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2 de Março de 2017

[Modelo] Ação declaratória de inexistência de débito c/c
indenização por danos morais

Cobrança indevida paga pelo consumidor ‐ Novo CPC.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SÃO
GONÇALO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

FULANA, brasileira, solteira, secretária, inscrita no CPF sob o nº xxx,
portadora da cédula de identidade nº xx, residente e domiciliada na
xxxx, número 140, xxxx, xxxx, Cep xxx, vem perante Vossa Excelência,
por seu advogado infra assinado, com escritório localizado na rua xxx,
Icaraí, Niterói/RJ, onde receberá futuras intimações, conforme artigo
106, I, do CPC, propor:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO c/c
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS

em face de em face de TELEFÔNICA BRASIL S. A (VIVO), pessoa
jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº
02.558.157/0014­87, com sede na Avenida Ayrton Senna, nº 2200, sala
101, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Cep 22.775­003, pelo fatos e
fundamentos a seguir aduzidos:

1­ APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR:
No que se refere ao caso em questão, o autor encontra­se na posição de
consumidor, uma vez que adquire a prestação de serviço com base no
art. 3º da lei 8.078 de 1990 e utiliza do serviço como destinatário final,
conforme art. 2º da mesma lei, possuindo todas as características de
vulnerabilidade, tais como a técnica, econômica e jurídica.

2­ DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA:

Requer preliminarmente o autor, com fulcro no artigo 5º, inciso LXXIV
da Constituição Federal, combinado com o art. 98 do Novo Código de
Processo Civil, que seja apreciado e acolhido o presente pedido do
direito constitucional à Justiça Gratuita, isentando a parte autora do
pagamento e/ou adiantamento de custas processuais e dos honorários
advocatícios e/ou periciais caso existam, tendo em vista a sua
hipossuficiência financeira.

3­ DA COMPETÊNCIA:

Trata­se de relação de consumo, com base no art. 3º da lei 8.078 de
1990, sendo, portanto, aplicável o art. 101, I do CDC que autoriza a
propositura da presente ação demandada no foro do domicílio do
autor.

4­ DOS FATOS:

A autora possuía junta a ré um plano no valor de R$93,00 reais
mensais. E no dia 24/12/2016, resolveu alterar esse plano para um
mais barato, e foi até uma loja da demandada para solicitar a alteração
do plano. Logo que foi atendida a autora informou o seu interesse e
realizou a troca do plano anterior para um novo plano no valor de
R$45,00 reais.

No entanto, logo na primeira semana de janeiro de 2017, a autora
notou que estava sem internet e não conseguia realizar ligações do seu
aparelho celular.
A autora logo ligou para a ré para saber sobre o ocorrido e recebeu a
informação de que ultrapassou seu limite de crédito e que por conta
disso, deveria pagar uma multa no valor de R$131,70, conforme segue
em anexo. A autora logo realizou o pagamento desta cobrança, no dia
02/01/2017, mesmo sem ao menos saber o real motivo desta
cobrança abusiva, mas pagou para não ficar sem usar o seu
celular.

Após o pagamento, a autora teve a sua linha reativada, e passado
alguns dias teve a linha PELA SEGUNDA VEZ CORTADA.
Novamente a demandante entrou em contato com a ré, e recebeu a
informação de que por ter atingido o limite de crédito deveria pagar o
valor de R$282,36 reais. A autora ficou completamente sem entender,
pois havia acabado de pagar uma multa justamente por ultrapassar o
limite de crédito, segundo a própria ré, e apenas alguns dias após o
pagamento novamente teve os serviços cortados.

Mais uma vez, dotada de boa fé, a autora pagou a nova cobrança, no dia
14/01/2017, MESMO SABENDO QUE A MESMA ERA
COMPLETAMENTE ABUSIVA E SEM SENTIDO, POIS NÃO
HAVIA NEM 15 DIAS QUE TINHA ALTERADO O PLANO.

