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1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL
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Se atentem a duas dicas importantes:
• A própria lei trará em sua redação o período de vacatio legis. Não
havendo tal previsão aplica-se o que dispõe a Lei de Introdução as
normas do Direito Brasileiro: 45 dias em território nacional, e 3 meses
em território estrangeiro.
• Durante o período de vacatio legis, a lei não vigora seus efeitos,
não possui validade.
Pois bem: Sabemos que a lei nasce, vive e morre. Desse modo,
quando a lei penal entra em vigor, ela rege todos os atos abrangidos
por sua destinação, até que cesse sua vigência.
1TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal. 5. ed. São Paulo:
Saraiva, 2010. p. 30.
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Nas palavras de Rogério Greco, a extra-atividade da lei penal:
Decorre desta hipótese, o fato de uma lei nova que torne típico
fato que anteriormente não era criminoso. Nessas circunstâncias a lei
produzirá seus efeitos apenas após sua entrada em vigor, não podendo
retroagir. Percebam que há diversos dispositivos que vedem que essa
lei nova retroaja, atingindo fatos anteriores, podemos citaro princípio
da anterioridade, previsto no art. 5º, XXXIX3 da Constituição Federal e
no art. 1º do Código Penal.
2 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal- Parte Geral. 17.ed. Rio de Janeiro: Impetus,
2015. p. 159
3 CF Art. 5 º (...)
(...) XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal;
CP Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação
legal
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uma lei nova, entra em vigor e passa a considerar essa conduta
criminosa. Perceba que tal lei, produzirá seus efeitos somente após sua
entrada em vigor, não podendo retroagir para os fatos anteriores a sua
entrada em vigor.
Suponhamos que João conduza seu carro no dia 21/11/2017
embriagado, fato que até então não era considerado típico. No dia
22/11/2017, tal fato vem a ser considerado criminoso. João não poderá
ser punido por aquele fato, a lei produzirá seus efeitos apenas após a
sua entrada em vigor.
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retroagirá, podemos desse modo entender como lei mais gravosa:
aquela que aumente a pena, reduza ou elimine benefícios, que
acrescente circunstâncias qualificadoras ou agravantes não previstas
anteriormente, e etc...
A reforma da Parte Geral do Código Penal em 1984, Lei n. 7.209 de
11/07/1984, trouxe dispositivos mais severos que a lei anterior (lex
gravior), desse modo não pode se aplicada aos autores antes de sua
vigência.
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TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal. 5. ed. São Paulo:
Saraiva, 1994. p. 31
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O Código Penal faz previsão da abolitio criminis, no título que
trata da extinção da punibilidade (Art. 107)5, bem como pelo art. 2º6.
Vamos utilizar dos mesmos crimes do tópico anterior: furto (Art. 155
do CP) e lesão (art. 129 do CP). Lembrem-se, tais exemplos
tratam de situações hipotéticas.
Suponhamos que o crime de furto deixa de ser considerado um fato
típico. Desse modo todos os condenados que estariam cumprindo a
pena pela prática do furto, teriam suas penas extintas. Do mesmo
modo, aqueles que estivessem sendo processados teriam seus
processos extintos. Para aqueles que já tivessem cumprido o período
de pena, teriam suas fichas de antecedentes corrigidas.
Do mesmo modo, ocorreria com o crime de lesão, caso uma nova lei
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Lei."), não obstante tenha tornado atípica a posse ilegal
de arma de fogo havida no curso do prazo que assinalou,
não subtraiu a ilicitude penal da conduta que já era
prevista no art. 10, § 2º, da Lei 9.437/97 e continuou
incriminada, com mais rigor, no art. 16 da Lei
10.826/2003. Ausente, assim, estaria o pressuposto
fundamental para que se tivesse como caracterizada a
abolitio criminis. Ademais, ressaltou-se que o prazo
estabelecido nos mencionados dispositivos expressaria
o caráter transitório da atipicidade por ele indiretamente
criada. No ponto, enfatizou-se que setrataria de norma
temporária que não teria força retroativa, não podendo
configurar, pois, abolitiocriminis em relação aos ilícitos
cometidos em data anterior. HC 90995/SP, rel. Min.
Menezes Direito, 12.2.2008. (HC-90995)
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Atenção! Fiquem ligados no seguinte julgado noticiado no
informativo 456 do STF, sobre a inocorrência de abolitio criminis para
o porte de drogas para o consumo pessoal (Questão já cobrada na 1ª
fase do Exame da OAB):
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Antes de respondermos essa pergunta, vamos analisar alguns
exemplos hipotéticos:
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criando uma terceira lei, função que não incube a este, e sim ao
legislador.
7 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1. 14. ed. Saraiva, São
Paulo, 2009. p.176
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Exemplo: Suponhamos que determinado fato típico, foi praticado
durante a vigência de uma lei X. No decorrer da persecução penal sobre
o mesmo fato, advém uma lei Y, mais benéfica que x, todavia no
momento da sentença penal a lei em vigência que trata do mesmo fato
é Z, mais gravosa que Y. Nesse caso a lei a ser aplicada é Y,pois
é mais benéfica ao réu. Y trata-se uma lei intermediária que tem dupla
extra-atividade, pois é retrotiva (em relação a lei X) e ultra- ativa (em
relação a lei Z).
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Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
Se atentem:
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Pois bem...três são as teorias a respeito da fixação do tempo do
crime. São elas: Teoria da atividade; teoria do resultado e teoria da
ubiquidade. Veremos cada uma delas.
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parte do agente ativo. Ou seja, o momento da prática da conduta. No
caso de omissão de socorro, o momento do crime consiste na conduta
da omissão, não importando, por exemplo, o momento em que o
sujeito passivo venha morrer.
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Caros alunos prestem muita atenção para a explicação acerca
dos efeitos da Súmula 711 do STF. Vejamos a redação desta:
2.1 conceito
O concurso de normas tem lugar sempre que uma conduta
delituosa pode enquadrar-se em diversas disposições da lei penal. Diz-
se porém, que esse conflito é tão só aparente, porque se duas ou
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mais disposições se mostram aplicáveis a um dado caso, só uma dessas
normas, na realidade é o que disciplina.
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correspondente crime de perigo; o homicídio absorve a lesão
corporal; o furto em casa habitada absorve a violação de domicílio.
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