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Aula 05
5. Direito Transitório
É o Direito intertemporal.
Lei nova pode atingir ato jurídico praticado, situação jurídica constituída ou direito adquirido no
império de lei antiga? Ela pode atingir fato pretérito, retroagir?
Retroatividade:
LINDB, art. 6º - A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada.
§1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
§2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer,
como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de
outrem.
§3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.
CF, art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Pela leitura dos dispositivos, a retroatividade da norma é admitida. Lei nova pode retroagir,
desde que não viole ato jurídico perfeito, coisa julgada e direito adquirido.
Justa: admitida. Não viola ato jurídico perfeito, coisa julgada ou direito adquirido.
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Injusta: proibida. Viola ato jurídico perfeito, coisa julgada ou direito adquirido.
O grande opositor de Gabba na discussão sobre Direito intertemporal foi Roubier, que achava
muito radical a proibição de retroatividade injusta, pois existem graus dela:
- Retroatividade injusta em grau máximo;
- Retroatividade injusta em grau médio;
- Retroatividade injusta em grau mínimo.
CC, art. 2035 - A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor
deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a
vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada
forma de execução.
Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como
os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.
Obs: o conflito de leis no tempo envolve tão somente o plano da eficácia dos atos jurídicos.
Não há qualquer tipo de discussão acerca do plano da validade dos atos jurídicos. CC, art. 2035. Às vezes o
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negócio jurídico é celebrado durante o vigor de uma lei e à frente, quando da produção de efeitos, discute-
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se algo no plano da eficácia e outra lei está regulando. Aí há choque, conflito, entre leis. Discute-se se a lei
nova será aplicada à determinada situação constituída ao tempo do vigor de lei antiga.
CC, art. 406 - Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada,
ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do
pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.
Alguns dizem que essa taxa é a SELIC e outros que é a do CTN, que é de 1% ao mês ou 12% ao
ano.
Imagine-se que seja de 12% ao ano, que é a orientação da doutrina. O STJ aplica a SELIC.
Imagine-se que o devedor ficou inadimplente por 1 mês, em agosto de 2002, não pagando as
parcelas do mútuo feneratício. No mesmo mês o banco cobrou a parcela em atraso, com juros de 0,5%.
Em 11 de janeiro de 2003 entrou em vigor o CC/2002, lei nova. O mútuo feneratício celebrado é
ato jurídico perfeito. O banco vai até o devedor e diz que a lei nova preceitua que os juros são de 1% ao
mês, cobrando a diferença de 0,5%. Se a lei nova incidir dessa forma está-se admitindo a retroatividade em
grau máximo.
Retroatividade injusta em grau máximo: lei nova atinge situação jurídica em que os efeitos já
tiveram início e fim durante o vigor de lei velha, anterior. No ex., o início dos efeitos ocorreu com a
inadimplência. Eles cessaram quando o banco cobrou e o devedor pagou, tudo durante o vigor do CC/1916.
A retroatividade em grau máximo geraria uma insegurança jurídica enorme.
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