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ABOLICIONISMO PENAL

O cerne do abolicionismo penal de Louk Hulsman seria uma abertura para novas formas de pensamento
através da postura crítica diante do discurso penal tradicional, abrindo caminhos para outras possibilidades
de administração dos conflitos sociais, tratados hoje por meio do direito penal, abandonando os velhos
hábitos e ideais metafísicos com os quais ainda insiste-se em pensar a sociedade moderna. Hulsman vai
muito além da simples “destruição” do sistema penal, de seus conceitos e instituições. Ele fornece elementos
para uma total reinterpretação do direito e da vida em sociedade.

Em seu livro “Penas perdidas” Louk Hulsman sustenta a completa abolição do sistema penal, ou seja, para
ele o sistema penal é um método ultrapassado e inefetivo para a efetiva solução de conflitos sociais, que não
protege o homem e a sociedade, não previne a criminalidade, carece de fundamento e de racionalidade, e
que, na verdade, por seus métodos deletérios e irracionais, apenas suscita mais conflitos na sociedade, por
meio da exclusão, estigmatização e dominação de classe. Hulsman não pretende acabar com os crimes e
encontrar uma solução para a completa pacificação dos conflitos, nem mesmo deixar que os crimes
aconteçam sob o manto da impunidade, mas sim propor alternativas e inovações racionais, evoluídas,
democráticas e mais humanas, visando uma nova forma de se encarar determinados problemas das
sociedades modernas.

MINIMALISMO – DIREITO PENAL COMO ULTIMA RATIO

A  essência das ideias dos seus expoentes, está alicerçada para um Direito Penal menos interventor nos
direitos individuais, utilizado somente para condutas realmente danosas e relevantes.

A existência de um Estado Democrático de Direito passa, necessariamente, por uma busca constante
de um direito penal mínimo, fragmentário, subsidiário, capaz de intervir apenas e tão-somente
naquelas situações em que outros ramos do direito não foram aptos a propiciar a pacificação social.

A criação e endurecimento das penas não se mostraram capaz de solucionar os crescentes conflitos, assim, a
sanção das penas não pode ser vista como a solução para todas as mazelas sociais.
LIMITAÇÕES AO JUS PUNIENDI

O direito penal subjetivo, direito de punir do Estado, não é incondicionado. Há limites de ordem temporal,
espacial e de modo. O direito de punir estatal está limitado no modo, pois deve respeito aos direitos e
garantias fundamentais como, por exemplo, o devido processo legal. Encontra limites no  espaço, pois, em
regra, aplica-se a lei penal aos fatos praticados no território brasileiro. No tocante ao limite  temporal, o
direito de punir do Estado não é eterno, e a prescrição é o melhor exemplo desta limitação, sendo a perda
da pretensão punitiva ou executória em razão do decurso do tempo.

PRINCÍPIOS PENAIS FUNDAMENTAIS

1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
A norma basilar do Direito Penal é a não existência de crime sem lei anterior que o defina. Isto é,
para que uma conduta seja considerada um delito, é preciso que seu dispositivo e sua hipótese de
incidência estejam previstos em um documento escrito que superou todas as etapas do processo
legislativo.
O art. 5º, inciso XXXIX, da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) sejam
representados pelas expressões latinas: nullum crimen sine lege e nulla poena sine lege. Isto é, não
há crime sem lei e, consequentemente, não há pena sem lei.

Além disso, a partir da legalidade, surgem dois outros princípios igualmente importantes: o da
reserva legal e o da anterioridade da lei penal.

2. Princípio da reserva legal


No Direito Penal, a legalidade mais rigorosa e fixa é a chamada reserva legal. Apenas a lei em
sentido estrito pode ser utilizada para prever um crime.

3. Princípio da irretroatividade
Enquanto as leis em geral gozam de retroatividade mínima — alcançam obrigações vencidas não pagas e por
vencer —, a lei definidora de crime não retroage senão para beneficiar o réu. Isso significa o seguinte:

 se a lei nova extingue o delito, acusados, réus e condenados são atingidos (abolitio criminis);
 se a lei nova reduz a pena ou traz regime de aplicação mais benefício, acusados, réus e
condenados são atingidos (novatio legis in mellius);
 se a lei nova cria crime ou piora a situação, não há aplicação senão as condutas posteriores
à data de início da sua vigência (novatio legis in pejus).

4. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA


Por sua vez, a também chamada presunção de não culpabilidade está prevista no art. 5º, inciso LVII,
da CRFB:
ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Existem duas interpretações quanto ao sentido e alcance dessa norma: a primeira considera o
princípio parte da estrutura obrigatória do processo penal, alcançando o início do cumprimento da
pena. 

5. Princípios do contraditório e da ampla defesa

Contraditório
Corresponde à oportunidade de resposta às acusações, verificada pelo respeito a três direitos subjetivos:

 direito à informação: ter ciência do que ocorre no processo e acesso aos documentos;


 direito à reação: poder responder às acusações;
 direito à influência: ter as alegações consideradas pelo magistrado da causa, que, em caso de
rejeição, deve fazê-lo de forma fundamentada.
Ampla defesa
Consiste em ter meios à disposição para oferecer uma resposta juridicamente fundamentada às acusações.
Por exemplo, há cerceamento de defesa quando o acusado não tem advogado e a defensoria pública não
atua.

6. Responsabilidade pessoal
Qualquer que seja a pena aplicada, ela estará restrita à liberdade, ao patrimônio e à pessoa do condenado. A
exceção é o uso do patrimônio transferido em herança para quitar obrigação de decretação de perdimento de
bens e de reparação de dano.

O objetivo é descontar os valores do patrimônio do falecido, de modo que os herdeiros não sejam obrigados
por indenizações e penas além do que for transferido. A redação do art. 5º, inciso XLV, da CRFB é clara
nesse sentido:
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor
do patrimônio transferido.

7. Individualização da pena
As penas devem ser proporcionais à conduta do agente. Logo, se os crimes são diferentes entre si, não pode
haver aplicação de penas genéricas, mas apenas as devidamente individualizadas, conforme exigência da
norma do art. 5º, inciso XLVI, da CRFB.

Assim, ao definir um crime, mudar a aplicação ou o regime de cumprimento de pena, o legislador deve criar
critérios para ajustar a punição conforme comportamentos anteriores, posteriores e durante o processo, além
de considerar aspectos sociais e, principalmente, a intencionalidade.

