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AULAS DE

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II

20, 22 e 27 de Fevereiro de 2024

SUCESSÃO DE LEI NO TEMPO/APLICAÇÃO DE LEI NO TEMPO

A lei nova tem a aspiração da aplicação imediata, mas a vida não é compartimentada em
função do tempo de vigor da nova lei e quando esta vem regular uma matéria, substituindo a
lei antiga, podem existir diferenças entre os regimes jurídicos fixados por estas duas leis.
Quando aplicamos a lei às situações concretas devemos saber a lei aplicável, sendo que a lei
nova pode ser retroativa ou apenas regular factos futuros. Há factos que permanecem vivos
durante a vigência da lei nova: deve-se aplicar a lei nova ou a lei antiga?

A vida social é contínua, não tendo interrupções, mas na medida em que entra em vigor
uma nova lei que apresenta uma revelação diversa da apresentada pela lei anterior, revogada,
pode se verificar uma repercussão da lei nova no domínio de aplicação da lei anterior.

O problema da sucessão das leis no tempo incide na determinação da aplicabilidade da lei


quando sobre a matéria a regular se sucedeu no tempo a vigência de duas ou mais leis, isto é,
na aplicabilidade da lei face ao âmbito de aplicação da lei antiga.: uma nova lei pode vir mexer
com factos jurídicos que ocorreram em momento anterior quando a lei anterior estava em
vigor.

O intérprete para resolver um caso deve saber qual a lei aplicável (lei nova ou lei antiga) sendo
que pode acontecer, não obstante estar revogada, a lei antiga continuar a regular factos
jurídicos e a produzir efeitos jurídicos depois de ter cessado a sua vigência. Portanto, temos de
conhecer quais são os critérios legais que permitem definir a aplicabilidade da lei e que
permitem descobrir a lei aplicável ao caso concreto em função desses critérios.

Esta matéria tem na sua base três ideias:

 “Teoria dos Direitos Adquiridos”;


o De acordo com o princípio histórico da “Teoria dos Direitos Adquiridos”, os
direitos concedidos pela lei antiga não podem ser afetados pela lei nova, ou
seja, uma lei nova, quando entra em vigor, não pode por em causa direitos
adquiridos pelas pessoas atribuídos pelo ordenamento jurídico em
determinado momento passado.
 “Princípio da Segurança Jurídica”;
o Por outro lado, existe ainda uma preocupação relativa à segurança jurídica,
fixada pelo “Princípio da Segurança Jurídica”, a sobretudo no que toca aos
conflitos existentes relativamente a decisões transitadas em julgado. Os
tribunais quando decidem um caso concreto, com força de trânsito em julgado,
o Direito está definido para aquele caso, isto é, fala-se em posições jurídicas
definidas. Nesse sentido, a lei nova não deve mexer com as causas que já
foram decididas.
 Aspiração do legislador atual de que a lei nova se venha a impor ainda que com um
sentido contrário ao regulado em leis anteriores.
o Há uma aspiração do legislador de que a sua lei tenha eficácia e de fazer
prevalecer a sua vontade legislativa, incorporada na lei nova, relativamente a
vontades legislativas anteriores fixadas em leis anteriores. Entende-se,
portanto, que a lei nova é de aplicação imediata e isso determina uma
repercussão no domínio de vigência da lei anterior.

Estas três ideias exprimem desde logo três conclusões:

 A lei não é retroativa;


 A lei deve respeitar o caso transitado em julgado;
 A lei nova deve valer para o futuro (respeitando o âmbito de aplicação da lei anterior
revogada).

Nos termos do Código Civil português, o regime jurídico aplicável à sucessão das leis no
tempo surge fixado nos termos dos arts.12.º e 13.º.

Nos termos do art.12.º, n.º1 CC evidencia-se a posição do legislador: em princípio a lei não é
retroativa. O art.12.º, n.º1, 1.ªparte, CC fixa, portanto, o regime geral: princípio geral da não
retroatividade – a lei só dispõe para o futuro. Por sua vez, nos termos do art.12.º, n.º2 CC é
enunciada uma possível exceção, na medida em que o legislador admite a possibilidade da
retroatividade da lei – retroatividade ordinária.

No domínio da sucessão de leis nos tempos, na falta de posição do legislador em sentido


contrário o intérprete deve entender que a lei nova só dispõe para o futuro. No entanto, por
força de declaração expressa por parte do legislador ou através da interpretação do regime
jurídico fixado, é possível entender que a lei possui eficácia retroativa e, nesse sentido, regula
factos jurídicos anteriores à entrada em vigor da lei.

Uma lei nova de igual ou superior grau hierárquico pode afastar o regime da lei anterior, que
ficou revogada. O art.12.º, n.º1, 1. ª parte do CC, sendo lei geral pode ser afastado por lei
especial, podendo ser revogado ou derrogado – o legislador é soberano e, nesse sentido,
determina qual o âmbito de aplicação da lei nova. Apesar da enunciação do regime geral de
não retroatividade da lei nova, permanece a vontade do legislador.

O legislador tem limites que o impedem de regular factos passados e, nesse sentido, de fixar
a retroatividade de uma lei: direito europeu. A constituição fixa ainda limitações para o
legislador ordinário de forma que este não fixe leis retroativas sobre determinadas matérias,
sendo que as leis ordinárias têm de estar conforme a Constituição sob pena de
inconstitucionalidade. Estas proibições de retroatividade da lei são:
 Preceitos constitucionais respeitantes aos direitos, liberdades e garantias (art. 18.º,
n.º3 CRP);
 Proibição de retroatividade nos casos julgados (282.º, n.º3 CRP);
 Princípio da Tipicidade Penal: alguém só pode incriminado por força de norma jurídica
que estava em vigor no momento da sua conduta, ou seja, ninguém pode ser
incriminado/responsabilizado criminalmente por crime que não existia no momento
em que se deu a sua conduta (art.29.º, n.º1 CRP);
o As pessoas devem poder saber, no momento em que atuam, se a conduta que
praticam implica a prática de um crime;
 Proibição de impostos/ lei fiscal retroativos – art.103.º., n. º3 CRP.

Estes 4 domínios normativos da Constituição representam as proibições constitucionais de


retroatividade da lei, pelo que a Constituição não proíbe a retroatividade da lei noutros
domínios, ou seja, o legislador pode, noutros domínios, fixar a retroatividade da lei. Entende-
se, portanto, que nos outros domínios, não cobertos por proibição constitucional retroativa, há
uma possibilidade legislativa retroativa e é para estes domínios que se refere o art.12.º, n.º1.
2.ªparte CC.

A retroatividade é, de acordo com o seu significado semântico, “uma lei que age sobre o
passado” – uma lei nova pode suscitar eficácia relativamente a um momento anterior à sua
vigência.

Historicamente a retroatividade é definida por duas teorias, que visam delimitar o âmbito de
aplicabilidade da lei nova face à lei antiga:

 Teoria dos direitos adquiridos: uma lei diz-se retroativa quando coloca em causa um
direito atribuído por lei anterior;
 Teoria do facto passado: Adotada na Constituição de 1976 e na qual o art.12.º CC se
funda, fixa que uma lei é retroativa quando atinge um facto que ocorreu antes do
momento da sua entrada em vigor – no domínio da vigência da lei antiga - comumente
aceite em Portugal, embora com algumas diferenças.

A doutrina distingue graus de retroatividade sendo que ao passo que Batista Machado e
Menezes Cordeiro apenas distinguem quatro graus, Oliveira Ascensão e Miguel Teixeira de
Sousa distinguem quatro graus. Nesse sentido, de acordo com esta última posição, podem
distinguir-se:

 Retroatividade Extrema: Tudo é admitido ao legislador no domínio da atuação


legislativa sobre o passado, atingindo todos os efeitos já produzidos no passado. O
legislador tem liberdade, fora das proibições constitucionais de retroatividade, para
afetar tudo.
 Retroatividade Quase Extrema: Representa uma única diferença qualitativa
relativamente à quase extrema – respeito pelo caso julgado.
 Retroatividade Agravada: O legislador continua a poder atuar sobre o passado, mas
não pode tocar em certos efeitos específicos passados – caso julgado. Ex.: Art.13.º,
n.º1 – Não é apenas o caso julgado mas também pelo cumprimento da obrigação, por
transação, ainda que não homologada, ou por atos de análoga natureza.
 Retroatividade Ordinária – O legislador cria uma lei que regula factos passados,
ocorridos no domínio de vigência da lei anterior, sendo que os sfeitos entretanto
produzidos ficam ressalvados - art.12.º, n.º1 CC.
Para resolver o problema da “Sucessão de leis no tempo” o legislador tem à sua disposição a
criação de uma solução especifica quanto à aplicação da lei no tempo, podendo o legislador
que fixa um regime novo, estabelecer, no final do diploma, qual o âmbito de aplicação
temporal do regime, estabelecendo o critério de sucessão de leis no tempo.

Esse critério pode consistir em Direito Transitório.

DIREITO TRANSITÓRIO

O Direito Transitório resulta da fixação de um regime jurídico que assegure a passagem de


aplicação da lei antiga revogada para a lei nova, sendo que este direito pode ser formal ou
material.

Direito Transitório Material

Evidencia-se a existência de Direito Transitório Material quando o legislador fixa, para um


determinado período temporal, um terceiro regime, que não é nem o regime fixado pela lei
anterior nem o regime fixado pela lei posterior.

