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Direito Positivo/Direito Natural

O Direito Positivo é o conjunto de leis com existência efetiva: é o direito


inserido na sociedade, já palpável, já tangível – são as normas que estão em vigor
em Portugal e que estão expressas, por exemplo, no código penal, civil. É produto
do homem.
Todavia, há algo que está acima desta lei, algo que vai além da vontade do
homem, e isto é algo que advém da razão: Direito Natural.

Direito objetivo e Direito subjetivo

Direito objetivo – é a norma em si, norma de agir – não está ao alcance da livre
disposição do homem, apesar de ser produzida pelos órgãos competentes para a
sua elaboração.
Direito subjetivo – é a faculdade/possibilidade/liberdade de agir – está na esfera
da livre disposição do homem – não há todavia uma distinção nítida pois são as
duas faces da mesma moeda, se por um lado o direito objetivo é a norma em si, a
norma de agir, o direito subjetivo é a faculdade de agir.
Aos direitos subjetivos de cada um, opõem-se-lhe deveres ou sujeições.

Exemplo: art. 1305º CC – “O proprietário goza de modo pleno e exclusivo dos


direitos de uso, fruição e disposição das coisas que lhe pertencem, dentro dos
limites da lei e com observância das restrições por ela impostas.” A redação que
observamos do próprio artigo, a norma em si, é direito objetivo que encerra uma
possibilidade/faculdade a ser exercida pelo sujeito, SE pretender fazê-lo. Neste
caso, a norma permite que o proprietário posa usar, fruir e dispor da coisa, SE
quiser.
Art. 1600º CC - “Têm capacidade para contrair casamento todos aqueles
em quem se não verifique algum dos impedimentos...” – Direito objetivo. Assim, se
tiver capacidade, cada indivíduo contrai matrimónio SE quiser.
Art. 1698º CC – “Os esposos podem fixar livremente, em convenção
antenupcial, o regime de bens do casamento, quer escolhendo um dos regimes
previstos neste código, quer estipulando o que a esse respeito lhes aprouver,
dentro dos limites da lei.” – A norma em si é direito objetivo. Por sua vez,
subjetivamente, cada um exerce o direito de celebrar uma convenção antenupcial
SE quiser.

Leis constitucionais e leis ordinárias

Leis constitucionais ocupam o vértice na pirâmide hierárquica das leis.


Leis constitucionais:
 Constituição da República Portuguesa (CRP)
 Leis que alteram a CRP

Estas são sempre emanadas da Assembleia da República (AR).

Leis ordinárias – estão abaixo das leis constitucionais. São, então, o conjunto das
demais leis. São em maior número. Não obdecem a um processo de criação tão
complexo nem rígido como as leis constitucionais e podem ser emanadas quer pelo
Governo, A.R., ou outras entidades orgânicas como as Assembleias Legislativas
Regionais…

Processo de elaboração da lei e entrada em vigor

Dar-se-à como exemplo a lei emanada da Assembleia da República, porque é a que


obedece a um processo mais complexo:

1º Formação – A iniciativa legislativa poderá partir dos deputados ou grupos


parlamentares, caso em que se designa projeto de lei, ou poderá surgir do próprio
governo, caso em que se designa proposta de lei (em conformidade com os arts.
167º/1, 156º al. b), 180º/1 al. g), 197º/1 al. d), todos da CRP). No caso das
Assembleias Legislativas Regionais designa-se proposta de Lei (arts. 227º/1 al. f) e
232º, ambos da CRP). Também aos cidadãos eleitores é reconhecido esse direito
nos termos da Lei 17/2003, de 4 de junho (projeto de lei).
Posto este momento, a lei é discutida e aprovada (art. 168º CRP) – na generalidade
(em plenário) e na especialidade (comissão competente em razão da matéria).