ESCOLAS PENAIS

As escolas penais são concentrações de ideias por alguns estudiosos no setor de Direito Penal, são doutrinas
baseadas em fundamentos de várias naturezas e tem como objetivo compreender o fenômeno do crime, bem
como do sistema penal. As escolas penais são divididas em: Clássica e Positiva, elas são as únicas que
possuem posicionamento bem fundamentados de modo que essas seriam as escolas puras. Existem também
outras escolas, porem são classificadas como intermediarias, não ortodoxa, são elas: terza scuola, escola
moderna alemã, escola técnicojurídica, escola correcionalista e movimento de defesa social.

Escola clássica

A escola Clássica é considerada como pré-científica, não faz uso da ciência e sim usa o método dedutivo
(achismo). Obteve o nome clássica pela escola Positiva por ser considerada como ultrapassada. Teve como o
responsável Beccaria com sua obra (1974- dos delitos e das penas) (GRECO, 2017). As principais
características são: a ausência de unidade ideológica e humanização das penas. Esta escola teve como
fundamentação nos seguintes postulados: livre-arbítrio, dissuasão, prevenção e retribuição (GRECO,2017).
Por ser livre-arbítrio entendia-se que o agente tivesse a capacidade de decidir se a prática do comportamento
foi ilícita ou lícito. Possui também duas grandes teorias sendo elas: Jusnaturalismo (Grocio), que e
considerada um direito que emana a moral, e o direito de si mesmo sobre o que e certo e errado para o ser; e
o Contratualismo (Rousseau), que acredita que cedemos parte da nossa liberdade ao estado e assinamos um
contrato, significa que o estado passa a praticar atos como o de império, e nós entregamos esse poder de
liberdade para que o estado garanta uma sobrevivência sadia, pacifica para aqueles que se submetem ao
regime (PRADO, 2007).

Escola positiva

A escola positiva é considerada como cientifica, já faz uso da ciência e tem o método indutivo. Seu
surgimento coincide com o início dos estudos biológicos e sociológicos (PRADO,2014). Teve como o
introdutor do positivismo Cesare Lombroso com a sua obra (O homem delinquente- 1876) (GRECO, 2017).

A corrente positivista é constituída de três fases diferentes, sendo que cada um possui uma postura principal.
A primeira fase é intitulada como antropológica, representada por Cesare Lombroso. A teoria formada era
que o homem poderia ser um criminoso nato em virtude de anomalias genéticas. A segunda fase é a
sociológica, por Enrico Ferri que entendia que o agente estaria direcionado às práticas criminosas também
em razão do meio em que vive. Além disso sustentou a inexistência do livre-arbítrio. Durante o
desenvolvimento da escola, Ferri foi adotando a doutrina que compreendia a possibilidade de uma
readaptação dos delinquentes, contrapondo assim a ideologia de Lombroso e Garafolo, apontando cinco
tipos de criminosos: nato, louco, passional, ocasional e habitual. A terceira fase foi chamada de fase jurídica,
com a publicação da obra Criminologia, do jurista Rafael Garofalo, no ano de 1885. A sua posição de jurista
permitiu que fosse possível dar uma sistematização jurídica à Escola Positiva
Terza Scuola

O surgimento da escola terza scuola teve como finalidade harmonizar a escola clássica e positiva. Aderiu os
conceitos da positiva ao negar a existência do livre arbítrio e concordando com a clássica em relação a
responsabilidade moral dos indivíduos. Teve algumas características a concepção do delito como efeito
individual e social, o estudo do delinquente e do âmbito criminal, porem negando a doutrina da natureza
patológica.

Escola moderna alemã

A escola moderna alemã teve como um dos principais fundadores o vienense Franz Von Liszt, foi
considerado o mais respeitado político criminológico alemão. Tendo como conteúdo de várias áreas
diferentes, essa escola representou um movimento de inúmeras semelhanças a escola Terza Scuola.

Escola técnico jurídica

A escola técnica jurídica teve como o principal expoente Arturo Rocco. Ele afirma que o único objeto de
ciência criminal é o estudo das normas na qual são proibidas as ações humanas. Compreende-se o crime
como um ente jurídico, e o direito penal sendo autônomo, não dependem de outras ciências. Prevalecendo o
livre arbítrio como fundamentação da pena.

Escola correcionalista

A escola correlacionista surgiu na Alemanha em 1839, tendo como conceito delinquente e o delito. Segundo
os correlacionista a pena deve ser um ‘tratamento social’, onde tem como finalidade a ‘cura’ do agente.
Relatavam que essa cura deveria ser buscada pela liberdade restrita, por tempo ilimitado, entretanto deve
durar até não suspender a periculosidade do agente

Escola movimento de defesa social

A escola movimento de defesa social surgiu no século XX, em 1945 teve como objetivo renovar os meios de
combate à criminalização. Seus principais fundamentos são: o reconhecimento contra a criminalização como
ser remetido pela sociedade; a sociedade deve encontrar diferentes meios para combater o crime; formas de
ações para assegurar a comunidade dos criminosos e um fator não menos importante, impedir que outros da
comunidade passem a considerar as ações criminosas.

INTERPRETAÇÃO E INTERAÇÃO DA LEI PENAL

Interpretar significa buscar o sentido e o alcance de uma norma jurídica. Existem situações em que
determinado dispositivo legal é bastante claro e, com uma simples leitura, conseguimos extrair o seu
significado. 

