Você está na página 1de 29

DIREITO

PENAL

1
PARTE GERAL
TÍTULO I
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL

OBS IMPORTANTE: Em Direito Penal, em geral, não precisa decorar os números (as penas, a
quantidade das causas de diminuição ou aumento de pena. Só precisa compreender a ideia geral.

Anterioridade da Lei
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. [É o
princípio da anterioridade da lei penal].
Lei penal no tempo
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. [Isso se chama abolitio criminis,
abolição do crime]
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
[Isso se chama novatio legis in melius, nova lei aplicada favoravelmente. É o princípio da retroatividade
da lei mais benéfica. Se reduzir a pena, aplica-se a pena menor, mesmo que o réu já tenha sido
condenado com trânsito em julgado. Se extinguir o crime, o réu é solto imediatamente. Se vierem várias
leis posteriores ao crime, umas mais favoráveis e outras mais rígidas, aplica-se sempre a mais favorável
de todas, desde que posterior ao crime.
Por outro lado, a novatio legis in pejus (ou seja, aquela nova lei que agrava a situação do réu) nunca se
aplica aos fatos anteriores a sua vigência, só aos fatos posteriores a sua vigência. Porém, há uma
peculiaridade, quando se trata de crime permanente (aquele cuja execução se prolonga no tempo, como
o sequestro) ou de um crime continuado (aquele que é repetidamente praticado, como um agente que,
todos os dias, vai a um parque roubar pessoas, durante 30 dias seguidos). Nesses dois casos (crime
permanente e crime continuado), se a lei mais grave entra em vigor durante o período de prática ou de
reiteração dos crimes, ela se aplica a eles (pois se entende que o agente viu a nova lei entrar em vigor e,
mesmo assim, continuou nas suas condutas delitivas, então assumiu o risco de ser punido por essa nova
lei mais gravosa).
-Lex tertia: é o nome que se dá a uma combinação de leis, como no seguinte exemplo: no momento do
crime, tem-se a Lei A, punindo com 2 a 4 anos + 10 a 30 dias-multa. Depois, vem uma Lei B, punindo
com 2 a 8 anos, porém com 5 a 20 dias multa. Uma é mais benéfica na prisão; outra, na multa. Nesse
caso, não é possível fazer uma combinação de leis (criando uma “terceira lei”, uma lex tertia). Será
preciso verificar qual lei globalmente é mais favorável e aplicá-la. No exemplo dado, como a pena
privativa de liberdade é mais impactante que a de multa, a lei mais favorável vai ser a que tem menor
privação de liberdade.
-Norma penal em branco: é aquela que remete a outra norma, para complementar seu conteúdo. Ex.:
tráfico de drogas: “vender droga em desacordo com a determinação regulamentar”. A lei define o crime,
mas é o regulamento do Ministério da Saúde que define o que é droga.
-Retroatividade da lei mais benéfica e norma penal em branco: há 2 situações:
2
a) Se o fato deixa de ser crime: ex.: se uma substância deixar de constar na portaria do Ministério da
Saúde que define o que é droga, isso gerará a abolitio criminis. Foi o que aconteceu uma vez com o
lança-perfume, que acidentalmente ficou de fora de uma portaria do Ministério da Saúde. Resultado:
todas as vendas anteriores de lança perfume foram descriminalizadas. Depois se incluiu de novo na
portaria, mas aí só valeu dali para frente.
b) Se é mera atualização de valores: suponha-se que existisse um crime de “vender produtos acima do
preço tabelado”. Aí tem um produto que custa 10, mas no ano seguinte seu preço é atualizado para 20.
Nesse caso, quem vendeu a 15 continua tendo praticado um crime, pois o aumento de 10 para 20 foi só
uma atualização de preço, por conta da inflação. Aí, não há abolitio criminis, não houve mudança no
conteúdo proibitivo da norma, apenas mera atualização inflacionária.
-Extra-atividade é a situação de uma lei ser aplicada a fatos anteriores ou posteriores ao seu período de
vigência. A extra-atividade se divide em: a) ultra-atividade: é a lei ser aplicada para fatos posteriores a
sua vigência; b) retroatividade: é a lei ser aplicada para fatos anteriores a sua vigência. A lei penal mais
benéfica é sempre retroativa (aplica-se aos fatos anteriores), mas não é ultra-ativa (não se aplica aos
fatos posteriores a sua vigência. Se havia uma lei mais leve, ela é agravada, e o indivíduo pratica um
crime quando já estava valendo a lei mais grave, aí é ela que se aplicará. Se, por outro lado, havia uma
lei grave, o indivíduo pratica o crime, e depois vem uma lei mais branda, aí a lei branda retroage, para
beneficiar o réu].
Lei excepcional ou temporária
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
[Lei excepcional é a que só vale enquanto durar uma certa situação (exemplo: enquanto durar uma
guerra ou uma pandemia). Lei temporária é a que só vale por um certo tempo. Como são situações
excepcionais, elas são uma exceção ao princípio da retroatividade benéfica da lei penal. Aqui, mesmo
que depois venha uma lei mais favorável, a lei excepcional ou temporária se aplica à situação ou ao
período de sua vigência. Por isso, diz-se que a lei excepciona e a lei temporária são ultra-ativas.]
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado. [Ex.: eu atiro em um indivíduo, que fica na UTI e só morre 2 anos depois. O
momento do crime foi o do meu tiro, e não o do óbito. Aqui, se adota a teoria da ação. O tempo do
crime é o da ação, e não o do resultado.]
Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional. [É o princípio da territorialidade, que é a
regra: aplica-se a lei do território onde foi praticado o crime].
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. [Esse é o território
brasileiro por extensão. a) As aeronaves ou embarcações brasileiras públicas ou a serviço do governo
são sempre território brasileiro, mesmo que estejam em um país estrangeiro. Aqui, sempre se aplicará
a lei brasileira. b) As aeronaves ou embarcações brasileiras privadas só são território brasileiro se

