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SUPREMACIA

CONSTITUCIONAL

CONTROLE DE
CONSTITUCIONALIDADE
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
- Pressupostos: Rigidez Constitucional e Supremacia da Constituição.

“Controlar a constitucionalidade significa verificar a adequação


(compatibilidade) de uma lei ou de um ato normativo com a constituição,
verificando seus requisitos formais e materiais”. (MORAES, Alexandre de.
Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2018, p. 757)
- O controle de constitucionalidade é imprescindível para a garantia do
Estado Democrático de Direito e dos direitos fundamentais previstos na
Constituição Federal.
→ Quais espécies normativas estão sujeitas ao controle de
constitucionalidade?
Obs: STF - Estado de Coisas Inconstitucional (ADPF 347 - 09/09/2015 -
sistema penitenciário brasileiro)
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
→ Presunção da constitucionalidade das leis e atos advindos do Poder
Público.

→ Inconstitucionalidade formal e material:

Requisitos Formais de Constitucionalidade (refere-se ao respeito à forma


constitucional das espécies normativas):
- Subjetivos (fase introdutória do processo legislativo ou iniciativa);
- Objetivos (fase constitutiva e fase complementar do processo legislativo).

Obs: Inconstitucionalidade Orgânica.

Requisitos Materiais ou Substanciais de Constitucionalidade (refere-se ao


respeito às matérias constitucionais, mantendo-se a integridade da CF).
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
O Estado Brasileiro contempla o controle preventivo e o controle
repressivo de constitucionalidade:
Controle preventivo: pretende impedir que uma espécie normativa
inconstitucional ingresse no ordenamento jurídico brasileiro. Quem realiza?
→Poder Executivo (veto jurídico – artigo 66, § 1º da CF);
→ Poder Legislativo (Comissões de Constituição e Justiça (CCJ) ou rejeição
de projeto de lei – artigo 65 da CF);
→ Poder Judiciário (Mandado de Segurança impetrado por parlamentar com
a finalidade de coibir atos praticados no processo de aprovação de lei ou
emenda constitucional incompatíveis com disposições constitucionais que
disciplinam o processo legislativo).
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Controle repressivo: busca retirar do ordenamento jurídico a norma editada
em desrespeito à CF(ou afastar a aplicação inconstitucional da norma -
decisões interpretativas). Quem realiza?
→ Poder Judiciário: em regra, o Brasil adota o controle repressivo de
constitucionalidade judiciário, jurídico ou jurisdicional, ou seja, tal controle cabe
ao Poder Judiciário (existem os sistemas: judiciário, político e misto).

→ Poder Legislativo: excepcionalmente, apenas em duas situações, o controle


repressivo de constitucionalidade é realizado pelo Poder Legislativo (artigo 49,
V e artigo 62, § 3º da CF).

→ Chefe do Poder Executivo: possibilidade de deixar de aplicar lei


inconstitucional (há poucos precedentes na jurisprudência (STJ e STF)). Tem
prevalecido o entendimento que ele pode exercer tal prerrogativa, mas poderá
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Formas de controle repressivo realizado pelo Poder Judiciário:
O controle jurisdicional de constitucionalidade previsto na Constituição Federal
é misto, pois no Estado Brasileiro há o controle difuso e o controle
concentrado.
→Controle Difuso ou Aberto (controle por via da exceção ou defesa) -
artigo 97 da CF.
→Controle Concentrado (Abstrato) ou via de Ação Direta - STF guardião
da CF (art. 102):
- ADI - Ação Direta de Inconstitucionalidade (Genérica);
- ADC - Ação Declaratória de Constitucionalidade;
- ADO - Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão;
- ADPF - Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental;
- Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva.
CONTROLE DIFUSO
Controle Difuso ou Aberto (controle por via da exceção ou defesa) –
caracteriza-se pela permissão a todo e qualquer juiz ou tribunal realizar no
caso concreto o controle de constitucionalidade. A inconstitucionalidade da
espécie normativa não é o objeto principal da Ação. Entretanto, é arguida
incidentalmente e deverá ser analisada pelo Poder Judiciário para o deslinde
do caso concreto.
- Reconhecimento da inconstitucionalidade da espécie normativa: artigo
97 da CF: cláusula de reserva de plenário – Súmula Vinculante 10 “Viola a
cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário
de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de
lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em
parte.” (exigência de maioria absoluta da totalidade dos membros do tribunal
ou do órgão especial, sob pena de nulidade da decisão emanada do órgão
fracionário (turma, câmara ou seção)).
CONTROLE DIFUSO
- Efeitos do reconhecimento da inconstitucionalidade:
→ Para as partes envolvidas no processo em que houve a declaração de
inconstitucionalidade, o efeito é ex tunc (retroativo, desde a origem).
Obs: Modulação de efeitos (exceção) - art. 27 da Lei nº 9.868/99 (segurança
jurídica, excepcional interesse social, quórum de aprovação de ⅔ dos Ministros).

