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Por Rachid Hassan

Aplicação da lei no tempo

1. Notas Preliminares

Como é do nosso conhecimento, a sociedade evolui dia pós dia e, deste modo,
há uma necessidade de o Direito acompanhar essa evolução, através de
normas que se enquadram a cada realidade, facto este que faz com que as leis
não sejam estáticas. Este facto obriga à consagração de regras que regulem a
sucessão legislativa, que irão nos permitir determinar qual a lei aplicável a
uma determinada situação: se é a lei antiga ou é a lei nova.

2.1. Problema da aplicação da lei no tempo

Quando uma situação definida legislativamente é alterada, por vezes, senão


mesmo frequentemente, existe a dúvida de qual a lei a utilizar se a antiga ou a
nova. A questão é: as leis são feitas para vigorar somente no futuro ou podem
agir em relação a situações passadas, ou seja, situações que se consumaram
quando a nova lei ainda não existia.

Note-se que não estamos perante um problema que o princípio da lex posterior
derrogatlegi priori permite resolver, porque em causa estão situações que,
tendo a sua origem no passado, prolongam os seus efeitos no futuro e a
entrada em vigor de uma LN deve respeitar essa continuidade. E devemos
também ter em consideração que a entrada em vigor de uma lei nova não
provoca um corte radical na continuidade da vida social. Há factos e situações
que, tendo-se verificado antes da entrada em vigor da lei nova, tendem a
continuar no futuro e a projectar-se nele.
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2.2. Soluções Face ao Problema da Aplicação da Lei no Tempo

No nosso ordenamento jurídico, o problema da aplicação da lei no tempo é


resolvido através de:

 Direito Transitório;
 Critérios próprios de certos ramos, nomeadamente direito processual,
direito penal e direito fiscal (Critérios especiais); e
 Princípio da não retroactividade das leis.

2.2.1. Direito Transitório

O direito transitório é a regulação que a própria lei nova traz para a resolução
do seu conflito com a lei antiga.

O Direito transitório pode revestir dois caracteres, designadamente:

 Formal: quando o legislador indica na lei nova se vamos aplicar a lei


antiga ou a lei nova numa determinada situação. Ou seja, limita-se a
determinar, quer nova, quer antiga, que se aplica.
 Material: quando regula directa e imediatamente a matéria,
explicitando que situações a lei nova vai regular. Portanto, aqui não se
limita apenas a fazer a remissão para a lei aplicável, mas sim estabelece
uma regulamentação própria que não coincide com a disciplina da lei
antiga ou da lei nova.

O Direito transitório, embora aparentemente perfeito para a solução do


problema da aplicação da lei no tempo, não escapa a críticas, pois alguns
autores entendem, por um lado, que o direito transitório não constitui uma
solução normal dos problemas que estão na fronteira entre a lei antiga e a Lei
nova. Não obstante mostrar o empenho do legislador na sua resolução, falta na
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maior parte das vezes e, mesmo quando existe, não deixa de ser, enquanto
direito, lacunoso; por outro lado, a solução adequada não está em multiplicar
indefinidamente as previsões particulares, mas em encontrar critérios de
solução aplicáveis à generalidade das hipóteses.

2.2.2. Critérios próprios de certos ramos do direito

 Em Direito Processual vigora o princípio de que a lei nova é de


aplicação imediata, no sentido de que, logo que entrar em vigor, a lei
nova aplica-se aos processos que estão a correr cujos tramites se devem
adaptar aos que foram agora determinados. É assim porque neste ramo
de direito vinca a presunção de que a lei nova contém critérios mais
perfeitos que os praticados até então.
 Em Direito penal vigora o princípio da aplicação da lei mais favorável
ao agente, seja ela a mais antiga ou a mais nova que entrar em vigor até
a condenação do infractor. É esta a doutrina que resulta do nº3 do art.60
da CRM.
 Em Direito Fiscal vigora igualmente o princípio da aplicação da lei
mais favorável, já não ao arguido, mas sim ao contribuinte, conforme
dispõe o nº5 do art.127 da CRM.

