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Universidade Cruzeiro do Sul

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Cordialmente,
IES.
Disciplina: Direito Constitucional III
Prof.a Me. Marize Reis
Unidade III – Controle de Constitucionalidade

1. Definição de Controle de Constitucionalidade.

2. Inconstitucionalidade por Ação e por Omissão.

3. Inconstitucionalidade Material e Formal.

4. Momentos do Controle.

5. Sistemas e vias de Controle Judicial.

6. Ações de Controle de Constitucionalidades: ADI Genérica, ADI Interventiva, ADC, ADO,


ADPF.
1. Definição de Controle de Constitucionalidade

O legislador constituinte originário criou mecanismos por meio dos quais se controlam os atos
normativos, verificando sua adequação aos preceitos previstos na Constituição.

O sistema de Controle da Constitucionalidade tem como pressuposto que a Constituição é a norma


mais importante de um país e por isso deve ter protegidos sua supremacia e os direitos e garantias dela
decorrentes.

Conceito:
“É o exame de adequação das normas à Constituição, do ponto de vista material ou
formal, de maneira a oferecer harmonia e unidade a todo o sistema”.
Celso Spitzcovsky e Leda Pereira Mota

O sistema decorre do Princípio da Compatibilidade Vertical, segundo o qual a validade da norma


inferior depende de sua compatibilidade com a Constituição Federal.
2. Inconstitucionalidade por Ação e por Omissão.

A inconstitucionalidade pode apresentar-se sobre duas espécie:

a) Inconstitucionalidade por Omissão (negativa): decorre da inércia legislativa na regulamentação de


normas constitucionais de eficácia limitada.

b) Inconstitucionalidade por Ação (positiva ou por atuação): decorre de uma atividade normativa, da
elaboração de uma norma infraconstitucional incompatível com a norma superior.

3. Inconstitucionalidade Material e Formal.

A inconstitucionalidade por ação pode se apresentar das seguintes formas:

c) Material: verifica-se quando a lei ou ato normativo afronta qualquer preceito ou princípio constitucional.
Diz respeito à matéria, ao conteúdo abordado na norma.

d) Formal: verifica-se quando a lei ou ato normativo infraconstitucional contiver algum vício em seu
processo de formação.
4. Momentos do Controle.

O Controle de constitucionalidade pode e deve ser aplicado em dois momentos:

a) Controle Prévio ou Preventivo: é aquele realizado durante o processo legislativo de formação do ato
normativo.

É realizado pelo Poder Legislativo, pelo Poder Executivo e pelo Poder Judiciário.

b) Controle Posterior ou Repressivo (Superveniente): é aquele realizado após o processo legislativo, sobre
a lei e não mais sobre o projeto de lei.

No Brasil, apenas o Poder Judiciário pode exercer tal função, tanto por um único órgão (Controle
Concentrado), como por qualquer juiz ou tribunal (Controle Difuso).

Assim, afirma-se que o Brasil adotou o sistema jurisdicional misto de controle de constitucionalidade,
realizado pelo Poder Judiciário de forma concentrada ou difusa.
5. Sistemas e vias de Controle Judicial.

a) Controle Difuso (Concreto, Aberto, Incidental, Via de Defesa, Via de Exceção): é aquele exercido por
qualquer juiz ou tribunal que, ao analisar um processo, pode deixar de aplicar ao caso concreto uma
determinada lei que considerar inconstitucional, de ofício ou por provocação de uma das partes.

No controle Difuso o reconhecimento da inconstitucionalidade apresenta-se como um incidente da ação


e, após resolvê-la, o juiz apreciará o pedido principal.

O efeito da declaração de Inconstitucionalidade no Controle Difuso atinge apenas as partes envolvidas no


caso concreto.

b) Controle Abstrato (Concentrado, Via de Ação): é aquele que não está relacionado a qualquer caso
concreto, sendo a norma jurídica analisada em seu contexto hipotético.

A Constituição Federal determina que o Supremo Tribunal Federal é o único órgão do judiciário capaz de
realizar o controle de inconstitucionalidade de normas federais, distritais ou estaduais perante a Constituição
Federal.

No âmbito regional, cabe aos Tribunais de Justiça declarar em ação direta quais as normas estaduais ou
municipais incompatíveis com a Constituição Estadual.
6. Ações de Controle de Constitucionalidades:

a) ADI Genérica ( Ação Direta de Inconstitucionalidade): art. 102, I, a da CF/88.

b) ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental): art. 102, § 1º da CF/88.

c) ADO (Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão): art. 103, § 2º da CF/88.

d) ADI Interventiva (Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva): art. 36, III da CF/88.

e) ADC (Ação Declaratória de Constitucionalidade): art. 102, I, a da CF/88.


a) ADI Genérica ( Ação Direta de Inconstitucionalidade): art. 102, I, a da CF/88 e Lei 9.868/99.