3
estiverem no Brasil ou em alto mar (águas internacionais). Em território estrangeiro, se aplicará a lei
estrangeira mesmo)]
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no
espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. [Aeronaves ou embarcações
privadas estrangeiras, quando no Brasil ou no mar territorial do Brasil: aplica-se a lei brasileira.
OBS. Se forem aeronaves ou embarcações públicas estrangeiras, se aplica em regra a lei estrangeira,
mesmo que estejam aqui no Brasil. Se forem estrangeiras privadas em alto mar, também se aplica a lei
estrangeira. Mas se forem estrangeiras privadas no Brasil, se aplica a lei do Brasil].
Lugar do crime
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em
parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. [Aqui, se adota a teoria da
ubiquidade (não a da ação e nem a do resultado). Pela teoria da ubiquidade, lugar do crime tanto é o da
ação, como também o do resultado].
Extraterritorialidade
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: [Esses são casos de exceção
ao princípio da territorialidade, que é a regra]:
I - os crimes: [extraterritorialidade incondicionada: esses crimes sempre serão julgados pelo
Brasil, mesmo que o agente seja absolvido ou condenado no estrangeiro]
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; [é o principio da defesa ou real, em que
se aplica a lei do país lesado. Atenção: se não for crime contra a vida ou a liberdade (se for crime contra
o patrimônio, como um furto ou roubo, por exemplo), não se encaixa aqui. Vai se encaixar lá embaixo,
na extraterritorialidade hipercondicionada].
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público; [princípio da defesa ou real]
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; [agente brasileiro ou
estrangeiro domiciliado no Brasil. Esse é o princípio da justiça penal universal: certos bens são muito
graves, então todos os países do mundo devem puni-los].
II - os crimes: [extraterritorialidade condicionada: nesses casos abaixo, o Brasil só julga em
certas condições, ver logo depois quais são essas condições]
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; [princípio da justiça penal
universal]
b) praticados por brasileiro; [princípio da nacionalidade ativa: o país do praticante do delito o pune].
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. [princípio da representação ou da
bandeira: o país da bandeira da aeronave ou embarcação julga o crime].
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro. [extraterritorialidade incondicionada]

4
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
[extraterritorialidade condicionada]
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora
do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: [extraterritorialidade
hipercondicionada] [OBS. É aqui que se encaixa o crime contra o patrimônio do Presidente da
República, ou outros crimes que não contra a vida e a liberdade, quando praticados no exterior].
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Pena cumprida no estrangeiro
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
Eficácia de sentença estrangeira
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas
conseqüências, pode ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
Parágrafo único - A homologação depende:
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
Contagem de prazo
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos
pelo calendário comum.
Frações não computáveis da pena
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia,
e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.
Legislação especial
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não
dispuser de modo diverso.

5
TÍTULO II
DO CRIME

[-Infração penal é o fato:


a) típico: ou seja, previsto na lei penal. Homicídio, furto ou roubo são exemplos de tipos penais; são
descrições de condutas.
b) antijurídico (também chamado de ilícito): ou seja, não abrangido por nenhuma das excludentes de
ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade e estrito cumprimento de dever legal) e
c) culpável: ou seja, reprovável. O fato típico e antijurídico deixa de ser culpável quando: c.1) o agente
não tem potencial consciência do ilícito; b) o agente é inimputável; c) não é exigível do agente uma
conduta diversa, como no caso de coação moral irresistível. (Esses aspectos serão desenvolvidos mais
adiante).
-A infração penal pode ser: a) um crime: quando é punida com reclusão ou detenção; ou b) uma
contravenção: quando é punida com prisão simples ou apenas com multa (prisão simples um tipo mais
brando de privação de liberdade). Em síntese, a contravenção é uma infração penal menos grave que o
crime. Aqui, interessam os crimes, não as contravenções.
-Sujeito ativo do crime: é quem o pratica. Sujeito passivo do crime: é a vítima. Bem jurídico tutelado
no crime: é o bem jurídico que se busca proteger com a proibição daquela conduta (ex.: no homicídio, o
bem jurídico tutelado é a vida; no roubo, é o patrimônio).
-Tipos de crime quanto ao modo de consumação (ou seja, de concretização):
a) Crime material: o tipo penal descreve conduta + resultado, que é indispensável para a consumação.
Ex.: homicídio.
b) Crime formal: o tipo penal descreve conduta + resultado, porém o crime se consuma com a simples
conduta, e o resultado é um mero exaurimento (um “plus”). Ex.: extorsão. O crime se consuma com o
pedido do dinheiro. Receber o referido dinheiro (resultado) é mero exaurimento.
c) Crime de mera conduta: o tipo penal descreve uma mera conduta, isto é, sem resultado. Ex.:
violação de domicílio. O crime é entrar no domicílio sem permissão legal. Não há nenhuma previsão de
resultado, e o crime se consuma com a mera conduta de entrar.]