É possível afetar outras pessoas que não foram partes do processo?


- interposição de Recurso Extraordinário;
- reconhecimento da inconstitucionalidade por maioria absoluta do STF;
- comunicação da decisão ao Senado Federal (art. 52, X da CF);
- Resolução do Senado suspendendo a execução da espécie normativa declarada
inconstitucional pelo STF (se quiser, conforme decisão do STF);
- efeito erga omnes (para todos),a partir da publicação da Resolução (ex nunc).
Obs: controvérsias sobre a possibilidade de efeito ex tunc.
Ex: art. 1º, inciso V da Lei nº 8.033/90: IOF incidente sobre saques em poupança
(execução suspensa pela Resolução do Senado nº 28/2007)).
CONTROLE DIFUSO
- Abstrativização do controle difuso (Teoria da transcendência dos motivos
determinantes da sentença no controle difuso, com caráter vinculante e
erga omnes): Interpretação do artigo 52, inciso X da Constituição Federal:
o papel do Senado Federal seria apenas dar publicidade à decisão?
(mutação constitucional ou reforma do texto constitucional?).
- Precedente - ADI 3.406 e 3.470 (amianto do tipo crisotila). O STF realizou
uma mutação constitucional?
- Possibilidade de editar Súmula Vinculante sobre a matéria decidida em
sede de controle difuso, evitando a “mutação” constitucional.
CONTROLE CONCENTRADO - ADI
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) Genérica:

- Fundamento Constitucional: artigo 102, I, a – Fundamento Legal: Lei 9.868/99.

