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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DA COMARCA DE

XXXXXXXXXXXXXXXXX - SANTA CATARINA.

XXXXXXXXX, brasileira, conviventes, agricultora, portadora do


CPF sob o nº XXXXXXXX e RG sob o nº XXXXXXX, residente e
domiciliada na XXXXXXXXXXXXX, vem respeitosamente a
presença de Vossa Excelência, através de seu Procurador,
propor a seguinte:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C PEDIDO DE TUTELA
DE URGÊNCIA

Em face de XXXXXXXX, pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ sob o nº XXXXXXX, com sede na XXXXXXXX,
pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor:

1. DOS FATOS:

O Requerente é pessoa simples, de boa índole, cumpridora de


todos os seus compromissos perante a sociedade e sempre zelou pelo prestígio do seu
nome.

Em outubro de 2020, a Requerente decidiu cancelar seu pacote


de TV por assinatura com a Empresa Requerida, uma vez que estava insatisfeita com o
serviço e não tinha mais interesse em sua continuidade.
Após uma longa ligação pelo celular através do canal de
atendimento da Requerida, através do protocolo n° XXXXXXXXXXXXXX, a Requerente
conseguiu cancelar seu plano de TV por assinatura.

Porém, para sua surpresa, a Requerente recebeu a fatura


referente ao mês de novembro de 2020, mesmo que o serviço já estivesse sido
cancelado.

Inconformada com a cobrança, a Requerente novamente


entrou em contato com a empresa Ré, explicando que a cobrança referente ao mês de
dezembro era indevida, pelo fato de já ter cancelado os serviços no mês anterior.

Contudo, as indagações da Requerente não surtiram o efeito


esperado, tendo em vista que esta restou inscrita no serasa pela cobrança indevida
que venceu na data de 12/12/2020.

O que gera maior frustração, é que na data de 05/03/2021 a


Requerente quitou o boleto referente a fatura do mês de novembro, a fim de resolver
o embaraço, mesmo sabendo que a cobrança era indevida.

Porém, para abalar ainda mais a Requerente, no mês de abril


ao se dirigir ao comércio local, foi informada de que seu nome ainda estava escrito no
Serasa, referente a uma dívida com vencimento no mês de dezembro de 2020, ou seja,
mesmo a Requerente quitando a cobrança indevida, seu nome foi mantido nos
cadastros de maus pagadores.

Imediatamente, a Requerente compareceu ao CDL na data de


20/04/2021, oportunidade em que foi fornecida uma declaração de que seu nome
estava inscrito tanto no SERASA quanto no SPC em virtude da dívida relativa a
dezembro/2020.
Neste diapasão, mesmo a Requerente quitando uma dívida
indevida, seu nome foi mantido no SERASA e no SPC, o que lhe causou um enorme
constrangimento ao tentar realizar compras no comércio local.

Destarte, não conformada com a situação, a Requerente vem


buscar na esfera do Judiciário a proteção ao seu nome e sua moral, efetivamente
maculados pela irresponsabilidade da Empresa Requerida.

2. DO DIREITO.

2.1. DA JUSTIÇA GRATUITA.

O Requerente é agricultora, pessoa humilde que não aufere


elevada renda mensal, de modo que não possui condições financeiras para arcar com
custas e honorários sem prejudicar seu próprio sustento.

À luz dessas informações, é nítido que a Requerente é pessoa


humilde e não possui nenhum bem de valor elevado, bem como não aufere qualquer
lucro financeiro que possa inibir a concessão da gratuidade judiciária.

Ante o exposto, requer-se a concessão do benefício da Justiça


Gratuita em favor da Requerente.

2.2. DA RESPONSABILIDADE DO BANCO REQUERIDO – DEVER


DE INDENIZAR.

O dano moral é amparado pela própria Constituição Federal,


em seu artigo 5º, inciso X, estabelece: "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material
ou moral decorrente de sua violação".
O ato ilícito restou configurado, uma vez que a Empresa
Requerida agiu de maneira imprudente, mantendo indevidamente o nome do
Requerente negativado junto aos órgãos de proteção ao crédito.

O art. 186 do Código Civil assim dispõe: “Aquele que, por ação
ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

Já o artigo 927 do Código Civil estabelece a obrigação de


indenizar: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo".

Conforme narrado anteriormente, o Requerente restou inscrito


no SPC e SERASA, referente a cobrança indevida, uma vez que já havia cancelado sua
TV por assinatura com a empresa Ré.

É imprescindível frisar, que além da cobrança e inscrição


indevida, a Empresa Requerida manteve a Requerente inscrita no rol de maus
pagadores mesmo após o pagamento da dívida em questão.

A documentação em anexo é cristalina ao demonstrar que a


Requerente na data de 05/03/2021 quitou a dívida, porém, a certidão do CDL datada
de 20/04/2021 aponta a permanência do nome da Requerente no SERASA e SPC.

Em face disso, a Requerente vivenciou uma situação vexatória


no comércio local conforme já narrado acima.

