) É atípica a conduta da autoridade que prossegue com o
interrogatório de pessoa que tenha decidido exercer o di-
reito ao silêncio.
e) A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de
fatos e provas não serve como fundamento para afastar a
configuração de abuso de autoridade.

04. (INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Escrivão de


Polícia Civil) Referente à Lei de Abuso de Autoridade (Lei
nº 13.869/2019), assinale a alternativa INCORRETA.
a) A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de
fatos e provas não configura abuso de autoridade.
b) Os crimes previstos nessa Lei são de ação penal pública
incondicionada.
c) São possíveis efeitos da condenação, dentre outros, a ina-
bilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pú-
blica, pelo período de um a oito anos.
d) A perda do cargo, do mandato ou da função pública, como
efeito da condenação, está condicionada à ocorrência de
reincidência em crime de abuso de autoridade e não é auto-
mática, devendo ser declarada motivadamente na sentença.
e) Entre as possíveis penas restritivas de direitos substituti-
vas das privativas de liberdade, está a suspensão do exer-
cício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de um
a seis meses, com a perda dos vencimentos e das vanta-
gens.

05. (CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-PB - Delegado de


Polícia Civil) Em relação à Lei n.º 13.869/2019 e a seus
dispositivos, que se referem aos crimes abuso de autori-
dade, assinale a opção correta.
a) A prática de crime de abuso de autoridade pressupõe vín-
culo estatutário do agente ativo com a administração pú-
blica.
b) Alguns dos delitos previstos nessa lei processam-se me-
diante ação penal pública condicionada à representação.
c) Um dos efeitos da condenação pela prática de abuso de
autoridade é a perda do cargo público, que deverá ser fun-
damentada e pode ser aplicada em caso de reincidência,
ainda que não específica.
d) Sem prejuízo das disposições do Código Penal, essa lei
admite a substituição das penas privativas de liberdade por
restritivas de direitos, entre as quais a suspensão do exer-
cício do cargo, da função ou do mandato por prazo determi-
nado.
e) A configuração dos crimes de abuso de autoridade exige
elemento subjetivo específico ou, então, na modalidade

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