Relação de causalidade
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. [O resultado só é
imputável a quem deu causa. Princípio da pessoalidade ou da responsabilidade pessoal].
Superveniência de causa independente
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só,
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
[Teoria das concausas, ou seja, das múltiplas causas que concorrem para um resultado. Suponha que eu
atiro em alguém, e ele vai para o hospital.

6
a) Chega um desafeto dele, entra no hospital e o mata; ou o teto do hospital desaba, e o paciente morre;
ou a ambulância sofre um acidente de trânsito a caminho do hospital, e ele morre: todas essas são causas
que “por si sós” produziram o resultado, pois são imprevisíveis para quem pratica a conduta, ou seja,
não fazem parte do desdobramento previsível para alguém que toma um tiro e vai ao hospital. Em outras
palavras: com minha conduta, eu não incrementei o risco de essas coisas ocorrerem, pois morrer pelo
tiro de um desafeto, sofrer um desabamento ou um acidente de trânsito são coisas que podem acontecer,
tendo ou não a pessoa antes tomado um tiro. Não foi o tiro que aumentou a chance de essas coisas
acontecerem para a vítima. Nesses casos, eu só respondo por tentativa de homicídio (pelo que eu fiz),
mas não pelo resultado morte (homicídio consumado), pois não tenho culpa disso.
b) Ele morre de infecção hospitalar ou de erro médico: nesses casos, é previsível que quem vai para o
hospital pode morrer dessas causas. Então, eu respondo por homicídio, pois se considera que essas não
são causas que “por si sós” produziram o resultado. São consequências previsíveis de minha conduta de
atirar nele. Em outras palavras: com minha conduta (o tiro), eu aumentei o risco de a vítima morrer de
erro médico ou de infecção hospitalar.]

Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
O dever de agir incumbe a quem: [Normalmente, só respondemos pelos resultados que nós causamos
com nossas próprias ações. Mas, em alguns casos, respondemos pelo resultado também de nossas
omissões, somente quando temos o específico dever legal de agir. Esse específico dever legal de agir
não é a regra. Ele só ocorre em algumas situações excepcionais, que são as seguintes:]
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; [um pai em relação ao filho, por
exemplo]
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; [um salva-vidas, por exemplo]
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. [dirigir embriagado,
atropelar alguém e fugir sem prestar socorro. Aí, eu passo a responder pelo resultado morte, pois minha
omissão foi penalmente relevante: eu mesmo criei o risco, ao beber e atropelar a pessoa, e depois fugi
sem prestar o socorro correspondente].
[Atenção: nesses casos, o agente só responde quando devia e podia agir. Se ele não podia agir, não
responde].
Art. 14 - Diz-se o crime:
Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente.
[Se o próprio agente voluntariamente interrompeu a execução antes do resultado ou impediu a produção
do resultado, não é crime tentado, é desistência voluntária; e aí ele só responde pelo que já tiver feito até
o momento da desistência. Ex.: começo a bater em alguém para matar, mas no meio me arrependo, levo
ao hospital, e a pessoa não morre. Nesse caso, é desistência voluntária, e eu não respondo por homicídio
tentado, apenas pelas lesões corporais que eu já tiver causado. Se, por outro lado, eu bato na pessoa com
7
a intenção de matá-la, a deixo abandonada para morrer, e depois ela não morre porque alguém chegou e
a socorreu, então eu respondo por tentativa de homicídio.].
Pena de tentativa
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao
crime consumado, diminuída de um a dois terços.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado
se produza, só responde pelos atos já praticados.
Arrependimento posterior
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena
será reduzida de um a dois terços. [Isso é uma causa de diminuição de pena. Se o crime tiver violência
ou grave ameaça, não existe possibilidade de arrependimento posterior. Se for depois do recebimento da
denúncia, também não]
Crime impossível
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. [O agente pode até achar que vai conseguir
produzir o resultado, ele pode até estar de má-fé, mas, se for absolutamente impossível produzir o
resultado com aquela conduta, ele não responderá por nada. Ex.: Tento matar uma pessoa envenenada,
mas, na hora, me atrapalho e pego açúcar, em vez de veneno. Eu até estava de má-fé, mas não serei
punido por tentativa de homicídio, pois não teria a menor chance de eu conseguir matar a pessoa com
aquilo, que é um meio absolutamente ineficaz. Atenção: para o crime ser impossível, o meio tem de ser
absolutamente ineficaz, ou o objeto tem de ser absolutamente impróprio].
Art. 18 - Diz-se o crime:
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Crime culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como
crime, senão quando o pratica dolosamente.
[a) O dolo pode ser:
a.1) Dolo direto: eu quero o resultado (atiro para matar).
a.2) Dolo indireto ou dolo eventual: eu não quero o resultado, mas assumo o risco de produzi-lo (atiro
na direção da pessoa, e “se pegar, pegou”. Não me importo). Tanto no dolo direto quanto no dolo
eventual, eu respondo por homicídio doloso. A diferença vai ser só na fixação da pena (o dolo direto
costuma ter uma pena fixada com mais rigor que o dolo eventual).
b) Culpa: é a imprudência (ação sem o cuidado devido), negligência (omissão sem o cuidado devido)
ou imperícia (ação sem a perícia técnica esperada, no exercício da profissão). A culpa pode ser:

8
b.1) culpa consciente ou com previsão: quando eu até imagino que pode haver aquele resultado, mas
sinceramente não quero produzi-lo, e se soubesse que ele seria produzido não agiria daquele modo. É
diferente do dolo eventual, pois, nele, eu não importo com o resultado e assumo o risco de provocá-lo.
b.2) culpa inconsciente ou sem previsão: quando eu nem sequer imagino que pode haver aquele
resultado.
-Atenção: o dolo ou a culpa estão no tipo penal. As leis penais, ao preverem os crimes, explicam se o
crime existe somente quando praticado dolosamente, ou se ele também existe quando a conduta é
apenas culposa. A regra geral é que os crimes só existem quando a conduta é dolosa (quando o agente
realmente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo). Exemplo: crime de estelionato, de furto, de
roubo, de moeda falsa, de uso de documento falso etc. Todos esses só existem quando o agente
realmente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo. Excepcionalmente, alguns poucos crimes
(como homicídio, lesões corporais etc) também admitem a modalidade culposa. Nesses casos, é preciso
que a lei expressamente fale, em cada caso, que o crime também se configura na modalidade culposa.]

Agravação pelo resultado


Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado
ao menos culposamente. [Esse é o chamado crime preterdoloso. Ex.: lesão corporal seguida de morte.
O agente dá um soco na vítima, que desmaia, bate a cabeça e morre. O agente não queria matar, só
queria lesionar. Por isso, responde pelo que queria fazer: lesões corporais. Porém, foi imprudente, e por
isso responde por um tipo mais grave de lesões corporais: as lesões seguidas de morte. O dolo era de
lesar, mas houve culpa em relação ao resultado morte, e, nesse caso, a lei previu a modalidade culposa
para esse resultado, sob a forma de lesão corporal seguida de morte]
Erro sobre elementos do tipo
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, se previsto em lei.
[Erro essencial é quando o agente atua enganado quanto a um elemento ou elementar do tipo (ou seja,
quanto a um componente essencial para que a conduta seja considerada criminosa). Exemplos: o agente
pega coisa alheia achando que era própria; relaciona-se sexualmente com vítima menor de 14 anos,
supondo-a maior; contrai casamento com pessoa já casada, desconhecendo o matrimônio anterior; atira
em alguém imaginando ser um animal. Em todos esses casos, o agente não atua com dolo, motivo pelo
qual o erro essencial exclui a própria tipicidade da conduta. Ele se engana quanto aos fatos e, por
isso, pensa que não está praticando crime nenhum. Quando isso ocorre, há duas possibilidades:
a) Se o engano (erro) dele era justificável (também chamado inevitável, escusável, imprevisível,
invencível), ele não responde pelo crime, nem na modalidade dolosa nem na culposa, pois seu
equívoco não decorreu de negligência ou imprudência.
b) Se o engano (erro) dele era injustificável, ele responde pelo crime na modalidade culposa, se for
prevista em lei (pois ele não tinha dolo, não queria praticar aquele crime, mas foi descuidado, não
prestou a atenção devida aos fatos).
Descriminantes putativas
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o
fato é punível como crime culposo.
9
[Esse é um tipo de erro essencial. Ex.: Eu acho que alguém está puxando uma arma para mim; penso
que estou em legítima defesa; saco minha arma e mato a pessoa. Mas na verdade ele só estava puxando
um cigarro do bolso para fumar. Aqui, se aplica a mesma regra anterior: a) se o erro era justificável
(exemplo: se estava escuro, a pessoa já tinha me ameaçado de morte antes etc), eu não sou punido nem
por dolo nem por culpa; b) se o erro era injustificável, eu não sou punido por dolo, mas sou punido por
culpa (pois fui negligente ou imprudente em minha avaliação). A isso se chama de culpa imprópria,
pois, na verdade, eu agi com dolo (eu queria matar), mas, como estava enganado quanto a um aspecto
fático (pensava estar em legítima defesa, quando na verdade não estava), sou punido por culpa.
Erro determinado por terceiro
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. [Exemplo: eu engano o agente, para fazê-lo
pensar que aquilo ao longe é um animal e que ele pode atirar; mas, na verdade, eu sei que é uma pessoa.
Nesse caso, eu respondo por homicídio doloso].
Erro sobre a pessoa
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram,
neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria
praticar o crime.
[-O erro sobre a pessoa não é um erro essencial, e sim um erro acidental, pois ele não trata de um
elemento essencial do crime, e sim apenas de uma circunstância não essencial. Atirar em uma pessoa,
pensando que é em outra, não muda o fato de que se está matando alguém (por isso não é um erro
essencial e não exclui o dolo). O único efeito é que eu serei punido pelo que eu quis fazer, e não pelo
que eu fiz de fato. Exemplo: matar um parente é uma agravante para o crime de homicídio (tem pena um
pouco maior). Se eu penso estar matando um parente, mas na verdade estou matando um estranho, eu
sou punido como se de fato tivesse matado o parente (ou seja, incide a agravante).
-Outro erro acidental é o erro na execução: eu quero matar um parente, mas erro o tiro e acabo
matando um estranho. Nesse caso, eu sou punido como se tivesse matado o parente (com as agravantes
correspondentes ao parentesco). Do mesmo modo, se quero matar o estranho, mas acabo matando o
parente, não respondo pelas agravantes do parentesco.
-Os erros acidentais não afetam a tipicidade da conduta, pois não excluem o dolo. Apenas dizem
respeito às regras de aplicação da pena e à forma como o agente será punido.]