(Depois pegar os artigos pra citar e exemplificar)

Já a integração será uma técnica utilizada sempre que o aplicador da lei não encontrar no sistema
jurídico uma lei que regule especificamente uma situação concreta. Existe um vazio legal que
desampara o direito de uma pessoa. Contudo, o nosso ordenamento não permite que um direito deixe de ser
assegurado por falta de norma legal específica. Desse modo, utilizar-se-á de três métodos: a
analogia (técnica por meio da qual se aplica a um caso não previsto em lei uma norma que regule caso
semelhante), dos costumes (prática reiterada e uniforme de determinada conduta pelos membros da
comunidade com fundamento na convicção de sua obrigatoriedade) e pelos princípios gerais de
direito (princípios ou enunciados de valor genérico e abstrato, normalmente não previsto de modo expresso
na lei e que orientam a compreensão do ordenamento jurídico. Por exemplo: ninguém pode se beneficiar da
própria torpeza; dar a cada um o que é seu).
Âmbito de validez temporal e espacial de lei penal

os limites espaciais e temporais de validade da lei penal são os seguintes:


1. O espaço de validade da lei penal é definido pelo princípio da territorialidade, que demarca os
limites geopolíticos do território de jurisdição penal do Estado – a exceção da extraterritorialidade é
representada pelos princípios da proteção, da personalidade e da competência penal universal;
2. O tempo de validade da lei penal é definido pelo princípio da legalidade, que demarca os limites
cronológicos das leis sucessivas do ordenamento jurídico do Estado sobre fatos iguais – a exceção é
representada pela retroatividade da lei penal mais favorável.
A validade da lei penal no espaço é delimitada pela extensão do território do Estado, como organização
jurídica do poder político soberano do povo. O Estado, pessoa jurídica de direito internacional, é constituído
de população, território e governo, elementos indispensáveis para a existência do Estado; a soberania do
Estado, como poder exclusivo, autônomo e com plenitude de competências legislativa, administrativa e
judicial fundamenta o poder de decidir sobre investigações de fatos e sobre punição de pessoas nos limites
do próprio território, onde detém o monopólio do emprego legítimo da força. A jurisdição penal dos Estados
pode ser ampliada pela instituição de formas de cooperação penal internacional sobre controle e repressão de
fatos puníveis de interesse comum, como o tráfico de seres humanos, de armas, drogas e etc.
O Código Penal delimita a validade da lei penal no espaço segundo os critérios de territorialidade (art. 5º,
CP) e da extraterritorialidade (art. 7º, CP).
O critério da territorialidade
O critério da territorialidade – fundado no conceito de território, o elemento mais característico do Estado,
existente como corporação territorial segundo o Direito Internacional Público – é a principal forma de
delimitação do espaço geopolítico de validade da lei penal na área das relações entre Estados soberanos. A
soberania do Estado, expressão do princípio da igualdade soberana de todos os membros da comunidade
internacional (art. 2º, § 1º, Carta da ONU), fundamenta o exercício de todas as competências sobre fatos
puníveis realizados no território respectivo.
Art. 5º, CP: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
Conceito de território
O território é o espaço sobre o qual o Estado exerce a soberania política, constituído pelas áreas: (a) do solo,
como extensão de terra contínua ou descontínua, com os rios, lagos e mares existentes dentro do território,
(b) do subsolo, como profundidade cônica do território em relação ao centro do Planeta, (c) do mar
territorial, com a extensão de 12 (doze) milhas marítimas a partir do litoral brasileiro, (Lei 8.617/93), (d)
da plataforma continental, com extensão de 200 (duzentas) milhas marítimas a partir do litoral brasileiro (ou
188 milhas, deduzidas as 12 milhas do mar territorial), como zona econômica exclusiva (Lei 8.617/93) que
incorporou a Convenção da ONU de 1982 sobre o Direito do Mar, (e) do espaço aéreocorrespondente o
conjunto de território, ainda regido pelas Convenções de Chicago de 1944 e pela Convenção de Varsóvia de
1929, ambas sobre aviação civil internacional.

APLICAÇÃO DA LEI PENAL: artigos 1 ao 12 do CP

CONFLITO APARENTE DE NORMAS

Ocorre quando duas normas aparentam incidir sobre o mesmo fato. Ele é dito aparente, pois na verdade não
existe conflito algum – efetivamente, não existe um conflito ao se aplicar a norma ao caso concreto.

existem princípios que nos permitem resolver a dúvida apresentada, permitindo que se identifique qual a
norma que deve ser aplicada – evitando-se, assim, o chamado bis in idem.

Princípio da Especialidade: Tipo penal específico prevalece sobre tipo penal genérico.
Princípio da Subsidiariedade: O princípio da subsidiariedade apresenta-se quando, do cometimento de uma
conduta inicial faz surgir uma incriminadora que, pela gravidade da atuação do agente, passa a configurar
um outro crime.

Na utilização desse princípio, devemos observar o grau de violação cometido pelo agente contra o bem
jurídico tutelado pela norma.

Imagine que A, sabendo estar contaminado por uma doença venérea, mantém relações sexuais com B. A
princípio, A responderá pelo crime do art. 130 do CP - perigo de contágio venéreo, já que o agente expôs
a vítima a contágio da moléstia. Entretanto, se dessa ação sobrevier a morte de B, é totalmente possível
que A responda por homicídio, ou até mesmo lesão corporal seguida de morte. O juiz deverá analisar no
caso concreto a intenção do agente no momento do crime e se o mesmo assumiu o risco de produzir o
resultado
Vale ressaltar que a subsidiariedade pode ser expressa (explícita) ou tácita (implícita).

No primeiro caso, a exclusão da norma subsidiária é mencionada na lei. Está expresso no artigo o caráter
residual do tipo penal. Se a exposição não configurar um crime mais grave, o agente responderá por este
artigo.

Quanto ao modo tácito do princípio, a aplicação deste ocorrerá em virtude dos elementos das normas, caso
fique configurado hipótese mais grave de ofensa ao mesmo bem jurídico. A constatação é, como citado no
exemplo da transmissão de contágio venéreo, resultante de cuidadosa análise da estrutura dos tipos penais
em relação ao caso concreto.

Princípio da Consunção: Conforme o princípio da consunção, denominado também princípio da absorção,


a norma definidora de um crime constitui meio necessário para preparação ou execução de um outro
delito. Em outras palavras, o agente, para satisfazer sua intenção criminosa, pratica dois ou mais crimes,
estabelecendo entre os mesmo uma relação de meio e fim, isto é, para alcançar aquele intento, ele utiliza
um outro tipo penal.

Evolução histórica da teoria do crime. Conceito de crime. Os principais sistemas da teoria do delito:
sistemas causais e finalista; teoria social da ação; funcionalismos teleológico e sistêmico.
Segundo um conceito analítico, crime é toda conduta típica, antijurídica e culpável.