2.2.3. Princípio Geral

Não sendo possível resolver o problema da aplicação da lei no tempo através


do direito transitório nem dos critérios específicos de certos ramos de direito,
devemos recorrer o critério universal, ou seja, o princípio da não
retroactividade das leis, consagrado no n.º 1 do artigo 12 do CC.
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Tem alcance geral, extensivo a todos os ramos do Direito (critério universal).


O referido princípio é também considerado geral por ser aplicado quando não
existe Direito transitório e nem regras especiais aplicáveis.

Justificação: o princípio da não retroactividade da lei é fundamental para


salvaguardar a certeza e segurança do próprio Direito, caso contrário, as
expectativas dos sujeitos nas relações jurídicas poderiam ser gravemente
afectados, por um lado, e, por outro, a ausência deste princípio poderia causar
graves distúrbios nas relações sociais em virtude da instabilidade que o Direito
assim geraria. Nestes termos, o Direito como uma ordem normativa social,
deve garantir a justiça e a segurança, assegurando, deste modo, a boa
convivência na sociedade.

Cumpre agora analisarmos o artigo 12 do C. Civil.

De acordo com nº 1 do artigo acima, o princípio geral da aplicação das leis no


tempo, é o da disposição futura - não retroactividade, e de acordo com este
princípio, a lei não dispõe para o passado, ou seja, a lei não é feita para regular
factos passados, apenas regula factos que persistirem a partir da data da sua
entrada em vigor.

Ainda de acordo com o mesmo número e artigo, a retroactividade da lei é


admissível em determinadas circunstâncias, uma vez que a própria norma
refere» (…) ainda que lhe seja atribuída eficácia retroactiva (…)». Assim, a lei
age de forma retroactiva nos termos em que a mesma fixa. A retroactividade
segundo o artigo já citado, é admitida, devendo, no entanto, salvaguardar os
efeitos já produzidos pela lei antiga, e, assim sendo, os factos já passados não
ficam sujeitos à nova lei.
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Analisando o nº 2 do mesmo artigo entende-se aqui o seguinte:

 1º. Sempre que a lei nova dispuser sobre as condições de validade


formal ou material de quaisquer factos, tem-se por aplicável a lei
antiga evitando-se assim a sua reapreciação.

Exemplo 1: a LA dispunha que “ o contrato de compra e venda de imóveis só


é válido se for celebrado por escritura pública ou por documento particular
autenticado”; a LN, por sua vez, dispõe que “o contrato celebrado de compra
e venda de imóveis só é válido se for celebrado por escritura pública”. Neste
caso, os contratos que tenham sido celebrados por documento particular
autenticado, ao abrigo da LA, não se tornam inválidos com o início da
vigência da LN, pois, esta dispõe sobre uma condição de validade formal,
logo só visa os factos novos.

Exemplo 2: LA estabelecia que “ é menor quem não tiver ainda completado


18 anos de idade”. A LN estabelece que “ é menor quem não tiver ainda
completado 21 anos de idade”. Quem tiver completado os 18 anos de idade
durante a vigência de LA, mas não tiver ainda completado 21 anos de idade no
início da vigência da LN, não passa a ser legalmente considerado menor, pois
a LN dispõe sobre uma condição de validade substancial de factos jurídicos,
logo somente visa os factos novos.

 2º. Se o objecto da regulação da lei nova for o conteúdo de certa


relação jurídica, aplica-se a lei nova, quando se concluir que o
legislador pretendeu abstrair-se na nova regulação dos factos que
deram origem à relação jurídica em causa.
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 3º. Se o objecto da regulação da lei nova for o conteúdo de certa


relação jurídica, aplica-se a lei antiga, quando se concluir que o
legislador não pretendeu abstrair-se na nova regulação dos factos
que deram origem à relação jurídica em causa.

A lei não pode suscitar dúvidas quanto à sua aplicabilidade, assim, caso
aconteça, o entendimento dessa lei é que será aplicada somente para casos
novos. Nestes termos, a lei age de forma retroactiva quando esta dispuser
directamente sobre factos jurídicos já existentes, abrangendo assim estes e os
que subsistirem à data da sua entrada em vigor.

