O documento discute os princípios constitucionais do processo penal brasileiro, incluindo a jurisdicionalidade, o princípio acusatório, a presunção de inocência, e o contraditório e ampla defesa. O professor Thiago Maluf apresenta esses princípios e discute sua importância para um processo penal justo e democrático.
O documento discute os princípios constitucionais do processo penal brasileiro, incluindo a jurisdicionalidade, o princípio acusatório, a presunção de inocência, e o contraditório e ampla defesa. O professor Thiago Maluf apresenta esses princípios e discute sua importância para um processo penal justo e democrático.
O documento discute os princípios constitucionais do processo penal brasileiro, incluindo a jurisdicionalidade, o princípio acusatório, a presunção de inocência, e o contraditório e ampla defesa. O professor Thiago Maluf apresenta esses princípios e discute sua importância para um processo penal justo e democrático.
• PROFESSOR: THIAGO MALUF. Advogado. Membro da Associação
Brasileira dos Advogados Criminalistas. Pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal no Centro Universitário “Antônio Eufrásio de Toledo” de Presidente Prudente. Aluno Especial no programa de Mestrado em Direito Negocial da Universidade Estadual de Londrina, thiagomaluf.advoacia@gmail.com. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO PENAL • Princípio da Jurisdicionalidade – Nulla Poena, Nulla Culpa sine Iudicio Tal princípio significa muito mais do que apenas “ter um juiz”, exige ter um juiz imparcial, natural e comprometido com a máxima eficácia da própria Constituição. Não só como necessidade do processo penal, mas também em sentido amplo, como garantia orgânica da figura e do estatuto do juiz. Também representa a exclusividade do poder jurisdicional, direito ao juiz natural, independência da magistratura e exclusiva submissão à lei. - Garantia do juiz natural - Trata-se de verdadeira exclusividade do juiz legalmente instituído para exercer a jurisdição, naquele determinado processo, sem que seja possível a criação de juízos ou tribunais de exceção (art. 5º, XXXVII, da CB).
- Da imparcialidade - A imparcialidade é garantida pelo
modelo acusatório e sacrificada no sistema inquisitório, de modo que somente haverá condições de possibilidade da imparcialidade quando existir, além da separação inicial das funções de acusar e julgar, um afastamento do juiz da atividade investigatória/instrutória. • Princípio Acusatório: Separação de Funções e Iniciativa Probatória das Partes.
Inicialmente, não prevê nossa Constituição – expressamente –
a garantia de um processo penal orientado pelo sistema acusatório. Contudo, nenhuma dúvida temos da sua consagração, que não decorre da “lei”, mas da interpretação sistemática da Constituição. Isso porque, democracia e sistema acusatório compartilham uma mesma base epistemológica. Assim, nossa Constituição possui uma série de regras que desenham o sistema acusatório. (art. 129, I; art. 5º, LV; art. 5º, LIV; (art. 5º, LVII; art. 93, IX) • Presunção de Inocência: Norma de Tratamento, Probatória e de Julgamento
Nas palavras de PISANI, a presunção de inocência é um ‘presupposto
implicito e peculiare del processo accusatorio penale’ (PISANI, Mario. Sulla Presunzione di Non Colpevolezza. Il Foro Penale, 1965). O princípio da presunção de inocência é reconhecido, atualmente, como componente basilar de um modelo processual penal que queira ser respeitador da dignidade e dos direitos essenciais da pessoa humana. Há um valor eminentemente ideológico na presunção de inocência. Liga-se, pois, à própria finalidade do processo penal: um processo necessário para a verificação jurisdicional da ocorrência de um delito e sua autoria”. No Brasil, a presunção de inocência está expressamente consagrada no art. 5º, LVII, da Constituição, sendo o princípio reitor do processo penal • Dimensões da presunção de inocência - norma de tratamento: a presunção de inocência impõe um verdadeiro dever de tratamento (na medida em que exige que o réu seja tratado como inocente), que atua em duas dimensões: interna ao processo e exterior a ele. - norma probatória: no processo penal não existe “distribuição de cargas probatórias”, como no processo civil, senão mera “atribuição” de carga ao acusador (James Goldschmidt), de modo que a carga da prova é inteiramente do acusador (pois, se o réu é inocente, não precisa provar nada). - norma de julgamento: nessa perspectiva, a presunção de inocência é uma “norma para o juízo”, diretamente relacionada à definição e observância do “standard probatório”, atuando no nível de exigência de suficiência probatória para um decreto condenatório • CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA O contraditório pode ser inicialmente tratado como um método de confrontação da prova e comprovação da verdade, fundando-se não mais sobre um juízo potestativo, mas sobre o conflito, disciplinado e ritualizado, entre partes contrapostas: a acusação (expressão do interesse punitivo do Estado) e a defesa (expressão do interesse do acusado [e da sociedade] em ficar livre de acusações infundadas e imune a penas arbitrárias e desproporcionadas). É imprescindível para a própria existência da estrutura dialética do processo. O ato de “contradizer” a suposta verdade afirmada na acusação (enquanto declaração petitória) é ato imprescindível para um mínimo de configuração acusatória do processo. * Não se pode falar em contraditório sem mencionar o pensamento de FAZZALARI (já abordado, anteriormente, no tópico “natureza jurídica do processo”), para quem “processo é procedimento em contraditório”. O núcleo fundante do pensamento de FAZZALARI está na ênfase que ele atribui ao contraditório, com importante papel na democratização do processo penal, na medida em que desloca o núcleo imantador, não mais a jurisdição, mas o efetivo contraditório entre as partes. A sentença – provimento final – deve ser construída em contraditório e por ele legitimada. Trata-se (contraditório e direito de defesa) de direitos constitucionalmente assegurados no art. 5º, LV, da CB: Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.