No entanto, para surpresa da autora, MESMO COM O
PAGAMENTO DA SEGUNDA COBRANÇA FEITO, A AUTORA
NÃO TEVE A SUA LINHA DESBLOQUEADA, NÃO PODENDO
UTILIZAR SEUS SERVIÇOS DE INTERNET E LIGAÇÕES,
MESMO COM TODAS AS CONTAS PAGAS.

A autora ligou novamente para a demanda para saber do que se
tratava, e recebeu a informação de que constava um débito de
R$290,00 reais, que venceria no dia 17/01/2017, pelo fato da autora
ter ultrapassado o limite de crédito da conta. A autora ficou
completamente sem entender, porque não seria possível ter
ultrapassado assim o limite de crédito da conta em tão
poucos dias, e mesmo assim, os valores cobrados eram
absurdos perante um plano mensal de R$45,00 reais.
Por conta dessa nova cobrança, a autora não possuía mais recursos
para pagar a tal “multa”, e por isso, teve a sua linha CANCELADA,
fazendo com que a autora tivesse que mudar de número, simplesmente
por cobranças totalmente abusivas por parte da ré. E ainda, a autora
vem recebendo de forma FREQUENTE cobranças da ré, o que vem
deixando a autora totalmente frustrada, pois sempre agiu de boa fé na
relação coma demandada.

Devido a isso, a autora amargou uma profunda tristeza, pois
possuía o número a anos, tendo que avisar diversos amigos e
familiares que havia alterado o seu número por conta de
cobranças abusivas da ré, deixando a autora totalmente
constrangida e chateada.

A autora coleciona mais de 7 protocolos com a ré, conforme segue em
anexo, demonstrando assim toda a tentativa extrajudicial de solução do
problema.

Diante do exposto acima, a autora não se viu com outra alternativa a
não ser ingressar com a presente ação, para que tenha direito a devida
devolução em dobro das quantias devidas, no valor exato de R$828,14,
e mais a indenização moral pelos transtornos sofridos e pelo
cancelamento indevido do seu número.

5­ DO DIREITO:

Trata­se de ação de reparação por danos morais e materiais c/c com
obrigação de fazer em face da empresa de TELEFÔNICA BRASIL S.
A (VIVO),

O Código de Defesa do Consumidor estabelece DIVERSAS
normas e regras que vedam totalmente a prática adotada
pela parte ré, no que se refere à má prestação do serviço e a
MÁ­FÉ.
A autora amargou um prejuízo material de R$414,07 reais, e ainda,
teve o seu número cancelado, fazendo com que a autora tivesse sérios
prejuízos e tristezas morais, conforme todas as provas em anexo,
evidenciando TOTAL FALTA DE BOA­FÉ da ré.

a) DO DANO MATERIAL:

A responsabilidade pelo evento danoso é atribuída à requerida pelo
disposto no art. 14 e 18, do CDC, conforme destacado nos
fundamentos acima, em que é dever a prestação de um serviço de
qualidade sem se aproveitar da ignorância do consumidor, bem como
impingir um produto ou serviço sem o entendimento do
usuário/consumidor.

Está assegurado na Constituição Federal de 1988 o direito relativo à
reparação de danos materiais:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo­se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

X ­ São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurado o direito à indenização por dano material ou
moral decorrente de sua violação.

Sobre a responsabilidade de reparar o dano causado a outrem, Luis
Chacon diz que:

(...) o dever jurídico de reparar o dano é proveniente da força legal, da
lei. Esse dever jurídico tem origem, historicamente, na idéia de culpa,
no respondere do direito romano, tornando possível que a vítima de
ato danoso culposo praticado por alguém pudesse exigir desse a
reparação dos prejuízos sofridos. Obviamente que se a reparação não
for espontaneamente prática será possível o exercício do direito de
crédito, reconhecido por sentença em processo de conhecimento,
através da coação estatal que atingirá o patrimônio do devedor
causador dos danos. (CHACON, Luis Fernando Rabelo. São Paulo:
Saraiva, 2009)

Conforme os artigos 186 e 927, caput, do atual Código Civil Brasileiro:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará­lo.