EXCLUDENTES DE ILICITUDE:
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade; [Ver o art. 24, adiante]
II - em legítima defesa; [Ver o art. 25, adiante]
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. [a) Estrito
cumprimento de dever legal é a situação do policial que prende o criminoso, com o uso moderado da
força (sem excessos). Mesmo que o criminoso se machuque, isso não é lesão corporal, pois o policial
estava só cumprindo seu dever. b) Exercício regular de direito é o particular que faz a mesma coisa, pois
é direito de qualquer do povo prender um criminoso em flagrante. O Código de Processo Penal fala
“qualquer do povo pode, e o policial deve, prender quem se encontra em flagrante delito”. Outro
exemplo de exercício regular de direito é o lutador de boxe na luta ou no treinamento. Ele está causando

10
lesões corporais no outro, mas isso não configura crime, pois está em exercício regular do direito de
praticar esportes.]
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso
ou culposo. [Exemplo: alguém saca a arma para atirar em mim. Em legítima defesa, eu saco antes e
atiro nele. Até aqui, não respondo por nada, pois estou em legítima defesa. Porém, se eu continuar
atirando depois, aí eu estarei praticando um excesso, e então responderei por esse excesso (responderei
por homicídio ou por lesões corporais, conforme eu queira matar ou apenas lesionar a pessoa)].

Estado de necessidade [Exemplo: um barco naufraga, ficam 2 sobreviventes, e sobra só uma boia, que
não dá conta dos dois. Nesse caso, é a vida de um contra a do outro: um pode fazer o que for preciso
para ficar com a boia, até matar o outro].
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato:
a) para salvar de perigo atual [não pode ser perigo futuro nem iminente];
b) que não provocou por sua vontade [se eu provoquei o perigo, se eu mesmo afundei o barco, não
posso alegar estado de necessidade];
c) nem podia de outro modo evitar [se podia evitar de outro modo, se tinha outro jeito de resolver a
questão, não posso invocar estado de necessidade],
d) direito próprio ou alheio, [o exemplo dado foi a defesa de um direito próprio, mas o estado de
necessidade também pode ser invocado na defesa de um direito alheio]
e) cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. [Eu posso matar uma pessoa para
defender meu direito à vida, mas não para dar a boia par ao meu cachorro, por exemplo; porque nesse
caso seria razoável que eu sacrificasse o animal para salvar a vida humana].
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. [Se
eu era o salva-vidas do navio, não posso matar o passageiro para ficar com a boia, pois eu tinha o dever
legal de enfrentar o perigo do afogamento e de salvar o passageiro].
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser
reduzida de um a dois terços. [Aqui, haverá crime (pois era razoável exigir o sacrifício), mas a pena
será reduzida].
Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem: [a principal diferença entre o estado de necessidade e a
legítima defesa é que, nesta última, um está agredindo o outro ou prestes a agredir, e o outro
simplesmente se defende (ou chega um terceiro que o defende). Já no estado de necessidade, ninguém
está agredindo ninguém, mas houve um fato que colocou o direito de ambos em risco, e então foi
necessário se salvar, com o sacrifício do direito do outro (ou chegou um terceiro que precisou salvar um,
com o sacrifício do direito do outro)].
a) usando moderadamente dos meios necessários, [se houver excesso, eu respondo pelo excesso]
b) repele injusta agressão, [a agressão tem de ser injusta]
c) atual ou iminente, [diferente do estado de necessidade, a agressão pode ser atual ou iminente]

11
d) a direito seu ou de outrem. [assim como no estado de necessidade, o direito defendido pode ser
próprio ou alheio].
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em
legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima
mantida refém durante a prática de crimes. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vide ADPF
779) [Essa lei não mudou os requisitos da legítima defesa, que continuam os mesmos. Do mesmo modo,
se o agente praticar excesso, responderá].

EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE: aqui, o fato é típico e antijurídico, mas mesmo assim não
configura crime, pois há uma excludente de culpabilidade. São elas:
a) Falta de potencial consciência de ilicitude;
b) Coação moral irresistível ou obediência hierárquica;
c) Inimputabilidade.
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta
de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da
ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
[O erro sobre a ilicitude é diferente dos erros de tipo, pois ele não trata dos fatos, e sim da lei aplicável.
É um erro sobre a lei, e não sobre o fato. Por isso, ao contrário dos erros sobre os fatos (que afastam o
dolo e a tipicidade), ele se encontra na culpabilidade e poderá afastar a potencial consciência da
ilicitude. Suponha que um estrangeiro de muito pouca instrução acabou de chegar ao país e achou que
uma conduta era legal, mas na verdade ela aqui é criminosa. Nesse caso, se o erro for justificável, não
haverá crime. Se for injustificável, diminuirá a pena.]
Coação irresistível e obediência hierárquica
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
[a) Coação irresistível: coloco uma arma na cabeça de “A” e digo que, ou ela mata “B”, ou eu atiro.
Nesse caso, só eu respondo pelo homicídio, pois a conduta de “A” era típica e antijurídica, mas não era
culpável, pois ela estava sob coação moral irresistível. Atenção: a coação tem de ser irresistível. Se for
resistível (ou seja, se a ameaça não era assim tão grave), “A” responde pelo crime (apenas com uma
atenuante).
b) Obediência hierárquica a ordem não manifestamente ilegal: aqui, a ordem não pode ser
manifestamente ilegal. Se for, o subordinado responde pelo crime, apenas com uma atenuante.]

TÍTULO III
DA IMPUTABILIDADE PENAL
Inimputáveis

12
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto
ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação
de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
[Para ser inimputável e excluir a culpabilidade e o crime, tem de ser inteiramente incapaz, ao tempo
da conduta. Se era parcialmente incapaz, há paneas uma causa de redução de pena].
Menores de dezoito anos
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
estabelecidas na legislação especial. [Esses são sempre inimputáveis. Eles não praticam crimes,
apenas atos infracionais, e ficam sujeitos às sanções do Estatuto da Criança e do Adolescente].
Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força
maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso
fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
[O afastamento da culpabilidade pela embriaguez tem 2 requisitos:
a) O agente não pode ter se embriagado voluntariamente, tem de ser um caso fortuito (exemplo:
bebeu vinho pensando que era suco de uva). Se bebeu porque quis, não pode alegar a embriaguez para
se defender. É a teoria da actio libera in causam: se o indivíduo livremente decidiu beber, então
responderá por todos os resultados de sua bebida e de sua eventual embriaguez.
b) Além disso, o agente tem de estar inteiramente incapaz de compreender os fatos. Se houver o caso
fortuito ou força maior, mas o agente estiver só parcialmente incapaz de compreender, então haverá
apenas redução de pena, mas ele responde pelo crime.]

TÍTULO IV
DO CONCURSO DE PESSOAS
[Concurso de pessoas é a reunião de 2 ou mais pessoas para a prática de um crime].
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na
medida de sua culpabilidade. [se a pessoa concorre para um crime, sabendo o que está fazendo,
responde por ele. Ex.: se um motorista dirige o carro para que ladrões à mão armada fujam, ele responde
13
por roubo com arma de fogo, mesmo sem ter usado nenhuma arma. Por outro lado, se o motorista não
sabia que se tratava de um roubo, ele não responderá por nada, pois aí não estará atuando com dolo]
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um
terço. [A pessoa que tem participação de menor importância é chamada “partícipe”. Ex.: o motorista do
carro de fuga em um roubo].
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena
deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
[Ex.: o indivíduo combina que seria um roubo sem arma de fogo, que ninguém usaria arma. Mas, sem
ele saber, um dos indivíduos usou arma. Nesse caso, ele só responde por roubo simples, sem o aumento
de pena decorrente da arma de fogo. Exemplo 2: por outro lado, se, no meio do roubo, ele viu que o
outro estava armado e mesmo assim continuou, aí passa a responder pela arma de fogo também, mesmo
sem a estar utilizando].
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.
[Comunicação das circunstâncias no concurso de pessoas:
a) As circunstâncias objetivas são as que dizem respeito aos meios e modos de execução do crime. Ex.:
uso de arma de fogo. Elas sempre se comunicam a todos os que concorreram para o crime e sabiam de
sua existência.
b) Por outro lado, as circunstâncias pessoais só se comunicam quando são elementares do crime.
b.1) Exemplo 1: Se um particular, sozinho, subtrair dinheiro público, é furto. Se um funcionário público,
valendo-se de sua condição, subtrair dinheiro público, é peculato, que tem pena mais elevada. Agora: se
um particular entrar em conluio com um funcionário público para ambos subtraírem dinheiro público,
ambos estão praticando peculato, pois a condição de funcionário público é uma elementar do tipo de
peculato (ou seja, é um elemento essencial para a configuração deste crime, e não do de furto). Por isso,
essa elementar se comunica a todos os coautores que saibam da existência dela.
b.2) Exemplo 2: Por outro lado, se A se conluia com B para ambos matarem um parente de A, só A
responde pela agravante de matar parente, pois essa condição pessoal (ser parente da vítima) não é uma
elementar do crime de homicídio. Ou seja: sendo ou não parente da vítima, o crime é o mesmo:
homicídio. Como é uma condição pessoal (não objetiva), só se comunicaria aos demais se fosse uma
elementar do crime. Como não é, só o parente vai responder pela agravante. Os demais não.
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário,
não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. [Se eu forneço uma arma para A
matar B, sabendo que ele quer a arma para praticar esse crime, eu vou ser partícipe do delito e vou
responder por ele, desde que A pelo menos tente matar B. Se, por outro lado, A desistir e nem tentar
matar, aí então eu também não vou responder por ter fornecido a arma.]