No que tange a manutenção indevida do nome da Requerente,


importante trazer o que dispõe o Grupo de Câmaras de Direito Civil do Tribunal de
Justiça do Estado de Santa Catarina em sua Súmula n° 30, vejamos:
Súmula nº 30: “É presumido o dano moral decorrente da inscrição ou
manutenção irregular do nome da pessoa física ou jurídica no rol de
inadimplentes, sendo despicienda a discussão acerca da
comprovação dos aludidos danos”.

Trilhando idêntica orientação, vejamos recentes julgados do


Tribunal de Justiça de Santa Catarina:

APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE


DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DE AMBAS AS PARTES. INSCRIÇÃO
INDEVIDA NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL
PRESUMIDO. DEVER DE INDENIZAR CRISTALINO. SÚMULA N. 30 DO
GRUPO DE CÂMARAS DE DIREITO CIVIL DESTA CORTE. CONDENAÇÃO
MANTIDA. "É PRESUMIDO O DANO MORAL DECORRENTE DA
INSCRIÇÃO OU MANUTENÇÃO IRREGULAR DO NOME DA PESSOA
FÍSICA OU JURÍDICA NO ROL DE INADIMPLENTES, SENDO
DESPICIENDA A DISCUSSÃO ACERCA DA COMPROVAÇÃO DOS
ALUDIDOS DANOS" (SÚMULA N. 30 DO GRUPO DE CÂMARAS DE
DIREITO CIVIL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA
CATARINA). QUANTUM INDENIZATÓRIO. VERBA FIXADA EM R$
12.000,00 (DOZE MIL REAIS) NA ORIGEM. AUTOR QUE PRETENDE A
MAJORAÇÃO E RÉU QUE ALMEJA A MINORAÇÃO DO NUMERÁRIO.
INVIABILIDADE. RESTRIÇÃO CREDITÍCIA QUE PERMANECEU
IRREGULARMENTE ATIVA POR MENOS DE 2 (DOIS) MESES. [...] CASO
CONCRETO EM QUE AMBAS AS PARTES RECORRERAM E
SUCUMBIRAM NAS PRETENSÕES RECURSAIS. RECURSOS
CONHECIDOS E DESPROVIDOS. (TJSC, Apelação n. 0317336-
47.2018.8.24.0008, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel.
Haidée Denise Grin, Sétima Câmara de Direito Civil, j. 25-02-2021).
(GRIFEI).

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO


CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DO REQUERIDO. PRELIMINAR DE
AUSÊNCIA DE DIALETICIDADE RECURSAL. INOCORRÊNCIA. RECURSO
QUE SATISFAZ O PRECEITO DO ART. 1.010, INCISO II, DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL. MÉRITO. INSCRIÇÃO DO NOME DO AUTOR NOS
ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. PRETENSÃO INICIAL LASTREADA
NA AUSÊNCIA DE NEGÓCIO JURÍDICO SUBJACENTE. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DA ALEGADA CONTRATAÇÃO. ERRO DA INSTUTIÇÃO
FINANCEIRA OU FRAUDE DE TERCEIRO. DEVER DE CAUTELA NÃO
OBSERVADO PELO REQUERIDO. FALHA EVIDENCIADA. ATO ILÍCITO
CONFIGURADO. INCIDÊNCIA DOS ARTS. 186 E 927, AMBOS DO
CÓDIGO CIVIL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO PRESTADOR DE
SERVIÇO. ART. 14, CAPUT, DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. LESÃO EXTRAPATRIMONIAL PRESUMIDA (IN RE
IPSA). DEVER DE INDENIZAR CARACTERIZADO. "É presumido o dano
moral decorrente da inscrição ou manutenção irregular do nome da
pessoa física ou jurídica no rol de inadimplentes, sendo despicienda
a discussão acerca da comprovação dos aludidos danos" (Súmula n.
30 do Grupo de Câmaras de Direito Civil do Tribunal de Justiça do
Estado de Santa Catarina). QUANTUM INDENIZATÓRIO.
PRETENDIDA REDUÇÃO DO MONTANTE. CONDENAÇÃO QUE DEVE
POSSUIR CARÁTER PEDAGÓGICO E COMPENSATÓRIO. VALORAÇÃO
IMPOSTA NA ORIGEM QUE SE MOSTRA SATISFATÓRIA PARA AS
FINALIDADES DO DANO MORAL. MODIFICAÇÃO INDEVIDA. PLEITO
PARA QUE OS JUROS DE MORA FLUAM A PARTIR DO
ARBITRAMENTO. INSUBSISTÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO
CONTRATUAL ENTRE AS PARTES. INCIDÊNCIA DE JUROS
MORATÓRIOS A CONTAR DO EVENTO DANOSO. EXEGESE
DA SÚMULA N. 54 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
PREQUESTIONAMENTO. DESNECESSIDADE DE MANIFESTAÇÃO
EXPRESSA DO JULGADOR ACERCA DE TODOS OS DISPOSITIVOS
APONTADOS PELAS PARTES. HONORÁRIOS RECURSAIS DEVIDOS.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJSC, Apelação n. 5001501-
22.2020.8.24.0045, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel.
Rosane Portella Wolff, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 25-02-
2021). (Grifos nossos).