3. Graus da retroactividade

A doutrina apresenta quatro (4) graus ou tipos de retroactividade:

Retroactividade extrema ou de grau máximo: é aquela que se caracteriza


por aplicar a lei nova anulando as consequências últimas e definitivas da lei
antiga, ou seja, todas as situações definitivamente decididas segundo a lei
antiga deixam de o ser, incluindo as que já estão definitivamente fixadas e
decididas por sentença transitada em julgado ou outro título equivalente.
Portanto, a lei nova não respeita nenhum efeito do facto passado, incluindo o
caso julgado.

Este tipo de retroactividade, no nosso ordenamento jurídico, só é admitido no


âmbito do Direito Penal, pois, existe, nos termos do nº 3 do art. 59 e do nº 2 do
art. 60, todos da CRM, uma obrigação constitucional de aplicação da lei penal
mais favorável ao arguido, retroactivamente.
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Retroactividade quase extrema ou de grau intermédio: esta retroactividade


respeita ou tem por limite os casos judicialmente decididos com trânsito em
julgado. Ou seja, a LN ataca todas as situações do passado, mas salvaguarda
os efeitos já definidos por decisão judicial transitada em julgado.

Retroactividade agravada: esta retroactividade respeita os casos


judicialmente decididos com trânsito em julgado e os equiparáveis, como
naqueles em que já houve cumprimento da obrigação ou em que ocorreu
transacção, ainda que não homologada, ou seja, aplica-se a todas situações do
passado, mas salvaguarda os efeitos já definidos por decisão judicial ou título
equivalente. Dito de outro modo, neste caso, a aplicação retroactiva da lei
ressalva o caso julgado, as obrigações/deveres já cumpridos, as transacções ou
acordos ainda que não homologados e outras situações idênticas. Este tipo de
retroactividade tem a sua consagração no nº 1 d art. 13 do CC.

Retroactividade ordinária ou de grau normal: aquela em que, quando a lei


nova regula factos ou situações nascidas antes do seu início de vigência,
entende-se que já não ficam sujeitos à nova lei os factos e seus efeitos
produzidos antes da entrada em vigor da nova lei, ou seja, a lei nova respeita
todos os efeitos já produzidos ao abrigo da lei antiga pelos factos que se
destina a regular. A retroactividade ordinária constitui a regra (2ª parte do nº 1
do art. 12 d CC)
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4. Teorias sobre a retroactividade

4.1. A teoria dos direitos adquiridos

Segundo esta doutrina, defendida por Savigny e Gabba, os direito adquiridos à


sombra duma lei devem ser respeitados pelas leis posteriores. Ou seja, a lei
nova deve respeitar os direitos adquiridos, mas não as faculdades legais e as
simples expectativas.

Esta teoria foi logo criticada, primeiro, porque o Direito não deriva do seu
exercício, depois, porque nem sempre é fácil distinguir o direito subjectivo e
uma expectativa e, finalmente, porque nem todos direitos permanecem
indefinidamente sujeitos à disciplina do Direito vigente quando se
constituíram, a propriedade é, por exemplo, um direito subjectivo e não pode
ficar indiferente às leis novas.

4.2. A teoria do facto passado

Esta teoria sustenta que todo facto jurídico é regulado pela lei vigente quando
se produziu, por isso, a lei nova não deve ser retroactiva.

Aos efeitos jurídicos já consumados sob império da lei antiga, aos ainda
pendentes quando a lei nova surge e mesmo aos que não se produziram, mas
podem ocorrer como consequência mais ou menos longínqua dum facto
passado, a todos se aplica a lei antiga: a lei em vigor quando ocorreu o facto
que os produziu.

Esta teoria, pela nova formulação dada por ENNECCERUS-NIPPERDE,


defende a aplicação da lei antiga aos factos passados, mas quanto aos factos
pendentes distingue: se os seus efeitos jurídicos já se produziram antes da
entrada em vigor da lei nova, aplicar-se-á a lei antiga; se ainda não se
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produziram, aplicar-se-á a lei nova, falando-se assim, não da


retroactividade, mas de efeito imediato.

