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Direito Penal no Tempo e no

Espaço
>Teorias da Conduta, Resultado e Ubiquidade
 Teoria da Conduta (ou atividade): considera-se lugar/tempo do crime aquele onde foi praticada a
conduta (ato executório), mesmo que o resultado se de em outro local.
 Teoria do Resultado: o lugar/tempo do crime é aquele onde ocorreu o resultado (consumação)
 Teoria Mista (ou ubiquidade): é lugar/tempo do crime tanto onde houve a conduta quanto o local
onde se deu o resultado.
A teoria utilizada quanto ao tempo do crime é a da conduta, quanto ao lugar, é a mista

Direito Penal no Tempo


Art. 4° - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento
do resultado – tempus regit actum
Em suma, se utiliza da teoria da conduta/atividade;

>Extratividade
Abolitio Criminis é a abolição do crime (descriminalização de uma conduta, devendo produzir efeitos
benéficos ao réu, mesmo que já tenha sido condenado com trânsito em julgado. Causa extintiva de
punibilidade – qualquer tempo.
Art.2° - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude
dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória
#Retroatividade significa que lei nova pode ser aplicada a um fato (infração penal) ocorrido antes do
período de sua vigência. Lei abolicionista não respeita coisa julgada.
Cessam os Efeitos Penais – CUIDADO! – Ainda pode ser executada no Cível
Lex Mitior: Lei posterior que favorece o agente
Parágrafo único – A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
Novatio legis in mellius trata-se da edição de uma lei favorável ao réu, enquanto Novatio legis in pejus
cuida-se da edição de uma lei prejudicial ao acusado. (Nucci)
Competência para aplicar a lei penal benéfica: é do juiz das execuções penais, após o trânsito em julgado.
Cabe ao juiz do processo, antes da sentença. Cabe ao tribunal, quando estiver em grau de recurso.
No caso de lei posterior benéfica, é proibida a retroatividade quando ainda na vacatio legis, pois não tem
efeito jurídico; juízes costumam suspender o processo pelo tempo da vacatio.
CUIDADO!!! – Abolitio Criminis Temporária – também conhecida como: Vacatio Legis Indireta;
atipicidade momentânea. Ex: arts.30 e 32 da Lei nº 10.826/03
Na abolitio criminis temporária ou na vacatio legis indireta os efeitos da norma incriminadora são
temporariamente suspensos, com efeitos erga omnes, de modo que a conduta não é típica se praticada nesse
período.
Lei Penal no Tempo x Continuidade Delitiva: Súmula 711 STF – A lei penal mais grave aplica-se ao
crime continuado ou ao crime permanente, se sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.
Lembrar Diferença – Continuado X Permanente X Habitual
Possibilidade de Combinar Leis – retroagir só o que for mais benéfico.
 STJ – Impossível mesclar dispositivos mais favorávei de lei nova com os da lei antiga – juiz estaria
criando uma terceira norma – Tertium Genus
 Súmula 501 do STJ: “É cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/2006, desde que o resultado da
incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da
aplicação da Lei n.6368/1976, sendo vedada a combinação de leis”.
 STF – Informativo n°451 – HC 81.459 – Também não admite.
Leis Intermitentes são as editadas para durar por um período determinado
Art.3° - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência
#Ultratividade: representa a possibilidade de se aplicar a uma lei já revogada a um fato (prolação de
sentença) ocorrido depois de sua vigência.
 Intermitentes: são as intermitentes que possuem, no seu próprio texto, o seu período de duração.
(Ex: crimes da Lei Geral da Copa)
 Excepcionais: são as intermitentes que possuem, no seu próprio texto, o período de duração, que
deve acompanhar uma situação anormal qualquer (ex: calamidades; epidemias; etc...)
Zaffaroni, Rogério Greco diz que a Constituição Federal não fala em exceção à irretroatividade da lei
maléfica, tornando o art.3° do CP inconstitucional, porém essa posição não é majoritária.
Importante: complemento de norma penal em branco retroage (ex: tráfico de drogas, Portaria que retira
determinada substância da lista de DROGA – Retroage.)
Importante: complementos editados com caráter excepcional são irretroativos. (Ex: venda de produtos
abaixo do valor estabelecido pelo Ministério da Economia – se mudar o teto, não retroage – tem caráter
excepcional – continua haver crime contra a economia popular.
Continuidade Normativo-típica – conduta apenas migra para outro tipo – Não há Abolitio Criminis (ex:
tráfico de drogas, atentado violento ao Pudor.
Mudança de Interpretação Jurisprudencial Retroage?
A aplicação de entendimento jurisprudencial (Súmula) a casos anteriores à sua publicação não importa em
malferição do princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa, pois representa resultados de métodos
de interpretação da norma penal, não constituindo, pois, diploma repressor novo e mais gravoso (STJ –
AgRg no AREsp n. 45.641/SP, Ministro Jorge Mussi).
Súmula vinculante 24 do STF e a prescrição dos crimes tributários.
STJ – não cabe revisão criminal com amparo em questão jurisprudencial controvertida nos Tribunais (Resp.
759256) – Ver Súmula 343 do STF.