Conceito de crime segundo o causalismo: A teoria causalista do delito foi elaborada em conjunto por Franz
Von Liszt e Ernest Beling. Segundo o Causalismo, o crime deve ser entendido como uma les ão (ou perigo
de lesão) de um bem jurídico provocada por uma conduta. A partir desse entendimento nota-se que este
sistema constrói uma acepção formal e objetiva acerca do comportamento humano tido como delituoso,
pois se preocupa principalmente com a constatação do nexo de causalidade do delito. A tipicidade se
refere ao aspecto externo da ação e à subsunção desta à letra da lei. A antijuricidade, por sua vez, realiza
uma valoração negativa da ação, identificando se a conduta é realmente típica ou se há alguma causa de
justificação ou excludente de culpabilidade. Já a culpabilidade é concebida como uma relação psicológica
entre a ação e o autor, sendo que a intensidade desse vínculo irá determinar a forma de culpabilidade,
como dolosa ou culposa.

Finalismo: A teoria finalista do crime foi desenvolvida por Hans Welzel. O conceito finalista opõe-se ao
conceito causal de crime, especialmente no que tange a distinção proposta pelo Causalismo entre a
manifestação da vontade e o conteúdo da mesma. Para o finalismo toda ação possui uma finalidade, logo o
conteúdo da vontade é relevante para a definição de crime.
O finalismo corrigiu falhas e contradições existentes nas teorias anteriores. A propósito uma das grandes
contribuições foi justamente o tratamento dado ao aspecto subjetivo do crime. O finalismo retirou o  dolo e
a culpa  de sua localização clássica – a culpabilidade – e os deslocou para a tipicidade do delito. Como
conseqüência passou a haver a distinção entre crimes dolosos e culposos. Por sua vez, a culpabilidade
passou a se preocupar com o juízo de reprovação da conduta contrária ao Direito, isto é, julgar se certa
conduta merece ou não ser penalizada, observando para isso critérios formais como a verificação da
capacidade do autor e da consciência de que este possui sobre a ilicitude de sua conduta.

Teoria social da ação: A teoria social da ação foi desenvolvida por Johannes Wessels e tem como principal
adepto Hans-Heinrich Jescheck. A pretensão desta teoria não é substituir as teorias clássica e finalista, mas
sim acrescentar-lhes uma nova dimensão, a relevância ou transcendência social.
Deste modo, a conduta, para a teoria social, é o comportamento humano
voluntário psiquicamente dirigido a um fim socialmente reprovável. A
reprovabilidade social passa a integrar o conceito de conduta, na condição de
elemento implícito do tipo penal (comportamentos aceitos socialmente não seriam
típicos).
Dolo e culpa, para esta teoria, integram o fato típico, mas seriam novamente
analisados quando do juízo de culpabilidade.
Os adeptos desta teoria sustentam seu valor na capacidade que tem de
adequar a realidade jurídica à realidade social, pois um fato não pode ser considerado
tipicamente penal ao mesmo tempo em que a sociedade lhe é indiferente e o resultado
de eventual conduta, consequentemente não tem relevância social.
A principal crítica que se faz à teoria social da ação é a vagueza do conceito de
transcendência ou relevância social.

Crime: É o comportamento humano voluntário dirigido a uma finalidade socialmente reprovável,


antijurídico e reprovável.
Estrutura do crime Fato típico + Antijuridicidade + Culpabilidade.
Fato típico Adota-se a estrutura do finalismo, mas acrescenta-se a noção
da relevância social da ação.
Antijuridicidade Contrariedade do fato a todo o ordenamento jurídico (desvalor da conduta – análise
subjetiva)
Culpabilidade Se identifica com a estrutura do finalismo, mas inclui nova análise do dolo e culpa

Teoria do Funcionalismo Teleológico e Sistêmico: São teorias funcionalistas, na medida em que constroem
o Direito Penal a partir da função que lhe é conferida. A conduta, portanto, deve ser compreendida de acordo
com a missão conferida ao Direito Penal.
As duas principais correntes funcionalistas são: funcionalismo teleológico, de
Claus Roxin e o funcionalismo sistêmico, de Günter Jakobs.