A presente teoria não escapa igualmente a crítica, pois, entende-se que pelo
facto dos efeitos jurídicos serem consequência imediata dos factos jurídicos, e,
portanto, existirem desde a sua ocorrência, mesmo que dependam também de
factos novos, se a lei nova modificar ou destruir o que já existia (antes do
início da sua vigência) será necessariamente retroactiva.

4.3. A teoria das situações jurídicas objectivas e subjectivas

Esta teoria, defendida entre outros autores Leon Duguit, procurou substituir o
conceito de direito subjectivo pelo de situação jurídica que compreende: as
situações subjectivas que são as que resultam das manifestações da vontade
dos indivíduos de harmonia com a lei, tem um conteúdo individual ou
particular, e as situações objectivas que consistem em simples poderes que a
lei atribui às pessoas em virtude da ocorrência de certos factos. As primeiras
são livremente determinadas pelos indivíduos e as segundas são
imperativamente fixadas pela lei. Assim, às situações jurídicas subjectivistas
vindas do passado dever-se-á aplicar a lei antiga e às objectivas, a lei nova.

Esta doutrina foi criticada porque nem sempre as situações jurídicas resultam
apenas da vontade dos interessados e não seria razoável aplicar-se a lei antiga
a estas situações jurídicas subjectivas e que há situações objectivas (que não
dependem da vontade de ninguém) a que seria injusto aplicar a lei nova.
Portanto, em suma, a grande crítica tem a ver com o facto de a identificação
das situações jurídicas como objectivas ou subjectivas nem sempre ser
demasiado fácil, nem muito óbvia para os cidadãos, podendo na aplicação
concreta deste critério surgirem algumas injustiças.
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4.4. A teoria das situações jurídicas de execução duradoura e de execução


instantânea

Esta teoria, que foi introduzida pelo Prof. Galvão Telles, constitui uma nova
versão dos factos passados, defende que nas situações jurídicas de execução
duradoura, que podem durar anos e até séculos, é necessário separar o passado
e o futuro; aquele pertence ao domínio da lei antiga, este ao da lei nova, ou
seja, os factos passados pertencem a lei antiga e os futuros a lei nova,
enquanto para as situações jurídicas de execução instantânea (que são aquelas
que se caracterizam pelo facto de a sua realização se esgotar em dado
momento, não se prolongando por lapso de tempo mais ou menos longo),
deve-se manter o respeito da LA.

Posição do Código Civil Moçambicano

O nosso CC consagra como princípio geral, a não retroactividade. “ A lei só


dispõe para o futuro”, estabelece o n.º 1 do artigo 2 do CC.

Depois o n.º 2 daquele artigo (inspirado na formulação que ENNECCERUS-


NIPPERDEY deram à doutrina do facto passado) distingue:

• Na 1ª parte, as condições de validade (substancial ou formal) de quaisquer


factos ou seus efeitos: aplica-se, em caso de dúvida, a lei vigente no momento
da sua ocorrência (a LA);

• Na 2ª parte, o conteúdo de certas relações jurídicas, que subsistam à data da


entrada em vigor da LN: dispõe que se aplicará a LN se abstrair dos factos que
lhes deram origem. A contrario sensu, entende-se que, se não devermos
abstrair desses factos, aplicar-se-á a lei em vigor no momento em que
ocorreram (LA).
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5. A Sucessão no tempo de leis sobre prazos

O decurso de um prazo pode ter o valor de facto constitutivo ou extintivo de


um direito e pode suceder que uma lei nova altere, aumentando ou
diminuindo, um prazo que, estando em curso, ainda não permitiu que o direito
se constituísse ou extinguisse. Por isso é necessário saber qual das leis a
aplicar, se é a lei antiga ou a nova. A solução para este problema encontra-se
plasmada no artigo 297 do Código Civil, assim:

Se a lei nova estabelecer um prazo mais curto em relação a lei antiga,


aplicar-se-á também aos prazos ainda em curso, mas o tempo só se conta
a partir da data da sua entrada em vigor. Todavia, se faltar menos tempo
para o prazo se completar segundo a lei antiga, aplicar-se-á esta.