Direito Penal no Espaço


Saber qual país poderá aplicar sua lei
Princípios aplicáveis (Cezar Bittencourt tem outra classificação):
 Territorialidade: aplica-se lei do local do crime;
 Nacionalidade ativa: lei do país da nacionalidade do agente;
 Nacionalidade passiva: só se autor e vítima forem do mesmo país (cidadão);
 Defesa/real/Proteção: lei do país da nacionalidade do bem jurídico lesado;
 Justiça universal: lei do país onde for encontrado o agente (tratados internac.)
 Representação/bandeira: lei nacional aos crimes praticados em aeronaves e embarcações privadas,
quando no estrangeiro, e aí não sejam julgados.
Regra no Brasil: Territorialidade
Art.5° - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao
crime cometido no território nacional (nacionalidade temperada)
Territorialidade significa a aplicação das leis brasileiras aos delitos cometidos dentro do território nacional.
Essa é uma regra geral, que advém do conceito de soberania, ou seja, a cada Estado cabe decidir e aplicar as
leis pertinentes aos acontecimentos dentro de seu território. (Nucci)

>O que é Território Nacional?


É todo o espaço onde o Brasil exerce sua soberania, seja ele terrestre, aéreo, marítimo ou fluvial.
Espaço físico + espaço jurídico por equiparação (art.5°,  1° e 2°, do CP)
1° - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem, com como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
2° - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a borda de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no
espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
Resumo:
 Navios e aeronaves brasileiras, públicos ou a serviço do país, em qualquer lugar do mundo, são
partes do nosso território
 Privados quando em alto-mar ou espaço aéreo correspondente, lei da bandeira.
 Navios e aeronaves públicos estrangeiros – crime no Brasil – Não é nosso território
Cuidado: Passagem Inocente: embarcações apenas de passagem pelo Brasil não interessam (Lei 8.617/93)
estende-se às aeronaves.

>Quando o crime é considerado praticado no território nacional?


Art.6° - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte,
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Lugar = Ubiquidade – Tempo = Atividade
L.U.T.A
Cuidado: No Brasil apenas a preparação não interessa ao direito nacional, mas há crimes nos quais a lei
pune a preparação (ex: associação criminosa, art.288 do CP – art.5° da Lei 13.260/16.
Cuidado:
 Crimes a Distância: (espaço máximo) territórios de países soberanos.
 Crimes Plurilocais: diferentes territórios do mesmo país – conflito interno de competência (art.70
do CPP – teoria do resultado).

>Extraterritorialidade
Art.7 do Código Penal
Representa a aplicação das leis brasileiras aos crimes cometidos fora do território nacional. Divide-se em
incondicionada e condicionada.
 Incondicionada – inciso I, por causa do 1° - 4 hipóteses
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da república - defesa/real;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação
instituída pelo Poder Público – defesa/real;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço – defesa/real
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil – justiça universal ou
defesa/real
Nos casos citados, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
estrangeiro – Lembrar: Art.8° Atenua bis in iden
ART.8° - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
diversas ou nela é computada, quando idênticas.
Cuidado: Lei 9.455/97 também tem caso de extra incondicionada – art.2° (vítima brasileira ou encontrando-
se o agente em local sob jurisdição brasileira)
 Condicionada – inciso II, por causa do 2° - 3 hipóteses
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir – justiça universal
b) praticados por brasileiros – nacionalidade ativa
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados – representação/ bandeira
Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições
(cumulativos):
a) entrar o agente no território nacional (físico+jurídico);
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.
Extradição trata-se de um instrumento de cooperação internacional na repressão à criminalidade por meio
do qual um Estado entrega a outro pessoa acusada ou condenada, para que seja julgada ou submetida à
execução da pena.
 Supercondicionada: 2° + 2 condições do 3° - 1 hipótese
 a lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do
Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior – defesa/real
a) não foi pedida ou negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Cuidado: Lei 9.455/97 – Tortura
Art.2 – O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional,
sendo a vítima brasileira (incondicionada) ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira
(condicionada).

Contagem de Prazo
Art.10 – O dia do começo inclui-se no no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
calendário comum.
Adição do Nucci:
 Prazo Penal: computa-se o primeiro dia do prazo, desprezando-se o último. Se Fulano é preso no dia
10, por cinco dias (prisão temporária), representando cerceamento de liberdade, deve-se computar 10
como o primeiro dia; o último dia é o 14, quando deverá ser colocado em liberdade ao final do
expediente.
 Prazo Processual: não se computa o primeiro dia, mas o último. Quem é intimado dia 5, para
apresentar recurso em cinco dias, deve-se fazer o cálculo excluindo o dia 5, inicia-se no dia 6 e finda-
se no dia 10.
 Calendário Comum: é o gregoriano, que se utiliza para todos os fins, no Brasil. O ano possui 365
dias (ou 366 em anos bissextos). Respeita-se o número de dias marcados no calendário, pouco
importa se o mês tem 28, 29, 30 ou 31 dias.
 Frações da Pena: despreza-se a fração do dia, que é a hora; despreza-se a fração da moeda, ou seja,
o centavo.

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