Tenha-se o exemplo do DL 47 334, de 25/11/1966, que aprovou o Código Civil atual: tem um
conjunto de normas preambulares fixadas nos arts. 6.º a 23.º, fixando uma disciplina jurídica
ad hoc nova que não é nem da lei antiga nem da lei nova, formulada especificamente para a
transição do domínio de aplicação da lei antiga para o domínio de aplicação da lei nova, isto é,
de forma a assegurar a transição do Código Civil de Seabra para o Código Civil de 1966,

Direito Transitório Formal

Por sua vez, evidencia-se a existência de Direito Transitório Formal quando o legislador se
limita a remeter a matéria para uma das leis em presença, isto é, para a lei antiga ou para a lei
nova, na medida em que, em determinadas matérias, o legislador pode entender que a lei
antiga ainda é adequada a regular os casos ou, pelo contrário, que é a lei nova a mais
adequada.

No entanto, muitas vezes o legislador omite completamente qualquer referência à matéria


da sucessão de leis no tempo, não fazendo qualquer menção ao direito transitório. Nesse
sentido, o Direito Transitório pode constar não da lei nova mas de outra lei, como o Código Civil
ou o Código Penal, por exemplo. Entende-se, portanto, que quando o legislador não
estabelece um regime quanto à sucessão de leis no tempo na lei nova, a Ordem Jurídica
providencia um regime geral supletivo.

Nesse caso deve-se recorrer ao regime geral, que se encontra fixado no art.12.º CC, sendo
que, relativamente às leis interpretativas, se encontra fixado no art.13.º CC. Por outro lado, o
legislador pode ainda estabelecer outros regimes para a sucessão de leis no tempo, criando
regimes especiais ou excecionais.
 Art.12.º - Tem função Direito Transitória Formal quando o legislador, na lei nova, não
delimita o âmbito de aplicação no tempo dessa lei, dizendo as matérias às quais se aplica a
lei nova e as matérias às quais se aplica a lei antiga.

O art.12.º é, portanto, um preceito geral e supletivo na ordem jurídica portuguesa, sendo


uma regra do Direito Transitório Formal – resolve o problema da sucessão das leis no tempo,
remetendo para a lei nova ou para a lei antiga. O legislador pode estabelecer, na lei nova, o
Direito Transitório, mas, se não o fizer, o art.12.º prevê, geralmente, a solução para o problema
em questão, remetendo para uma das leis em presença: lei antiga ou lei nova. Não cria um
regime novo, remete apenas para uma das leis em presença.

Em certas matérias há, no entanto, regime especiais de direito transitório, como se verifica
no art.297.º CC relativamente à contagem dos prazos. Quando o legislador vem regular em lei
nova a contagem dos prazos, e nada dispõe face à lei que regula factos ocorridos durante a
vigência da lei anterior, aplica-se este regime.

Outros ramos do Direito possuem outros regimes jurídicos relativamente à matéria da


sucessão de leis no tempo. Por exemplo, no Direito Penal, o art.29.º da Constituição e o art.4.º,
n.º2 do Código Penal preveem que, aparecendo uma lei nova em matéria criminal, se aplica
àquele que pratica a conduta incriminatória a lei mais favorável ao mesmo de entre as duas.

SOBRE-VIGÊNCIA/ULTRA-ATIVIDADE

Uma lei já revogada pode continuar a ser aplicada na ordem jurídica, isto é, na resolução de
casos concretos (factos jurídicos que ocorreram no tempo da sua vigência): falamos em
sobrevigência/ultra-atividade da lei revogada.

Os factos são eventos/acontecimentos que produzem efeitos jurídicos. Por exemplo: a


morte, o nascimento ou um atropelamento que determinam o termo da personalidade
jurídica, o início da personalidade jurídica e a aplicação da responsabilidade civil,
respetivamente.

Por sua vez, podem distinguir-se

 factos instantâneos: factos que aconteceram no passado, num determinado momento


como, por exemplo, um homicídio;
 factos d uradouros: factos que começam a produzir-se num determinado momento e
que se propelem no tempo, como é o caso de um contrato de arrendamento de 10
anos.

Nos termos do art. 12.º, n.º2 CC, quando o legislador nada dispõe é de entender que a lei
nova só regula factos novos, ou seja, que ocorreram quando a lei nova já estava em vigor e,
nesse sentido, os factos que ocorreram antes desse momento são regulados pela lei anterior.

No entanto, relativamente aos factos duradouros entende-se que:

 Relativamente à validade formal - A lei nova estabelece uma forma nova para um
determinado contrato
o A validade formal diz respeito à forma do facto;
 Por exemplo: A lei anterior estabelece que o contrato de seguro tem
forma livre e, nesse sentido, vários contratos de seguro são celebrados
verbalmente. No entanto, a lei nova estabelece que o contrato de
seguro deve ser escrito. À luz da lei nova os contratos que, à luz da lei
antiga, eram válidos deixam de o ser – no entanto, no art.12,º CC surge
fixado que é aplicável a lei vigente no momento de celebração do
contrato, isto é, os contratos celebrados durante a vigência da lei
anterior permanecem válidos.
 Isto leva a que a lei antiga, apesar de ter cessado a sua
vigência por força de revogação, continua a ser
aplicável aos factos que aconteceram durante a sua
vigência (sobrevigência da lei);
 Relativamente à validade substancial - A lei nova estabelece novas condições
substanciais.
o A validade substancial diz respeito à substância do facto, abrangendo tudo o
que não é forma;
o Por exemplo: Um novo regime pode fixar novas condições substanciais, sendo
que, nesse sentido, aplica-se a lei antiga, isto é, a lei vigente no momento em
que o facto foi praticado – se um contrato era nulo à luz da lei antiga mas
válido à luz da lei nova entende-se que o contrato permanece nulo no domínio
da vigência da lei nova.
 A lei portuguesa admite que todos nós possamos celebrar contratos,
quer os fixados na lei quer os atípicos, mas estabelece que para que
estes sejam válidos, e produzam efeitos, devem obedecer a certos
requisitos (condições de validade). As condições de validade do
contrato que foram celebrados à luz da lei antiga, são reguladas pela
lei antiga/ As condições de validade do contrato que forem celebrados
à luz da lei nova, são reguladas pela lei nova.

Por sua vez, relativamente aos efeitos jurídicos (que podem ser, essencialmente, de quatro
tipos: constituição, transmissão, modificação e extinção de situação jurídicas – direitos e
deveres, genericamente):

 Por exemplo: o art.879.º CC fixa os efeitos do contrato de compra e venda:


 transmissão da propriedade da coisa/titularidade do direito – aquele
que vende uma coisa, transmite o direito de propriedade dessa coisa
ao comprador – transmissão de um direito;
 obrigação de entregar a coisa – constituição de uma obrigação;
 obrigação de pagar o preço – constituição de uma obrigação.
o Se hoje entrar em vigor uma lei que fixa que o contrato de compra e venda
tem apenas os dois últimos efeitos (obrigação de entregar a coisa e obrigação
de pagar o preço), fixando a geração de obrigações sem mencionar a eficácia
translativa os efeitos jurídicos de contrato de compra e venda realizado antes
da entrada em vigor da lei nova, são protegidos pela lei antiga
 Por exemplo: se eu celebrar um contrato de compra e venda de um
telemóvel durante a vigência da lei antiga, os efeitos jurídicos já
produzidos à luz da lei antiga, são respeitados pela lei nova.

Além disso, faz ainda menção ao conteúdo de certas situações jurídicas:


 Por exemplo: o art.1305.º CC fixa o conteúdo tradicional, fixado pela lei, do direito
de propriedade: uso, fruição e disposição das coisas;
 Por exemplo: comprei um computador em 2023, durante a vigência do
Código Civil de 1966, e hoje entra em vigor uma lei que fixa que o
proprietário pode usar e dispor da coisa mas nada menciona relativamente
à fruição - eu tenho poder de fruir do computador?
 A lei dispõe, para o conteúdo do direito de propriedade, que,
abstraindo os factos constitutivos, a lei nova abrange as próprias
situações já constituídas que subsistam até à data – ou seja, a lei
nova altera o conteúdo do meu direito de propriedade sobre o
computador;
 Quando dispuser sobre o conteúdo, entender-se-á que a lei nova
se vai aplicar ao conteúdo dos direitos que se adquira no momento
de vigência da lei anterior, alterando os direitos adquiridos no
domínio da lei anterior.
 O facto passado é usado apenas como referência da norma para
aludir à situação jurídica que já existe antes de entrar em vigor a lei
nova, no entanto, o conteúdo da situação jurídica só é alterado a
partir do momento em que a lei nova entra em vigor e apena para
o futuro (retroconexão).

 “Abstraindo dos factos que lhe deram origem” - a lei nova aplica-se ao conteúdo de um
facto que ocorreu no domínio de vigência da lei antiga mas que subsiste para o domínio de
vigência da lei nova, sendo que o conteúdo da situação jurídica só é alterado a partir do
momento em que a lei nova entra em vigor e apenas para o futuro.

 Quando o facto abstrai do facto que originou a situação jurídica então atende-se à lei antiga.
Para o passado continua a regular a lei antiga.

29/02/2024

O problema da sucessão de leis no tempo decorre da necessidade de determinar a aplicação


da lei nova face à sua entrada em vigor delimitando o campo de aplicação da mesma
relativamente a lei singular ou a leis anteriores (pode haver mais de uma lei com a sua vigência
já cessada, implicada no problema).

