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DIREITO CIVIL

LINDB III
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LINDB III

As normas de Direito Internacional Privado, arts. 7º a 19 da LINDB, têm o objetivo apenas


de identificar, diante de uma situação jurídica com conexão de uma lei brasileira e estran-
geira, qual delas será aplicada. A LINDB, portanto, apresenta critérios para que, diante de
uma situação concreta, aplique-se a lei brasileira ou estrangeira. A LINDB, no que diz res-
peito a conflitos de leis no espaço, não resolve o problema, por isso ela é denominada norma
indireta, dispondo apenas qual a lei resolverá o problema.
Esse assunto não deve ser confundido com o estudo das leis no tempo.
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Eficácia da lei no tempo (período de vida da lei – extensão) – art. 6º do Código Civil.
Relevância: direito intertemporal (há situações ou relações jurídicas que foram estabe-
lecidas sob a vigência da lei anterior, mas continuam projetando efeitos com o advento da
lei nova).

 Obs.: quando surge o problema de direito intertemporal? Há uma situação jurídica, que foi
constituída sob a vigência de uma lei anterior, mas continua produzindo efeitos sob a
vigência de uma nova lei. Aí surge o problema.
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A fim de resolver conflitos de lei no tempo, há dois pressupostos: a lei não poderá retro-
agir, razão pela qual não pode a lei nova ser aplicada a situações anteriores já devidamente
consumadas. Os fatos antigos continuam regidos pela lei anterior; a lei possui efeito imediato
para regular todas as situações e relações jurídicas a partir de sua vigência.
O artigo 6º da LINDB retrata e reproduz esses pressupostos ao dispor que a lei em vigor
(vigência) terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
e a coisa julgada.
Proibição do retrocesso: não pode uma norma retroagir a proteção dos direitos e garan-
tias sociais e fundamentais.

NORMA SOBRE A EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito ad-
quirido e a coisa julgada (os fatos ocorridos sob o império da lei antiga continuam regidos por ela).
ANOTAÇÕES

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 Obs.: a lei é irretroativa, devido à segurança jurídica.


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Lei não tem retroatividade – regra (deve ser observado pelo julgador e legislador).
Os efeitos futuros de fatos ocorridos na vigência de lei antiga também não podem ser atin-
gidos pela lei nova? (a lei nova se aplica às relações jurídica continuativas, de trato suces-
sivo?) Excepcionalmente, retroage – previsão na lei prevendo a aplicação a casos pretéritos
e desde que não ofenda ao ato perfeito, direito adquirido e coisa julgada
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 Obs.: a possibilidade de a lei nova disciplinar os efeitos futuros de relações jurídicas que
foram constituídas sob a vigência de uma anterior é o que a doutrina vem denomi-
nando de retroatividade mínima, ou seja: há uma certa retroatividade, porque, de
alguma forma, a lei nova repercute nos efeitos de um fato ou de uma relação jurídica
que foi constituída sob a vigência de uma outra lei.

Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor
deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no artigo 2.045, mas os seus efei-
tos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver
sido prevista pelas partes determinada forma de execução.
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ATO JURÍDICO PERFEITO, DIREITO ADQUIRIDO E COISA JULGADA

§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se
efetuou (reuniu todos os elementos necessários à sua formação).
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exer-
cer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida
inalterável, a arbítrio de outrem (São os direitos definitivamente incorporados ao patrimônio do
seu titular, sejam os já realizados, sejam os que simplesmente dependem de um prazo para o seu
exercício, sejam ainda os subordinados a uma condição inalterável ao arbítrio de outrem).
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.

A irretroatividade em relação ao direito adquirido, à coisa julgada e ao ato jurídica per-


feito é absoluta? Não. O STJ e o STF relativizam, com frequência, a coisa julgada nas ações
investigatórias de paternidade, que transitaram em julgado em uma época em que não existia
teste de DNA.
ANOTAÇÕES

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O caput do artigo 2.035 do Código Civil estabelece a possibilidade de uma retroatividade


justificada. De acordo com o caput, em relação a preceitos de ordem pública, principalmente
na função social do contrato e da propriedade, esses preceitos são aplicados a essas situa-
ções constituídas sob a vigência da lei anterior.
No direito adquirido, há muitas relativizações. Não há direito adquirido em face do poder
constituinte originário, quando se institui nova ordem jurídica.
A distinção entre ato jurídico perfeito e direito adquirido é que este resulta diretamente
da lei e o ato perfeito decorre da vontade, que a exterioriza de acordo com a lei. O exemplo
de ato jurídico perfeito é o contrato que, formado e consolidado sob a vigência de uma lei,
também quanto aos efeitos, não se expõem ao domínio normativo de leis supervenientes.
Por fim, coisa julgada material, com efeito negativo, torna a decisão judicial imutável, com
trânsito em julgado (artigo 505 do CPC e artigo 6, § 3º, da LINDB). É certo que, atualmente,
há certa relativização da coisa julgada, em especial quando esta for inconstitucional (RE
363.889 – STF).

A irretroatividade da lei é absoluta?

Exceção
A própria lei prevê a retroatividade (jamais se presume), mas não pode prejudicar o
ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada (seja a norma de direito público
ou privado).

RETROATIVIDADE MÍNIMA

Bernardo Gonçalves destaca os graus de retroatividade: “retroatividade de grau máximo


– a lei nova não estabelece o respeito às situações já decididas em decisões judiciais ou em
situações nas quais o direito de ação já havia caducado; retroatividade de grau médio – há
o respeito às causae finitae, mas aqueles fatos que não foram objeto de decisões judiciais,
nem cobertos por títulos, podem ser modificados pela lei nova; retroatividade de grau mínimo
– no qual há o respeito aos efeitos jurídicos já produzidos pela situação fixada anteriormente
à nova legislação”.
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O STF, no RE n. 226.855 decidiu que as leis que afetam os efeitos futuros de contratos
celebrados anteriormente são retroativas (retroatividade mínima) e, por isso, afetam os efei-
tos futuros dos fatos ocorridos sob a vigência da lei antiga que podem ser atingidos pela lei
nova (retroatividade mínima).

Contratos – retroatividade
Lei aplicável aos contratos será a do tempo de sua constituição no que diz respeito à sua
existência e validade. Quanto à eficácia, aplicam-se as normas vigentes na data de sua exe-
cução – artigo 2.035.
A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor
deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no artigo 2.045, mas os seus
efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se
houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução.

RESUMO DA EFICÁCIA DAS LEIS NO TEMPO

Pressupostos: a primeira premissa é que a lei não retroage, pois, de acordo com o artigo
6º, a lei possui eficácia imediata e disciplinará os fatos futuros que ocorrem durante sua
vigência. Excepcionalmente, a lei pode retroagir, se expressamente tiver essa previsão, caso
no qual ela deve respeitar o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido, ainda
que, hoje, esses princípios sejam flexibilizados ou relativizados. Embora irretroativa, é possí-
vel aplicar a lei nova aos efeitos jurídicos de fatos, relações ou situações que foram constru-
ídos sob a vigência da lei anterior, mas somente os efeitos jurídicos futuros, o que a doutrina
denomina de retroatividade mínima.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Daniel Eduardo Branco Carnacchioni.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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