Está evidente que a ré causou danos a autora (moral e material),
devendo, conforme a lei, repará­los de forma objetiva, pois trata­se
de uma relação de consumo em que o autor é destinatário final do
serviço prestado e, com fulcro no art. 14 e 18, caput, do CDC, a
reparação ocorrerá INDEPENDENTEMENTE de culpa.

Desta forma, o art. 944 do Código Civil, deixa claro que, a indenização
se mede pela extensão do dano causado e, neste caso, a autora
quitou sempre de boa fé as dívidas cobradas pela ré, mesmo
sabendo que eram abusivas e sem sentido, mas as quitou
para não ficar sem os serviços de seu aparelho celular, no
entanto, mesmo com o pagamento da segunda cobrança
permaneceu com os serviços cortados.

A autora teve um gasto material no valor de R$414,07,
conforme comprovante em anexo, pois pagou duas supostas
multas por ter ultrapassado o seu limite de crédito, de um
plano recém feito, que não havia nem 15 dias.

Mesmo com o pagamento de todas as contas e cobranças, a
autora TEVE A LINHA CANCELADA, o que foi
completamente absurdo.
a) DO DANO MORAL

SAVATIER define o dano moral como:

“Qualquer sofrimento humano que não é causado por uma perda
pecuniária, abrangendo todo o atentado à reputação da vítima, à sua
autoridade legitima, ao seu pudor, a sua segurança e tranquilidade,
ao seu amor próprio estético, à integridade de sua inteligência, as
suas afeições, etc...” (Traité de La Responsabilité Civile, vol. II, nº 525,
in Caio Mario da Silva Pereira, Responsabilidade Civil, Editora
Forense, RJ, 1989).

Quando se pleiteia uma ação visando uma indenização pelos danos
morais sofridos, não se busca um valor pecuniário pela dor sofrida,
mais sim um lenitivo que atenue, em parte, as consequências dos
prejuízos sofridos.

A ilustre civilista Maria Helena Diniz, preceitua:

“Não se trata, como vimos, de uma indenização de sua dor, da perda
sua tranquilidade ou prazer de viver, mas de uma compensação pelo
dano e injustiça que sofreu, suscetível de proporcionar uma vantagem
ao ofendido, pois ele poderá, com a soma de dinheiro recebida,
procurar atender às satisfações materiais ou ideais que repute
convenientes, atenuando assim, em parte seu sofrimento. (...) A
reparação do dano moral cumpre, portanto, uma função de justiça
corretiva ou sinalagmática, por conjugar, de uma só vez, a natureza
satisfatória da indenização do dano moral para o lesado, tendo em
vista o bem jurídico danificado, sua posição social, a repercussão do
agravo em sua vida privada e social e a natureza penal da reparação
para o causador do dano, atendendo a sua situação econômica, a sua
intenção de lesar, a sua imputabilidade etc...” (DINIZ, Maria Helena.
Curso de Direito Civil Brasileiro. 13. Ed. São Paulo: Saraiva, 1999,
v.2)
A tormenta maior que cerca o dano moral, diz respeito a sua
quantificação, pois o dano moral atinge o íntimo da pessoa, de forma
que o seu arbitramento não depende de prova de prejuízo de ordem
material.

Evidentemente o resultado final também leva em consideração as
possibilidades e necessidades das partes de modo que não seja
insignificante, a estimular a prática do ato ilícito, nem tão elevado que
cause o enriquecimento indevido da vítima.