- Competência: STF
- Finalidade: controle repressivo de constitucionalidade, ou seja, retirar do
ordenamento jurídico espécies normativas inconstitucionais (afastar a aplicação
inconstitucional da norma).
- Objeto: espécies normativas federais, estaduais e distritais (no exercício da
competência legislativa estadual) contrárias à Constituição Federal; anteriores
(recepção)). Não há controle de constitucionalidade normas constitucionais originárias
por meio de ADI.
(Obs: os Tribunais de Justiça dos Estados têm competência para julgar Ação Direta de
Inconstitucionalidade de espécies normativas estaduais e municipais contrárias à
Constituição Estadual). Como se dá o controle de constitucionalidade de espécies
CONTROLE CONCENTRADO - ADI
- Legitimidade Ativa: artigo 103, I a IX da CF (legitimados neutros ou universais – incisos I,
II, III, VI, VII, VIII; legitimados interessados ou especiais – incisos IV, V e IX – pertinência
temática). Precisa de advogado (art. 133 da CF)? STF: as autoridades e entidades referidas
no art. 103, I a VII da CF têm capacidade postulatória (ADI 127, Rel. Celso de Mello, 1992).
Obs: ADI 6764/DF - Min. Marco Aurélio - autor: Presidente da República - 23/03/2021;
Viragem jurisprudencial (?).
- Efeitos da Declaração de Inconstitucionalidade - artigo 102, § 2º (EC 45/04): erga
omnes, vinculante (vincula os órgãos do Poder Judiciário, bem como a Administração
Pública Federal, Estadual, Municipal e Distrital) e, em regra, ex tunc (retroativo, desfazendo
desde a origem o ato inconstitucional, juntamente com as consequências dele derivadas).
Possibilidade de modulação dos efeitos (exceção) - art. 27 da Lei nº 9.868/99 (segurança
jurídica ou excepcional interesse social, quórum de aprovação de ⅔ dos Ministros).
Obs: Pedido de cautelar na ADI - art. 102, I, p da CF; não há aplicação do artigo 52, X da
CF; efeito dúplice ou ambivalente: julgada improcedente a ADI, será declarada a
constitucionalidade da espécie normativa em questão, que permanece no ordenamento
jurídico (a declaração tem efeitos erga omnes, vinculante e ex tunc).
CONTROLE CONCENTRADO - ADI
- Supremo Tribunal Federal: Bloco de Constitucionalidade.
→Inconstitucionalidade chapada, enlouquecida, desvairada (flagrante
inconstitucionalidade).
→Em regra, a declaração de inconstitucionalidade de uma espécie normativa enseja a
sua nulidade (o que é inconstitucional nunca deveria ter existido). Regra, efeito ex tunc
do reconhecimento da inconstitucionalidade; possibilidade excepcional de modulação
de efeitos.
→ Efeitos repristinatórios (art. 2º, § 3º da LINDB - Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro: “§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura
por ter a lei revogadora perdido a vigência.”)
→Interpretação constitucional (decisões interpretativas e técnicas interpretativas): em
algumas situações a espécie normativa poderá permanecer no ordenamento jurídico,
desde que haja interpretação compatível com o texto constitucional (Interpretação
conforme à Constituição (com redução de texto e
sem redução de texto). Princípio da Parcelaridade (redução de texto: uma palavra, uma
expressão). Obs: Declaração de Inconstitucionalidade Parcial sem redução de texto
(técnica de decisão judicial).
CONTROLE CONCENTRADO - ADI
→ Inconstitucionalidade por Arrastamento - STF - “Ocorre quando a declaração de
inconstitucionalidade de uma norma impugnada se estende aos dispositivos normativos que
apresentam com ela uma relação de conexão ou de interdependência. Nesses casos, as normas
declaradas inconstitucionais servirão de fundamento de validade para aquelas que não pertenciam
ao objeto da ação, em razão da relação de instrumentalidade entre a norma considerada principal
e a dela decorrente.”
→ Há prazo decadencial ou prescricional para arguir a inconstitucionalidade de espécie normativa?
→ Reconhecimento da Inconstitucionalidade e Coisa Julgada (art. 5º, XXXVI da CF; Ação
Rescisória - art. 966 a 975 do CPC - STF- RE 730.462/SP: “Afirma-se, portanto, como tese de
repercussão geral que a decisão do Supremo Tribunal Federal declarando a constitucionalidade ou
a inconstitucionalidade de preceito normativo não produz a automática reforma ou rescisão das
sentenças anteriores que tenham adotado entendimento diferente; para que tal ocorra, será
indispensável a interposição do recurso próprio ou, se for o caso, a propositura da ação rescisória
própria, nos termos do art. 485, V, do CPC, observado o respectivo prazo decadencial (CPC, art.
495).”
→ Reclamação - art. 102, I, l da CF: garantia da eficácia das decisões do STF em sede de
controle concentrado (ADI).
→a problemática da modulação de efeitos:
CONTROLE CONCENTRADO - ADI
→ Perda do objeto da ADI pela revogação da espécie normativa questionada:

Há jurisprudência consolidada no STF no sentido de que a revogação da norma cuja


constitucionalidade é questionada por meio de ação direta enseja a perda superveniente do
objeto da ação. Nesse sentido: ADI 709, rel. min. Paulo Brossard, DJ de 20-5-1994; ADI
1.442, rel. min. Celso de Mello, DJ de 29-4-2005; ADI 4.620 AgR, rel. min. Dias Toffoli, DJe
de 1-8-2012. Excepcionam-se desse entendimento os casos em que há indícios de fraude à
jurisdição da Corte, como, a título de ilustração, quando a norma é revogada com o propósito
de evitar a declaração da sua inconstitucionalidade. Nessa linha: ADI 3.306, rel. min. Gilmar
Mendes, DJe de 7-6-2011. Excepcionam-se, ainda, as ações diretas que tenham por objeto
leis de eficácia temporária, quando: (i) houve impugnação em tempo adequado, (ii) a ação foi
incluída em pauta e (iii) seu julgamento foi iniciado antes do exaurimento da eficácia. Nesse
sentido: ADI 5.287, rel. min. Luiz Fux, DJe de 12-9-2016; ADI 4.426, rel. min. Dias Toffoli, DJe
de 17-5-2011; ADI 3.146/DF, rel. min. Joaquim Barbosa, DJ de 19-12-2006. Com maior razão,
a prejudicialidade da ação direta também deve ser afastada nas ações cujo mérito já foi
decidido, em especial se a revogação da lei só veio a ser arguida posteriormente, em sede
de embargos de declaração.[ADI 951 ED, rel. min. Roberto Barroso, j. 27-10-2016, P, DJE de
21-6-2017.]
CONTROLE CONCENTRADO - ADC
Ação Declaratória de Constitucionalidade - ADC:
- Fundamento Constitucional: artigo 102, I, a, com redação dada pela EC 03/93
(inovação).
- Fundamento Legal: Lei nº 9.868/99.
- Competência: STF.
- Finalidade: afastar a insegurança jurídica sobre a validade de lei ou ato normativo
federal através do reconhecimento de sua constitucionalidade pelo STF.
- Objeto: espécies normativas federais, desde que estejam envolvidas em comprovada
controvérsia judicial relevante.
- Legitimidade Ativa: artigo 103, incisos I a IX da CF (A EC nº 45/04 ampliou o rol de
legitimados); (neutros ou universais – incisos I, II, III, VI, VII, VIII; interessados ou
especiais – incisos IV, V e IX – pertinência temática). STF: as autoridades e entidades
referidas no art. 103, I a VII da CF têm capacidade postulatória (ADI 127, Rel. Celso de
Mello, 1992). Obs: ADI 6764/DF - Min. Marco Aurélio - autor: Presidente da República -
23/03/2021; Viragem jurisprudencial (?).
CONTROLE CONCENTRADO - ADC
Efeitos da Declaração de Constitucionalidade - art. 102, § 2º (EC 45/04):
erga omnes, vinculante (vincula os órgãos do Poder Judiciário, bem como a
Administração Pública Federal, Estadual, Municipal e Distrital) e ex tunc.
Obs: Efeito dúplice ou ambivalente: julgada improcedente a ADC, será
declarada a inconstitucionalidade da espécie normativa em questão. A
declaração terá efeitos erga omnes, vinculante e, em regra, ex tunc
(retroativo, desfazendo desde a origem o ato inconstitucional, juntamente
com as consequências dele derivadas). Possibilidade de modulação dos
efeitos (exceção) - art. 27 da Lei nº 9.868/99 (segurança jurídica ou
excepcional interesse social, quórum de aprovação de ⅔ dos Ministros).
CONTROLE CONCENTRADO - ADC
ADC 53 movida pelo Partido Progressista - Rel. Alexandre de Moraes: dispositivo
questionado: Código Penal: Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: V - pela
PUBLICAÇÃO da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis (Redação dada pela
Lei nº 11596, de 2007). ADC - julgada extinta, sem julgamento do mérito, ausência de
comprovação da controvérsia judicial (10/08/2018): As leis e atos normativos são
presumidamente constitucionais, porém esta presunção, por ser relativa, poderá ser
afastada pelos órgãos do Poder Judiciário, por meio do controle difuso de
constitucionalidade. Neste exato ponto, situa-se a finalidade precípua da ação
declaratória de constitucionalidade: transformar a presunção relativa de
constitucionalidade em presunção absoluta, em virtude de seus efeitos vinculantes,
afastando a insegurança jurídica ou o estado de incerteza sobre a validade de lei ou ato
normativo federal, buscando preservar a ordem jurídica constitucional. O objetivo da
ação declaratória de constitucionalidade, portanto, é transferir ao SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL a decisão sobre a constitucionalidade de um dispositivo legal
federal que esteja sendo duramente atacado pelos juízes e tribunais inferiores, por meio
de controle difuso da constitucionalidade, uma vez que, declarada a constitucionalidade
CONTROLE CONCENTRADO - ADC
Dessa maneira, somente poderá ser objeto de ação declaratória de constitucionalidade
a lei ou ato normativo federal cuja comprovada controvérsia judicial, devidamente
demonstrada na petição inicial, esteja colocando em risco a presunção de
constitucionalidade do ato normativo sob exame, a fim de permitir ao Supremo Tribunal
Federal o conhecimento das alegações em favor e contra a constitucionalidade, bem
como o modo pelo qual estão sendo decididas as causas que envolvem a matéria, nos
termos do art. 14, III da Lei no 9.868/99. Na presente hipótese, a pretensão do autor é
realizar incabível consulta interpretativa envolvendo hipóteses diversas, não tendo a
petição inicial comprovada a necessária controvérsia judicial, que esteja colocando em
risco a presunção de constitucionalidade do ato normativo federal, pois não apontou
uma única decisão em que juízes ou tribunais, por meio do exercício do controle difuso
da constitucionalidade, tenham afastado a constitucionalidade do artigo 117, IV do
Código Penal.
CONTROLE CONCENTRADO - ADC
STF - ADC 41:

Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE.