Ex: a LA estipulava um prazo de 30 dias e a LN passa a estipular o prazo de


15 dias. Neste caso, se, à data da entrada em vigor da LN, tivessem passado 7
dias, aplicar-se-ia a LN, contando-se 15 dias após a sua entrada em vigor.
Sendo assim, no final teríamos um prazo mais curto tal como se quer, em vez
de 30 dias, passaríamos a ter 22 dias no total. Mas, se tivessem passado 23
dias, faltando, assim, menos tempo (7 dias) para prazo de 30 dias estipulado
pela LA se completar, aplicar-se-á esta (LA).

Se a lei nova fixar um prazo mais longo, aplicar-se-á igualmente aos


prazos em curso, mas computar-se-á o tempo decorrido antes.

Ex: a LA previa um prazo de 15 dias e a LN passa a prever um prazo de 30


dias. Neste caso, se à data da entrada em vigor da LN tivessem passado 7 dias
aplicar-se-ia a LN, mas contar-se-ia o tempo já passado enquanto estava ainda
em vigor a LA. Sendo assim, no final teríamos um prazo mais longo, em vez
de termos 15 dias, passaríamos a ter 7 mais 23 dias no total de 30 dias.
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6. Aplicação no Tempo das Leis Interpretativas

Como vimos, quando abordamos a matéria sobre os tipos da interpretação, a


lei interpretada e aquela que resulta do exercício da denominada interpretação
autêntica, ou seja, resulta daquelas situações em que o legislador vem, por via
legislativa, precisar ou clarificar o sentido e o alcance de uma lei anterior.

Requisitos da Lei interpretativa (LI)

Para que de lei interpretativa se possa falar, e imperioso a reunia cumulativa


dos seguintes requisitos:

A lei interpretativa (LN) deve ser sempre posterior à lei interpretada (LA);

A lei interpretativa deve interpretar a lei anterior de significado interpretativo


controverso ou incerto;

E, finalmente, a lei interpretativa não deve ser hierarquicamente inferior à lei


interpretada.

Salientar que a LI deve vir adaptar uma das orientações hermenêuticas


possíveis para a norma ambígua a interpretar, o que quer dizer que a solução
definida pela LN deve se situar no quadro normal da lei, sem violar os limites
da interpretação, que qualquer intérprete teria de tomar. Se estiver fora desse
quadro, a lei é antes inovadora e não interpretativa.

No que toca à retroactividade da lei interpretativa, o n.º1 do artigo 13 do CC


estabelece que a LN é aplicada ao passado mas tem que respeitar os efeitos já
produzidos pelo cumprimento da obrigação, por sentença passada em julgado,
por transacção, ainda que não homologada, ou por actos de análoga natureza.
Por sua vez, o n.º 2 do referido artigo estabelece: A LN se for mais favorável
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pode ser aplicada a desistência ou confissão ainda não homologadas por


tribunal.

Como se pode ver, por a LI não constitui uma nova e distinta manifestação de
vontade do legislador, o CC prevê, no seu art.13, que a LI se considera, para
efeitos da sua aplicação, integrada na lei interpretada, do que resulta o
reconhecimento de eficácia retroactiva à LI, pois a lei interpretativa é como se
ela entrasse em vigor na mesma data que entrou a lei interpretada.

O carácter interpretativo de uma lei pode resultar de uma declaração expressa


no texto da lei (em que determina que pretende interpretar a LA) ou resultar da
sua natureza, momento em que estaremos perante uma lei interpretativa tácita.
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Referências bibliográficas

1. Legislação:
 Código civil de 1966
 Constituição da República de Moçambique de 2004, revista em 2018.
2. Doutrina:
 ASCENSÃO, Oliveira, o Direito, Introdução e Teoria Geral, 13ª
Edição, Almeida, 2005;
 MACHADO, Baptista, Introdução ao Direito e ao Discurso
Legitimador, 19ª reimpressão, Almedina, 2011;
 GALVÃO, Telles Inocêncio, Introdução ao Estudo do Direito, Vol. 1,
11ª edição (reimpressão), Coimbra, 2001;
 REBELO, De Sousa Marcelo, Introdução ao Estudo do Direito, 5ª
edição, Lex, 2000.

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