O problema da retroatividade é muito mais amplo do que os direitos adquiridos, pelo que a
teoria dos direitos adquiridos é incompleta. Por sua vez, a teoria dos factos passados é mais
completa, na medida em que permite escortinar os aspetos em que a lei nova pode ter
retroatividade, ajudando-nos a compreender as várias dimensões de retroatividade possíveis e
encontrar o regime aplicável. A teoria dos factos jurídico surge para definir e precaver a
retroatividade da lei.

Existe um princípio geral de Direito de não retroatividade da lei nova que surge fixado nos
termos do art.12.º, n.º1 CC, mas, estando fixado num decreto-lei, esta disposição pode ser
afastada por lei nova de igual ou superior grau hierárquico.
A Constituição não proíbe a retroatividade da lei, fixando proibições parcelares de
retroatividade:

 As leis restritivas de direitos, liberdades e garantias não podem ter efeito retroativo
(art.18.º, n.º3 CRP);
 A lei penal incriminatória não pode ser retroativa (art.19.º, n.º6 CRP), dado que
ninguém pode ser sentenciado criminalmente senão em virtude de lei anterior que
declare punível a sua ação ou omissão (art.29.º, n.º1, CRP);
 A lei que regula a competência dos tribunais criminais não pode ser retroativa, dado
que nenhuma causa pode ser subtraída ao tribunal cuja competência esteja fixada em
lei anterior (art.32.º, n.º9, CRP);
 A lei que cria impostos não pode ser retroativa (art.103.º, n.º3 CRP).

Não estando no âmbito das proibições constitucionais, o legislador ordinário pode fixar
uma lei retroativa: regula um facto acontecido no domínio de vigência da lei anterior, afastando
a lei anterior quando esta ainda estava em vigor. É na lei nova que, em princípio, se encontra a
vontade do legislador através da consagração de algum critério quanto à aplicação temporal da
mesma. Desta forma, não estando incluída nas proibições constitucionais, o legislador é
soberano.

O legislador pode estabelecer critérios para a sucessão de leis no tempo, e, nesse sentido,
falamos direito transitório, que pode ser:

 Formal: remissão do regime jurídico para uma das leis em presença;


 Material: criação de uma terceira via, para assegurar a sucessão da lei nova face à lei
antiga: o legislador cria uma disciplina jurídica que não se encontra na lei anterior ou
na lei nova para os factos.

O legislador pode regular a aplicabilidade da lei nova no tempo, no entanto, também pode
ficar silencioso relativamente a esse problema, sendo este o caso mais comum , e é para isso
que serve o art.12.º CC – aplicável quando o legislador na lei nova fica calado, relativamente ao
problema da aplicabilidade da lei nova no tempo.

Este preceito, na sua função, é direito transitório formal porque não traz nenhuma disciplina
nova quanto à aplicabilidade da lei nova, fixando, relativamente a vários aspetos, que lei em
presença se aplica: a lei antiga ou a lei nova.

O art.12.º n. 2 º tem duas partes:

 1.ª parte: validade formal, validade substancial e efeitos jurídicos


 2.ª parte: abre uma questão diversa: existem factos jurídicos que ocorrem no domínio
de vigência da lei anterior, mas cuja eficácia se estende para o domínio de vigência da
lei nova
o Por exemplo: A LA fixa que cabe ao senhorio fazer as obras de manutenção do
local e, por sua vez, a LN fixa que cabe ao arrendatário fazer as obras de
manutenção do local; o que acontece àqueles que celebraram um contrato de
arrendamento durante o âmbito temporal da lei antiga?
 O passado é respeitado: o conteúdo das situações jurídicas é mantido
no domínio de vigência da lei antiga, mas a partir da entrada em
vigência da lei nova, o conteúdo da situação jurídica passa a ser
regulado pela lei nova – regula um facto jurídico que aconteceu
durante o período de vigência da lei antiga mas apenas relativamente
ao conteúdo das situações jurídicas criadas por esse facto que
subsistam para o domínio de vigência da lei nova;
 Não temos uma solução de retroatividade mas sim de retroconexão.
o “Abstraindo dos factos que lhes deram origem” – A solução mencionada
apenas vale quando o legislador não considera qual o facto aquisitivo da
situação jurídica cuja conteúdo quer regular.

ART.13.º - supletivo, constante de lei ordinária, pode ser afastado por lei nova, de igual ou
superior grau hierárquico, sendo que se o legislador nada mencionar, aplica-se este preceito.

Por exemplo: A L1 entra em vigor em 20/02/2020; A L1 vai gerar controvérsia relativamente


à sua interpretação, sobretudo no âmbito dos tribunais (decorrendo do princípio da
subordinação do juiz à lei e da circunstância de a lei, sendo um preceito linguístico, poder gerar
interpretações diversas atendendo à subjetividade do juiz e aplicador da lei); A L2 entra em
vigor em 28/02/2024 fixando a interpretação da lei anterior.

 A lei interpretativa integra-se na lei interpretada – significa que a partir do momento em


que a lei interpretativa entra em vigor, se deve considerar que o sentido da lei interpretada é,
desde sempre, o fixado pela lei interpretativa. Há, desta forma, retroatividade da lei
interpretativa – “retroatividade agravada”.

 A existência de retroatividade da lei interpretativa implica a análise das proibições de


retroatividade da lei antiga.

 A lei interpretativa só é permitida se possuir o mesmo ou superior grau hierárquico – não é


possível, constitucionalmente, a interpretação de um decreto de lei por parte de uma portaria
– a lei interpretativa supõe que se trata de lei de igual ou superior grau hierárquico da lei
interpretada. Se uma lei remeter a interpretação dos seus preceitos para uma portaria então
há inconstitucionalidade.

 As leis interpretativas fixam o sentido juridicamente vinculativo para a lei cuja aplicação
suscitou controvérsia – não sempre de toda a lei anterior, na medida em que se a lei tiver, por
exemplo, 100 artigos e apenas 1 suscitar controvérsia, a lei interpretativa apenas estabelece o
sentido relativamente a este preceito. A lei interpretativa tem um escopo de fixação do sentido
de lei antiga – não se tratando de fixar um regime jurídico novo que substitua o regime fixado
pela lei anterior.

05/03/2024

Estudo do método jurídico

Mesma na ausência da objetividade típica, o Direito aspira ao caráter científico, isto é, é


possível fundamentar a decisão/solução jurídica e apresentá-la de modo que a mesma se
afigure correta. O Direito tem a aspiração de que cada decisão judicial seja correta em relação
ao Direito vigente.

Entre a hermenêutica e a teoria da argumentação encontra-se o núcleo do método jurídico,


que permite distinguir os juristas e os outros cientistas de outras áreas do conhecimento.
O Direito é uma ciência prática, que visa a resolução de casos concretos. Sendo que se ensina
o Direito na perspetiva da decisão do caso, isto é, o nosso paradigma de ensino e avaliação é o
modelo do juiz: ensina-se os alunos a serem capazes de dizer o Direito.

O estudo do método jurídico é orientado para encontrar a solução do caso concreto.

O estudo das fontes do Direito permite conhecer o seu sistema

Princípios gerais do Direito – não há princípios validos numa ordem jurídica que não assentem
nas fontes que essa ordem jurídica adota – positivismo (prof.JAV)

Positivismo –

Jusnaturalismo –

Difentes ordens jurídicas podem ter diferentes fontes de Direito: atende-se ao caso da família
de common law e os sistemas da família romano-germânico. Um apoia-se sobretudo na lei –
lógica de criação voluntária de Direito através da atuação do poder legislativo em
conformidade com a lei; e o outro apoia-se sobretudo na jurisprudência.

As grandes famílias de Direito,

Fundamentos em que assentam., verificamos que a FRG se apoia sobreyudo em fontes


voluntários do Direito que predeterminam esse mesmo Direito, hgá outra que assenta a sua
tradição noi cultivo e captação do Direito através da resolução do caso.

FRG – Parte-se do geral para o particupar na resolução do caso – procura-se, aquando da


resolução do caso, encontrar os critérios normativos fixados nas fontes, que permitam a
resolução do caso - opração dedutiva

CL – Parte-se do caso concreto para o critério normativo – raciocínio indutivo

O sistema de fontes vai se repercutir no próprio método de captação do Direito para a


resolução do caso concreto

Parte da existência previa de fontes de Direito que consagram norma jurídicas – lógica indutiva.

São as normas jurídicas que consagram os critérios de solução dos casos concretos, e portanto
no sistema de BRG,

Vá buscar as que constam das fontes de Direito

A lei a determinar o valor relativo das fontes – podem existir outras fontes, autorizadas pela lei,
nomeadamente a Constituição, podem vigorar numa ordem júrica.
Princípio geral de vinculação do juíz à lei – Normas que regulem o exercício do poder judicial
que os juiz são indepentes e apenas estão sujeitos à lei – independência do poder judicial face
ao poder legislativo e vinculação do pider judicial ao Direito criado pela ação legislativa

A lógica da vinculação dos juízes à leia assenta nesta ideia de deudtivismo que está na nossa
tradição jurídica – o juiz resolve o caso concreto atendendo aos critérios normativos fixados
pelo legislador.

Goste ou não da resolução consagrada, o juíz não pide deixar de a aplicar.

O juiz encontra nas fontes em vigor a norma/normas jurídicas que lhe permitiram resolver o
caso – dentro do raciocínio dedutivo em que se parte do critério normativo, geral e abstrato,
para o caso.

A resolução do caso, correspondendo ao critério normativo, não vincula para o futuro – a


solução normativa está na fonte e não na própria decisão judicial. O caráter normativo está no
conteúdo normativo que a fonte de Direito consagra.

