Você está na página 1de 11

DIREITO PROCESSUAL PENAL I – 5º T

• PROFESSOR: THIAGO MALUF. Advogado. Membro da Associação


Brasileira dos Advogados Criminalistas. Pós-graduado em Direito
Penal e Processo Penal no Centro Universitário “Antônio Eufrásio de
Toledo” de Presidente Prudente. Aluno Especial no programa de
Mestrado em Direito Negocial da Universidade Estadual de Londrina,
thiagomaluf.advoacia@gmail.com.
PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS
DO
PROCESSO PENAL
• Princípio da Jurisdicionalidade – Nulla Poena, Nulla
Culpa sine Iudicio
Tal princípio significa muito mais do que apenas “ter
um juiz”, exige ter um juiz imparcial, natural e
comprometido com a máxima eficácia da própria
Constituição. Não só como necessidade do processo
penal, mas também em sentido amplo, como garantia
orgânica da figura e do estatuto do juiz. Também
representa a exclusividade do poder jurisdicional,
direito ao juiz natural, independência da magistratura
e exclusiva submissão à lei.
- Garantia do juiz natural - Trata-se de verdadeira
exclusividade do juiz legalmente instituído para exercer a
jurisdição, naquele determinado processo, sem que seja
possível a criação de juízos ou tribunais de exceção (art. 5º,
XXXVII, da CB).

- Da imparcialidade - A imparcialidade é garantida pelo


modelo acusatório e sacrificada no sistema inquisitório, de
modo que somente haverá condições de possibilidade da
imparcialidade quando existir, além da separação inicial das
funções de acusar e julgar, um afastamento do juiz da
atividade investigatória/instrutória.
• Princípio Acusatório: Separação de Funções e Iniciativa
Probatória das Partes.

Inicialmente, não prevê nossa Constituição – expressamente –


a garantia de um processo penal orientado pelo sistema
acusatório. Contudo, nenhuma dúvida temos da sua
consagração, que não decorre da “lei”, mas da interpretação
sistemática da Constituição. Isso porque, democracia e sistema
acusatório compartilham uma mesma base epistemológica.
Assim, nossa Constituição possui uma série de regras que
desenham o sistema acusatório. (art. 129, I; art. 5º, LV; art. 5º,
LIV; (art. 5º, LVII; art. 93, IX)
• Presunção de Inocência: Norma de Tratamento, Probatória e
de Julgamento

Nas palavras de PISANI, a presunção de inocência é um ‘presupposto


implicito e peculiare del processo accusatorio penale’ (PISANI, Mario.
Sulla Presunzione di Non Colpevolezza. Il Foro Penale, 1965).
O princípio da presunção de inocência é reconhecido, atualmente,
como componente basilar de um modelo processual penal que queira
ser respeitador da dignidade e dos direitos essenciais da pessoa
humana. Há um valor eminentemente ideológico na presunção de
inocência. Liga-se, pois, à própria finalidade do processo penal: um
processo necessário para a verificação jurisdicional da ocorrência de
um delito e sua autoria”. No Brasil, a presunção de inocência está
expressamente consagrada no art. 5º, LVII, da Constituição, sendo o
princípio reitor do processo penal
• Dimensões da presunção de inocência
- norma de tratamento: a presunção de inocência impõe um
verdadeiro dever de tratamento (na medida em que exige que o réu
seja tratado como inocente), que atua em duas dimensões: interna ao
processo e exterior a ele.
- norma probatória: no processo penal não existe “distribuição de
cargas probatórias”, como no processo civil, senão mera “atribuição”
de carga ao acusador (James Goldschmidt), de modo que a carga da
prova é inteiramente do acusador (pois, se o réu é inocente, não
precisa provar nada).
- norma de julgamento: nessa perspectiva, a presunção de inocência é
uma “norma para o juízo”, diretamente relacionada à definição e
observância do “standard probatório”, atuando no nível de exigência
de suficiência probatória para um decreto condenatório
• CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA
O contraditório pode ser inicialmente tratado como um
método de confrontação da prova e comprovação da verdade,
fundando-se não mais sobre um juízo potestativo, mas sobre o
conflito, disciplinado e ritualizado, entre partes contrapostas:
a acusação (expressão do interesse punitivo do Estado) e a
defesa (expressão do interesse do acusado [e da sociedade]
em ficar livre de acusações infundadas e imune a penas
arbitrárias e desproporcionadas). É imprescindível para a
própria existência da estrutura dialética do processo.
O ato de “contradizer” a suposta verdade afirmada na
acusação (enquanto declaração petitória) é ato
imprescindível para um mínimo de configuração
acusatória do processo.
* Não se pode falar em contraditório sem mencionar o
pensamento de FAZZALARI (já abordado,
anteriormente, no tópico “natureza jurídica do
processo”), para quem “processo é procedimento em
contraditório”. O núcleo fundante do pensamento de
FAZZALARI está na ênfase que ele atribui ao
contraditório, com importante papel na
democratização do processo penal, na medida em que
desloca o núcleo imantador, não mais a jurisdição, mas
o efetivo contraditório entre as partes. A sentença –
provimento final – deve ser construída em
contraditório e por ele legitimada.
Trata-se (contraditório e direito de defesa) de direitos
constitucionalmente assegurados no art. 5º, LV, da CB:
Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral são assegurados o contraditório
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes.

Você também pode gostar