RESERVA DE VAGAS PARA NEGROS EM CONCURSOS PÚBLICOS.
CONSTITUCIONALIDADE DA LEI N° 12.990/2014. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO . 1. É
constitucional a Lei n° 12.990/2014, que reserva a pessoas negras 20% das vagas
oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos
públicos no âmbito da administração pública federal direta e indireta, por três
fundamentos.
CONTROLE CONCENTRADO - ADC

ADC 43,44 e 54

PENA – EXECUÇÃO PROVISÓRIA – IMPOSSIBILIDADE – PRINCÍPIO DA NÃO


CULPABILIDADE. Surge constitucional o artigo 283 do Código de Processo Penal, a
condicionar o início do cumprimento da pena ao trânsito em julgado da sentença penal
condenatória, considerado o alcance da garantia versada no artigo 5º, inciso LVII, da
Constituição Federal, no que direciona a apurar para, selada a culpa em virtude de título
precluso na via da recorribilidade, prender, em execução da sanção, a qual não admite
forma provisória.
CONTROLE CONCENTRADO - ADI e ADC
Disposições constitucionais:

Art. 102, § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal


Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente
aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas
esferas federal, estadual e municipal. (arts. 22 e 23 da Lei nº 9.868/99)
Art. 103, § 1º O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas
ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo
Tribunal Federal. (art. 128, § 1º da CF)
Art. 103, § 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade,
em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da
União, que defenderá o ato ou texto impugnado. (art. 131 da CF)
CONTROLE CONCENTRADO - ADO
Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão - ADO:
- Fundamento Constitucional: artigo 103, § 2º da CF (inovação) – Fundamento
Legal: Lei 9.868/99 (arts. 12 A até H inseridos pela Lei nº 12.063/09).

- Competência: STF
- Finalidade: sanar a omissão do Poder Público, de cunho normativo, conferindo plena
eficácia às normas constitucionais que dependem de complementação
infraconstitucional.
-Objeto:normas constitucionais de eficácia limitada que dependem de atuação
normativa posterior para garantir a sua aplicabilidade.
Obs: inconstitucionalidade por omissão; omissão inconstitucional total (absoluta) ou
parcial (relativa) quanto ao dever de legislar ou à adoção de providência de índole
administrativa (art. 12 B da Lei nº 9.868/99); instrumento que combate a síndrome de
inefetividade das normas constitucionais; ≠ de Mandado de Injunção (art. 5º, LXXI da
CONTROLE CONCENTRADO - ADO
- Legitimidade Ativa: artigo 103, I a IX da CF (legitimados neutros ou universais –
incisos I, II, III, VI, VII, VIII; legitimados interessados ou especiais – incisos IV, V e IX –
pertinência temática). Precisa de advogado (art. 133 da CF)? STF: as autoridades e
entidades referidas no art. 103, I a VII da CF têm capacidade postulatória. (ADI 127, Rel.
Celso de Mello, 1992). Obs: ADI 6764/DF - Min. Marco Aurélio - autor: Presidente da
República - 23/03/2021; Viragem jurisprudencial (?).
- Efeitos da Declaração de Inconstitucionalidade: Art. 103, § 2º - “Declarada a
inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional,
será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e,
em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.”
Obs: art. 2º da CF e impossibilidade do Poder Judiciário legislar; órgão administrativo
(adoção de providências no prazo de 30 dias ou em prazo razoável a ser estipulado
excepcionalmente pelo STF - art. 12- H da Lei nº 9.868/99); Poder Legislativo (ciência para
adoção das providências necessárias, sem prazo preestabelecido, mas declarada a
inconstitucionalidade por omissão fixa-se judicialmente a mora, com efeitos retroativos (ex
tunc) e erga omnes, permitindo a responsabilização por perdas e danos contra a pessoa
jurídica de direito público responsável pela omissão inconstitucional,em caso de prejuízo).
CONTROLE CONCENTRADO - ADO
- possibilidade de fixação de um prazo maior do que 30 dias para o Poder Legislativo
adotar providências: STF (ADO nº 55/DF):
”Ação julgada procedente para declarar o estado de mora em que se encontra o
Congresso Nacional, a fim de que, em prazo razoável de 18 (dezoito) meses, adote
ele todas as providências legislativas necessárias ao cumprimento do dever
constitucional imposto pelo art. 18, § 4º, da Constituição, devendo ser contempladas
as situações imperfeitas decorrentes do estado de inconstitucionalidade gerado pela
omissão. Não se trata de impor um prazo para a atuação legislativa do
Congresso Nacional, mas apenas da fixação de um parâmetro temporal
razoável, tendo em vista o prazo de 24 meses determinado pelo Tribunal nas ADI n°s
2.240, 3.316, 3.489 e 3.689 para que as leis estaduais que criam municípios ou
alteram seus limites territoriais continuem vigendo, até que a lei complementar federal
seja promulgada contemplando as realidades desses municípios.”
CONTROLE CONCENTRADO - ADO
Obs: Mandado de Injunção - Posição adotada pela Lei nº 13.300/2016: regra -
posição concretista intermediária individual ou coletiva (arts. 8º e 9º); exceção -
posição concretista intermediária geral (art. 9º, § 1º).