O dano moral sofrido pelo autor ficou claramente demonstrado, UMA
VEZ QUE A AUTORA RECEBEU DUAS COBRANÇAS
ABUSIVAS DA RÉ, PAGOU AS COBRANÇAS PARA NÃO TER
A SUA LINHA CANCELADA, E MESMO COM O PAGAMENTO
DA SEGUNDA COBRANÇA NÃO TEVE OS SERVIÇOS
RESTABELECIDOS, E AO LIGAR PARA A DEMANDADA
RECEBEU A INFORMAÇÃO DE QUE HAVIA UM OUTRO
DÉBITO, QUE NÃO FOI INFORMADO A AUTORA NO
MOMENTO DA LIGAÇÃO.

MESMO ASSIM, COM TODOS OS PAGAMENTOS FEITOS, A
AUTORA TEVE O SEU NÚMERO CANCELADO, TENDO QUE
ADQUIRIR UM NOVO CHIP, E POR CONSEQUENCIA
TROCOU DE NÚMERO, O QUE FEZ COM QUE A AUTORA
TIVESSE UM ENORME PREJUÍZO MORAL, FICANDO
TOTALMENTE ABALADA E CONSTRANGIDA.

É certo dizer que houve o descumprimento dos preceitos básicos do
direito do consumidor, tais como o direito ao serviço de qualidade
imposto pela Carta magna bem como a falta de credibilidade e de
confiança para com o consumidor.

Conforme dispõe o Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 6º,
VI, é direito básico do consumidor a efetiva reparação dos danos
sofridos. Deve­se levar em consideração a indignação e
desespero da autora tendo em vista as cobranças feitas em
que a expos ao ridículo, bem como a falha na informação
quanto a não entrega do contrato no ato da assinatura do
contrato.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

VI ­ a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos;

‘’Não há responsabilidade, em qualquer modalidade, sem violação do
dever jurídico pré­existente, uma vez que a responsabilidade
pressupõe de uma obrigação.’’. Cavalieri, Sergio.

Neste contexto, podemos acrescentar que a responsabilidade da
empresa ré é objetiva, tendo em vista os princípios norteadores do
Código de Defesa do consumidor, não se falando em responsabilidade
subjetiva, ou seja, demonstração de culpa. Destaca­se, aqui, que a
demandada deve PRESERVAR A CONFIANÇA DO
CONSUMIDOR, buscando impor um serviço de excelência, o que
não ocorreu.

O art. 927, do CC, nos trás que a reparação está vinculada ao ato ilícito.
Desta forma, a partir do momento em que a empresa ré descumpriu
com princípios e dispositivos do CDC, estamos diante de um dano
sofrido pela demandante. O cálculo relativo ao dano moral é feito
conforme a sua extensão, de acordo com o art. 944, CC.

Podemos inferir que não pairam dúvidas quanto ao ato ilícito praticado
pela demandada. A prática adotada pela empresa demandada
revela absoluto desprezo pelas mais básicas regras do direito
do consumidor e à boa fé objetiva nas relações comerciais,
impondo resposta à altura.

O instituto do dano moral não foi criado somente para neutralizar o
abalo suportado pelo ofendido, mas também para conferir uma carga
didático­pedagógica a ser considerada pelo julgador, compensando a
vítima e prevenindo a ocorrência de novos dissabores a outros
usuários. O caso em apreço se enquadra perfeitamente nesses ditames,
tendo em vista que a empresa demandada pratica esses atos abusivos
apenas porque sabem que muitos clientes/consumidores não buscarão
o judiciário a fim de recuperar o valor pago indevidamente, seja por
falta de conhecimento, seja pelo custo/benefício de ingressar na
justiça, assim sendo se torna vantajoso para as demandadas
continuarem agindo assim e lesando os seus clientes. Desta forma,
deve­se imputar as demandadas a obrigação de indenizar os prejuízos
incorridos pelo autor.

Ainda, na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso X,
também deixa claro que a todos é assegurado o direito de reparação
por danos morais:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo­se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

X ­ são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação;

Portanto, cumpre assinalar, que não se pode admitir como plausível a
alegação de mero dissabor, conforme explicado acima, tendo em vista
que essa justificativa apenas estimula condutas que não respeitam os
interesses dos consumidores.