É suposto que a lei fundamente a decisão judicial, não a própria decisão judicial em si. A
própria vinculação do juiz à lei fixa uma ideia de subordinação do poder judicial ao poder
legislativo. Os tribunais, não eleitos, estão subordinados às normas jurídicas, pelo exercício da
função legislativa, pelos órgãos que têm tal competência: AR GOV ARL (têm legitimidade
democrática) de acordo com as normas constitucionais.

Primazia do exercício da função legislativa

Dentro deste quadro, a atividade judicial na resolução de casos tem que perscrutar o sentido
da fonte para chegar às normas jurídicas que permitem, quando aplicadas, a resolução do caso
concreto.

A compreensão do sentido de que uma fonte de Direito é portadora. A ciência de compreender


o Direito assenta em larga parte na interpretação. Só somos capazes de aceder ao conteúdo
normativo da fonte quando a interpretamos.

O paradigma do juiz leva a que consideremos a interpretação juridicamente relevante aquelas


realizadas pelos tribunais.

A distinção entre proposição jurídica e norma jurídica – quando abrimos o CC, vemos vários
artigos (que não são propriamente normas jurídicas, visto que estes podem oferecer uma,
várias, parte ou até nenhuma norma jurídica) - Definições legais não têm valor normativo.
O conteúdo normativo das fontes de Direito é revelado através de uma atividade intelectual de
interpretação. A hermêutica jurídica assenta numa teoria interpretativa das fontes de Direito.

As fontes de Direito são o resultado de elaboração humana, sendo que também a atividade
interpretativa é humana. Assim como há limites à capacidade humana de se expressar,
também na atividade interpretativa vai-se espelhar a subjetividade e formação jurídica do
intérprete.

A subjetividade pode levar a uma pluralidade de sentidos, o que dá origem a


desentendimentos e contradições entre tribunais relativamente ao sentido correto das fontes
– daí o facto de existirem casos concretos semelhantes que não possuem decisões,
relativamente à sua resolução, iguais ou semelhantes.

A decisão jurídica é uma decisão humana e, por outro lado, o enunciado jurídico da fonte é,
também, o resultado da ação humana, o que leva a uma controvérsia relativamente ao sentido
correto da fonte – parte frágil do Direito – impossibilidade de eliminar parte subjetiva da
decisão judicial, que possibilite os tribunais chegar a uma interp+retação semelhgante da fonte
– discordâmncia que os autores têm das várias escolas relativamente ao próprio método.

Controvérsia na doutrina e nos tribunais

A própria interpretação judicia pide estar diga a fins diversos consoante os prismas.

O método para ser eficaz, suporia uma imposição do legislador – muito raramente o legislador
das várias OJ consagra nalgum dos principais dos seus instrumentos normativos disposições
sobre a interpretação jurídica.

Diferentemente, o legislador português fixou preceitos relativamente à interpretação no art.9.º


(10.º e 11.º) do Código Civil.

O art.9.º - verdadeiramente nunca impõe nenhuma das teorias de interpretação ao intérprete


– não é suficiente para eliminar a controvérsia - Temos um processo interpretativo que tem
alguma regulação e que retira alguma liberdade interpretativa.

Parlamento eleito e Governo assente num Parlamento eleito – a atividade judicial está
subordinada à produção legislativa.

Os juízes estão vinculados à lei.


07/03/2024

Bibliografia

 LARENZ, KARL, Metodologia da Ciência do Direito (trad. port., Lisboa: Fundação


Calouste Gulbenkian 1997) – Páginas relativas à Interpretação;
 ENGISCH, KARL, Introdução ao Pensamento Jurídico (trad. port., Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian 2008) – Autor subjetivista;
 CANARIS, CLAUS WILHELM, Pensamento sistemático E Conceito de Sistema Na Ciência
Do Direito, 3.ª ed. (trad. Port.Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian 2002);
 Anotações aos art.9.º e 10.º CC – Menezes Cordeiro.

MÉTODO JURÍDICO

O método jurídico é, no seu núcleo, a hermenêutica jurídica - orientação à compreensão do


direito. Para se resolver casos concretos, temos de partir das fontes de Direito.

Tendo em conta que partimos de uma lógica de vinculação do intérprete ao direito que
consta das fontes, temos de retirar esse Direito para o caso. Há determinadas características
que o caso apotra que tornam esta operação relativamente acidentada, em que o intérprete
acaba por ter um papel especial.

Quando temos um caso, o 1º aspeto que nos importa perceber quando o s factos do caso estão
assentes é perceber que critérios as fontes contém. De forma a saber as normas jurídicas
aplicáveis ao caso concreto temos de recorrer a uma atividade de compreensão e interpretação
das fontes de Direito, que partindo do paradigma atual da lei, estas são enunciados escritos.

Um caso tem normalmente pontos de contacto com vários regimes jurídicos dentro da OJ
PORTUGUESA, pelo que a operação de interpretação é muitas vezes de vários textos legais
simultaneamente. Na operação de saber qual o Direito aplicável, o intérprete tem de
questionar as fontes de Direito em vigor de forma a saber quais as normas aplicáveis à
resolução do caso concreto.

Através da atividade de compreensão levada a cabo sobre as fontes se chegue às normas


jurídicas aplicáveis ao caso concreto. As fontes de Direito distinguem-se das normas jurídicas: a
F é a origem das regras jurídicas, as RJ são o conteúdo da F – os intérpretes só sabem quais a NJ
de que a F é portadora através da interpretação.
A Interpretação é a operação de compreensão do Direito que nos dá as normas jurídicas que o
sistema contém. Só sabemos qual o conteúdo normativo de uma fonte de Direito depois de
levar a cabo a atividade interpretativa dessas fonte de Direito.

A norma jurídica é o resultado da interpretação levada a cabo sobre a fonte de Direito (a lei, os
usos, as normas corporativas, etc. ).

É a interpretação que revela o Direito sob a forma de normas jurídicas. Antes da interpretação
apenas há enunciados linguísticos cujo conteúdo é aferido através da compreensão da fonte.

Na grande maioria das situações a interpretação tem de ponderar mais para além do sentido
literal imediato da fonte de Direito.

Quando a lei é claro, não carece de interpretação – O intérprete deve abster-se da atividade
interpretativa porque a fonte em si é clara de forma a revelar a norma jurídica.

Toda a fonte de Direito, por mais simples que seja a sua formulação, carece de interpretação. A
interpretação como operação jurídica é sempre necessária.

A atividade do intérprete é sempre interpretativa, de forma a captar o sentiudo de que a FD é


portadora – normas jurídicas – critério de decisão de casos concretos.

O legislador fornece o enunciado normativo – que forneve normas jurídicas, que são reveladas
através da interpretação. O apuramento da NJ faz-se, sempre, através da interpretação da
Fonte de Direito – operaç~´ao necessária na fixação do conteúdo normativo da fonte de
Direito.

As fontes contém enunciados normativos, mas as normas propriamente ditas são apuradas a
partir da interpretação das FD.

A finalidade da interpretação:

Em sentido técnico, é retirar a regra jurídica da fonte – revelar a NJ que são conteúdo dela
identificar as NJ e apresenta-la:

Quando se busca a NJ qual é o sentido dessa busca? A afirmação de uma Nj como conteúdo da
fonte é feita de baixo de que fim?

Se o fim da Atividade Interpretativa corresponde à vontade do legislador – Teoria subjetivista


que defende que o intérprete ao perscrutar o sentido da FD revelando-o deve faze
corresponder esse sentido à vontade do legislador que criou a lei.

Uma fonte de Direito pode ter mais do que um sentido diferente pelo que quando se faz a
interpretação de um preceito, busca-se o sentido desse preceito – a formulação linguística
dada pelo legislador ao preceito leva a considerar a semântica e a sintaxe da língua portuguesa
– chega-se a sentidos que não são coincidentes.

Conferem ao inteprrte um critério para selemcionar dentor dos sentidos possíveis aquele que
deve cokrrepsonder aosentido correto da fonte – que deve ser apresentado como norma
jurídica contida na fonte - TEORIA OBJETIVA

Quando uma lei entra em vigor está num contexto de múltiplas fontes de Direito – relaciona-se
com as outras leis presentes no ordenamento jurídico.

Por exemplo, uma lei sobre o arrendamento relaciona-se com a Cosntituição e o C.

Devemos perguntar se o sentido extraído por via da interpretação é aquele que está em
conformidade com o sentido das outros fontes de Direito. Se há dois sentidos possíveis para
uma lei, sendo que um deles torna uma lei inconstitucional –

É muito comum, uma fonte, uma vez entrada em vigor e posta em contacto com outras fontes
presentes no OJ, ganhar ums entido diferente daquele previsto pelo legislador – Argumento
sistemático da interpretação

Deve prevalecer o sentido concordante com a vontade do legislador –

Quando uma lei entra em vigor,

O legislador legisla para as circunstâncias que conhece – a sociedade está em constante


mutação – pelo que a evolução da sociedade, marcada por outros instrumentos normativos
pode levar que o sentido atual de uma FD seja diferente daquele que ela tinha aquando da sua
aprovação – que sentido deve ser aplicado?

As normas corporativas são fontes de direito mas as atualmente fixadas no CC não são aquelas
que o legislador tinha em vista aquando da aprovação do CC em 66.

O art.2.º CC, na referência às NC, podia ter sido revogado à semelhança do regime corporativo,
no entanto, até hoje ela ainda não foi revogado – no entanto, o sentido com que ela vale hoje,
imposto pela evolução social ao tempo de que a lei é interpretado, é diferente daquele que foi
previsto pelo legislador de 66.