Teleológico: Trata-se de um novo marco na evolução do Direito Penal que tem por base a sua reconstrução a
partir da premissa de que a função do direito penal é a proteção de bens jurídicos.
Se a missão do Direito Penal é proteger os valores essenciais à convivência social harmônica, a intervenção
mínima deve nortear a sua aplicação, consagrando como típicos apenas os fatos materialmente relevantes. O
funcionalismo teleológico ou moderado propõe que se entenda a conduta como comportamento humano
voluntário causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma
penal. A ação deve ser enfocada como “manifestação da personalidade do agente”(ou seja, manifestação
dominada ou dominável pela vontade). Estruturalmente, ensina Roxin que o crime é composto também de
três substratos, sendo eles: fato típico, antijuridicidade e responsabilidade. A culpabilidade deixa de
integrar (diretamente) o crime e passa a figurar sob a ótica do autor como limite funcional da pena
(culpabilidade funcional). Elemento novo proposto por Roxin, a responsabilidade é integrada por a)
imputabilidade; b) potencial consciência da ilicitude; c) exigibilidade de conduta diversa e, atente-se, d)
necessidade da pena. Sendo o agente responsável, incide a culpabilidade como limite da sanção penal.
Sistêmico:  funcionalismo sistêmico repousa sua preocupação na higidez das normas estabelecidas para a
regulação das relações sociais. Assim, havendo a frustração da norma pela conduta do agente, impõe-se a
sanção penal, uma vez que a missão do direito penal é assegurar a vigência do sistema. Sob esta ótica,
conduta será considerada como comportamento humano voluntário causador de um resultado evitável,
violador do sistema, frustrando as expectativas normativas. Jakobs recoloca a culpabilidade o terceiro
substrato do conceito analítico de crime. Assim, crime, no seu pensar, é fato típico, antijurídico e culpável.
A culpabilidade tem como elementos a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade
de conduta diversa. Dolo e culpa permanecem no fato típico.
As premissas sobre as quais se funda o funcionalismo sistêmico deram ensejo à exumação da teoria do
Direito Penal do Inimigo, representando a construção de um
sistema próprio para o tratamento do indivíduo considerado “infiel ao sistema”.
Considera que aquele de que se dedica a determinados crimes não se deve garantir o status de cidadão,
merecendo, ao revés, punição específica e severa (além da
supressão das garantias do devido processo legal), uma vez que o seu comportamento
põe em risco, de forma ímpar, a integridade do sistema.
Teoria da Conduta OMISSÃO: o comportamento humano não se esgota com o exercício ativo da finalidade,
possuindo também um aspecto passivo, constituído pela omissão. Igualmente, este aspecto passivo de atuar
humano pode ser penalmente relevante, já que o direito penal não contém somente normas proibitivas, mas
também normas imperativas, que determinam a prática de ações, cuja omissão pode produzir resultados
socialmente nocivos. A infração dessas normas imperativas é o que constitui a essência dos delitos de
omissão. O que o legislador pune nesses crimes é a não-realização da ação mandada.
A omissão está sempre referida a uma ação determinada, cuja não realização constitui sua essência. Disso se
depreende que o sujeito, autor da omissão, deve estar em condições de realizar a ação. Se não existir tal
possibilidade de ação, por qualquer razão, não se pode falar em omissão. Portanto, omissão não é um
simples não-fazer, mas o não fazer uma ação que o sujeito está em condições de poder fazê-la, de tal modo
que as causas que excluam a ação são também as mesmas de exclusão de omissão.
Tipos Dolosos e Tipos Culposos:
DOLOSO
O Brasil adotou, no art. 18, I, do Código Penal, a teoria da vontade (para que exista dolo é preciso a
consciência e vontade de produzir o resultado – dolo direto) e a teoria do assentimento (existe dolo também
quando o agente aceita o risco de produzir o resultado – dolo eventual).
Se tem o dolo quando o agente dirige o seu comportamento a uma finalidade ilícita. Dois são os
elementos: o cognitivo e o volitivo. O elemento cognitivo é a consciência que o seu comportamento vai
lhe conduzir a aquele resultado. Já no elemento volitivo o indivíduo tem que querer alcançar aquele
resultado ilícito.
O dolo é composto de um elemento intelectual (consciência) e de um elemento volitivo (vontade), como
fatores formadores da ação típica dolosa:
a) Elemento Cognitivo: consiste no efetivo conhecimento de que o resultado poderá ocorrer,
isto é, o efetivo conhecimento dos elementos integrantes do tipo penal objetivo. Ou seja é a
consciência de que está realizando os “requisitos objetivos do tipo” (Gomes, 2007, p. 376) 
ou o “conhecimento da ação típica” (Prado, 2014, p. 135). Nesse elemento o fundamental é
que o agente tenha consciência da situação fática, independentemente de ter consciência da
ilicitude. P.ex., se uma pessoa transporta um pacote, sem saber que dentro há droga, não há
dolo, porque o autor não tem consciência da situação fática. Diferente é se ele porta maconha
supondo que houve uma legalização das drogas no Brasil, nesse caso há dolo, porque ele tem
consciência dos elementos constitutivos do tipo, e a falta de consciência da ilicitude será
tratada na análise da culpabilidade.
b) Elemento volitivo é a vontade de realizar a conduta.
*MP: O alemão Günther Jakobs, por exemplo, não aceita que a conduta dolosa precise necessariamente da
intenção do agente na prática de dada ilicitude, basta tão somente que a execução do tipo penal proibido
dependa da ação efetuada, de modo que haja conseqüência natural entre o fato e o resultado. Aqui no Brasil
temos o Professor Luís Greco, que escreveu um famoso artigo em Portugal chamado ‘Dolo Sem Vontade’,
onde defende a desnecessidade do elemento volitivo. O conhecimento é necessário ao conceito de dolo
porque somente o conhecimento é capaz de determinar o domínio do agente à realização de determinado
fim. A vontade do agente, deste modo, padece por um empecilho epistemológico de cunho probatório que
deriva da impossibilidade de acessarmos as instâncias psicológicas do agente para respondermos de forma
satisfatória (atendendo às exigências da presunção de inocência e do in dubio pro reo) se aquela conduta foi
ou não fruto da sua vontade em sentido psicológico-normativo. Portanto, se o resultado praticado por
conduta dolosa é fruto do domínio do agente, este domínio é completamente alheio às considerações
volitivas. Restando, assim, o componente cognitivo responsável por aferir o elemento subjetivo doloso da
conduta típica. O que, por conseguinte, justifica o tratamento diferenciado em relação a modalidade culposa.

Uma vez que a vontade se demonstre incapaz de determinar o domínio do agente, desnecessária se faz a sua
colocação no conceito do dolo. Tal componente presume uma perigosa ambiguidade irreconciliável com o
direito penal moderno que, em termos de política-criminal, serve somente como um engodo teórico-
doutrinário contraproducente.

CULPOSO
Para se punir alguém por delito culposo, é indispensável que a culpa venha expressamente delineada no tipo
penal. 
há comportamento humano voluntário (ação ou omisssão) que produz resultado ilícito (excepcionalmente
previsto em lei) não desejado ou assumido pelo agente, mesmo que previsível o resultado e evitável se
observado o dever objetivo de cuidado.

Dentre desse conceito de culpa, é importante a previsibilidade do resultado, porque se for imprevisível se
tem caso fortuito ou força maior, se tem a exclusão da tipicidade, o fato é imprevisível, não há que se falar
em dolo ou culpa, pois não há fato típico.

"São assim elementos do crime culposo:


a) a conduta;
b) a inobservância do dever de cuidado objetivo;
c) o resultado lesivo involuntário;
d) a previsibilidade; e
e) a tipicidade.