Quanto ao valor ou critério de seu estabelecimento, já se firmou a
jurisprudência:

“Na indenização a título de danos morais, como é impossível encontrar
um critério objetivo e uniforme para a avaliação dos interesses morais
afetados, a medida da prestação do ressarcimento deve ser fixada a
arbítrio do juiz, levando­se em conta as circunstâncias do caso, a
situação econômica das partes e a gravidade da ofensa, de modo a
produzir, no causador do mal, impacto bastante para dissuadi­lo de
igual e novo atentado, sem, contudo, significar um enriquecimento sem
causa da vítima. (TJ­MG – Ac. Da 2ª Câm. Cív. Julg. Em 22­5­2001 –
Ap. 000.197.132­4/00­Divinópolis – Rel. Dês. Abreu Leite; in ADCOAS
8204862).

Como escreve o ilustre magistrado titular da 50ª Vara Cível da
Comarca da Capital, Dr. Marco Antônio Ibrahim:

“Infelizmente, a revelha cantilena do enriquecimento sem causa tem
justificado de parte de alguns Tribunais brasileiros, tendência em fixar
tais indenizações em patamares irrisórios, verificando­se, em certos
casos, até uma certa uniformidade, como pode revelar a mais singela
das amostragens. Com isso, resta fragilizado o aspecto punitivo das
indenizações e seu correlato caráter educativo e desestimulante da
prática de novos ilícitos. Pois o Princípio da Razoabilidade das
indenizações por danos morais é um prêmio aos maus prestadores de
serviços, públicos e privados. Não se trata, bem de ver, de privilegiar o
exagero, o arbítrio absoluto, nem se prega a ruína financeira dos
condenados. O que se reclama é uma correção do desvio de perspectiva
dos que, à guisa de impedir o enriquecimento sem causa do lesado, sem
perceber, admitem um enriquecimento indireto do causador do dano.
(...)

A verdade é que a timidez do juiz ao arbitrar essas
indenizações em alguns poucos salários mínimos, resulta em
mal muito maior que o fantasma do enriquecimento sem
causa do lesado, pois recrudesce o sentimento de
impunidade e investe contra a força transformadora do
Direito. A efetividade do processo judicial implica,
fundamentalmente na utilidade e adequação de seus
resultados”.

Assim, faz­se necessária a reparação dos danos morais sofridos pela
parte autora, cumprindo a dupla natureza da indenização, qual seja a
de trazer satisfação ao interesse lesado e, paralelamente, inibir o
comportamento anti social do lesante.

Segundo Caio Mário da Silva Pereira (In Responsabilidade Civil. 3. Ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1992, p. 60), “o problema de sua reparação
deve ser posto em termos de que a reparação do dano moral, a par do
caráter punitivo imposto ao agente, tem de assumir sentido
compensatório”.

Sendo assim, demonstrados o dano e a culpa da Requerida, se
mostrando evidente o nexo causal, ficando evidente o liame lógico
entre o acontecimento e o resultado. Ficando desde já a parte Ré na
obrigação de reparar.

b) DA TRANSPARÊNCIA MÁXIMA DAS RELAÇÕES DE
CONSUMO

A informação com clareza decorre do princípio da transparência
máxima nas relações de consumo, que decorre dos artigos 4º e 6º, do
Código de defesa do consumidor.

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo
o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos
os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)

I ­ reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no
mercado de consumo;

III ­ harmonização dos interesses dos participantes das relações de
consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a
viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170,
da Constituição Federal), sempre com base na boa­fé e equilíbrio
nas relações entre consumidores e fornecedores;
VI ­ coibição e repressão eficientes de todos os abusos
praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência
desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das
marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar
prejuízos aos consumidores;

A boa­fé do autor é notória, visto que o autor tentou por
diversas vezes ligar para a ré e agendar uma visita, o que era
marcado e nunca cumprido pela demandada, causando
assim, um enorme prejuízo para a empresa do autor, uma
vez que deixou de angariar clientes e fazer suas divulgações
de praxe logo em um dos meses mais importantes do ano, em
dezembro. E ainda, como não havia internet na empresa, o
autor foi obrigado a dispensar os seus funcionários mais
cedo durante todos esses 8 dias sem os serviços, causando
mais ainda um enorme prejuízo.