PARTE ESPECIAL
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

14
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. [Não precisa se preocupar em decorar as penas. Basta ler, sem
decorar.]
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral [ex:
eutanásia de quem está em sofrimento, a pedido da própria pessoa], ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida [não pode ser muito tempo depois] a injusta provocação da vítima [não pode
ser uma provocação justa], o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. [É o chamado homicídio
privilegiado.
Homicídio qualificado [qualificado quer dizer que tem pena mais alta]
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou
de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de
2015)

VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes
do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em
razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) [contra agentes de segurança pública ou
parentes, em razão dessa condição]

VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019) (Vigência) [não é qualquer arma de fogo, só as de uso restrito ou proibido]

Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência

IX - contra menor de 14 (quatorze) anos: (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
15
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)

§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos [somente deste] é aumentada
de: (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência

I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que implique o
aumento de sua vulnerabilidade; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência

II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro,
tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre
ela. (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência [parente ou pessoa com autoridade (professor
etc)]
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de um a três anos.
Aumento de pena

§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à
vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.
Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa
menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
[Se o crime é contra menor de 14, se aplicam as disposições já vistas acima (pena específica, maior,
e causas de aumento próprias, e não esta causa aqui de 1/3). Essa causa de aumento aqui, de 1/3, é só
para vítima idosa].
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências
da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
(Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) [Exemplo: alguém conduz um carro de modo imprudente,
mas o acidente gera a perda de toda a sua família e sequelas físicas irreversíveis para ele. Nesse caso, o
juiz pode deixar de aplicar a pena.].

§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada,
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº
12.720, de 2012)

§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
16
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104,
de 2015)

II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou com doenças degenerativas
que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada pela Lei nº
14.344, de 2022) Vigência

III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada


pela Lei nº 13.771, de 2018)

IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput
do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018)
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação (Redação dada pela Lei nº
13.968, de 2019)

Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe


auxílio material para que o faça: (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)

§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave


ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (Incluído pela Lei nº 13.968, de
2019)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)

§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: (Incluído pela Lei nº


13.968, de 2019)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)

§ 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)

I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de
2019)

II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.


(Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)

§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de


computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. (Incluído pela Lei nº 13.968, de
2019)

17
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede
virtual. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)

§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima
e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa,
não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
(Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) [Nesse caso, se o menor ou vulnerável ficar com lesão
gravíssima, o instigador responde por lesão corporal gravíssima, e não por auxílio a suicídio ou
automutilação (que tem pena menor)]

§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos
ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121
deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) [Nesse caso, se o menor ou vulnerável
morrer, o instigador responde por homicídio]

Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo
após: [É uma forma mais branda de homicídio, com pena mais baixa, que só pode ser praticado pela
mãe, sob influência do estado puerperal, durante o parto ou logo após. Se for depois do puerpério, ou se
for praticado por outra pessoa, não há infanticídio, e sim homicídio. Agora: se um terceiro ajudar a mãe
a fazer isso, como são circunstâncias pessoais elementares do tipo, todos respondem só por infanticídio.
O terceiro não responde por homicídio (ele acaba sendo beneficiado pela condição pessoal da mãe).]
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54)
Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54)
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é
alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência
[Nesses casos, o consentimento não é válido, então a pena é a do aborto sem consentimento].
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em
conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de
natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)
18
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal.
[O aborto de feto anencéfalo também entra nessas hipóteses de aborto permitido. São hipóteses de
exclusão de ilicitude (exercício regular de direito)].
CAPÍTULO II
DAS LESÕES CORPORAIS
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o
risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena
de um sexto a um terço.
Substituição da pena
19
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de
duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena

§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121
deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012) [crime contra menor de 14, maior de 60,
agente não presta socorro, ou foge, ou crime praticado por milícia]
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de
1990) [O juiz pode deixar de aplicar a pena, se já advieram consequências graves para o agente].
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)

§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)

§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste
artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) [Se a lesão é grave
ou gravíssima, e além disso foi praticada contra parente, em violência doméstica, há aumento de pena].