Isto é tarefa interpretativa – a tarefa i

Revela mais do que um sentido possível para a fonte, e como uma FD só pode ter um sentido
correto (opinião de JAV), não se pode afirmar que todos os sentidos valem como regra jurídico,
podendo estes ser incompatíveis – há uma escolha de um sentido a meio de várias outros
sentidos.

O normal em Direito é o confronto de mais de sentido possível de interpretação – daí a


divergência doutrinária e interpretativa – tome-se, como exemplo, o art.12.º, n.º2 CC – OA e
MT fazem interpretações diferentes deste artigo.
Na jurisprudência é possível encontrar decisões contraditórias relativamente à mesma questão
de Direito – daí o mecanismo de uniformização de Direito (que não é fonte de Direito).

A existência de casos julgados em sentido diferente mostra que a controvérsia interpretativa


existe – fragilidade do método interpretativo e jurídico – inexistência de um método jurídico
unitário. Os destinatários do Direito nunca sabem muito bem com o que contar – incerteza e
insegurança relativamente ao Direito. O método jurídico não permite sempre uma resolução
única da tarefa interpretativa – a controvérsia a nível da interpretação está sempre subjacente
à tarefa do jurista.

DOUTRINAS

Quando o intérprete procura a NJ de que a FD é portadora para resolver o caso concreto;

Se a FD apresenta mais do que um sentido – qual deve o aplicador abraçar?

Objetivismo

Subjetivismo

Historicismo

Atualismo

sentido conforme a vontade do legislador histórico A fonte, uma vez aprovada, ganha um
sentido autónomo no sistema de fontes e destaca-se da vontade do legisaldro histórico, sendo
portanto procura pelo interpret náo o sentudo que corresponde à vontade regulador do
legisladfor que produziu a lei mas sim o sentido que a FD possui no contexto do ordenamento
jurídico

Teleologia reguladora da Lei que pide apontar para um entuido diverso daquele que o
legisladro quis consagrar

A lei integra-se no sistema apartir do momento em que entra em vigor, pelo que a sua
interpreyação se faz à luz da própria mas também à luz das outros FD do OJ.

AULA DE 19/03/2024

 Kaufmann – Filosofia do Direito – Elemento literal da interpretação.

A interpretação jurídica está sujeita a cânones de interpretação – aspetos linguísticos


A circunstância de a principal fonte de Direito atualmente ser a lei – leva à existência de textos
escritos, que são numa determinada língua pelo que temos de conhecer as regras de sintaxe
para captar.

As leis exprimem uma linguagem que é a língua do Direito.

Há significações que a palavras adquirem em Direito que são diferentes da sua aceção
corrente. Os elementos literais

Conhecimento da linguagem jurídica em que as fontes se exprimem e que não é


necessariamente igual à aceção corrente semântica. Por exemplo: a coisa futura, em Direito,
corresponde àquela a que um disponente não tem direito ao momento do negócio. Por sua
vez, a coisa futura sai da aceção corrente para exprimir um conceito que também é jurídico.

A pertença, em Direito, expressa o direito de propriedade, e não a posse – ao contrário


daquilo que ocorre na vida quotidiana.

Mesmo dentro da ordem jurídica um determinado conceito pode ter uma significação diversa
consoante o contexto.

Existem regras lógicas, sendo que o pensamento é lógico e o Direito também é.

Uma afirmação ilógica não pode valer como sentido da fonte – não podemos tomar um facto
futuro como um facto que aconteceu no passado, na medida em que tal não é lógico.

4 grandes elementos de interpretação, que decorrem de uma interpretação da escolástica:

 Elemento Literal: Elemento principal da interpretação, que serve de ponto de partida e


de limite – a formação linguística da lei é uma barreira de sentido da qual não se pode
passar no ato interpretativo –
o O legislador português está vinculado no art.9.º, n.º2 CC no que toca à
atividade interpretativa – fora da letra da lei já não há interpretação mas sim
integração de lacunas ou desenvolvimento judicial da lei, que deve ser
autorizado (os tribunais não podem realizar atividades interpretativas para
além da lei, se não lhes for atribuída tal competência) – a letra da lei é,
portanto, o limite à atividade interpretativa;
o Por exemplo: no art.7.º, n.º3 CC onde se lê “lei especial”, lê-se também “lei
excecional” – isto é, no entanto, um ato de analogia e não de interpretação;
o Quando permitimos um afastamento da letra da lei, que não é consentido por
essa própria letra, permite-se que os tribunais, órgãos soberanos mas também
vinculados à lei, moldem a lei – o legislador é que tem a competência
legislativa, pelo que a atividade interpretativa, própria dos tribunais, é de
descoberta do sentido mas não de criação de sentidos, isto é, de criação de
Direito para além daquilo que surge contido na fonte.
 Elemento Histórico:
 Elemento Sistemático: Vem referido no art.9.º, n.º1 CC “unidade do sistema jurídico” –
o intérprete nunca se pode deter na letra da lei, tendo de ponderar outros elementos:
uma lei quando é aprovada e entra em vigor não vigora sozinha, mas sim no âmbito de
um ordenamento jurídico, constituído por outras imensas leis – quando vamos
interpretar uma lei a lei dentro da sua formulação pode ter um determinado sentido,
isto é, há um contexto de lei que a própria lei pode adunar para o intérprete, mas este
não pode considerar essa lei um elemento isolado no ordenamento jurídico – quando
o intérprete pondera o sentido da lei, deve ponderar outros elementos como a
Constituição e outras leis que com esta lei estejam em relação.
o Podemos encontrar deficiências de sentido ou um sentido aparente que depois
não é confirmado quando se interpreta Constituição e outros diplomas;
o A ponderação do elemento sistemático pode levar que o intérprete considere
correto não o sentido que advém da ponderação daquela lei mas sim o sentido
que advém da ponderação daquela lei com as outras fontes do ordenamento;
 Nesse sentido, deve-se atender aos sentidos à hierarquia entre as
fontes: se uma lei possui dois sentidos, sendo que um deles viabiliza
essa lei face à Constituição e o outro conduz à inconstitucionalidade,
então o legislador deve optar pelo sentido compatível com a fonte de
grau superior.
 Por outro lado, é de atender à ponderação dos lugares paralelos – o
interprete quando busca o sentido de uma fonte, deve ponderar
igualmente o sentido das fontes que regulam matéria análoga, na
medida em que a interpretação de leis que possuem um objeto similar
pode ajudar a interpretação da lei em estudo.
 As teorias objetivistas radicam em larga parte numa primazia do
elemento sistemático, relativamente ao elemento histórico – deve
prevalecer o sentido decorrente do sistema.
 ELEMENTO TELEOLÓGICO: Na busca do sentido da fonte deve atender aos fins da
fonte.
o Há quem veja os fins de uma forma mais subjetiva, atendendo à vontade do
legislador, ou de uma forma mais objetiva.
o A circunstância do momento de aplicação pode ser diferente do momento de
criação da lei – o fim que o interprete deve ponderar é aquele que existia no
momento em que a lei foi criada ou aquele que existia no momento em que a
lei foi aplicada? Verifica-se aqui uma contraposição entre objetivismo e
subjetivismo.

Ao analisar estes elementos verifica-se que, resultante do art.9.º, n.º1 CC, todos eles depõe
na atividade interpretativa. Já no que toca aos seus valores, verifica-se um problema. Cada
vertente teórica acabará por privilegiar certos elementos:

 Subjetivista historicista – elemento literal e elemento histórico;


 Objetivista – elemento teleológico e sistemático.

Uma tesoura não é, nos termos do Código Penal, uma arma, no entanto pode servir como
arma para magoar alguém.

 Independentemente de considerações teóricas, os sentidos que correm das fontes de


grau superior impõe-se sempre na atividade legislativa – se existem imensos sentidos
e apenas um dele viabiliza a lei face às fontes de grau superior então é esse que se
deve adotar.
 Quando a vontade do legislador é conhecida e permanece atual, então esta deve ser
adotada;
 Por outro lado, independentemente da vontade do legislador, assim que uma lei
entra em vigor e assume um sentido que é diferente do pretendido pelo legislador
histórico – este vai ter de conformar com o sentido que resulta da ponderação dos
restantes elementos do ordenamento jurídico – o legislador ou revoga a lei ou altera;
 Quando a vontade do legislador não é conhecida ou perdeu a atualidade, os
elementos objetivistas tendem a possuir maior relevância (tenha-se em consideração
o caso das normas corporativas, art.1.º CC).
 O elemento literal é limite de sentido – nenhum elemento pode apontar para um
sentido que a letra da lei não comporte.

Existe uma pluralidade de sentidos que a fonte poder revelar: o processo interpretativo é
controverso justamento por a lei ser escrita e por conseguinte repousar num enunciados
linguístico – há pluralidade de sentidos passíveis para a mesma lei. A controvérsia existe logo a
a partir do elemento literal e quando se acrescentam os outros elementos acabam por sugir
ainda mais sentidfos.

Mesmo quando existem possibilidadexs de sentido plurais., há uma só que é correta em face
ao sistema (opinião de JAV) – não se pode dizer que a lei possui imensos sentidos e que
qualquer um vale.

O intérprete tem de justificar por via da argumentação o sentido que colhe através da
interpretação. O intérprete tem de sjustificar porque razão é aquele sentido a aplicar e não o
outro. A atividade interpretativa revela-se complexa: os elementos da interpretação podem
propenciar sentidos plurais, poelo que é necessários escolher qual é que vale.

