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INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Sendo um dos principais instituidores da escola positiva, Cesare Lombroso foi uma
referência à época em razão das pesquisas criminológicas realizadas com
criminosos italianos. Tal escola defendia o determinismo como fator explicativo para
o crime, uma vez que o criminoso já nascia com caracteres predestinados ao
cometimento de delitos.
“Vimos já, como atualmente na milícia, os detentos apresentam uma frequência oito
vezes maior de tatuagens do soldado livre; a observação torna-se tão comum, que
um destes, solicitado por mim por que não tinha tatuagem, respondeu-me: porque
são coisas que fazem os condenados.”
Importante citar a escola positivista, uma vez que a escola clássica, da qual foi
prógono Beccaria, surgiu como crítica à Lombroso. E, a partir da escola clássica,
notou-se uma humanização na justiça humana, abolindo a tortura, julgamentos
secretos e as penas desproporcionais.
1.2 Garantismo Penal Integral e Garantismo Penal Hiperbólico Monocular
Sobre o garantismo penal integral, conceitua-se como a teoria que visa a proteção
dos direitos e garantias previstos na Constituição Federal e na legislação
infraconstitucional, que são assegurados aos acusados e à toda sociedade, em
geral.
Pontua-se, assim, que a cegueira deliberada que utiliza o sistema capitalista como
impulsionador da criminalidade é falha, de modo que o escopo para prática de
crimes não advém somente das condições sociais às quais se insere o indivíduo. De
modo proporcional, devem ser assegurados os interesses sociais e individuais,
proibindo que o ius puniendi se torne desenfreado e a possibilite a defesa dos bens
jurídicos mais relevantes a serem tutelados pelo Código Penal.
Como forma de solucionar isto, Douglas Fischer (2010, p.69) propõe que “ a
compreensão e a defesa dos ordenamentos penal e processual penal também
reclamam uma interpretação sistemática (por isso integral) dos princípios, regras e
dos valores constitucionais para tentar justificar que, a partir da Constituição Federal
de 1988 (...), há também novos paradigmas influentes também, que será a proteção
dos bens jurídicos (individuais e coletivos).”
O perigo em tal teoria é a forma indiscriminada na qual foi proposta, pois a mesma
se obteve de ideais almejados por Luigi Ferrajoli, alterando-os e desviando-os dos
demais contextos processuais.
Pela carta magna promulgada em outubro de 1988, nota-se o quão influente são os
direitos assegurados aos acusados no processo penal. Sendo uma Constituição
dirigente, mas ao mesmo tempo possui diversos direitos de 1°dimensão, que
defendem a abstenção estatal ante o indivíduo sujeito a algum processo. As
garantias asseguradas acima derivam de diversas batalhas travadas tanto no
período da Ditadura Militar (1969-1984) quanto na Segunda Guerra Mundial (1939-
1945), onde atrocidades e atropelo de direitos foram notados.
Essa proteção mínima de princípios deve ser garantida pelo poder público por meio
de suas instituições e das pessoas envolvidas, sob pena de ser punido com graves
violações e insultos ao Estado Democrático de Direito e à lei, que se baseia na
Constituição da República promulgada em outubro de 1988. O exercício da empatia
e do igualitarismo deve ser sempre buscado, pois a punição é justa, a punição é
digna e a punição é civilizada.
A ideia central do fenômeno Direito Penal Simbólico é “trazer uma forte carga moral
e emocional, revelando uma manifesta intenção pelo Governo de manipulação da
opinião pública, ou seja, tem o legislador infundindo perante a sociedade uma falsa
ideia de segurança.” (GRINOVVER, 1978)
Por vingança pública, entende-se como sendo a forma punitiva aplicada pelo Estado
na demonstração do seu “direito” de punir, que por vezes se mostrou exagerado.
Historicamente, a “vingança pública surge na evolução histórica do Direito Penal
com Beccaria, como forma de proteção do Estado e do soberano, mediante, ainda,
a imposição de penas cruéis, desumanas, com nítida finalidade intimidatória”.
(GRECO, 2020, p.18)
Com tal explanação, o autor reafirma que o Estado não pode se valer dos anseios
sociais conservacionistas que impulsionam os políticos, de modo a impedir que o
legislador se utilize da legitimação de alguns para ser repressivo.
Com isto, defende-se a ideia de que punir é civilizatório, mas a punição deve ser
proporcional, humana e justa. E, também, seus sujeitos devem ser tratados de
forma isonômica, afastando, assim, uma seletividade excessiva. O Direito penal
máximo aqui não deve ser aplicado, de modo a evitar a vingança pública e garantir
a implementação das políticas públicas-criminais.
CONCLUSÃO
Findando o artigo, deve-se destacar que, embora o acusado tenha cometido uma
infração penal, seu tratamento deve obedecer às limitações impostas pela lei.
Possíveis abusos e excessos tornam a punição ilegal, aplicando poderes de fato e
não de jure, que remontam ao apogeu das ditaduras militares e outros tempos
autoritários. Deve ser garantido o direito de defesa técnica, defesa
contraditória/extensiva e dubio pro reo.
BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Direito Processual Penal .v. 8. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2019.
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. - 2.ed. - São Paulo: Edipro, 2015.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. Volume I, 22.ed - Niterói,
RJ: Impetus, 2020.
LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. – 17. ed. – São Paulo : Saraiva
Educação, 2020.