§ 11. Na hipótese do § 9 o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido
contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) [Há mais um aumento,
se a violência doméstica é praticada contra deficiente].
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº
13.142, de 2015) [Aumento de pena, quando a lesão é contra agente de segurança ou parente, em razão
da condição]
§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino, nos termos do
§ 2º-A do art. 121 deste Código: (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021) [Lesão contra mulher, em
razão dessa condição]
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)

TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

20
CAPÍTULO I
DO FURTO
Furto [Furto é sem violência ou ameaça. Essa é a diferença em relação ao roubo].
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou
de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é
cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores,
com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por
qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)

§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso:
(Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)

I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de
servidor mantido fora do território nacional; (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)

II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável.
(Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de


produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330,
de 2016)
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou
emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

21
Furto de coisa comum
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a
detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
direito o agente.
CAPÍTULO II
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
Roubo [é com violência ou grave ameaça. Não é qualquer ameaça, tem de ser grave].
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra
pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou
para terceiro.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o
exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº
9.426, de 1996) [É o sequestro-relâmpago, para saques bancários]
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654,
de 2018)
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato
análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
22
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela
Lei nº 13.654, de 2018)
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654,
de 2018) [Esse é o latrocínio: roubo seguido de morte. É um crime contra o patrimônio, e não
contra a vida. Por isso, não vai a júri (só os crimes dolosos contra a vida vão].
Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si
ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena
de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide
Lei nº 8.072, de 25.7.90

§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária


para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da
multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2 o e 3o,
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
Extorsão mediante seqüestro [é um tipo específico de extorsão]
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de 2002)
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou


maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de
25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a
libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº
9.269, de 1996)

TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

23
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Estupro

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a
praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015,
de 2009) [Qualquer tipo de ato libidinoso forçado é estupro atualmente: relação vaginal, anal, sexo
oral etc. A vítima pode ser mulher ou homem]

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito)


ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) [se a vítima é menor de 14, o
crime é outro: estupro de vulnerável, com pena maior ainda]

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 214 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

Violação sexual mediante fraude (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou
outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: (Redação dada pela Lei
nº 12.015, de 2009) [Ex.: um irmão gêmeo se passar pelo outro para ter relação sexual com a mulher]

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também
multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Importunação sexual (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de
satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) [Ex.: homem que
se esfrega nas mulheres em transportes coletivos.]

24
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave. (Incluído
pela Lei nº 13.718, de 2018)

Art. 216. (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)


Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao
exercício de emprego, cargo ou função. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)

§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela
Lei nº 12.015, de 2009)

CAPÍTULO I-A
(Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)

DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL

Registro não autorizado da intimidade sexual

Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena
de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes:
(Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou
qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de
caráter íntimo. (Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)

CAPÍTULO II
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Sedução
Art. 217 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) [Aqui, pouco importa se a vítima consentiu. Em
qualquer caso, está configurado este crime, pois o consentimento do menor de 14 anos não é válido.
Tanto o homem quanto a mulher podem praticar este crime, se tiverem relação sexual com menino ou
menina menor de 14 anos].
25
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que,
por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
[Esse é o caso de ter relação sexual com uma pessoa muito bêbada, ou drogada, ao ponto de não
ser capaz de manifestar sua vontade ou de resistir. Isso é estupro de vulnerável]

§ 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)

Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se independentemente


do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime.
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Corrupção de menores

Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (Incluído pela Lei nº


12.015, de 2009)

Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar,
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

26
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável. (Redação dada pela Lei nº 12.978, de 2014)

Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual
alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 2o Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e
maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009) [ter relação sexual com prostituta de 14 a 18 anos é este crime]

II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas


referidas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) [gerente de motel, por
exemplo]

§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da


licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)

Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de


pornografia (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) [Divulgação de estupro ou de cena de sexo]

Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir,
publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de
informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de
estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o
consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: (Incluído pela Lei nº 13.718, de
2018)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave. (Incluído
pela Lei nº 13.718, de 2018)

Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

27
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente
que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou
humilhação. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Exclusão de ilicitude (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em
publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que
impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18
(dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

TÍTULO XI
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES PRATICADOS
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou
alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: [Ex: o funcionário tinha de
fiscalizar o dinheiro, mas foi negligente, e um particular furtou. Aqui, não há conluio entre o particular
e o funcionário, pois, se houvesse, ambos responderiam por peculato doloso]
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível,
extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. [Só no peculato culposo,
não no doloso]
Peculato mediante erro de outrem
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro
de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Inserção de dados falsos em sistema de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou
excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da
Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar
28
dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)) [É o peculato eletrônico: colocar dados falsos no
sistema, valendo-se da condição de funcionário, para obter vantagem indevida].
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000)
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática
sem autorização ou solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) [Esse
crime é muito menos grave, pois não se estão inserindo informações falsas para obter vantagem, e sim
apenas mudando o próprio sistema (o seu funcionamento etc), sem autorização. É uma espécie de
sabotagem].
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração
resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000)

29

Você também pode gostar