Assim sendo, tem-se por inquestionável que a conduta adotada


pela instituição financeira, especialmente a ausência de precaução em retirar a
negativação no momento posterior do pagamento da fatura, por si só, opera o dever
de indenizar.

Neste diapasão, além da cobrança ser indevida pelo fato do


serviço ter sido cancelado, o dever de indenizar existe independentemente, uma vez
que o nome da Requerente permanece inscrito no rol de maus pagadores mesmo já
havendo sido paga a fatura.

Deste modo, os valores a serem fixados devem corresponder à


uma quantia que faça com que a parte Requerida se torne desmotivada em agir
novamente praticando atos semelhantes a estes, bem como sirva para que, de alguma
forma, retribua ao Requerente, em forma de quantia pecuniária, o dano
experimentado, de acordo com a sua extensão.

Assim, requer-se que o Banco Requerido proceda com a


retirada do nome do Requerente dos órgãos de proteção ao crédito, bem como seja
compelido ao pagamento da quantia de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), a título de
danos morais.

2.2. DA TUTELA DE URGÊNCIA.

Acerca da tutela de urgência preceitua o Novo Código de


Processo Civil: Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos
que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.

Quanto aos requisitos para a concessão da tutela de urgência


merece destaque as lições dos Professores Nelson Nery Junior e Rosa Maria de
Andrade Nery (Comentários ao Código de Processo Civil, 2015), in verbis:

Periculum in mora. Duas situações, distintas e não cumulativas entre


si, ensejam a tutela de urgência. A primeira hipótese autorizadora
dessa antecipação é o periculum in mora, segundo expressa
disposição do CPC 300. Esse perigo, como requisito para a concessão
da tutela de urgência, é o mesmo elemento de risco que era exigido,
no sistema do CPC/1973, para a concessão de qualquer medida
cautelar ou em alguns casos de antecipação de tutela.

Fumus boni iuris. Também é preciso que a parte comprove a


existência da plausibilidade do direito por ela firmado (fumus boni
iuris). Assim, a tutela de urgência visa assegurar a eficácia do
processo de conhecimento ou do processo de execução.

No caso em comento encontram-se preenchidos os requisitos


para a concessão da tutela de urgência. Nos termos do artigo supracitado corroborado
pela manifestação doutrinária, a documentação que acompanha a demanda é
inteiramente capaz de evidenciar a probabilidade do direito que assiste o Requerente.

No que diz respeito ao perigo de dano ou o risco ao resultado


útil do processo, como dispõe a parte final do art. 300 do NCPC, este resta
caracterizado no caso em comento, uma vez que o Requerente permanece com o seu
nome negativado por uma cobrança abusiva, mesmo que já tenha quitado o valor da
dívida.

Assim, a tutela de urgência deve ser concedida para que o


Banco Requerido proceda com a retirada do nome da Requerente dos órgãos de
proteção ao crédito.

3. DOS PEDIDOS.

Ante o exposto, requer-se a Vossa Excelência o recebimento da


inicial, acompanhada da documentação que a instrui, assim como:

a) A concessão dos benéficos da JUSTIÇA GRATUITA, por se


tratar de pessoa simples, sem rendimentos elevados, conforme certidões de bens em
anexo, com base na Lei nº 1.060/50;

b) A concessão da TUTELA DE URGÊNCIA para determinar que


a Empresa Requerida proceda com a retirada do nome da Requerente dos órgãos de
proteção crédito, SPC - SERASA, com a fixação de multa diária por descumprimento;

c) A intimação e citação da Empresa Requerido via AR, no


endereço constante na exordial, na pessoa de seu representante legal, para que,
querendo, ofereça contestação, sob pena de sofrer os efeitos da revelia;
d) A inversão do ônus da prova, conforme o art. 373, §1º, do
Código de Processo Civil e, subsidiariamente a aplicação do art. 6, VIII, do Código de
Defesa do Consumidor;

e) Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos em


direito, em especial, oitiva de testemunhas, documental, entre outras, se necessárias;

f) Seja julgado totalmente procedente o pedido formulado,


para declarar inexistente o débito do contrato nº. 00000000, com vencimento para
12/12/2020, bem como seja confirmado eventual concessão da tutela de urgência
para retirada definitiva do nome do Requerente do cadastro de inadimplentes;

g) Condenar o Requerido ao pagamento de indenização por


danos morais no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), corrigidos monetariamente e
acrescidos de juros legais sobre o principal desde a data da inscrição 12/12/2021, nos
termos da fundamentação;

h) Por fim, a condenação da Empresa Requerida em honorários


advocatícios no importe de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, além do
pagamento de custas e emolumentos processuais.

Dá-se à causa o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais).

Nestes termos pede deferimento.

Turvo/SC, 05 de maio de 2021.

ADVOGADO
OAB
ROL DE DOCUMENTOS:

1. PROCURAÇÃO E DOCUMENTOS PESSOAIS;


2. DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA;

3. CERTIDÃO NEGATIVA DE VEÍCULOS;

4. CERTIDÃO NEGATIVA DE IMÓVEIS;

5. DECLARAÇÃO CDL – SPC;

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