- novas perspectivas para ADO: ADO nº 24, ADO nº 25 e ADO nº 26 - STF extrapolou
decisões meramente recomendatórias (“dar ciência”), passando a adotar posições
concretistas (intermediária e direta).

- a problemática da ADO nº 26 - art. 5º, XLI da CF - posição concretista direta, geral


e com efeito vinculante - matéria penal: art. 5º XXXIX da CF:
CONTROLE CONCENTRADO - ADO
1) DECLARAR, nos termos do § 2º, do artigo 103 da Constituição Federal, a
inconstitucionalidade por omissão do CONGRESSO NACIONAL, por
ausência de edição de lei penal incriminadora que torne efetiva a previsão
constitucional do inciso XLI do artigo 5º da Constituição Federal,
caracterizando-se, consequentemente, o estado de mora inconstitucional e
determinando que seja cientificado para a colmatação do estado de mora
constitucional.

2) VOTAR, para conceder interpretação conforme à Constituição, em


face dos artigos 1º, III, 3º, I e IV; 5º, XLI, XLII e §1º, da Constituição Federal,
à Lei nº 7.716/89, no sentido da integral aplicação de seus tipos penais às
condutas homofóbicas e transfóbicas, até que seja editada a lei penal
específica pelo Congresso Nacional. (Plenário: 13/06/2019)
CONTROLE CONCENTRADO - ADO
- possibilidade de medida cautelar (excepcional urgência e relevância da matéria e
maioria absoluta dos ministros do STF - art. 12-F da Lei 9.868/99);

- STF: pendente julgamento de ADO, se a norma constitucional que não tinha sido
regulamentada vier a ser revogada, a ação deverá ser extinta por perda do objeto,
julgando-se prejudicada;

- STF: perda do objeto da ADO pela superveniência da Lei reclamada (prejudicialidade);

- STF: perda do objeto da ADO por encaminhamento de projeto de lei sobre a matéria
(ao Congresso Nacional);

- STF: não cabimento de ADO se no momento de sua propositura o processo legislativo


já havia sido desencadeado, salvo em caso de demora na apreciação de projetos já
propostos (“conduta manifestamente negligente e desidiosa das Casas Legislativas,
colocando em risco a própria ordem constitucional”).
CONTROLE CONCENTRADO - ADPF
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental:
- Fundamento Constitucional: artigo 102, § 1º da CF, com redação dada pela EC nº
03/93 (inovação) - norma constitucional de eficácia limitada: Art. 102, § 1º” A
arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição,
será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. “
– Fundamento Legal: Lei 9.882/99

- Competência: STF
- Finalidade: proteger preceitos fundamentais. O que são preceitos fundamentais?
- Objeto:
- evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público
(arguição autônoma);
-quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato
normativo federal, estadual, municipal (e distrital), incluídos os anteriores à Constituição
(arguição incidental; necessidade de comprovação da controvérsia judicial relevante na
CONTROLE CONCENTRADO - ADPF

Constata-se que a Constituição Federal e que a Lei nº 9.882/1999, que regulamenta a