As modalidades de interpretação supõem que o sentido da lei está já fixado por via da
interpretação e vião confrontar o sentido extraído através da interpretação e a moldura literal
do preceito. A propósito dos resultados da interpretação, a doutrina distingue três, quanto ao
resultado.

Restritiva: O espírito da lei ficou aquém da formulação literal, pelo que a lei diz mais do que
pretendia dizer - desconsideração do elemento literal por este “dizer mais” do que aquilo que
é suposto ser digo.

Art.2.º CC – A referência às normas corporativas no C33 refere-se às normas de corporação, no


entanto, não havendo atualmente estas normas, (abolição do sistema corporativo) deve
restringir-se a moldura literal da lei de forma a fazê-lo coincidir com as normas provenientes de
outras entidades.

Declarativa: É aquela em que se diz que o sentido extraído através da interpretação coincide
com a letra da lei; aquilo que se encontra na maioria das vezes; (Opinião de JAV – temos o n.º2
do art.9.º CC que impõe ao interprete sempre um sentido que tenha na letra lei algum apoio,
pelo que a interpretação é sempre a captação do sentido da fonte tendo por base limite o
elemento literal – quando se sai das possibilidades do sentido semântico das palavras
utilizados pela interpretação faz-se criação legislativa ou interpretações expansivas – o
interprete está vinculado à lei – apresentar como resultado da interpretação e com base em
argumentação pode afirmar um sentido que não tem um mínimo de correspondência com a
intenção reguladora do legislador). (JAV – qualquer interpretação é declarativa, na medida em
que tem sempre um determinado apoopio na semântica das palavras utilizadas pelo legislador
– a interpretação é restritiva quando o alcance da letra fica idminuido face ao seu potencial
significado – a interpretação é extensiva quando se utiliza o máximo de potencial da letra da lei
– mas há sempre na letra da lei alguma correspondência.

Extensiva: A letra da lei fica aquém do sentido que a fonte pretendeu colocar-lhe e o intérprete
para respeitar a lei teria de consagrar um sentido para a interpretação para além da moldura
literal da lei.

JAV: Há quem diga que a referência a especial contém da mesma forma a excecionalidade, pelo
que no art.7.º, n.º3 CC se refe também a normas excecionais – interpretação extensiva. A
especialidade tem em direito uma significação diversa de excecionalidade pelo que se o
legislador se refere a especialidade não se refere a excecionalidade - está a ultrapassar-se o
sentido literal da lei, violando o art.9.º CC.

Não são instrumentos dos quais o interprete manipula o processo interpretativo em função da
sua conveniência, isto é, para chegarem ao sentido que querem.

Falamos em resultados da interpretação, depois de a interpretação estar concluída – o que se


pretende é mostrar o sentido que resulta do processo interpretativo face à moldura literal da
lei. Verificar como é o sentido que se encontrou por via interpretativa se molda dentro do
elemento literal – podemos concluir que este sentido fica aquém da potencialidade de sentido
da letra da lei, que coincide com a significação das palavras da lei ou que tem um sentido mais
“esticado” relativamente ao sentido da letra da lei.

O processo interpretativo tem de ter sempre acolhimento da lei – mesmo nas interpretações
restritivas ou extensivas (JAV – há sempre amparo na letra da lei, nunca uma desconsideração
face a esta).

Quando saímos da significação literal saímos da atividade interpretativa, para o


desenvolvimento do direito para além da lei. Em algumas circunstâncias o legislador pode
permitir que o interprete e aplicador faça uma determinação de determinados conceitos –
“boa-fé”, por exemplo. Aí é a própria norma que consagra o seu sentido poder ser
desenvolvido por atividade interpretativa.
O problema é quando a norma jurídica não outorga ao intérprete aplicador essa competência –
o interprete mesmo que não esteja de acordo com a solução normativa deve aplicar o sentido
apurado. A atividade interpretativa não pode ser um meio de instrumentalização do sentido da
lei em função de interesses próprios. O Direito atende a uma lógica de segurança pelo que não
pode estar à mercê da interpretação que cada um faz das suas fontes.

A doutrina a propósito da interpretação declarativa fala em interpretações restrita (JAV –


corresponde à interpretação restritiva) , lata (JAV – corresponde à interpretação extensiva) e
média.

JAV – Qualquer interpretação e apuramento de sentido que não tenha qualquer


correspondência à letra da lei é uma violação do art.9.º CC.

A atividade interpretativa define o sentido da fonte e este, uma vez confrontado com a letra da
lei, permite um uma correspondência com a letra da lei – seja uma interpretação restritiva,
declarativa ou extensiva.

INTERPRETAÇÃO CORRETIVA – é a operação em que o interprete leva a cabo um ajustamento


de sentido da lei face a uma redação que se considera inadequada.

“A norma excecional fica revogada pela norma geral posterior” – o interprete chega à
conclusão que é a norma especial – afasta o sentido fixado pela norma e fixa aquele que julga
correto.

Manipulação da atividade interpretativa – O intérprete substitui-se ao legislador, que tem


legitimidade democrática, afirmando um sentido não fixado pelo legislador – o intérprete,
parcial, apresenta um resultado da interpretação que julga correta, em detrimento daquele
que resulta da lei.

Do ponto de vista metodológico ela é proibida sendo, no entanto, bastante comum.

O espírito não corresponde à letra, avançando no sentido de um apuramento de sentido da lei


que não tem qualquer correspondência à moldura literal da fonte – o intérprete não tem
legitimidade para alterar o sentido da fonte.

A interpretação ab-rogante - Nesta interpretação o interprete não mata a norma, verifica sim
que ela está morta. Pode acontecer, em muitos raros casos, que a formação linguística não
permite evidenciar nenhuma norma. O legislador foi de tal forma inepto na redação da fonte
que não é necessário extrair nenhum sentido normativo da mesma. Trata-se de um resultado
da interpretação – constata que não consegue retirar um sentido da mesma.

A lei portuguesa fixa, no entanto, a racionalidade do legislador – art.9.º, n.º3 CC. Pelo que esta
interpretação é o último recurso do interprete – Hoje, em casos muitos residuais, pode
efetivamente afirmar-se que possa existir casos de fontes que, efetivamente, nenhuma norma
podem fixar.
02/04/2024 E 04/04/2024

MÉTODO

A interpretação das fontes é, essencial e atualmente, uma teoria da interpretação da lei.


Depois, a integração de lacunas com uma incidência na vida das ordens jurídicas e, por fim, a
aplicação da regra jurídica, que supõe, previamente, uma operação interpretação que revela a
regra. O Direito é uma ciência prática, que se estuda a partir de uma perspetiva de resolução
do caso concreto, isto é, através de uma perspetiva de juíz.

Independentemente de muitas vezes a atividade de interpretação ser levada a cabo pelo juíz
que busca a aplicação das regras jurídicas à resolução do caso concreto, a interpretação pode,
no entanto, ser uma atividade independente.

INTEGRAÇÃO DE LACUNAS

Dentro da ordem social existe uma larga parte que é juridicamente irrelevante, na medida em
que não é tocada pelo Direito. O sistema jurídico como um todo comporta solução para todo e
qualquer problema juridicamente relevante? Quando pensamos em lacuna pensamos na
ausência de uma regra jurídica para resolver um problema de Direito, isto é, juridicamente
relevante. Temos, portanto, de afastar os problemas socialmente relevantes, mas
juridicamente irrelevantes.

As grandes correntes filosóficas do séc.XIX a nível do pensamento jurídico, defendia a visão de


que o sistema jurídico é fechado e comporta a solução para todos os problemas de Direito. A
Pandectista acreditava que, através dos conceitos de maior abstração, poder-se-ia chegar à
solução de qualquer problema jurídico. Dessa forma, defendia que o sistema jurídico era
caracterizado pela sua plenitude – não comportava lacunas. Nessa medida, o sistema
desenvolvido sobretudo através da elaboração do conceito de abstração seria sempre capaz de
providenciar ao intérprete qualquer resolução para um caso da vida que lhe surgisse.

Décadas volvidas desse pensamento, os juristas reconhecem que o sistema nem sempre
comporta solução para todos os casos relevantes - a prática ensinou que há lacunas que não
são suscetíveis de resolução a partir do quadro de normas e princípios vigentes. O sistema
jurídico não é pleno, antes revela lacunas e a lacuna aparece como uma inviabilidade do
sistema jurídico relativamente a ordens sociais que são dinâmicas e que comportam
sucessivamente problemas novos para o legislador. À medida que as mudanças sociais vão
ocorrendo, o Direito enfrenta novos problemas, sendo que o Direito nem sempre tem
velocidade suficiente para antecipar a existência desses problemas, adaptando o quadro
normativo vigente às novas situações juridicamente relevantes que se impõem.

A ideia de que o sistema jurídico é fechado e comporta sempre solução para os problemas
foi, por uma grande parte dos juristas, ultrapassada. O legislador contempla, no art.10.ºCC a
possibilidade de a ordem jurídica não oferecer solução para todos os problemas – o sistema
jurídico não é fechado, mas aberto, nem pleno, mas sim possuidor de lacunas.

Do ponto de vista jurídico, para entender o conceito de “lacuna” é necessário delimitar o


espaço que o Direito não regula do espaço do espaço que é juridicamente relevante - no
espaço não regulado pelo Direito não existem lacunas. A lacuna coloca-se pelo Direito quando
o Direito fixa que existe um problema que requer uma solução mas o sistema jurídico não lhe
oferece tal regulação.

Caso omisso de regulação normativa que, segundo o Direito, deveria existir. O caso tem
relevância jurídica mas não existe para ele um quadro normativo que o regule. Trata-se de um
espaço vazio de regulação face a um caso juridicamente relevante que deve ter tal regulação.