Pelo exposto, os artigos supramencionados, estabelecem que a relação
entre fornecedor e consumidor impõe ao fornecedor de produtos ou
serviços deveres anexos de cuidado, lealdade e cautela, deveres estes
decorrentes dos da boa­fé, do equilíbrio e da transparência, o que
não ocorreu no caso em questão, visto que a ré se aproveitou da
fragilidade do consumidor e negativou seu nome de uma
forma totalmente indevida.

c) INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Por fim, a inversão do ônus da prova tem como fundamento a
situação de desvantagem entre o consumidor e fornecedor de serviço,
conforme art. 6, VIII, do CDC, em que houve a comprovação de mais
que o mínimo de lastro probatório.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII ­ a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do
juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências;

Pelo exposto, é de conhecimento geral de todos os operadores do
direito que a regra do ônus da prova cabe a quem alega, porém, em
decorrência da reconhecida vulnerabilidade e hipossuficiência do
consumidor frente à capacidade técnica e econômica do fornecedor de
serviço ou produto, a regra sofre uma “flexibilização”, com o objetivo
de criar uma igualdade no plano jurídico.

A inversão, para o caso concreto em discussão, se torna
EXTREMAMENTE essencial, uma vez que o autor possui todos os
documentos e a explicação, ponto a ponto da lide em questão.

Portanto, a inversão do ônus da prova ocorre com objetivo de facilitar a
defesa dos direitos do consumidor e, por via reflexa, garantir a
efetividade dos direitos do individuo e da coletividade na forma dos
artigos 5º, inciso XXXII e 170, inciso IV, ambos da CF/88.

6­ DOS PEDIDOS:

Por todo o exposto, requer o (a):

a. Citação da ré no endereço localizado em seu site oficial, sob pena de
revelia (art. 344, do NCPC);

b. A gratuidade de justiça, com fulcro no art. 98, do CPC;

c. Reconhecimento da relação de consumo, com base nos arts. 2º, 3º, e
14º, da lei 8.078 de 1990 e sendo aplicado a responsabilidade objetiva
da ré;

d. Inversão do ônus da prova (art. 6, VIII, do CPC), forçando a ré a
provar que as alegações mencionadas não estão de acordo;
e. Que seja declarado inexistente todo e qualquer débito vinculado ao
CPF da autora junto a demandada;

f. A Condenação da ré ao pagamento de R$5.000 (seis mil reais), a
título de dano moral, por todo o constrangimento na qual passou a
autora por ter o seu número cancelado.

g. A condenação da ré a pagar o valor de R$828,14 a título de dano
material, e devolução em dobro, tendo em vista o pagamento das
cobranças abusivas no qual sofreu, conforme artigo 42, parágrafo único
do CDC.

h. Utilizar­se­ão como provas, testemunhal, documentos, e­mails,
protocolos de atendimento e fotos, bem como outras que por ventura
venham a ser produzidas posteriormente, conforme preconiza o art. 32,
da lei 9.099/90.

Dá­se valor a causa de R$ 6.828,14 (seis mil oitocentos e vinte
oito e quatorze centavos).

Termos em que pede deferimento

Niterói, 10 de fevereiro de 2017

________________________________________

GUILHERME TEIEIRA MOURÃO

OAB­RJ 202.395

Disponível em: http://gtmourao.jusbrasil.com.br/modelos‐pecas/431725317/modelo‐acao‐


declaratoria‐de‐inexistencia‐de‐debito‐c‐c‐indenizacao‐por‐danos‐morais

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