ADPF, não estabeleceram qualquer definição conceitual para a expressão “preceito
fundamental”, mas há entendimento pacificado na doutrina que nem todas as normas
constitucionais são preceitos fundamentais. Essa categoria estaria reservada a
determinadas partes de maior relevância do texto constitucional:
- Princípios Fundamentais (artigos 1º a 4º);
-Direitos e Garantias Fundamentais (artigo 5º e seguintes);
-Cláusulas Pétreas (artigo 60, § 4º);
-Princípios Constitucionais Sensíveis (artigo 34, VII).
CONTROLE CONCENTRADO - ADPF
- Legitimidade Ativa: artigo 103, I a IX da CF (legitimados neutros ou universais –
incisos I, II, III, VI, VII, VIII; legitimados interessados ou especiais – incisos IV, V e IX –
pertinência temática). Precisa de advogado (art. 133 da CF)? STF: as autoridades e
entidades referidas no art. 103, I a VII da CF têm capacidade postulatória. Obs: ADI
6764/DF - Min. Marco Aurélio - autor: Presidente da República - 23/03/2021; Viragem
jurisprudencial (?).
- Efeitos da Declaração de Inconstitucionalidade:
- a decisão sobre ADPF somente será tomada se presentes no mínimo ⅔ dos Ministros
do STF, se for caso de declaração de inconstitucionalidade do ato do Poder Público
que tenha descumprido preceito fundamental, haverá necessidade de maioria absoluta
(art. 97 da CF);
- a decisão terá eficácia contra todos - erga omnes - e efeitos vinculantes, além de
efeitos retroativos - ex tunc (possibilidade de modulação dos efeitos (exceção) -
segurança jurídica ou excepcional interesse social, quórum de aprovação de ⅔ dos
Ministros). Comunicação à autoridade ou órgãos responsáveis pela prática dos atos
questionados (fixando as condições e o modo de interpretação e aplicação do preceito
CONTROLE CONCENTRADO - ADPF
Lei nº 9.882/99 - art. 1º, parágrafo único - ADI nº 2.231 - pendente de julgamento:

-controle de constitucionalidade de ato violador de preceito fundamental editado antes


da CF de 1988 (instrumento de análise da recepção de lei ou ato normativo);

- apreciação da constitucionalidade de ato municipal violador de preceito fundamental


pelo STF (ampliação da competência constitucional da Corte Constitucional);

- possibilidade de medida liminar (art. 5º da Lei nº 9.882/99);

- caráter subsidiário - art 4º, § 1º da Lei nº 9.882/99: “Não será admitida arguição de
descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz
de sanar a lesividade.” STF: o Princípio de Subsidiariedade deve ser interpretado no
contexto da ordem constitucional global, como aquele apto a solver a controvérsia
constitucional relevante de forma ampla, geral e imediata. A existência de processos
ordinários e recursos extraordinários não deve excluir, a priori, a utilização da ADPF
(ADPF nº 33).
CONTROLE CONCENTRADO - ADPF
STF - ADPF nº 54 - 2012 (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde) -
Anencefalia:

“Os tempos atuais, realço, requerem empatia, aceitação, humanidade e solidariedade