* Conceito: É a ação que busca o controle de constitucionalidade de ato normativo em tese, abstrato,
marcado pela generalidade, impessoalidade e abstração.

* Objeto: A lei ou o ato normativo que mostrarem incompatíveis com o sistema jurídico.

Leis são todas as espécies elencadas no art. 59 da CF/88.

Atos normativos são aqueles atos revestidos de caráter normativo.

* Competência: (Quem tem competência para processar e julgar?)

1) Lei ou ato normativo federal, estadual ou Distrital que contrariar a Constituição Federal → STF

2) Lei ou ato normativo estadual ou municipal que contrariar a Constituição Estadual → TJ do Estado

3) Lei ou ato normativo municipal que contrariar a Constituição Federal → não há controle concentrado
através de ADI, mas apenas controle difuso.
• Legitimidade Ativa: (Quem poderá propor?)

Conforme previsto no art. 103 da CF/88, são legitimados:

 O Presidente da República;
 a Mesa da Câmara dos Deputados;
 A Mesa do Senado Federal;
 a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
 o Governador de Estado ou do Distrito Federal (contra lei federal ou estadual e de outro estado desde
que prove o interesse do seu estado);
 o Procurador-Geral da República;
 o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 
 partido político com representação no Congresso Nacional; 
 Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
• Os legitimados universais (neutros) podem propor a ADI sobre qualquer assunto. São eles: o Presidente da
República, as Mesas do Senado Federal e Câmara dos Deputados, o Procurador-Geral da República, o Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e os partidos políticos com representação no Congresso Nacional com
fundamento nos incs. I, II, III, VI, VII e VIII do art. 103 da CF/88.

• Os legitimados especiais (Interessados; que possuem pertinência temática) são: as Mesas das Assembleias
Legislativas e Câmara Legislativa e Governadores de Estado e Distrito Federal, bem como as confederações sindicais
e entidades de classe de âmbito federal.
• Procedimento: (Art. 103, §§ 1.º e 3.º, nos artigos 169 a 178 do Regimento Interno do STF, e na Lei 9.868/99)

 Um dos legitimados do art. 103 da CF/88 proporá a ADI, indicando na petição inicial o dispositivo da lei ou
ato normativo impugnado e os fundamentos jurídicos do pedido, assim como o pedidos e suas
especificações.

 Recebida a petição inicial, o relator pedirá informações aos órgãos ou autoridade das quais emanou a lei ou
ato normativo, devendo tais informações serem prestadas no prazo de 30 dias após o recebimento.

 Após o prazo para fornecimento de informações, serão ouvidos, sucessivamente, devendo manifestar-se em
15 dias, cada um:

1º) o Advogado Geral da União → que deverá defender o ato impugnado.

2º) o Procurador Geral da República → que poderá emitir parecer tanto favorável, quanto desfavorável.

 Após as manifestações, o relator lançará o relatório, com cópia a todos os ministros do STF, e pedirá dia para
julgamento.
 Ocorrendo necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou de notória insuficiência
das informações existentes nos autos, poderá o relator requisitar outras, designar perito para emitir parecer
ou fixar data para audiência pública em que seroa ouvidas pessoas com experiencia e autoridade na
matéria.

 Não há prazo prescricional ou decadencial para ajuizamento de Ação Direta de Inconstitucionalidade.

 A declaração de inconstitucionalidade será proferida pelo voto da maioria absoluta dos membros do STF.

 Efeitos da decisão:

1º) Caráter dúplice ou ambivalente: Uma vez proclamada a constitucionalidade → a ADI será julgada
improcedente. No mesmo sentido, proclamada a inconstitucionalidade, a ADI será julgada procedente.

2º) Erga Omnes: Em geral, a decisão proferida no controle concentrado produzirá efeitos contra todos.

3º) Ex tunc: Os efeitos retroagirão, retirando do ordenamento jurídico o ato normativo ou a lei incompatível
com a Constituição.
4º) Vinculante: os efeitos são vinculantes em relação aos órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública
federal, estadual, municipal e distrital.
Este efeito não estendido ao Poder Legislativo, que poderá até mesmo editar nova lei em sentido
contrário da decisão proferida pelo STF.

Necessário um destaque para a excepcionalidade na produção de efeitos diante de razões de segurança


jurídica ou de excepcional interesse social, situação em que o STF poderá restringir os efeitos da declaração ou
decidir a eficácia a partir do trânsito em julgado ou a partir de outra data, por maioria qualificada de 2/3 dos
membros do STF. Desta forma, uma vez preenchidos os requisitos, poderão os Ministros, através de um quórum
qualificado de 2/3 dos Ministros, optar por efeitos:

Erga omnes.
Ex nunc ou mesmo outro momento do passado, do presente ou do futuro.