O que se pode perceber é que se pune a violação ao dever de cuidado, e não precisamente o resultado que a
conduta ocasionou.
Imprudência
(...) A imprudência consiste na violação das regras de condutas ensinadas pela experiência. É o atuar sem
precaução, precipitado, imponderado. Há sempre um comportamento positivo. É a chamada culpa in
faciendo. Uma característica fundamental da imprudência é que nela a culpa se desenvolve paralelamente à
ação. Desse modo, enquanto o agente pratica a conduta comissiva, vai ocorrendo simultaneamente a
imprudência.
Negligência
Negligência é caracterizada pela ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado.
Caracteriza-se por uma atitude negativa do agente que não faz algo que deveria, um estado de inércia, como,
por exemplo, deixar uma arma de fogo ao alcance de uma criança.
Imperícia
Configura-se imperícia a falta de aptidão, habilidade técnica para o exercício de arte ou profissão a ser
praticada. Materializa-se no momento em que o agente, não considerando o que sabe, ou deveria saber,
causa prejuízo a outrem. Temos como exemplo o caso do motorista profissional que conduz seu veículo sem
possuir a necessária competência.
Culpa consciente (ou culpa com previsão), na qual o resultado é previsto pelo agente, que espera
inconsideradamente que não ocorra ou que possa evitá-lo. Exemplo difundido na doutrina é o do agente que,
numa caçada, percebe que um animal se encontra nas proximidades de seu companheiro, estando ciente de
que, disparando a arma, poderá acertá-lo. Confiante em sua perícia com armas de fogo, atira e mata o
companheiro.
No dolo eventual, o agente tolera a produção do resultado, pois o evento lhe é indiferente; tanto faz que
ocorra ou não.
Na culpa consciente, o agente não quer o resultado, não assume o risco nem ele lhe é tolerável ou
indiferente. O evento lhe é previsto, mas confia em sua não produção.
"Exclusão da culpa: Exclui-se a culpa nos seguintes casos:
1) Caso fortuito e força maior: São acontecimentos imprevistos, imprevisíveis e inevitáveis, que escapam
do controle da vontade do homem. Se não há previsibilidade, e também não existe vontade, elemento
indispensável à conduta, não há falar em culpa nos resultados que deles se originam.
2) Erro profissional: A culpa pelo resultado naturalístico não é do agente, mas da ciência, que se mostra
inapta para enfrentar determinadas situações. Não se confunde com a imperícia, uma vez que nesta a falha é
do próprio agente, que deixa de observar as regras recomendadas pela profissão, arte ou ofício.
3) Risco tolerado: Karl Binding, ao estudar o crime culposo, dizia que, quanto mais imprescindível for um
tipo de comportamento humano, maior será o risco que em relação a ele se deverá enfrentar, sem que disso
possa resultar qualquer espécie de reprovação jurídica. Delimita-se, dessa forma, a linha divisória entre o
crime culposo e os fatos impuníveis resultantes do risco juridicamente tolerado. O médico que opera um
doente em estado grave em condições precárias sabe que poderá causar-lhe a morte. E ainda que o resultado
venha a ocorrer, não terá agido com culpa, pois a sua intervenção cirúrgica, na situação em que foi realizada,
era indispensável como a única forma para tentar salvar a vida do paciente.
4) Princípio da confiança: Como o dever objetivo de cuidado se dirige a todas as pessoas, pode-se esperar
que cada um se comporte de forma prudente e razoável, necessária para a coexistência pacífica em
sociedade. E, por se presumir a boa-fé de todo indivíduo, aquele que cumpre as regras jurídicas impostas
pelo Direito pode confiar que o seu semelhante também agirá de forma acertada. Assim agindo, não terá
culpa nos crimes eventualmente produzidos pela conduta ilícita praticada por outrem."
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Nexo causal é o vínculo existente entre a conduta do agente e o resultado por ela produzido; examinar o
nexo de causalidade é descobrir quais condutas, positivas ou negativas, deram causa ao resultado previsto
em lei. Assim, para se dizer que alguém causou um determinado fato, faz-se necessário estabelecer a ligação
entre a sua conduta e o resultado gerado, isto é, verificar se de sua ação ou omissão adveio o resultado.
No campo penal, a doutrina aponta, essencialmente, três teorias a respeito da relação de
causalidade, a saber:
a) da equivalência das condições ou equivalência dos antecedente ou conditio sine que non,
segundo a qual quaisquer das condutas que compõem a totalidade dos antecedentes é causa do resultado,
como, por exemplo, a venda lícita da arma pelo comerciante que não tinha idéia do propósito homicida do
criminoso do comprador. Essa teoria costuma ser lembrada pela frase a causa da causa também é causa do
que foi causado. Contudo, recebe críticas por permitir o regresso ao infinito já que, em última análise, até
mesmo o inventor da arma seria causador do evento, visto que, se arma não existisse, tiros não haveria;

b) da causalidade adequada, que considera causa do evento apenas a ação ou omissão do agente
apta e idônea a gerar o resultado. Segundo o que dispõe essa corrente, a venda lícita da arma pelo
comerciante não é considerada causa do resultado morte que o comprador produzir, pois vender licitamente
a arma, por si só, não é conduta suficiente a gerar a morte. Ainda é preciso que alguém que efetue os
disparos que causarão a morte. É censurada por misturar causalidade com culpabilidade;

c) da imputação objetiva, pela qual, para que uma conduta seja considerada causa do resultado é
preciso que: 1) o agente tenha, com sua ação ou omissão, criado, realmente, um risco não tolerado nem
permitido ao bem jurídico; ou 2) que o resultado não fosse ocorrer de qualquer forma, ou; 3) que a vítima
não tenha contribuído com sua atitude irresponsável ou dado seu consentimento para o ocorrência do
resultado.

U ma vez verificadas as teorias, passa-se à análise da forma como o CP trata a relação de


causalidade, em seu art. 13, verbis:

"O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido."
Ao dispor que causa é a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, nota-se que
Código adotou a teoria da equivalência das condições ou conditio sine qua non. Nossa jurisprudência é
pacífica nesse sentido.

Concausas: concausas relativamente independentes, ou absolutamente independentes.

Desta forma, nas concausas absolutamente independentes, temos que a conduta do agente não possui
relação com o resultado, causado por outra situação, podendo essa ter sido preexistente, concomitante ou
superveniente. Em nenhum desses casos o agente responderá pelo resultado.

Já nas concausas relativamente independentes, temos a situação em que duas causas interligadas


produzem o resultado (uma causa não produzida pelo agente + a conduta deste). Isoladamente
consideradas, essas causas não seriam capazes de ocasionar o resultado.

Classificação: preexistente, concomitante e superveniente


(i) Preexistente:

Duas causas interligadas (preexistente e a conduta do agente) produzem o resultado.

Exemplo: Com intenção de matar, ‘A’ desfere facadas em ‘B’ (portador de hemofilia), que vem a falecer em
consequência dos ferimentos aliados ao seu estado de saúde. A conduta do agente, aliada à causa
preexistente, contribuiu para o resultado, de sorte que há nexo causal. Responderá por homicídio
consumado.

Obs.: parte da doutrina sustenta que o agente somente responderá pela morte se tiver consciência do estado
de hemofilia.

(ii)  Concomitante:

Duas causas interligadas (concomitante e a conduta do agente) produzem o resultado.