Como saber que um caso que não tem regulação jurídica a deve ter? Atende-se ao próprio
sistema jurídico: a ordem jurídica permite às pessoas celebrarem contratos, sendo que há
figuras que emergem da prática social mas que o Direito (português) opta por não regular (fala-
se, portanto, em contratos atípicos, como, por exemplo, os contratos de franquia e de
concessão comercial) – os problemas que emergem das situações contratuais são
juridicamente relevantes, pelo que a omissão importa uma lacuna, pelo que, nesse sentido,
está sujeita ao regime das lacunas.

A norma jurídica tem uma previsão e estatuição, sendo que cada uma tem o seu campo de
aplicação quanto ao tempo, espaço, pessoas e matéria. Quando falamos em lacuna significa
que o caso concreto não possui regulação jurídica, sendo que o facto não é suscetível de ser
reconduzido a qualquer norma jurídica vigente em Portugal.

De forma a corrigir uma lacuna, pode dar-se a intervenção do poder legislativo, na medida em
que, perante a existência da lacuna, o legislador, que está vinculado, legisla sobre a matéria
omissa. Se o legislador estivesse obrigado a fornecer uma norma jurídica sempre que o caso

Criação, por via legisladtiva, da norma jurídica aplic+avel ao caso omisso.

Outra solução possível seria permitir ao juiz, aquele que é confrontado com a lacuna e tem de
resolver o caso omisso, poderia remeter para a equidade. Os tribunais não podem julgar
segundo a equidade apenas quando uma norma jurídica para ela remete – se não for esse o
caso, a equidade não é critério de intergração de lacuna.

Os processos normativos, que não surgem fixados na lei portuguesa, como os processos
individualista estão afastados,

De todo o modo, há um princípio ao qual o juíz se encontra vinculado: o princípio da não


admissão “non liquet”. Esta expressão pretende significa que perante uma lacuna um juiz não
pode renunciar à resolução do caso omisso: perante uma lacuna o tribunal continua obrigado a
resolver o caso omisso de regulação.

Seja qual for a dimensão da lacuna existente, o juiz está sempre vinculado a oferecer uma
resolução.

A ordem jurídica não lhe oferece resolução para o caso, pelo que o juiz: art.8.º CC. Perante a
lacuna o intérprete continua a estar vinculado à resolução do caso – o Direito Português impõe
uma proibição non liquet o que significa que o juíz tem de encontrar uma resolução para o
caso.
O legislador facultou critérios normativos ao intérprete, isto é, critérios que o intérprete tem
de utilizar para resolver um caso omisso, que carece de regulação normativa – integração de
lacunas, que permite colmatar a ausência de regulação de um caso juridicamente relevante. A
integração de lacuna é a operação através da qual o interprete resolve uma lacuna e com isso
soluciona o caso omisso juridicamente relevante. ART.10.º CC

O art.10.º CC comporta 2 critérios, fixados no n.º1 e no n.º3:

 Integração de lacunas por analogia: A analogia tem aqui um papel principal na Ordem
Jurídica, sendo que o raciocínio por analogia representa um raciocínio por semelhança:
trata-se de identificar normas jurídicas que regulam casos semelhantes ao caso omisso:
o Opera pela ponderação de semelhanças entre o caso omisso e as normas
jurídicas que regulam casos semelhanças, sendo certo que as semelhanças
importam igualmente diferenças – a analogia nunca significa aplicação direta
da norma jurídica, se um caso jurídico omisso se integrasse na previsão de uma
norma jurídica então não seria omisso – quando se pondera a analogia
pondera-se a resolução normativa que a OJ dispõe opara um caso semelhante
mas que não é igual e que apresenta sempre diferenças face ao caso omisso;
o O processo de pensamento analógico sublinha as semelhanças que o caso
regulado tem com o caso omisso, sendo que são essas semelhanças que
permitem ao intérprete aproveitar a regra existente para um caso existente
para um caso omisso;
 Exemplo: No Direito Comercial existem vários contratos típicos e
atípicos, sendo que o contrato de agência possui regulação em
Portugal, sendo que o seu diploma de regulação possui um artigo que
fixa a indemnização de clientela – art.33.º do DL n.º 178/86, de 3 de
julho; no contrato de concessão comercial não existe regulação pelo
que não possui este artigo, mas questiona-se a indemnização para o
concessionário, sendo um problema juridicamente relevante, e, nesse
sentido, possuindo uma lacuna – devido à similitude das situações e à
relevância jurídica das situações, opera-se um processo de analogia e
os tribunais fazem a aplicação analógica do aert.33.º ao
concessionários permitindo-lhes ter uma indemnização de clientela no
fim do contrato – integração da lacuna por via da operação analógica
do art.33.º a uma lacuna. Uma norma jurídica está predisposta a
regular uma matéria mas acaba também por regular uma outra
matéria para a qual não tem direta aplicação.
 UMA NORMA JURIDICA PARA ALÉM DO SEU PONTENCIAL DE
APLICAÇÃO DIRETA, DECORRENTE DA SUA APLICAÇÃO AO FACTO QUE
INTEGRA A SUA PRVEISÃO, PODE AINDA REGULAR CASOS QUE,
EMBORA NÃO INTEGRANTES DA SUA PREVISÃO, SÃO SEMELHANTES.

Durante algumas décadas, sobretudo no séc.XIX mas ainda nos inícios do séc.XX, acreditou-
se que o sistema jurídico era pleno e que, por conseguinte, qualquer caso juridicamente
relevante tinha resolução no âmbito do ordenamento jurídico. A prática, no entanto, mostrou
que tal não se verifica. O circunstancialismo social está sempre a evoluir e, também, a
tecnologia. Por vezes o quadro normativo em vigor não compreende solução

O Direito é criado por Homem, pelo que está fadado para o que os Homens conhecem, o que
se traduz na existência de imperfeições, nomeadamente lacunas.

O art.8.º CC proíbe a não solução do caso – o juiz tem sempre de encontrar uma solução para
o caso ainda que as fontes de Direito se revelem inadequadas.

O art.10.º CC admite a existência de casos omissos de resolução jurídica e a fixa

A integração de lacunas resulta de um processo interpretativo que falhou quanto ao seu


objeto. A lacuna só se verifica depois de devidamente interpretadas as fontes de Direito e da
verificação das normas jurídicas. A lacuna é a conclusão de um processo interpretativo que
revelta a ausência de regras aplicáveis ao caso.

O legislador fixa, no art.10.º CC, dois critérios para a integração de lacunas:

1. ANALOGIA LEGIS (ART.10.º/1 CC): A analogia é um processo de pensamento que se


processa quer ao nível da interpretação propriamente dita. Supõe a diferença existente
entre o caso omisso e o caso regulado na fonte de Direito (lei), sendo que nunca
estamos a falar da aplicação direta de um determinado preceito (se assim fosse não
era aplicação analógica). A analogia implica o reconhecimento da semelhança e da
diferença. O âmbito de aplicação da norma é dado pela sua previsão. O intérprete, por
via da interpretação, sabe quais os limites de aplicação da norma jurídica, sendo que
quando se recorre à analogia já está a sair dos limites fixados pela previsão da norma.
Movimento mental de aproximação da norma que regula um caso semelhante para o
caso omisso – propósito de desencadear a produção da estatuição para o caso análogo
ao caso omisso. A analogia consiste em aproveitar uma norma jurídica que regula um
caso diferente, mas semelhante, com o propósito de que a semelhança justifica o
tratamento jurídico análogo. O intérprete, perante a circunstância de a ordem jurídica
não lhe dar normas jurídicas que regulem o caso que pretende regular, recorre a
normas que regulem casos diferentes, mas que apresentem semelhanças
relativamente ao caso omisso, sendo que é isso que justifica que as normas que
regulam casos semelhantes, mas diferentes possam ser utilizados para regular casos
que não se enquadram na previsão da norma. Quando há uma norma que prevê um
caso análogo, essa norma pode ser aplicada ao caso omisso. A operação analógica
justifica-se unicamente pela circunstância de haver um caso omisso, isto é, pela
ausência de normas jurídicas diretamente aplicáveis ao caso.
a. Por exemplo: A lei da arbitragem não prevê o momento da notificação das
partes, e se se der o caso de o regulamento da arbitragem também não prever
essa situação, verifica-se uma lacuna. No CPC existe uma norma face a esta
matéria. Critério de decisão que falta – quando aplicamos a aplicação do
art.248.º/1 para o processo arbitral estamos a operar através da analogia e a
integrar uma lacuna. – Analogia Legis (Analogia da Lei: transposição de uma
única norma legal para o caso omisso).
b. ANALOGIA IURIS: Podem existir, não um caso semelhante, mas vários casos
semelhantes que tenham uma solução alinhada pelo mesmo critério material
de solução, pelo que, nesse sentido, a doutrina menciona outro tipo de
analogia: analogia iuris (analogia do Direito). Ideia de regulação de uma dada
matéria e quando essa ideia está com sagrada em várias normas jurídicas em
vês de uma só, fala-se em princípios. O princípio é mais amplo de que uma
única regra, pelo que pode animar regras para casos semelhantes. Se existirem
várias normas suscetíveis de analogia, o raciocínio é que essas normas
análogas são animadas por um princípio material
i. Por exemplo: Uma fundação criada para ajudar as vítimas de Sida. A
doença desaparece. O desaparecimento do fim da pessoa coletiva
implica o desaparecimento da pessoa coletiva.
ii. Opinião - JAV: Quando ainda há sentido literal possível, ainda que
mais amplo do que o sentido normal das palavras que comporta,
estamos perante uma interpretação extensiva, que é o que ocorre no
art.10.º/1. Não existe diferença entre a aplicação de uma única norma,
quando ela exista, e a possibilidade aplicação analógica de várias
regras que regulam uma mesma situação. Ideia de regulação desses
vários preceitos que coincidem numa mesma solução – em vez de uma
única norma, temos várias normas aplicáveis ao caos omisso. Trata-se
de uma diferença de grau face à analogia legis – em vez de aplicar
apenas uma norma jurídica, aplicam-se várias normas ao caso omisso.
Não estamos fora do art.10.º/1 – estamos no âmbito de uma
interpretação extensiva, que tem fundamento no elemento literal, mas
apresenta uma diferença de grau face à analogia legis. A analogia está,
portanto, presente, na sua totalidade, no art.10.º/1 CC. A analogia
enquanto critério de integração de lacunas é o principal e comporta-se
no art.10.º/1 CC tanto enquanto analogia legis como analogia iuris.
2. (10.º/3 CC): Os tribunais não têm função legislativa, apenas jurisdicional – interpretam
e aplicam o Direito legislador à resolução do caso concreto. Dessa forma, a referência a
“norma” é inequívoca, sendo que dá a ideia de que o Tribunal poderá criar uma norma
para colmatar a lacuna rebelde à analogia. A referência à norma jurídica tem dois
propósitos: excluir a equidade e encontrar um critério generalizador.
i. A equidade é o critério que permite ao tribunal ponderar a justiça do
caso concreto resolvendo-o de acordo com os parâmetros que o
tribunal entenda de justiça adequados ao caso) – não se trata de
encontrar uma solução que valha apenas para as circunstâncias
daquele caso, fazendo antes encontrar uma solução que tenha uma
potencialidade generalizadora, sendo suscetível de resolver não só o
caso omisso, mas toda uma categoria de casos com o qual o caso
omisso tenha semelhanças. Não se trata, no entanto, de uma norma
vinculativa para o futuro, nem um precedendo judiciário – a decisão
judicial que integra a lacuna vale apenas para o caso concreto – após o
processo de integração de lacuna esta continua suscetível à lacuna –
nenhuma decisão judicial vale como precedente – o tribunal recorre ao
critério legal para resolver aquele caso omisso de regulação no
ordenamento jurídico, sendo que findo o processo a lacuna
permanece no ordenamento jurídico português (enquanto as fontes
de Direito permaneçam omissas relativamente à regulação do caso
omisso).
ii. Qualquer dos dois processos não preenche a lacuna, sendo que esta
persiste enquanto o legislador não produzir uma lei relativamente à
matéria em causa. Na busca da solução para o caso omisso, não se
tendo encontrado norma ou normas para aplicar analogicamente ao
caso omisso, o legislador afasta a equidade e a necessidade de uma
solução pensada de modo a ser válida para todos a categoria de casos
em que o caso se integra, mas não apenas para as especificidades do
caso concreto.
3. Lacuna Rebelde à Analogia: Lacuna insuscetível de integração através da analogia visto
que não existe regulação do caso omisso nem de casos semelhantes - Não é possível
encontrar nem uma norma nem um conjunto de normas que possa regular, através da
operação da analogia, o caso omisso.
4. Lacuna de Colisão: pode acontecer que o legislador tenha consagrado duas normas
jurídicas que regulam a mesma matéria, mas com critérios diferentes – normas que são
contraditórias entre si. Por vezes, o intérprete é confrontado com a existência de dois
critérios contraditórios e incompatíveis de resolução do mesmo caso na mesma fonte
de lei – ambas se anulam uma à outra se outra solução não for possível.

AULA DE 11/04/2024

Quando passamos para a aplicação passamos da aplicação abstrata das fontes para a solução
dos casos. A perspetiva da aplicação já não é a compreensão da fonte mas a resolução do caso.
O prisma prático do Direito é o prisma da resolução do caso.

O papel do intérprete aplicador e a diferença entre interpretação e aplicação.

O problema da Matéria de facto ou a incidência dos factos na aplicação do Direito.

A aplicação é a solução do caso concreto segundo o Direito extraído das fontes.

O processo civil (ou penal ou administrativo) tem dois grandes temas: o tema dos factos e o
tema do Direito, propriamente dito.

A solução do caso pressupõe a fixação dos factos respetivos – o Direito aplicasse a factos.

A prova dos factos assume em qualquer processo um papel extremamente relevante, e dentro
da decisão jurídica verifica-se que a sentença, para além do relatório, apresenta duas partes: a
matéria de facto e matéria de Direito.

Na resolução das hipóteses (pequenos enunciados fáticos que esperam solução jurídica –
factos dos quais se deve rescolher os juridicamente relevantes para a solução do caso).

A atropela B na passadeira, às 8h da manhã. A tinha acordado às 6h da manhã, tinha uma


camisa amarela e tomado banho.
Será relevante p+ara a resolução do caso jurídico qual a cor da camisa de A? Ou se ele tomou o
epqueno almoço? Ou será, antes, juridicamente relevante a que velocidade ia A?

É necessário selecionar os facto que possuam relevância jurídica. No caso paradigmático do


processo civil, o juíz tem de, após os relatos das partes, selecionar, de entre os factos que as
partes carregaram para o processo, aqueles que são relevantes para a resolução do caso.

O tribunal selenciona matéria de facto que entende que as partes devem fazer prova – temas
de prova. Os temas de prova têm vfactos, sendo que todas a aplicação do Direito supõe a
seleção de factos: os factos que possibilitam a resolução do caso concreto. Diferentes factos
dão origem a diferentes resoluções.

O Direito será diferente se os factos forem diferentes. Em qualquer caso o intérprete tem de
selecionar os factos com relevância para resolver o caso. Dessa forma, em qualquer processo
há uma atividade probatória tendente a comprovar os factos.

Dificilmente, num processo, as partes apresentarão versões iguais ou, no mínimo, semelhantes,
exatamente porque diferentes factos dão origem a diferente Direito – existe uma controvérsia
relativamente aos factos.

Quando os temas de prova estão definidos há lugar ao julgamento. O julgamento é direcionado


para a prova da matéria de facto, para que o juiz seja convencido, ou não, dos factos alegados.

Em matéria de prova, a parte que invoca um direito tem que provar o facto constitutivo
respetivo. Relativamente aos factos modificativos, transmissivos e extintivos, quem prova é o
beneficiado. Ónus da Prova – aquele que pretende beneficiar de um facto tem de realizar a
atividade probatória tendente à demonstração respetiva (através dos meios de prova
admitidos pelo Direito: documentos, testemunhas, … )

A aplicação tem dois momentos indissociáveis: a matéria de facto e o Direito aplicado.

Só é possível selecionar o Direito aplicável depois de os factos estarem assentes.

Há dúvida se A morreu no seguimento de um atropelamento. Pode-se aplicar os danos


corporais ou homicídio. Como saber qual aplicar? Verificar o desfecho de A. A matéria de facto
é sempre decisiva para a solução jurídica.

A solução jurídica depende dos factos provados e dos factos não provados.

Como se procede à seleção da matéria de facto? Este processo só pode ser feito por um jurista,
ou, pelo menos, por alguém que conheça o Direito, na medida em que o conhecimento do
Direito existente é primário: num caso de atropelamento é irrelevante saber qual a cor da
camisa do atropelado. O conhecimento do direito releva para a seleção dos factos
juridicamente relevantes para a resolução do caso. A seleção dos factos faz-se com
conhecimento do Direito.

A aplicação do Direito está dependente dos factos que ficarem assentes.

A pré-compreensão: quando um caso é apresentado ao jurista, que possui uma formação, fixa-
se, de uma forma provisória, um enquadramento jurídico do caso que pode, depois, ser
alterado. É a pré-compreensão do Direito aplicável que vai permitir a seleção dos factos
juridicamente relevantes para a resolução do caso.

Os factos têm que corresponder ao quadro jurídico possível – factos sob os quais as partes têm
o ónus da prova.

Quando o juíz decide e profere a sentença, o juíz tem a matéria d efacto assente, sendo que ~
´e essa a função do julgamento (audiência probatória por excelência). Após o julgamento, o
tribunal pronuncia-se sobre a matéria de facto.

A solução do caso é a solução da hipótese de facto quer ficou provada no processo. Olhando
para o texto de uma decisão jurídica, sentença ou acórdão, verifica-se que a decisão estará
dividida entre a matéria de facto e matéria de direito, estando a matéria de facto em primeiro
lugar na medida em que esta permite definir o Direito a aplicar. Trata-se de uma solução de
matéria de facto e de matéria de Direito.

A aplicação que surge, paradigmaticamente, pelo tribunal surge sobre a matéria de facto
provada. A atividade jurídica de aplicação não incide apenas sobre o Direito, mas previamente,
como pressuposto, sobre a matéria de facto do caso.

Em Portugal temos um sistema de tribunais constituído por tribunais de 1.ª instância, tribunais
da relação e stj. O T1 e o TR tem competência relativamente à matéria de facto, sendo que o
STJ apenas decide face a matéria de direito, em sede de recurso. A matéria de facto é fixada,
portanto, pelos tribunais de 1.ª instância e pelos tribunais de 2.ªinstância – relativamente a
estes a matéria de facto é objeto de decisão judicial. Em sede de recurso para os tribunais de
2.ª instância suscita-se, por vezes, a apreciação da prova e errada fixação dos factos constante
da matéria de facto assente.

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