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PROCESSO PENAL

PROCESSO PENAL

INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL PENAL


LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO
O Código de Processo Penal, no Artigo 1º, estabelece o Princípio da Territorialidade da Lei
Processual Penal (Locus Regit Actum ou Lex Fori) de forma que se aplica em todo o território brasi-
leiro as normas de cunho processual penal a todas as infrações penais relacionadas com o estado
brasileiro. No entanto, nem sempre foi assim. Antes de 1941, cada estado tinha as suas próprias
normas processuais penais. Com o sancionamento em 1º de janeiro de 1942 do nosso atual Código
de Processo Penal, implementou-se o princípio da UNIDADE, em que, agora, aplica-se o CPP em
TODO o território brasileiro, abolindo-se os Códigos estaduais.
Apesar de existir hipótese de extraterritorialidade de lei penal, não há que se falar em extra-
territorialidade de lei processual penal. Perceba: ainda que um crime seja cometido fora do Bra-
sil, o trâmite processual necessariamente de dará em território brasileiro, de forma a não existir
hipóteses de extraterritorialidade de lei processual penal (princípio da ABSOLUTORIEDADE da lei
processual penal).
ATENÇÃO! A doutrina atual entende que não existe hipótese de incidência de lei processual penal fora do Brasil.
Por isso a aplicação a lei processual penal tem como característica a absoluta territorialidade.
E o que vem a ser território brasileiro? O Artigo 5º do Código Penal facilita o entendimento
do que é território brasileiro.
Art. 5º, CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embar-
cações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde
quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou
de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente
ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no territó-
rio nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial
do Brasil.
Portanto, é possível, de maneira didática, entender o que é território brasileiro da seguinte
forma:
O Artigo 1º do CPP estabelece 5 exceções em relação à aplicação do Código de Processo Penal:
Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código,
ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
Os tratados, regras de convenções de direito internacional em que o Brasil faça parte e mani-
feste adesão por meio decreto legislativo e promulgação por decreto presidencial afastam a jurisdição
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do Brasil, mesmo que o fato tenha ocorrido em território nacional, de forma que o infrator será
punido no país de origem. É o caso da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas (aprovada
pelo decreto nº 103/64 e promulgada pelo Decreto nº 56.435/65). De acordo com o artigo 31 dessa
convenção, os agentes diplomáticos usufruem de imunidade da jurisdição penal no país acreditado
(local em que exerce as suas atividades), funcionando como uma extensão do país acreditante (país
que representa).
O Brasil também aderiu, por intermédio do decreto nº 4.388/2002, a competência processual
e julgamento do Tribunal Penal Internacional (com sede em Haia) quando se tratar de crimes con-
tra a humanidade, genocídio, crimes de guerra e de agressão, isentando-se do processo e punição
nessas circunstâncias.
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado,
nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal
Federal, nos crimes de responsabilidade (Arts. 86, 89, § 2º e 100 da CF/88);
Tal dispositivo versa sobre as infrações de natureza político-administrativa, os famosos crimes
de responsabilidade previstos no Art. 85 da CF de 88. O processo e julgamento dessas infrações
não é realizada na esfera Judiciária, mas sim pelo Legislativo. A condenação por crime de respon-
sabilidade gera perda do cargo e inabilitação para qualquer função pública pelo prazo de 8 anos.
ATENÇÃO! Nucci salienta que o CPP também não é utilizado de imediato nos processos de caráter eleitoral, o
qual deve ter como base o Código Eleitoral.

III - os processos da competência da Justiça Militar;


Os processos de competência da Justiça Militar, isto é, os crimes de natureza militar seguem
os ditames do Código de Processo Penal Militar (Decreto-lei n. 1.002/69), e não da legislação pro-
cessual penal comum. Há quem contrarie esse entendimento, mas o entendimento majoritário e
das bancas é que o CPP tem caráter subsidiário aqui.
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122);
A constituição veda expressamente no artigo 5º, inciso XXXVII, o tribunal de exceção no Brasil,
por isso o inciso IV permanece sem efeito concreto.
V - os processos por crimes de imprensa.
Nos processos por crimes de imprensa, a ADPF nº130 (Ação de Descumprimento de Preceito
Fundamental) estabelece que “Por maioria, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou que a Lei de
Imprensa (Lei nº 5250/67) é incompatível com a atual ordem constitucional (Constituição Federal
de 1988)”. Por isso, não houve recepção desse dispositivo pela Constituição de 88.

EXCEÇÕES DECORRENTES DE LEIS ESPECIAIS


Ao longo do tempo muitas regras do CPP tornaram-se obsoletas, de forma que o legislador
optou por aprovar algumas leis especiais que excepcionam a aplicação de referido Código em
relação à apuração a determinados crimes, por exemplo, aqueles ligados a drogas, cujo rito é inte-
gralmente regulado pela Lei n. 11.343/2006, as infrações de menor potencial ofensivo, tratadas em
sua totalidade na Lei 9.099/95 etc.

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