para com essas mulheres. Pelo que ouvimos ou lemos nos depoimentos prestados na
audiência pública, somente aquela que vive tamanha situação de angústia é capaz de
mensurar o sofrimento a que se submete. Atuar com sapiência e justiça, calcados na
Constituição da República e desprovidos de qualquer dogma ou paradigma moral e
religioso, obriga-nos a garantir, sim, o direito da mulher de manifestar-se livremente,
sem o temor de tornar-se ré em eventual ação por crime de aborto. Ante o exposto,
julgo procedente o pedido formulado na inicial, para declarar a inconstitucionalidade da
interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta
tipificada nos artigos 124, 126, 128, incisos I e II, do Código Penal brasileiro.”
CONTROLE CONCENTRADO - ADPF
STF - ADPF nº 347 - 2015 - Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) - Estado de Coisas
Inconstitucional - ECI: “Sistema carcerário: estado de coisas inconstitucional e violação a
direito fundamental:
7- O Colegiado deliberou, por decisão majoritária, deferir a medida cautelar em relação ao item “b”. A Ministra
Rosa Weber acompanhou essa orientação, com a ressalva de que fossem observados os prazos fixados pelo
CNJ. Vencidos, em parte, os Ministros Roberto Barroso e Teori Zavascki, que delegavam ao CNJ a
regulamentação sobre o prazo para se realizar as audiências de custódia. O Tribunal decidiu, também por
maioria, deferir a cautelar no tocante à alínea “h”. Vencidos, em parte, os Ministros Edson Fachin, Roberto
Barroso e Rosa Weber, que fixavam o prazo de até 60 dias, a contar da publicação da decisão, para que a União
procedesse à adequação para o cumprimento do que determinado. O Plenário, também por maioria, indeferiu a
medida cautelar em relação às alíneas “a”, “c” e “d”. Vencidos os Ministros Marco Aurélio (relator), Luiz Fux,
Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski (Presidente), que a deferiam nessa parte. De igual modo indeferiu, por
decisão majoritária, a medida acauteladora em relação à alínea “e”. Vencido o Ministro Gilmar Mendes. O
Tribunal, ademais, rejeitou o pedido no tocante ao item “f”. Por fim, no que se refere à alínea “g”, o Plenário, por
maioria, julgou o pleito prejudicado. Vencidos os Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Gilmar Mendes e
Celso de Mello, que deferiam a cautelar no ponto. Por fim, o Colegiado, por maioria, acolheu proposta formulada
pelo Ministro Roberto Barroso, no sentido de que se determine à União e aos Estados-Membros, especificamente
ao Estado de São Paulo, que encaminhem à Corte informações sobre a situação prisional. Vencidos, quanto à
proposta, os Ministros relator, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Presidente.”ADPF 347 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio,
9.9.2015. (ADPF-347) - Julgamento 04/10/2023.
CONTROLE CONCENTRADO - ADI
INTERVENTIVA
Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva ou Ação Direta Interventiva:
- Fundamento Constitucional: art. 36, III da CF (EC nº 45/04)- “Art. 36. A decretação
da intervenção dependerá: III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de
representação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso
de recusa à execução de lei federal.”

Obs: Autonomia X Intervenção; Princípio da Não-Intervenção; Medida excepcional;


Intervenção Federal e Hipóteses taxativamente previstas na CF (art. 34 - Intervenção
Federal); Decretação pelo Chefe do Executivo (Decreto), respeitadas as disposições
constitucionais (procedimento).

- Fundamento Legal: Lei 12.562/2011 (Representação Interventiva)

- Competência: STF

- Legitimidade Ativa: Procurador Geral da República - art. 128, § 1º da CF - defesa do


equilíbrio federativo - (discricionariedade para a propositura).
CONTROLE CONCENTRADO - ADI
INTERVENTIVA
Princípios Sensíveis: art. 34. “A União não intervirá nos
Estados nem no Distrito
Federal, exceto para: VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e
serviços públicos de saúde.”

- Finalidade: defesa da ordem constitucional (resolver um conflito federativo


decorrente da violação dos Princípios Sensíveis por um determinado Estado ou pelo
DF);
- Objeto: lei ou ato normativo, ato administrativo, ato concreto ou omissão de Estado ou
do DF que cause lesão aos Princípios Sensíveis (inconstitucionalidade) e possa
fundamentar a Intervenção Federal.
CONTROLE CONCENTRADO - ADI
INTERVENTIVA
- Efeitos da Decisão do STF:
Art. 11 da Lei nº 12.562/11.” Julgada a ação, far-se-á a comunicação às autoridades ou
aos órgãos responsáveis pela prática dos atos questionados, e, se a decisão final for
pela procedência do pedido formulado na representação interventiva, o Presidente do
Supremo Tribunal Federal, publicado o acórdão, levá-lo-á ao conhecimento do
Presidente da República para, no prazo improrrogável de até 15 (quinze) dias, dar
cumprimento aos §§ 1º e 3º do art. 36 da Constituição Federal.”
Obs: quórum de instalação da sessão de julgamento: 08 ministros; quórum de decisão
(maioria absoluta - pelo menos 06 ministros); vincula o Presidente da República: caso
a Ação seja improcedente não poderá decretar a Intervenção Federal, caso seja
procedente deverá adotar as medidas sob pena de responsabilização (crime de
responsabilidade - art. 85, VII da CF).
- Representação Interventiva no caso de recusa à execução de lei federal - art. 34, VI
- 1ª parte e art. 36, III da CF (Lei nº12.562/2011). Posição da doutrina.

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