2º Promulgação – o ato pelo qual o Presidente da República atesta a existência da


lei e ordena que ela se execute (arts. 134º al b) e 136º da CRP) – é um ato solene.
Todavia, pode o Presidente da República vetar caso discorde do conteúdo da
mesma ou no caso de lhe suscitar dúvidas, designadamente no que se refere à
legalidade das normas do diploma em causa. Como referimos, sendo condição da
existência da lei, a ausência de promulgação tem como consequência a inexistência
da lei.
Após este momento, o diploma é enviado para publicação em Diário da República
(DR).

3º Publicação – meio de levar a lei ao conhecimento geral dos indivíduos (art. 5º


CC e 119º/1 al.c) da CRP). Se a mesma não foi publicada, apesar de existente, ela é
ineficaz (art. 119º/2 da CRP).

4º Entrada em vigor.

Como referimos supra, a lei antes de publicada já tem existência jurídica,


mas ainda não tem valor prático, logo a eficácia depende de dupla condição:
publicação em jornal oficial (DR) e respeito pela vacatio legis – período que medeia
a publicação e a entrada em vigor (art. 5º cc).
Para a questão dos prazos de vacatio legis é importante conhecer a Lei 74/98, de
11 de Novembro (com as devidas alterações), principalmente os arts. 1º e 2º +
279º cc. Repita-se que, nesta lei, constam os prazos de vacatio legis no entanto, a
própria lei em causa pode estipular o prazo que tem de se respeitar desde a
publicação até à entrada em vigor, ou seja , a própria lei pode dispor de prazos
diferentes dos que constam nesta lei (alargar ou encurtar o prazo, mas neste
último caso terá de ser em virtude de especial urgência e nunca entrará em vigor
no próprio dia da publicação).
Existe o princípio segundo o qual, o “desconhecimento da lei não aproveita
a ninguém”, ou seja, não pode ser usado como desculpa este argumento, pois
presume-se que cada cidadão conhece a lei a partir da sua publicação e entrada em
vigor.

Invalidades dos atos jurídicos

 Inexistência – vício mais grave por falta de enquadramento da


situação no âmbito de alguma norma. Envolve sempre um
juízo de ilegalidade.
 Invalidade o ato existe mas padece de algum defeito ou vício,
existem duas modalidades:
1. nulidade: o ato não produz qualquer efeito. Tem em
vista proteger interesses públicos, por isso não há prazo de arguição.
Por sua vez, a legitimidade para o fazer não se cinge somente aos
interessados directos. O próprio art.286º cc refere estes fatos: “…é
invocável a todo o tempo, por qualquer interessado e pode ser
declarada oficiosamente…”
2. anulabilidade: o ato produz alguns efeitos mas muito
precários. Pode até vir a tornar-se válido. Tem em vista a tutela de
interesses de particulares, logo, só pode ser arguido pelas partes
interessadas e não pelo tribunal .
 Ineficácia (em sentido restrito): o ato não padece, perante a
lei, de nenhum vício específico, mas é ineficaz em virtude de
algum acontecimento exterior ao ato. Por exemplo uma
condição suspensiva ou resolutiva.
EX:Um terreno a B , sob a condição de se construir uma auto
estrada próximo dentro de 2 anos , esta compra só produz
efeitos se a construção da auto estrada se verificar, caso
contrário é ineficaz- condição suspensiva.
!!!Quer invalidade, quer inexistência supõem sempre uma ilegalidade do ato, ao
passo que a ineficácia não.
Assim, revertendo para as Leis – Quais os seus vícios?
- Ilegalidade em virtude de uma desconformidade com normas jurídicas
superiores (às quais devem obediência):
 Inconstitucionalidade em virtude de violar uma disposição
constitucional.
 Ilegalidade pura: desconformidade das leis ordinárias em
relação a outras leis ordinárias de superior grau hierárquico.
Consequências:

Inexistência ou nulidade (por desconformidade com leis de hierarquia


superior). Neste contexto não há vício da anulabilidade.
Ineficácia – não foram publicadas no D.R. (artº 119º/2 cc e DL 74/98 de 11
de Novembro).

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