Exemplo: ‘A’ desfere facadas em ‘B’ no exato instante em que este está sofrendo um ataque cardíaco.
Prova-se que os ferimentos causados por ‘A’ contribuíram para a morte. A conduta do agente, aliada à causa
concomitante, contribuiu para o resultado, de sorte que há nexo causal. O agente responderá por homicídio
consumado.

(iii) Superveniente:
– Que por si só, não produziria o resultado

Duas causas interligadas (a superveniente e a conduta do agente) produzem o resultado.

Segundo se deflui do disposto no art. 13, § 1º, c/c art. 13, caput, pode ocorrer que a causa superveniente não
produza, por si só, o resultado. Ou seja, o resultado causado está na mesma linha de desdobramento da
conduta do agente. Existe uma conjugação de causas (conduta do agente e causa superveniente). A conduta
do agente, aliada à causa superveniente, contribuiu para o resultado, de sorte que há nexo causal.

Vamos a um exemplo: com intenção de matar, ‘A’ golpeia ‘B’ com uma faca, ferindo-o na região
abdominal. Um terceiro impede que ‘A’ prossiga na execução. ‘B’ é levado a um hospital e vem a falecer
por contrair broncopneumonia durante o tratamento, em virtude de seu precário estado de saúde (em razão
dos ferimentos produzidos pela conduta do agente). Nesse caso, o resultado morte será imputado ao agente.

Desta forma, segundo já decidiu o STJ:

“O fato de a vítima ter falecido no hospital em decorrência das lesões sofridas, ainda que se alegue eventual
omissão no atendimento médico, encontra-se inserido no desdobramento físico do ato de atentar contra a
vida da vítima, não caracterizando constrangimento ilegal a responsabilização criminal por homicídio
consumado, em respeito à teoria da equivalência dos antecedentes causais adotada no Código Penal e diante
da comprovação do animus necandi do agente” (HC 42.559, 5ª T., j. 04/04/2006).
– Que por si só, não produziria o resultado

Ainda, nos termos do art. 13, § 1º, temos que a superveniência de causa relativamente independente exclui a
imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os
praticou.

Logo, o agente pratica uma conduta e causa um determinado resultado. Posteriormente, surge outra causa
que possui relação com a conduta do agente. Se essa causa superveniente, por si só, produzir resultado, este
não será imputado ao agente. Responderá apenas pelo que causou com sua conduta inicial antes da
ocorrência da causa superveniente.

Hipóteses envolvendo concausa superveniente relativamente independente


É possível reconhecer duas hipóteses envolvendo concausa relativamente independente: a causa efetiva
que não por si só e a que por si só produziu o resultado.
Na primeira (não por si só), a causa efetiva (superveniente) encontra-se na mesma linha de desdobramento
causal (normal) da causa concorrente, tratando-se de evento previsível (ainda que não previsto).
TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA

Segundo a teoria da imputação objetiva, desenvolvida por ROXIN em 1970, o resultado deve ser imputado
ao autor quando ele ultrapassar o risco permitido, criando um perigo não permitido, e esse perigo se
concretizar em um resultado que esteja dentro do âmbito de proteção da norma. De acordo com ROXIN,
para que o agente seja responsabilizado pelo dano, não basta apenas a existência do nexo de causalidade,
como propõe a teoria da equivalência das condições (conditio sine qua non), é necessário, para, além disso, a
existência de um nexo, de aumento do risco, o qual seria apurado através dos critérios por ele desenvolvido
na teoria da imputação objetiva.
O Direito Penal somente pode proibir ações objetivamente perigosas, que criem risco a um bem jurídico. Só
é típica a conduta que de uma perspectiva (ex ante) constitui a criação ou aumento relevante de um risco
socialmente não autorizado.

A tarefa principal do direito penal estava em distinguir um fato realmente causado por determinado agente
daqueles fatos que poderiam ser atribuídos ao acaso, estando estes últimos fora dos limites da imputação
penal. Para que essa tarefa fosse cumprida com êxito, a teoria da conditio sine qua non fora substituída por
novas e modernas teorias que à época propunham a resolução dos problemas da causalidade no direito penal.

Em sua teoria geral da imputação objetiva, Roxin a estrutura a partir de três níveis de imputação (três
requisitos jurídicos para se imputar um resultado jurídico a uma determinada conduta). São eles: Criação ou
aumento do risco proibido; Materialização do Risco no Resultado; Âmbito de Alcance do Tipo.

CRIAÇÃO OU AUMENTO DO RISCO PROIBIDO

Não haverá imputação quando o agente deixar de criar um risco, ou ainda, mesmo tendo criado
eventual risco, se o mesmo não for proibido. Também faltará a criação de risco, e, portanto, a imputação
objetiva, nos casos em que o autor modificar um curso causal, de maneira a diminuir a situação de perigo
preexistente para o bem jurídico. Ou seja, quando embora tenha causado a lesão ao bem jurídico, tiver o
agente atuado de modo a diminuir o risco, pois, embora não tenha conseguido impedir o resultado, tenha
atuado de forma eficaz e conseguido diminuir os danos. 

Portanto, não haverá imputação objetiva em três situações:

1. Diminuição do Risco: Se a conduta é dirigida a reduzir um risco já existente melhorando a situação


do bem jurídico.
2. Aumento Irrelevante do Risco Criado.
3. Risco Permitido: Não há imputação objetiva se a conduta mesmo aumentando significativamente o
risco ao bem jurídico está dentro dos limites do risco permitido.
Haverá um risco permitido quando:

1. Forem atendidas as normas de segurança;


2. Princípio da Confiança: O agente realiza a conduta corretamente, confiando que os demais
envolvidos também o farão.

MATERIALIZAÇÃO DO RISCO NO RESULTADO

O segundo nível de imputação, a ser analisado depois da verificação da criação de um risco relevante e
proibido, consiste em constatar se o risco produzido se refletiu no resultado (ou se este foi produto de outros
fatores). Nesse contexto, são analisadas as “causas imprevisíveis” ou “cursos causais extraordinários ou
hipotéticos” (ou, ainda, causas supervenientes relativamente independentes à conduta). Não se imputará
objetivamente um resultado ao autor, quando este não detinha controle sobre o desenrolar causal dos
acontecimentos. 
Para que haja Imputação Objetiva é preciso que o resultado corresponda exatamente ao risco
proibido criado. Desta forma, não haverá Imputação Objetiva em três situações:

1. Resultado Aleatório: Embora o resultado tenha sido causado pela conduta, ele não corresponde ao
risco proibido criado por ela.
2. Resultado que esta fora do âmbito de proteção de norma de cuidado. Não há imputação objetiva se o
resultado não corresponde ao fim de proteção da norma de cuidado violada.
3. A Conduta Alternativa Irrelevante. Não há imputação objetiva se ficar demonstrado que a conduta
correta não teria evitado o resultado.
ÂMBITO DE ALCANCE DO TIPO

O terceiro e último nível de imputação consiste em examinar se o risco gerado está compreendido no
alcance do tipo. Constatados os níveis anteriores de imputação, deve-se analisar se o risco encontra-se
dentro do “alcance do tipo, o fim de proteção da norma inscrita no tipo (ou seja, da proibição de matar, ferir,
danificar, entre outras)”. Pode haver casos, segundo Roxin, em que o tipo não compreende “resultados da
espécie do ocorrido, isto é, quando o tipo não for determinado a impedir acontecimentos de tal ordem. Esta
problemática é relevante em especial nos delitos culposos”
Os eventos que não correspondam à função do direito penal não são objetivamente imputáveis
como crime. A função do direito penal é impedir condutas que ofendam ou ameacem de forma relevante
bens jurídicos alheios. Não há imputação objetiva nas seguintes situações:

1. Lesão Insignificante: O princípio da insignificância torna atípica a conduta, pois, constitui situação
fora do âmbito de alcance do tipo.
2. Participação na Autocolocação da vítima em risco.
3. Heterocolocação consentida.

TEORIA DA CONDIÇÃO INUS

Luís Greco mesmo fala que essa teoria é tão difícil quanto elegante o que explicaria o motivo dessa teoria
não ser adequadamente tratada na discussão dogmática.
O que a teoria INUS tenta é compreender e descrever a causalidade em sua condição fenomênica, ao invés
de apenas afirmar que causa é condição necessária de um determinado resultado como faz a Teoria da
Condição e a Teoria dos antecedentes causais.
Na Teoria da Condição INUS, Mackie estabelece a necessidade de introduzir no raciocínio da causalidade a
expressão NAS CIRCUSTÂNCIAS, pois as assertivas causais são feitas em um contexto. Causa e efeito são
definidos como tudo aquilo que, dentro daquelas circunstâncias, fez diferença para que aquele resultado
específico realmente ocorresse.
Mackie admite que as causas são não apenas suficientes, mas necessárias nas circunstâncias para seus
efeitos. Assim, para designar alguma ação como causa de determinado resultado, é necessário distinguir o
que é causa suficiente e o que é causa necessária.
CAUSA SUFICIENTE: causa que garante que determinado efeito, dentro de específicas circunstância,
ocorrerá. Assim, X será suficiente nas circunstâncias para Y. Logo, se X ocorrer, Y também ocorrerá. Ou
seja, será suficiente aquela causa que garantirá a ocorrência do resultado.
CAUSA NECESSÁRIA: é a causa indispensável para que o efeito ocorra, mas não quer dizer que ela seja
suficiente, sendo tão somente necessária, mas, sozinha é insuficiente para chegar ao resultado.
Em termos gerais, tal teoria pressupõe que causa deve ser compreendida como a componente mínima
necessária de uma condição suficiente.
Exemplo: Mackie também alerta, citando Bertrand Russel, que, ao falarmos de causa, tendemos a valorizar
elementos ativos, em lugar dos passivos. Por exemplo, se João causou o incêndio ao jogar o cigarro no feno,
normalmente não consideramos que o causador é a presença de oxigênio, mas o cigarro jogado. Contudo,
sem oxigênio ou sem feno, não há lugar para uma discussão sobre causas. A ideia de condição INUS tenta
abordar essa característica afirmando que elementos negativos ou passivos fazem parte do complexo e
devem ser levados em consideração. Para isso, ele utiliza uma análise de necessidade e suficiência, assim,
por exemplo, o cigarro de João é um elemento necessário em um conjunto de coisas suficientes, como a
presença do feno e oxigênio, a ausência de chuva etc. 7 , 15. O cigarro arremessado é, portanto, uma condição
INUS para ele: um ingrediente insuficiente, mas necessário de um conjunto suficiente.
Essa teoria INUS é uma tentativa de compreender e descrever com mais exatidão a causalidade em sua
dimensão fenomênica. Em vez de simplesmente afirmar que causa é condição necessária, condição sem a
qual o resultado não teria ocorrido, como o faz a teoria da equivalência, John Leslie Mackie procurou
aprofundar a compreensão daquilo que ordinariamente queremos dizer quando afirmamos que um
antecedente é causa de um resultado.
O nome da teoria, como se pode perceber, é um acrônimo formado a partir das letras destacadas da
expressão em inglês e significa: uma parte não suficiente, mas necessária, de uma condição que não é
necessária, mas é suficiente. Ela parte da premissa de que não verdade que um efeito deve estar conectado
somente com uma causa e que cada fenômeno pode ser produzido somente de uma única forma. Há vários
modos independentes de se produzir o mesmo fenômeno. Esses modos independentes de produzir o
resultado decorrem da conjunção de diversos fatores. Essa conjunção de fatores estabelece uma condição
suficiente de ocorrência do resultado. Isto é, uma condição que, verificada, garante a ocorrência do
resultado.
Para a teoria INUS (Insufficient but Non-redundant part of an Unecessary but Sufficient condition), causa é
a componente necessária de uma condição suficiente do resultado. O nome da teoria, como se pode
perceber, é um acrônimo formado a partir das letras destacadas da expressão em inglês supramencionada.
Ela parte da premissa de que não é verdadeiro que um efeito deve estar conectado somente com uma causa e
que cada fenômeno pode ser produzido somente de uma única forma. Há vários modos independentes de se
produzir o mesmo fenômeno. Esses modos independentes de produzir o resultado decorrem da conjunção de
diversos fatores. Essa conjunção de fatores estabelece uma condição suficiente de ocorrência do resultado.
Isto é, uma condição que, verificada, garante a ocorrência do resultado. condição suficiente, porque, sem
esse evento, a conjunção de fatores necessária para o advento do resultado não se forma (aperfeiçoa).

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