* Princípio da Parcelaridade: o STF pode julgar parcialmente precedente o pedido de declaração de


inconstitucionalidade, retirando do texto legal apenas uma palavra, uma expressão, uma frase.
b) ADPF ( Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental): art. 102, § 1º da CF/88 e Lei 9.882/99.

* Conceito: É o mecanismo especial de controle de normas que permite que sejam levados ao Supremo
Tribunal Federal a ocorrência de desrespeito às normas basilares da ordem jurídica.

* Objeto: Evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público.

* Preceito Fundamental:. “Os grandes preceitos que informam o sistema constitucional, que estabelecem
comandos basilares e imprescindíveis à defesa dos pilares da manifestação constituinte originária”. BULOS.
“Normas qualificadas, que veiculam princípios e servem de vetores de interpretação das demais
normas constitucionais, por exemplo, os “princípios fundamentais” do Título I (arts. 1º ao 4º); os integrantes
da cláusula pétrea (art. 60, § 4º); os chamados princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VII); o que
integram a enunciação dos direitos e garantias fundamentais (Título II); os princípios gerais da atividade
Econômica (art. 170), etc”. FARIA.

* Competência: Somente o STF apreciará ADPF.

• Legitimidade: aplica-se a mesma regra da ADI, conforme art. 103 da CF/88, observando a pertinência
temática diante dos legitimados especiais.
c) ADO (Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão): art. 103, § 2º da CF/88 e Lei 12.063/2009.

* Conceito: É ação constitucional que visa combater a inércia legislativa responsável pela síndrome de
inefetividade das constituições.

* Objeto: Combater a omissão inconstitucional total ou parcial, diante de normas constitucionais de eficácia
limitada, sejam de caráter institutivo ou programático.
*Nomas institutivas: arts. 17, IV; 25, § 3º, 43, §1º, I e II; 127, § 2º; 148, I e II.
*Normas programáticas: arts. 21, IX, 23, 170, 205, 211, 215, 218, 226, § 2º, etc.
* Competência: Compete ao STF processar e julgar originariamente.

* Legitimidade Ativa: aplica-se a mesma regra da ADI, conforme art. 103 da CF/88, observando a
pertinência temática diante dos legitimados especiais.

* Legitimidade Passiva: Pessoa ou órgão responsável pela não edição do ato necessário à efetividade da
norma constitucional.

* Efeitos da Decisão: 1) Caso a omissão seja de o Poder Legislativo: será dada ciência, sem fixação de prazo
para providências.
2) Caso a omissão seja de órgão administrativo: será fixado prazo de 30 dias para
suprir a omissão, ou em prazo razoável, excepcionalmente determinado pelo Tribunal.
d) ADI Interventiva (Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva): art. 36, III da CF/88
e Lei 12.562/2011.

• Conceito: É o instrumento de defesa abstrata da Constituição Federal, responsável por defender princípios
constitucionais sensíveis (art. 34, VII da CF/88).

- forma republicana, sistema representativo e regime democrático;


           - direitos da pessoa humana;
           - autonomia municipal;
           - prestação de contas da administração pública, direta e indireta;
           - aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente
de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

• Objeto: Obter pronunciamento do STF para garantir o cumprimento de princípios sensível da Constituição.

* Competência: Compete ao STF processar e julgar originariamente.

* Legitimidade Ativa: é exclusiva do Procurador-Geral da República.

* Legitimidade Passiva: Estado membro ou Distrito Federal.


e) ADC (Ação Declaratória de Constitucionalidade): art. 102, I, a da CF/88 e Lei 9.868/99.

• Conceito: É o instrumento de defesa abstrata de normas através da qual se pretende o reconhecimento


expresso do STF de que determinada lei é constitucional.

* Objeto: Lei ou ato normativo federal sobre a qual existe controvérsia judicial relevante.

* Competência: Compete ao STF processar e julgar originariamente.

* Legitimidade: aplica-se a mesma regra da ADI, conforme art. 103 da CF/88, observando a pertinência
temática diante dos legitimados especiais

• Efeitos da decisão: ex tunc; erga omnes; vinculantes.

• Da mesma forma como se dá com a Ação Direta de Inconstitucionalidade, a jurisprudência do STF já decidiu
que a concessão de medida cautelar em ação declaratória de constitucionalidade, de maneira semelhante
ao que ocorre na ADI, tem eficácia erga omnes e efeitos vinculantes, além de efeitos ex nunc (não
retroativos). Inclusive, ficou pacificado no julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade n.º 04.

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